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Raquel dos Santos
Acidentes com produtos qumicos perigosos notransporte rodovirio: diretrizes bsicas para atuao
da vigilncia em sade no Estado de So Paulo
Dissertao apresentada aoCurso de Ps-Graduao daFaculdade de Cincias Mdicasda Santa Casa de So Paulopara obteno do ttulo deMestre em Sade Coletiva.
So Paulo
2006
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Raquel dos Santos
Acidentes com produtos qumicos perigosos notransporte rodovirio: diretrizes bsicas para atuao
da vigilncia em sade no Estado de So Paulo
Dissertao apresentada aoCurso de Ps-Graduao daFaculdade de Cincias Mdicasda Santa Casa de So Paulopara obteno do ttulo deMestre em Sade Coletiva.
rea de concentrao: SadeColetiva
Orientador: Prof. Dr. Rita deCssia Barradas Barata
So Paulo
2006
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expressamente proibida a comercializaodeste documento, tanto na sua formaimpressa como eletrnica. Sua reproduototal ou parcial permitida exclusivamentepara fins acadmicos e cientficos, desde quena reproduo figure a identificao do autor,
ttulo, instituio e ano da dissertao.
FICHA CATALOGRFICA
Preparada pela Biblioteca Central daFaculdade de Cincias Mdicas da Santa Casa de So Paulo
Santos, Raquel dosAcidentes com produtos qumicos perigosos no transporte
rodovirio: diretrizes bsicas para atuao da vigilncia em sade noEstado de So Paulo./ Raquel dos Santos. So Paulo, 2006.
Dissertao de Mestrado. Faculdade de Cincias Mdicas daSanta Casa de So Paulo Curso de ps-graduao em SadeColetiva.
rea de Concentrao: Sade ColetivaOrientador: Rita de Cssia Barradas Barata
1. Acidentes 2. Transportes 3. Vigilncia 4. Substnciasperigosas 5. Diretrizes 6. Sade ambiental
BC-FCMSCSP/60-2006
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A Deus pelas maravilhas que me proporciona navida e porque mesmo quando no consigo entender
as razes da existncia humana, Ele continua meimpulsionando a tentar contribuir com a humanidade.
minha famlia, em especial minha me, porque emqualquer fase da vida eles so meu porto seguro.
Thas e ao Thijs que alm de fazerem parte do primeiro
grupo, tm sido nos ltimos anos, meu porto alegre.
Aos amigos que continuaram ao meu lado, mesmo depoisde ouvirem por tantas vezes: no posso sair hoje.
a vocs que dedico este trabalho, de todo corao.
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AGRADECIMENTOS
Secretaria de Estado da Sade de So Paulo pelo financiamento do curso.
E Faculdade de Cincias Mdicas da Santa Casa de So Paulo e Irmandade da
Santa Casa de Misericrdia de So Paulo pela qualidade do mestrado oferecido.
A todos os amigos e colegas de trabalho e de curso, que de alguma forma
contriburam para a realizao deste trabalho. Agradeo em especial ao Engenheiro
Arnaldo Mauro Elmec, da Diviso de Meio Ambiente do Centro de Vigilncia
Sanitria, por compartilhar sua experincia de vida e profissional, na construo do
objeto principal da pesquisa.
Ao Professor Dr Jos Tarcsio Penteado Buschinelli, do Departamento de
Medicina Social da Faculdade de Cincias Mdicas da Santa Casa, pela gentileza
em colaborar debatendo e trocando idias que foram fundamentais para os
resultados obtidos.
minha irm, Sandra Regina dos Santos Pereira, pelo apoio e dedicao
prestados durante todas as fases do trabalho, desde o projeto at a reviso final.
Professora Dra Rita de Cssia Barradas Barata por toda a pacincia e
objetividade na orientao desta dissertao. Talvez a funo de orientador seja
bvia para todos, mas algumas pessoas colocam o corao no que fazem, e ela
definitivamente faz parte deste grupo.
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(...) cincia a preocupao (...) com a continuidade da busca.
(...) facilitar o caminho de quem venha depois (...)
(TOBAR e YALOUR, 2004, p.20).
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RESUMO
Santos, Raquel dos. Acidentes com produtos qumicos perigosos notransporte rodovirio: diretrizes bsicas para atuao da vigilncia em sadeno Estado de So Paulo. So Paulo; 2006. [Dissertao de Mestrado Faculdade
de Cincias Mdicas da Santa Casa de So Paulo].
Introduo - Destaca a necessidade de definio de conduta para que as
equipes de vigilncia em sade possam responder a demandas de vigilncia dos
fatores ambientais de risco sade. No Estado de So Paulo, os acidentes com
produtos perigosos fazem parte deste escopo, por sua freqncia e importncia.
Objetivo - Elaborar diretrizes bsicas e procedimento operacional para orientar a
atuao das equipes de vigilncia em sade do Estado de So Paulo nas quatro
etapas do gerenciamento de risco de acidentes no transporte rodovirio de produtos
qumicos perigosos: preveno, preparao, resposta e ps-acidente. Mtodos -
Consistiu na anlise de documentos por meio de pesquisa bibliogrfica e
documental sobre modelos de atuao e vigilncia de acidentes com produtos
perigosos. A coleta e anlise do material enfocaram o risco sade e ao meio
ambiente, sob a perspectiva das aes de interesse para a vigilncia. A construo
do procedimento operacional apoiou-se no modelo de investigao de surtos
epidemiolgicos, na experincia acumulada a partir da atuao em episdios
semelhantes e em princpios bsicos de toxicologia. Resultados - Apresentao dediretrizes bsicas que fundamentaram as perguntas formuladas para o roteiro de
atividades de vigilncia nestes acidentes. O roteiro est proposto como
procedimento operacional a ser utilizado pelas equipes de vigilncia local, com o
apoio das regionais e do estado. Concluses - A vigilncia em sade relacionada
aos acidentes com produtos perigosos, ainda no dispe de aes sistematizadas.
As atividades de vigilncia devem ser planejadas em consonncia com as outras
entidades que atuam nestes acidentes. As diretrizes bsicas e o procedimento
operacional propostos so instrumentos fundamentais para orientar a atuao dostcnicos de vigilncia em sade, quando ocorrem acidentes no transporte rodovirio
de produtos qumicos perigosos. A aplicabilidade desse instrumento precisa ser
testada pelas equipes de vigilncia para prevenir e/ou minimizar danos sade da
populao.
Descritores: Acidentes; Transportes; Vigilncia; Substncias perigosas; Diretrizes;Sade ambiental.
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ABSTRACT
Santos, Raquel dos. Hazardous chemical products accidents on road transport:basic guidelines for the health surveillance in the State of Sao Paulo. SoPaulo; 2006. [Masters degree Dissertation Faculdade de Cincias Mdicas da
Santa Casa de So Paulo].
Introduction - Points out the importance of operational standards so that health
surveillance teams are able to meet the demands of situations where the
environmental factors present risks to the health. In the State of Sao Paulo, the
scope includes hazardous products due to the frequency of accidents and their
importance to public health. Objective - To establish basic guidelines and
operational procedures to guide the health surveillance authorities in the State of Sao
Paulo through the four stages of risk management related to hazardous chemical
road transport accidents: prevention, preparation, response and post accident
activities. Methods - Using the methodology of Document Analysis, research is
based on documents and publications on action models used during the monitoring
of dangerous goods accidents. The collection and analysis of the materials focused
on the risk to public health and the environment in regard to monitoring and
supervision procedures. The creation of the Operational Procedure was based on
three sources: 1) the investigation model used during epidemic spreads, 2)
experience acquired during actions in similar cases and 3) on basic principles ofToxicology. Results -Based on basic guidelines, a Guidebook has been created to
be the procedure for the monitoring of public health during and after a dangerous
goods accident. The Guidebook is proposed as an operational procedure to be used
by the local surveillance teams, with the support of the regional and state health
surveillance authorities. Conclusions - Health surveillance teams are not prepared
to respond in a systematic way to the threat to public health related to a hazardous
chemical products accident. The health surveillance activities must be coordinated
with all authorities involved in different stages of dangerous goods accidents. Thebasic guidelines and the Guidebook proposed are fundamental tools to guide the
actions of health surveillance authorities. The operational procedures outlined in the
Guidebook need to be tested by local, regional and state health surveillance teams to
minimize environmental damage and risk to public health in the future.
Descriptions: Accidents; Transports; Surveillance; Hazardous substances;Guidelines; Environmental Health.
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LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS
ABIQUIM Associao Brasileira da Indstria Qumica
ABNT Associao Brasileira de Normas TcnicasABTLP Associao Brasileira de Transporte e Logstica de Produtos Perigosos
ADR Acordo Europeu sobre o Transporte de Produtos Perigosos porRodovia (sigla em ingls)
ANTT Agncia Nacional dos Transportes
APELL Awareness and Preparedness for Emergencies at Local Level/Alerta e Preparao de Comunidades para Emergncias Locais
ASSOCIQUIM Associao Brasileira do Comrcio de Produtos Qumicos
ATRPP Acidentes no Transporte Rodovirio de Produtos Qumicos PerigososATSDR Agency for Toxic Substances & Disease Registry
CB Corpo de Bombeiros
CEATOX Centro de Assistncia Toxicolgica
CEDEC Coordenadoria Estadual de Defesa Civil
COMDEC Comisso Municipal de Defesa Civil
Comisso Central Comisso Estadual de Estudos e Preveno de Acidentes noTransporte Terrestre de Produtos Perigosos
CENEPI Centro Nacional de Epidemiologia
CET Companhia de Engenharia de Trfego
CETESB Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental
CEV Centrum voor Externe Veiligheid/Centro para Segurana Externa
CGVAM Coordenao Geral de Vigilncia em Sade Ambiental
COMDEC Comisso Municipal de Defesa Civil
CERAC Central Estadual de Regulao de Alta Complexidade
CPRv Comando do Policiamento Rodovirio
CREM Central de Regulao Estadual e MetropolitanaCVE Centro de Vigilncia Epidemiolgica
CVS Centro de Vigilncia Sanitria
DER Departamento de Estradas de Rodagem
DITEP Diviso de Produtos de Interesse Sade
ESP Estado de So Paulo
FISQ Foro Intergovernamental de Segurana Qumica
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FPEEEA Foras Motrizes/Presso/Estado/Exposio/Efeitos/Ao
FUNASA Fundao Nacional de Sade
GPS Global Positioning System
HSEES Hazardous Substances Emergency Events Surveillance
IAL Instituto Adolfo Lutz
IPEM Instituto de Pesos e Medidas
MARS Major Accident Reporting System/Sistema de Registro de Acidentes Ampliados
MMA Ministrio do Meio Ambiente
MS Ministrio da Sade
NEAS Ncleo de Emergncias Ambientais em Sade
OCDE Organizao de Cooperao e Desenvolvimento Econmico
OIT Organizao Internacional do Trabalho
OMS Organizao Mundial de Sade
ONU Organizao das Naes Unidas
OPAS Organizao Pan-Americana de Sade
PIB Produto Interno Bruto
PISQ Programa Internacional de Segurana Qumica
PMR Polcia Militar Rodoviria
PNUMA/UNEP Programa das Naes Unidas para o Meio Ambiente/United Nations Environment Programme
P2R2 Plano Nacional de Preveno, Preparao e Resposta Rpida aEmergncias Ambientais com Produtos Qumicos Perigosos
RIVM Rijksinstituut voor Volksgezondheid en Milieu/Instituto Nacional para Sade Pblica e Meio Ambiente
PROCARPE Programa de Cargas Perigosas
SAMA Diviso de Aes sobre Meio Ambiente
SES Secretaria de Estado da Sade
SINDEC Sistema Nacional de Defesa CivilSINVAS Sistema Nacional de Vigilncia Ambiental em Sade
ST Secretaria de Estado dos Transportes
SUS Sistema nico de Sade
TransAPELL APELL para a rea de Transportes
VAS Vigilncia Ambiental em Sade
VIGIAPP Vigilncia em Sade Ambiental dos Acidentes com Produtos Perigosos
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NDICE
1 INTRODUO .............................................................................................................. 121.1 ESCOLHA DO TEMA ............................................................................................................... 181.2 DELIMITAO DO PROBLEMA ............................................................................................. 201.3 OBJETIVO ...............................................................................................................................
231.4 METODOLOGIA ...................................................................................................................... 231.5 ESTRUTURA BSICA DA DISSERTAO ........................................................................... 272 SADE, MEIO AMBIENTE E PRODUTOS PERIGOSOS ........................................... 282.1 O PANORAMA MUNDIAL ........................................................................................................ 282.2 O PROBLEMA NO BRASIL E NO ESTADO DE SO PAULO ................................................ 312.3 A BASE LEGAL PARA ATUAO DAS EQUIPES DE VIGILNCIA EM SADE NOS
ACIDENTES COM PRODUTOS PERIGOSOS E SITUAES SEMELHANTES .................. 342.4 HISTRICO DA ATUAO DO CENTRO DE VIGILNCIA SANITRIA DO ESTADO DE
SO PAULO............................................................................................................................. 352.5 ESTADO DA ARTE PRINCIPAIS ESTUDOS QUE ABORDAM FATORES AMBIENTAIS
DE RISCO SADE ..................................................................................................... 423 ACIDENTES NO TRANSPORTE RODOVIRIO DE PRODUTOS PERIGOSOS
MODELOS DE ATUAO ........................................................................................... 523.1 A COMISSO DE ESTUDOS E PREVENO DE ACIDENTES NO TRANSPORTETERRESTRE DE PRODUTOS PERIGOSOS .........................................................................
54
3.2 OS MODELOS DE ATUAO INTERNACIONAIS ................................................................. 563.2.1 Gua para la Preparacin y Respuesta a Accidentes Qumicos:aspectos relativos a la
salud ..................................................................................................................................... 573.2.2 Hazardous Substances Emergency Events Surveillance system...................................... 583.2.3 Gua de Planeacin para Emergencias durante el Transporte de Materiales Peligrosos en
una Comunidad Local ........................................................................................................... 594 DIRETRIZES BSICAS PARA ATUAO DA VIGILNCIA EM SADE DO
ESTADO DE SO PAULO EM ACIDENTES NO TRANSPORTE RODOVIRIO DEPRODUTOS QUMICOS PERIGOSOS ........................................................................ 61
4.1 ASPECTOS GERAIS DA PROPOSTA .................................................................................... 61
4.2 VIAS DE EXPOSIO E CONSEQNCIAS PARA A SADE ............................................. 674.2.1 Inalao ................................................................................................................................. 694.2.2 Exposio Ocular .................................................................................................................. 694.2.3 Contato Drmico ................................................................................................................... 704.2.4 Ingesto ................................................................................................................................ 704.2.5 Tratamento de Intoxicaes Agudas ..................................................................................... 704.3 O PROCEDIMENTO OPERACIONAL ..................................................................................... 714.3.1 Preveno ............................................................................................................................. 714.3.2 Preparao ............................................................................................................................ 744.3.3 Resposta ............................................................................................................................... 784.3.4 Ps-acidente ......................................................................................................................... 834.4 NECESSIDADES DE COMUNICAO E INFORMAO ...................................................... 884.4.1 Comunicao e Informao entre as Equipes ...................................................................... 89
4.4.2 Informaes ao Pblico e aos Meios de Comunicao ........................................................ 894.4.3 Sistema de Informaes Integrado ....................................................................................... 905 CONCLUSES E RECOMENDAES ....................................................................... 926 REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS ............................................................................. 96ANEXOS .......................................................................................................................... 104Anexo 1 - Cpia do documento do Programa de Cargas Perigosas 1991 ............................. 105Anexo 2 - Matrias de jornal sobre acidentes no transporte rodovirio de produtos perigosos ... 106Anexo 3 - Zonas delimitadoras de limites de trabalho em emergncias qumicas.................... 107Anexo 4 - Fatores que contribuem para a contaminao ambiental resultar em efeitos nocivos. 108Anexo 5 - Fluxo de acionamento em acidentes com produtos perigosos (DER/ST) .................. 109GLOSSRIO .................................................................................................................... 110
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1 INTRODUO
Os acidentes no transporte rodovirio de produtos qumicos perigosos
(ATRPP) no devem ser considerados ocorrncias rotineiras de trnsito. Estesacidentes podem ter como conseqncia a emisso de substncias qumicas que,
segundo suas caractersticas fsicas, qumicas e toxicolgicas, tm o potencial de
causar danos ao meio ambiente e sade pblica (CETESB, 2003).
Alguns conceitos relacionados a acidentes com produtos perigosos sero
apresentados, para melhor entendimento do tema complexo no qual os ATRPP
esto inseridos.
BRASIL (2002) apresenta acidente como evento definido ou seqncia de
eventos fortuitos no planejados, que do origem a uma conseqncia especfica eindesejada, em termos de danos humanos, materiais ou ambientais (p. 11). E o
termo emergncia como situao crtica; acontecimento perigoso ou fortuito;
incidente; caso de urgncia (p. 98).
A organizao para atender acidentes ambientais no Estado de So Paulo
(ESP) foi marcada pela criao em 1978, do setor de operaes de emergncia da
Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental de So Paulo (CETESB). O
setor foi criado (...) com a finalidade de intervir em situaes emergenciais que
representam riscos ao meio ambiente, ocasionados por eventos acidentais ocorridosem atividades de produo, transporte, manipulao ou armazenamento de produtos
qumicos (GOUVEIA, 2005, p. 10).
Por razes conceituais a CETESB optou em meados de 2005, por mudar o
termo que definia o escopo de atuao do setor de operaes de emergncia.
Devido abrangncia do significado de acidentes ambientais, a definio mais
prxima da atividade desenvolvida por este setor foi adotada como sendo
atendimento a emergncias qumicas. E por emergncia qumica entende-se
qualquer situao envolvendo produtos qumicos que pode, de alguma forma,representar um perigo sade da populao, meio ambiente e aos patrimnios
pblico e privado, requerendo portanto, interveno imediata dos rgos pblicos
(CETESB, 2006a, p. 23).
Tambm (...) se utilizam os termos acidente qumico ou emergncia
qumica para referir-se a incidentes ou situaes perigosas provocadas por
descargas acidentais de uma substncia qumica ou substncias perigosas para a
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sade humana e/ ou para o meio ambiente. Estas situaes incluem incndios,
exploses, fugas ou descargas de substncias perigosas que podem causar a
morte, ou leses a um grande nmero de pessoas (PNUMA et al, 1998, p. 5).
A Conveno OIT 174/1993 da Organizao Internacional do Trabalho (OIT),
sobre a preveno de acidentes industriais maiores, ratificada pelo Brasil em 2002,
diz que: a expresso substncia perigosa designa toda substncia ou mistura de
substncias que, em razo de suas propriedades qumicas, fsicas ou toxicolgicas,
isoladas ou combinadas, constitui um perigo (OIT, 2002, p. 11).
INDAX (2000, p. 5) em seu manual de autoproteo para manuseio e
transporte rodovirio de produtos perigosos, define que perigo a propriedade de
causar danos (sic) inerente a uma substncia, a uma instalao ou procedimento e
que risco a propriedade de um perigo se materializar, causando determinadodano, ou seja, este ltimo a relao entre a probabilidade e a conseqncia de
um evento. O conceito de risco polmico, mas segundo Nardocci (1999), apesar
das diferenas, todas as definies sempre associam risco a uma probabilidade de
ocorrncia de um evento e a magnitude de suas conseqncias, variando apenas a
metodologia de avaliao e a interpretao dessas grandezas, a depender do tipo
de risco estudado, por exemplo, se epidemiolgico, tecnolgico, ambiental ou outro
(OLIVEIRA, 2005, p. 91).
A expresso Acidentes com Produtos Qumicos Perigosos ser adotada,neste trabalho, visando conciliar as definies e conceitos apresentados com a
legislao brasileira sobre o assunto. O objetivo que o setor sade utilize termos
compatveis com o universo em estudo.
O uso de produtos qumicos nas mais diversas atividades humanas uma
tendncia da vida moderna. Apesar de serem muito teis suas vrias formas de
aproveitamento, ao sarem da aplicao qual se destinam, ou seja, ao escaparem,
vazarem etc., passam a representar risco para o meio ambiente e para a sade.
Os acidentes com produtos qumicos perigosos no transporte rodoviriopodem ocorrer em qualquer lugar ao longo da rota, e as conseqncias so de difcil
controle pelas prprias caractersticas comumente associadas: descarga sbita de
grande massa de produtos perigosos, (...) fora e distante do parque industrial, (...)
locais prximos a comunidades, em geral carentes (STRAUCH, 2004, p. 7).
Informaes da CETESB em 2006, dizem que:
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O crescente nmero de acidentes ambientais com produtosperigosos no Estado de So Paulo vem preocupandoconsideravelmente as autoridades governamentais bem como oSistema de Meio Ambiente, tendo em vista que os mesmosacontecem freqentemente em reas densamente povoadas evulnerveis do ponto de vista ambiental, agravando assim osimpactos causados ao homem e ao meio ambiente (CETESB, 2006c).
Os dados apresentados a seguir so referentes s emergncias ambientais
atendidas pela CETESB. Embora no representem o nmero total de acidentes com
produtos perigosos que efetivamente ocorreram no ESP no perodo (GOUVEIA,
2004), podem fornecer uma idia aproximada da magnitude do problema.
A CETESB atendeu 6470 acidentes no ESP no perodo de 1978 a junho de
2006. Apresentam-se suas caractersticas, de acordo com a classificao por
atividade: transporte rodovirio (38,2%), outras (12,2%), nada constatado (9,9%),postos e sistemas retalhistas de combustveis (9,2%), indstria (7,4%), transporte
martimo (5,1%), descarte (5,0%), no identificada (4,9%), transporte por duto
(2,7%), armazenamento (2,7%), mancha rf (1,7%) e transporte ferrovirio (1,0%)
(CETESB, 2006b). O relatrio tcnico da CETESB (2006a, p. 25) explica que:
O item outras refere-se aos atendimentos realizados no transporteareo, laboratrios, oficinas mecnicas, aterros sanitrios, lixes,frigorficos, estaes de tratamento de gua e outras que no seenquadram nas demais atividades.
O item nada constatado refere-se a situaes onde o acionamentofeito CETESB indicava uma possvel emergncia, no entanto, apsa avaliao de campo no ficou caracterizada tal situao.
O item mancha rf refere-se s manchas de leo que apareceramno Esturio de Santos, normalmente durante o perodo noturno, semque seja possvel identificar a origem do vazamento e o responsvelpela poluio.
Figura 1 Emergncias qumicas atendidas pela CETESB, por atividade, de 1978 a junho de 2006.
AtividadesPerodo: 1978 - at junho de 2006 Total de acidentes: 6470
%Armazenamento 2,7Descarte 5,0Indstria 7,4
Mancha rf 1,7Nada constatado 9,9No identificada 4,9
Outras 12,2Postos e sistema retalhistas de c ombustveis 9,2
Transporte ferrovirio 1,0Transporte maritimo 5,1Transporte por duto 2,7
Transporte rodovirio 38,2
Extrado de: CETESB, 2006b
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A figura 1 mostra que no perodo de 1978 a junho de 2006, destacaram-se os
ATRPP em relao aos acidentes registrados em outras atividades. Ao observar a
Figura 2 abaixo, os ATRPP representaram 47% dos atendimentos, totalizando 197
emergncias apenas no ano de 2005 (CETESB, 2006a).
Figura 2 Emergncias qumicas atendidas pela CETESB, por atividade, em 2005.
Extrado de: CETESB, 2006a
Este quadro sobre as emergncias ambientais no ESP complementado por
informaes sobre as classes de risco envolvidas nos acidentes. As classes de risco
esto associadas s caractersticas toxicolgicas que devero ser observadas para
avaliao do risco sade, de acordo com a dose, o tempo e a via de exposio ao
produto qumico. Outros pontos a considerar: o estado fsico da substncia, se
lquido, slido ou gasoso, o raio de disperso do produto e a vulnerabilidade do
indivduo exposto.
Quanto s principais classes envolvidas nas emergncias qumicas em geral,
no perodo de 1978 a junho de 2006, apresenta-se: lquidos inflamveis (34,0%),
no identificadas (20,8%), corrosivas (11,1%), gases (10,5%), no classificadas
(9,8%), substncias perigosas diversas (6,1%), txicas/infectantes (2,6%), diversas
(2,5%), slidos inflamveis (1,7%) e oxidantes/perxidos (1,0%) (CETESB, 2006a).
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O relatrio tcnico da CETESB (2006a, p. 26) esclarece que:
O item no classificadas refere-se aos produtos no classificadoscomo perigosos pela legislao para efeito de transporte, como porexemplo, leos vegetais, concentrados ctricos e outros produtos. No
entanto, os vazamentos desses produtos podem causar sriosimpactos ao ambiente, principalmente aos recursos hdricos, razopela qual a CETESB tem atuado nesses episdios.
O item no identificadas refere-se s emergncias em que no foipossvel identificar o produto envolvido, seja por tratar-se de umresduo ou de um descarte de um produto em rede pblica de guaspluviais ou esgoto.
O item diversas refere-se aos atendimentos onde mais de umproduto qumico estava envolvido, como por exemplo, em
ocorrncias relativas a incndios em indstrias qumicas ou reas dearmazenamento ou no transporte rodovirio de diversos produtosqumicos (carga fracionada).
Figura 3 Emergncias qumicas atendidas pela CETESB, por classe de risco, de 1978 a junho de 2006.
Por classe de riscoPerodo: 1978 - at junho de 2006 Total de acidentes: 6470
%Gases 10,5
Lquidos inflamveis 34,0Slidos inflamveis 1,7
Oxidantes / Perxidos 1,0Txicas / Infectantes 2,6
Corrosivas 11,1Substncias Perigosas diversas 6,1
Diversas 2,5No identificadas 20,8No classificadas 9,8
Extrado de: CETESB, 2006b
As trs principais classes de risco verificadas no registro de ATRPP da
CETESB em 2005, tambm foram: lquidos inflamveis (43,0%), corrosivas (16%) e
gases (5,0%). Os acidentes com lquidos inflamveis podem resultar em incndios e
exploses, muitas vezes impactando nmero elevado de pessoas e o meio
ambiente. Os lquidos inflamveis comumente envolvidos nas emergncias so: a
gasolina, o lcool e o leo diesel. J entre os lquidos corrosivos destacam-se o
cido sulfrico, o cido clordrico, o cido fosfrico e a soda custica. Dentre os
gases, o maior nmero de ocorrncias atendidas pela CETESB em 2005 envolveu
gs natural, GLP gs de cozinha e amnia (CETESB, 2006a).
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O impacto sade relacionado s classes de risco mais comuns nas
emergncias qumicas, depender de fatores como: quantidade e forma de
disperso do produto, e impacto ambiental. A CETESB observou que na maioria dos
ATRPP atendidos no perodo de 1998 a julho de 2006 no houve contaminao
ambiental (40,3%). Nos casos onde ocorreu a contaminao ambiental o produto
qumico atingiu solo (31,1%), gua (14,3%), ar (7,3%), flora (5,6%) e fauna (1,3%)
(CETESB, 2006c).
Figura 4 -Emergncias qumicas atendidas pela CETESB, por tipo de contaminao, de 1998 a julho de 2006.
ContaminaoPerodo: 1998 - at julho de 2006 Total de acidentes: 1588
%
Solo 31,1Ar 7,3
gua 14,3Fauna 1,3Flora 5,6
No houve contaminao 40,3
Extrado de: CETESB, 2006c
O panorama apresentado aponta a gravidade do problema dos acidentes com
produtos qumicos perigosos, enfocando os ATRPP. As principais entidades que
atuam no atendimento das emergncias, ou na resposta a estes eventos, no ESP
so: a Coordenadoria Estadual de Defesa Civil (CEDEC), a Comisso Municipal deDefesa Civil (COMDEC), o rgo ambiental (CETESB), o comando de policiamento
rodovirio estadual (CPRv), federal e o corpo de bombeiros (CB), ambos da Polcia
Militar, departamento de estradas de rodagem (DER), concessionrias de rodovias e
segmentos envolvidos no transporte de produtos perigosos, tais como
transportadores e fabricantes.
A atuao nos ATRPP envolve as quatro fases do gerenciamento de risco de
acidentes com produtos qumicos perigosos: preveno, preparao, resposta e
acompanhamento (PNUMA et al, 1998). No ESP estas etapas so desenvolvidas
com base em procedimentos operacionais definidos pelas entidades responsveis
por estas atividades, de acordo com a competncia legal de cada uma delas. A
etapa de acompanhamento conhecida entre as equipes de emergncia como
aes de rescaldo, aes ps-emergncia ou ainda, aes ps-acidente. A fim de
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Considerando-se a situao apresentada e os (...) riscos sade advindos
de condies ambientais adversas (...) que muitas vezes atingem grupos
vulnerveis, impe-se ao setor sade (...) a necessidade de estudar problemas
ambientais e intervir sobre novos problemas, bem como abordar velhos problemas
segundo uma nova perspectiva integradora (BARCELLOS e QUITRIO, 2006, p. 171).
O ESP, como todo o pas, est diante de elementos novos quanto ao escopo
de atuao do setor sade. Questes amplas como a necessidade de conviver com
as substncias qumicas, seus riscos e benefcios, levam a crer que os fatores
ambientais de risco sade tendem a se consolidar como objeto de ao do setor
sade. E a preparao para responder a essa mudana de paradigma um
processo em construo com o qual este trabalho pretende contribuir, no que se
refere organizao das aes de vigilncia em sade nos ATRPP.As equipes tcnicas que atendem acidentes no transporte rodovirio de
produtos perigosos, ao responderem a estas ocorrncias, seguem as regras ditadas
por suas respectivas entidades. Apesar dos tcnicos das equipes municipais e
regionais de vigilncia em sade muitas vezes serem acionados para agir em
emergncias deste tipo, ainda no tm definidas as aes que devero desenvolver.
De modo geral o setor sade limita-se a realizar o atendimento mdico-hospitalar de
urgncia e emergncia, porm vem sendo requisitado cada vez mais em situaes
de risco sade, o que faz parte do escopo de atuao das equipes de vigilncia.Atuar sobre os fatores ambientais de risco sade est entre as
competncias legais da vigilncia em sade, por isso, torna-se necessrio que o
nvel estadual da vigilncia proponha diretrizes para orientar o trabalho dos tcnicos
municipais e regionais. O procedimento operacional a ser apresentado neste projeto
visa preencher esta lacuna.
A escolha por desenvolver os procedimentos para as equipes de vigilncia em
sade considerou que a estrutura das vigilncias municipais varia bastante no ESP.
Assim, optou-se por no limitar a ao apenas para um tipo de vigilncia, fossesanitria, epidemiolgica ou ambiental. As aes de vigilncia integram-se na
vigilncia em sade independente da estrutura observada nos municpios.
No nvel regional e central, as aes de vigilncia dos acidentes com produtos
qumicos perigosos precisam ser desenvolvidas em conjunto pela vigilncia sanitria
e epidemiolgica, uma vez que no existe vigilncia em sade ambiental instituda
no ESP. Outros setores da Secretaria de Estado da Sade (SES) tambm podem
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contribuir, entre eles: Instituto Adolfo Lutz (IAL) e laboratrios regionais de sade
pblica, Central de Regulao Estadual e Metropolitana (CREM) e Central Estadual
de Regulao de Alta Complexidade (CERAC).
1.2 DELIMITAO DO PROBLEMA
A escolha de acidentes no transporte rodovirio de produtos perigosos, e no
de acidentes com produtos qumicos perigosos em geral, foi necessria
principalmente porque ser o primeiro modelo proposto para a atuao das equipes
de vigilncia em sade do ESP nestes eventos, e no seria possvel abranger todos
os tipos de acidentes de uma s vez. Alm disso, os riscos associados ao transporte
de produtos qumicos perigosos renem questes complexas e fundamentais para asade pblica, tais como: movimentao de veculos prxima de reas densamente
povoadas e probabilidade de que o acidente ocorra em qualquer ponto da rota.
Os dados sobre acidentes com produtos perigosos j apresentados, em
conjunto com as informaes abaixo, contribuem para delimitar o problema. Vale
ressaltar que as informaes fornecidas no so comparveis, pois as entidades
registram apenas os dados referentes aos acidentes onde atuaram e estes nmeros
no representam necessariamente o universo das ocorrncias.
Figura 5 - Distribuio anual das emergncias qumicas atendidas pela CETESB notransporte rodovirio de produtos perigosos, no perodo de 1983 a julho de 2006.
AnoPerodo: 1983 - at julho de 2006 Total de acidentes: 2493
2006 942005 1972004 2082003 1832002 2062001 1942000 1821999 2031998 1211997 1171996 1081995 771994 751993 841992 861991 721990 431989 701988 421987 471986 481985 281984 61983 2
Extrado de: CETESB, 2006c
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Observa-se tendncia crescente no nmero de ATRPP at 1999 e depois
certa estabilidade em patamares elevados. At 1982 a CETESB no atendia ATRPP
e o aumento acentuado de atendimentos, de 1998 para 1999, coincide com a
promulgao da Lei de Crimes Ambientais n 9605/98 que estabeleceu sanes
penais e administrativas derivadas de condutas e atividades lesivas ao meio
ambiente. A tendncia estabilidade no nmero de ocorrncias se d no ano
seguinte ao da publicao da Lei (CETESB, 2006a).
O CB contribui na coleta e anlise de dados levantados durante o
atendimento a ATRPP que realiza. Os dados refletem o nmero de acidentes em
que o CB atuou e registram informaes fundamentais para a atuao dos
profissionais de vigilncia. Entre as quais: ocorrncia de vazamento durante otransporte, acidentes com e sem vtimas, diferenciando nmero de feridos e bitos
devido ao produto, alm da razo de bitos com relao ao total de acidentes.
Tabela 1 - Nmero de acidentes, nmero de feridos, nmero de bitos com o transporte rodovirioenvolvendo produtos perigosos, registrados pelo CB de So Paulo, no perodo 1996 a 2001.
ANOAcidentes
detransporte
comvtimas
Acidentesde
transportesem
vtimas
Vazamentosde
produtosdurante otransporte
Total dosacidentes
detransporte
Nmerode
feridospelo
produto
Nmerode
bitospelo
produto
Totaldas
vtimas
Razobito/
total deacidentes
1996 75 113 753 941 120 17 137 0,018
1997 136 82 645 863 136 22 158 0,025
1998 116 71 646 833 131 16 147 0,019
1999 124 74 587 785 145 18 163 0,023
2000 106 85 562 753 113 11 124 0,015
2001 113 100 560 773 130 11 141 0,014
Total 670 525 3753 4948 775 95 870 0,020
Extrado de: Leal (2003)
Nas rodovias estaduais, os dados coletados durante ocorrncias atendidas
pelo CPRv no diferenciam se as pessoas foram vitimadas pelo produto ou por outro
fator relativo ao acidente. A viso geral da tabela 2 mostra certa reduo no nmero
de feridos e bitos com relao ao nmero total de acidentes por ano, mas ao longo
dos anos mantm-se o nmero de acidentes, feridos e bitos.
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Tabela 2 - Nmero de acidentes de transporte rodovirio envolvendo produtos perigosos pornmero de vtimas em estradas policiadas pelo CPRv. Perodo 1996 a 2001.
ANONmero
de acidentes
Nmero
de feridos
Nmero
de bitos
Razo
bito/acidente
1996 429 14,5% 236 21,9% 45 20,1% 0,101997 487 16,5% 161 14,9% 52 23,2% 0,11
1998 510 17,2% 173 16,0% 29 12,9% 0,06
1999 566 19,1% 199 18,5% 42 18,8% 0,07
2000 485 16,4% 178 16,5% 24 10,7% 0,05
2001 481 16,3% 131 12,2% 32 14,3% 0,07
Total 2958 100,0% 1078 100,0% 224 100,0% -
Extrado de: Leal (2003)
Em ST (2005, p. 266) apresenta-se estudo com base na estimativa de custosde vtimas por acidente no Brasil em 2005. Extrapolando-se os valores para
realidade do ESP, os acidentes ocorridos nas estradas paulistas custaram para a
sociedade:
Em 2003 = 5,1 bilhes de reais;
Em 2004 = 6,0 bilhes de reais;
Em 2005 = 6,3 bilhes de reais.
Na tabela 3 podem ser observados os custos dos acidentes nas rodovias
paulistas em 2005, de acordo com o tipo de ocorrncia:
Tabela 3 Custos dos acidentes nas rodovias paulistas em 2005.
Custos (bilhes R$)
Tiposde
ocorrncia
Nmerode
vtimas
Relativoss
vtimas
Relativoaos
acidentesTotais
Mortos 2.333 3.161 1.086 4.247Feridos graves 7.857 1.226 262 1.488
Feridos leves 27.858 376 147 522
Acidentessem vtimas
48.168 - 66 66
Total 86.216 4.762 1.561 6.324
Extrado de: ST, 2005
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Alm da justificativa baseada nas estatsticas, o acesso a documentos
relativos ao tema e s legislaes especficas e atualizadas, contribuiu para
demarcar os ATRPP como foco do trabalho. A Comisso Central da Secretaria dos
Transportes (ST) colaborou bastante neste sentido. Desde 2002, o Centro de
Vigilncia Sanitria (CVS) participa deste frum de discusso intersetorial cuja
iniciativa nica no pas.
Apesar dos acidentes no transporte rodovirio de produtos perigosos estarem
em primeiro lugar entre as ocorrncias atendidas pelo setor de operaes de
emergncia da CETESB, no significa necessariamente que representem maior
risco sade pblica. No entanto, o fato desta rea estar melhor estruturada em
termos de regulao e fruns intersetoriais, somado com a leitura dos dadosapresentados, ajudaram na deciso por este tipo de acidente a ser abordado sob a
tica de risco sade.
1.3 OBJETIVO
Elaborar diretrizes bsicas e procedimento operacional para orientar aatuao das equipes de vigilncia em sade do Estado de So Paulo nas quatro
etapas do gerenciamento de risco de acidentes no transporte rodovirio de produtos
perigosos: preveno, preparao, resposta e ps-acidente.
1.4 METODOLOGIA
Na elaborao das diretrizes bsicas e o procedimento operacional para
atuao das equipes de vigilncia em sade nas situaes de acidentes no
transporte rodovirio de produtos qumicos perigosos foram considerados:
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a) Diferentes tipos de documentos referentes a acidentes com
produtos perigosos, em especial aqueles que propunham aes
relativas atuao nas fases de gerenciamento de risco e
modelos de vigilncia relativos a estes eventos;
b) A experincia acumulada pela equipe de profissionais da SES
no enfrentamento de acidentes semelhantes.
Dado o carter tcnico desta proposta e a necessidade de enfocar as aes
concretas de controle, o procedimento habitual de reviso sistemtica no se
mostrou completamente adequado, pois o tipo de documentao buscado
dificilmente estaria indexado em bases bibliogrficas. A maioria dos documentos de
interesse pertence classe de documentos referidos como literatura cinzenta isto
, aquela que no est indexada de maneira convencional. Entretanto, a existnciade sistemas de busca eletrnica na Internet, possibilita o acesso a esses
documentos. Entre os quais se pode citar:
Hazardous substances emergency events surveillance system: protocol
and training manual;
TransAPELL: una gua de planeacin para emergencias durante el
transporte de materiales peligrosos en una comunidad local;
Sistema integrado de gesto para preveno, preparao e resposta
aos acidentes qumicos: manual de orientao.O acesso literatura tcnica sobre o tema ocorreu muitas vezes, por meio de
material recebido em seminrios e cursos organizados pelo Ministrio da Sade
(MS) e Ministrio do Trabalho (MT) nos ltimos cinco anos. Este material varia desde
livros da Organizao Mundial de Sade, anais de seminrios e outros eventos
sobre segurana qumica, at CD-ROMs com apresentaes de palestrantes e
professores, relatrios tcnicos e documentos utilizados como base para a
construo dos cursos, seminrios e reunies tcnicas. Principais documentos
analisados nesta categoria: Gua para la preparacin y respuesta a acidentes qumicos: aspectos
relativos a la salud;
Vigilancia epidemiolgica sanitaria en situaciones de desastre: gua
para el nivel local;
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Preparativos de salud para situaciones de desastres: gua para en nivel
local;
Manual de orientao para avaliao de sade pblica (ATSDR -
verso traduzida para o portugus);
Procedimento operacional padro para atendimento a emergncias
pertencentes CETESB, ao CPRv/PMR e ao CB/PM.
Algumas informaes foram levantadas em bancos de dados como o scieloe
em websitesda rea de sade pblica, como o da Faculdade de Sade Pblica da
Universidade de So Paulo. O procedimento de busca para reviso de literatura foi
realizado da seguinte maneira:
a) Por palavras chave, tais como: acidente; acidente com produtoperigoso; acidente qumico transporte; acidente qumico ampliado;
vigilncia; vigilncia em sade; substncias qumicas; substncias
perigosas; produtos perigosos; segurana qumica; problemas
ambientais; sade ambiental; avaliao de risco.
b) Por indicao de outros autores: a partir de cada trabalho acessado,
foram verificadas as referncias bibliogrficas para seleo de
publicaes de interesse para a pesquisa a ser desenvolvida.
A anlise documental foi o principal mtodo aplicado para o desenvolvimento
do trabalho, por meio de pesquisa bibliogrfica e de documentos. As etapas de
coleta de documentos e anlise de contedo foramrealizadas na seguinte ordem:
localizao dos documentos; avaliao da natureza dos dados documentais; seleo
dos documentos; anlise crtica dos documentos; anlise de contedo; reduo dos
dados; apresentao das informaes analisadas (em forma de procedimento
operacional)e concluso (CALADO e FERREIRA, 2004/2005).
A metodologia permitiu conhecer os procedimentos adotados pelas principaisentidades responsveis por atender acidentes com produtos qumicos perigosos,
resgatar o histrico do envolvimento da vigilncia em sade do ESP e do Brasil, bem
como conhecer modelos adotados em outros pases.
A primeira etapa da pesquisa foi caracterizada por leitura crtica e seleo de
material referente ao tema, passo fundamental para a escolha de livros, artigos
cientficos, dissertaes e teses, normas tcnicas nacionais e internacionais
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relevantes frente ao enfoque eleito. Informaes disponveis em endereos
eletrnicos nacionais e internacionais de agncias ambientais e de sade
complementaram o trabalho. Esta pesquisa via Internet permitiu acesso ao protocolo
estabelecido pela Agncia de Substncias Txicas e Registro de Doenas dos
Estados Unidos(Agency for Toxic Substances & Disease Registry - ATSDR).
A literatura encontrada sobre acidentes com produtos qumicos perigosos
vasta. Porm, as abordagens que envolvem o setor sade so limitadas por
destacarem as aes relativas assistncia mdica e hospitalar.
Em nvel nacional, percebe-se crescente desenvolvimento de dissertaes e
artigos sob o enfoque de sade pblica. Os documentos do MS referem-se
basicamente, ao estabelecimento de sistema de registros de dados e so
geralmente provenientes de seminrios regionais e nacionais.Na fase de observao dos modelos internacionais foi realizada visita de
campo ao Centro para Segurana Externa do Instituto Nacional para Sade Pblica
e Meio Ambiente da Holanda (Centrum voor Externe Veiligheid/ Rijksinstituut voor
Volksgezondheid en Milieu-CEV/RIVM The Netherlands). A visita permitiu
conhecer a atuao relativa vigilncia da sade da populao neste pas, quanto
aos acidentes no transporte rodovirio de produtos perigosos. A partir da visita
tambm foi disponibilizado material tcnico que inclua desde artigos cientficos at o
documento Report on information requirements: major accident risks decree99, quedeve ser seguido por empresas do ramo instaladas na Holanda.
A construo do procedimento operacional proposto considerou princpios
bsicos de toxicologia e teve como base, terico-prtica, a analogia ao modelo de
investigao de surtos em epidemiologia:
Identificao da situao suspeita;
Identificao dos possveis danos sade;
Identificao de grupos vulnerveis;
Seleo de medidas de interveno e avaliao das intervenes.A experincia profissional adquirida pelo autor durante os dez anos de
atuao na Diviso de Aes sobre o Meio Ambiente do Centro de Vigilncia
Sanitria (SAMA/CVS), sendo os quatro ltimos anos diretamente dedicados
estruturao das aes de vigilncia em sade ambiental relacionada aos acidentes
com produtos qumicos perigosos, foi fundamental para desenvolver o projeto. Sua
participao na Comisso Central, por meio da representao do CVS, facilitou o
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acesso a entidades envolvidas com a temtica, assim como a informaes e dados
primrios e secundrios sobre acidentes com produtos qumicos perigosos
atendidos no ESP. Na SES/SP foram consultadas outras reas tcnicas, por meio
do Ncleo de Emergncias Ambientais em Sade.
1.5 ESTRUTURA BSICA DA DISSERTAO
No captulo 1 apresentam-se conceitos e definies que embasaram a
escolha do tema e do recorte proposto, bem como os objetivos que se pretende
atingir.O captulo 2 traz o contexto que levou o Brasil e o ESP a preocuparem-se
com os acidentes com produtos perigosos em geral e com os ATRPP, considerando
aspectos histricos, legais e de risco sade.
No 3 captulo estudam-se modelos utilizados nacional e internacionalmente,
que serviro como base para a organizao da vigilncia em sade dos acidentes
no transporte rodovirio de produtos perigosos no ESP.
As diretrizes bsicas e o procedimento operacional de atuao propostos so
apresentados no captulo 4, onde tambm se discutem os achados do projeto.O captulo 5 foi reservado para as concluses e recomendaes,
considerando as limitaes da pesquisa.
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2 SADE, MEIO AMBIENTE E PRODUTOS PERIGOSOS
2.1 O PANORAMA MUNDIAL
As conseqncias ambientais e sade, decorrentes dos perigos associados
s substncias qumicas, surgiram como objeto de preocupao internacional na
dcada de 1970. A Conferncia das Naes Unidas sobre o Meio Ambiente
Humano, em Estocolmo, foi o espao dos primeiros debates sobre o tema.
A discusso mundial sobre segurana qumica da Conferncia de Estocolmo
ocorreu sob condies peculiares. Em 1972, o debate foi caracterizado porargumentaes dos pases em desenvolvimento incluindo o Brasil, contra as
recomendaes apresentadas pelos pases desenvolvidos para conservao dos
recursos naturais. A necessidade de desenvolvimento econmico rpido estava
acima da preocupao com o controle ambiental. Os pases em desenvolvimento
que enfrentavam a misria, problemas de saneamento bsico, doenas infecciosas
etc., questionavam a legitimidade das recomendaes dos pases ricos dizendo que
as medidas propostas poderiam retardar e encarecer sua industrializao (SO
PAULO, 1997).As recomendaes resultantes desta Conferncia levaram criao em 1980,
do Programa Internacional de Segurana Qumica (PISQ), com objetivo de avaliar
os riscos das substncias qumicas para a sade humana e o meio ambiente, e
estabelecer base cientfica para que os estados membros pudessem elaborar suas
prprias medidas de segurana qumica (ARCURI e FREITAS, 2001, p.11).
A preocupao internacional com a segurana qumica era reflexo do
pioneirismo na industrializao, principalmente nos pases europeus. Por estarem
convivendo com as conseqncias de acidentes industriais, despertavam para anecessidade de buscar modelos sustentveis para a sade e o meio ambiente.
A dcada de 1980 marcada no contexto mundial, por vrios episdios de
acidentes envolvendo produtos perigosos que afetaram alm da sade dos
trabalhadores, a sade da populao do entorno de instalaes industriais. No
acidente qumico ampliado que aconteceu na cidade de Seveso na Itlia em 1976,
por exemplo:
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220.000 pessoas foram expostas nuvem txica contendo 2, 3, 7,8 tetraclorodibenzeno-p-dioxina ou agente laranja;
193 desenvolveram cloroacne, 34 morreram e houve grande danoambiental;
700 pessoas foram evacuadas (NUNES, 2005, p. 29);
3.000 animais morreram devido contaminao; 70.000 animais tiveram que ser sacrificados para evitar a entradada dioxina na cadeia alimentar(http://pt.wikipedia.org/wiki/Acidente_Seveso, acesso: 7/8/2006).
Diversos acidentes ocorreram na Europa na mesma poca, porm este
emblemtico, pois levou formulao da Diretiva dos Riscos de Acidentes
Ampliados, conhecida como Diretiva de Seveso. A partir de 1982, os estados
membros da Comunidade Europia aprovaram o sistema de registro de acidentes
ampliados (Major Accidents Reporting System-MARS) visando a notificao doseventos, a anlise das causas imediatas e subjacentes e a gerao de dados para
propor medidas de preveno(FREITAS et al, 1995; FREITAS NBB et al, 2000).
Aps a criao da Diretiva de Seveso, vrias iniciativas passaram a incentivar
a prtica da preveno, preparao e resposta a acidentes qumicos. Entre as quais:
O Programa das Naes Unidas para o Meio Ambiente (UnitedNations Environment Programme-UNEP/PNUMA) desenvolveu em1988 o Alerta e Preparao de Comunidades para Emergncias
Locais (Awareness and Preparedness for Emergencies at LocalLevel-APELL), que um processo de ao cooperativa local, visandointensificar a conscientizao e a preparao da comunidade parasituaes de emergncia. Nele previsto que os planos deemergncia da indstria, ou seja, da fonte fixa,sejamintegrados aosplanos dos servios de atendimentos a emergncias locais (defesacivil, bombeiros, polcia, servios mdicos, rgos ambientais etc.),voltados para a comunidade. No entanto, acidentes ocorridosrecentemente mostram que ainda necessrio promover o APELLpara outros setores industriais. O APELL j foi estendido para a reade transportes (TransAPELL), para a rea porturia (APELL for PortAreas) e recentemente para a reas de Minerao (APELL forMining) (UNEP, 2003).
Na Conferncia das Naes Unidas sobre o Meio Ambiente e
Desenvolvimento (ECO92, Rio92 ou Cpula da Terra) a importncia da mobilizao
da comunidade internacional em torno da necessidade de uma urgente mudana de
comportamento visando preservao da vida na Terra (SO PAULO, 1997) foi
consenso. A Agenda 21 documento resultante da Rio 92, props em seu captulo 19,
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garantir o gerenciamento ecologicamente saudvel das substncias qumicas
txicas. O PISQ foi fortalecido na questo do controle dos danos provocados por
estes produtos, sugerindo-se inclusive a criao do Frum Intergovernamental de
Segurana Qumica (FISQ) (ARCURI e FREITAS, 2001, p. 12) o que se concretizou
em 1994.
Outra iniciativa de destaque foi a realizao da oficina Acidentes Qumicos:
aspectos relativos a sade/Guia para preparao e resposta para profissionais de
sade e de resposta a emergncias, realizada em 1993 na Holanda, organizada
pelo PISQ/Organizao de Cooperao e Desenvolvimento Econmico-
OCDE/PNUMA/Organizao Mundial de Sade OMS. O evento focou a integrao
do setor sade: autoridades locais e regionais de sade, hospitais e centros de
informao toxicolgica etc., com organizaes tais como: defesa civil, servios deresgate, indstria e autoridades pblicas, ambos cientes da necessidade de alcanar
eficincia no trabalho conjunto (PNUMA et al; 1998). No documento final
apresentaram-se medidas para a rea de sade atuar nas quatro etapas do
gerenciamento de risco dos acidentes qumicos. Tanto o modelo do guia para
preparao e resposta a acidentes qumicos quanto do TransAPELL sero
abordados em captulo posterior.
Esta movimentao mundial pode ser entendida ao observar algumas
informaes sobre circulao de produtos perigosos. Segundo Gusmo:
De acordo com dados da indstria qumica, cerca de 100.000produtos perigosos circulam hoje no mercado mundial, e cerca de2.000 deles so novos e entram anualmente no mercado comercial,sem que os efeitos dessa grande produo sejam previamenteavaliados. Na atividade referente ao transporte, seja em que modal1for, produtos perigosos so aqueles classificados pela ONU(Organizao das Naes Unidas), totalizando hoje mais de 3.000produtos (STRAUCH, 2004, p. 5).
A dimenso do comrcio global de produtos qumicos orgnicos em quatroperodos mostrada na tabela 4, lembrando que o armazenamento e o transporte
tambm cresceram proporcionalmente:
1A palavra modal deve ser jargo, pois no foi encontrada definio nos dicionrios consultados. Pode ser
entendida como modo ou modalidade de transporte.
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Tabela 4 - Comercializao mundial de produtos qumicos orgnicos em quatro dcadas.
Ano Circulao de Produtos Qumicos Orgnicos (em Toneladas)
1950 7 milhes
1970 63 milhes
1985 250 milhes
1990 300 milhesExtrado de: FREITAS e AMORIM, 2001
2.2 O PROBLEMA NO BRASIL E NO ESTADO DE SO PAULO
OLIVEIRA (2005) e VALENTIM (2005) aprofundaram o estudo daindustrializao e suas implicaes sobre os fatores ambientais de risco sade, e
apontaram para o fato de que o maior crescimento industrial no Brasil, e no ESP,
ocorreu aps os anos 50. A partir desta poca as reas industriais paulistanas
comeam a ser deslocadas dos pontos centrais da Capital para bairros perifricos e
municpios vizinhos. Esta mudana influenciou o aumento populacional tambm
neste sentido, pois as indstrias significavam emprego, tanto para os paulistas
quanto para pessoas que vinham de outros estados do pas.
Grillo (1997) diz que nos anos 50 que se inicia o declnio do transporteferrovirio e a valorizao e expanso das rodovias (VALENTIM, 2005). A adoo
do modal rodovirio estendeu-se ao transporte de produtos qumicos ao longo dos
anos, e esta movimentao gerou risco ao meio ambiente e sade da populao,
de acordo com a gravidade dos acidentes no transporte rodovirio de produtos
perigosos.
A viso do desenvolvimento de tecnologias a qualquer custo, que esteve
presente na Europa no perodo da revoluo industrial, surgiu no pas na dcada de
1970 em consonncia com a preconizao do milagre econmico. Odesenvolvimento na indstria brasileira resultou em aumento na circulao de
produtos qumicos e proporcionalmente, no risco de acidentes. Assim como
aconteceu nos pases desenvolvidos, o Brasil sofreu inicialmente conseqncias
relacionadas a acidentes com produtos qumicos perigosos para depois preocupar-
se em definir polticas pblicas dirigidas ao enfrentamento do problema.
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O setor pblico comeou a organizar-se para responder a esta demanda. A
CETESB que foi criada em 1968, atendeu o primeiro acidente com produto qumico,
um vazamento de petrleo, em 1978. Em razo da capacitao e experincia
adquirida em ocorrncias anteriores, passa a atender a partir de 1983, outros tipos
de emergncias qumicas, inclusive no transporte rodovirio de produtos perigosos.
Os rgos pblicos buscavam preparar-se para cumprir seu papel legal, tanto
na ao quanto na criao de leis para regular a atuao de responsabilidade do
setor privado:
O Brasil foi o primeiro pas da Amrica Latina a criar umaregulamentao para o transporte de produtos perigosos, foi oDecreto Lei n 2.063 (06/10/83), regulamentado pelo Decreto n88.821 (06/10/83) e complementado pelas instrues contidas na
Portaria n 291 (31/05/88), aps o acidente com o transporte doproduto chamado pentaclorofenato de sdio p da china quevitimou seis pessoas no Rio de Janeiro. Posteriormente, houvenecessidade de reviso do Decreto devido a excessos burocrticosque limitavam o fluxo exigido para uma operao de transporte,tendo sido aprovado, hoje em vigor, o Decreto 96.044 (18/05/88)(ARAJO, 2001, p. 403).
Houve mudanas nas instrues complementares do Decreto 96.044 de 18/5
de 1988. Inicialmente a Portaria MT 291 de 31/5/1988 foi revogada pela Portaria MT
204 de 26/05/1997 e, mais recentemente, esta ltima foi revogada pela ResoluoANTT n 420 de 12/02/2004 que continua em vigor. A Agncia Nacional dos
Transportes Rodovirios (ANTT) afirma que a referncia conceitual da Resoluo
420 internacional: Comit das Naes Unidas sobre o Transporte de Produtos
Perigosos e Acordo Europeu sobre o Transporte de Produtos Perigosos por Rodovia
(ADR sigla em ingls) (MT, 2004).
Costa (1998) observou esta tendncia dos governos nacionais definirem
procedimentos com base em polticas supranacionais, sendo deste modo
importante a compreenso do papel das organizaes internacionais e da influnciadelas na definio de agendas nacionais OLIVEIRA (2005, p. 21).
Apoiar-se em modelos adotados em outros pases pode ser a estratgia
interessante para aprender a lidar com novas realidades, desde que respeitada a
especificidade brasileira. O pas tem procedido desta forma e sediar eventos
internacionais uma das tticas utilizadas para conhecer melhor os exemplos
internacionais. O Seminrio Internacional de Segurana Qumica: o contexto
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brasileiro, bem como o Foro Intergovernamental de Segurana Qumica (FISQ),
organizados e presididos no Brasil, so bons exemplos. A necessidade de
organizao para responder s questes segurana qumica o que impulsiona o
pas neste sentido:
A indstria qumica brasileira est entre as dez maiores do mundo. Osetor responde por cerca de 3% da formao do Produto InternoBruto (PIB) do pas, emprega por volta de 300 mil pessoas e figuraentre os maiores exportadores industriais do Brasil. Os produtosfabricados pela indstria qumica so utilizados em praticamentetodas as atividades humanas, da gerao de alimentos e purificaode gua fabricao de computadores e equipamentosaeroespaciais (ABIQUIM, 2006, p. 280).
Figura 6 - Participao da indstria qumica no PIB total brasileiro (em %)
FONTE: ABIQUIM, 2006
Alm disso, segundo FREITAS e SOUZA (2002, p. 254):
Hoje, a gesto da segurana qumica no Brasil pelos governosfederal, estadual ou municipal, vem sendo desenvolvida de maneiraineficiente e com pouca integrao entre os vrios setores e grupossociais envolvidos, tendo como conseqncias o conflito decompetncias entre diferentes rgos dos governos, omisses e a
falta de capacidade instalada de recursos humanos e tcnicos,mormente no que se refere proteo da sade e do meio ambiente.Embora o arcabouo legal disponvel possa ser consideradorelativamente vasto, na prtica no se mostra factvel frente contnua desestruturao dos rgos de governo, sendo isto emparte o resultado das descontinuidades das polticas pblicas e dafalta de recursos financeiros para os setores ambiental e de sade.
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2.3 A BASE LEGAL PARA ATUAO DAS EQUIPES DE VIGILNCIA EMSADE NOS ACIDENTES COM PRODUTOS PERIGOSOS E SITUAESSEMELHANTES
Embora as aes de vigilncia sanitria anteriormente designadas de controlee fiscalizao, existam desde o Brasil colnia, s recentemente os acidentes que
resultam em contaminao ambiental e possveis danos para a sade humana
passaram a fazer parte do escopo de atuao da vigilncia em sade. Entretanto,
desde a criao do Sistema nico de Sade (SUS) existem dispositivos legais que
amparam essa atuao.
A Constituio do Brasil, de 1988, no artigo 200, atribui competncias ao
SUS, entre as quais: executar aes de vigilncia sanitria e epidemiolgica... e
participar do controle e fiscalizao da produo, transporte, guarda e utilizao desubstncias e produtos psicoativos, txicos e radioativos.
O desenvolvimento de aes de vigilncia em sade sobre o meio ambiente
tem como base a Lei 8080/90, principalmente quanto s atividades de saneamento
bsico: abastecimento de gua, coleta e tratamento de esgotos e de lixo domiciliar.
A ocorrncia cada vez mais freqente de situaes tais como o conhecido
caso Rhodia, de contaminao do solo por resduos organoclorados, na Baixada
Santista, aponta para a (...) necessidade de superao do modelo de vigilncia
sade baseado em agravos e a incorporao da temtica ambiental nas prticas desade pblica (BARCELLOS e QUITRIO, 2006, p. 171). A Lei 10.083/98, o Cdigo
Sanitrio do ESP, que define competncias para atuao das equipes de vigilncia
em sade, busca subsidiar legalmente a resposta a este novo desafio:
Artigo 1 - Este Cdigo atender aos princpios expressos nasConstituies Federal e Estadual, nas Leis Orgnicas de Sade Leisn 8080, de 19/09/1990 e 8.142, de 28/09/1990, no Cdigo de Defesado Consumidor Lei n 8.078 de 11/09/1990 e no Cdigo de Sade doEstado de So Paulo Lei Complementar n 791, de 09/03/1995,
baseando-se nos seguintes preceitos:
II articulao intra e interinstitucional, atravs do trabalhointegrado e articulado entre os diversos rgos que atuam ouse relacionam com a rea de sade.
Artigo 2 Os princpios expressos neste Cdigo disporo sobreproteo, promoo e preservao da sade, no que se refere satividades de interesse sade e meio ambiente, nele includo o dotrabalho, e tm os seguintes objetivos:
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II promover a melhoria da qualidade do meio ambiente, neleincludo o do trabalho, garantindo condies de sade,segurana e bem estar pblico.
Artigo 11 Constitui finalidade das aes de vigilncia sanitriasobre o meio ambiente o enfrentamento dos problemas ambientais eecolgicos, de modo a serem sanados ou minimizados a fim de norepresentarem risco vida, levando em considerao aspectos daeconomia, da poltica, da cultura e da cincia e tecnologia, comvistas ao desenvolvimento sustentado, como forma de garantir aqualidade de vida e a proteo ao meio ambiente.
Artigo 12 So fatores ambientais de risco sade aquelesdecorrentes de qualquer situao ou atividade no meio ambiente,principalmente os relacionados organizao territorial, ao ambienteconstrudo, ao saneamento ambiental, s fontes de poluio,
proliferao de artrpodes nocivos, a vetores e hospedeirosintermedirios, s atividades produtivas e de consumo, ssubstncias perigosas, txicas, explosivas, inflamveis, corrosivas eradioativas e a quaisquer outros fatores que ocasionem ou possamvir a ocasionar risco ou dano sade, vida ou qualidade de vida.
A simples existncia das bases legais, entretanto, no garantia de atuao.
necessrio que os rgos encarregados organizem suas atividades, definam
procedimentos de ao e priorizem estes problemas. To pouco a criao de um
sistema de informaes sobre acidentes suficiente. A informao gerada s sertil quando for utilizada para a ao de modo que as investigaes possam gerar
novas informaes retroalimentando o sistema.
2.4 HISTRICO DA ATUAO DO CENTRO DE VIGILNCIA SANITRIADO ESTADO DE SO PAULO
O primeiro registro encontrado sobre o envolvimento do setor sade, mais
especificamente do CVS/SP, com o tema produtos perigosos data de 1991. O
documento, que apresentado no Anexo 1, mostra que a Secretaria dos
Transportes do Municpio de So Paulo, por meio da Companhia de Engenharia de
Trfego (CET) em conjunto com entidades pblicas e privadas, empenhava-se na
implantao do Programa de Cargas Perigosas (PROCARPE). A nomenclatura
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utilizada no Brasil naquela poca passou por mudanas, e atualmente, as cargas
perigosas so definidas como cargas de dimenses superiores quelas
determinadas no Cdigo de Trnsito Brasileiro.
Na ocasio, o representante do CVS integrava o grupo encarregado de
discutir a circulao e o estacionamento de veculos transportadores de produtos
perigosos. A tarefa designada ao setor sade referia-se aos procedimentos de
atendimento emergncia, ao atendimento pr-hospitalar e atuao dos Centros
de Assistncia Toxicolgica (CEATOX). poca j era levantada a necessidade de
criar sistema de informao e definir a funo das instituies diante das
emergncias.
No contexto nacional, no final da dcada de 1990, o Ministrio da Sade
instituiu as competncias da Coordenao Geral de Vigilncia em Sade Ambiental(CGVAM) no Regimento Interno da Fundao Nacional de Sade (FUNASA), dentro
do Centro Nacional de Epidemiologia (CENEPI), por meio dos seguintes
instrumentos:
Regulamentao da Portaria 1399/1999 pela FUNASA com apublicao da Instruo Normativa n 01, de 25/09/2001, quanto scompetncias da Unio, Estados, Municpios e Distrito Federal, narea de Vigilncia Ambiental em Sade, estabelecendo o SistemaNacional de Vigilncia Ambiental em Sade (SINVAS).
Regulamentao da Portaria n 410, de 10/09/2000, bem comoatravs do regimento interno da FUNASA, da Gesto do SINVAS e acriao da CGVAM, como uma das competncias do CENEPI, o quej havia sido estabelecido no Decreto Federal n 3450 de10/05/2000.
As regulamentaes citadas visavam criar a rea de vigilncia em sade
ambiental (VSA) nos estados e municpios brasileiros. Entre as competncias
previstas para a VSA estava a vigilncia em sade ambiental dos acidentes com
produtos perigosos (VIGIAPP).No perodo de 1991 at 2001 no foi encontrado documento que registrasse
qualquer atividade do CVS diretamente ligada ao transporte de produtos perigosos.
O prximo registro encontrado foi no ano 2001, quando a Diviso de Produtos de
Interesse Sade (DITEP) e a SAMA, pesquisavam a forma adequada de
armazenamento e destino final a ser adotado no caso da apreenso de produtos
alimentcios transportados irregularmente junto a produtos perigosos. Enquanto isso,
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a SES/SP institui por meio da Resoluo SS 78, de 11 de junho de 2002 o Sistema
Estadual de Toxicovigilncia para organizar o trabalho junto aos CEATOX.
A Comisso Central da ST que tambm estudava alternativas de soluo para
o problema do transporte de alimentos junto a produtos perigosos convidou o CVS a
fazer parte do grupo. No entanto, preciso lembrar que o artigo 12 do Cdigo
Sanitrio Estadual, diz caber vigilncia sanitria sobre o meio ambiente a
responsabilidade sobre muitos outros fatores ambientais de risco sade. E foi
pensando no desenvolvimento de estratgias para enfrentar este e outros fatores de
interesse do setor sade, estreitando a integrao intersetorial num frum de
discusso consolidado, que o CVS passou a compor a Comisso Central.
Quanto ao programa VIGIAPP proposto pelo MS, sua primeira fase teve incio
em 2002, englobou seis Unidades Federativas: So Paulo, Rio de Janeiro, Bahia,Rio Grande do Sul e Minas Gerais e, estendendo-se ao Distrito Federal. A primeira
proposta do VIGIAPP baseou-se na estruturao de um sistema integrado de
informaes sobre acidentes com produtos perigosos abrangendo dados de
interesse do setor sade para subsidiar as aes de vigilncia. O processo de
discusso envolveu vrias entidades relacionadas com o tema, em busca de
consenso sobre a padronizao dos dados a serem coletados (NUNES, 2005).
Segundo NUNES (2005, p. 61), a seleo das unidades da federao foi
baseada em pesquisas anteriores que apontaram serem os estados citados, osque possuam maior concentrao de instalaes fixas produzindo e armazenando
substncias qumicas, bem como circulao de produtos perigosos, principalmente
atravs de rodovias. E o DF, por sua posio estratgica para a constituio de
qualquer sistema de informao que se pretenda em nvel nacional e por estarem
nele instalados rgos vitais para a formulao de uma poltica nacional para o
controle e preveno destes eventos.
Outra estratgia utilizada pela CGVAM foi o investimento em capacitao de
tcnicos dos estados. Os cursos, contratados CETESB sob o enfoque de sade
pblica, permitiram aos participantes aprimorar conhecimentos sobre preveno,
preparao e resposta a acidentes com produtos qumicos perigosos, assim como
facilitaram a integrao das entidades envolvidas nos estados e entre unidades
federativas. Os tcnicos da SAMA e das vigilncias sanitrias regionais que foram
capacitados nesses cursos, tiveram uma viso geral sobre o assunto e perceberam
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a carncia da atuao das equipes de vigilncia em sade nas quatro etapas do
gerenciamento de risco desses acidentes.
Em junho de 2002, o CVS e o Centro de Vigilncia Epidemiolgica (CVE), por
meio das suas respectivas Divises de Meio Ambiente, participaram do I SeminrioNacional organizado em Braslia pela CGVAM/MS. Neste seminrio, 5 estados
comprometeram-se a realizar seminrios, que ocorreram na seguinte ordem: BA e
SP em 2002, RS e MG em 2004, e RJ em 2005. Estes seminrios sempre foram
espaos onde os estados tiveram oportunidade de expor sua experincia no
desenvolvimento do VIGIAPP, de acordo com a estrutura de vigilncia em sade
adotada por cada um.
A partir do seminrio nacional foram realizados dois cursos voltados para o
setor sade, sobre a Conveno OIT 174 capacitao sobre a preveno de
acidentes industriais maiores, dos quais participaram entre outras entidades,
representantes de 21 equipes regionais de vigilncia sanitria do ESP. Durante o
primeiro curso formou-se um grupo de trabalho intersetorial para iniciar os debates
sobre as aes de vigilncia ambiental em sade relacionada aos acidentes com
produtos qumicos perigosos.
O grupo realizou sete reunies que culminaram no Seminrio estadual de
estruturao do sistema de informao das aes de vigilncia ambiental em sadedos acidentes com produtos qumicos perigosos no ano de 2002. Na plenria final
do seminrio, do qual participaram representantes da CGVAM, das vigilncias
sanitrias, vigilncias epidemiolgicas, laboratrio de sade pblica, CEATOX,
defesa civil, CB, CPRv, CETESB e Comisso Central, aprovaram-se as seguintes
propostas:
Estabelecimento de fluxo intersetorial de comunicaes einformaes sob coordenao da Defesa Civil;
Estabelecimento de fluxo intrasetorial de comunicao einformaes no setor sade, sob coordenao a serdiscutida/definida;
O registro integrado de acidentes com produtos qumicosperigosos com informaes de interesse comum sinstituies envolvidas, deve ser composto pela compilaodas informaes geradas eletronicamente, pelas diversasinstituies envolvidas. Os campos de acesso devem sersetoriais e com senha para cada setor envolvido;
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Participao efetiva da sade na Comisso de PrevenodeAcidentes no Transporte Rodovirio de Produtos Perigososdo Estado de So Paulo;
Considerao da experincia da Comisso de Prevenode
Acidentes no Transporte Rodovirio de Produtos Perigososdo Estado de So Paulo;
Integrao dos Centros de Emergncia de Acidentes comprodutos qumicos perigosos;
A vigilncia em sade deve passar a ter planto deemergncia;
Estabelecimento de mecanismos de acesso da populao sinformaes, com linguagem simples;
o sistema de informaes deve ser composto pelo registrodos Georeferenciar as informaes do sistema;
Eventos, pela compilao de bases de conhecimento sobreriscos e pela definio dos papis das instituiesparticipantes;
Treinamento de capacitao, inclusive por meio de simulados,envolvendo os setores envolvidos;
Estabelecimento de um fluxo de atendimento dos acidentescom produtos qumicos perigosos.
Tanto os participantes desse grupo de trabalho quanto do seminrio,
apontaram para a necessidade de que o setor sade do ESP definisse os caminhos
e os instrumentos, a serem adotados para organizar a atuao das equipes de
vigilncia nos acidentes com produtos perigosos. Frente complexidade e novidade
do assunto, o CVS optou por aproximar-se das entidades experientes no
atendimento a acidentes com produtos qumicos perigosos, principalmente por meio
da Comisso Central, para conhecer melhor o universo a ser trabalhado.
O Ministrio do Meio Ambiente (MMA) tambm teve iniciativa importante em
nvel nacional, que foi a instituio do Plano Nacional de Preveno, Preparao e
Resposta Rpida a Emergncias Ambientais com Produtos Qumicos Perigosos
(P2R2). O Plano surgiu aps o acidente ambiental de Cataguases/MG em 2003,
onde ocorreu rompimento de uma barragem de resduos qumicos com grande
impacto ambiental. Por conta do P2R2, o MMA e o MS investiram um milho de
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reais para o projeto de mapeamento de reas de risco de acidentes com produtos
qumicos. Vrios rgos ambientais brasileiros pleitearam este recurso financeiro,
seguindo regras restritas, que incluram a necessidade de integrar em nvel estadual
a Defesa Civil e o setor sade como critrio de considerao do projeto. Cinco
estados foram contemplados e entre eles o ESP, por meio da CETESB, com o
projeto: Mapeamento de reas de risco no transporte rodovirio de produtos
perigosos sistema Anchieta/ Imigrantes. O CVS assinou o termo de cooperao
representando o setor sade do ESP. Vale ressaltar que os dados deste
mapeamento sero de grande valor no planejamento de aes relativas s fases do
gerenciamento de risco de ATRPP nesta rea de abrangncia.
No ESP em 2003, a SAMA/CVS foi convidada a coordenar o grupo de
trabalho sobre o transporte irregular de alimentos junto a produtos perigosos naComisso Central da ST e organizou a I Oficina de orientao das equipes de
vigilncia sanitria regional quanto participao nas Subcomisses de estudos e
preveno de acidentes no transporte rodovirio de produtos perigosos. Em 2004,
os diretores das vigilncias sanitrias regionais indicaram oficialmente,
representantes titulares e suplentes nas Subcomisses. As principais atividades de
interesse das equipes de vigilncia neste frum de discusso so as fiscalizaes
conjuntas e a anlise de acidentes. O CVS realizou a II Oficinaem 2005, novamente
em conjunto com a Comisso Central da ST, da qual participaram as 24 equipesregionais de vigilncia sanitria, e no apenas as sete que participam das
Subcomisses regionais.
No II seminrio nacional do VIGIAPP, em 2003, representantes do CVS, CB e
PMR indicaram So Paulo como candidato a estudo piloto para avaliao do sistema
de informaes proposto pela CGVAM/MS. A primeira verso eletrnica do sistema
foi apresentada em 2005, em formato EPI INFO, e testada pelo CVS com dados da
ficha de atendimento a emergncia rodoviria com produto perigoso da CPRv.
Dados de interesse sade haviam sido incorporados ficha da CPRv desde
janeiro de 2004, como resultado da integrao interinstitucional. O relatrio do teste
realizado pelo CVS no ano de 2005 demonstrou que ser necessrio maior cuidado
na coleta de dados de interesse sade, pois estes se apresentavam incompletos.
Ainda em 2004, foi desenvolvida ao conjunta na SES/SP devido ao
acidente no municpio de Birigui com o agrotxico Metamidofs Fersol 600. A
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Coordenadoria de Controle de Doenas visando organizar a ao para prximas
ocorrncias, solicitou a formao de um ncleo tcnico para definir fluxo de
atendimento e orientao s equipes de vigilncia regionais e municipais. O ncleo
contou inicialmente, com a participao do CVS, CVE e IAL.
As primeiras reunies do chamado Ncleo de Emergncias Ambientais em
Sade (NEAS), frum de debate intrasetorial, ocorreram em dezembro de 2004. O
CVS representado pela SAMA, Diviso de Sade do Trabalhador e Grupo de
Toxicovigilncia, o CVE pela Diviso de Doenas Ocasionadas pelo Meio Ambiente
e pelo Planto, o IAL conta com um representante e foram incorporados ao grupo o
CREM e o CERAC.
Os representantes no NEAS renem-se desde ento, a cada dois meses
aproximadamente. O principal objetivo do ncleo estudar e organizar aes de
vigilncia a serem desenvolvidas tanto nos acidentes que continuam ocorrendo,
quanto na preveno, preparao e acompanhamento de novos episdios. No incio
foi necessrio uniformizar o conhecimento sobre o tema acidentes com produtos
qumicos perigosos no grupo, e conhecer melhor a organizao de entidades que
atendem esses acidentes. Atualmente o grupo trabalha na estruturao de um
evento onde ser discutido procedimento operacional junto s equipes de vigilncia
regionais e portanto, uma primeira proposta de ao com a qual esta dissertao
tambm contribuir.
O desenvolvimento de aes conjuntas tem permitido que se conhea melhor
o escopo de atuao da vigilncia em sade, o que gerou aumento na freqncia de
acionamentos da das equipes de vigilncia para participarem junto CETESB,
Defesa Civil etc., em emergncias qumicas. Pode-se citar a atuao das equipes de
alguns municpios: So Paulo e Diadema em postos retalhistas de combustvel;
Sorocaba e Cerquilho em rompimento de duto; e Juqui no transporte de amnia
lquida. Este ltimo ocorreu prximo a uma rea povoada, matou animaisdomsticos e deixou mais de 55 pessoas intoxicadas, alm de ter envolvido
procedimento de evacuao de residncias. Alguns destes acidentes so
apresentados no Anexo 2, em cpias de recortes de jornal da poca.
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2.5 ESTADO DA ARTE PRINCIPAIS ESTUDOS QUE ABORDAMFATORES AMBIENTAIS DE RISCO SADE
(...) cerca de 2.000 anos (...) Hipcrates e outros expressavam a
idia de que fatores ambientais podem influenciar a ocorrncia dedoenas. Entretanto, somente no sculo XIX a distribuio dedoenas em grupos populacionais especficos passou a ser medida.(...) por exemplo, a descoberta de John Snow de que o risco decontrair clera estava relacionado, entre outros fatores, ao consumode gua fornecida por uma determinada companhia (BEAGLEHOLEet al, 2001, p.1).
Os artigos analisados a seguir contemplam fatores ambientais de risco
sade associados aos acidentes com produtos perigosos, destacando os principais
pontos de interesse para auxiliar a ao das equipes de vigilncia. Foram analisadosestudos divulgadosnos ltimos 10 anos.
FREITAS et al (1995) mostram que os acidentes envolvendo substncias
perigosas j eram alvo de preocupao no Brasil em 1995. Desde esta poca,
pesquisadores do assunto discutiam o risco sade e ao meio ambiente frisando a
importncia da formulao de estratgias de controle e preveno, pois reconheciam
que um nico evento possua o potencial de provocar efeitos que poderiam se
estender muito alm do local e tempo de ocorrncia.
O objetivo de discutir o tema no mbito da sade pblica deve-se a que,embora esses eventos no sejam responsveis por grande nmero de vtimas
imediatas, eles podem causar mltiplos danos sade dos seres vivos expostos e
ao meio ambiente, a curto e longo prazos (p. 507).
Um exemplo concreto do risco que correm as populaes expostas a
contaminao de corpos dgua por meio de vazamento de emisses lquidas
acidentais. Segundo os autores, quatro fatores esto presentes na maioria dos
acidentes qumicos ampliados, so eles:
A localizao muito prxima entre as reas habitadas e as indstriasqumicas que utilizam substncias txicas;
O descontrole das condies operacionais normais, resultando na emisso
indevida dessas substncias no meio ambiente;
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O conhecimento apenas parcial dos efeitos previstos, incluindo efeitos
agudos severos e efeitos crnicos, que aparecem at dcadas aps o
acidente e por ltimo;
A demora na obteno de informaes precisas sobre as substncias
qumicas envolvidas, seus efeitos e medidas de emergncia necessrias.
Por esta razo cresce a necessidade dos rgos ambientais e de sade
pblica atuarem em conjunto na formulao de propostas que preparem os
profissionais da rea da sade para atuar nesse tipo de emergncia bem como para
avaliarem os efeitos desses acidentes. O resultado desta atuao conjunta poder
gerar a formulao de polticas pblicas mais adequadas nossa realidade.
FREITAS e AMORIM (2001) seis anos depois do artigo anterior, estudaram os
acidentes qumicos ampliados sob a tica da vigilncia ambiental em saderestringindo-se aos acidentes no transporte de cargas perigosas. Os autores
destacam que uma das limitaes para a criao de polticas pblicas de controle e
preveno efetivas a ausncia de informaes bsicas, o que no permite avaliar
os impactos desses eventos sobre a sade humana.
O objetivo do trabalho era contribuir para a estruturao do sistema de
vigilncia deste tipo de acidente, propondo elementos bsicos iniciais que deveriam
constituir a vigilncia em sade ambiental em relao a estes episdios. Para tanto,
importante considerar o grande nmero de eventos j registrados e aspeculiaridades da realidade brasileira.
Como primeiro passo, indicou-se a necessidade de aproximao do setor
sade com as principais instituies pblicas que participam do atendimento de
resposta a esses eventos, tais como: polcia rodoviria e corpo de bombeiros. Como
segundo passo, destacou-se a importncia da preparao dos servios de sade
para atendimento e registro das vtimas nas reas onde ocorrem estes eventos.
No ESP foi destacada a existncia da Comisso Central, como exemplo de
articulao intersetorial para melhorar a atendimento a emergncias e a partir deavaliao das causas e conseqncias, estabelecer estratgias de preveno. A
ausncia da participao do setor sade neste frum foi enfatizada.
Os autores destacam que, de acordo com o Boletim Desastres da
Organizao Pan-Americana de Sade (OPAS), cerca de 40% do comrcio de
produtos qumicos de todos os pases em desenvolvimento concentra-se na Amrica
Latina. Deste total, estima-se que 70% das indstrias qumicas do continente
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estejam concentradas no Brasil, Argentina e Mxico, e que aproximadamente 50%
esto localizadas em reas densamente povoadas (p. 41). Sendo assim, torna-se
ainda mais urgente a criao de planos de emergncia que poderiam contribuir para
a diminuio do nmero de vtimas e danos ambientais. O trabalho tambm prope
protocolo mnimo de registros, com dados de interesse sade.
TEIXEIRA e HADDAD (2002) abordaram as conseqncias para o homem,
de acidentes no transporte rodovirio de produtos perigosos. O estudo teve por
finalidade apresentar estimativa das eventuais conseqncias humanas, decorrentes
de liberaes acidentais de substncias inflamveis e txicas ocorridas no transporte
rodovirio.
Os autores afirmam que transportar produtos perigosos significa conviver com
os riscos de inflamabilidade, toxicidade e corrosividade. Entretanto no se podeesquecer que as substncias qumicas so necessrias para que a sociedade possa
manter certas comodidades da vida moderna. A manipulao adequada de produtos
qumicos pode resultar num servio seguro e de qualidade, mesmo assim os
acidentes acontecem. nessa hora que o potencial destrutivo existente nos
produtos perigosos precisa ser amplamente conhecido. O fato que muitas vezes
as equipes de atendimento a emergncias desprezam procedimentos seguros de
trabalho colocando em risco a prpria vida e a vida das populaes envolvidas.
Considerando que as substncias qumicas possuem propriedadesintrnsecas, as quais determinam o tipo e o grau de perigo que elas representam. A
correta avaliao dos riscos de um acidente depende da compreenso destas
propriedades e de suas relaes com o ambiente (p. 92). O sucesso da resposta
emergencial depende diretamente do conhecimento que a equipe de atendimento
tem sobre os perigos oferecidos por determinada substncia, bem como sobre os
severos efeitos causados por ela, caso as aes adotadas no sejam compatveis
com os riscos envolvidos.
Alm de delimitar e isolar a rea de trabalho, evacuar ou orientar acomunidade desviando o trfego importante tambm t
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