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O tratamento e a gestão de resíduos, por desempenharem um papel importante na gestão
ambiental urbana, são, actualmente, um tema relevante que atrai a atenção global. Para melhorar a
gestão dos resíduos, na RAEM, o Governo tem vindo a melhorar a recolha, o transporte, o
tratamento e deposição de resíduos, a optimizar as infra-estruturas ambientais relacionadas, a
promover a educação sobre reciclagem e redução de resíduos na fonte e a reforçar a cooperação
regional. Actualmente, está, entre outras formas, a elaborar o “Plano de Gestão de Recursos de
Resíduos Sólidos de Macau” e a implementação gradual da política do “poluidor pagador”.
De facto, Macau é uma cidade muito pequena. Para lidar adequadamente com a questão dos
resíduos, para além da elaboração de políticas eficazes, é necessária a participação de todos os
residentes e empresas, para reduzir na fonte a produção de resíduos proveniente quer da vida
quoditiana da população, quer do funcionamento das empresas, e fazer a separação e recuperação de
resíduos recicláveis. Só em conjunto será possível promover a rentabilização de recursos e a gestão
eficiente dos resíduos. Neste capítulo será analisada a tendência de mudança em diversos
indicadores de resíduos.
Produção de Resíduos
Reutilização de Resíduos Recicláveis e
Tratamento e Destino Final dos Resíduos
Indicadores utilizados neste capítulo para análise do estado ambiental
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4.1 Produção de Resíduos
Modelo DPSIR
Os resíduos gerais produzidos em Macau (principalmente os resíduos urbanos) são
transportados para tratamento na Central de Incineração de Resíduos Sólidos de Macau (CIRS). Na
figura 4.1 e na tabela 4.1 podemos constatar que os resíduos transportados para serem tratados na
CIRS têm aumentado constantemente nos últimos anos. Em 2015 registou-se um crescimento de
dois dígitos, 11,3%; no entanto, a taxa de crescimento mostra um ligeiro abrandamento em
comparação com 2014. A produção média de resíduos urbanos per capita, registou uma subida de
8,1% em relação ao ano anterior, sendo muito superior a outras regiões, por isso, esta situação
merece a nossa atenção.
Figura 4.1 Resíduos transportados para tratamento
na CIRS ao longo dos anos e Média de
resíduos urbanos produzidos per capita
(Fonte: DSPA, 2016)
Tabela 4.1 Valores e variação dos resíduos transportados para tratamento na CIRS, da
média de resíduos urbanos produzidos per capita, dos resíduos especiais e
perigosos e dos resíduos produzidos pela CEM, entre 2014 e 2015
2014 2015 Variação
Resíduos especiais e perigosos (t) 3.118 3.101 -0,5%
Média dos resíduos urbanos produzidos per capita
(kg/pessoa por dia)
1,97 2,13 +8,1%
Resíduos transportados para tratamento na CIRS (t)1 457.420 509.152 +11,3%
Resíduos produzidos pela CEM (t) 2.164 6.721 +210,6%
Nota:(1) 1 Os resíduos transportados para tratamento na CIRS são os seguintes: resíduos urbanos, resíduos
médicos e lamas desidratadas.
(Fonte: DSPA, 2016)
D Força Motriz PP PPrreessssããoo S Estado I Impacto R Resposta
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Tabela 4.2 Conhecimento ambiental
Média de resíduos urbanos produzidos per capita em 2014
Cidade/ Região
Média de resíduos urbanos
produzidos per capita
(kg/pessoa por dia)
Fonte
Macau1 2,13 “Relatório do Estado do Ambiente de Macau
2015”, Macau
Pequim2 0,93 Bejing Statistical Yearbook 2015, Pequim
Xangai2 0,69 Direcção Nacional de Estatística – Dados
nacionais (2014), China
Cantão2 0,90 “Manual de Estatística de Cantão de 2015”,
Cantão
Hong Kong3 1,35 “Monitoring of Solid Waste in Hong Kong 2014”,
Hong Kong
Singapura4 1,52 Yearbook of Statistics Singapore, 2015, Singapura
Notas:
(1)1
Média dos resíduos urbanos produzidos em 2015, per capita = valor dos resíduos urbanos ÷
(população em meados do ano × número de dias do ano).
(2)2
Média diária de resíduos domésticos recolhidos e transportados, per capita = valor dos resíduos
domésticos recolhidos e transportados ÷ [população residente (no final do ano) × número de dias do
ano].
(3)3 Média diária de resíduos sólidos urbanos per capita = valor de resíduos sólidos urbanos (média diária)
÷ população em meados do ano; os resíduos urbanos sólidos incluem: resíduos domésticos + resíduos
comerciais + resíduos indústriais.
(4)4 Média da deposição de resíduos per capita = valor da deposição de resíduos (domésticos e não
domésticos) ÷ (população em meados do ano × número de dias do ano).
A figura 4.2 e a tabela 4.3 mostram a composição física dos resíduos urbanos. Os resíduos
urbanos de 2015 são principalmente constituídos por matéria orgânica, seguindo-se-lhe o plástico e
o papel/cartão.
Tabela 4.3 Composição física dos resíduos urbanos em 2014 e 2015
(Unidade: %) 2014 2015
Madeira 22,3 5,8
Metais 1,7 2,5
Vidro e Pedras 3,3 6,7
Têxteis 3,1 4,4
Papel/ Cartão 58,7 17,2
Plástico 7,9 18,0
Matéria orgânica 3,1 45,4
(Fonte: DSPA, 2016)
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Nota:(1) A distribuição da composição física dos
resíduos urbanos foi obtida com base nos
resultados de recolha e análise laboratorial de
amostras, que se realizam duas vezes ao ano.
Figura 4.2 Composição física dos resíduos urbanos
ao longo dos anos
(Fonte: DSPA, 2016)
Para além dos resíduos sólidos urbanos, em Macau também produzem outros tipos de resíduos,
nomeadamente os resíduos gerados pela CEM, os veículos declarados inúteis e alguns resíduos
especiais e perigosos. As informações relacionadas encontram-se nas figuras 4.3 - 4.5 e as tabelas
4.1 e 4.4.
Os resíduos produzidos pela CEM triplicaram em 2015, em relação aos valores de 2014, sendo
que uma das razões é o aumento de 73% da produção local de energia eléctrica face ao ano anterior.
O número dos veículos declarados inúteis em 2015 mostra também, face a 2014, um
crescimento significativo. Por outro lado, os resíduos especiais e perigosos transportados para
tratamento mantêm um registo semelhante ao de 2014.
Tabela 4.4 Valores e variação do número de veículos declarados inúteis entre 2014 e 2015
(Unidade: veículos) 2014 2015 Variação
Número total de veículos
declarados inúteis 9.390 11.315 +20,5%
• Ciclomotores 2.597 2.676 +3,0%
• Motociclos 2.709 3.243 +19,7%
• Automóveis ligeiros 3.920 5.143 +31,2%
• Automóveis pesados 153 223 +45,8%
• Semi-reboques 9 21 +133,3%
• Máquinas industriais 2 9 +350,0%
(Fonte: DSAT, 2016)
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Nota:(1) A Estação de Tratamento de Resíduos
Especiais e Perigosos de Macau entrou
em funcionamento a partir de Maio de
2007.
Nota:(1) A Central Térmica de Macau deixou de
funcionar em 2007.
Figura4.3 Resíduos especiais e perigosos
transportados para tratamento
ao longo dos anos
(Fonte: DSPA, 2016)
Figura4.4 Resíduos sólidos produzidos pela
CEM ao longo dos anos
(Fonte: CEM, 2016)
Figura 4.5 Veículos declarados inúteis ao
longo dos anos
(Fonte: DSAT, 2016)
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4.2 Reutilização de Resíduos Recicláveis e Tratamento e Destino final dos Resíduos
Modelo DPSIR
Actualmente, as cinzas volantes e escórias resultantes do processo de incineração, bem como
os resíduos de construção e lamas são transportados para aterro para deposição final. As
informações relativas à situação e evolução ao longo dos anos encontram-se na figura 4.6 e tabela
4.5.
Em 2015,contrariamente à redução verificada na produção de resíduos de construção,
registou-se um aumento do volume de cinzas volantes e de escórcias devido ao incremento da
quantidade de resíduos incinerados. Ao mesmo tempo, dado que o volume de lamas originadas pela
escavação das obras de construção tem aumentado consideravelmente, o volume total de resíduos
enviados para aterro registou também uma subida em relação a 2014.
Nota: (1) As lamas são um material produzido na escavação durante as obras de engenharia
civil. Os dados sobre o volume de lamas foram adicionados em 2009.
Figura 4.6 Resíduos transportados para aterro ao longo dos anos
(Fonte: DSPA, 2016)
Tabela 4.5 Valores e variação dos resíduos de construção, de lamas, de escórias e de cinzas
volantes entre 2014 e 2015
2014 2015 Variação
Resíduos de construção (m3) 2.597.652 1.630.710 -37,2%
Cinzas volantes (t) 19.671r 23.195 +17,9%
Escórias (t) 91.601 122.713 +34,0%
Lamas (m3) 1.708.785 3.098.966 +81,4%
Nota: (1) r Dados rectificados.
(Fonte: DSPA, 2016)
D Força Motriz
P Pressão S Estado I Impacto RR RReessppoossttaa
53
No que diz respeito à recolha de resíduos recicláveis, em 2015, de acordo com os dados
relativos à importação e exportação da Direcção dos Serviços de Estatística e Censos (DSEC) ,
embora se tenha verificado um aumento no total recolhido (sobretudo, papel, plástico e metais,
entre outros), a respectiva taxa de recolha diminuiu ligeiramente em relação à produção total de
resíduos, comparavativamente a 2014 (vide a figura 4.7), dado que a produção de resíduos
aumentou.
Para estimular a participação da população na separação e recuperação de resíduos recicláveis
e aumentar a taxa de recolha de resíduos recicláveis, a DSPA e o IACM têm promovido diversos
incentivos à recolha dos resíduos recicláveis. Na tabela 4.6 pode-se observar que, a quantidade de
vidro, metais e latas de alumínio/aço recolhidos, em 2015, em Macau reflecte uma subida de dois
dígitos em comparação com 2014. No entanto, devido à eventual influência dos preços de mercado,
a quantidade de papel e de plástico recolhida para reciclagem registou uma descida, em diferentes
graus, em relação a 2014. Em conclusão, a taxa de crescimento da recuperação de resíduos
recicláveis é claramente insuficiente face ao aumento da produção de resíduos.
Notas:
(1) Os resíduos recicláveis incluem, entre outras
categorias, plástico, borracha, papel e metais.
(2)Visto que os resíduos recicláveis recolhidos em
Macau são basicamente transportados para
serem reutilizados no Interior da China e em
outros países, a análise dos valores acima
referidos é realizada tendo por base os dados
relativos à importação e exportação, fornecidos
pela DSEC, nos quais se inclui a quantidade de
papéis (código 4707), de materiais plásticos
(códigos 3915, 4012) e de materiais metálicos
(códigos 7204, 7404, 7602). Os valores
apresentados são apenas valores estimados
devido a uma certa limitação nas estatísticas
disponíveis.
Figura 4.7 Taxa de recolha de resíduos
recicláveis ao longo dos anos
(Fonte: DSEC, 2016)
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Tabela 4.6 Resíduos recicláveis recolhidos em 2014 e 20151
2014 2015 Variação
Plástico (kg) 357.794 293.049 -18,1%
Papel (kg) 3.013.095 2.905.464 -3,6%
Vidro (kg) 504.966 569.040 +12,7%
Metal(kg) 113.273 152,677 +34,8%
Latas de alumínio/aço (n.º) 675.221 965.350 +43,0%
Nota:(1)1
Incluindo os resíduos recicláveis recolhidos sob o “Programa de Pontos Verdes –Efectuar a
separação de resíduos pode ser divertido” da DSPA, o Programa de Recolha Selectiva de
Materiais Recicláveis e o Plano de Recolha de Recipientes de Vidro do IACM.
(Fonte: DSPA, IACM, 2016)
Em Macau, a incineração de resíduos urbanos é utilizada para a a produção de
energia. Nos últimos anos, a média de resíduos urbanos produzidos per capita, em
Macau, tem sido muito superior à de várias cidades das regiões adjacentes. O problema
dos resíduos é, por isso, considerado grave. Os resíduos urbanos transportados para
tratamento na CIRS aumentaram de trezentas mil toneladas em 2011 para quinhentas mil
toneladas em 2015, tendo sido atingida a capacidade máxima de tratamento daquela
Central. Nos últimos anos, também têm aumentado outros tipos de resíduos, tais como
veículos declarados inúteis, resíduos de construção, entre outros.
Em conclusão, em Macau a atitude social relativa à redução de resíduos a partir da
fonte e à recolha selectiva de matériais recicláveis ainda é insuficiente. Apesar de a
recolha de resíduos recicláveis ter aumentado em quantidade, a sua taxa de crescimento é
muito menor do que a taxa de crescimento da produção de resíduos, resultando na
“estagnação” da taxa de recolha de recursos recicláveis. Por isso, sugere-se que sejam
elaboradas e promovidas, o mais rápido possível, diversas políticas e medidas de gestão
de resíduos, designadamente o reforço da divulgação e educação, a promoção da redução
de resíduos na fonte, a optimização das infra-estruturas ambientais, a ponderação de
incentivos económicos, o aperfeiçoamento de legislação regulatória, a introdução da
medida de “Poluidor-pagador” e impulsionamento da cooperação regional, entre outras
medidas, para lidar de forma mais abrangente e a longo prazo com os estes problemas.
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