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Só começaram a competir em 2014, mas já levam 15 anos a jogar e a divulgar o paintball. Os Rangers
da Póvoa Clube abriram a primeira academia de paintball em Portugal e pedem a outras equipas que façam o
mesmo para que também os miúdos possam começar a competir entre eles. Nada de guerras, é um matar só a
brincar que está ao alcance de todos (vão mulheres) e exercita corpo e cérebro.
T E X T O R U I J O R G E T R O M B I N H A SPAINTBALL
À ATENÇÃO DOS PAIS:
“De que é que eu gosto mais? Jogar na Playstation ou paintball? O paintball é mais fixe porque escondo-me atrás dos obstáculos e posso acertar nos colegas. É muito divertido!” Leandro Ferreira, de nove anos, é o mais jovem atleta dos Rangers, clube da Póvoa de Varzim que lançou em 2014 a primeira academia de paintball em Portugal, para crianças a partir dos seis anos de idade.
Segundo o pai de Leandro, Francisco Ferreira, também ele jogador, o pain-tball não incita os jovens à violência ou à guerra. “Eles percebem rapidamente que
se trata de uma brincadeira e não de um conflito real. E aprendem, desde cedo, a jogar em segurança e a estarem concen-trados. É uma ótima distração para os miúdos”, afirma.
Rui Leal, presidente do Rangers da Pó-voa Clube, garante que a modalidade tem tirado muitos miúdos de frente da con-sola. “Alguns pais perguntam-me se os filhos vão ficar ainda mais viciados nos jogos de guerra na Playstation. A expe-riência tem-me mostrado precisamente o contrário. Começam a aprender paintball e, como veem o quanto é difícil e desa-
fiante, deixam de gostar tanto dos jogos de computador”, declara.
“O paintball envolve muita discipli-na. É preciso saber muitas regras. Além disso, ninguém joga sozinho, existe um espírito de equipa muito forte; e aquilo que vicia mais é a libertação de adre-nalina que proporciona. O paintball co-loca todos os sentidos em alerta máxi-mo. E põe a funcionar a concentração, a destreza, a resistência, a capacidade de decidir, tanta coisa... E é muito intenso e desgastante fisicamente, mesmo que não se corra muito.”
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Rui Leal não se cansa de enumerar as vantagens e os benefícios de se jogar paintball. Seja-se miúdo ou graúdo. “Sabendo-se as regras, é um despor-to superseguro. Ah! Também aumenta a autoestima e emagrece”, acrescenta. Licenciado em Optometria e Ciências da Visão, pratica a modalidade desde os 11 anos de idade. Agora, com 26, in-tegra a equipa de competição do clube que ajudou a fundar e lidera a equipa de pessoas que, por mera carolice, faz do Rangers da Póvoa Clube a segunda sociedade recreativa mais badalada da cidade nortenha, logo a seguir ao Var-zim Sport Club, que alinha no Campeo-nato Nacional de Seniores de futebol.
Dentro de poucos meses, quem pas-sar no Parque da Cidade da Póvoa de Varzim vai deparar-se com o campo de speedball dos Rangers. O speedball é a vertente competitiva do paintball mais praticada em todo o mundo, disputada,
por exemplo, em estádios de futebol com insufláveis ou campos de meno-res dimensões, normalmente de 40x50 metros. “É um jogo muito tático e físi-
co, onde o objetivo é eliminar a equipa adversária, tendo para isso que marcar com tinta cada um dos seus cinco ele-mentos. Em Portugal existem campeo-natos nacionais em três divisões, além de torneios locais. Aqui ainda somos amadores, mas nos EUA ou na Rússia, por exemplo, as ligas são totalmente profissionais”, explica.
Atualmente, o clube tem a sua sede e campo de jogos e treinos numa zona de mato na freguesia da Estela, partilhada com o clube de caçadores locais. “Prati-camos o paintball recreativo que é o que a maioria das pessoas conhece e prati-ca. E desde o ano passado temos uma equipa de competição, onde, para além do speedball, joga também o woodsball, muito parecido com o anterior mas jo-gado em cenário de floresta”, esclarece.
SE ALGUÉM FALA EM ARMA, PISTOLA, METRALHADORA, O PRESIDENTE DOS RANGERS CORRIGE: “CHAMA-SE MARCADOR”. DA MESMA FORMA, AS BALAS SÃO BOLAS DE TINTA E NÃO SE MATA INIMIGOS, ANTES ELIMINA ADVERSÁRIOS
Para 2015, o Rangers da Póvoa Clu-be – que conta atualmente com 62 fi-liados e realizará no próximo sábado uma gala de comemoração do seu 15º aniversário – pretende ver mais crian-ças e jovens inscreverem-se na sua academia, mas também ver outros clu-bes e associações de paintball criarem as suas escolas. “Para que surjam vá-rios escalões/equipas e os miúdos co-mecem a ter com quem competir. Nes-te momento, só podem jogar uns com os outros”, diz Rui Leal, sempre muito preocupado em desvincular o paintball da ideia de guerra. Tanto que se alguém fala em arma, pistola, metralhadora, o presidente dos Rangers corrige: “Cha-ma-se marcador”. Da mesma forma, as balas são bolas de tinta e não se mata inimigos, antes elimina adversários.
Outra das metas a que os Rangers se propõem na nova época, que arranca daqui por uma semana com um jogo aberto a toda a gente no campo de mato dos caçadores da Estela, é pôr mais mu-lheres de marcador na mão. “Elas acham que magoa e que é coisa para homens. Nada mais errado. Primeiro, se ma-goasse nós tam-bém não jogá-vamos, pois não somos masoquistas. Os nossos marcadores têm a pressão bem regu-lada e as bolas rebentam fa-cilmente. Não há qualquer motivo para ser um des-
porto de homens. Só temos seis mulhe-res, mas todas elas adoram jogar.”
Ana Barcelos, de 35 anos, delega-da hospitalar, é uma dessas atletas da equipa dos Rangers e garante sentir-se
“muito bem integrada”. “Existe uma grande camaradagem. É excelen-te para abstrair dos problemas do dia a dia. Não tem nada a ver com
o cenário de guerra. Divirto-me, liberto imensa adrenalina e fico bastante cansada fisi-camente. Era ótimo aparece-rem mais mulheres para po-
der ser criado um campeonato feminino”, afirma Ana Bar-
bosa, que concilia o pain-tball (o marido tam-
bém joga) com aulas de... flamenco.
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