Plantas Medicinais dos Handa no Sul de Angola

Preview:

Citation preview

Plantas Medicinais dos Handano Sul de Angola

Financiamento do projecto: FCT, POCI 2010

Por: Rosa MeloIICT - Lisboa

Projecto de pesquisa

Título: Recursos Botânicos e Saber Medicinal na História e Cultura dos Handa (Angola)”. Práticas Terapêuticas e

Estratégias do Poder e do Género

Ros

a M

elo

Campo de Trabalho

Ros

a M

elo

HUILAR

osa

Mel

o

NamibeR

osa

Mel

o

Produção agrícola no leito do rio Bero (Namibe)

Especimens encontradas no leito do Bero e nas suas proximidades

Omuliahonka (Senna occidentalis (L) Link);

Mbumbulu (Momordica charantia L.);

Omunhenlĕlĕ (Boehravia coccinea Miller).

Ros

a M

elo

Diversidade étnica a par da diversidade da flora e da fauna

• Grupos étnicos no Sul de Angola

• Ovimbundu• Ngangela• Handa (grupo estudado)• Nyaneka• Kuvale• Ndimba• Kwanyama• Muila• Nkhumbi• Ngambwe …

Ros

a M

elo

Efectuar um Levantamento dos principais recursos botânicos na região dos Handausados nas práticas de cura assim como das patologias a elas associadas;

Perceber como tais espécies botânicas são usadas;

Conhecer quais as mais usadas;

Perceber que doenças são as mais frequentes;

Perceber quais os saberes que circulam em torno das plantas;

Investigar a contribuição da medicina tradicional handa no tratamento de doenças e na melhoria do bem-estar social.

PropósitosR

osa

Mel

o

Lugares de pesquisa IR

osa

Mel

o

Lugares de pesquisa IIR

osa

Mel

o

Momentos de abordagem do tema da pesquisa

Checklist: procede das entrevistas informais

Ros

a M

elo

Procedimentos/Metodologia

Instalação no eumbo

Ros

a M

elo

Procedimentos / Metodologia (cont.)

Observação participante

Observação

Focus group

Criar afectividades

InquéritosRos

a M

elo

Circunstâncias do desenvolvimento da pesquisa

Perigos de vária ordem

, inclusive de minas

Pesquisa: Timings

• Sem imposições. Decurso da pesquisa de acordo com a disponibilidade dos acompanhantes, dos informantes.

• Actividades da pesquisa enquadradas no contexto das actividades comuns das famílias no quotidiano.

Ros

a M

elo

Percursos

• Tornaram-se um lugar deaprendizagem.

Ros

a M

elo

Herborização IR

osa

Mel

o

Herborização II

Ros

a M

elo

Resultados

0

20

40

60

80

100

120

140

Checklist

Plantasrecolhidas PlantasIdentificadas

38 exemplares até à Espécie;

06 até ao Género;

01 identificada apenas a Família;

45 Identificadas

Ros

a M

elo

0

5

10

15

20

25

30

FAMÍLIA arbóreas subarbustivas

FAMÍLIAarbustivasarbóreasherbáceassubarbustivas

Ros

a M

elo

Arbustivas

Omutate(Poligaceae)

Omukeketwa(Rhamnaceae)

Arbóreas

Ekai liahava (Anacardiaceae)

Subarbustivas

Eiyum

bi Linene (C

onvolvulaceae)

Herbáceas

Okakokoto (Araceae) Enhati (Menispermanaceae)

TrepadeiraSão alguns dos exemplares recolhidos

Ros

a M

elo

13 Espécies{Fam + Imp. }

Anacardeaceae Apocynaceae Araceae Capparaceae

Convolvulaceae Curcubitaceae Menispermaceae Nyctaginaceae

Polygalaceae Rhamnaceae Rubiaceae Sapindaceae

Vitaceae

Ros

a M

elo

Doenças mais frequentes entre os HandaEspécie Nome

vernáculoAntidiarreicas

Antimaláricas

Doenças respiratórias

Doenças sexuais

Rhus tenuinervisEngl. var.tenuinervis

Omumbendje

♦ + - -

Diplorhynchoscondilocarpon (Mull.Arg.) Pichon

Omundeo ♦

Maytenussenegalensis (Lam.)Exell

Omungondwe

+ - - -

Combretum sp. Omuhondjolo

- - + -

Combretumpsidioides Welw.Subsp. Psidioides

Omumphalu

Momordicacharantia L.

Mbumbulu + - - -

Bridelia sp Omunkhuli ♦

Ros

a M

elo

Doenças mais frequentes (CONT.)

Espécie Nome vernáculo

Antidiarreicas

Antimaláricas

Doenças respiratórias

Doenças sexuais

Erythrophleumafricanum (Welw. exEngl.) Harms

Omungae ♦

Pterocarpusangolensis DC.

Omulila-Honde

+ ♦ - - ♦

SecuridacalongipedunculataFresen.

Omutate ♦

Ziziphus abyssinicaHochst. ex A. Rich.

Omukeketwa

Pavetta shumannianaF. Hoffm. ex K.Schum

Ocinğe ♦

Solanum incanum L. Omatumbilili Atito

Cissus nymphacifolia(Welw. Ex Baker)Planch

Ongombe ♦

Ros

a M

elo

Órgãos usados na preparação dos fármacos

omungeve

Om

bungululuP

taeroxylon obliquum

a) Folhas

omuloeka

Folhas secas

Folhas frescas

Ros

a M

elo

b) Raízes

Omutate (Securidaca longipedunculata)

De plantas frescas

Omupota vaso

Raízes secas

Kacilingi cim

we

Cucum

is hirsutus

Om

utunda Boscia gossw

eileri

Raízes em pó

Ros

a M

elo

Outros elementos usados na preparação dos fármacosOmakipa onkhombe (Ossos )

Ombungululu(Ptaeroxylon obliquum)

Carvão e cinza

Omucila(Cauda de uma rês)

Casca de caules e de raízes

Ros

a M

elo

Etnofármacos nos mercados “informais”

• i) Não são questionadas a origem, nem a pertença étnica dos fármacos;

Pontos de venda tornaram-se lugares de consulta

ii) Não é questionada a “propriedade intelectual”dos etnofármacos;

iii) A divulgação dos Nomes dos etnofármacos é sobretudo na língua umbundu.

Ros

a M

elo

Crenças

3) Base da cura = Poderes das plantas medicinais + poderes do osande manifestos através do ocimbanda.

Nos meios rurais:1) Principais recursos para a cura = Plantas medicinais + ovimbanda …. + onosande.

2) Poderes de cura = atributos concedidos pelos onosande aos seus eleitos.

Situação nos meios urbanizados:

- Centros hospitalares geralmente secundarizados.

- Conjugação de medicamentos hospitalares com etnofármacos;

- Simultaneidade dos cuidados médicos e dos ovimbanda. R

osa

Mel

o

Considerações finais

• 1- Ignorância e pobreza:

i) São apontados como principais factores do fosso entre a medicina dita “tradicional” e a convencional;

ii) São apontados como justificativas relativas à precedência do tratamento com plantas medicinais em detrimento dos recursos hospitalares.

♦ Ao invés, as nossas pesquisas revelam a existência de outros elementos para explicar o fenómeno do recurso às diferentes práticas medicinais, em simultâneo, nos meios rurais e urbanos das regiões estudadas.

2- A pobreza por si só não explica a propensão do uso dos etnofármacos como principal recurso para a cura e o bem-estar social.

Ros

a M

elo

Considerações finais (cont)

ii) É, igualmente, observada, em países com elevado índice de desenvolvimento humano e com baixos níveis de iliteracia;

iii) É observada em países com importante qualidade de informação e dos sistemas de saúde pública.

3- A coexistência de práticas medicinais, comum em países pobres, subdesenvolvidos:

♦ Conclui-se que a observância da sofisticação dos recursos, bem como a distinta qualidade de vida não inibem a sujeição das pessoas à panóplia de recursos tradicionais para os tratamentos, nem o uso de plantas medicinais.

Ros

a M

elo

Considerações finais (cont.)

4- Efeitos da parcimónia no recurso às práticas hospitalares:

a) Tenacidade na luta pelos valores;

b) Preservação do saber local;

c) Combate às doenças com base nos recursos naturais.

Ros

a M

elo

- Família João Maria (no Namibe, Lubango e Luanda - Angola);

- Família Augusto Bento (no Nkholo do Ngungu – Cipungu - Angola);

-Dr. Eurico Martins (Centro de Botânica do IICT- Lisboa);

- Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT) – Portugal.

Agradecimento especial:

Ros

a M

elo

Recommended