Presidente: José Pereira Miguel presidente@insa.min-saude.pt

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UM FUTURO PARA AS NOSSAS CRIANÇAS

CAMPOS ELECTROMAGNÉTICOS

DA PERCEPÇÃO À COMUNICAÇÃO DO RISCO

António TavaresCoordenador Departamento Saúde Ambiental

DEPARTAMENTO SAÚDE AMBIENTAL

Diagnóstico da Situação - I

• Tecnologias cada vez mais sofisticadas

• Grande adesão da população ao telemóvel (incluindo crianças)

• Maior número de estações base instaladas

• Aumento das preocupações da população (efeitos a longo prazo)

Aumento generalizado das preocupações manifestadas pela população em geral

Serviços de Saúde Pedidos de

informação

Reclamações

Portugal

• Informações “alarmistas” provenientes dos media• Ausência de legislação específica• Ausência de uma adequada estratégia de

comunicação do risco

• Quais são as distâncias mínimas de segurança às

antenas de estações base?

• Quais os efeitos na saúde?

• Estas radiações podem ser responsáveis pelo

aparecimento de casos de cancro?

• O que significam os resultados das medições efectuadas

pela ANACOM?

• As antenas instaladas nas proximidades de escolas

prejudicam a saúde das crianças?

• Existe o perigo de interferência electromagnética com o

funcionamento de dispositivos médicos (ex.

pacemakers)?

Reclamações da população2001 - 2005

Principais sintomas referidos

• Mal-estar

• Dores de cabeça

• Insónias

• Tonturas

• Perturbações da visão

• Alterações da tensão arterial

• Problemas do foro psiquiátrico

• A maioria das reclamações (mais de 90%) e pedidos

de informação feitas aos Serviços de Saúde referem-

se à instalação de estações base.

• Apenas uma pequena minoria diz respeito aos

eventuais problemas associados à utilização do

telemóvel.

Exposição voluntária versus Exposição involuntária

2001 – 2005

CRIANÇAS - mais sensíveis do que os adultos?

Elevada percepção do risco

Desafios na gestão do risco associado aos CEM RF

• Complexidade na avaliação de relações causais

e temporais

• Incerteza científica

• Ambiguidade na interpretação dos resultados

• Complexidade na extrapolação de resultados

obtidos em animais, para diferentes níveis de

radiação ou frequência

• Não foram registados pela comunidade científica

efeitos na saúde a LONGO PRAZO, resultantes da

exposição a baixos níveis de radiofrequências

• As exposições da população às radiações das antenas

de estações base são reduzidas e, de um modo geral,

inferiores às que estão associadas às estações de

radiodifusão sonora e auditiva

Efeitos na Saúde

• CRIANÇAS: a sua exposição começa mais

precocemente e tem vindo a aumentar – é

necessária mais investigação

• GRÁVIDAS: não correm risco acrescido, dado

que a absorção de energia de radiofrequência é

reduzida

• HIPERSENSIBILIDADE: há sintomas referidos

pela população que são reais, mas não é

possível estabelecer qualquer relação com a

exposição aos CEM RF

Efeitos na Saúde

TELEMÓVEL

• Muitos estudos têm sido conduzidos e até à

data não foram estabelecidos efeitos adversos

na saúde, sendo necessária mais investigação.

• Para reduzir a exposição aconselha-se a

utilização de um sistema kit mãos livres ou a

redução da duração das chamadas.

• A utilização do telemóvel durante a condução

automóvel aumenta em 7 vezes o risco de

acidente.

Efeitos na Saúde

• Não existe perigo de interferência electromagnética das radiações provenientes de estações base com o normal funcionamento de dispositivos médicos (ex. pacemakers). As pessoas que utilizem telemóvel devem transportá-lo afastado pelo menos 15 cm do implante e utilizá-lo no lado oposto quando efectuam uma chamada.

Interferências Electromagnéticas

Medidas tomadas

- Relatório do Grupo Interministerial sobre a Exposição da

População aos CEM (2003 – 2007)

- Portaria nº 1421/2004, de 23 de Novembro

(Recomendação do Conselho nº 1999/519/CE – relativa à

limitação da exposição da população aos CEM 0Hz-300GHz)

- Publicação – Sistemas de Comunicação Móveis – Efeitos na

Saúde Humana (2007)

- “Recomendações dirigidas aos serviços de saúde sobre a

utilização de comunicações móveis em unidades de saúde”,

visando o problema das interferências electromagnéticas

Outras medidas tomadas

Colaboração dos Serviços de Saúde com o Projecto

Monit (2ª fase)

• Formação de profissionais dos Serviços de Saúde, em colaboração com o IT / IST

• Num âmbito mais alargado do espectro electromagnético, foi elaborada pelos Serviços de Saúde uma brochura dirigida à população em geral, sobre “radiação ultravioleta e utilização de solários”

A maioria das reclamações do

público (cerca de 100%) e

pedidos de informação aos

Serviços de Saúde referem-se às

Linhas de Alta Tensão

NOVO PROBLEMA A PARTIR DE 2006

Diagnóstico da Situação - II

- A utilização da electricidade é a pedra angular do modo de vida dos países desenvolvidos;

- A electricidade necessita de redes de transporte, de distribuição e de repartição entre os consumidores;

- A exposição humana a esta gama de radiações aumenta progressivamente.

QUATRO QUESTÕES FUNDAMENTAIS

1) A exposição aos CEM ELF são uma ameaça para a saúde do indivíduo e/ou da população em geral?

2) As crianças são mais vulneráveis do que os adultos?

3) É necessária a aplicação do Princípio da Precaução? Se sim, até que ponto?

4) A “hipersensibilidade EM” é um fenómeno real ou virtual?

Existe ou não um quadro de causalidade entre a exposição aos Campos Electromagnéticos ELF e eventuais efeitos adversos na saúde humana?

Se sim, é necessário intervir sobre esse quadro.

Se não, é necessário fazer uma adequada comunicação do risco, por forma a ajustar a percepção de risco dos indivíduos e da população ao risco real.

Programa de Vigilância Epidemiológica AmbientalPrevenção e Controlo de Doenças Relativas ao Ambiente

Medidas Correctivas, Preventivas, Legislativas

Vigilância Epidemiológica

Monitorização AmbientalRecomendações

Programas de Acção

Factores de Risco / Grupos Expostos

LINHAS DE ALTA TENSÃO

Questões referidas

- Largura do corredor de passagem das linhas;

- Altura dos cabos;

- Instalação de linhas perto das habitações;

- Distribuição eléctrica nas Habitações e nos Locais de Trabalho;

- Os aparelhos electrodomésticos.

Uma grande parte do problema relativo aos “CEM ELF e efeitos na saúde” reside na percepção do risco e não no risco em si próprio.

A percepção do risco depende de diversos factores: Idade, sexo, cultura, antecedentes educacionais…

O facto de a exposição ser ou não involuntária também influencia a percepção do risco, assim como a falta de controlo individual da situação.

Percepção do Risco

Pode ser aumentada em caso de:

• - insuficiente compreensão científica sobre os potenciais efeitos sobre a saúde resultantes da implantação de uma dada instalação;

• - os possíveis efeitos para a saúde associados à exposição em causa serem nocivos (algumas patologias, tais como o cancro, são mais receadas pela população);

• - desrespeito pelas diferenças na percepção de risco na comunicação entre cientistas/governantes/indústria e público.

Percepção do Risco

Comunicação à população – (1) não informada, (2) informada e (3) peritos – de um risco e que pretende:

- ajustar a percepção de risco da população ao risco real,

- com base na transmissão dos melhores conhecimentos disponíveis,

- de forma a que as pessoas possam fazer livremente as suas opções.

Comunicação do Risco

Processo interactivo de troca de informação entre indivíduos, grupos e instituições sobre conceitos, preocupações ou opiniões relacionadas com os perigos ou os riscos para a saúde.

Integra a comunidade no processo de gestão de risco, dando à população controlo individual sobre a situação de incerteza.

Procura influenciar os estilos de vida e comportamentos da população.

Comunicação do Risco

ESTRATÉGIA

• - Explicar a diferença entre “perigo” e

“risco”;

• - Admitir que há incerteza científica, mas

assegurar que existe monitorização e

controlo da situação;

• - Identificar o que a população poderá fazer

para se “proteger”;

• - Abertura e transparência, no sentido de

aumentar a credibilidade e confiança nos

serviços públicos, designadamente no Sector

Saúde.

COMUNICAÇÃO DO RISCO

Desafios na gestão do risco associado aos CEM ELF

• Complexidade na avaliação de relações causais

e temporais

• Incerteza científica

• Ambiguidade na interpretação dos resultados

• Complexidade na extrapolação de resultados

obtidos em animais, para diferentes níveis de

radiação ou frequência

EFEITOS NA SAÚDE

Efeitos Efeitos TérmicosTérmicos

Efeitos Efeitos Não TérmicosNão Térmicos

Campos Electromagnéticos

Alguns estudos demonstraram um risco de leucemia infantil com exposição residencial a níveis elevados de Campos Electromagnéticos ELF, mas não foi estabelecida uma relação de causalidade

(p. 243) 2003, 351 páginas

CEM RF – EFEITOS CANCERÍGENOS

Com base na literatura científica, não há evidência científica convincente que a exposição a CEM RF diminua o tempo de vida do ser humano, induza ou promova o cancro (WHO, 1998)

Estudos epidemiológicos disponíveis relacionados com as antenas de telemóveis são inconsistentes e não informativos (avaliação de exposição pobre)

Estudos epidemiológicos relacionados com os telemóveis são na sua maior parte negativos

Campos RF não podem ser consierados como um carginogénico estabelecido

CEM ELF – EFEITOS CANCERÍGENOS

Em Junho 2001, mediante os estudos de meta-análise efectuados pela IARC (OMS) relacionados com a carcinogenicidade dos CEM estáticos e ELF e usando a classificação standard da IARC, os campos magnéticos ELF foram classificados como

possivelmente carcinogénicos para o ser humano

(Grupo 2B)

Tal decisão foi baseada em estudos epidemiológicos sobre a leucemia infantil.

CEM ELF – EFEITOS CANCERÍGENOS

•Grupo 2B (IARC): O agente é possivelmente

carcinogénico para os seres humanos•Condição:

•Evidência limitada de carcinogenicidade em humanos

•Menos do que evidência suficiente de carcinogenicidade em

animais de experimentação

•Menos do que evidência suficiente :

•Pelo menos, uma associação positiva foi observada; uma

interpretação causal é considerada credível, mas o acaso, bias

ou confundimento não podem ser excluídos

•O agente não pode ser considerado como um carcinogénico

estabelecido

Hipersensibilidade Electromagnética

- Sintomas não-específicos que diferem de indivíduo para indivíduo.

Quadro Clínico

- Sintomas Dermatológicos – vermelhidão, formigueiro e sensação de queimadura;

- Sintomas Neurasténicos e Vegetativos – fadiga, cansaço, dificuldades de concentração, vertigens, zumbidos, náuseas, palpitações cardíacas e perturbações digestivas.

Hipersensibilidade Electromagnética

- Esta panóplia de sintomas não integra nenhum síndrome conhecido.

- Não existem critérios de diagnóstico.

Efeitos a longo prazo – ICNIRP•ELF

•Na ausência do suporte de estudos laboratoriais, os estudos epidemiológicos são insuficientes para permitir definir guidelines referentes à exposição.

•RF

•Embora se verifiquem deficiências nos estudos epidemiológicos, pela complexidade inerente, [...] os estudos efectuados apontam no sentido da não existência de uma evidência convincente de que os níveis típicos de exposição conduzam a efeitos adversos na reprodução ou a um risco aumentado de cancro em indivíduos expostos.

ICNIRP Guidelines, 1988

O que é o

Princípio da Precaução?

CAMPOS ELECTROMAGNÉTIC

OS

•O princípio da precaução é uma abordagem

à gestão do risco que é aplicado em

circunstâncias de incerteza científica,

reflectindo a necessidade de tomar uma

acção perante um risco potencialmente sério

sem esperar pelos resultados da investigação

científica

•EC - DG XXIV, 1998

Quando é aplicado o PP?

Recurso ao princípio da precaução pressupõe:

Identificação de efeitos potencialmente negativos resultantes de um fenómeno, produto ou procedimento

Uma avaliação científica do risco, a qual devido à insuficiência dos dados, à sua natureza inconclusiva ou imprecisa, torna impossível determinar com suficiente certeza o risco

Como deve ser aplicado o PP?

Medidas adoptadas devem ser:

Proporcionais ao nível desejado de protecção, Não discriminatórias na sua aplicação, Consistentes com outras adoptadas em circunstâncias

semelhantes, Baseadas numa análise custo/benefício, Provisórias, Capazes de mandatar uma responsabilidade para fornecer

a evidência científica para uma avaliação compreensiva do risco.

O recurso ao PP é justificado para os CEM?

Uma política de precaução para os CEM deve

ser adoptada somente com grande cuidado e

reflexão.

Os requisitos para uma tal política, como

definido pela Comissão Europeia, não parecem

ser evidentes no caso dos CEM RF; contudo a

prudência pode ser justificada.

WHO, Backgrounder on Cautionary Policies, Março

2000

MOTIVAÇÃO PARA MEDIDAS DE MOTIVAÇÃO PARA MEDIDAS DE PRECAUÇÃO?PRECAUÇÃO?

As medidas de precaução adoptadas nalguns

países, quer ao nível nacional ou local, são

motivadas por

Efeitos adversos na saúde?

ou

Anxiedade pública e protesto?

LIMITES PARA A PRECAUÇÃO E PREOCUPAÇÕES

– Adoptar limites muito restritivos à exposição a CEM

pelos países tende a aumentar a preocupação pública

mais do que reduzir preocupações e controvérsias.

– Diferenças entre limites tendem a criar confusão e

enganos entre as autoridades.

– Seleccionar limites de exposição que não podem ser

justificados, quer cientificamente e/ou logicamente,

já criou algumas confusões no mundo científico e nas

autoridades.

Cognetti Commission (ITÁLIA), 2002

O CICLO VICIOSO

Percepção

Precaução

Deve basear-se na investigação científica efectuada:

Qualidade das fontes e dos estudos (peer review)

Consistência

Replicabilidade

Relações Causa-Efeito (com aplicação de critérios epidemiológicos de causalidade)

Actuação dos Serviços de Saúdeno âmbito do Espectro Electromagnético

Os Instrumentos dos Serviços de Saúde - 1

- Integrar e consolidar o conhecimento sobre a interacção exposição a CEM e a saúde;

- Promover a investigação aplicada nesta matéria e a inovação na sua metodologia;

- Desenvolver programas de monitorização ambiental e de vigilância epidemiológica no seio dos Serviços de Saúde Pública e promover o incremento da articulação intersectorial;

Os Instrumentos dos Serviços de Saúde - 2

- Prevenir, controlar e reduzir os efeitos adversos na saúde resultantes da exposição a CEM;

- Formar, informar e sensibilizar os Profissionais de Saúde e a População;

- Promover a Higiene, Saúde e Segurança na habitação e nos locais de trabalho;

- Adoptar soluções inovadoras e criativas adaptadas às características de cada área geográfica.

AS GRANDES DECISÕESAS GRANDES DECISÕES

1 – Regulamentar sobre a interacção exposição a CEM e a saúde;

2 – Promover a investigação sobre zonas geodemográficas específicas;

3 – Proceder a uma correcta comunicação do risco relativamente a esta gama de frequências dos CEM;

A investigação científica nesta matéria deve ser efectuada com base num

conceito:

Criar pontes para estabelecer processos políticos

• Fornecer evidência científica;• Melhorar a transparência e a accountability no uso da scientific expertise para a decisão política;• Potenciar o processo “science into policy”;• Contribuir para fortalecer o Sistema de Saúde;• Avaliar políticas.

O OBJECTIVO ÚLTIMO DASPOLÍTICAS DE PROTECÇÃO

Desenvolver uma política pública

que potencie a protecção da saúde

humana no seu sentido mais lato...

com base na evidência científica

produzida.

António TavaresCoordenador Departamento Saúde Ambiental

MUITO OBRIGADOPELA VOSSA ATENÇÃO

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