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PROF. AYMORÉ DE CASTRO ALVIM
Conhecimento é uma apreensão da realidade. Aprendizado é uma modificação do conhecimento” (Levi, Sylvain et allii).
Outros termos: esquistossomose mansoni, xistose, doença do caramujo, barriga d’ água,
doença de Manson-Pirajá da Silva.
ESQUISTOSSOMOSE
É uma zoonose de veiculaçãohídrica, endêmica em várias regiões,
causada por um platelmintoda classe Trematoda e da espécie:
Schistosoma mansoni.
ESQUISTOSSOMOSE
Fatores condicionantes da sua
endemicidade Culturais Bioecológicos Sócio-econômicos Político-sociais
ESQUISTOSSOMOSE Características
-È uma doença crônica de evolução lenta.
-É, ainda, um dos maiores problemas médico-sociais do Brasil.
-A hepatopatia está presente em todas as fases da doença.
-Os ovos têm estreitas relações com a etiopatogênese do comprometimento hepático.
-A fibrose hepática é o substrato patológico da forma hepatoesplênica.
ESQUISTOSSOMOSE MANSÔNICA
O agente Schistosoma
mansoni Formas adultas:
Macho e Fêmea
Theodor Bilharz (1851/52), em trabalho de necropsia, fez referencia
pela primeira vez ao verme e o denominou:
Distoma haematobia.
Weinland (1858) devido a fenda, na face ventral do macho, criou o gênero Schistosoma.
Diesing (1859) denominou a fenda de Canal ginecóforo.
Sambon (1907) propôs a denominação de S. mansoni.
Pirajá da Silva (1907/1908) estudou a espécie no Brasil. Identificou
seu habitat, no Sistema venoso porta-hepático.
Lutz (1916) descreveu o ciclo biológico, no caramujo (Brasil).
ESQUISTOSSOMOSE MANSÔNICA Schistosoma – Primeiras informações
ESQUISTOSSOMOSE MANSÔNICA no Brasil
* Pellon e Teixeira (1947 - 1952) – Inquérito helmintológico nacional. * DNERu (1956) –Departamento Nacional de Endemias Rurais. * SUCAM (1975): Superintendência de
Campanha de Saúde Pública.
- PECE (1979): Programa Especial de Controle da
Esquistossomose. Mapeamento da doença no país Controle como prioridade.
ESQUISTOSSOMOSE MANSÔNICAEntrada no Brasil e no Maranhão.
Fonte: ALVIM, A.C.
ESQUISTOSSOMOSE MANSÔNICA no Maranhão
► Primeiras referências:
- Achiles Lisboa e Herbert Jansen (1920): registraram
2 casos em São Luís e 8 em Cururupu. - Attico Seabra (1924 ): 24 casos em Cururupu. - Martins & Almeida(1980 ): áreas endêmica e
focal.
Schistosoma mansoniSISTEMÁTICA
► POSIÇÃO SISTEMÁTICA
- Phylum: Platyhelminthes
- Classe: Trematoda
- Ordem: Schistosomatida
- Família: Schistosomatidae
- Gênero: Schistosoma
- Espécie: S. mansoni
Schistosoma mansoni
► Ovos
- Medem cerca de 150 µm. Têm forma ovalada com polo anterior mais delgado e o posterior mais largo com um espinho lateral.
► Miracídio
- Tem origem no interior dos ovos. Mede 160µm e está revestido por um tegumento com numerosos cílios.
Schistosoma mansoni
► CERCÁRIAS
- No caramujo (Biomphalaria), a partir de esporocistos, são formadas as larvas ou cercárias dentro de 3 a 4 semanas após a infecção.
- Medem 600µm. O corpo apresenta duas porções: a anterior e a posterior mais fina (cauda) com extremidade bifurcada – furcocercária.
► ESQUISTOSSÔMULO
- A furcocercária perde a cauda ao penetrar no hospedeiro vertebrado e se transforma em esquistossômulo.
ESQUISTOSSOMOSE MANSÔNICA
Formas adultas - Schistosoma mansoni adulto tem sexos separados e alto dimorfismo sexual. - O macho mede, em média, 1,0 cm. de comprimento e apresenta, na face ventral, o canal ginecóforo para abrigar a fêmea. - A fêmea, longa e cilíndrica, mede 1,3 cm. - Ambas as formas apresentam uma ventosa anterior ou oral e outra na face ventral ou acetábulo.
ESQUISTOSSOMOSE MANSÔNICAS. mansoni
► MECANISMO DE TRANSMISSÃO
OU DE INFECÇÃO:
- Penetração ativa de cercárias através da pele e das mucosas de pessoas e animais sensíveis em contato com água onde ocorrem cercárias.
DERMATITE
ESQUISTOSSOMOSE MANSÔNICA S. mansoni
► HABITAT
- Sistema Venoso Porta- Hepático.
ESQUISTOSSOMOSE MANSÔNICA S. mansoni
► CICLO BIOLÓGICO- As furcocercárias durante a penetração transcutânea se transformam em esquistossômulos.
- Após haver realizado o circuito cárdio-pulmonar, os esquistossômulos chegam ao fígado ( Sistema Porta ) onde se transformam em machos e fêmeas.
ESQUISTOSSOMOSE MANSÔNICA S. mansoni
► CICLO BIOLÓGICO-cont.- Acasalados migram para o
Plexo Hemorroidário onde após 40 dias a fêmea inicia a oviposição.
- Os ovos chegam ao ambiente e em contato com água liberam o Miracídio que penetra no Caramujo onde se formarão as cercárias.
- As cercárias são as formas infectantes para o homem e outros animais.
ESQUISTOSSOMOSE MANSÔNICAS. mansoni
► FATORES DETERMINANTES:
* Carga parasitária
* Cepa do parasito
* Resposta imune do hospedeiro
► FATORES PREDISPONENTES:
* Idade
* Estado nutricional
* Fatores genéticos
ESQUISTOSSOMOSE MANSÔNICAS. mansoni - Patogenia.
Sinusóides hepáticos
ESQUISTOSSOMOSE MANSÔNICA
S. mansoni – Patogenia.
FIBROSE HEPÁTICA
GRANULOMA - COLÁGENO
ESQUISTOSSOMOSE MANSÔNICA
S. mansoni – Patogenia.
ESQUISTOSSOMOSE MANSÔNICA S. mansoni – Epidemiologia.
* Agente causal
* Fontes de Infecção Criadouros:
* Suscetível
ESQUISTOSSOMOSE MANSÔNICA. S. mansoni
* * Reservatórios: Reservatórios:
- Homem, - Homem,
roedores,carnívoros, roedores,carnívoros, ruminantes.ruminantes. Homem
NectomysHolochilus
Carnívoro
Ruminante
ESQUISTOSSOMOSE MANSÔNICA. S. mansoni
1. Agente etiológico e Fonte de infecção.
2. Reservatórios: homem. Roedores, carnívoros, ruminantes.
3. Hospedeiros intermediários:* Biomphalaria: B. glabrata, B. straminea e B. tenagophila.
4. Morbidade:* Carga parasitária e formas graves.
5. Ocorrência:- No mundo: 200 milhões de infectados e 600 milhões em área de
risco.- No Brasil: 8 milhões de infectados e 30 milhões em área de risco.
- No Maranhão: (270.000 infectados) - Áreas endêmica e focal.
ESQUISTOSSOMOSE MANSÔNICA.S. mansoni
► GRAU DE SUSCETIBILIDADE E DE IMUNIDADE- O homem é o principal reservatório e fonte de infecção. - O homem apresenta elevada suscetibilidade que pode variar em
função de vários fatores como a idade.- O desenvolvimento da Imunidade não está ainda bem definida.
► PERÍODO DE INCUBAÇÃO- de 2 a 6 semanas
►PERÍODO DE TRANSMISSIBILIDADE (pré-patente)- a partir da 5ª semana após a infecção
ESQUISTOSSOMOSE MANSÔNICADISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA
► NO BRASIL- A grande área endêmica, no país, se estende do Rio Grande do Norte até o Rio de Janeiro.
- Vários outros Estados apresentam importantes focos de transmissão.
- No Brasil, há 6 a 8 milhões de portadores e cerca de 30 milhões de pessoas estão expostas em áreas de risco. (M.S.).
ESQUISTOSSOMOSE MANSÔNICADISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA
ESQUISTOSSOMOSE MANSÔNICADISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA
O ESTADO DO MARANHÃO
* População estimada: 5.500.000 hab.
* Nº de Municípios: 217
► DISTRIBUIÇÃO DA ESQUISTOSSOMOSE* Área endêmica: 20 municípios* Área focal: 24 municípios
►PREVALÊNCIA MÉDIA NO ESTADO: 5% (270.000) de infectados.
FONTE: PIACE - 2003
ESQUISTOSSOMOSE MANSÔNICADISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA NA ILHA DE
SÃO LUÍS – MA.
Distribuição de criadouros e focos de transmissão em 2000 /FNS-MA.
ESQUISTOSSOMOSE MANSÔNICA
A GRANDE MAIORIA DAS PESSOAS
INFECTADAS É ASSINTOMÁTICA.
FASE AGUDA- Manifestações Cutâneas: dermatite cercariana.
( Reação urticariforme local com pápulas eritomatosas, prurido e edema).
> Manifestações Gerais: após 2ª semana da infecção.
* Febre * Calafrios * Dores musculares * Cefaléia * Astenia * Linfadenopatia * Náuseas e vômitos * Diarréia * Tosse * Anorexia * Hipereosinofilia * Discreta hepato-esplenomegalia.
ESQUISTOSSOMOSE MANSÔNICA
FASE CRÔNICA - Esta fase tem como base anatátomopatológica o
Granuloma periovular.
Forma Intestinal: tem início, em geral, 6 meses após a infecção.- Diarréia muco-sanguinolenta- Constipação intestinal- Perda de apetite- Desconforto abdominal- Sensação de plenitude gátrica- Flatulência- Pirose- Sialorréia- Eosinofilia
ESQUISTOSSOMOSE MANSÔNICA
Forma Hepatointestinal
- Fígado de aspecto nodular palpável a nível de rebordo costal direito.
Obs. Os pacientes referem as mesmas queixas da fase anterior, às vezes, mais acentuadas.
ESQUISTOSSOMOSE MANSÔNICA Forma Hepato-esplênica – 3
estágios:
► Compensada► Descompensada ou grave► Complicada
- Estado geral comprometido
- Fígado e baço palpáveis
- Transtorno da circulação portal – com ou sem hipertensão e varizes esofágicas.
ESQUISTOSSOMOSE MANSÔNICA
► COMPENSADA
- Plenitude gástrica- Má digestão- Dor abdominal- Flatulência- Eructação- Inapetência - Emagrecimento- Hepatomegalia: superfície
lisa ou bocelada.- Esplenomegalia: baço duro,
indolor com a superfície lisa.- Com ou sem hipertensão e
varizes esofágicas.
ESQUISTOSSOMOSE MANSÔNICA
► DESCOMPENSADA- Fígado volumoso ou pequeno- Baço muito grande- Ascite- Circulação colateral- Varizes de esôfago- Hematêmese- Desnutrição ou caquexia- Hiperesplenismo
► COMPLICADA- Hipertensão portal avançada (hemorragias, ascite volumosa, edema, insuficiência hepática severa).
ESQUISTOSSOMOSE MANSÔNICADIAGNÓSTICO
1. CLÍNICO2 LABORATORIAL
►Direto: * Exame de fezes( métodos de Lutz e Kato-Katz).
* Biopsia ou raspagem da mucosa retal. * ELISA de captura: antígenos + anticorpos
monoclonais: negativa após 10 dias da morte dos vermes. * PCR (reação em cadeia da polimerase):
pesquisar DNA ovular, nas fezes. ( até 1 a 2 opmg).
Método de Lutz
Método de Kato-Katz
ESQUISTOSSOMOSE MANSÔNICAESQUISTOSSOMOSE MANSÔNICADIAGNÓSTICO PARASITOLÓGICODIAGNÓSTICO PARASITOLÓGICO
Método de Kato-Katz
ESQUISTOSSOMOSE MANSÔNICALABORATÓRIO
INDIRETO:* Imunofluorescência (IFI).
* Imunoenzimática – ELISA
- Antígeno de ovo (SEA): títulos caem em 30 dias após a cura
parasitológica.
POR IMAGEM ► Ultra-sonografia (US): fibrose de Symmers. (Forma hepatoesplênica).
►Eco-doppler-cardiografia – avaliar hipertensão portal e pulmonar.
►Endoscopia digestiva alta – avaliar varizes gastresofágicas.
ESQUISTOSSOMOSE MANSÔNICATRATAMENTO
► Tratamento:* Específico: devido a relação carga parasitária / fibrose.* Das complicações: hipertensão portal e hemorragias digestivas.
► Objetivos:* Controlar ou reduzir a morbidade* Prevenir as formas graves* Controlar a transmissão ( dificuldades técnicas, financeiras e humanas).
ESQUISTOSSOMOSE MANSÔNICATRATAMENTO: DROGAS
DISPONÍVEIS
1. Oxamniquine ( mansil ).- Apresentação: > Cápsulas com 250 mg. > Suspensão com 50 mg/ml.
- Posologia: dose única ( após o jantar ou à noite ao
deitar). > Criança até 15 anos / ± 35 kg: 20 mg./kg. > Adulto: 15 mg./ kg.
ESQUISTOSSOMOSE MANSÔNICA DROGAS DISPONÍVEIS
1. OXAMNIQUINE Contra-indicação: desnutrição grave, anemias graves, formas
descompensadas, insuficiência cardíaca, renal e hepática
e convulsões.
Precauções: gravidez e amamentação.
Índice Médio de Cura (IMC) – 80 a 85% (controle de 6 meses). Suscetibilidade: machos mais suscetíveis.
Efeitos colaterais: tontura, sonolência, cefaléia, alucinação, crises
convulsivas.
ESQUISTOSSOMOSE MANSÔNICATRATAMENTO
2. Praziquantel- Apresentação:
Comprimidos com 600mg.
- Posologia: dose única.
> Criança até 15 anos: 60 mg/kg.
> Adulto: 50 mg./kg
- Índice Médio de Cura: 80 a 90%
- Suscetibilidade: as fêmeas são mais suscetíveis e as formas
maduras mais que as jovens.
- Efeitos colaterais: Dor ou desconforto abdominal e diarréia.
ESQUISTOSSOMOSE MANSÔNICACONTROLE DE CURA
►Cura Clínica:
* Investigar o comportamento das manifestações clínicas.
►Cura parasitológica:
* Investigar o desaparecimento de ovos:
- Realizar exames de fezes a cada 2 meses, durante 6 meses.
- Realizar 3 exames de fezes, no quarto mês após a medicação.
- Biópsia retal: negativa entre o 4º e 6º mês (ovos vivos).
ESQUISTOSSOMOSE MANSÔNICACONTROLE
► PROGRAMAS DE CONTROLE:* Prevenir ocorrência de formas graves* Reduzir a prevalência da infecção* Impedir a expansão da doença
► METODOLOGIAS:* Tratamento em massa ou seletivo, saneamento básico e
controle ambiental, químico e biológico de caramujos.
* Melhoria das condições sócio-economicas, educacionais e
culturais das comunidades expostas ao risco.
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