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UNIVERSIDADE CASTELO BRANCO
ATUALIZA ASSOCIAÇÃO CULTURAL
VANESSA DA SILVA AZEVEDO
QUALIFICAÇÃO DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM EM TRATAMENTOS DE FERIDAS.
SALVADOR – BAHIA 2010
VANESSA DA SILVA AZEVEDO
UNIVERSIDADE CASTELO BRANCO
ATUALIZA ASSOCIAÇÃO CULTURAL
QUALIFICAÇÃO DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM EM TRATAMENTOS DE FERIDAS.
Monografia apresentada à Universidade Castelo Branco e Atualiza Associação Cultural, como requisito parcial para obtenção do título de especialista em Auditoria de Enfermagem sob orientação do professor Fernando Reis do Espírito Santo.
SALVADOR – BAHIA 2010
“Corte sua própria lenha. Assim, ela aquecerá você duas vezes”. Henry Ford
AGRADECIMENTOS
A Deus, primeiramente, soberano de tudo e de todos.
A meus irmãos, Isabela e Vladimir, pela paciência e
disponibilidade do computador que passei por longas
horas, tirando-os do prazer de navegar pela internet.
Aos meus pais, Getúlio, in memory, homem culto, de
visão e palavras sábias cujas orientações formaram a base
do meu caminho, a minha mãe, Fátima, estimuladora e
sempre presente quando quis em alguns momentos
desistir.
RESUMO
Este estudo trata de um entendimento sobre feridas, curativos e profissionais que atuam diretamente neste serviço através de leituras e pesquisas na busca de conceitos e teorias que justifiquem a melhoria na estrutura, nos fornecimentos de insumos e capacitações e atualizações dos profissionais, querendo também ter respaldo legal para garantir a autonomia de nós enfermeiros cuidadores dessa população. O objetivo da pesquisa é evidenciar perspectivas de mudanças da realidade a partir do aprendizado sobre conceitos e aspectos gerais das feridas e ressaltar a importância da atuação multidisciplinar na abordagem de feridas. A pesquisa define-se como descritivo de caráter exploratório por se tratar de um estudo bibliográfico, buscando aplicação do aprendizado teórico na prática. O estudo nos mostra que o tratamento do portador de ferida é dinâmico e deve acompanhar a evolução científica e tecnológica, o que permite a integralidade do cuidado, busca pela autonomia do paciente e ênfase na qualidade da assistência para favorecer a relação custo/benefício. È fundamental que os profissionais se atualizem, pois a construção de pesquisas é dinâmica e, constantemente, novos conhecimentos são incorporados ou descartados quando ultrapassados. Palavras-chave: Feridas; curativos; profissionais de enfermagem, qualidade da assistência.
ABSTRACT
This study it deals with an agreement on wounds, dressings and professionals who directly act in this service through readings and research in the search of concepts and theories that justify the improvement in the structure, in the fornecimentos of insumos and qualifications and updates of the professionals, also wanting to have legal endorsement to guarantee the autonomy of us nurses cuidadores of this population. The objective of the research is to evidence perspective of changes of the reality from the learning on concepts and general aspects of the wounds and to stand out the importance of the performance to multidiscipline in the boarding of wounds. The research is defined as descriptive of exploratório character for if dealing with a bibliographical study, searching application of the theoretical learning in the practical one. The study in the sample that the treatment of the wound carrier is dynamic and must follow the scientific and technological evolution, what allows the completeness of the care, searchs for the autonomy of the patient and emphasis in the quality of the assistance to favor the relation cost/benefit. Basic È that the professionals if bring up to date, therefore the construction of research is dynamic e, constantly, new knowledge are incorporated or discarded when exceeded. Keywords: Wounds; dressings; professionals of nursing, quality of the assistance.
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO _____________________________________________________08 REFERENCIAL TEÓRICO____________________________________________13 1. FERIDAS________________________________________________________ 13 1.1 ASPECTOS GERAIS DAS FERIDAS CRÔNICAS______________________ 16 2. ASPECTOS HISTÓRICOS NO TRATAMENTO DE FERIDAS____________ 19 3. CURATIVOS_____________________________________________________ 22 3.1 CUSTOS E BENEFÍCIOS ENTRE CURATIVOS CLÁSSICOS E ATUAIS __ 26 4. LEGISLAÇÃO____________________________________________________ 33 5. AUDITORIA_____________________________________________________ 38 CONSIDERAÇÕES FINAIS___________________________________________ 41 REFERÊNCIAS _____________________________________________________43
INTRODUÇÃO
� Apresentação do objeto de estudo
A construção de uma sociedade justa e igualitária requer dos administradores públicos,
mudanças na prática cotidiana da gestão municipal, mudanças essas expressas, no
conteúdo e na forma de fazer política. A Constituição Brasileira de 1988 resgatou o
princípio da cidadania e obrigação do estado para com os seus cidadãos, contudo
precisamos ter a “ousadia de cumprir e fazer cumprir a Lei” (NOB/93 e 96, Normas
Operacionais Básicas do SUS de 1993 e 1996 e as NOAS 01/02, Normas Operacionais
da Assistência à Saúde de 2001 e 2002).
Com o processo de descentralização a partir da NOB 01/06, os municípios assumiram a
responsabilidade com a gestão do sistema de saúde na esfera local, passando a controlar
as funções de prestações e gerenciamento que antes apenas executavam (BRASIL,
1997).
A Atenção Básica é um conjunto de ações, de caráter individual ou coletivo, situadas no
primeiro nível de atenção nos sistemas de saúde, voltada para a promoção de saúde,
prevenção de agravos, o tratamento e a reabilitação.
A Atenção Básica assim se destaca pela sua importância no processo de reorganização
dos sistemas municipais de saúde, a partir da reorientação da assistência ambulatorial e
domiciliar.
A organização da Atenção Básica, com base na Lei Orgânica da Saúde nº 8080/90, tem
como fundamentos os princípios do SUS: saúde como direito; integralidade da
assistência; universalidade; eqüidade; resolutividade; intersetorialidade; humanização
do atendimento e participação social.
No Brasil, as feridas constituem um sério problema de saúde pública, devido ao grande
número de doentes com alterações na integridade da pele, embora sejam escassos os
registros desses atendimentos. O elevado número de pessoas com úlceras contribui para
onerar o gasto público, além de interferir na qualidade de vida da população.
A prestação de cuidados ao cliente portador de feridas requer do profissional de
enfermagem multiplicidade de conhecimentos e versatilidade na atuação. Temos
observado que, nos últimos anos, pesquisadores vêm buscando incessantemente
identificar, na literatura, conhecimentos relativos ao tratamento e cuidado com feridas.
No meio técnico e científico em saúde, referindo-se à questão das feridas, dispõem-se
mais de obras de autores internacionais, obviamente traduzidas, que, mesmo necessárias
e interessantes, não revelam a realidade do nosso dia-a-dia no Brasil. Contudo, sabemos
que esse tratamento não só se destaca por causa dos avanços tecnológicos em
ascendência, mas, e principalmente, pela crescente humanização da assistência, hoje em
foco.
Os profissionais de uma equipe da sala de curativos devem ser coesos, valorizar a
diversidade de papéis em busca da integralidade do doente, para garantir a sua adesão
ao tratamento, enfatizando que a sua participação no processo de cura é essencial.
Devem, ainda, estimular o doente para as atividades da vida diária, apontando-lhe a
importância do autocuidado na sua recuperação.
A assistência ao doente deve estar voltada para a prevenção e tratamento da doença,
quando esta já estiver instalada, buscando orientar as atividades de autocuidado em
busca da melhoria da qualidade de vida.
O avanço tecnológico, que disponibiliza novas terapias, exige dos profissionais da área
da saúde uma reflexão da prática realizada, consolidada em base científica, de tal forma
que se justifiquem as ações adotadas na prevenção e tratamento das lesões, com o
compromisso de otimizar recursos e oferecer qualidade na assistência.
� Justificativa
A motivação para a realização deste estudo surgiu em decorrência da trajetória
profissional, ligada ao cuidado e à supervisão da assistência de enfermagem em feridas.
A qualidade hoje é uma meta de todos, por isso “melhorar a qualidade da assistência de
enfermagem” deve ser foco de atenção dos enfermeiros para que possam estar em
consonância com a expectativa do cliente, que busca nessa importante fatia do mercado
respostas para os problemas que o afligem. Assim como buscar melhorias na oferta de
insumos, na estrutura, no respaldo legal, nas capacitações, entendendo a funcionalidade
do sistema, mas com o propósito principal de garantir o acesso à saúde mediante os
princípios do SUS.
Foi a partir das demandas de feridas, condições e subsídios ofertados e originadas na
sala de curativo do Centro de Saúde Aldroaldo Albergaria, localizado no Subúrbio
Ferroviário do município de Salvador, onde trabalho pela Secretaria Municipal de
Saúde, que identifiquei a necessidade de reconstrução das práticas do cuidado de
enfermagem às pessoas com lesão de pele na UBS.
� Problema
O que diz a literatura sobre o entendimento sobre feridas e as possibilidades de
superação dessas dificuldades?
� Objetivo
Evidenciar perspectivas de mudança da realidade a partir do entendimento sobre os
conceitos e aspectos gerais das feridas e ressaltar a importância da atuação
multidisciplinar na abordagem das feridas.
� Metodologia
De acordo com (LEITE, 2008) esta pesquisa define-se como descritivo de caráter
exploratório, por se tratar de um estudo bibliográfico, procurando explicar as relações
de causa e efeito buscando aplicação do aprendizado teórico na prática, para posterior
adequação e aprimoramento do trabalho profissional.
Segundo Severino (2002), para elaboração de uma bibliografia como base para
construção de uma monografia é estar em posse de um roteiro de idéias do tema central
e a partir daí fazer análise dos documentos em busca de elementos que se revelem
importantes para o trabalho.
Os documentos que se revelaram pouco pertinentes ao tema foram descartados. A base
real dessa triagem seletiva foi a leitura das resenhas, sumários, prefácios, introdução,
orelhas até o momento em que pude obter alguma opinião.
� Estrutura do trabalho
Está constituído de quatro momentos. No primeiro momento falaremos sobre feridas e
os aspectos gerais das feridas crônicas que dos tipos de lesões, são as mais facilmente
encontradas nos serviços da atenção básica. Buscaremos também o entendimento sobre
a história e evolução no tratamento das feridas e a importância dos multiprofissionais
nesse contexto. No segundo momento seguiremos explanando sobre os curativos hoje
existentes e disponíveis no mercado assim como suas indicações, custos e benefícios.
No terceiro momento em busca do respaldo legal ao profissional de enfermagem na
especificidade do trabalho com feridas falaremos sobre a legislação que rege esta
categoria. No quarto e último momento deste estudo conceituaremos auditoria, auditoria
de enfermagem e seu trabalho no Sistema Único de Saúde.
Esse trabalho não oferece riscos a nenhuma das partes envolvidas, seja a clientela e/ou
instituição. Traz benefícios no sentido que através da análise dos aspectos conceituais e
históricos, frutos dessa pesquisa, ter uma perspectiva de transformação da realidade
social.
REFERENCIAL TEÓRICO
1. FERIDAS
A pele constitui uma barreira mecânica de proteção ao corpo, além de participar da
termorregulação, de excreção de água e eletrólitos, e das percepções táteis de pressão,
dor e temperatura.
É constituída de três camadas (epiderme, derme e tecido conjuntivo subcutâneo) e
qualquer interrupção na sua continuidade, ou seja, ruptura da pele e tecidos adjacentes
representa uma ferida.
Ferida pode ser definida como qualquer alteração da integridade anatômica da pele,
resultante de qualquer tipo de trauma segundo Declair, V. Como também provenientes
de processos inflamatórios, degenerativos, circulatórios, por distúrbios do metabolismo
ou por defeito de formação.
As feridas podem ser classificadas pelo seu agente causal (intencional ou não
intencional), época de ocorrência (aguda ou crônica), pelo comprometimento tecidual
(quais as camadas da pele que foram atingidas, pelo grau de contaminação (limpas,
limpo-contaminado, contaminadas, infectadas), pelos tipos de cicatrização (1ª, 2ª, 3ª
intenção) e por demais fatores que influenciam em sua cicatrização como idade,
nutrição, medicamentos, hemorragia, imunossupressão, localização, perfusão dos
tecidos e oxigenação, edema, obstrução linfática, corpo estranho e hiperatividade do
paciente.
Cuidar de feridas é um processo dinâmico, complexo e que requer uma atenção especial
principalmente quando se refere a uma lesão crônica. Deve-se levar em consideração
que as feridas crônicas evoluem rapidamente, são refratárias a diversos tipos de
tratamentos e decorrem de condições predisponentes que impossibilitam a normal
cicatrização (Candido, 2001, p. 201).
Para Gomes (1978, p.20) “... as funções de enfermagem são bastante diversificadas e
compreendem atividades tanto de natureza simples, para a execução das quais se pode
contar com pessoal que recebeu apenas treinamento em serviço: quanto de natureza
complexa, cujo desempenho requer a utilização de pessoal profissional com
conhecimento científico, capacidade de análise, julgamento e decisão”.
O enfermeiro deve ter uma visão ampla no que se refere ao tratamento de uma ferida
crônica. De acordo com Cândido (2001, p. 25), o papel desse profissional não se resume
a apenas execução dos curativos prescritos pelo médico. O profissional de enfermagem
preenche uma lacuna importante no tratamento de feridas; sua figura é preponderante. É
ele quem executa o curativo diariamente e está em maior contato com o paciente. Por
essa razão, em muitos aspectos sua ação se sobreporá à dos outros componentes da
equipe.
Diante dessa complexidade o autor Dantas Filho (2003) tenta analisar eticamente
questões direcionadas ao tratamento de lesões no Brasil ressaltando alguns pontos que
precisam de reflexões.
Numa perspectiva mais objetiva, temos à nossa frente um ser humano especificamente
fragilizado com odores e secreções, com dores tanto no corpo quanto na “alma”. A auto-
estima destroçada, a dura e prolongada recuperação e a perspectiva das complicações e
seqüelas, são fantasmas que, geralmente, acompanham o tratamento desse tipo de
doente.
Em outra perspectiva, vemos também o profissional de saúde que sofre o impacto das
lesões que se propõe a tratar.
Dantas Filho (2003) acrescenta dizendo que, apesar de todas as influências contrárias,
devemos resgatar o sentido humanitário, a compaixão e a solidariedade no contato com
todos os nossos semelhantes, principalmente com aqueles mais desprotegidos e doentes.
Segundo ele, o cuidar da ferida de alguém vai muito além dos cuidados gerais ou da
realização de um curativo. Uma ferida pode não ser apenas uma lesão física, mas algo
que dói sem, necessariamente, precisar de estímulos sensoriais; uma marca ou uma
mágoa, uma perda irreparável ou uma perda incurável. A ferida é algo que fragiliza e
muitas vezes incapacitam. O portador de uma lesão orgânica carrega consigo a causa
dessa lesão: um acidente, queimadura, agressão, doença crônica, complicações após um
procedimento cirúrgico, entre tantos outros. E esta solução de continuidade passa a ser
marca, sinal, lembrança de dor, da perda, mesmo após a cicatrização. Por isso é
importante ressaltar que o enfermeiro deve estar atento aos problemas relatados pelo
paciente que envolve aspectos psicológicos, para que junto a outros profissionais,
medidas condizentes a problemática possam ser tomadas com o objetivo de auxiliá-lo
na recuperação.
1.1 ASPECTOS GERAIS DAS FERIDAS CRÔNICAS
Uma úlcera é uma interrupção da pele, com perda de substância e com escaras ou nula
tendência à cicatrização espontânea. Na avaliação e assistência integral a um paciente
com úlceras crônicas, a escolha de um tratamento e um plano de cuidado adequado é
essencial; este tratamento deverá levar em conta as características do paciente, o tipo de
úlcera, o estado da pele pluriulceral, os hábitos nutricionais e de higiene, além dos
objetivos gerais do tratamento. Por isso, cada dia torna-se mais importante a descoberta
de novas formas de tratamento, visando à cura das úlceras de maneira pouco traumática
e com o menor custo possível. Todas estas atitudes irão beneficiar a qualidade de vida
do paciente.
Entre os diversos tipos de lesões, as mais freqüentemente encontradas nos serviços da
rede básica de saúde são as úlceras venosas, as arteriais, as hipertensivas, as de pressão
e as neurotróficas, geralmente de longa evolução e de resposta terapêutica variável.
Dentre estas, destacam-se as neurotróficas, comuns em algumas patologias que
acometem o sistema nervoso periférico, como a hanseníase, o alcoolismo e o diabetes
Mellitus, doenças endêmicas no Brasil. Estas patologias podem afetar os nervos
periféricos, causando danos às fibras autônomas, sensitivas e motoras.
As úlceras neurotróficas podem acarretar vários estigmas, levando o doente à
marginalização. Para evitar que isso ocorra, a equipe multiprofissional deve propiciar-
lhe uma assistência global, atendendo suas necessidades biopsicossociais, para melhorar
suas condições de vida.
Segundo Ceco (2003), o problema das úlceras crônicas que tem uma tendência a
aumentar nos países industrializados devido a uma maior expectativa de vida com o
envelhecimento da população, as pluripatologias prevalentes e a um cuidado deficiente
da pele e da nutrição. Segundo diversos estudos, as úlceras dos membros inferiores
afetam entre 0,15% a 0,18% da população atual; entre 1% e 2% desta população
desenvolverá em algum momento de sua vida uma úlcera nos membros inferiores, o que
representa um problema de saúde pública.
As úlceras de estase constituem as feridas crônicas mais freqüentes na população
americana. A maioria das úlceras crônicas dos membros inferiores (80 a 90%) tem
como etiologia a estase venosa, 5% a insuficiência arterial e 2% a neuropatia. A
associação de péssima qualidade de vida causada por essa doença e a dificuldade de
eficiência terapêutica ambulatorial determina grande desafio aos serviços que se
propõem a tratá-los (RITTES, 2005).
O portador de feridas crônicas existe em todos os seguimentos sociais. No Brasil não é
diferente, mas, no país, o grande desafio é contornar as dificuldades daqueles que
desprovidos de recursos adequados para serem assistidos por serviços particulares,
necessitam procurar instituições públicas para receberem o tratamento. São conhecidas
as dificuldades inerentes aos serviços públicos de saúde de forma generalista, podemos
citar como causa básica a grande demanda e busca de atendimento e carência de
recursos para atendê-la adequadamente. Notório também é a característica dessa
demanda, em sua maioria proveniente das camadas carentes da população, o que conota
maior incidência de doenças instaladas e acentuando desconhecimento relacionado ao
processo de prevenção, melhora e cura.
Os profissionais dessa equipe devem ser coesos, valorizar a diversidade de papéis em
busca da integralidade do doente, para garantir a sua adesão ao tratamento, enfatizando
que a sua participação no processo de cura é essencial. Devem, ainda, estimular o
doente para as atividades da vida diária, apontando-lhe a importância do autocuidado na
sua recuperação.
A relação entre os profissionais e o doente deve ser baseada em respeito mútuo e
dignidade. Os membros da equipe devem ter consciência da responsabilidade de indicar
um tratamento adequado, bem como ter humildade em reconhecer as próprias limitações
e realizar encaminhamentos para outros profissionais, sempre que necessário.
A assistência ao doente deve estar voltada para a prevenção e tratamento da doença,
quando esta já estiver instalada, buscando orientar as atividades de autocuidado em
busca da melhoria da qualidade de vida.
2. ASPECTOS HISTÓRICOS NO TRATAMENTO DE FERIDAS
As feridas são conseqüência de uma agressão por um agente ao tecido vivo. O
tratamento das feridas vem evoluindo desde 3000 anos A.C., onde as feridas
hemorrágicas eram tratadas com cauterização; o uso de torniquete é descrito em 400
A.C.; a sutura é documentada desde o terceiro século A.C.
Na Idade Média, com o aparecimento da pólvora, os ferimentos tornaram-se mais
graves. Medievais associavam a plantas medicinais, teia de aranha, ovo, cauterização
com óleo quente, associado ao auxílio das preces, pois o corpo humano era considerado
sagrado, lugar de residência do espírito ou das forças demoníacas. Neste mesmo período
(medieval), os monastérios desenvolviam cada vez mais o estudo das plantas - hoje
denominado Fitoterapia - acentuando a importância da manutenção da ferida limpa e
remoção dos corpos estranhos e tecido necrótico, e a necessidade de controle da
hemorragia, por meio de compressões locais, cauterizações e ligaduras dos vasos
sangrantes.
O cirurgião francês Ambroise Paré, em 1585 orientou o tratamento das feridas quanto à
necessidade de desbridamento, aproximação das bordas e curativos. Lister, em 1884,
introduziu o tratamento anti-séptico. No século XX, vimos à evolução da terapêutica
com o aparecimento da sulfa e da penicilina, que se reporta como um grande avanço no
controle de infecções.
Historicamente o tratamento de feridas tem como filosofia, a proteção das lesões contra
a ação de agentes externos físicos, mecânicos ou biológicos. A preocupação com a
contaminação exógena por microorganismos fez com que fossem instituídas técnicas de
curativo, onde o principio básico era a manutenção do curativo limpo e seco.
Winter em 1962 demonstrou que o meio úmido, enzimas como as colágenas e
proteinases capacitam as células para migrarem através da ferida para as áreas úmidas
onde existe fibrina. Como epitelização significa migração celular, o meio úmido
favorece condições fisiológicas para a cicatrização. Quando permitimos a uma ferida
secar e formar uma crosta, as células epiteliais necessitam penetrar mais profundamente
na lesão, para encontrar um plano de umidade que permita sua proliferação. Assim
sendo, uma ferida seca exigira maior atividade metabólica e necessitara de mais tempo
para a cura. A crosta também e um fator que prejudica a visualização da evolução do
processo cicatricial e muitas vezes impedem o diagnostico precoce de complicações
infecciosas.
Embora tenham sido verificados grandes avanços na compreensão dos processos e
fenômenos envolvidos nas diversas fases da reparação tissular e simultaneamente muito
se tenha investido em pesquisa e desenvolvimento de recursos e tecnologias com o
objetivo de favorecer esses processos, a incidência e prevalência de úlceras crônicas são
ainda extremamente altas, repercutindo em elevados custos financeiros e profundas
conseqüências sociais sobre os portadores, os quais com freqüência desenvolvem
seqüelas que podem levar à perda de membros e de suas funções, com conseqüente
afastamento do trabalho e de suas atividades normais, como refere Moryson.
Devido à multifatorialidade, não basta dispor da tecnologia mais avançada em
coberturas e não avançar no tratamento da doença sistêmica motivadora da
manifestação local, assim como não basta ter o correto manejo clínico e não obter o
fechamento da ferida em tempo hábil por deficiência da qualidade de coberturas.
Com os avanços tecnológicos em busca do curativo ideal citado por Tunner, tem-se no
mercado uma variedade de produtos que evidentemente aceleram o processo cicatricial
das feridas. Embora os preços desses produtos industrializados tenham um aspecto
relevante a ser considerado, é bom ressaltar que os mesmos proporcionaram uma
economia embutida na diminuição do tempo de recuperação dos pacientes e
automaticamente nos custos.
3. CURATIVOS
Atualmente existem no mercado vários produtos indicados para o tratamento de úlceras,
tais como: soro fisiológico, filmes transparentes, hidrocolóides, alginato de cálcio,
carvão ativado e prata, sulfadiazina de prata, bota de Unna, bota de gesso moldado,
ácidos graxos essenciais (AGE), papaína e óleo mineral e gazes PHMB.
Soro fisiológico é uma solução isotônica em relação aos líquidos corporais que contem
0,9%, em massa, de NaCl em água destilada, ou seja, cada 100ml da solução aquosa
contém 0,9 gramas do sal. Tem várias utilidades, principalmente na limpeza de feridas.
Filmes transparentes é composta por poliuretano estéril. Tem como características de
mater o leito úmido da ferida e apresenta permeabilidade seletiva. É transparente e
aderentes a superfícies secas; adapta-se aos contornos do corpo e favorece a
monitorização direta da ferida ou acesso vascular. È indicado na cobertura de incisões
cirúrgicas, prevenção de úlceras de pressão e fixação de cateteres. A média de troca é de
7 dias.
Nomes comerciais: (Opsite®, Bioclusive®, Hydrofilm®, Tegaderm
®, Aquagard
®,
Blisterfilm®, Hydrofilm
®, Mefilm, Poliskin
®)
Hidrocolóides é composto na sua camda interna: gelatina, pectina e
carboximetilcelulose sódica e na sua camada externa: espuma de poliuretano. Indicado
para feridas limpas com média e pequena quantidade de exsudato; prevenção de úlceras;
queimaduras de 2º grau; corbetura de incisões, fixação de tubos e drenos, onde serão
utilizados o de espessura fina e nas feridas cavitárias utilizar os hidrocolóides em forma
de pasta ou grânulos. A média de troca é do 5º ao 6º dia.
Nomes comerciais: (Duoderm®, Hydrocoll®, Tegasorb®, Restore®, Replicare®,
Comfeel®, Askina Biofilm®)
Alginato de cálcio atua absorvendo o exsudato; A prata oferece efetiva ação
antimicrobiana ao leito da ferida; Tais substâncias podem vir associadas em um único
curativo, proporcionando simultaneamente suas vantagens na ferida. Tendo indicação
para feridas fétidas, infectadas e com grande exsudatos. A cobertura é formada em tres
camadas divididas por um filme EMA: camada interna formada de alginato de cálcio e
sódio, camada intermediária formada por carvão ativado que tem em sua composição 0,
15 % de prata e na camada externa : hidrofibra. O seu mecanismo de ação promove o
desbridamento autolítico, controla o odor e não adere ao leito da ferida. Média de troca
de 2 a 3 dias. Pode precisar de curativo secundário.
Nomes comerciais: (Algoderm®, Acquacell
®, Curasorb
®, Kaltostat
®, Melgisorb
®,
Seasorb®, Sorbsan
®, Sorbalgon
®, Sorbalgon Plus
®, Suprasorb
®, Restore Calcicare
®,
Tegagen®)
Carvão ativado e prata removem o excesso do exsudato da ferida por adsorção
(carvão) e efeito bactericida pela prata. É indicado para feridas infectadas, exsudativas,
superficiais, profundas e fétidas. Reuqer cobertura secundária. Média de troca 48hs,
sempre observando o leito da ferida.
Nomes comerciais: (Actisorb Plus 25®, Carbo Flex®, Vliwaktiv®)
Sulfadiazina de prata é uma pomada hidrofílica composta por sulfadiazina de prata a 1
%. Pode vir associada a outras substâncias. Indicado para queimaduras e lesões
crônicas, por exemplo, úlceras vasculogênicas. A média de troca é a cada 12hs.
Nomes comerciais: (Dermazine®, Pratazine®)
Ácidos graxos essenciais mantêm o leito da ferida úmido e aceleram o processo de
granulação. Indicado para feridas abertas não infectadas e profilaxia de úlcera de
pressão. A freqüência de troca é de 12hs.
Nomes comerciais: (Dersani®, Ativoderm®, AGE Derm®, Ativo Derm®); (Sommacare®,
Saniskin®);
Hidrogel é composto por PVPA (polivinilpirrolidona) e água. Existe também em forma
de placa. È indicado para queimaduras, remoção de crostas e tecidos desvitalizados.
A freqüência de troca é de 12hs e pode precisar de curativo secundário.
Nomes comerciais: (Intrasite gel®, Dermagran®, Duoderm gel®, Hydrosorb®,
Hydrosorb Plus, Hypligel®, Nu-Gel
®, Elasto-gel
®, Purilon
®)
Papaína pode ser utilizada sob a forma in natura, em creme ou liofilizada, dissolvida
em solução fisiológica. Quando é associada à uréia tem o intuito de aumentara ação
do desbridamento químico. Indicado para úlceras de pressão, vasculogênicas, por
neuropatia diabética e queimadura de 2º grau. A troca deve ser realizada a cada 12/
24hs.
Nomes comerciais: (Accuzyme®); (Panafil®- Chlorofilium Copper Complex).
Bota de Unna é composta de óxido de zinco, acácia, glicerina, óleo de rícino e vaselina.
A bandagem contém 70% de poliéster e 30% de algodão. Indicada para úlcera de perna
de estase venosa, edema linfático, eczemas e tromboflebites. Média de troca é de 07
dias.
Nomes comerciais: (Flexidress®, Viscopaste®)
Gazes PHMB é uma gaze impregnada com Polihexametileno de Biguanida a 0,2%,
considerado como antisséptico do mesmo grupo da clorexidina, porém com baixa
toxicidade sistêmica, baixa absorção da pele e eliminado completamente pela urina.
Características: mantém sua efetividade em ambiente úmido por 72hs, não é tóxico em
tecidos vivos, tem amplo espectro de ação (bactérias gram + principalmente MRSA
encontrada na maioria das feridas crônicas infectadas, gram - e cândida spp). Tem por
finalidade ser profilática como barreira biológica, terapêutica suprimindo o crescimento
microbiano local e absortivo de secreção.
Nomes comerciais: (Kerlix AMD compressas, rolos, Telfa AMD_ feridas operatórias,
Excilon AMD_ ostomias, traqueostomias e locais de inserção de cateteres.
Os profissionais envolvidos com o tratamento de úlceras devem estar preparados e
atualizados sobre o processo dinâmico da cicatrização e os fatores que interferem com o
mesmo e também, estabelecer critérios para a seleção do tratamento a ser indicado em
cada tipo de lesão considerando a efetividade, mecanismo de ação, contra indicações,
freqüência de troca dos curativos e custo operacional.
3.1 CUSTOS E BENEFÍCIOS ENTRE CURATIVOS CLÁSSICOS E ATUAIS
A cicatrização de feridas consiste em uma perfeita e coordenada cascata de eventos
celulares e moleculares que interagem para que ocorra a repavimentação e a
reconstituição do tecido. Tal evento é um processo dinâmico que envolve fenômenos
bioquímicos e fisiológicos que se comportem de forma harmoniosa a fim de garantir a
restauração tissular.
As grandes mudanças ocorridas nas últimas décadas nos conceitos referentes à
cicatrização têm mobilizado as indústrias a desenvolver e colocar no mercado produtos
cada dia mais específicos que sejam eficazes e adequados a cada tipo de ferida em
termos de custo/benefício.
Segundo Cuzzell, existem hoje no mercado aproximadamente 2.500 itens que se
destinam ao tratamento de feridas agudas e crônicas, desde a mais simples cobertura,
soluções para higienização e anti-sepsia até os mais complexos tipos de curativos,
chamados "curativos inteligentes" ou "bioativos", que interferem de forma ativa nas
diversas fases do processo cicatricial, dos vários tipos de feridas. Se por um lado tal
diversidade de opções é um fator altamente positivo, por outro, pode tornar
extremamente desafiadora a decisão.
Para redirecionar esse processo de escolha, Cuzzell reforça a idéia de que é fundamental
uma apurada avaliação da lesão, identificando-se cuidadosamente o estágio do processo
cicatricial e tomando-se a decisão a partir dessa avaliação, que, aliás, deve ser
sistemática e periodicamente realizada, com critérios bem estabelecidos e protocolos de
avaliação, como refere Marquez.
Os produtos para tratamentos de feridas podem ser reunidos em dois grandes grupos:
agentes tópicos e curativos. Agentes tópicos são aqueles aplicados diretamente sobre
o leito da ferida ou destinados à limpeza ou proteção da área em seu redor. Curativo,
também chamado por alguns autores de cobertura, é o recurso que cobre uma ferida,
com o objetivo de favorecer o processo de cicatrização e protegê-la contra agressões
externas, mantendo-a úmida e preservando a integridade de sua região periférica.
Segue abaixo as tabelas comparativas das limpezas tradicionais (comumente
usadas) versus as limpezas atuais (de acordo com as novas tecnologias de
tratamento de feridas e usadas pela Socurativos). A Socurativos utiliza somente a
limpeza atualizada, conforme literatura específica, visando a melhoria do processo
cicatricial.
As tabelas referem-se ao custo/benefício de um tratamento de uma Úlcera Venosa,
mensurando 09 cm de comprimento por 8,5 cm de largura, com 0,5 cm de
profundidade, drenando média quantidade de secreção serosa. Foi realizado um estudo
comparativo do uso da limpeza tradicional versus a limpeza atual e o tratamento com
produtos comumente prescritos (clássico) e com o tratamento com coberturas de última
geração (atuais).
A empresa especializada em tratamentos de feridas citada, elaborou um quadro
comparativo de custos, utilizando os produtos prescritos usualmente para tratamentos
tradicionais, considerando a troca uma vez ao dia, como é a nossa realidade.
Ressaltamos que as coberturas citadas são as indicadas para este tratamento.
Material para limpeza tradicional – Custo
Material para limpeza atual (SoCurativos) - Custo
Sol. Fisiol.0,9% 250 ml – 1,65 Sol. Fisiol.0,9% 250 ml - 1,65
PVPI tópico 20 ml – 0,70 Gaze (1 embalagem) - 0,45
PVPI degermante 20 ml – 0,78 Agulha 25 x 8 mm - 0,18
Luva procedimento (par) - 0,13 Luva procedimento (par) - 0,13
Gaze (3 embalagens) - 1,35
Agulha 25 x 8 mm – 0,18
Total da limpeza: 4,79 Total da limpeza: 2,41
Produto utilizado Material para troca de curativo diária. Custo diário
Custo semanal de utilização do produto
Colagenase 10%, 30 grs. =26,89
Colagenase: 5 grs. ao dia = 4,48
Troca diária + limpeza diária x 7 dias (semana)
Atadura 15 cm- 1,60 7,33 + 4,79 x 7 = 84,84
Esparadrapo 20 cm -0,35
Gaze (2 embal.) - 0,90
Total do curativo: 7,33 Total semanal do curativo = 84,84
Colagenase c/cloranfenicol, 10 grs. =
24,69
Colagenase c/cloranfenicol 5 grs. ao dia = 12,35
Troca diária + limpeza diária x 7 dias (semana)
Atadura 15 cm- 1,60 15,20 + 4,79 x 7 = 139,93
Esparadrapo 20 cm -0,35
Gaze (2 embal.) - 0,90
Total do curativo: 15,20
Total semanal do curativo =139,93
Sulfadiazina de Prata 30grs. = 25,00
Sulfadiazina de Prata5 grs. ao dia = 4,16
Troca diária + limpeza diária x 7 dias (semana)
Atadura 15 cm 1,60 7,01 + 4,79 x 7 = 82,60
Esparadrapo 20 cm 0,35
Gaze (2 embal.) - 0,90
Total do curativo: 7,01 Total semanal do curativo = 82,60
Num comparativo segue abaixo na tabela de custos, os materiais utilizados que
representa o tratamento atual.
Obs.: Coberturas de última geração promovem a cicatrização acelerada e otimizada
através do controle do meio úmido ideal. O número de trocas de curativos por semana
cai de sete (01 troca todo dia) para somente 02 trocas de curativos por semana.
Produto Material para troca de curtivo. Custo
Custo semanal de utilização do produto
Hidrogel 80 grs. = 56,70
Hidrogel - 5 grs. ao dia = 3,54
Troca diária + limpeza diária x 2 dias (trocas de curativos por semana)
Atadura 15 cm - 1,60 6,39 + 2,41 x 2 =17,60
Esparadrapo 20 cm - 0,35
Gaze ( 2 embal.) - 0,90
Total do curativo: 6,39
Total semanal do curativo = 17,60
Hidrocolóide placa 10x10 = 15,30
Hidrocolóide placa 10 x 10 = 15,30
Troca diária + limpeza diária x 2 dias (trocas de curativos por semana)
Atadura 15 cm- 1,60 17,25 + 2,41 x 2 = 39,32
Esparadrapo 20 cm - 0,35
Total do curativo: 17,25
Total semanal do curativo = 39,32
Alginato de Cálcio e Sódio placa 10 x 10 = 26,00
Alginato de Cálcio e Sódio placa 10 x 10 = 26,00
Troca diária + limpeza diária x 2 dias (trocas de curativos por semana)
Atadura 15 cm- 1,60 27,95 + 2,41 x 2 = 60,72
Esparadrapo 20 cm - 0,35
Total do curativo: 27,95
Total semanal do curativo = 60,72
Obs.: Os produtos acima descritos (as duas tabelas) foram cotados em 20 de abril de
2005.
O uso das coberturas atuais, além de reduzir os custos com o tratamento, permite a
redução do número de trocas dos curativos, diminuindo a dor gerada durante a troca,
gerando conforto para o cliente. Eles promovem/ otimizam o processo cicatricial, pois
preenchem os critérios do curativo ideal definidos por Turner em 1982. A indicação
correta do tratamento de feridas resulta na redução significativa de internações
hospitalares, principalmente por complicações infecciosas e outras causas.
Outra empresa especializada em produtos hospitalares, como a TECMédica,
encaminhou uma proposta de preços de curativos atuais, no dia 27 de Julho de 2009,
com validade de trinta dias para averiguação de custos. Segue abaixo a tabela (preços da
loja):
ITEM DESCRIÇÃO DO PRODUTO VL. UN 1. Curativo Kaltostat 10 x 20 (985) – convatec 55,00 2. Curativo Kaltostat 15 x 25 (986) – convatec 79,00 3. Curativo Duoderm Borda Quad 06 x 06 (922) – convatec 28,00 4. Curativo Duoderm CGF 10 x 10 cm (801)– convatec 24,20 5. Curativo Hidrofibras Aquacel AG Prata 15 x 15 cm (511)–
convatec 92,90
6. Curativo Hidrofibras Aquacel AG Prata 10 x 10 cm(510)– convatec
60,50
7. Curativo Duoderm Extrafino 10 x 10 cm (996) – convatec 23,55 8. Curativo Duoderm Extrafino 3,8 x 4,4 cm – convatec 14,05 9. Curativo Hidrofibras Aquacel 10 x 10 cm (996) – convatec 58,30 10. Curativo Hidrofibras Aquacel 15 x 15 cm (997) – convatec 82,00 11. Curativo Carboflex 08 x 15 oval (554) – convatec 80,00 12. Curativo Carboflex 10 x 10 (552) – convatec 69,90 13. Curativo Duoderm Borda Trian 15 x 18 cm (926) – convatec 80,00 14. Curativo Duoderm Borda quad 15 x 15 cm (924) – convatec 66,90 15. Curativo Duoderm Borda trian 10 x 13 cm (925)– convatec 55,05
16. Curativo Duoderm Borda quad 10 x 10 cm (923) – convatec 44,35 17. Curativo Hidroc Alginato 85g SAF-GEL– convatec 57,20 18. Flexi – Dress Bota de Unna 10,16 cm x 9,14 m – convatec 59,30 OBS: seguirá em anexo a tabela original, datada e assinada pela empresa (anexo 01).
Dealey refere que as qualidades de um produto eficaz para o tratamento de feridas
devem incluir a facilidade de remoção; conforto; não-exigência de trocas freqüentes;
boa relação custo/benefício; manter o leito da ferida com umidade ideal e as áreas
periféricas secas e protegidas; facilidade de aplicação; adaptabilidade (conformação às
diversas partes do corpo).
Os avanços tecnológicos nos têm possibilitado a utilização destes produtos que,
evidentemente, aceleram a cicatrização das feridas e facilitam em muito a vida do
paciente. Em muitos casos, a freqüência da troca de curativo é menor e alguns, como os
hidrocolóides, podem ser molhados, durante o banho, sem perder suas propriedades.
O preço é um aspecto relevante a ser considerado e alguns destes curativos são caros. A
economia se fará, entretanto, pela diminuição do tempo de recuperação e,
automaticamente, dos gastos embutidos neste período.
4. LEGISLAÇÃO Na história do tratamento de feridas, desde os tempos antigos, observa-se grande
preocupação do homem em manter sua saúde, sua integridade física. Com os avanços
tecnológicos, na área do cuidado aos portadores de feridas, obteve-se uma ascensão
quanto aos produtos e métodos utilizados. Quanto aos cuidadores, surgiu à necessidade
da busca por um melhor preparo técnico-científico condizente com as novas tendências
e perspectivas. A enfermagem sempre esteve inserida no papel de principal cuidador de
lesões de pele desde seu surgimento como profissão, segundo Declair, V.
Algumas pesquisas vêm demonstrando que a responsabilidade do tratamento e
prevenção de feridas vem sendo atribuída ao enfermeiro, devendo ele avaliar a lesão e
prescrever o tratamento mais adequado, além de orientar e supervisionar a equipe de
enfermagem na execução do curativo.
O desenvolvimento técnico-científico e a evolução tecnológica têm levado as profissões
em geral, e entre elas, as profissões da saúde, à reflexão e discussões acerca do processo
de trabalho que desenvolvem e os conhecimentos, habilidades e atitudes necessárias a
este. Neste contexto, a Enfermagem, profissão cuja essência e especificidade são o
cuidado ao ser humano em todas as suas dimensões, individual ou coletivamente, de
forma integral e holística, vem repensando o seu futuro e o futuro das especialidades.
A prática dos cuidados de enfermagem dedicados aos portadores de feridas é uma
especialidade dentro da graduação de enfermagem, reconhecida pela Sociedade
Brasileira de Enfermagem Dermatológica (SOBEND) e Associação Brasileira de
Estomoterapia (SOBEST).
Ao buscar nos sites, COFEN e COREN – Bahia, legislação específica para o cuidado de
enfermagem em feridas a fim de subsidiar teoricamente a pesquisa, foi feita a
constatação da escassez da mesma acerca desse assunto.
Encontrado em forma de deliberação 65/00 no COREN – MG, que segue abaixo para
leitura, não estando aqui em sua totalidade:
Dispõe sobre as competências dos profissionais de enfermagem na prevenção e
tratamento das lesões cutâneas.
O Conselho Regional de Enfermagem de Minas Gerais, no exercício de sua
competência consignada no Art. 15, inciso II, da Lei 5.905, de 12 de julho de 1973 e no
inciso X do Art. 13 do Regimento Interno;
CONSIDERANDO a necessidade de abastecer procedimento normativo que dispõe
sobre a competência dos profissionais da enfermagem na prevenção e tratamento das
lesões;
CONSIDERANDO a complexidade das diversas lesões e dos cuidados de enfermagem
necessários ao cliente/paciente;
CONSIDERANDO a Lei 7498/86 em seu art. 11, inciso I alíneas J e M; inciso II,
alínea B e C e art 12 e 13;
CONSIDERANDO o Decreto 94.406/87 art. 8º inciso I alínea C, F, G e H, art. 10
inciso II e art 11 inciso III alínea C;
CONSIDERANDO o Código de Ética dos Profissionais de Enfermagem em seus
artigos 16, 17, 18, 21, 51;
CONSIDERANDO as sugestões da Comissão Técnica de Enfermeiros que elaborou o
trabalho sobre assistência de enfermagem na prevenção e tratamento das lesões
cutâneas;
DELIBERA
Art. 1º - Ao profissional Enfermeiro compete:
a) Realizar a consulta de Enfermagem (exame clínico: entrevista e exame físico) do
cliente/paciente; portador de lesão ou daquele que corre o risco de desenvolvê-la.
b) Prescrever e orientar o tratamento.
c) Solicitar exames laboratoriais e de RaioX, quando necessários.
d) Realizar o procedimento de curativo (limpeza e cobertura).
e) Realizar o desbridamento, quando necessário.
Parágrafo Único: O tratamento das lesões deve ser prescrito pelo profissional
Enfermeiro, preferencialmente pelo especialista na área.
Art.2º - Aos profissionais Técnicos de Enfermagem e Auxiliares de Enfermagem
compete:
a) Realizar o procedimento de curativo (limpeza e cobertura) prescrito pelo enfermeiro.
b) Realizar o desbridamento autolítico e químico prescrito pelo enfermeiro.
Art. 3º - Esta deliberação entrará em vigor na data de sua publicação, revogando
disposições em contrário.
Belo Horizonte, 22 de maio de 2000
Informativo técnico do cuidado a portadores de lesões cutâneas.
Comissão Técnica
Finalidade
O presente documento contém informações técnicas referentes à avaliação do portador
de lesão cutânea, a avaliação, classificação e tratamento da lesão incluindo os métodos
de desbridamento do tecido necrótico.
Tem por objetivo estabelecer a atuação dos profissionais de enfermagem na prevenção e
tratamento das lesões cutâneas.
V) COMPETÊNCIAS DOS PROFISSIONAIS DA ENFERMAGEM NA
PREVENÇÃO E TRATAMENTO DAS LESÕES
1. Enfermeiro
1.1. Realizar a consulta de enfermagem: exame clínico (entrevista e exame físico) do
cliente/paciente portador de lesão ou daquele que corre risco de desenvolvê-la.
1.2. Prescrever e orientar o tratamento.
1.3. Solicitar exames laboratoriais e de Raios X quando necessários.
1.4. Realizar o procedimento de curativo (limpeza e cobertura).
1.5. Realizar o desbridamento quando necessário.
2. Técnico e Auxiliar de Enfermagem.
2.1. Realizar o procedimento de curativo (limpeza e cobertura), prescrito pelo
Enfermeiro.
Protocolo de Assistência para Portadores de Ferida.
2.2. Realizar o desbridamento autolítico e químico prescrito pelo Enfermeiro.
Parágrafo Único: O tratamento das diversas lesões deve ser prescrito pelo Enfermeiro,
preferencialmente pelo especialista na área.
Observações:
A prescrição de medicamentos e solicitação dos exames laboratoriais e de Raios X,
quando realizadas, deverá ocorrer conforme protocolo da instituição.
Nesse sentido a responsabilidade profissional é dever de todos os envolvidos no cuidado
à saúde destinado a cada indivíduo, explicitando que cada enfermeiro use o seu próprio
discernimento e aptidão para acautelar e proteger seus pacientes, respeitando sempre a
Resolução COFEN nº 160/93 em seu artigo 16º em que os mesmos devem assegurar a
assistência de enfermagem livre de danos decorrentes de imprudência, negligência e
imperícia.
Constata-se que as legislações (Leis, Pareceres, Deliberações, Resoluções e Decretos)
são ferramentas primordiais e essenciais para o profissional enfermeiro implementar sua
autonomia e buscar subsídios para a sua prática com todo respaldo ético legal, dispondo
ao cliente portador de feridas qualidade e segurança.
5. AUDITORIA
O conceito de auditoria (audit) proposto por Lambeck em 1956 tem como premissa a
“avaliação da qualidade da atenção com base na observação direta, registro e história
clínica do cliente”. A auditoria desenvolve atividades de controle e avaliação de
aspectos específicos e dos processos e resultados da prestação de serviços.
Auditoria, consiste em um exame cuidadoso, sistemático e independente, cujo objetivo
seja averiguar se as atividades desenvolvidas em determinada empresa ou setor estão de
acordo com as disposições planejadas e/ou estabelecidas previamente, se estas foram
implementadas com eficácia e se estão adequadas (em conformidade) à consecução dos
objetivos.
Na área da saúde, a auditoria aparece pela 1ª vez no trabalho realizado pelo médico
George Gray Ward, nos Estados Unidos, em 1918; neste trabalho era feita verificação
da qualidade da assistência prestada ao paciente através dos registros em seu prontuário.
Auditoria em enfermagem é a avaliação sistemática da qualidade da assistência de
enfermagem, verificada através das anotações de enfermagem no prontuário do paciente
e das próprias condições deste.
A auditoria de enfermagem tem como objetivo a avaliação sistemática da qualidade
prestada ao cliente, e atualmente essa tarefa encontra-se difundida nas instituições
privadas e públicas com o objetivo de minimizar desperdício de materiais,
medicamentos, utilização errônea de equipamentos e recursos humanos.
Para que esse setor desempenhe seu papel com exatidão, é necessário se incomodar com
a situação atual, ou seja, diariamente questionar-se se não haveria formas novas de fazer
a análise, tanto do prontuário quanto da auditoria na beira do leito ou nas visitas
técnicas.
O trabalho de auditoria no Sistema Único de Saúde – SUS é extremamente complexo,
necessitando de uma grande quantidade de informações que precisam ser
cuidadosamente extraídas, trabalhadas e interpretadas, pois muitos interesses e
responsabilidades estão em foco quando se audita a saúde.
A crescente elevação nos custos da assistência à saúde vem constituindo um grande
desafio aos governantes; os modelos de prestação de serviços focam a doença e,
conseqüentemente, incentivam o tratamento curativo, tendo o hospital como principal
cenário das ações (Almeida, 1984).
Diante de tanta tecnologia e conseqüentemente altos custos hospitalares, o mercado
saúde tem se tornado muito competitivo o que tem levado a essas instituições de
cuidados de saúde a se organizarem como empresas para se manter neste mercado. Hoje
se faz necessário a relação de baixos custos X qualidade da assistência.
Nesse momento é de grande importância o surgimento da Auditoria na mensuração da
qualidade e dos custos. Trata-se de uma avaliação sistemática da qualidade da
assistência prestada ao cliente pela análise dos prontuários, acompanhamento do cliente
in loco e verificação da compatibilidade entre o serviço prestado e os itens que
compõem a conta hospitalar cobrados, garantindo o pagamento justo.
A auditoria de enfermagem de cuidados atuante verifica através das anotações de
enfermagem no prontuário as condições ao paciente direcionadas, observando os pontos
negativos e positivos da assistência e de forma educativa dando o feed back a equipe de
enfermagem assistencial. Na auditoria de custos a finalidade é de conferir e controlar o
faturamento, exames e procedimentos realizados, investigar a propriedade dos gastos e
pagamentos, analisarem as estatísticas, indicadores hospitalares, entre outras.
Identificamos que em grande parte do pagamento de materiais, medicamentos,
procedimentos e outros serviços estão diretamente ligados aos registros de enfermagem,
foco do trabalho da auditoria de enfermagem, e que isso recai diretamente sobre o
faturamento das contas hospitalares por serem principais fontes de lucratividade dos
hospitais e conseqüentemente no orçamento das instituições de cuidados de saúde.
Portanto através da auditoria de enfermagem é possível evidenciar deficiências nas
atividades desenvolvidas e apontar alternativas preventivas e corretivas para as mesmas
e como uma ferramenta administrativa para o controle de custos.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Esse estudo nos mostra que o tratamento do portador de ferida é dinâmico e deve
acompanhar a evolução científica tecnológica, mediante isso sugiro a criação de uma
Comissão de Curativos, composta por enfermeiros e outros profissionais
preponderantes, representantes dos serviços básicos e secundários da Secretaria
Municipal de Salvador, tendo objetivos de produzir material técnico-didáticos, capacitar
às equipes, monitorar, avaliar adequação das necessidades e aquisição de insumos como
também a criação de um formulário de Sistematização da assistência de enfermagem.
Este protocolo visará instrumentalizar as ações dos profissionais e sistematizar a
assistência a ser prestada ao portador de ferida, além de fornecer subsídios para
implementação deste tratamento.
Este material estaria sujeito a avaliações periódicas e necessárias reformulações,
conforme o avanço tecnológico, científico e político de saúde vigente na Prefeitura de
Salvador.
Neste estudo, autores como Noronha (2002), cirurgião plástico, relata em seu texto que
as experiências bem sucedidas na área de feridas basearam-se no pilar:
multidisciplinaridade, interdisciplinaridade, formação de comissões e formação de
núcleos especializados. Este pilar gerou uma grande evolução: feridas crônicas sempre
são manifestação de doença clínica com controle deficiente. Este novo conceito trouxe
real impacto na resolutividade, com diminuição das reinternações e interrupção do ciclo
vicioso de cronicidade, diminuindo os custos da incorporação tecnológica e os custos
sociais (amputações, invalidez, etc.).
Este estudo constata que embora a aquisição do material utilizado na confecção de
curativos, seja um fator limitante, pouca atenção é dada aos custos. É importante
salientar que não se deve apenas considerar este custo vinculado apenas ao material,
mas também o que diz respeito ao tempo do profissional, à instituição de saúde em
relação ao retardo da cicatrização ou as complicações que adiam a cura, ao paciente e a
comunidade.
Concluímos que o enfermeiro é parte integrante dessa equipe multidisciplinar e a partir
dessas constatações observamos que surge também a necessidade de legislação
específica que se dedique a autonomia do enfermeiro no tratamento de feridas em nível
nacional, pois só assim teremos efetivo respaldo legal de uma atividade que nos é
inerente desde os primórdios da profissão. Devendo sempre levar em consideração que
essa autonomia condiz não somente com a ação profissional, mas a consciência de suas
capacidades e limitações.
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