programas para desenvolvimento de habilidades familiares e prevenção ao abuso de … ·...

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Avaliação do processo de implementação e

adaptação cultural de um programa de

prevenção ao abuso de drogas e fortalecimento de vínculos familiares

Sheila Giardini Murta

Larissa de Almeida Nobre-Sandoval

Marina Pedralho

Thauna Tavares

Carlos Eduardo Ramos

Departamento de Psicologia Clínica – UnB

Programa Fortalecendo FamíliasAllen, Foxcroft & Coombes, 2006

Prevenção universal – Adolescentes de 10 a 14 anos e seus responsáveis (2)

Fatores de proteção para o abuso de

drogas

Vínculo afetivo seguro entre crianças e pais

Disciplina e responsabilidades

Monitoramento e supervisão dos pais

Comunicação

Ensino de valores pró-sociais

Envolvimento dos pais na vida da criança / apoio

parental

A pesquisa em prevenção

Prevalência e Etiologia

Desenvolvimento do programa

Eficácia

Efetividade

DifusãoAdaptação Cultural

Programa Fortalecendo Famílias:

Estudos Prévios

EUA

Reino Unido

Itália

Suécia

Alemanha

Polônia

Sessões Pais:

Habilidades

parentais e estilos

parentais efetivos

Sessões Jovens:

Habilidades de

vida e atitudes

positivas

Sessões Família:

Vínculos,

qualidade da

relação familiar,

comunicação e

habilidades de

solução de

problemas

Fa

tore

s de

risco

Fa

tore

s d

e p

rote

çã

o

Resultados proximais

Melhoria em

habilidades

parentais e estilo

parental

autoritativo

Melhoria em

habilidades e

atitudes dos jovens

Melhoria em

relacionamento

familiar

Resultados distais

Redução no uso de

substâncias entre

jovens

Redução em

comportamento

antissocial de

jovens

Melhoria no

desempenho e

engajamento

acadêmico

Outros efeitos?

Modelo Lógico do Programa Fortalecendo Famílias

Definição de adaptação cultural

Modificação sistemática de um protocolo de intervenção baseado

em evidências considerando a cultura, o contexto e a linguagem,

tornando-o compatível com valores, significados e padrões

culturais do público-alvo ou cliente.

Castro, Barrera Jr e Steiker, 2010

Clareza + Atratividade + Pertinência Cultural

Por que a adaptação cultural é

importante?

Espera-se, como resultado da implementação de um programa

culturalmente adaptado:

Responsividade: Maior participação e satisfação de famílias e adolescentes

Retenção: Menor desistência de famílias e adolescentes

Efetividade favorecida

Sustentabilidade favorecida

A adaptação cultural é ética e tecnicamente indicada.

Permite uso eficiente

dos recursos públicos.

Passos para adaptação cultural:(Kumpfer, Xie & O,Driscoll, 2012)

1. Avaliar necessidades

2. Revisar a literatura

3. Criar equipe de adaptação cultural

4. Traduzir o material

5. Implementar para testar e gerar subsídios para posterior adaptação:

implementação preliminar com adaptação mínima.

Objetivos

Avaliar a adequação cultural de materiais e atividades do Programa Fortalecendo Famílias para a cultura brasileira e, com base nisto, levantar subsídios para posterior adaptação cultural.

Avaliar o processo de implementação do Programa Fortalecendo Famílias em sua versão pré-piloto.

Adaptar os instrumentos de avaliação de resultados (pré e pós-teste) para o português do Brasil.

Critérios de Avaliação

Relevância Cultural:

Pertinência

Atratividade

Clareza

Avaliação de Processo:

Fidelidade

Contexto

Satisfação

Responsividade

Dose recebida

Castro et al., 2010

Berkel et al., 2001; Steckler e Linnan, 2002;

Delineamento

Estudo descritivo com métodos mistos

Múltiplas medidas

Múliplos informantes

Participantes da avaliação

93 pais/ responsáveis (familiares)

107 jovens

6 multiplicadores federais

15 facilitadores do COSE e/ou CRAS

05 gestores

02 desenvolvedores do programa

04 observadores externos

Territórios de implementação

Centros de Orientação Socioeducativa (COSE), serviço de

proteção social básica que integra a Política Nacional de Assistência

Social

8 grupos:

Sobradinho (G1 e G2),

Taguatinga (G1 e G2),

Ceilândia

Gama Leste,

Núcleo Bandeirante

Paranoá.

Formato

7 encontros semanais, com 2 horas de duração cada.

1ª hora jovens e familiares em grupos separados

2ª hora grupo da família participante reunida

3 facilitadores para execução do programa:

1 para facilitar o grupo de pais/responsáveis

2 para o grupo de jovens.

Cuidadores para acompanhar as crianças menores de 10 anos

não contempladas no programa

Pais/responsáveis

• Amor e Limites

• Como apoiar os objetivos/sonhos de

seus filhos

• Como estabelecer as regras da casa

• Como incentivando o bom

comportamento

• Como dar consequências aos

comportamentos

• Como construir relações de apoio

• Como proteger contra o abuso de

substâncias

• Como lidar com o Estresse

• Como dizer que não concorda

• Como compreender as necessidades

de suas famílias

Temas

Jovens

• Conhecer suas metas e

sonhos

• Desenvolver

admiração por seus

responsáveis

• Como lidar com o

estresse

• Aprender a cumprir

regras

• Como lidar com a

pressão dos amigos

• Como são os bons

amigos

• Ajudar a outros

Famílias• Como apoiar aos sonhos

e metas dos jovens• Como desenvolver

admiração pela própria família

• Como usar reuniões familiares e trabalhar com consequências

• Compreender os valores

familiares • Como ajudar os filhos a

lidar com a pressão dos pares

• Síntese dos conteúdos trabalhados

Procedimentos (exemplos)

Exposição e discussão de vídeos / interação familiar

Árvore Genealógica

Mapa do Tesouro

Brasão Familiar

Uso de materiais: TV, DVD, papel, canetinhas...

Instrumentos

Questionários

Diários de campo

Checklists

Roteiros de Entrevistas Semi-Estruturadas

Roteiros de Observação

Sentenças incompletas

Roteiros para Grupos nominais

Momentos, estratégias e atores da avaliação

Durante o programa Última sessão Após o término

Observação

(Checklist e Diário de campo):

Observadores( 4 grupos)

Roteiro pós sessão, Diário de campo

e checklist : líderes de grupo

Escala de avaliação semanal:

familiares e jovens

Entrevistas: por telefone com

familiares desistentes

Sentenças

Incompletas

Satisfação

Global:

Familiares e

adolescentes

Grupos

nominais:Multiplicadores

Entrevista:

Desenvol-

vedores

do

programa

Após

treinamentoDois meses

após

Grupos nominais:

familiares,

jovens

líderes

de grupos e

gestores.

Entrevistas de

impacto:

Familiares

Duração

O programa em sua versão pré piloto foi executado entre os meses de outubro e dezembro de 2013.

A avaliação foi realizada entre os meses de outubro e fevereiro de 2013.

Resultados

Adequação Cultural

Critério: Pertinência – Observadores

0

0,5

1

1,5

2

2,5

3

3,5

4

Sessão 1Sessão 2

Sessão 3Sessão 4

Sessão 5Sessão 6

Sessão 7

me

ro d

e o

bse

rva

çõ

es Tudo a ver com a cultura local

Muito a ver com a cultura local

Razoavelmente a ver com a

cultura local

Pouco a ver com a cultural

local

Nada a ver com a cultura local

Critério: Atratividade – Observadores

0

0,5

1

1,5

2

2,5

3

3,5

4

Sessão 1Sessão 2

Sessão 3Sessão 4

Sessão 5Sessão 6

Sessão 7

me

ro d

e o

bse

rva

çõ

es

Altamente atrativas

Bastante atrativas

Razoavelmente atrativas

Pouco atrativas

Muito pouco atrativas

Critério: Clareza – Observadores

0

0,5

1

1,5

2

2,5

3

3,5

4

Sessão 1Sessão 2

Sessão 3Sessão 4

Sessão 5Sessão 6

Sessão 7

me

ro d

e o

bse

rva

çõ

es

Totalmente claro

Bastante claro

Mais ou menos claro

Pouco claro

Nada claro

Principais indicações de adaptação cultural–Grupos nominais mistos

Aspectos linguísticos

Redução de atividades escritas e uso de imagens e

atividades orais como substitutos.

Aprimorar a qualidade dos DVDS no que diz respeito aos

atores, cenários, linguagem e áudio;

Mudança em “Brasão da família”

Resultados

Processo de implementação

Fidelidade e contexto

Líderes de grupos e observadores

Flutuações na fidelidade do programa, com omissões de

procedimentos mais frequentemente ao início e ao final de sua

implementação.

Influenciou de forma negativa:

Avaliações pré e pós não planejadas no horários das sessões 1 e 7

Ausência de planejamento em conjunto entre os líderes de grupo

Ausência de preparação do material pelos líderes de grupo

Tamanho do grupo (muito grande ou muito pequeno)

Ausência de cuidadores para as crianças menores de dez anos

Problemas no transporte

Influenciou de forma positiva

O ambiente dos Centros de Orientação Socioeducativa (COSE).

O engajamento das famílias que participaram do programa.

A habilidade dos facilitadores dos COSES e CRAS em articular

parcerias no território para conseguir apoio à atividades e

estratégias de favorecer a adesão ( ex: brindes para o sorteio,

vales em restaurantes ou cinema).

Responsividade

Avaliação de participação e engajamento

dos jovens – Líderes de grupos

Tabela 3.

Indicadores de responsividade dos jovens às sessões para jovens

Média Mínimo Máximo Moda

Participação no grupo 4,4 2 5 5

Apoio entre os participantes 4 1 5 4

Entendimento do que foi abordado 4,7 3 5 5

Utilidade do tema para suas necessidades 4,8 2 5 5

Satisfação com os procedimentos 4,3 1 5 5

Nota: 1 = muito fraco; 2 = fraco; 3 = mais ou menos; 4 = bom; 5 = muito bom.

Avaliação de participação e engajamento

dos familiares – Líderes de grupos

Tabela 4.

Indicadores de responsividade dos familiares às sessões para pais/responsáveis

Média Mínimo Máximo Moda

Participação no grupo 4,5 3 5 5

Apoio entre os participantes 4,4 2 5 5

Entendimento do que foi abordado 4,2 2 5 4

Utilidade do tema para suas necessidades 4,6 3 5 5

Satisfação com os procedimentos 4,6 3 5 5

Nota: 1 = muito fraco; 2 = fraco; 3 = mais ou menos; 4 = bom; 5 = muito bom.

Avaliação de participação e engajamento

sessão família – Líderes de grupos

Tabela 5.

Indicadores de responsividade dos familiares e jovens às sessões para famílias

Média Mínimo Máximo Moda

Participação no grupo 4,6 3 5 5

Apoio entre os participantes 4,4 2 5 5

Entendimento do que foi abordado 4,4 3 5 5

Utilidade do tema para suas necessidades 4,7 1 5 5

Satisfação com os procedimentos 4,5 3 5 5

Nota: 1 = muito fraco; 2 = fraco; 3 = mais ou menos; 4 = bom; 5 = muito bom.

Satisfação

Satisfação global

Sentenças incompletas

Pais/responsáveis n = 46

Jovens n = 58

Relatos de satisfaçãoCategorias de satisfação relativas ao programa, segundo familiares e jovens, com respectivas

frequências de relatos por categoria.

Categoria Definição Jovens Familiares

Frequência Frequência

Atividades Jogos e brincadeiras realizados durante a sessão 77 22

Aprendizados Conhecimentos adquiridos ao longo do programa 40 25

Percepções não

descritivas

Palavras gerais que expressam satisfação sem

descrever algo específico do programa36 22

Trabalho em

grupo Trocas entre os membros do grupo18 8

Novas amizades Conhecer pessoas e fazer novas amizades 16 3

Trabalho em

família Possibilidade de trabalhar junto dos familiares14 6

Brindes Objetos e atividades prêmio pela participação 12 3

Facilitadores Relacionamento com os facilitadores do programa 10 14

Nota: Apresentados apenas os relatos com frequência superior o igual a 10.

Relatos de insatisfaçãoTabela 5. Categorias de insatisfação relativas ao programa, segundo familiares e jovens, com

respectivas frequências de relatos por categoria.

Categoria Definição Jovens Familiares

Frequência Frequência

Atividades Jogos e brincadeiras realizados durante a sessão 16 1

Estrutura do

programaFormato e horário das atividades 12 8

Relacionamento

com os colegas

Problemas e dificuldades de relacionamento

com os colegas do grupo10 1

Regras e

consequências

Ter que seguir as regras e consequências

estabelecidas no início do programa7 0

Material

audiovisualUtilização de material audiovisual 6 0

BrindesDeixar de ganhar objetos e atividades prêmio

pela participação; falta de organização5 1

Percepções não

descritivas

Palavras gerais que expressam insatisfação sem

descrever algo específico do programa5 0

Nota: Apresentados apenas os relatos com frequência superior o igual a 5.

Dose recebida:transferência de habilidades para o

cotidiano

Entrevista de impacto com pais responsáveis

n = 30

39

4

Colocou em prática Não colocou em prática

0 2 4 6 8 10 12

Comunicação assertiva

Tarefas de casa

Definição de limites

Tempo com os filhos

Regulação das emoções

Respeito aos filhos

Empatia

Desempenho na escola

Demonstração de afeto

Mudança parcial

Número de relatos

Tip

os

de

prá

tic

a

“Os meus filhos estão me respeitando mais. Não ficam reclamando com

os pedidos de trabalho. Entendem melhor o meu lado”

“A relação da família melhorou bastante. Tenho

conversado mais com os filhos. Adorei o programa, tem me ajudado muito”

“...A maneira do pai tratar ele [filho]. Agora é com educação. Antes era

só no grito e agora não...”

“A menina tem feito as atividades de casa sem reclamar e está me respondendo menos, estamos conversando mais”

“Tenho mais paciência com os filhos, tenho mais comunhão, mais amor, mais carinho, mais atenção e respeito mais S.”

Pais/responsáveis relataram fazer uso de conhecimentos e

habilidades aprendidas no programa

Relatam perceber impacto do programa sobre a qualidade das

interações na família, no próprio comportamento de comunicar-se

com os filhos, regular as emoções e dispender tempo com os filhos

E no comportamento dos filhos, como no engajamento em tarefas

de casa, obediência a regras e melhora no desempenho escolar.

Pais demonstraram desejo de ter o material para consulta em casa,

apresentá-lo a familiares e vizinhos e

atuar como multiplicadores do programa.

“O programa funcionou super bem! Instrumentalizou o trabalho com as

famílias. Conseguiu materializar o trabalho. Fantástico!” (S1.)

“Esse Programa é a estratégia mais eficaz para trabalhar o fortalecimento de

família que eu conheci até agora (...). Nosso maior desejo, meu e de meus

colegas de trabalho, é impactar positivamente as famílias com as quais

trabalhamos por meio do fortalecimento de vínculos, mas notamos que ainda não conseguimos alcançar, de modo eficaz, esse objetivo. (S2.)

“Acredito na exequibilidade desse projeto e no quanto as famílias podem ser

impactadas positivamente com a realização das ações desse Programa, visto

que sua estratégia é preventiva.”(S2.)

Conclusões

O programa foi percebido como suficientemente relevante, atrativo e

claro, por familiares, jovens, observadores e líderes de grupo.

Adaptação de materiais e procedimentos

Formação de líderes de grupos e planejamento das sessões

Infraestrutura

A seleção adequada e a preparação das famílias para ingresso

Famílias em violação severa de direitos / outros serviços.

Boa aceitabilidade / potencial de benefício

Resultados justificam difusão do programa culturalmente adaptado

Maiores níveis de retenção e responsividade no processo.

Efetividade e sustentabilidade favorecidas.

Uma agenda de pesquisa... Adaptação cultural (contínua)

Efetividade ao longo do tempo

Difusão

adoção,

implementação,

disseminação e

sustentabilidade

Qualidade da implementação

Impacto em serviços de proteção social básica

Eficiência

Fortalecimento

da Ciência da

Prevenção no

Brasil

Impacto em

indicadores diversos

em saúde mental

Contatos

giardini@unb.br

nobrelan@gmail.com

vpaularocha@gmail.com

Obrigada!

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