Preto e branco

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Preto e Branco

A vida trata-se de um jogo, uma divisão entre dois mundos, entre o preto e o branco. O preto tenta enganar o branco e o branco enganar o preto, e eu fico cá em baixo a ver os percursos de cada um.

-Eu fico a ver o cinzento.

É um mundo obscuro, triste e perigoso, onde predomina o sacrifício. Os peões, sacrificam-se pelo reino, vão à guerra. Muitas vezes não voltam, é um adeus para sempre. As torres são fortes, mas não são imortais; os cavalos, os cavalos são apenas animais. Depois temos o rei, que embora não seja muito forte, é o rei, aquele que governa o reino. A rainha, muito perigosa, é provavelmente a mais forte.

Os reinos estão sempre em guerras. O preto está sempre a combater contra o branco, e eu como simples tabuleiro, vejo os dois mundos.

-Eu vejo o cinzento.

Eu, sem poder fazer nada…

Eu, sem poder dar cor ao incolor; eu, sem poder transformar o mau no bom; eu, fico apenas a assistir.

É assim que vivo todos os dias, debaixo de reinos que estão sempre a lutar. E o mais triste, o mais triste é não poder fazer nada.

Este sou eu, o tabuleiro, o que vive debaixo de mortes e zangas.

Este sou eu, o que vive no cinzento.