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Jorge Filipe Pires 2
Viagens Mentais…de baixo custo!
Sinto que a autobiografia de alguém é uma viagem mental, uma viagem “low cost”,
que nos trará certas lembranças, umas boas, outras menos boas, alegrias, tristezas…
No entanto, são parte da nossa vida e cada uma tem um pedaço de nós para contar…
Como qualquer viagem!
Estávamos no verão de 1980, nasci a 4 de Agosto em Caracas, Venezuela, pelas 23
horas.
Acho que na altura fui um filho não planeado – os meus pais tinham imigrado há 6
meses para a Venezuela, à procura de uma vida melhor, o meu irmão já era nascido, e
já tinha 12 anos de idade aquando do meu nascimento. Sei, pelo que me conta a
minha mãe, que quando soube que estava grávida de mim ficou muito perturbada, por
não ser a melhor altura para o meu nascimento e, ainda por cima, num país com uma
cultura tão diferente da portuguesa onde ainda nem eles próprios, acabados de
chegar, sabiam bem o que fazer.
Para o meu pai foi uma alegria imensa, como o meu irmão já era crescido, passei a ser
tido como o “filhinho” querido, o bebé, o mais novinho. Para o meu irmão foi bem
difícil, tinha de ajudar nas tarefas em casa, tinha de cuidar de mim e também para ele
todo aquele ambiente era novo, a vida de todos tinha mudado.
As minhas lembranças dos tempos que vivi na Venezuela (cinco anos) são escassas.
Recordo, ainda que com dificuldade, o local onde vivia e pouco mais. Apenas sei o que
me foram contando os meus Pais ao longo da vida – que eu era um reguila, um
tagarela que falava com toda a gente, (ainda por cima falava-lhes em português e as
pessoas achavam piada). Para além disso, andava atrás do meu irmão para todo o
lado, o que para ele devia ser uma chatice…
Quando tinha cinco anos de idade, os meus pais decidem voltar para Portugal. As
coisas por lá não corriam de feição e era o momento do regresso, uma vez que no ano
seguinte seria altura de eu entrar na escola primária.
Jorge Filipe Pires 3
Antes de emigrar o meu Pai era oficial de máquinas na Marinha Mercante, profissão
que continuou a exercer quando voltámos; a minha Mãe trabalhava na seca do
bacalhau. Grande parte da minha família materna é ligada à vida marítima: a minha
Avó trabalhou anos a fio também na seca do bacalhau, enquanto o meu Avô foi
pescador durante toda a sua vida e fez parte da história da pesca do bacalhau.
Lembro-me das histórias que me contava, de irem para a pesca nos pequenos e frágeis
“dóris”, onde chegavam a estar tempos infinitos, perdendo o navio de vista. Destas
memórias, em que também ele fazia as suas viagens mentais, guardo uma que para
mim é a mais importante – a sua sobrevivência a um ataque de um submarino Alemão
na altura da 2ª Guerra Mundial. Foi em 11 de Setembro de 1942 que o navio onde ele
estava (Delães) foi atacado pelo submarino U-96, quando regressavam a Portugal com
os porões carregados de bacalhau.
Lembro-me também de ir com a minha Avó paterna vender bolos nas festas
tradicionais da terra. Adorava aquilo, para mim era uma alegria enorme as pessoas a
comprarem os bolos, a banda que passava…toda aquela agitação…
Pouco tempo depois de estar em Portugal, e principalmente com todas estas
influências dos meus avós, senti que aqui era realmente o local onde eu queria estar:
podia brincar na rua com outras crianças correr, andar à vontade, coisa que na
Venezuela era impensável. Tantas foram as brincadeiras de rua que um dia resolvi
juntamente com um primo pendurar-me na traseira de um camião. É claro que deu
mau resultado, porque o condutor não nos viu pendurados e arrancou a toda a
velocidade. Quando saltámos, caímos e ficámos inconscientes. Dois dias no hospital e
o corpo todo esmurrado foi o balanço da aventura…
Com este espírito aventureiro depressa fiz vários amigos. Andei um ano no infantário
do Bairro dos Pescadores, mesmo em frente à casa dos meus Avós maternos. No ano
seguinte entrei na escola primária já perfeitamente integrado. Os meus quatro anos de
escola primária foram atribulados, pois tive uma professora em cada ano. Foi um
pouco complicado para nós, alunos “criancinhas”, que a cada ano tínhamos uma nova
professora e para as professoras que vinham, que nunca estavam ao corrente daquilo
que nós sabíamos.
Jorge Filipe Pires 4
Também teve algo de positivo – é que quando entrei para a Escola Preparatória o facto
de ter vários professores para mim já não era novidade.
Foi nesta altura, aos onze anos de idade, que entrei para o Escutismo. Fui escuteiro
durante dez anos, onde aprendi entre muitas outras coisas a “amar a natureza”. E este
é um ensinamento do escutismo que ainda hoje permanece na minha vida, (hoje, cada
dia é mais difícil fazer os jovens enveredar por caminhos que não sejam o vício sobre
computadores os jogos, etc.). Com o escutismo veio também a música e o gosto pela
guitarra, paixões eternas vividas intensamente a cada dia da minha vida.
Aliando este gosto pela natureza e pelo desporto, pratiquei canoagem de competição
no CNAI (Clube Natureza e Aventura de Ílhavo), do qual ainda faço parte, organizando
hoje em dia várias actividades de natureza, tanto na área náutica como na vertente de
montanha e passeios pedestres.
Dois anos após a passagem pela escola preparatória, chega uma nova realidade –
entrei para a Escola Secundária de Ílhavo. Durante os três primeiros anos nesta escola
ganhei também o gosto por uma paixão que ainda prevalece nos dias de hoje, a
Fotografia. Comecei no meu 8º ano a frequentar o clube de fotografia da escola e a ter
algumas aulas de fotografia. Comprei a minha primeira máquina reflex e com o passar
dos anos fui aperfeiçoando e aprofundando o meu conhecimento nesta área, que
ainda é um dos meus principais hobbies.
A entrada para o 9º ano é sempre difícil, pois começam a surgir as dúvidas sobre que
áreas iremos seguir e a confusão sobre aquilo que queremos realmente fazer é
enorme.
Como se isto não bastasse, foi neste ano que perdi pela 1ª vez alguém importante na
minha vida – foi com apenas 14 anos de idade que perdi o meu pai. Senti o mundo
desabar aos meus pés. Sempre fui muito ligado ao meu pai e sinto que o perdi na fase
mais difícil da minha vida (adolescência). Com esta perda tornei-me mais rebelde,
achei que ninguém me compreendia (síndrome própria da adolescência), agravada em
mim por esta enorme perda.
Jorge Filipe Pires 5
Mas também foi aqui que aprendi que a vida continua e que temos de arranjar força
para lutar contra estes momentos menos bons. Com isto, depressa a minha rebeldia
deu lugar a uma maturidade e a um crescimento mais rápido e mais consciente.
No meio de todas estas atribulações, consegui concluir o 9º ano e fui conciliando
também a música durante este tempo. O meu primeiro trabalho foi numas férias da
escola a trabalhar numa empresa de metalurgia, para conseguir comprar a minha
primeira guitarra eléctrica. Daí até às bandas foi um pequeno passo – formei e fiz parte
de várias bandas “rock” durante a juventude.
Como a vida não era apenas música e havia que pensar também no ano seguinte, na
altura de decidir o meu futuro, na passagem para o 10º ano, optei pelo Curso de
Electricidade e Electrónica na Escola nº 1 de Aveiro. A opção não foi a melhor, estive
um ano neste curso com o qual não me identifiquei. No ano seguinte, e por opção
própria, voltei para Ílhavo e ingressei no Curso de Artes e Ofícios, de novo na Escola
Secundária de Ílhavo.
Após um ano lectivo surgiu-me uma oportunidade de trabalho que estava relacionada
com o curso que frequentava na altura. No momento nem olhei para trás. Era a altura
de fazer algo mais por mim próprio, trabalhar, ser mais independente, num momento
em que a minha mãe estava numa situação em que também era difícil suportar tudo
sozinha.
Foi então que entrei para a Interdecal, empresa do Grupo Vista Alegre, onde eram
feitos todos os desenhos e decalques utilizados na VA. Entrei para esta empresa para o
sector de fotografia, onde fazíamos reproduções de desenhos manuais através de um
processo gráfico de fotografia. Entrei como aprendiz de fotógrafo, profissão que
aprendi com a pessoa que ocupava esse lugar e que se viria a reformar dois anos após
a minha entrada, ficando eu na altura como fotógrafo.
No entanto, com o avanço das tecnologias gráficas no final dos anos 90, o trabalho a
nível de desenho manual começou a ser escasso e começou a ser processado através
de computador, e por arrasto disto, a fotografia de artes gráficas estava também
condenada ao fim.
Jorge Filipe Pires 6
Por isso, quatro anos após a minha entrada na Interdecal, iniciei outra actividade, que
ainda hoje desenvolvo, Técnico de Desenvolvimento Digital, aliando os conhecimentos
de fotografia de artes gráficas aos computadores. Para isso, tive um ano de
aprendizagem na área de desenho assistido por computador e algumas formações
específicas nesta área, dentro da própria empresa.
Todo este processo da passagem do desenho manual para o digital teve início em
1996, e neste momento, 90% da produção de decalques da Vista Alegre é desenvolvida
digitalmente. O processo de produção de decalques teve início no “Centro de
Desenvolvimento de Digital”.
É neste sector, que reproduzimos, através de software desenvolvidos especificamente
para a indústria cerâmica, todas as decorações criadas pelo departamento de Design.
Aqui, cada decoração é estudada a nível de cores, separação gráfica e retoque, para
que posteriormente seja adaptada através de moldes a todas as peças em branco. É
também aqui que são recebidas todas as encomendas de decalque e preparadas todas
as fotomontagens de layouts para produção.
Esta empresa (Interdecal) entretanto deixou de fazer parte do Grupo Vista Alegre e
passou a ser um sector da própria Vista Alegre.
Em 2007, nova queda na minha vida, a perda da minha avó materna. Estava muito
ligado a ela, quase todos os dias a visitava, saía várias vezes do trabalho e ia ter com
ela, faleceu aos 92 anos.
Mas a vida já me havia ensinado que não há nada a fazer, é parte da condição humana
nascer, viver e morrer…Um dia seremos nós a deixar saudades! Pelo menos desta vez
tinha já a maturidade e um grande pilar de sustento, a minha actual namorada, a
Margarida.
Agora e, após 6 anos de namoro, decidimos dar um passo na nossa relação e
decidimos que era altura de vivermos juntos. Tudo é diferente, temos de ser nós
próprios a organizar a nossa vida, a assumir as nossas tarefas, as nossas
responsabilidades. Tudo isto é novo após ter vivido 27 anos em casa da minha mãe,
mas tudo é também demasiado bom.
Jorge Filipe Pires 7
Sinto que o próximo passo, é quando chegar a altura de poder ter nos braços um filho
meu, acho que neste momento é mesmo o meu maior desejo. Sinto-me realizado e
feliz com a vida que tenho, sou feliz no meu dia-a-dia.
Apesar de ter desistido cedo de estudar, fico contente por ter conseguido uma
profissão da qual me orgulho e na qual realmente tenho o prazer de fazer algo de que
gosto. No entanto, havia um vazio ainda quanto à escola e decidi assim acabar algo
que ficou por fazer, mais uma vez a influência da Margarida neste campo foi essencial,
ao incentivar-me a fazê-lo.
No futuro gostaria de candidatar-me via “mais 23” ao curso de “novas tecnologias de
informação e comunicação”
A título pessoal e como part-time, tenho desenvolvido vários projectos na área de
fotografia, publicidade e desenho gráfico, desde logótipos, cartazes, flyers,
convites…São alguns dos trabalhos que venho desenvolvendo para diversas empresas
e particulares.
Na área de fotografia alguns destes trabalhos já foram alvo de prémios e menções
honrosas em concursos e publicados em algumas revistas da especialidade, e podem
ser vistos em:
www.jorgefpires.com
www.olhares.com/jorgefpires
www.podiumfoto.com/jorgefpires
Ílhavo, Novembro de 2009
Jorge Filipe Pires 9
Viver em sociedade entre diferentes culturas foi desde sempre algo complicado, tanto
pelas diferenças evidenciadas entre os diferentes hábitos e estilos de vida, como
também pela nossa interrogação acerca dos outros.
Cada vez mais o mundo é a aldeia global de que todos já ouvimos falar, e é também
isto que leva a um misto de gerações, culturas e costumes.
Qualquer um de nós por certo já teve contacto com alguém de etnia cigana, em
Portugal esta é talvez uma das comunidades a quem mais tentamos integrar em
sociedade. Com um serviço de acção social cada vez mais próximo, tem sido feito um
trabalho árduo no terreno com o povo cigano, e apesar de ainda não ser um resultado
considerado excelente, é de certo muito mais satisfatório do que alguns anos atrás.
Se voltarmos atrás no tempo reparamos que antigamente não víamos crianças ciganas
nas escolas ou víamos muito poucas, quando hoje já existem em grande número nas
escolas. É certo que muito se deve aos incentivos monetários do Estado para que estas
o façam, mas este pode também ser considerado um processo de integração, porque
frequentar a escola é uma forma de transmissão de cultura e conhecimento das regras
e comportamentos básicos da sociedade. Para além disso, também é muito
importante e promove a tolerância, que as crianças cresçam entre diferentes culturas
e modos de vida.
Crianças ciganas em convívio com outras crianças.
Jorge Filipe Pires 10
Existem muitas outras vias pelas quais os nossos serviços de acção social estão a tentar
a integração deste povo, desde cursos de formação para adultos, cursos profissionais,
ocupação de tempos livres, etc.
Mas o problema da integração também tem de ser passado aos cidadãos, às
empresas…Decerto todos nós já pensámos: “Os ciganos ganham dinheiro sem fazer
nada…”. Mas será que existem entidades empregadoras com vontade de ter pessoas
de etnia cigana a trabalhar, quando estas acabam as suas formações?
É aqui que os incentivos monetários dados pelo Estado, que tantas vezes são mal
vistos por nós, ganham uma importância extrema. É que, não havendo dinheiro e não
tendo trabalho, essas pessoas decerto que vão enveredar por caminhos ilícitos para
conseguir dinheiro e na busca de bens diários essenciais. E essa será uma forma de
evitar o crescer destas situações.
Este grupo de pessoas, com a sua especificidade étnica, ao longo dos anos tem sido
posto de lado, por aquilo que nos incutiram que é.
A Aldeia Global é responsável por esta mistura de povos e culturas.
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Eles foram rotulados com uma série de estereótipos, para a generalidade da sociedade
os ciganos são: sujos, não trabalham, vivem de negócios ilícitos, provocam desacatos,
estão ligados ao tráfico de estupefacientes, etc. E estes são apenas alguns dos
estereótipos que lhes foram imputados e que nos levam a vê-los de forma diferente,
eu não fui excepção à restante sociedade e também cresci alimentando um pouco essa
ideia. Isto porque é difícil crescer num meio onde há dezenas de anos se criou uma
determinada imagem sobre determinados indivíduos, e fazer com que essa mesma
imagem nos seja indiferente, e com que não nos diga absolutamente nada. Foram
ideias que se foram alimentando de geração para geração, de avós para pais, de pais
para filhos e assim sucessivamente.
A questão prende-se com a veracidade dos mesmos, convencemo-nos de que somos
diferentes, que possuímos uma imagem diferente, mas aqui há sobretudo uma
diferença cultural e étnica que não pode ser deixada de lado. E a grande verdade é que
não podemos generalizar, achar que nós estamos bem e eles mal, ainda que a nossa
forma de estar na vida seja a mais política e eticamente correcta. Dentro de qualquer
sociedade existem os bons e os maus, os bem e mal formados, e existem também
determinadas regras e comportamentos que nos são incutidas e que fazem de nós
uma sociedade organizada. É nesse sentido também que funciona a integração, de
modo a que estes cumpram essas regras e comportamentos e até princípios de higiene
básicos que não fazem parte dos seus hábitos.
A solução passa também por cada um de nós, passa pela educação que poderemos
dar aos nossos filhos, tentando não imputar a esta comunidade os mesmos
estereótipos que há anos e anos os perseguem. Integração é palavra de ordem e tem
vindo cada vez mais a ser uma realidade. É aqui que começa o papel do Estado e das
Empresas, é também aqui que deve começar a nossa visão e aceitação.
A capacidade de aceitação é uma condição do ser humano que por vezes deixamos de
lado. Quantas vezes não aceitamos determinadas coisas, porque não nos convém ou
porque é mais simples contorná-las do que resolvê-las? Esta aceitação muitas vezes é a
resposta para a resolução de conflitos sejam eles de ordem pessoal ou profissional,
Jorge Filipe Pires 12
mas não se trata apenas de aceitar, mas sim de tentar compreender onde estão os
problemas a resolver.
Sinto que na minha vida o Escutismo foi algo de muito importante, algo que me
ensinou a olhar para o mundo de maneira diferente, seria importante que todas as
crianças vivessem um pouco o espírito Escutista, e não pensar apenas nos escuteiros
como “os meninos das meias com pompons, e das meninas de saias e meias pelo
joelho”. Existe todo um conjunto de valores sociais e morais que podem ser bastante
úteis. O fundador do escutismo, Robert Stephenson Smyth Baden-Powell, nasceu em
Londres, em 22 de Fevereiro de 1857. Ele foi fonte de inspiração para vários jovens
durante guerras em África onde esteve presente como Oficial do exército Inglês. Era
visto como um homem que cultivava valores, como, o carácter, a verdade, a honra, a
lealdade, a iniciativa, a amizade. Logo estes foram valores que em 1907 “BP” tentou
incutir em todo o espírito escutista, aquando da sua fundação, valores que o escutismo
também me incutiu durante a minha vida como escuteiro, valores que pretendo
cultivar e transmitir, costuma dizer-se que um escuteiro mesmo que abandone o
escutismo nunca deixará de o ser…
Em Portugal foi fundado em 1923 o
CNE Corpo Nacional de Escutas, que
tem por base a religião católica.
Existem também os Escoteiros de
Portugal, aberto a qualquer religião, ao
contrário do CNE do qual apenas fazem
parte pessoas da religião católica. No
entanto, seja escutismo católico ou não
católico existe algo de comum entre as
duas: a solidariedade para com os
outros e a participação em diversas campanhas, exemplo dos peditórios para liga
portuguesa contra o cancro, banco alimentar contra a fome, recolha de roupas, ajuda a
idosos…
Baden-Powell, Fundador do Escutismo.
Jorge Filipe Pires 13
Foram várias as vezes em que participei nestas iniciativas, e considero-o muito
importante. Torna a nossa parte humana mais sensível, leva-nos a pensar nos
problemas dos outros, a querer fazer algo para mudar e, dentro das possibilidades de
cada um, isto é o mínimo que podemos fazer.
Numa altura em que tanto se fala de videojogos e do tempo que as crianças ocupam
em frente a um televisor, é de uma importância extrema que as crianças entendam
onde devem parar e também que alguém lhes transmita isso mesmo, para que elas
entendam que há uma hierarquia, um respeito. Pois dentro do escutismo isto é
também um valor incutido. Existem os dirigentes aos quais reportam os guias de
equipa que por sua vez têm a função de orientar os mais jovens do grupo. Para que
cada um descubra um pouco das suas capacidades, dentro de cada equipa existem as
mais variadas especialidades, como, cozinheiro, tesoureiro, animador, bombeiro,
jornalista…etc., um pouco como profissões mas dentro do grupo. Após terem dado
provas de especialidade em determinada área é-lhes entregue uma insígnia (distintivo)
relativa a essa área que deve colocar na sua farda. As minhas insígnias foram as de
cozinheiro e de andarilho, valores que ainda guardo e que me dão imenso prazer nos
dias de hoje.
Estes são motivos mais que suficientes para que cada jovem devesse viver um pouco
desta aventura de ser escuteiro. Mas nem tudo é tão bom e tão fantástico assim.
Durante a minha caminhada como escuteiro tive momentos altos e momentos baixos,
quando somos jovens tudo corre bem, mas quando vem a idade da adolescência e da
afirmação, há coisas que podem não fazer muito sentido. Esta foi talvez a razão que
levou ao meu afastamento do CNE. Tenho pena de não ter conseguido levar a minha
caminhada até ao fim para ter chegado a dirigente. Mesmo assim durante a minha
passagem cheguei sempre ao cargo de guia de equipa, só que chegamos a uma idade
em que a religião que nos foi incutida pelos nossos pais (no meu caso a católica) pode
ou não fazer sentido para nós. Ou, dito de outra forma, poderemos dizer-nos e
considerar-nos católicos, mas não praticantes, e aqui surge o problema da ligação do
CNE com a Igreja católica: é que, apesar de sermos católicos e de nos identificarmos
com todos os valores escutistas, podemos não nos sentir bem a participar em todas as
actividades ligadas com a Igreja, como o caso de missas, procissões e afins. Tenho a
Jorge Filipe Pires 14
certeza que em poucos anos se o Escutismo Católico Português não mudar a sua
postura perderá grande parte dos seus jovens. As crianças devem ser instruídas
mediante uma religião mas não necessariamente forçadas a estar presentes em todas
as actividades da Igreja Católica.
Algum tempo após ter deixado o escutismo e numa altura em que a minha vida e o
meu pensamento já era muito mais coerente, comecei a praticar canoagem no CNAI
(Clube natureza e Aventura de Ílhavo). Pratiquei durante três anos canoagem de
competição. A canoagem é um desporto demasiado solitário que só com grande
esforço e dedicação permite obter resultados. Isto agrava-se quando as condições de
treino não são as mais adequadas, como era o caso.
O tempo foi passando e começou a surgir dentro do clube a necessidade de fazer algo
mais do que a canoagem de competição. Assim, eu e outros dois membros do clube
decidimos avançar com uma secção mais dedicada à vertente turística e recreativa.
Começámos por organizar actividades náuticas pois era a vertente que conhecíamos
melhor, mas depressa alargámos os nossos horizontes às áreas de montanha. Nesta
vertente organizamos passeios pedestres por várias zonas do país, mas com especial
incidência na Serra da Lousã, Serra da Arada e Serra da Estrela. A área turística é de
enorme potencial para o desenvolvimento, estrutural e económico nos dias que
correm, com elas pode conseguir-se uma série de clientes, fiéis. O necessário no
turismo é que este seja aprazível, de modo a que quem participa uma vez numa
actividade volte para repetir e passe a mensagem a outros interessados, esta
passagem de informação boca a boca acaba por ser o melhor veículo de transmissão
publicitária na maior parte dos casos.
Atletas do CNAI em competição.
Trekking Serra da Arada, organização CNAI.
Jorge Filipe Pires 15
Mesmo assim é sempre necessário alguma publicidade em relação ao clube e aos seus
afazeres, tanto na área turística como na área de competição. Assim, toda esta parte
que toca ao trabalho gráfico, desde cartazes, flyers, etc., está a meu cargo. Apesar de
não ser directamente a minha área de trabalho é uma área em que me sinto
perfeitamente à-vontade. Um pouco como part-time, tenho realizado vários trabalhos
de imagem corporativa para particulares e empresas. Cada vez mais as necessidades
económicas obrigam a um esforço extra para que se consiga uma melhor situação
financeira.
Alguns trabalhos realizados por mim na área de imagem e publicidade.
Jorge Filipe Pires 16
Durante toda a nossa vida somos confrontados com determinadas situações, que nos
levam a reflectir sobre as mesmas, sobre o caminho a tomar perante elas.
É talvez na adolescência que começamos a ter noção disso mesmo, começamos a
crescer de uma forma mais madura, a tentar encontrar respostas para tudo, surgem as
dúvidas…o porquê das coisas…o porquê de ter de ser assim. No meu caso tive uma
adolescência um tanto conturbada. A determinada altura senti que era tempo de
colocar os pés na terra, fazer algo para bem de mim próprio e da minha família, mas
também sinto que foi fruto dessa mesma “irreverência” própria da adolescência, que
me fui habituando a viver bem comigo mesmo, a tomar determinadas decisões, e a
acatar o que as mesmas me reservavam, quer o bem, quer o mal. Nem sempre é fácil
tomar a decisão de um rumo a seguir, e muito mais difícil é quando com a decisão que
tomámos somos obrigados a arcar com as consequências negativas que dela provêm.
Felizmente comigo e até ao dia de hoje, fui afortunado com o bem no campo das
grandes decisões, mas a experiência também já me havia ensinado que nem só de
felicidade a vida é feita, e com isto trouxe-me precocemente mais maturidade.
A minha primeira decisão tomei-a muito jovem, tinha 17 anos. Estava então no 10º
ano de escolaridade, frequentava pelo segundo ano consecutivo o curso de Artes e
Ofícios, uma vez que tinha reprovado no primeiro ano. É nesta altura que começo a
sentir que estava há tempo demais sem fazer nada de útil por mim mesmo, continuava
a ver passar o tempo, frequentava a escola e não as aulas. Um dia dei por mim a
pensar na minha forma de estar, na minha vida na minha família, no desgosto
sucessivo que dava à minha mãe, já bastava o facto de esta estar a sofrer com a morte
do meu pai, não tinha também de sofrer comigo, nem de ter gastos económicos com a
minha escolaridade, uma vez que eu não estava a responder de uma forma positiva.
Falei com a minha família que se tentou opor de algum modo a tal decisão.
Todos nós já tivemos situações de conflito familiar, uns mais outros menos, umas mais
graves que outras. Em particular nunca tive nenhum grande conflito a nível familiar,
mas recordo que a primeira vez que falei com a minha mãe sobre a possibilidade de
abandonar os estudos ela ficou profundamente magoada com isso e na altura não
queria que eu o fizesse, até porque foi demasiado cedo, eu tinha apenas dezassete
Jorge Filipe Pires 17
anos, prestes a fazer dezoito. No entanto e como sentia que era isso o que eu queria
na altura, tentei fazer-lhe entender que de momento era mesmo a melhor solução, até
porque era um trabalho relativamente bom, e em que eu teria uma margem de
progressão e poderia aprender uma profissão, algo que me pudesse de algum modo
garantir um futuro com alguma estabilidade, ajudar a minha mãe em tudo o que fosse
necessário, poder ter as minhas próprias coisas, que não poderia se não fosse eu
começar a trabalhar na Interdecal (serigrafia já extinta e agora parte da Vista Alegre
Atlantis).
Não pensei muito mais, estava mesmo decidido sobre o que queria fazer e o trabalho
que iria ter conjugava-se com o curso de Artes que frequentava na altura, a minha mãe
acabou por entender e passou a apoiar-me na minha decisão. Após todos estes anos,
quando decidi acabar os estudos, ela ficou radiante com isso, e foi também uma das
pessoas a incentivar-me nesse sentido.
Durante todo este tempo e até hoje nunca me arrependi de ter agarrado esta
oportunidade. É de facto um trabalho que me preenche na totalidade e que me dá
imenso prazer. Gostarmos daquilo que fazemos é um passo muito importante para o
nosso bem-estar pessoal. No entanto, durante os anos que sucederam essa decisão,
tenho sentido a necessidade de ter algo mais no que respeita aos estudos, crescer um
pouco mais nesse campo, fazer aquilo que deveria ter feito e algo mais se possível.
É aqui que reside a minha maior dúvida: será que hoje faria o mesmo apesar de não
me arrepender de o ter feito?
Tenho a certeza de que não. A quantidade de informação que os jovens de hoje têm
faz com que a maior parte siga o ensino superior, ou cursos técnicos para qualificações
nas mais variadas áreas. E pode até parecer estranho e levar-nos a pensar se em doze
anos isso mudou assim tanto. Mas de facto é uma realidade, mudou mesmo. Quanto a
mim, há uma conjugação de factores que podem explicar um pouco essa mudança - a
evolução dos media na última década que a cada dia nos trazem à velocidade da luz
mais informação, a evolução do sistema de ensino que acaba por cativar os jovens à
sua continuidade. Existe ainda uma situação mais grave, a crise económica mundial: se
não há trabalho o melhor mesmo é a qualificação e especialização para que quando
Jorge Filipe Pires 18
chegar a oportunidade de um emprego, esses jovens estejam cem por cento
preparados para o mercado de trabalho.
Por isto tudo, pelo meu crescimento, e pelo que a vida me tem ensinado, sinto que
hoje seria diferente e também por isso estou aqui.
Outra das grandes decisões que tomei e com a qual também me sinto pleno de
felicidade. Foi o passo de constituir uma família, viver em conjunto com a minha
namorada. Após termos namorado durante cinco anos, e depois de várias vezes
termos pensado em ficar juntos, decidimos que era altura de avançar.
O processo não foi de todo fácil porque surgem sempre, algumas dúvidas, como casar
ou não casar, como comprar casa ou arrendar. No entanto, em ambos os casos ficámos
pela segunda opção, decidimos que a nossa felicidade não passaria pela oficialização
da nossa relação mas sim pelo estarmos perto um do outro e ajudarmo-nos
mutuamente no dia-a-dia. Quanto à casa, iríamos aproveitar algum tempo de
arrendamento jovem. Feitas as contas poderia ser uma oportunidade para poupar
algum dinheiro, para quando surgir uma oportunidade de compra.
Agora, um ano e meio após este passo, começam a surgir novas metas que gostaria de
alcançar. Sinto que a minha vida passará a ter mais sentido, ou pelo menos um sentido
diferente, mais direccionado, quando chegar a altura de ter um filho. Mas esta é de
certo a maior decisão a tomar, e será tomada quase que como se de um chamamento
interior se tratasse, algo muito pessoal e a dois, algo que nos indique “é agora”, este é
o momento…Para que esse momento se transforme e se eternize em felicidade no dia
do seu nascimento e assim eu consiga dar a melhor educação, proporcionar o melhor
crescimento, a melhor maneira de estar perante a vida, e que destes ensinamentos
venha a capacidade de tomar também decisões e a autonomia necessária quando
chegar também o dia em que ele próprio tenha de tomar as suas, porque a vida é feita
delas…
É esta capacidade de reflexão, passado, presente e futuro, que também nos torna
diferentes dos restantes seres vivos. Quando olhamos para nós somos capazes de fazer
retrospectivas, reflexões, planos.
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Ainda que me sinta realizado com tudo o que tenho vindo a conseguir, sinto uma
vontade de querer mais, de “alcançar mais e melhor”. Ainda que pareça uma frase de
campanha política, talvez seja mesmo uma coisa em que todos deveríamos pensar
para nosso próprio bem-estar interior. É um pouco nesse sentido que me encontro
neste processo de RVCC, mas esta seria apenas a primeira etapa, sendo que a minha
meta passaria depois deste processo pelo ensino superior, na área de Novas
Tecnologias da Comunicação. Sinto que se conseguir alcançar esse objectivo me
sentirei melhor comigo mesmo. É sempre tempo para fazer algo que deveria ter sido
feito outrora, desde que o façamos com vontade.
Sempre fui capaz de ir caminhando pelos meus pés, os passos pequenos são a receita,
nunca dar passos maior do que aqueles que somos capazes, e isto foi algo em que
pensei durante a fase da reflexão sobre o arrendamento ou a compra de uma casa. É
óbvio que é quase o sonho dos comuns mortais ter uma casa própria, uma família, mas
em primeiro deveremos também encontrar a nossa estabilidade pessoal, familiar e
financeira. Estou neste mesmo percurso, e a médio prazo tenciono avançar para a
compra de uma casa, para que, quando os filhos chegarem, tudo possa estar
preparado, de modo a que tenham a melhor qualidade de vida possível, mas sempre
fazendo com que estes, à medida que forem crescendo, se vão apercebendo das reais
dificuldades da vida.
Com uma imensidão de diferentes povos, culturas, hábitos, diferentes famílias,
diferenças em cada um de nós, existe algo comum e ao mesmo tempo único a cada
indivíduo, quando refiro o termo comum refiro que cada um de nós possui um ADN, e
quando refiro a diferença, é que apesar de todas e das maiores proximidades
familiares que possam haver entre as pessoas cada ADN é único.
Mas afinal o que é o ADN? A sigla significa, “ácido desoxirribonucleico”, nome
complicado demais para a generalidade das pessoas mas o importante mesmo será
saber, onde se encontra e para que é utilizado…
O ADN não está apenas presente nos humanos, mas sim em todos os seres vivos,
desde as bactérias, plantas, animais, é uma molécula que existe dentro das células de
todos os seres vivos e contém todas as informações relativas a esse ser de modo a
Jorge Filipe Pires 20
identificá-lo. Quase como que se tratasse de um código pessoal e intransmissível, mas
na forma genética, algo que não foi implantado mas sim que nasce com cada ser.
Passaram cerca de 50 anos da descoberta do ADN e existe um avanço enorme no que
toca a pesquisas nesta área. Hoje em dia é utilizado em clonagem, alimentos
transgénicos, testes de paternidade, área de criminologia, etc…
Quanto à clonagem, o caso não é assim tão simples nem tão linear. Existem questões
éticas e morais. A ovelha Dolly foi o primeiro mamífero a ser clonado com sucesso a
partir de uma célula adulta. Todas as atenções do mundo ficaram centradas na
possibilidade de clonagem humana, mas convém referir que até neste sentido clone e
clonado teriam um diferente ADN, tal como acontece com os gémeos.
No que toca aos alimentos transgénicos, são assim denominados todos os alimentos
geneticamente alterados em laboratório. Dada a sua maior resistência às condições
ambientais adversas e velocidade de crescimento, actualmente grande parte destes
são utilizados na alimentação dos animais em todo o mundo e no futuro poderão
mesmo vir a entrar na alimentação humana com mais relevância.
Existem vários interesses para que se dê início a uma produção mais intensiva de
alimentos transgénicos, no entanto existem ainda os prós e contras relativos, não só à
produção, mas também ao consumo.
No que toca à produção o mais comum de momento é o milho. Em Espanha, estima-se
que cerca de 6 por cento das plantações deste cereal sejam geneticamente
modificadas. A Comunidade Europeia ainda está muito reticente no que toca à
Microfotografia de molécula de ADN de uma formiga.
Jorge Filipe Pires 21
produção destes alimentos para consumo humano. Existem no mercado várias marcas
que integram no fabrico dos seus produtos alguns ingredientes geneticamente
modificados, no entanto são os animais os maiores consumidores de alimentos
transgénicos, uma vez que grande parte dos fabricantes de rações se baseia neste
processo para obter o seu produto final.
Pouco se sabe ainda sobre as consequências dos alimentos transgénicos em relação ao
consumo pelo ser humano, daí todas as reticências em relação à entrada destes
alimentos na cadeia alimentar.
Outra das grandes questões polémicas sobre alimentos transgénicos são os factores
socioeconómicos. Em grande parte da Europa impera a agricultura familiar e esta é
claramente contra a entrada destes alimentos no circuito produtivo uma vez que não
teria condição de competir com os países com vastas áreas de cultivo e capacidade de
mega produções de alimentos deste tipo. Aliando-se aos agricultores europeus estão
as grandes empresas de herbicidas/pesticidas uma vez que também eles deitariam a
perder todas as suas vendas, dada a maior resistência dos transgénicos às bactérias,
pragas, etc.
Os interesses dos produtores destes alimentos contrapõem-se alegando que se
conseguiria reduzir drasticamente o problema da fome, aumentando a produção,
essencialmente de cereais, e alegam também que se reduziria o uso de
herbicidas/pesticidas e, consequentemente, uma redução significativa da poluição dos
ecossistemas.
Resta-nos aguardar e esperar pelo que nos reservará o futuro nesta matéria, sendo
que na minha opinião é a agricultura biológica que neste momento está a conquistar
esta batalha, ganhando cada vez mais adeptos. No entanto penso também que não
será por muito tempo, dadas as situações de interesses económicos que descrevi.
Também directamente ligada ao ADN está a identificação da paternidade, é através
dele que é identificado um determinado indivíduo em caso de dúvidas de paternidade.
Hoje em dia é impossível registar uma criança sem que se saiba quem é o pai, algo que
Jorge Filipe Pires 22
alguns anos atrás acontecia, por vezes as crianças eram registadas como “filhas de pai
incógnito”.
Também na área da criminologia o ADN é uma peça chave, na tentativa de esclarecer a
participação de uma pessoa suspeita num determinado crime, através de vestígios de
sangue, sémen, fios de cabelos, é possível comparar o ADN com o dos suspeitos e
saber se estão ou não implicados nesse crime.
Mas é também no ADN que é carregada grande parte da nossa descendência, através
dele poderíamos voltar anos e anos atrás na nossa geração, e identificar familiares que
não chegámos sequer a saber que existiam.
No meu caso, apenas conheci até aos meus avós, e é da parte do meu avô materno
que carrego parte de uma história, já mencionada mas que passo a relatar agora com
mais pormenor. Esta ficará para sempre guardada na minha memória e no meu
coração. Uma história que me contava na 1ª pessoa, uma história que não vem em
livros, nem em filmes, uma história de homens de braveza que deixavam as suas
mulheres e os seus filhos e partiam para a pesca do bacalhau, em barcos à vela,
durante meses a fio, na esperança do regresso e de preferência com os barcos
carregados de pescado…
É numa destas viagens que passou o maior susto da sua vida…Corria o ano de 1942 em
plena 2ª Guerra Mundial quando o meu avô fez mais uma das suas viagens ao
bacalhau, desta vez no lugre “Delães”. A viagem não poderia ter corrido pior. A 11 de
Setembro após 79 dias de pesca e já quando o lugre regressava a Portugal com os
porões carregados de bacalhau foi atacado pelo submarino Alemão (U96).
Diz-se que o “Delães” atravessava uma zona que estava a ser patrulhada por
submarinos Alemães e que era já suspeito pela utilização de uma frequência de rádio
proibida na altura.
O submarino disparou três tiros de canhão de aviso e foi ordenado a toda a tripulação
que abandonasse o navio. A ordem foi acatada e todos abandonaram o lugre, ficando a
navegar à deriva no alto mar dentro dos pequenos “dóris” (pequenos barcos de
madeira usados na pesca do bacalhau) que tinham sido amarrados uns aos outros,
Jorge Filipe Pires 23
após o abandono da tripulação. O “Delães” foi de imediato afundado a tiros de
canhão. Foram socorridos dezoito horas depois pelo lugre “Labrador” que passava nas
mesmas águas. Todos se salvaram.
A mesma sorte não tinham tido os companheiros do “Maria da Gloria” que havia sido
afundado no mês de Junho do mesmo ano, tendo resultado na morte de 36 pessoas, a
maior parte delas de Ílhavo e Gafanha da Nazaré, uma vez que ambas as embarcações
tinham sido construídas nos estaleiros da Gafanha da Nazaré e pertenciam a uma
empresa de Aveiro.
Ficam comigo estas memórias que me contava, sinto que ele queria transmitir todas as
dificuldades por que tinha passado, que eram bem mais do que as actuais, mas
também a braveza e a coragem dos pescadores, que continuavam a dedicar a sua vida
ao mar, mesmo depois de acontecimentos tão marcantes como este.
Em cima, à esquerda fotografia do submarino U-96, à direita o lugre Delães atracado em Lisboa.
Em baixo, à esquerda ilustração do naufrágio do Delães, à direita o meu avô, Manuel Estevão.
Jorge Filipe Pires 24
E que bom que é guardar estas numa altura em que as nossas vidas nos preenchem
com trabalho e os mais variados afazeres…
Todos os nossos dias são passados a trabalhar, saímos de casa e voltamos ao fim de
um dia de trabalho, almoçamos e jantamos fora muitas vezes e isto leva muitas
pessoas da nova geração a escolher para viver espaços exíguos, minimalistas e que
dêem o mínimo de trabalho possível.
Isto é algo que acontece cada vez mais nas grandes cidades, não só pelo facto de estar
em voga mas também é uma forma de controlar os espaços de urbanização, colocando
mais pessoas a viver no mesmo espaço de construção, dadas as tipologias destas
pequenas habitações.
Tudo isto pode parecer atraente ao nível económico mas pode também ser
condicionante no que toca a acabamentos e materiais de construção, mas tendo em
conta o dia-a-dia de cada um esta pode ser uma solução habitacional a ter em conta.
No meu caso em particular a nova tendência de opção por estes espaços não me atrai,
não só pela não identificação com a tipologia da habitação mas também pela região
onde vivo. Quando chegou a altura de procurar uma habitação, ainda que no
momento não passasse pela construção, todos os procedimentos seriam idênticos, ou
seja, seria necessário ter em conta toda a tipologia da habitação bem como os seus
acabamentos. Aliado a isso haveria que escolher aquela que oferecesse uma maior
variedade de facilidades no que toca a espaços de lazer, entradas de luz directa e de
preferência num local que oferecesse tranquilidade e bem-estar. É certo que isto nem
sempre é fácil de conjugar.
Mas o mercado de arrendamento em Portugal está agora numa maior fase de
crescimento, um pouco ao encontro do resto da Europa, onde a maioria das pessoas
vive em casas arrendadas. Com isso tinha a certeza que iria encontrar um espaço
realmente atraente, seria apenas uma questão de tempo…
Encontrei então um apartamento T2 novo, com óptimas áreas, e excelentes espaços
de ar livre e lazer. A localização foi também um facto determinante: o local que escolhi
Jorge Filipe Pires 25
era central, de modo a que pudesse sair a pé a maior parte das vezes, inclusive para
fazer compras.
Numa habitação é importante um bom isolamento térmico. Ainda que Portugal possua
um clima relativamente ameno, os vidros duplos são hoje em dia praticamente
indispensáveis. Estes ajudam na diminuição de perdas de calor e também ao nível do
isolamento sonoro. Existe também um menor consumo de energia, uma vez que com o
vidro normal de Inverno existe uma maior sensação de frio o que nos leva a ligar mais
o aquecimento, no verão também nos proporcionam maior conforto do mesmo modo
a que não deixam que as ondas do calor aqueçam os espaços com a mesma facilidade
de vidros normais.
Todos sabemos que hoje em dia crescem os fenómenos climatéricos e geológicos
adversos, pelo que as habitações deveriam estar todas preparadas para enfrentar a
situação, de modo a fazer face a abalos sísmicos, tremores de terra, etc. Aqui reside a
base da construção, as fundações das habitações, o cálculo de engenharia para
medições de betão e ferro a utilizar, a escolha de materiais tecnologicamente
avançados que conseguem minimizar os estragos em situação de catástrofe. Mas
como a maioria das pessoas acaba por comprar apartamentos, essa é uma parte que
fica muitas vezes para trás, ou é da responsabilidade de construtores, que, pela
contenção de custos, também muitas vezes as colocam de lado. Talvez no futuro
venha mesmo a ser obrigatória a utilização de determinados materiais e técnicas que
nos coloquem em maior segurança.
Mas o nosso conforto e bem-estar depende muito de como nos sentimos quando
estamos em casa. Se estivermos parados logo a sensação de frio aumenta. Por isso é
necessário procurar a melhor maneira de aquecer a nossa casa da melhor maneira em
função dos equipamentos de aquecimento que possuímos. No meu caso em dias de
muito frio a solução passa por manter nos compartimentos mais utilizados,
aquecedores a óleo. A melhor maneira de usar este equipamentos e uma vez que eles
têm um efeito de acção prolongada e não imediata, é deixa-los ligados vinte e quatro
horas dia. Como estes possuem termóstatos eles próprios fazem a gestão da energia,
desligando e ligando quando alcançam as temperaturas programadas.
Jorge Filipe Pires 26
Como possuo uma sala com uma varanda com sol directo praticamente todo o dia,
este é o compartimento mais ameno de toda a habitação. Só por aqui podemos
concluir que o Sol é uma excelente fonte de calor. Desde sempre o homem usou o Sol
como fonte de energia, por exemplo, ao utilizá-lo para secar roupa e mesmo para se
aquecer, também para as plantas a luz solar é um bem essencial à sua sobrevivência
através do processo de fotossíntese. Hoje em dia é uma das principais energias
renováveis utilizadas por particulares, que através de painéis solares e baterias
acumuladoras podem gerar energia eléctrica para consumo e até para comercializar.
Este consumo de energia deve cada vez mais ser um consumo controlado, e não
devemos fazer consumos desmedidos de energia, pois este é também uma das
principais causas do aquecimento global. Mas é o nosso padrão e estilo de vida que
nos leva muitas vezes a fazer consumos excessivos e desmedidos. Todos os dias somos
invadidos com apelos através da TV, rádios, imprensa, publicidade das grandes marcas
mundiais, que nos levam a repensar o nosso estilo de vida e será que esses mesmos
que nos lançam tais apelos se preocupam de facto com esse controlo do consumo
energético?
Da nossa parte como seres humanos, sinto que há um mínimo que podemos fazer
dentro da nossa habitação. Existem actos simples como a utilização de lâmpadas de
baixo consumo, a escolha de equipamentos domésticos das classes “A” “A+” ou “A++”.
Nos frigoríficos e máquinas de lavar devemos ter isto mesmo em conta, uma vez que
estes são equipamentos que temos a uso diário e quase constantemente ligados à
corrente.
Mas o aumento do consumo está directamente ligado ao avanço da ciência e
tecnologia. Hoje em dia seria praticamente impossível lavarmos as nossas roupas num
tanque, ou termos alimentos em casa sem um frigorífico onde os conservar, e a prova
que também existe uma preocupação por parte de fabricantes é a evolução no sentido
da eficiência energética.
No caso das máquinas de lavar louça, as mais recentes usam menos água, menos
detergente e são mais eficientes. Possuem também mais programas de lavagem, que
se adaptam as nossas necessidades, os detergentes também são mais eficientes e por
Jorge Filipe Pires 27
isso as temperaturas de lavagem não são tão altas. Quanto às máquinas de lavar
roupa, estas sofreram também várias alterações, mais programas de lavagem
consoante o tipo de tecidos. E também, algo de muito importante, a implementação
de sensores de carga que controlam o consumo de energia mediante o peso da roupa.
Os novos frigoríficos são muito mais eficientes, devido ao melhor e isolamento e aos
novos compressores muito mais eficientes e há utilização de novos líquidos
refrigerantes com menor efeito de estufa que os utilizados em equipamentos antigos.
Agora, como já afirmei, existem as classes de eficiência energética “A+” e “A++”que
são muito mais eficientes do que a classe “A”. Estas foram razões mais que suficientes
para que não tivesse dúvidas quando comprei o meu frigorífico e a máquina de lavar
roupa.
Resta-nos ir minimizando estes consumos que podem trazer um final trágico e com
actos simples a ter em conta podemos consegui-lo. Por exemplo, não devemos utilizar
equipamentos em simultâneo quando apenas estamos concentrados num em
particular. Se estamos a utilizar um PC não necessitamos de ter uma TV ligada ao
mesmo tempo, ou se estamos a ouvir música e a ler. Ainda como solução de poupança
de energia devemos também ter em conta que devemos desligar os equipamentos em
completo da corrente e não deixá-los em standby. Existem muitos equipamentos que,
mesmo depois de desligados, continuam com uma luz de standby, o que quer dizer
que estão a consumir energia. Para evitar desperdícios, podemos utilizar extensões
que possuam um botão on/off para assim os desligarmos por completo. Será ainda de
referir que devemos sempre desligar as lâmpadas que não estamos a utilizar.
No caso da iluminação existem dois tipos de lâmpadas:
- Lâmpadas convencionais de filamento incandescente, que têm um baixo custo de
aquisição, baixa eficiência e uma vida útil curta, fundem-se com facilidade. Estas
funcionam através da passagem da corrente eléctrica entre dois pontos da lâmpada,
através de um filamento que, em contacto com a corrente eléctrica, fica incandescente
produzindo luz.
- Lâmpadas compactas fluorescentes (LCF) que produzem luz de uma forma muito
mais eficiente, convertendo até 80% da energia eléctrica em luz e cuja vida útil pode
Jorge Filipe Pires 28
ser superior a 15 anos (estas são as chamadas lâmpadas de baixo consumo). Têm um
funcionamento completamente diferente das incandescentes, a luz é gerada através
de uma descarga eléctrica no gás.
Se repararmos um tempo de vida superior traduz-se em menos lâmpadas para
comprar e mudar, gerando-se assim menos resíduos prejudiciais para o ambiente. No
entanto até 2012 a Comissão Europeia vai retirar todas as lâmpadas incandescentes do
mercado, daí já começarem a surgir várias campanhas onde podemos trocar as nossas
comuns lâmpadas incandescentes por lâmpadas de baixo consumo.
No meu caso aquando da campanha da EDP para troca de lâmpadas incandescentes
por lâmpadas de baixo consumo fiz a troca de todas as que possuía, estando neste
momento a minha habitação equipada apenas com lâmpadas deste tipo.
Mas não podemos apenas optar solucionar a parte da iluminação. Todos nós hoje em
dia possuímos uma série de equipamentos domésticos com os quais temos de ter os
devidos cuidados, tanto no que toca ao consumo mas também à sua utilização.
É óbvio que nem todos temos a mesma aptidão para lidar com esses mesmos
equipamentos, mas a ideia que os homens e as mulheres os usam de forma diferente,
ou que alguns deles devem ser apenas utilizados por mulheres é uma ideia
completamente sem nexo e antiquada.
Lâmpadas economizadoras e lâmpadas incandescentes.
Jorge Filipe Pires 29
Eu utilizo todos os meus equipamentos domésticos mas confesso que o existe um com
o qual não sinto muito à-vontade, “ferro de engomar”, mas se necessitar de o utilizar
faço-o da melhor maneira possível. No geral, todos nós somos capazes de utilizar a
diversidade de equipamentos que possuímos, melhor ou pior mas de certo que com
esforço e dedicação todos conseguimos fazê-lo.
Os manuais de cada equipamento hoje em dia são muito completos e intuitivos, de
modo a que sejam facilmente interpretados pela generalidade das pessoas. Estes
manuais são constituídos por um índice alfabético que facilmente nos leva a encontrar
o que necessitamos, desde a sua conexão à corrente eléctrica, ao seu funcionamento
geral.
A generalidade dos equipamentos domésticos funciona com uma tensão de 220V
“alternada”, mesmo que alguns deles façam internamente ou externamente
conversões de energia, é a 220V que os ligamos nas nossas tomadas. Estes
equipamentos são por norma monofásicos, ou seja, ainda que as tomadas tenham dois
locais de ligação “dois furos”, apenas um possui tensão a 220V (fase) o outro é neutro.
Daí que se pegarmos apenas num fio condutor neutro (azul) não apanhamos choque,
mas se ao mesmo tempo tocarmos na fase (castanho ou preto) e no neutro, sentimos
choque eléctrico. Isto deve-se à diferença de potencial entre um e outro, ou seja, para
haver passagem de energia eléctrica tem de haver uma diferença de potencial, no caso
da corrente eléctrica “contínua” também temos diferenças de potencial, mas neste
caso como forma de positivo (+) e negativo (-).
Um dos equipamentos mais utilizados pela generalidade da população diariamente é o
“telemóvel”. A maioria das pessoas são utilizadores frequentes do telemóvel, é quase
como uma parte das pessoas, muitas delas quando por algum motivo não o têm ficam
um quanto desorientadas.
Mas afinal que equipamento tão importante do dia-a-dia é este?
O primeiro telemóvel do mundo foi desenvolvido pela Motorola no ano de 1983, vinte
sete anos após essa data, existem dezenas de marcas modelos e feitios para este
aparelho. As diferenças entre eles podem ser de cor, tamanho, funcionalidades
Jorge Filipe Pires 30
técnicas, mas existe algo que todos têm em comum: bateria, carregador, e um cartão
“SIM” (Subscriber Identity Module), em Português algo como módulo de identificação
do assinante, é o cartão que identifica o utilizador.
Este cartão não é nada mais do que um circuito impresso e com uma determinada
memória, que vem identificado com cada número de telemóvel pessoal, é também
nele que são armazenados alguns dados, como agenda de contactos tarefas, etc.,
sendo que hoje em dia a maioria dos equipamentos já vem equipada com memórias
internas ou “slots” para cartões de memória que assim evitam perda de dados em caso
de avaria do cartão “SIM”.
Hoje, o telemóvel é um equipamento quase indispensável à maioria das pessoas e
permite as mais variadas aplicações, desde agenda, captação de imagem tanto em
fotografia como vídeo, GPS, jogos, envio de SMS e MMS, realização e recepção de
chamadas, ligação à internet e em modelos mais recentes já é possível fazê-lo com os
browsers que utilizamos no dia-a-dia nos PCS, como o “IE” ou “FIREFOX”. Também
recentemente já é possível realizar operações bancárias através do telemóvel. Os
telemóveis caminham agora para a nova geração de pocket pcs, para que possamos
fazer uso dele exactamente da mesma forma que um normal PC.
Martin Cooper antigo director da Motorola e o 1º
telemóvel do Mundo.
Steeve Jobs director da Apple apresenta um
Iphone de última geração.
Jorge Filipe Pires 31
Uma das funções mais utilizadas nos telemóveis é o serviço de SMS. Talvez isto se deva
aos baixos custos deste serviço, que em muitas das operadoras já é mesmo gratuito.
No entanto, se repararmos este meio de comunicação escrita ao nível da electrónica
teve início na década de 1980 – 1990 com o aparecimento dos PAGERS em que o
emissor efectuava uma chamada telefónica e transmitia a um operador qual a
mensagem que queria enviar. Esta mensagem era gravada pelo operador e posto isto
era escrita e enviada ao receptor. Acontecia muitas vezes as mensagens chegarem
incompletas ou deturpadas.
As operadoras foram melhorando as suas redes através da instalação de antenas de
sinal. Estas antenas funcionam através de ondas electromagnéticas processadas
através de satélites e transmitidas depois aos equipamentos. Estas fontes de radiação
são fruto da evolução, do homem e dos sistemas, mas elas ocorrem naturalmente no
Universo e, como tal, sempre estiveram presentes na Terra. Com esta evolução
começou a ser possível a troca de mensagens directas entre os utilizadores e começou
então o fenómeno de popularidade das “SMS”. Com este fenómeno apareceram novas
formas de escrita, com diminutivos e símbolos, que permitem expressar as emoções
dos utilizadores de uma forma escrita. É certo que esta escrita foi adaptada da
internet, uma vez que ela começou a surgir nas comunicações em chats ou na troca de
emails. Esta forma de escrever trouxe também uma preocupação acrescida no que
toca às regras gramaticais. Muitas pessoas, principalmente os mais jovens, escrevem
usando um código específico, feitos de abreviaturas, siglas e símbolos de modo
propositado. Isto pode afectar negativamente a maneira como escrevem noutros
contextos, por exemplo na escola. Vejamos o seguinte exemplo de SMS:
“olá xtou mt triste , n poxo ir à tua festa hj à noite, espero q não fiquex xateada, mas
a mha mãe não me deixa, lol estou a brincar
Este é um tipo de escrita que não utilizo nas minhas mensagens. No meu caso em
particular, o telemóvel é um equipamento que utilizo no dia-a-dia, mas apenas faço
utilização das aplicações básicas, chamadas e envio de mensagens. Não sou apologista
do uso de telemóvel como objecto de transmissão de status social, mas tenho a
consciência de que hoje em dia é uma situação muito comum, não me cabe a crítica a
Jorge Filipe Pires 32
quem o faz, porque muitas vezes isso acontece também com o gosto das pessoas por
equipamentos electrónicos de última geração, algumas pessoas têm mais interesses
que outras, umas demonstram-no outras não.
Vejo o telemóvel apenas como um objecto de comunicação, nada mais, e acho que é
aqui que reside a sua maior importância. Neste momento muitas das populações
portuguesas do interior onde nunca chegaram linhas telefónicas, estão agora
contactáveis com o mundo e podem assim estar mais próximas dos seus familiares e
terem facilidade em pedir auxílio em situações de necessidade. Não faço muita
utilização do telemóvel no que toca a outras funções porque utilizo o PC e as
potencialidades da internet para essas mesmas funções, como o caso de agenda, e
neste caso, há uma interactividade de uma aplicação que utilizo com o telemóvel, a
agenda do “Google” esta permite a sincronização com um telemóvel. Após
agendarmos as nossas tarefas no nosso calendário “Google”, este envia um SMS
(serviço gratuito) para o telemóvel com a devida antecedência com que for
configurada.
Sou um utilizador assíduo (viciado) em aplicações para PC. Sempre que sai um novo
programa na minha área de interesse “fotografia e design”, faço questão de o testar e
conhecer as suas novas potencialidades. Para além disso, faz parte do meu dia-a-dia
tanto para comunicação pessoal como profissional, o uso de email. Como forma de
gestão de conta bancária utilizo o serviço de ebanking ao qual também já é possível
aceder via telemóvel.
No entanto a forma que me dá mais prazer de comunicar com os outros é através da
imagem (fotografia). Desde cedo que me fascinei pelo mundo da fotografia. Com 15
anos tive a minha primeira máquina fotográfica reflex, a partir daí nunca esqueci a
fotografia até aos dias de hoje.
Também a fotografia tem sofrido ao longo dos anos uma série de evoluções
tecnológicas que tem aberto as portas de um mundo que era muito mais restrito. Há
dez anos atrás era impensável sairmos para a rua com uma máquina convencional de
rolo 35mm e fazermos os 24 ou os 36 fotogramas desse rolo. Hoje em dia na
Jorge Filipe Pires 33
generalidade todas as pessoas possuem uma máquina digital e facilmente tiram 100
ou mais fotografias num ápice.
A evolução desta forma de arte, que há já alguns anos faz parte da minha vida, ocupa
agora também o lugar que merece no seio da sociedade, o que não acontecia no
passado, em que ela era vista como uma forma de arte “elitista”, um pouco pelos
custos que acarretava para quem a praticava. Hoje é possível ter uma máquina digital
por um valor praticamente irrisório. Obviamente que, se quisermos ir um pouco mais
além, existe a necessidade de comprar material mais específico e aí continua a ser um
investimento mais avultado. Todo este processo da evolução da fotografia é
importantíssimo para a generalidade da sociedade. Através da captação de imagens as
pessoas comunicam, veja-se o exemplo dos telemóveis que são quase como uma peça
de uso diário, e muitos já vêem equipados com câmaras fotográficas que permitem
uma qualidade bastante aceitável.
Mas esta evolução não tem apenas a parte positiva, quanto a mim existe por trás de
cada imagem uma carga sentimental no momentos antes do click. Acho que deve
haver sempre um olhar, um pensamento daquilo que queremos transmitir. Com a
evolução veio também trouxe alguma vulgarização da fotografia. Apesar da qualidade
da fotografia digital já estar num patamar bastante elevado, nunca vai alcançar a
magia de termos de esperar pela revelação de um rolo para vermos uma determinada
imagem. No meu caso tento sempre antes de tirar uma foto, pensar bem na imagem
que pretendo. Por vezes chego a olhar pelo visor da máquina e acabo por não realizar
a foto, porque aquilo que vemos à primeira vista pode não ser na realidade aquilo que
vemos ao olhar pelo viewfinder da câmara.
A frase que escrevi para front page do meu site transmite um pouco aquilo que referi
acima:
“...gosto particularmente de Fotografia de Natureza, Paisagens, aquilo que me encanta
na captação de uma imagem é conseguir imortalizar para sempre os momentos...Só
assim acho que uma imagem pode fazer sentido para quem a vê, de modo a que se
sinta num determinado local mesmo sem nunca ter lá estado...”
Jorge Filipe Pires 34
Foi também através da fotografia digital e das TIC que se tornou mais fácil dar a
conhecer e evoluir neste meu hobbie, através da internet partilho imagens em sites da
especialidade, de onde já foram escolhidas imagens publicadas em revistas da
especialidade. Sempre me considerei um autodidacta. Outra evolução neste meu
hobbie foi a construção do meu próprio website. Foi o primeiro site que construí, pelo
que não foi tarefa fácil, pois essa parte da construção e da descoberta é bastante
interessante. Depois vem a manutenção e o tempo necessário ao mesmo para que se
mantenha actualizado. É um trabalho que nunca se pode dar por finalizado porque a
cada dia se descobrem outras aplicações que podem ser adicionadas. É de facto
interessante o seguimento de um website, desde a construção, à manutenção ou ao
seguimento estatístico.
E foi um pouco por arrasto desta evolução tecnológica que a fotografia acabou por
sofrer esta transformação. Os sistemas informáticos sofreram um crescimento tão
intenso que a fotografia não podia ficar parada no tempo. Assim as marcas começaram
por estudar a solução para os sistemas digitais. Técnica e mecanicamente o sistema
das máquinas fotográficas não necessitava de sofrer grandes alterações. A grande
alteração passava pelo suporte de gravação das imagens e a forma como elas eram
captadas pela máquina.
O então utilizado filme fotográfico necessitava de ser substituído por um suporte de
gravação similar a um disco rígido ou a um CD ou disquete. Em primeiro lugar as
câmaras digitais começaram a gravar em disquete, posteriormente em CD, mais tarde
em memórias internas e hoje em dia nos comuns cartões de memória.
Para que se tenha uma ideia da evolução dos suportes de gravação: seriam necessárias
cerca de 4000 disquetes para obter a capacidade de 4gb de um vulgar cartão de
memória.
Jorge Filipe Pires 35
A parte da captura da imagem foi mais complexa. Era necessário encontrar um sensor
fotoeléctrico que fosse sensível à luz, tal como o filme fotográfico. E este é o processo
básico da fotografia: através de uma lente a luz é canalizada ao filme (hoje em dia ao
sensor) que fica exposto à luz quando se dá o click; neste momento existe uma cortina
(obturador) que abre e fecha em milésimos de segundo; se ela estivesse aberta
demasiado tempo em situações de muita luz, em vez de um fotograma com uma
imagem, obtínhamos um fotograma negro; no caso de fotografias nocturnas e devido
à ausência de luz, este obturador demora mais tempo a fechar; mediante o resultado
pretendido o obturador pode ficar aberto o tempo que quisermos, desde que a
máquina esteja fixa num tripé.
Uma das profissões mais afectadas pela positiva pela evolução fotográfica foi o
fotojornalismo. No passado um fotojornalista em reportagem tinha que ser muito
experiente e extremamente profissional, ele não podia falhar o click, não havia
segundas hipóteses para correcção de parâmetros. Posteriormente à reportagem
havia que correr para um laboratório onde se seguia a revelação. De seguida passava-
se ao envio para os meios de informação (normalmente pelo correio), o que muitas
vezes levava dias, mediante o local para onde eram enviadas as imagens. Hoje em dia
isto era impensável e todo este processo foi mais uma vez simplificado com as novas
tecnologias, neste último caso a internet. Vejamos como um email com uma imagem
pode dar a volta ao mundo em poucos segundos. Mas recentemente já existem
câmaras digitais que permitem ao utilizador ligações wireless no caso de existência de
redes, o que torna ainda mais simples este processo, isto permite o envio da imagem
directamente da câmara sem necessidade sequer de um computador.
Exemplo de um rolo de 35mm e de um sensor de uma câmara digital, ambos são sensíveis à luz.
Jorge Filipe Pires 36
Mas afinal onde começa e acaba o nosso bem-estar? O nosso prazer, o gosto pelas
mais diversas actividades…Não terá aquilo que comemos, influência?
A alimentação foi desde sempre uma prioridade para a sobrevivência do ser humano, é
uma necessidade básica a que infelizmente nem todas as pessoas têm direito, e é
incompreensível que nos dias que correm continuem a morrer de fome milhões de
pessoas. No entanto existe também uma situação algo contraditória: pessoas que
morrem por uma alimentação descuidada ou desmedida.
Então onde devemos situar-nos? Há de certeza um meio-termo destas duas realidades
contrapostas, um equilíbrio que devemos seguir para que possamos estar mais
saudáveis e com uma melhor aptidão física.
Em 1977 foi criada a roda dos alimentos, com a função de orientar as escolhas e
combinações alimentares que devem fazer parte de um dia saudável, é uma
representação gráfica circular que pretende dar a conhecer os grupos de alimentos e
as quantidades em que devem ser consumidos, atendendo ao seu conteúdo nutritivo.
Noutros países esta representação gráfica é em forma de pirâmide, de modo a
hierarquizar os alimentos, sendo que os do topo são os que estão em menor
quantidade, logo os que devem ser ingeridos com menos frequência. Recentemente a
nossa roda dos alimentos que era constituída por cinco grupos, (Leite e derivados /
Carne, peixe e ovos / Óleos e gorduras / Cereais e leguminosas / Hortaliças, legumes e
frutos) foi reestruturada e passámos a ter sete grupos de alimentos, (Cereais e
derivados, tubérculos – 28% / Hortícolas – 23% / Fruta – 20% / Lacticínios – 18% /
Carne, pescado e ovos – 5% / Leguminosas – 4% / Gorduras e óleos – 2% ) foi ainda
nesta alteração que surgiu a percentagem de alimentos que é recomendada
diariamente, e a inclusão da água ao centro da roda.
Fonte: wikipedia
Esquema Ilustrativo da roda dos alimentos.
Jorge Filipe Pires 37
Obviamente que por vezes não é fácil seguir com rigor esta informação. Os nutrientes
são substâncias indispensáveis ao funcionamento do organismo e que obtemos
através da alimentação e a nossa saúde depende das quantidades com que eles nos
chegam. Daí que devemos seguir o mais possível estas indicações alimentares.
Um elemento bastante importante na alimentação é a ingestão de fruta. Nela
podemos encontrar uma variedade de nutrientes, como as vitaminas e sais minerais.
Uma das vitaminas mais faladas quando pensamos na fruta é a vitamina C. Esta
vitamina está muito presente na laranja e no ananás. Ambas são frutas que em dias
quentes possuem um alto poder refrescante e que repõem as calorias. Logo um
alimento a ter em conta nestes dias. Outra das tão faladas propriedades da vitamina C
é o seu poder de ajudar a curar gripes e constipações, mas não é apenas isto, ela é
também recomendada como efeito de anti-envelhecimento e na prevenção de
doenças cardiovasculares. Existem outros alimentos a ter em conta no que toca à
vitamina C, tais como os tomates, bróculos e todos os tipos de couves. No entanto,
devemos ter em conta que esta se degrada com o calor e oxida facilmente. Devemos
conservá-los em locais frescos e devemos ter em conta que estes alimentos não devem
permanecer mais do que vinte minutos a serem cozinhados.
Um dos grandes problemas dos dias que correm é o aumento dos estabelecimentos de
fast food e a crescente procura por parte do consumidor. O nosso dia-a-dia bastante
preenchido faz com que muitas vezes acabemos por recorrer a estes estabelecimentos
para que sejamos servidos de uma forma mais rápida e também mais económica. Nas
cadeias de fast food conseguem-se fazer refeições ao preço de 2.5€. Existe até uma
campanha da tão conhecida “McDonalds” que oferece um hambúrguer por apenas 1€.
Ora isto leva muitas pessoas a optar por estas refeições. Outra realidade é a instalação
de superfícies comerciais que possuem este tipo de ofertas junto das escolas. É um
factor que traz algumas preocupações, pois os jovens acabam por preferir fazer uma
refeição de fast food do que uma alimentação cuidada nas cantinas das escolas. No
entanto, a ingestão de fast food, se não for uma prática diária ou regular, não tem
qualquer inconveniente.
Jorge Filipe Pires 38
O problema é que, por muito que os media nos tentem transmitir cuidados a ter com a
alimentação, quer através de programas como debates televisivos, quer por
publicidade, é difícil chegar aos mais jovens, a estes essa informação deve ser passada
como forma de educação pelos pais. Isto porque existe uma máquina chamada EUA
que controla a maior parte das cadeias de fast food mundiais, e com uma capacidade
financeira enorme consegue atropelar tudo e todas as campanhas que se possam fazer
contra este tipo de alimentação. Em 2004 foi lançado o filme “Super size me”, um
documentário levado ao extremo pelo protagonista, que durante trinta dias apenas
comeu no “McDonalds”. Obviamente que o resultado final foi desastroso, uma série de
doenças contraídas, como a obesidade, hipertensão arterial, ou até diabetes e doenças
cardio-vasculares. Ainda que extremista este documentário pretendia alertar para os
perigos da ingestão continuada de Fast Food.
Como complemento de uma alimentação cuidada, devemos praticar exercício físico, e
não é preciso muito. Por vezes uma caminhada diária de 1h é o suficiente para
obtermos algum ritmo físico.
Desde sempre fiz várias caminhadas, pois um dos meus grandes interesses é a
natureza e montanha (trekking). Consegui incutir esse espírito e esse gosto à minha
Fast food VS Alimentação equilibrada.
Jorge Filipe Pires 39
namorada e juntos temos o hábito de realizar alguns percursos pedestres pelo país,
sendo que as maiores aventuras nesta área aconteceram em 2006 e 2007,
respectivamente dos Picos de Europa, Sierra de Gredos e nos Pirinéus. No entanto,
após o ano de 2008 reduzi significativamente esta actividade física, e agora, dois anos
depois, começo a sentir algumas consequências disso, uma vez que a minha actividade
profissional leva a que passe muitas horas sentado, e por vezes numa postura não
correcta. Comecei a sentir algumas dores de costas, que estou agora a corrigir com a
prática de natação. É então ponto assente que a actividade física é algo de extrema
importância para o bem-estar pessoal, mas existe algo de muito importante e que me
parece um pouco esquecido.
Quais os custos monetários para praticar exercício físico? É certo que para
caminharmos diariamente não necessitamos mais do que vontade e tempo, mas será
isto o suficiente? Há um claro aproveitamento dos ginásios nesta área. Numa altura
em que tanto se fala na prática de exercício físico, não seria de tentar regulamentar de
algum modo as taxas cobradas por estes aos utentes? Por vezes são preços
Trekking na Sierra de Gredos.
Jorge Filipe Pires 40
desmedidos, tornando-se difícil que os dois membros de um casal com uma condição
de vida da classe média possam estar inscritos.
Obviamente que os rendimentos das famílias são variáveis, quer pela profissão que
exercem, o tempo a que exercem e mesmo pelo local onde se encontram. Tenho um
orçamento mensal em conjunto com a minha namorada ao qual seria impossível
retirar 40€ a cada um de nós para pagar um ginásio. Por sorte a empresa onde ela
trabalha possui contratos de publicidade com ginásios com preços especiais para os
funcionários.
Faço um orçamento mensal cuja base é constituída pelas despesas fixas, como a renda,
gastos com alimentação, energia e água, TV e internet, crédito automóvel e
combustível. A partir daqui é a gestão do restante. A uma renda mensal de 350€ há
sempre que juntar 200€ para as despesas da casa, 150€ para o crédito automóvel e
150€ para o combustível dos nossos dois automóveis. A partir daqui tento sempre
fazer algumas poupanças. Daqui é gasto algum dinheiro em lazer, como o caso de
algumas viagens de fim-de-semana, alguns espectáculos musicais e, claro, juntar algum
dinheiro para quando chegam as férias, como as que se avizinham e a possível viagem
à Grécia.
Uma das grandes razões da economia estar no estado em que se encontra foi a
facilidade ao crédito dadas pelas instituições bancárias ou pelas empresas financeiras
que começaram a surgir um pouco quando começou a corrida aos créditos. Nesta
altura havia uma enorme oferta de crédito e uma facilidade tremenda em consegui-lo.
Aqui começou o endividamento das famílias. Para qualquer coisa era pedido um
crédito sem que houvesse a mínima garantia que este conseguiria ser pago. Existem
vários tipos de créditos: crédito à habitação, crédito automóvel, crédito pessoal,
crédito ao consumo. O que começou a acontecer é que existiam pessoas que tinham
todos estes créditos, e por vezes mais do que um. No caso do crédito pessoal hoje em
dia é muito solicitado para viagens de férias, algo com o qual não estou plenamente de
acordo. Isto tornou-se para muitas famílias impossível de aguentar e a solução passou,
para muitos, pelo recurso ao Crédito Consolidado, ou seja, a reunião de todos os seus
créditos numa única prestação mensal.
Jorge Filipe Pires 41
Para as minhas viagens tento sempre fazer um planeamento e uma poupança anual e
há também um factor importante, a organização de todas as despesas anuais, que
podem ser apresentadas no IRS tais como despesas médicas, renda, e investimentos
na área de informática etc. Só assim nos é possível retomar algum dinheiro quando
chega a altura da apresentação da declaração anual de IRS. Hoje em dia é
relativamente fácil o preenchimento da declaração de IRS, principalmente quando
somos trabalhadores por conta de outrem. No meu caso, bastam-me os anexos “A” e
“H” do modelo 3 para o prendimento da declaração. Os dados base já estão
previamente preenchidos pela DGI. Depois basta confirmá-los, e ir adicionando as
deduções específicas nos devidos campos.
Quanto a mim a informatização do sistema de Finanças foi uma das maiores armas de
combate à evasão fiscal, pois todos os bens pessoais estão declarados, e toda a
informação prestada pelos contribuintes é depois usada em cruzamentos de dados
que permitem detectar infracções fiscais, e falsas declarações. No entanto e apesar
desta situação de evasão fiscal já estar mais controlada, sinto que nunca será dada por
concluída: haverá sempre corrupção, fugas ao fisco, etc…, e o mais grave de tudo isto é
que são os mais ricos os que mais praticam estes actos e quase sempre acabam
impunes, muitas vezes com a conivência de altas patentes.
Jorge Filipe Pires 42
The element, who am I inside
It’s always difficult when we have to talk about ourselves, it’s easier when we look to the others and we try to describe
them and make judgments about them. When I look deep inside (and that’s one of the things that this “RVCC” process is
doing to me all the time) I always find something new, something that I had already forgotten, memories…
I think I’m not a difficult person, I always try to do the things without being stressed, with a lot of calmness, and that
causes me to be a little bit lazy sometimes. Like everyone I sometimes have my breaks and, during those moments, I like
to be out of all and of everything. Since very early, in the beginning of my life, maybe when I was eight years old, I
became a scout for twelve years until I was eighteen. And that led to me a big passion and respect for the Nature and
when my problems come it is my medicine for its silence is for me a kind of therapy.
A few years after I started another old passion, I began to think that it was nice to take some pictures of some moments
and this is how my passion for photography was born. When I was fifteen I bought my first camera; in that time digital
cameras were just a mirage. Now I turn on myself to the digital world and I just use digital process in my pictures. Over
these last three years I’ve published more or less seven hundred pictures in www.olhares.com/jorgefpires and a few
ones more in www.podiumfoto.com/jorgefpires and I’ve also published some photos in magazines of the theme.
The next step was the construction of my own website, I have done it all by myself, it was my first website construction
and it is always being changed. When I remember something that I can change, it’s time to read about it and learn how
to do it. I am an autodidact so I have to read a lot to do and change something on the website. Of course when I see that
I’m not able to do it alone I have to ask someone expert in the area for help - I am not the kind of person than prefers
not to do things than having to ask for help … it can be seen in www.jorgefpires.com - the words I write on the front
page explain a little bit my feelings for nature and what I want to show with my images : “... particularly I like nature
photography, landscapes, what delights me in the capture of an image is to forever immortalize the moments ... the
only way I think a picture can make sense, is when the one who is watching feels himself in a certain location even
without ever having been there ...”
I’m a person that values so much our feelings; I don’t know how to explain it very well, but I think it has something to do
about my quick growth. My father died when I was twelve which made me a different person in that time - I grew up so
quickly and it brought me maturity faster than it was expected. But that’s past, and of that period I like to keep the good
memories. The good moments that we spent with the ones that have already left have to be keep in the best place of
our heart and mind, they are so personal that they don´t have place in any computer … even the best computer in the
world with the biggest hard disks cannot keep them…
There is another thing that makes me feel very good, I love to go into the swimming pool and have my swimming time,
I do it twice every week; it should be a thing that all people should do. I had some back problems because of my position
at work and now I’m beginning to feel very well.
Combining good meals with the practice of sports we can have a better quality of life. It is not necessary to be a strong
practice; the correct thing is a regular practice. One of my favorite food dishes is codfish, the fact of being born in
Venezuela make that a little bit strange but I came to Portugal when I was five years old and all my mother’s family
were fishermen, so that explains my choice when someone asks me about my favorite food. I come from Venezuela
when I was very young and I never went back, so now I feel that I’m a Portuguese man and along with the codfish I
never say no to a nice cup of white wine
Jorge Filipe Pires 44
Toda a nossa vida é feita de controvérsias, diferentes formas de estar, diferentes
formas de pensar e de agir, estes são alguns dos factores possíveis de desencadear
conflitualidade entre as pessoas.
Desde sempre a conflitualidade faz parte da vida do ser humano, e por muito que
tentemos evitá-la existem sempre situações que nos levam a elas. No caso dos
conflitos pessoais (os mais comuns entre os humanos), é frequente depararmo-nos
com eles nas mais variadas situações diárias, ou porque discordamos de determinada
opinião, ou porque achamos que determinada pessoa não teve a atitude mais
correcta, ou porque simplesmente estamos irritados e acabamos por responder mal a
alguém…
A maior parte das vezes a solução para os conflitos passa pelo diálogo. No entanto,
nem sempre o conseguimos: somos demasiado orgulhosos para admitir que errámos e
preferimos o silêncio como forma de resolução, o que não será de todo a melhor
solução, podemos pensar que “já passou, que está tudo bem…”, mas o nosso
subconsciente guarda sempre algo, que mais cedo ou mais tarde pode desencadear
um novo conflito.
Não sou de todo uma pessoa com tendências conflituosas, no entanto é impossível
que alguém nunca tenha passado por conflitos. Toda a minha vida fui uma pessoa com
ideias muito fixas, com pensamento próprio, com vontade de questionar o porquê das
coisas serem assim.
Quando comecei a trabalhar na VA, era ainda um jovem, mas, apesar de não ser
conflituoso, havia ali coisas que para mim eram incompreensíveis. Trabalhei em
conjunto com uma sala de desenho, onde trabalhavam cerca de quinze desenhadores
e dois fotógrafos, eu e a pessoa que trabalhava comigo, não entendia como aquelas
pessoas eram proibidas de falar umas com as outras, ou tinham receio de o fazer por
medo de represálias da pessoa que chefiava esse sector. O tempo foi passando e eu,
com a minha irreverência, nunca fiz caso disso, sempre fui falando com os meus
colegas. Comecei cedo a ser repreendido por tal e, a determinada altura, começam os
meus conflitos com a pessoa em questão.
Jorge Filipe Pires 45
Apesar de não ter vivido o 25 de Abril dava-me a sensação de que este não tinha
passado por ali. Eram as mentalidades retrógradas que se impunham e que faziam com
que fosse assim. Tentei das mais variadas formas mudar isso, o diálogo, a principal
forma de resolução não era bem sucedido. Foram quatro anos neste departamento,
perdi a conta às vezes que tentei fazer com que fosse diferente. Até que ao fim de
quatro anos fui afastado. Aqui não houve sequer hipótese de conseguir chegar a um
acordo, mas, no fundo, para a minha vida profissional isso foi o melhor que poderia ter
acontecido, foi através desta má relação que fui afastado da sala de desenho manual e
passei a fazer parte do gabinete de desenvolvimento digital. Por vezes quando as
pessoas têm uma forma de estar muito autoritária e pouco flexível é difícil chegar a um
entendimento, principalmente quando há uma ligação profissional directa entre elas.
Continuo a trabalhar com a pessoa em questão mas não de uma forma directa, e hoje
em dia já com uma relação perfeitamente normal entre nós.
Somos por natureza inconformados e isso é bom, porque nos faz querer sempre mais e
no mundo profissional isso acontece várias vezes. Por diversas vezes damos por nós a
pensar que podíamos ser mais bem remunerados, que deveríamos ter direito a
escolher as nossas férias, de receber as nossas horas extraordinárias…No que toca ao
salário já algumas vezes tive necessidade de o renegociar, e sempre o consegui com
base no diálogo, demonstrando e dando provas de que o meu trabalho é útil, de que
sou necessário na empresa e neste momento estou de novo nesse impasse de
negociação de salário. O problema neste momento – a situação económica de crise
que atravessamos – está a dificultar esse processo. Apesar das várias reuniões com o
responsável do departamento ainda não foi possível chegar a um acordo. Não por
culpa deste, mas face à conjuntura económica a empresa alega não ser possível neste
momento. No entanto, e recentemente, foi possível integrar o meu prémio de
trabalho nocturno no meu salário, o que é uma mais-valia para o caso de deixar de
trabalhar à noite. Mas o grande problema é que, para dar um passo importante na
vida, necessito de um pouco mais de estabilidade financeira; daí que a próxima etapa
passa mesmo por uma reunião com o director da empresa para tentar pelos meus
meios explicar essa necessidade de ajuste salarial.
Jorge Filipe Pires 46
Obviamente que não podemos apenas pensar na parte financeira, mas sim na grande
vantagem que é estar empregado, neste momento difícil que atravessamos. Nos dias
que correm, é cada vez mais complicado conseguir uma estabilidade profissional um
pouco por todo o mundo. Cada vez mais as empresas recorrem a uma política de
emprego pouco digna para os trabalhadores.
A condição dos mercados retraídos levou a um aumento do desemprego, o que
permite às empresas a rotação dos seus trabalhadores com frequência, evitando assim
contratos efectivos. Os trabalhadores têm contratos pequenos, normalmente de três a
seis meses, o que dificulta em muito a situação familiar pela instabilidade profissional.
No entanto, na altura em que entrei para o mercado de trabalho, esta era uma
situação que ainda não se verificava: ao fim de três anos passei a contrato efectivo na
empresa onde trabalho há doze anos. Durante este tempo felizmente sempre foi
possível usufruir de grande parte dos meus direitos enquanto trabalhador, coisa que
em muitas empresas não é possível ou tende a desvanecer. São vários os direitos dos
trabalhadores. Por exemplo, um desses direitos é o direito à formação, no meu caso,
desde cedo sempre tive formação assegurada pela empresa. Mas não penso apenas
nos direitos do trabalhador, há também os deveres e, neste sentido, tento sempre ser
exemplar, cumprir meus deveres como trabalhador. Em alguns casos direitos e deveres
estão directamente ligados, por exemplo no caso da assiduidade. Se quisermos ter
direito aos três dias de férias extra a somar aos vinte e dois que a lei determina como
legais, basta-nos cumprir com o nosso dever de assiduidade. É importante frisar que
durante estes doze anos, a VAA apesar de todas as dificuldades económicas que tem
vindo a passar, sempre conseguiu fazer com que os seus funcionários recebessem
atempadamente os seus salários mensais bem como os subsídios de férias e Natal.
Durante este tempo houve enormes modificações internas, sendo que a maior foi a
inclusão da Interdecal no grupo Vista Alegre Atlantis. Quando a empresa se designava
de Interdecal, e apesar de fazer a maior parte do trabalho para a VA, não havia um
contrato de exclusividade com esta, o que permitia também a realização de trabalhos
para outras empresas. Após a inclusão, ficámos exclusivamente vinculados à VA e,
Jorge Filipe Pires 47
apesar de algumas quebras na nossa produção, isto iria permitir-nos ser mais precisos
no que toca aos cumprimentos de prazos.
Este processo, algo moroso e complexo, teve uma nítida melhoria com a integração da
empresa no grupo, pois, tal como referi atrás, permitia uma maior concentração
apenas no trabalho da VA. No entanto e a meu ver, a grande melhoria veio através da
criação de novas instalações. Passámos de um gabinete, onde por vezes chovia no
interior, para umas instalações novas. Estas situam-se no interior da própria VA o que
também permite uma maior proximidade com a produção, facilitando pequenas e
rápidas correcções.
É um processo que nunca se pode dar por concluído, quer pela evolução das
tecnologias, quer pelas necessidades que nos vão surgindo, mas se para nós já está em
avançada evolução para outros está apenas no início.
Há cerca de dois anos, recebemos durante um mês, dois funcionários de uma empresa
Brasileira que fabricava os decalques para a extinta Vista Alegre Brasil. O objectivo era
a troca de informação de modo a que estes tivessem contacto com o nosso sistema e
conseguissem ganhar algum conhecimento, uma vez que os sistemas que eles
utilizavam já se encontravam ultrapassados. Esta interacção de diferentes formas e
maneiras de trabalhar é importante para entendermos onde nos situamos ao nível
tecnológico, que inovações existem e que outros sistemas são utilizados.
Neste caso em particular, foi muito mais a informação que fornecemos do que a que
recebemos, mas a parte pessoal está também em causa, e obviamente aqui se criam
sempre alguns laços de amizade. Confesso que quando conheço alguém de outro País
ou de uma diferente cultura, tenho imensa vontade de lhe dar a conhecer os nossos
costumes, tradições e locais turísticos, nomeadamente a ria, a praia da Costa Nova, o
farol da Barra. Para que conheçam também um pouco da nossa rica gastronomia, faço
sempre questão de terminar com um jantar convívio, onde os pratos de peixe típicos
da região não podem faltar.
Os anos 90 foram fulcrais no crescimento da indústria gráfica e a empresa onde
trabalho actualmente e que faz parte do grupo VAA (Vista Alegre Atlantis) era
Jorge Filipe Pires 48
considerada uma empresa do sector gráfico. Foi nos anos 1998 e 1999 que ganhou o
prémio de melhor PME (Pequenas e Médias Empresas). Esta meta foi alcançada com
uma vasta inovação tecnológica na área de desenho gráfico e fotografia de artes
gráficas.
Há apenas dez anos atrás, 70% dos decalques consumidos na Vista Alegre eram fruto
de um rigoroso e artístico processo de desenho manual e separação de cores. No
entanto, com o crescimento dos mercados e a necessidade de respostas cada vez mais
rápidas, este era um processo que começava a não conseguir acompanhar a evolução.
A solução passou pelo investimento em softwares dedicados ao desenho decorativo:
“mosaic” e “arabesque”. Estes são os únicos softwares informáticos no mundo para a
área de desenho gráfico dedicado ao mercado cerâmico e separação de cores.
O investimento foi só e apenas a parte mais simples, logo após veio a formação
específica. No meu caso tive formação na empresa durante quinze dias com os
técnicos que venderam o Software. Infelizmente não tive a sorte dos meus colegas que
fizeram a formação na Bélgica na sede da empresa Esko Graphics. Mas o mais
importante era mesmo a aptidão, e essa estava conseguida; por isso a partir de aqui
era colocar mãos à obra…
Estas mudanças não são fáceis. Havia um emaranhado de decorações que eram
desenhadas em sistema manual e que com a entrada dos sistemas informáticos
tinham de ser contratipadas (é muito mais complicado contratipar uma decoração do
que desenhá-la de início em computador). Foram necessárias muitas horas de trabalho
(muitas vezes prestação de trabalho suplementar, situação que consta como legal em
situações de adaptabilidade, segundo o Código dos Direitos do Trabalho, desde que
por semana haja pelo menos um dia de descanso). Isto aconteceu até termos tudo o
que era manual pronto a desenhar em computador, mas só assim se conseguiu
ultrapassar a barreira do tempo, os limites e prazos de entrega cada vez mais curtos.
Hoje em dia é precisamente o inverso: 85% do fluxo de trabalho passa pelo nosso
departamento, a antiga sala de desenho ficou reduzida a duas pessoas, em apenas oito
anos passou de dez desenhadores para dois, e o sector de fotografia de artes gráficas
Jorge Filipe Pires 49
desapareceu. O pouco desenho manual que se faz é depois passado para computador
a partir de digitalizações em alta resolução e é depois finalizado já em sistema digital.
Mas tudo isto tem um preço. Uma vez que cada licença de software para cada
computador tem um custo de 30000€, a empresa desde cedo decidiu que iria haver
apenas dois computadores com os softwares instalados, e tentar rentabilizar ao
máximo os mesmos. Assim ficou decidido que iríamos trabalhar os quatro em dois
turnos, manhã e tarde. Deste modo, com trabalho de equipa, conseguimos dar melhor
resposta às necessidades de produção que nos surgem. Normalmente o trabalho é
passado de uns para outros, consoante as mudanças de turno, o que nem sempre é
fácil porque todos temos diferentes maneiras de trabalhar. Para que isto funcione é
necessário haver comunicação interna, daí que nós fazemos uma hora de sobreposição
do turno da manhã para o da tarde, de modo a que tudo fique bem esclarecido para
quem vai continuar com um determinado trabalho. Tentando explicar o meu trabalho
de uma forma simples:
A base de todo o nosso processo é em primeiro lugar a orçamentação de todos os
trabalhos pelo departamento comercial. O custo de uma determinada peça decorada é
calculado pelo preço da peça em branco, ao qual é somado o valor da decoração
(decalque), através do nº de cores e respectiva área de desenho, (para que se
compreenda melhor, imaginemos um desenho com uma área de 10cm x 10cm;
quando este estiver em produção, um layout de impressão leva muitos mais motivos
do que se o desenho tiver 20cm x 20cm, logo menos folhas a imprimir, menor custo; o
mesmo se passa com o nº de cores: quantas mais cores mais caro fica o decalque, uma
vez que cada cor é uma impressão).
Passado bastante longínquo na Vista Alegre A actualidade
Jorge Filipe Pires 50
Depois de aprovado o orçamento, passamos então às provas de cor. É feito apenas um
ensaio de uma peça que permite ao cliente a sua aprovação e referenciar possíveis
correcções. Após este último passo são colocadas as encomendas de decalques através
do sistema de gestão de stocks da empresa e é realizada a fotomontagem dos layouts
para produção, tendo em conta o melhor aproveitamento possível em função das
quantidades pedidas e com vista a um menor número de folhas a imprimir.
O processo de desenho decorativo tem início com a recepção de maquetas de
designers. Estas podem chegar-nos por via digital, em papel (pintura), ou mesmo
cerâmica (pintura). Posto isto, segue-se a parte do estudo de adaptação das mesmas a
todas as peças pretendidas. Quando as maquetas chegam por via digital, este processo
simplifica-se poupando-nos a necessidade de fazer “scan” aos originais, mas isto nem
sempre é bom uma vez que com o nosso “scanner” conseguimos digitalização em alta
resolução e com enorme detalhe coisa que não acontece na maior parte dos
“scanners” que recebemos por “mail”. Com o nosso “scanner” conseguimos
digitalizações superiores a 5000dpi, ainda que a nossa plotter de impressão apenas
imprima a 2540dpi. É necessário que todos os pormenores estejam bem definidos para
uma perfeita separação de cores, só assim as nossas reproduções conseguem ser o
mais fiel possível aos originais. Outra das grandes vantagens deste “scanner” é a
capacidade de digitalizar peças a 3D. No caso de um prato com uma imagem no fundo
ele consegue uma focagem com profundidade de 10cm.
Toda esta parte do meu trabalho foi conseguida com muita aplicação profissional, não
só prática mas também muito teórica, por vezes é necessário saber como funcionam
os softwares e para isso é importantíssima a leitura dos manuais dos mesmos, bem
como técnicas em manuais da especialidade e até na internet para obter determinados
resultados finais. Ainda assim existem pequenos “truques” que são normais no
trabalho de cada pessoa, quase que como os pequenos segredos dos grandes chefs de
cozinha que nunca são revelados.
Todo o processo está estudado de modo a que a maior parte das vezes o resultado
final seja positivo, mas tal nem sempre acontece pelas mais variadas condicionantes,
tais como variações de temperatura, erros no tamanho das peças finais aumento ou
Jorge Filipe Pires 51
diminuição, o que faz com que os moldes que estudámos para uma determinada peça
acabem por não bater certo, ainda que anteriormente tenham sido testados. É aqui
que começam alguns dos nossos problemas técnicos. Por exemplo, imaginemos um
prato com um diâmetro de 200mm. Se o decalque for uma banda a cheio colorida e
com 40mm de largura e ainda com uma tinta com pouca elasticidade, o decalque deve
ter 190mm para que seja exequível, de modo a que não tenham de cortar a banda de
decalque para conseguir esticar e estampar. Temos sempre de calcular os diâmetros
das peças (pratos) para conseguir o melhor “fitting”. No caso de peças em que o molde
é curvo mas não são circunferências, trabalhamos algumas vezes com o perímetro das
mesmas. O perímetro é também o que nos é pedido quando tratamos de alterações de
decalques cortados. Imaginemos um decalque circular de 200mm em que depois de
cortado e antes de esticar o decalque faltam 10mm para a sua aplicação. Aí é-nos
pedido que seja realizada uma correcção com aumento de 10mm no perímetro. Logo o
cálculo realizado é em primeiro lugar saber o perímetro dos 200mm:
A fórmula é : 2 x πx R ou seja 2 x 3,14 x 100 = 628 este é o nosso perímetro,
acrescentando os 10mm : 628+10=638, agora segue-se o inverso, voltar a ter o
diâmetro D = C /π sendo que D – diâmetro, C – perímetro, π≈3,14, então temos
638/3,14=203. Veja-se que o diâmetro sofreu apenas um aumento de 3mm para o
pedido de 10mm no perímetro.
Existem também questões técnicas com densidades e percentagens de ponto nos
trabalhos com as quais temos de lidar com algum cuidado. Dito desta forma é algo que
não é muito perceptível, mas é algo relativamente simples de entender. Quando
tratamos uma imagem para separação de cores, temos de ter em conta que, se
queremos uma zona da imagem mais escura, ela terá de ter mais densidade e
percentagem de ponto do que uma zona clara. Isto permite fazer com que uma
imagem possa ter tonalidades de cor diferentes ao longo dela, ainda que a cor seja
sempre a mesma. Para isso temos de analisar a imagem e calcular através de um
densitómetro a melhor escala de ponto, para que em futuros trabalhos se possa fazer
este controlo e não haja variações tonais em futuras produções da mesma decoração.
Jorge Filipe Pires 52
Vejamos os seguintes exemplos: são Imagens de um desenho para um prato e a
separação de uma cor (magenta) com percentagens de ponto variáveis e diferenças
tonais para a mesma cor. Quanto menos percentagem de ponto mais clara fica a cor.
Jorge Filipe Pires 53
Mas o trabalho segue um pouco mais além dos computadores, apesar de a minha
actividade não ser considerada uma actividade de risco existem sempre alguns. Um
deles prende-se com o manuseamento de químicos de uma máquina de revelação de
fotolitos. Esta é uma reveladora com um funcionamento similar às máquinas de
revelar raio-X dos hospitais. Nestas máquinas o processo de revelação é o normal: a
película fotográfica sai da câmara escura e entra em revelação, passando por três
tanques, revelador, fixador e água. O último processo é a secagem.
Obviamente que estes químicos se gastam e, quando temos de encher os tanques, há
que ter alguns cuidados: evitar o contacto directo dos líquidos com a pele (uso de
luvas), evitar obviamente o contacto com os olhos (uso de óculos de protecção). Acho
que no local onde se encontra a reveladora seria de extrema importância que
houvesse sinalética referente a estes químicos e à sua devida utilização. No entanto, e
vai-se lá saber porquê, ela não existe… Como será de prever, estes resíduos líquidos
libertados pela revelação não são canalizados para a rede de esgotos. Existe um
tanque de 1000l que vai depositando os líquidos libertados. Quando este enche, é
activado um sinal sonoro e o liquido é transferido para recipientes próprios que são
transportados posteriormente por uma empresa para que sejam devidamente
tratados. No passado havia separação do revelador e do fixador em dois tanques, pois
a película continha bastante prata que era libertada em contacto com o revelador.
Assim toda a prata que saía juntamente com o liquido era depois filtrada por uma
máquina especial e comercializada pela empresa. O elevado custo destes filmes fez
com que as empresas arranjassem outras soluções e este deixou de ser fabricado.
Aliás, neste momento e também com o avanço da tecnologia digital, este sistema está
também a desaparecer. Já existe uma máquina capaz de passar directamente o
trabalho do computador para a secção de impressão, conseguindo resultados muito
mais próximos do original e muito mais constantes de produção para produção. O
problema é que um investimento de 200.000€ está praticamente fora de questão.
Voltando ao gabinete, nesta área há algo também de muito importante: os monitores,
trabalhamos com monitores HD, Lacie e NEC. Foram as melhores escolhas dentro da
relação preço/qualidade. Estes monitores necessitam de estar devidamente calibrados
no que toca à cor, brilho e contraste. Para esta calibração é necessária a correcta
Jorge Filipe Pires 54
identificação das fontes de luz da sala e um
determinado tempo em que o monitor esteja
ligado. Só depois se processa a calibração. Assim
a imagem que vemos está o mais próxima
possível do trabalho final depois de impresso.
Os nossos computadores foram também escolhidos de acordo com as especificidades
dos softwares, e eles são tão específicos e tão dedicados que a empresa fabricante
optou pela encriptação dos mesmos através de um “usb dongle”. Este “dongle”, tal
como o nome indica, é uma chave que possui um circuito electrónico com uma
determinada licença, evitando assim a utilização ilegal do programa. Esta licença que é
introduzida no programa é criada num código encriptado de “HASP” e única para cada
PC.
Como é óbvio, e com um investimento desta dimensão, toda a sala está protegida com
sistema contra incêndios, tanto auto detecção de fogo como sistemas de extintores
devidamente sinalizados, como obrigam as regras HST (higiene e segurança no
trabalho). Dentro do nosso sector todos recebemos formação de combate a incêndios.
Isto foi muito importante, porque, no caso de um eventual acidente, estaremos mais
preparados para o enfrentar, seguindo todas as regras e técnicas que nos foram
ensinadas. Em caso de incêndio existe toda uma série de procedimentos que devem
ser seguidos, desde a saída ordeira e pelas respectivas portas de emergência à
deslocação para os pontos de concentração destinados para o efeito no plano de
segurança da VAA.
Falando deste modo para quem lê, dá a sensação de que a VA se confina a um
gabinete onde trabalham apenas quatro pessoas, mas só quem está cá dentro tem a
noção da envergadura da empresa e compreende um pouco toda a logística necessária
para que tudo funcione sem falhas ou com o mínimo possível. Aqui entra informática
À direita imagem ilustrativa da calibração de
um monitor
Jorge Filipe Pires 55
noutra área, como softwares de gestão de stocks, softwares e sistemas de controlo de
qualidade, softwares de controlo de recursos humanos, etc.
Todos recebemos a cada final do mês o nosso recibo de vencimento, nele constam os
nossos ordenados, prémios, faltas, e obviamente os respectivos descontos (de referir
que o recibo é também um dos direitos do trabalhador). Todo este processo é
informatizado desde que um funcionário pica o cartão à hora de entrada até à hora de
saída. No final de cada mês o sistema lança automaticamente os respectivos recibos.
Seria quase impensável hoje em dia fazer esta gestão sem apoio informático.
A programação é a base de toda a informática, ela está presente em todas as
aplicações informáticas, desde sistemas operativos a programas dedicados, e mesmo
aos websites. Com certeza que todos os dias visitamos websites, mas afinal o que está
por trás da página bonita que visitamos?
Existe um emaranhado de programação por trás de cada página Web que abrimos,
desde código htlm, a código css, java script, etc… Exemplo disso é abrir uma página
Web, como www.sapo.pt; agora clicar com o botão do lado direito do rato e de
seguida escolher “ver código de fonte”. Toda esta quantidade de texto não é mais que
o “html” da página, e isto é apenas um pequeno exemplo. Mas é este código base
escrito por programadores que depois dá forma ao webdesign, às cores de um site, ao
tipo de letras, aos botões, janelas, à disposição das imagens, às distâncias entre os
elementos. É esta linguagem escrita e toda a base de texto de um site que permitem
aos motores de busca encontrar determinadas palavras que constam de um
determinado site, mesmo que elas não tenham sido adicionadas no mesmo como
“keywords”.
Também esta era digital permitiu um crescimento dos “media” num curto espaço de
tempo. A internet é com certeza hoje em dia o veículo de comunicação mais rápido do
mundo, consegue-se difundir informação, a uma velocidade incrível. A título de
exemplo, refiro recentemente a queda de um artista num directo de TV. Após dois
minutos era lançado o vídeo no YouTube. Obviamente que no dia seguinte abriu capas
de jornais, mas já tinha dado a volta ao mundo dez minutos antes. Veja-se a diferença.
Jorge Filipe Pires 56
Nos dias que correm todos os jornais nacionais impressos optaram também pela
informação via Web. É uma maneira de estarem actualizados ao minuto e também
uma forma de levar as pessoas muitas vezes a comprar o jornal quando lêem um
pequeno excerto de uma notícia, que apenas está completa na versão em papel.
No entanto, sinto que esta informação ao minuto nem sempre é feita com o melhor
rigor. Todos querem difundir em primeira mão as notícias, o que leva
sistematicamente a erros noticiosos que por vezes são graves. Existem também com
frequência em notícias que leio na internet erros ortográficos, não sei se devido a uma
nova geração de jornalistas mais despreocupados, se devido a falta de correcções
ortográficas pessoais, como acontece nas versões impressas, em que antes da
impressão o jornal é revisto mais do que uma vez por diferentes pessoas.
Também a televisão sofreu enormes alterações durante este processo de evolução.
Veja-se a diferença que havia há alguns anos atrás, por exemplo na emissão de uma
transferência em “directo”, que envolvia um enorme staff técnico, montagens de
antenas em locais estratégicos etc… Hoje em dia, três pessoas são suficientes para o
fazer: basta um operador de câmara, um jornalista e um editor de imagem e temos as
notícias a chegar à nossa “caixa mágica”. Não sei se este termo se aplicará às
televisões durante muito mais tempo, uma vez que estas já praticamente não possuem
a caixa que lhe dava tal designação, e, a magia, essa também se foi esvanecendo no
tempo…O próximo passo da evolução da televisão em Portugal será a chegada da TDT
(televisão digital terrestre). A TV analógica será desligada a partir de Janeiro de 2012.
A evolução constante da tecnologia é um processo de transformação a cada instante.
Ainda que a nossa percepção disso apenas aconteça sempre que chega um novo
produto aos mercados, há empresas a trabalhar 24h por dia para que tal aconteça.
Mas, se uns trabalham para nos trazer novas tecnologias, outros há que trabalham
para dar um destino às coisas que deitamos para o lixo, isto quer se tratem de
equipamentos electrónicos, quer o próprio lixo que produzimos. A palavra-chave é
reciclar e, ainda que nem todos os produtos possam ser reciclados, a verdade é que
com grande parte deles tal já é possível, e, mais que isso, podemos dar-lhes um
destino ou uma aplicação totalmente diferente da que tinham anteriormente.
Jorge Filipe Pires 57
Também a nível profissional há que ter uma consciência da importância da reciclagem,
a começar no papel, passando pelos tinteiros, pela verificação se é mesmo necessário
imprimir este ou aquele email, reutilização de papel, até ao ponto de se saber para
onde vão os materiais informáticos quando acabam o seu tempo de vida. Tal como
acontece com os líquidos que produzimos e que são devidamente tratados por
empresas especializadas, o mesmo sucede com o chamado lixo informático. É muito
importante que cada um de nós tenha essa consciência e, no caso de quem trabalha
com documentos em papel ainda mais. Todos nós temos a consciência do problema
decorrente do abate da floresta para o fabrico de papel, bem como da quantidade de
poluição libertada pelas fábricas de celulose.
Um dos trabalhos mais significativos que vi feito com materiais aos quais o último
destino conhecido tinha sido as lixeiras, foi o trabalho de João Ricardo de Barros
Oliveira, que se define como músico-escultor-sonoro e como o próprio diz as lixeiras
são a sua biblioteca. A partir de objectos considerados imprestáveis constrói esculturas
sonoras com as quais actua em palco e percorre várias cidades e escolas em
performances e workshops. E assim, com actividades e campanhas deste tipo em
relação à política da reciclagem, esta começa a dar frutos.
Esta produção desmedida de lixo muito tem a ver com o crescimento da sociedade,
“do usar e deitar fora…”. Se recuarmos no tempo vinte anos, não tínhamos metade do
Esculturas sonoras de João Barros de Oliveira
Jorge Filipe Pires 58
lixo que temos nos dias que correm, e muitos dos materiais que hoje começam a ser
apelados de reutilizáveis já o eram na altura. Exemplo disso é o apelo à reutilização de
sacos de plástico. Antigamente usavam-se muito menos sacos de plástico, já que as
pessoas, quando iam ao mercado todas levavam o seu próprio saco ou o seu cesto de
vime. Hoje começa de novo a ser uma prática comum.
Mas há muitos locais do nosso Portugal onde estas campanhas não chegam. O
Portugal profundo está cada vez mais desertificado, só que a natureza e as vivências
que são ainda as do passado, fazem com que nesses mesmos locais haja menos lixo,
onde tudo esteja num estado mais puro. Tenho uma paixão por estes locais. Visito
regularmente várias aldeias perdidas entre montes e vales, em especial na Serra da
Arada, Concelho de São Pedro do Sul. Adoro chegar a estes locais onde a estrada acaba
e começa uma nova realidade, um regresso ao passado, onde impera o cheiro da
natureza, das árvores, dos animais…
Tenho um carinho especial pela aldeia de Covas do Monte e pelas suas gentes. Aqui a
maior parte das pessoas vive da agricultura “biológica”. Esta é uma agricultura muito
em voga, e com a qual obtemos produtos o mais naturais possíveis, sem adição de
pesticidas, fertilizantes ou químicos. Também a moda das cozinha gourmet faz muita
referência a estes produtos, uma vez que a sua qualidade é de facto superior.
A outra grande actividade da aldeia é o comércio de animais, em especial cabras. A
aldeia tem um rebanho total de cerca de 2500 cabras que a cada dia é levado ao pasto
por um habitante diferente da aldeia. Entre estas pessoas impera a simplicidade. Aqui
nunca fui mal recebido, como dizia Zeca Afonso, “seja bem-vindo quem vier por bem”,
e lá ficamos entre algumas conversas no centro da aldeia, em que a mistura de
sotaques é bem presente. Entre conversas e intimidades vou registando alguns
retratos destas gentes que faço questão de levar e entregar aos próprios quando lá
volto.
Mas até quando tudo isto vai ser possível? É que os habitantes desta aldeia já são
todos de uma faixa etária bastante elevada, os mais novos há muito se foram para as
cidades na busca de uma vida melhor, como me referia em tempos uma habitante,
“deus quando fez o mundo esqueceu-se da gente” e mais à frente na conversa, “isto é
Jorge Filipe Pires 59
lindo para vós, que cá vindes de vez em quando” e a verdade é mesmo esta… Há que
urgentemente fazer algo por estas pessoas, valorizar o seu património, valorizar os
recantos perdidos deste Portugal, e não vivermos de obras megalómanas de fachada,
de investimentos nas grandes cidades. É aqui que entram as autarquias, só elas
poderão ter especial atenção por estas pessoas, é que, se Deus os esqueceu, não
deveremos deixar que outros se esqueçam, e não devemos nós também esquecermos.
As seguintes imagens não necessitam de palavras…
Jorge Filipe Pires 60
Onde se acabam as vaidades e os materialismos, onde há pessoas que habitam num local por onde o tempo não
passou, gentes de algumas aldeias perdidas, fotografadas por mim aquando de uma das minhas visitas a estes
locais. Todos esperam por melhores condições de vida, mas que elas cheguem até eles, pois quem ali viveu uma
vida inteira não vai agora partir em busca delas…Esperemos que cheguem rapidamente evitando a desertificação,
evitando que os mais novos continuem a partir…
Jorge Filipe Pires 61
Um pouco ao encontro deste meu sentimento em relação às aldeias, transcrevo um
poema de Alberto Caeiro em o Guardador de Rebanhos:
Da minha aldeia vejo quanto da terra se pode ver no Universo...
Por isso a minha aldeia é tão grande como outra terra qualquer
Porque eu sou do tamanho do que vejo
E não, do tamanho da minha altura...
Nas cidades a vida é mais pequena
Que aqui na minha casa no cimo deste outeiro.
Na cidade as grandes casas fecham a vista à chave,
Escondem o horizonte, empurram o nosso olhar para longe de todo o céu,
Tornam-nos pequenos porque nos tiram o que os nossos olhos nos podem dar,
E tornam-nos pobres porque a nossa única riqueza é ver.
Jorge Filipe Pires 62
The English language in my day-to-day life, in my job
Ever since my time at school the English language has been one of my favourite subjects. Some years have passed since
that time and now I feel that it is an important connection in my job. This begins in the communication with my boss, he
is from England and it’s strange, he has been in Portugal for fifteen years and he is not able to speak Portuguese
correctly yet, and for us it’s sometimes easier to explain technical details in his language; we know like that he will
understand it better. So I think we are the ones to blame for his can’t incapability to speak Portuguese.
I work in decorative graphic design. When I was taking the first steps in my job, I attended some training courses related
to this software. For three weeks I had lessons with a Belgium girl from the company that sells us the software (my
friends had better luck, they had their training sessions in Belgium, mine was in Portugal). Another issue is that we have
in our service technical support from the manufactures of the software, they are a Belgium company and so when we
need assistance we call them up and have to talk in English but their English is not so good, they have a strange accent
in their speech.
There is a big bridge between my work and English language, normally all specific software’s are in English and so it’s
easier to work when we know what the menus mean and even when you use translated software it is not the same
because they have technical terms. Also when I have to read any user manual, like of our monitor or our high resolution
scanner, it is nice to look it up in Portuguese but I always have a look at the English version. That happens a lot in my
user manuals and menus of the photographic camera, when I put the menu of the camera in Portuguese there are
technical terms that don’t make any sense.
There is a part of my job that is not in the computer, it’s the step that we have to develop all the work that we draw in
computer, the easy way to explain is: all the drawings that we made in the computer are printed in a special plotter that
works with photographic film. When the film is already exposed we put it in a developer machine, like the ones used in
medicine for RX, but in our case for graphic arts. This machine works with to chemical products, developer and fixer and
to handle these products we have to use gloves, because they are not good for our skin, also we have to be careful with
our eyes and mouth when handling these chemicals.
The company where I work, Vista Alegre, is a certified company so we have regular inspections to get that certif ication,
all the processes have rules and they have to be taken by the employers very, very serious, to avoid job accidents.
It begins in the safety signs which are on all the doors, the machines…etc. even the floor is marked with yellow lines that
define the places where people should walk and the places where the cars that make the porcelain transportation ride.
This company is the biggest porcelain company in Portugal, and one of the biggest and well -known in the world. As all
the rest of the world, we are living a big financial crises but the respect that this trademark has, among consumers,
makes me have with good expectations towards the future - I hope because I love my job! The company’s location is in
my point of view a good location for our business, we are in the center of our country, like that we can quickly make our
products get to their destination in a small period of time; also Portugal is in a good location to export to all over the
world.
Jorge Filipe Pires 64
Afinal onde começa aquilo que pensamos saber, e aquilo que de facto sabemos? Será
que a nossa opinião formada está sempre correcta? Será que aquilo que nos
transmitem é sempre a resposta ao que procuramos? Como estão organizadas as
instituições?
Quantos de nós já foram confrontados com situações das quais não tínhamos
conhecimento para responder ou agir e tivemos de pedir auxílio a alguém que
estivesse por dentro de um determinado assunto, ou mesmo pesquisar de modo a
encontrar repostas para o mesmo…
Penso que isto é uma situação que já terá acontecido à generalidade das pessoas. Uma
das minhas experiências neste sentido foi a avaria de um equipamento muito
importante para mim, a minha câmara fotográfica digital. Há cerca de dois anos tive
uma avaria na câmara. Entre voltas e mais voltas consegui encontrar a factura de
compra, que hoje em dia serve como garantia contra defeitos de fabrico durante dois
anos. Tive sorte faltavam apenas dois meses para o final do tempo de garantia.
Dirigi-me ao estabelecimento onde tinha comprado o equipamento e apresentei a
minha situação. A minha máquina tinha deixado de funcionar, simplesmente não
ligava, não havia sinais de vida… Entre alguns testes por parte dos funcionários,
chegaram à mesma conclusão que eu já tinha chegado há muito. A câmara tinha
mesmo morrido. Foi-me então dito que iria ser enviada para a marca para reparação e
que ao fim de trinta dias, se não houvesse resposta por parte da marca, teria de ser
reembolsado.
Saí extremamente satisfeito com o atendimento e com a maneira como todo o
processo foi tratados. Esperei então cerca de duas semanas e ainda sem reposta
alguma tentei ligar para o estabelecimento para obter alguma resposta. A resposta foi:
“Tem de aguardar trinta dias”. Desta vez já não gostei da forma como fui tratado por
telefone. Então, não satisfeito, procuro outra resposta, pois a vontade de fotografar
era imensa. Entre pesquisas e leituras em fóruns da especialidade na internet,
descubro que a assistência da CANON em Portugal era feita por duas pessoas, uma no
Porto e outra em Lisboa. Descubro ainda que o estabelecimento onde comprei a
câmara trabalhava com a assistência de Lisboa, e que estes não eram muito rápidos a
Jorge Filipe Pires 65
resolver os problemas. Numa tentativa de acelerar o processo, tento ligar para a loja.
Estive praticamente um dia inteiro a tentar ligar, nunca ninguém me atendeu. Enviei
vários emails, aos quais nunca obtive resposta. Começava a ficar impaciente. No
entanto e ao mesmo tempo, havia algo que me deixava mais calmo: o tempo passava e
a possibilidade de vir a ter uma nova máquina aumentava.
Então pensei: Será que a garantia tratava as questões em trinta dias ou seriam trinta
dias úteis como me tinham informado na entrega da câmara para reparação? É que se
fossem trinta dias úteis o tempo de espera aumentava. Decidi telefonar para a DECO e
expor o meu problema, mas obtive como resposta que a DECO, como instituição
privada, apoia apenas os seus associados, surgindo, logo ali, a campanha para que me
fizesse sócio, coisa que na altura não me interessava. Entretanto consultei o Portal do
Consumidor, pertença do Ministério da Economia da Inovação e do Desenvolvimento.
Foi-me dito que tinha sido recentemente alterada a lei em relação ao tempo de espera
de reparação de equipamentos, com o seguinte Decreto-Lei:
Decreto-Lei n.º 84/2008, de 21 de Maio - primeira alteração ao Decreto-Lei n.º
67/2003, de 8 de Abril, que transpôs para a ordem jurídica nacional a Directiva n.º 1999/44/CE, do Parlamento Europeu e do Conselho, de 25 de Maio, sobre certos
aspectos da venda de bens de consumo e das garantias a ela relativas - aprova novas medidas para reforçar as garantias dos consumidores relativamente aos bens de
consumo.
No que diz respeito às garantias dos bens de consumo, o diploma agora aprovado "estabelece um prazo máximo de 30 dias para a reparação dos bens móveis" e define
para os bens imóveis "um prazo razoável" (cfr. artigo 4.º, n.º 2). No regime anterior apenas se definia um "prazo razoável" para as operações de reparação e substituição
de ambos os bens.
Contrariamente ao que se tem verificado, o prazo de garantia será reiniciado caso exista a substituição do bem (cfr. artigo 5.º, n.º 6). O prazo é de 2 anos para um bem
móvel e um bem imóvel tem uma garantia de 5 anos.
E, cá está, a minha dúvida estava assim esclarecida: pelo que diz o Decreto-Lei seriam
trinta dias e não trinta dias úteis. Posto isto restava-me esperar. Na altura em que
faltava apenas uma semana confesso que quase rezava para que não fosse reparada,
afinal tinha a oportunidade de uma nova câmara e ainda por cima com mais dois anos
de garantia.
Jorge Filipe Pires 66
Eis que o dia chegou, dirijo-me ao balcão de assistência do estabelecimento e faço o
ponto de situação. Tal como eu previa a resposta foi: “Terá de esperar trinta dias
úteis”. Como já ia prevenido para tal levava impresso o Decreto-Lei e tento explicar ao
funcionário que de facto era assim no passado mas que a lei tinha sido alterada, pelo
que o meu processo estava já abrangido pelo novo Decreto. Entre alguma polémica ali
instaurada, o funcionário tenta também ligar para a assistência técnica, e tal como eu
esteve durante trinta minutos a tentar e não obteve resposta. Foi-me então dito que
teria de passar no dia seguinte. Não concordei com tal e então pedi para que fosse
chamada a gerência do estabelecimento. Expus novamente o meu problema,
começava a ficar saturado de contar a mesma coisa a várias pessoas diferentes e de
obter sempre a mesma resposta: “Terá de esperar trinta dias úteis”. Volto a explicar a
alteração do Decreto-Lei, o qual é lido pela gerência e do qual obtenho a resposta que
finalmente queria ouvir: “Pode trocar a máquina ao senhor”. Após um breve suspiro
interior, entro em nova fase de negociação com o funcionário.
É que logo por azar (sorte a minha) a CANON já não fabricava o modelo da minha
câmara, e não havia nenhum na loja. Foi-me então questionado se pretendia receber o
valor da compra (1300€) ou um vale de compra para a loja. Obviamente que eu queria
o vale para compra de um novo equipamento. Satisfeitíssimo voltei da loja ao fim de
trinta dias com um novo equipamento.
Com isto concluo que não devemos sempre acreditar naquilo que nos transmitem as
pessoas que estão atrás dos balcões das mais diversas lojas. Por vezes não estão ou
foram também mal informadas sobre determinados assuntos, daí que devemos
sempre tentar encontrar respostas para aquilo que achamos que pode não ser bem
desta ou daquela forma…
No caso de acharmos que estamos a ser mal atendidos
deveremos sempre pedir o livro de reclamações e fazê-
lo por escrito, assim a autoridade que fiscaliza estas
actividades ASAE, poderá analisar tal situação
Jorge Filipe Pires 67
A solução, para mim, passa pela formação e informação das pessoas que estão atrás
dos balcões de atendimento, só assim poderá haver um melhor atendimento ao
cliente. No entanto, no meu caso consegui apenas com o diálogo resolver este
problema. Mas existem muitas outras pessoas que apenas conseguem resolver os seus
problemas com recurso a vias judiciais.
A título de exemplo escrevo um pequeno documento que pode ser utilizado para uma
reclamação por escrito:
Ílhavo, 28 de Maio 2010 Assunto: Reclamação Máquina Fotográfica / factura de compra com o nº 840/2010
Exmo. Sr.
Venho por este meio apresentar uma reclamação que envolve a vossa empresa, cujos motivos passo a descrever.
Após a entrega de uma câmara fotográfica, ainda em garantia, para reparação no vosso serviço de pós-venda, foi-me informado que haveria um prazo de trinta dias para reparação do equipamento, prazo este que a não ser cumprido seria tratado por V. Exª com o reembolso ou entrega de outro equipamento igual ou superior.
O meu equipamento encontra-se ao abrigo do Decreto-Lei n.º 84/2008, de 21 de Maio que passo a citar:
No que diz respeito às garantias dos bens de consumo, o diploma agora aprovado
"estabelece um prazo máximo de 30 dias para a reparação dos bens móveis" e define para os bens imóveis "um prazo razoável" (cfr. artigo 4.º, n.º 2). No regime anterior
apenas se definia um "prazo razoável" para as operações de reparação e substituição de ambos os bens.
Tendo em conta este novo Decreto-Lei e uma vez que os trinta dias após a entrega
para reparação já passaram, solicito a vossa maior atenção e aguardo uma reposta no prazo máximo de cinco dias. Após este tempo recorrerei por via judicial à resolução do
mesmo.
Sem mais de momento, e com os melhores cumprimentos:
Jorge Filipe Pires
De: Jorge Filipe Pires Rua Euclides Vaz, nº 28 2ºH 3830-033 Ilhavo – Portugal
Para: Media Markt – Aveiro Quinta do Simão, Estrada da Taboeira 3800-000 Aveiro – Portugal
Jorge Filipe Pires 68
Esta minha paixão pelo mundo da fotografia, tal como tenho vindo a referir, fez com
que recentemente criasse um website ao qual também já fiz referência atrás,
www.jorgefpires.com. E porquê a construção de um website?
Foi em grande parte a partilha de imagens em sites da especialidade que me levou a
crescer e a aprender mais enquanto apaixonado da fotografia. Apesar de ser algo que
já faço há alguns anos, seria injusto não referir que os espaços destinados à partilha de
imagens fazem com que esse gosto e dedicação aumente. Um exemplo disso é ver os
meus primeiros trabalhos em www.olhares.com/jorgefpires e comparar com os
últimos.
Este tipo de websites (não apenas de fotografia) são de extrema importância para a
evolução das pessoas enquanto entusiastas das mais variadíssimas áreas, sejam elas
dedicadas à pintura, fotografia, cinema, arte, etc. No caso da fotografia, estes
mecanismos de divulgação fazem com que seja possível uma determinada imagem
chegar ao outro lado mundo num ápice. Através delas é possível conhecer a opinião de
outros acerca das mesmas e saber o que podemos mudar para melhorar.
Houve uma altura em que comecei a perder o interesse pela divulgação em alguns
sites. Tinha prometido a mim mesmo que publicaria até ao dia em que sentisse que
começava a ser uma obrigação publicar imagens, e esse dia chegou. A um determinado
momento dei por mim a pensar que aquilo já era quase uma obrigação, sentia-me
pressionado a publicar imagens todos os dias e, quando deixava de publicar durante
dois ou três dias, os meus amigos na rede questionavam-me se tinha deixado de
publicar e lá ia eu fazer mais uma busca nos milhares de ficheiros de fotografias e
encontrar mais uma ou duas para publicar.
Isto é o problema de muitos sites, a dedicação que lhes damos à medida que vamos
perdendo a percepção entre o mundo real e o mundo virtual. Felizmente este era
apenas um site de divulgação das minhas imagens, mas noutros sites como por
exemplo a rede social mais famosa do momento, www.facebook.com existem muitas
pessoas viciadas, chegando mesmo a partilhar informação pessoal, expondo a própria
vida. Muitas vezes, sem dar por isso essas pessoas podem estar a entrar num jogo
Jorge Filipe Pires 69
perigoso. Daí que seja muito importante ter a noção da realidade, de ter os pés bem
assentes no mundo em que vivemos.
O uso das redes sociais, tem também o lado positivo, que é o lado da divulgação. No
meu caso uso o Facebook como veículo de transmissão de informação. Por exemplo,
se pretendo que as pessoas se dirijam ao meu website. Basta colocar na rede uma
imagem com uma hiperligação ao site. Assim todas as pessoas que clicarem na imagem
são imediatamente direccionadas ao site. Também poderia fazê-lo através do email,
mas assim essa informação chegaria apenas aos meus contactos, e desta forma chega
a um número muito mais alargado de utilizadores. Outra das utilizações é, como forma
de comunicação, através de links de sites como www.youtube.com. Nesta, como
noutras redes sociais, podemos partilhar com os outros músicas, vídeos, etc.
Esta rede social teve um crescimento e uma adesão tão grande que os meios de
comunicação, jornais, rádios, TV, não ficaram dependentes apenas dos seus websites e
rapidamente se ligaram à rede onde minuto a minuto actualizam as suas notícias e
redireccionam os utilizadores aos seus sites.
Exemplos de órgãos de
comunicação ligados ao Facebook
Jorge Filipe Pires 70
Quando parti para a construção do meu website, não era tanto a exposição de
trabalhos que me cativava a fazê-lo mas sim construção propriamente dita, era o
primeiro site que construía, então havia que encontrar a maneira mais simples de o
fazer, e acima de tudo uma maneira simples de o gerir.
Foi aí que descobri o joomla. O joomla não é mais que uma comunidade de pessoas
que cria aplicações e templates para web, uns gratuitos outros pagos, isso depende do
uso que queremos dar, e se pretendemos algo exclusivo. Existem centenas de sites
com aplicações para o joomla. No meu caso escolhi um template free e depois comecei
a alterá-lo. Como a base do site é o htlm, todas as alterações ou grande parte delas era
feita dentro deste código. É este código que permite escolher a cor do fundo, os
enquadramentos, etc. Ou seja, este código é a estrutura do site. Depois, dentro do
backoffice do site, existem várias aplicações, algumas delas em flash como o caso das
galerias. É neste backoffice que é feita a gestão de imagens: colocar imagens, dar
títulos, eliminar… tudo o que diz respeito às galerias trata-se dentro do próprio site. A
estrutura organiza-se no html. A gestão é feita através de uma plataforma de FTP e um
software de gestão de FTP.
Estava então dado o passo inicial. Depois vem o passo de escolher um nome para ao
site e um domínio. Quanto ao nome não tive dúvidas. No que toca à minha partilha de
imagens na net sempre assinei como jorgefpires e isso seria para manter. O caso do
domínio foi uma questão monetária. Um domínio .com é mais barato que um domínio
.pt, por isso aqui não tive dúvidas. Havia ainda que resolver a questão do espaço, e
optei também por razoes económicas iniciar com 1Gb de espaço no servidor, o meu
servidor é a empresa esotérica.pt, é lá que está alojado o site. Escolhi para o
alojamento uma plataforma Linux, pois estas são mais estáveis e não sofrem tantos
ataques de hackers como os servidores que funcionam em Windows.
Todo este processo, e porque a gestão é feita por mim, tem um custo anual de apenas
25€, que é o custo do alojamento, sendo que a fase inicial teve mais um custo
acrescido de 25€ que foi a compra do seguinte domínio:
www.jorgefpires.com
Jorge Filipe Pires 71
Recentemente e com o processo RVCC a chegar ao fim começava a pensar de que
forma iria apresentar o portfolio. Desde início que tinha a ideia que queria fazer do
portfolio um documento único, com o mínimo de divisões, quase que como de um
livro se tratasse, fui sempre conseguindo fazer o elo de ligação entre os temas. No
entanto, à medida que ia avançando ia sendo cada vez mais complicado. Daí a criação
de três capítulos. A estrutura estava montada, agora havia que lhe dar forma.
Encontrei, após algumas pesquisas, uma aplicação web que, através de ficheiros PDF,
fazia uma conversão para uma aplicação em flash ao estilo de flipbook. Depois desta
conversão o site fornece um código html que pode ser incorporado no layout de um
site ou blog. É aqui que decido criar o blog www.jorgefilipepiresrvcc.blogspot.com para
que este sirva não só como apresentação do meu trabalho mas como exemplo das
potencialidades das ferramentas da web.
Imagens da front page do blog rvcc e do meu site, com hiperligação para os mesmos.
Jorge Filipe Pires 72
A internet, a par com os restantes media, são das ferramentas de divulgação mais
poderosas que possuímos, seja do nosso próprio trabalho ou hobbies seja dos
equipamentos culturais, tais como, teatro, bibliotecas, centros culturais etc.
A web tem obrigatoriamente de fazer parte da estrutura destes espaços, quer pelos
próprios sites, quer pelas redes sociais. Através destes podem partir para divulgação
dos seus eventos e ainda receber o feedback por parte dos espectadores para que
possam alterar o que está menos bem na sua estrutura. Estes espaços culturais são de
extrema importância para o crescimento cultural e económico de uma determinada
região. Exemplo disto é o recentemente construído Centro Cultural de Ílhavo (CCI).
Após várias contestações quanto ao local onde este viria a ser construído, foi
finalmente inaugurado há cerca de dois anos. Antes e durante a sua construção foram
várias as pessoas que se manifestaram, dada a sua localização não ser a melhor,
devido à dimensão megalómana da obra. Concordo em pleno com estas
manifestações. Apesar de saber que este é muito útil à cidade de Ilhavo não é de todo
a melhor localização.
Mas a obra avançou e está de pé e agora resta-nos apoiar e não criticar apenas porque
não deveria ter sido construído naquele local. É necessário analisar a importância
deste projecto. Apesar de ainda estar numa fase embrionária tem sido notável o seu
crescimento, e tem sido notável a quantidade de espectáculos que têm sido realizados.
Através destes espectáculos, a Cidade de Ílhavo tem vindo a ser mencionada nos
órgãos de comunicação social e isto potencia o crescimento da própria cidade com o
público que se desloca para ver os espectáculos. É comum ouvir-se dizer que os
espectáculos não são muito vistos pelas pessoas da cidade, ou que estas não aderem
aos espectáculos. Acho que deve haver uma programação que atraia os mais variados
públicos, mas na minha opinião é até positivo que a maioria das pessoas que vê os
espectáculos seja de fora. Assim se potencia também o crescimento económico de
alguns estabelecimentos da cidade, tais como restaurantes ou hotéis.
Outra infra-estrutura cultural de extrema importância neste desenvolvimento
económico e cultural na cidade de Ílhavo é o Museu Marítimo de Ilhavo, considerado
um dos melhores museus marítimos nacionais. Sendo Ílhavo uma cidade eternamente
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ligada ao meio marítimo penso que a aposta neste museu e na sua requalificação foi
de todo uma aposta ganha.
O Museu Marítimo de Ílhavo nasceu a 8 Agosto de 1937. Lugar da memória dos ilhavenses que o criaram, o Museu começou por assumir uma vocação etnográfica e regional.
Foi e é testemunho da forte ligação dos ílhavos ao mar e à Ria de Aveiro. A “faina maior” (a pesca do bacalhau à linha com dóris de um só homem) nos mares da Terra Nova e da Gronelândia e as fainas agro-marítimas da Ria são as referências identitárias do Museu. A cada um dos temas corresponde uma exposição permanente que oferece ao visitante a possibilidade de reencontrar inúmeros vestígios de um passado ainda recente. Na Sala dos Mares, a terceira exposição permanente do Museu, mostra-se uma rica colecção de instrumentos náuticos e miniaturas de embarcações de outros tempos.
Além da riqueza das suas colecções e exposições, o edifício onde hoje habita o Museu Marítimo de Ílhavo, inaugurado a 21 de Outubro de 2001, é só por si uma obra de arte pública. É um belo exemplar de arquitectura moderna, num preto e branco bem conjugado com a volumetria dos espaços. Visitar o Museu Marítimo de Ílhavo é embarcar numa aventura dos sentidos; conhecimento e lazer. (extraído de www.museumaritimo.cm-ilhavo.pt )
Todos os dias o museu marítimo é visitado por centenas de pessoas, à semelhança do
que acontece com o CCI. Estas visitas potenciam o crescimento da região. Em Portugal,
penso que o turismo será a melhor aposta para o crescimento económico de qualquer
região, e cada uma terá de estudar o seu potencial turístico, para que tal seja possível.
Certo é que algumas regiões possuem mais potencial que outras, mas haverá sempre
algo com maior ou menor interesse que possa levar as pessoas a visitar um
determinado local.
Centro Cultural de Ilhavo
Museu marítimo de Ilhavo
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Por norma nas páginas web das mais variadas instituições é possível aos interessados em
visitá-las saber de tudo o que elas dispõem, e ainda de como podem chegar até elas, desde
morada a coordenadas GPS, e até mesmo links directos ao Google Maps, que permitem ao
visitante analisar on-line o melhor trajecto a realizar. Vejamos o caso de um visitante do Porto
que necessite chegar ao CCI, ao entrar no site em localização obtém uma imagem satélite que
lhe permite, a orientação. Se mudar para a opção de mapa no Google Maps, passa a ter um
mapa completo, podendo de seguida traçar o seu destino. Vejamos os seguintes exemplos de
imagens :
A Google já tem em algumas cidades de Portugal a opção de visualizar imagens a 3D o que
permite ao utilizador uma maior facilidade em navegar, dando a possibilidade de a cada
quilómetro de navegação saber se a sua localização é a correcta. Para isso basta clicar no Icon
de uma máquina fotográfica que aparece no fim de cada nota de navegação e compará-lo com
o local onde se encontra. Esta é uma ferramenta que será muito útil se os veículos no futuro
possuírem uma ligação à net constante, e se houver a possibilidade de usá-la em tempo real.
Vejamos o exemplo de algumas dessas imagens do percurso em questão e na cidade do Porto
uma das que já está coberta em imagens 3D.
Através desta aplicação é possivel a qualquer pessoa chegar um determinado local, com maior
facilidade, tanto pela informação do percurso como pelas indicações km a km que são indicadas
no lado esquerdo.
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Quando possuímos uma ligação à Net é possível navegar a 3D dentro destas imagens. É uma
experiência fantástica. Esperemos que a Google consiga brevemente cobrir todo o país com
esta tecnologia. Para já Lisboa e Porto são as contempladas.
Imagem referente à nota nº 2:
Virar à esquerda na R. do Alferes
Malheiro
Imagem referente à nota nº 9:
Seguir pela 1ª à direita em direcção
a A20 (indicações para
A3/Braga/IC23/Ponte
Freixo/A1/Lisboa)
Imagem referente à nota nº 11:
Seguir pela saída em direcção a
Espinho/Canelas
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Isto é de facto aprazível e é algo que nos leva para uma viagem a um futuro próximo, mas
convém não esquecer que estas formas de navegação podem também ser um elemento
distractivo para a condução de veículos, tal como a utilização de equipamentos de
comunicação enquanto se conduz, que é também causadora de vários acidentes nas estradas
Portuguesas.
A Autoridade Nacional de Segurança rodoviária (ANSR) muito tem feito nos últimos anos em
matéria de prevenção. No entanto, todos os dias somos invadidos com notícias de inúmeros
acidentes, muitos deles com consequências graves. Em Portugal a maior causa de acidentes é
o excesso de velocidade, a outra grande causa o excesso de álcool, o que demonstra a falta de
civismo dos condutores e a incapacidade de cumprir regras de trânsito.
Esta instituição, a ANSR, faz parte de uma subdivisão que foi feita na antiga DGV (Direcção
Geral de Viação). Esta foi subdividida em dois organismos, a ANSR e o Instituto de Mobilidade
e dos Transportes Terrestres (IMTT), sendo que o primeiro trata de todas as questões
relacionadas com a prevenção e segurança e o segundo de todas as questões burocráticas e
documentais, tais como cartas de condução, registos de propriedade de veículos, etc.
Segundo o IMTT, num comunicado de Janeiro de 2010, os números da sinistralidade rodoviária
relativos a 2009 demonstram um decréscimo constante do número de vítimas mortais e de
feridos graves em acidentes nas estradas Portuguesas. O documento publicado mostra ainda
que, entre 2000 e 2009, o número de vítimas mortais reduziu 58 por cento e o número de
feridos graves decresceu 66 por cento.
Imagem de uma das muitas campanhas de prevenção rodoviária.
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Muito se deve às campanhas lançadas e à forma como elas chegam aos condutores, por vezes
são necessárias imagens marcantes e fortes. No que tocas às campanhas existem inúmeras
formas de as fazer passar aos cidadãos. Mais uma vez a comunicação social e os media voltam
a ter um papel fundamental na passagem das mensagens. Muitas são as vezes em que em
espaços publicitários, quer de TV, quer de internet ou jornais, somos confrontados com
anúncios de prevenção rodoviária, e são as tais imagens fortes, como as de brutais acidentes,
que nos fazem mesmo pensar na forma como devemos circular nas estradas. Existe ainda uma
enorme campanha de prevenção ao longo de todas as estradas. É comum vermos enormes
painéis nas estradas que fazem apelo a uma condução cuidada. Isto é muito comum nas auto-
estradas em que as próprias entidades responsáveis pela concessão das mesmas, tal como a
Brisa, a Aenor, fazem questão de apelar à prevenção.
O eterno problema é que há aqueles que assimilam as campanhas e os outros que não querem
saber delas, nem de nada e, com o seu ego elevado porque se acham os melhores condutores
do mundo, continuam a acelerar pelas estradas deste país como que se de uma corrida em
plena pista de Formula 1 se tratasse, e assim colocam em risco as suas vidas e as vidas de
outros, os que por azar e sem qualquer culpa circulavam naquele dia, àquela hora, naquele
determinado local…
FIM
Imagem de uma campanha de prevenção, alertando para a não condução sob efeito de álcool.
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O fim é apenas o início de uma nova fase. Com tempo tentarei alcançar mais e melhor, e deve
ser sempre este o lema, mais e melhor.
Todo este processo foi para mim uma experiência fantástica, quer na procura dos meus
conhecimentos para os mais variados temas, quer na procura de memórias e vivências
passadas, e nelas encontrar muitas respostas ao que me ia sendo pedido. Afinal a vida ensina-
nos mesmo, e muito. É necessário é saber procurar as nossas respostas, em cada parte de vida
de cada um de nós, em cada minuto do nosso dia-a-dia haverá sempre parte de uma resposta!
Sinto que alcancei a meta dentro do tempo que tinha estipulado comigo mesmo. Isto devo-o
em parte também aos formadores que me acompanharam durante o processo e que
souberam orientar-me nas suas áreas. Um agradecimento especial à Helena que foi a
orientadora de todo o meu processo e que me ajudou a procurar as minhas competências para
o realizar.
Um enorme bem-haja a todas!
Jorge Filipe Pires
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