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POESIAS DA JUVENTUDE - EUCLIDES DA CUNHA * S/D - ANTONIO CABRAL FILHO - RJ
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Reprodução (autorizada para a 5a edição de Os sertões) do retrato de Euclides da Cunhafeito pelo artista Belmiro de Almeida para o Ministério das Relações Exteriores.
Poesia
Eucl ides da Cunha
� Sonetos da juventude
Euclides da Cunha começou cedo nas lides literárias. Tinha qua-torze anos de idade e já versificava, não sobre assunto qualquer, massobre os grandes nomes da Revolução Francesa, como nos sonetosdedicados a Robespierre, Danton, Marat e St. Just, em fac-símile etranscritos nas páginas a seguir.
195
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Eucl ides da Cunha
� Robespierre
Alma inquebrável – bravo sonhadorDe um fim brilhante, de um poder ingente.De seu cérebro audaz – a luz ardenteÉ que[?] gerava a treva do Terror...
Embuçada num lívido fulgorSu’alma colossal – cruel – potenteRompe as idades, lúgubre – tremente –Cheia de glórias, maldições e dor!.
Há muito já que ela – soberba ardidaAfogou-se – cruenta e destemida– Num dilúvio de luz – Noventa e três...
Há muito já que emudeceu na históriaMas, ainda hoje a sua atroz memóriaÉ o pesadelo mais cruel dos reis!...
28 NovembroEuclides
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Poes ia
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Eucl ides da Cunha
� Danton
Parece-me que o vejo – iluminado –Erguendo delirante a grande fronte– De um povo inteiro o fúlgido horizonte
Cheio de luz, de idéias constelado...
De seu crânio – vulcão – a rubra lavaFoi que gerou essa sublime aurora– Noventa e três e a levantou sonora
Na fronte audaz da populaça brava...
Olhando para a história – um séc’lo é a lenteQue mostra-me o seu crânio resplandenteDo passado através o véu profundo...
Há muito que tombou – mas inquebrávelDe sua voz o eco formidávelEstruge ainda na razão do mundo!...
Euclides28 Novembro
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Poes ia
200
Eucl ides da Cunha
� Marat
Foi a alma cruel das barricadas...Misto de luz e lama... se ele riaAs púrpuras gelavam-se e rangiaMais de um trono se dava gargalhadas...
Fanático da luz... porém seguiaDo crime as torvas, lívidas pisadas –Armava à noute aos corações ciladas –Batia o despotismo à luz do dia...
No seu cér’bro tremendo negrejavamOs planos mais cruéis e cintilavamAs idéias mais bravas e brilhantes.
Há muito que um punhal gelou-lhe o seio...Passou... deixou na história um rastro cheioDe lágrimas e luzes ofuscantes...
28 NovembroEuclides
201
Poes ia
202
Eucl ides da Cunha
� Saint-Just
Un discours de Saint-Just donna tout de suite
un caractère terrible au débat...
Raffy – Procès de Louis XVI
Quando à tribuna ele se ergueu, rugindo –– Ao forte impulso das paixões audazesArdente o lábio de terríveis frasesE a luz do gênio em seu olhar fulgindo
A tirania estremeceu nas basesDe um rei na fronte ressumou – pungindo.Um suor de morte e um terror infindoGelou o seio aos cortesãos sequazes –
Uma alma nova ergueu-se em cada peito,Brotou em cada peito uma esperançaDe seu sono acordou – firme – o Direito –
E Europa – o mundo, mais que o mundo – a FrançaSentiu numa hora, sob o verbo seu,As comoções que em séc’clos não sofreu...
28 Novembro 1883Euclides
203
Poes ia
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