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Quarta-feiraQuarta-feiraQuarta-feiraQuarta-feiraQuarta-feira, 04/03/2015 - nº1272, 04/03/2015 - nº1272, 04/03/2015 - nº1272, 04/03/2015 - nº1272, 04/03/2015 - nº1272

TRTquerPJeemtodasasvaras,masesquecesaúdeEm2015, sistema, que continua usando gambiarras para funcionar,

seráexpandidoemSantaCatarinasemresolver todososproblemasqueafetamservidores,magistradoseadvogados

Depois de atender, ano passado, o pedido de 11desembargadores irritados com o PJe-JT e sus-pender a implantação do sistema em mais Varas, aAdministração do TRT-SC agora tomou o caminhooposto e resolveu estender o PJe-JT a todas asVTs catarinenses ainda este ano. A decisão foitomada dia 5 de fevereiro em reunião do ComitêGestor do PJe-JT, que reúne magistrados, admi-nistradores do Tribunal e representantes da OAB-SC e do MPT.Seis meses atrás, quando suspendeu a implanta-

ção do PJe, a Administração admitiu o fato de osistema ainda estar "frágil, instável e incompleto,acarretando dificuldades de toda ordem nas rotinasde juízes, servidores e advogados. Agora, a mani-festação oficial foi que "... existe o entendimentode que o sistema evoluiu e tornou-se mais estável,por isso essa mudança de postura".

Servidores continuam reclamandoDe acordo com servidores que operam o siste-

ma todos os dias, ouvidos pelo Sindicato, a realida-de é bem diferente. A nova versão 1.4.8.3.3 do PJe-JT (haja novas versões) não resolveu problemas da

anterior e tem inconsistências novas, e isso depoisde quatro anos. O módulo piloto do sistema foilançado em 10 de fevereiro de 2011.Um dos problemas mais sérios do sistema e

ainda sem solução é não informar automaticamentesobre vencimento de prazos e ainda indicarindevidamente que há prazos a vencer. Os servido-res são obrigados a abrir cada pasta do painel detarefas e cada processo para controlar esta infor-mação essencial. Ou seja, gasta-se uma fortunapara informatizar, mas o trabalho continua sendomanual como no tempo das fichas de papel.Algumas varas estão usando uma gambiarra para

tentar reduzir os efeitos da falha, mas, segundooutros usuários, o problema só mudou de lugar.

Getty Images

Osilêncio inexplicável do TRTem relação à saúdedos servidores

Quem trabalha no Judiciário sabe que a falta deconfiança no controle de prazos acarreta aumento detensão e as falhas do sistema geram trabalho extradesnecessário. Estas duas consequências afetam di-retamente a saúde psíquica e física dos servidores,aspectos que o TRT jamais levou seriamente em con-sideração embora cobrado há mais de seis anos pelosindicato.Além de o tribunal não contar com nenhum médi-

co nas especialidades psiquiatria e ortopedia, com-provadamente as maiores doenças do trabalho na atu-alidade, não tem a menor preocupação em contratá-los. O Serviço Médico diz que possui "médicos dotrabalho" como se tal fato fosse capaz de suprir a ne-cessidade de especialistas clínicos em doenças la-borais.Para ser "Médico do Trabalho" basta que um mé-

dico de qualquer especialidade frequente um cursode pós-graduação latu sensu de um ano no qual ensi-nam apenas generalidades sobre ocupações e normasregulamentares do Ministério do Trabalho. São cur-sos para suprir a obrigatoriedade legal de "médicosdo trabalho" em empresas.Responda com sinceridade: se você começar a apre-

sentar problemas musculares ou sofrer de depressão,você procuraria um Médico do Trabalho para se tra-tar? Obviamente qualquer pessoa de bom senso nesta

Tribunal não contrata especialistas porque não querNesses últimos seis anos de processo virtual, três

médicos de carreira do TRT se aposentaram, o queoportunizou a possibilidade de realização de concur-so público para as especialidades necessárias, mas aadministração optou por não utilizar as vagas de mé-dicos e transformou os cargos em Analista Judiciá-rio para outras áreas não ligadas à saúde. O mesmotem acontecido com odontólogos e auxiliares deenfermagem.A prosseguir tal política, em dois ou três anos o

Serviço Médico do TRT contará com reduzidíssimo

situação procurará um ortopedista ou um psiquiatraque saíram da faculdade, depois de anos de estudo,capacitados para entender tais enfermidades e suascausas. Da mesma forma, é óbvio que, para prevenir eerradicar doenças de tal natureza decorrentes do pro-cesso produtivo, é preciso, em primeiro lugar, um pro-fundo e especializado conhecimento sobre elas.

Ilustração: Mendes

corpo médico e de profissionais da saúde. A impres-são deixada é que a intenção é esconder os proble-mas criados pelas condições de trabalho ao mesmotempo em que o serviço médico do TRT, historica-mente formado por excelentes profissionais, é su-cateado. Talvez com vistas a uma futura privatizaçãovia terceirização, em perfeitos moldes neoliberais.O resultado já pode ser observado na deteriora-

ção da saúde dos servidores e até mesmo dos magis-trados, como demonstram manifestações das suasentidades de classe.

EXPEDIENTE: Publicação do Sindicato dos Trabalhadores no Poder Judiciário Federal no Estado de Santa Catarina � Filiado à FENAJUFE - Rua dosIlhéus, 118, sobreloja, sala 3, Edifício Jorge Daux, CEP 88010-560, Centro, Florianópolis/SC Fone/FAX: (048)3222.4668 -imprensa@sintrajusc.org.br - www.sintrajusc.org.br Produção: Míriam Santini de Abreu (MTb 8077/RS) - Tiragem: 1.300 exemplares

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Oqueterámudadoemtãopoucotempo?Com a nova decisão do Tribunal, a partir de

março o sistema gerido pelo CSJT vai levar suasdificuldades e gambiarras de cada versão a 22novas jurisdições, correspondendo a 34 VTs. OComitê Gestor do PJe-JT de Santa Catarina, quegerencia a instalação, foi criado por uma Portariade outubro de 2012, não tem representantes dacategoria, embora nos informativos do tribunalsempre conste que ele é formado por "juízes eservidores".Tais servidores, no entanto, não representam

ninguém. São membros do staff administrativo,nomeados pela direção do TRT e subordinados aela. Eles não falam em nome do conjunto de servi-dores, que isso fique bem claro.Para garantir as condições de trabalho dos servi-

dores, o SINTRAJUSC tem recorrido a requeri-mentos administrativos, como em 2013, quando

pediu a suspensão do PJe-JT no estado até que osistema oferecesse melhores condições de opera-bilidade pelos usuários. AAdministração, porém,jogou a responsabilidade para o CSJT.Meses depois, em agosto passado, 11 desembar-

gadores, incluindo a ex-presidente do TRT-SC,Gisele Alexandrino (que havia negado o pedido dosindicato) fizeram o mesmo pedido. Foram atendi-dos, até porque formam maioria no Pleno.Na petição, os desembargadores assinalavam

que "o desenvolvimento regular do trabalho temsido impactado duramente e as consequências paraa qualidade da prestação jurisdicional só tem sidoevitadas por meio de esforço ingente de magistra-dos e servidores, esforço esse que será impossívelsustentar". Aparentemente, neste intervalo entreagosto e fevereiro, algo o tornou possível de sus-tentar, ainda que ninguém saiba o quê.

Propaganda da modernização à custa da saúde dos trabalhadores

Foto:Míriam

Abreu

Móveis e ginástica não bastamparaevitarproblemasdesaúdeprovocados

peloprocessoeletrônico

Luta pelo reajuste salarial. Fique atento.Participe do debate no seu local de trabalho

Hoje (quarta-feira), dia 413h30: TRT Esteves Júnior 16 horas: Varas do Trabalho

Dia 6 (sexta-feira)16 horas: TRT Rio Branco

Nada no PJe-JT pode ser operado no "piloto auto-mático", porque as chances de erros são grandes. Aoperação também depende muito do mouse, de su-cessivos cliques e tem poucos atalhos e variáveis, oque sobrecarrega os operadores. Como o funciona-mento depende da internet, os servidores já sabemque não dá para parar uma operação no meio, o quegera travamentos e necessidade de reiniciar todo oprocedimento feito.Colegas relatam o acréscimo de esforço dos de-

dos, punho, braço, ombro e pescoço e, em especial,da visão. Mesmo em varas onde o processo eletrôni-co começou com o PJe-JT (a migração do processofísico não conheceu o Provi) e ele tem mais aceita-ção, a fadiga visual é reclamação recorrente.

Foco na redução de custosAAdministração há anos, limita-se a investir em

móveis e equipamentos ergonômicos e quase aca-bou com a ginástica laboral por proposta da direçãodo Serviço Médico, mas as medidas para medir e darconta do impacto do processo eletrônico na vidalaboral são pífias, passados 6 anos de implantação.Talvez a escolha de um engenheiro para dirigir a área

de saúde explique o foco na mobília e na redução decustos. Ao contrário do discurso dos gestores, paradar conta dessa nova realidade são necessários maisservidores, não menos, o que fica explícito nassobrejornadas feitas por ocupantes de FC´s ou CJ´s,usadas como instrumento tácito de coação ao traba-lho extra não remunerado. Servidores trabalham de-mais, adoecem, mas escondem a doença à custa deanalgésicos e antidepressivos para não correr o ris-co de perderem parte dos salários.Cria-se assim a aparência de que tudo vai bem e

todos, vítimas e algozes, fazem vistas grossas a umarealidade que é condenada todos os dias nos proces-sos trabalhistas. Quando o servidor adoece irreme-diavelmente, porque cedo ou tarde isso vai aconte-cer, é descartado como material usado, perde a FC e,ainda por cima, é quase empurrado para uma aposen-tadoria por doença com grave redução salarial.No boletim do TRT que circulou sexta-feira, 27,

fala-se de melhorias do sistema e de investimentosem informática. Nenhuma linha, no entanto é dedicadaà saúde, como quem utiliza o macete de esconder ascinzas sob o tapete. Como nada está sendo feito, nãohá nada a dizer.