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Cód:1.11- Identificação do projeto1.1 – Título: Refletir
1.2 – Coordenadoria: região central
1.3 – Unidade: Penitenciária “João Batista de Arruda Sampaio” de Itirapina
1.4 – Autores:
Maria Luiza Buratto – Psicóloga
Ricardo Tadeu Sandrini Barcellos – Psicólogo
Wagner Nogueira – Psicólogo
Maria Estela Altarúgio – Assistente Social
Maria Ester Garcia de Souza – Assistente Social
Sirley Aparecida Consoli de Souza – Assistente Social
Rogeria Baldissera Gonzalez – Diretora Interdisciplinar de Reabilitação
Paulo Sergio Redondo – Diretor do Centro de Reabilitação
1.5 –Contato:
Tel: (19) 3575-2121 – Ramais 112, 154, 114 e 118
2- Justificativa:Através da nossa prática profissional diária, constatamos a falta de
motivação do sentenciado em relação ao desempenho das atividades educativas
e laborterápicas realizadas na unidade, quando não estão associadas à
possibilidade de benefícios.
Por outro lado, a forma como as atividades são desenvolvidas no sistema
prisional não propiciam a conscientização do sentenciado.
É importante para a pessoa presa assumir o trabalho e o estudo enquanto
valorização humana e crescimento pessoal e não como mera ocupação
institucional, tal como: remição de penas ou concessão de benefícios para a
progressão da pena.
3- ObjetivoPropiciar ao reeducando elementos para que o mesmo desenvolva um
posicionamento crítico e reflexivo, que possibilite a identificação do significado
dessas atividades para o seu crescimento pessoal.
4- População-alvoDestina-se à toda população carcerária.
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5- MetodologiaTrabalhos em grupo com 12 participantes, sendo realizadas 6 encontros
quinzenais, com duas horas de duração cada uma, distribuídas da seguinte forma:
1º ENCONTROAplicação da dinâmica Cosme e Damião, onde duplas conversam, com o
intuito de se conhecerem mutuamente. Após esse momento, cada dupla fará
apresentação um do outro.
Apresentação do texto “Eu tenho valor” – Silvino José Fritzen (Anexo2),
com a distribuição do texto ilustrado “Os Morangos”, de Roberto Shinyashiki.
(Anexo 3).
Formação de quatro sub-grupos, com três componentes, para leitura,
discussão, com direcionamento, para associar a estória com sua vida atual,
questionando-se:
Qual a mensagem do texto?A que situação da estória você compararia a educação e o trabalho?Fechamento, com síntese pelo animador da atividade e exposição dos
objetivos do trabalho.
2º ENCONTRODinâmica de aquecimento:” bilhete nas costas”
Objetivos: descontração e entrosamento
Tempo: 20 minutos
Materiais: pincéis atômicos, papéis, fita adesiva
Procedimentos:
Formar um círculo com todos os participantes, com as costas voltadas
para fora do círculo, nas quais serão colocados bilhetes, com frases para cada
participante.
Após isto, todos estarão com bilhetes nas costas e deverão passear pela
sala sem dizer ao outro o que está escrito nos respectivos bilhetes, mas deverão
atender o que estes solicitam. Todos serão atendidos.
Ao final os participantes deverão ter descoberto as respectivas
mensagens e, assim, se processará uma discussão sobre os mecanismos que
usaram para tanto, facilidades e dificuldades.
Distribuição do texto – “O tesouro de Bresa” (Anexo 4)
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Objetivo: reforçar a importância do estudo e que é através dele que se
pode conseguir um trabalho melhor.
Leitura do textoDivisão em sub-grupos (três componentes cada), para discussão a
respeito do texto e respostas às seguintes perguntas:
Como o conhecimento transformou a vida do alfaiate? Quais foram as transformações ocorridas? Quais as características do personagem que o auxiliaram na busca de
seus objetivos?Fechamento, questionando-se como a mensagem dessa história
poderia contribuir para a minha situação atual?Troca de experiências, depoimentos e direcionamento dos técnicos em
relação ao objetivo do trabalho.
3º ENCONTRODistribuição do texto – “Luz na escuridão” (Anexo 5)
Objetivo: proporcionar reflexão acerca do posicionamento, disponibilidade
em lidar com situações conflitivas, bem como formas de ação no enfrentamento
das mesmas.
Leitura do texto e divisão em subgrupos, de três componentes cada, para
leitura e discussão a respeito do tema.
Dinâmica: “Cada um é de um jeito”.
Objetivo: exercício auto-avaliatório, destacando a importância de
conhecermos e analisarmos nossas histórias pessoais, para entendermos o que
somos hoje e o que queremos melhorar ou mudar para o futuro.
Tempo: 60 minutos
Materiais:
-aparelho de som
-músicas descontraídas
-uma caixa, sulfite, lápis e caneta
Procedimentos:
Formar um círculo com todos os participantes e iniciar a atividade com
música, sendo que uma caixa, com frases e perguntas, passará por todos os
componentes em várias rodadas. Com o interromper da música, o componente
que detiver a caixa, a abrirá e retirará uma das frases/perguntas, lançando-a ao
grupo, com o intuito de fomentar a expressão de conteúdos diferenciados.
Sugestão de frases e perguntas:
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Quem eu sou?Do que eu gosto?Se eu pudesse, eu seria...Do que eu não gosto?O que eu não gosto em mim é...Para mim o valor mais importante do ser humano é...Para mim o pior valor do ser humano é...Dou mais importância para...Para mim a vida é...Para mim a vida poderia ser...Fechamento: questionando-se: Como os participantes percebem as
conseqüências da não instrumentalização no âmbito educacional e profissional na vivência de uma pessoa no mundo globalizado?4º ENCONTRO:
Distribuição do texto – “Pipoca ou Piruá”? (anexo VI)
Objetivo: reforçar a importância da transformação da mudança e evolução
pessoal na vida das pessoas.
Leitura do texto: Divisão em subgrupos, de três componentes cada, para
leitura e discussão a respeito do tema.
Dinâmica: “Medos e Esperanças”
Objetivo: Propiciar aos participantes a reflexão sobre os seus desejos,
suas esperanças, suas angústias e expectativas em
relação à realidade do estudo e do trabalho no cotidiano de cada um.
Tempo: 30 minutos
Material:
cartolina e pincéis atômicos
fita adesiva
papel e lápis
Procedimentos:
Formar grupos de, no máxim, quatro componentes e, em cada grupo,
deverá ser escolhido um secretário que, durante o tempo aproximado de cinco
minutos, anotará os medos e esperanças (sem censura) dos componentes do
grupo, incluso os seus. Ao final, deverá ser confeccionada uma lista com os
medos e esperanças de todos os grupos que serão explorados e trabalhados pela
equipe técnica.
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Fechamento:questionando-se: Quais as conseqüências dos medos e esperanças dos participantes para o processo de mudança/transformação pelo estudo e pelo trabalho?
5º ENCONTRO: Distribuição do texto – “A lição da borboleta”(Anexo VII)
Objetivo: sensibilização para a necessidade de reflexão sobre nossas
ações e suas conseqüências a nós mesmos e ao outro.
Sensibilização para a análise de situações, pensamentos e sentimentos.
Instrumentalizar os participantes para a análise das conseqüências
oriundas de nossas ações.
Leitura do texto: Divisão em subgrupos com, no máximo, três
componentes cada para discussão a respeito do tema.
Exposição das considerações realizadas pelos grupos.
Fechamento: questionando-se: Qual a percepção que cada componente possui no tocante ao tema abordado? Troca de experiências e considerações
finais.
Proposta: produção de uma redação sobre a mensagem do texto
associando-a a sua história pessoal.
6º ENCONTRO: Sessão de encerramentoObjetivo: obter a avaliação dos efeitos do Programa de Encontros do
ponto de vista dos participantes.
Tempo: 60 minutos
Material: nenhum
Procedimentos:
Com os participantes em círculo, propõe-se ao grupo a avaliação do
conjunto de encontros. Nesse momento todos pensam no que ocorreu nos
mesmos, no que foi bom, mais ou menos e no que não foi bom, no que os
encontros poderiam melhorar, etc. Deve-se estimular a exposição das opiniões
dos mais diferentes tipos, tendo em vista que só assim é possível refletir e mudar,
manter ou melhorar o que for necessário.
Roteiro de perguntas:
O que fez os encontros irem bem?O que fez com que os encontros não rendessem?O que foi mudado nos participantes?
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O que os participantes acreditam que mudou no modo de pensar sobre os temas abordados?
O que os participantes acreditam que vão fazer em relação as suas vidas?
O que propiciará aos participantes continuarem refletindo e tendo atitudes positivas em relação a tudo o que foi abordado?
Discussão: Estimular discussão mais pontual sobre os tópicos para avaliar
o Programa de Encontros.
-aspectos positivos-aspectos negativos-aspectos facilitadores e não facilitadores-temas mais apreciados-temas menos apreciados-temas bem-resolvidos-temas mal-resolvidos-como cada um acredita que vai aproveitar a experiência em sua vida-o que pretendem fazer em relação ao que discutiram nos encontros.
*Em todo o processo de mudança é primordial conhecer a si mesmo e
refletir sobre seus próprios sentimentos, crenças e atitudes.
*Aplicação do questionário final (Anexo 8)
6 – Número de presos a serem atendidos em cada edição do projetoCada edição contemplará doze membros.
7 – Duração prevista para cada edição do projeto Duração de três meses, com encontros quinzenais, totalizando seis
encontros.
8 – Recursos materiais Sala ampla com 14 cadeiras
Cartolina
Pincel atômico
Fita adesiva
Borracha
Lápis
Régua
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9 – Recursos HumanosEquipe Técnica: um Psicólogo e uma Assistente Social em cada edição
do projeto.
10 – AvaliaçãoAplicar questionário (sem identificação) no início (Anexo 1) e no final
(Anexo 8) de cada edição do projeto.
ANEXO 1
QUESTIONÁRIO INICIAL
1) O que o motivou a participar desse grupo?
2) O que você espera conseguir com esta atividade?
3) Quais são seus planos para o futuro?
4) O que espera alcançar em sua vida?
5) Quais recursos você tem para conseguir?
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ANEXO 2
EU TENHO VALOR
Apesar de minha máquina de escrever ser um modelo antigo, funciona
bem, com exceção de uma tecla.
Há 42 teclas que funcionam bem, menos uma, e isso faz uma grande
diferença.
Temos o cuidado para que nosso grupo seja como essa máquina de
escrever e que todos os seus membros trabalhem como devem.
Ninguém tem o direito de pensar: “Afinal, sou apenas uma pessoa e sem
dúvida não fará diferença para o nosso grupo”.
Compreendemos que, para um grupo poder progredir, eficientemente,
precisa da participação ativa de todos os seus membros.
Sempre que você pensar que não precisam de você, lembre-se da minha
velha máquina de escrever e diga a si próprio: “Eu sou uma das teclas importantes
nas nossas atividades e os meus serviços são muito necessários”
(Fritzen, José Silvino)
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ANEXO 3
MORANGOS
Por Roberto Shinyashiki
Talvez, ao me ouvir falar em felicidade, você se pergunte se eu não tenho
problemas, se tudo dá sempre certo para mim, se nunca passei por uma grande
dificuldade que me tenha deixado marcas, como ocorre com a maioria das
pessoas. É claro que sim, sou como todo mundo. Tenho angústias, fico
estressado, as pessoas às vezes me traem, mas eu procuro comer os morangos
da vida. Um sujeito estava caindo em um barranco e se agarrou às raízes de uma
árvore. Em cima do barranco havia um urso imenso querendo devorá-lo. O urso
rosnava, mostrava os dentes, babava de ansiedade pelo prato que tinha à sua
frente. Embaixo, prontas para engolí-lo, quando caísse, estavam nada mais nada
menos do que seis onças tremendamente famintas. Ele erguia a cabeça, olhava
para cima e via o urso rosnando. Quando o urso dava uma folga, ouvia o urro das
onças, próximas dos seus pés. As onças embaixo querendo comê-lo e o urso em
cima querendo devorá-lo. Em determinado momento, ele olhou para o lado
esquerdo e viu um morango vermelho, lindo, com aquelas escamas douradas
refletindo o sol. Num esforço supremo, apoiou seu corpo, sustentado apenas pela
mão direita, e, com a esquerda, pegou o morango. Quando pôde olhá-lo melhor,
ficou inebriado com sua beleza. Então, levou o morango à boca e se deliciou com
o sabor doce e suculento. Foi um prazer supremo comer aquele morango tão
gostoso. Deu para entender? Talvez você me pergunte: "Mas, e o urso?".Dane-se
o urso e coma o morango!” "E as onças?” "Azar das onças, coma o morango!” “ Se
ele não desistir, as onças ou o urso desistirão”. Às vezes, você está em sua casa
no final de semana, com seus filhos e amigos, comendo um churrasco.
Percebendo seu mau humor, sua esposa ou seu marido lhe diz: "Meu bem, relaxe
e aproveite o Domingo!" E você, chateado, responde: "Como posso curtir o
Domingo se amanhã vai ter um monte de ursos querendo me pegar na empresa?"
Relaxe e viva um dia por vez: coma o morango. Problemas acontecem na vida de
todos nós, até o último suspiro. Sempre existirão ursos querendo comer nossas
cabeças e onças a arrancar nossos pés. Isso faz parte da vida e é importante que
saibamos viver dentro desse cenário. Mas nós precisamos saber comer os
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morangos, sempre. A gente não pode deixar de comê-los só porque existem ursos
e onças. Você pode argumentar: "Eu tenho muitos problemas para resolver".
Problemas não impedem ninguém de ser feliz. O fato de ter que conviver com
chatos não é motivo para você deixar de gostar de seu trabalho. O fato de sua
mulher estar com tensão pré-menstrual ou seu marido irritado com o dia-a-dia não
os impede de tomar sorvete juntos. O fato de seu filho ir mal na escola não é
razão para não dar um passeio pelo campo. Coma o morango, não deixe que ele
escape. Poderá não haver outra oportunidade de experimentar algo tão saboroso.
Saboreie os bons momentos. Sempre existirão ursos, onças e morangos. Eles
fazem parte da vida. Mas o importante é saber aproveitar o morango. Coma o
morango quando ele aparecer. Não deixe para depois. O melhor momento para
ser feliz é agora. O futuro é uma ilusão que sempre será diferente do que
imaginamos. As pessoas vêem o sucesso como uma miragem. Como aquela
história da cenoura pendurada na frente do burro que nunca a alcança. As
pessoas visualizam metas e, quando as realizam, descobrem que elas não
trouxeram felicidade. Então, continuam avançando e inventam outras metas que
também não as tornam felizes. Vivem esperando o dia em que alcançarão algo
que as deixará felizes. Elas esquecem que a felicidade é construída todos os dias.
Lembre-se: A felicidade não é algo que você vai conquistar fora de você!!
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ANEXO 4O TESOURO DE BRESA
Houve outrora, na Babilônia, um pobre e modesto alfaiate chamado
Enedim, homem inteligente e trabalhador, que não perdia a esperança de vir a ser
riquíssimo. Como e onde, no entanto, encontrar um tesouro fabuloso e tornar-se,
assim, rico e poderoso? Um dia, parou na porta de sua humilde casa, um velho
mercador da fenícia, que vendia uma infinidade de objetos extravagantes. Por
curiosidade, Enedim começou a examinar as bugigangas oferecidas, quando
descobriu, entre elas, uma espécie de livro de muitas folhas, onde se viam
caracteres estranhos e desconhecidos. Era uma preciosidade aquele livro,
afirmava o mercador, e custava apenas três dinares. Era muito dinheiro para o
pobre alfaiate, razão pela qual o mercador concordou em vender-lhe o livro por
apenas dois dinares. Logo que ficou sozinho, Enedim tratou de examinar, sem
demora, o bem que havia adquirido. Qual não foi sua surpresa quando conseguiu
decifrar, na primeira página, a seguinte legenda: "o segredo do tesouro de Bresa."
Que tesouro seria esse? Enedim recordava vagamente de já ter ouvido qualquer
referência a ele, mas não se lembrava onde, nem quando. Mais adiante decifrou:
"o tesouro de Bresa, enterrado pelo gênio do mesmo nome entre as montanhas do
Harbatol, foi ali esquecido, e ali se acha ainda, até que algum homem esforçado
venha encontrá-lo." Muito interessado, o esforçado tecelão dispôs-se a decifrar
todas as páginas daquele livro, para apoderar-se de tão fabuloso tesouro. Mas, as
primeiras páginas eram escritas em caracteres de vários povos, o que fez com
que Enedim estudasse os hieróglifos egípcios, a língua dos gregos, os dialetos
persas e o idioma dos judeus. Em função disso, ao final de três anos Enedim
deixava a profissão de alfaiate e passava a ser o intérprete do rei, pois não havia
na região ninguém que soubesse tantos idiomas estrangeiros. Passou a ganhar
muito mais e a viver em uma confortável casa. Continuando a ler o livro encontrou
várias páginas cheias de cálculos, números e figuras. Para entender o que lia,
estudou matemática com os calculistas da cidade e, em pouco tempo, tornou-se
grande conhecedor das transformações aritméticas. Graças aos novos
conhecimentos, calculou, desenhou e construiu uma grande ponte sobre o rio
Eufrates, o que fez com que o rei o nomeasse prefeito. Ainda por força da leitura
do livro, Enedim estudou profundamente as leis e princípios religiosos de seu país,
sendo nomeado primeiro-ministro daquele reino, em decorrência de seu vasto
conhecimento. Passou a viver em suntuoso palácio e recebia visitas dos príncipes
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mais ricos e poderosos do mundo. Graças a seu trabalho e ao seu conhecimento,
o reino progrediu rapidamente, trazendo riquezas e alegria para todo seu povo. No
entanto, ainda não conhecia o segredo de Bresa, apesar de ter lido e relido todas
as páginas do livro. Certa vez, teve a oportunidade de questionar um venerando
sacerdote a respeito daquele mistério, que sorrindo esclareceu: "O tesouro de
Bresa já está em seu poder, pois graças ao livro você adquiriu grande saber, que
lhe proporcionou os invejáveis bens que possui. Afinal, Bresa significa saber e
Harbatol quer dizer trabalho." ..................................... Com estudo e trabalho pode
o homem conquistar tesouros inimagináveis. O tesouro de Bresa é o saber, que
qualquer homem esforçado pode alcançar, por meio dos bons livros, que
possibilitam "tesouros encantados" àqueles que se dedicam aos estudos com
amor e tenacidade.
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ANEXO 5
LUZ NA ESCURIDÃO
Um dia, um menino de 3 anos estava na oficina do pai, vendo-o fazer
arreios e selas. Quando crescesse, queria ser igual ao pai. Tentando imitá-lo,
tomou um instrumento pontudo e começou a bater numa tira de couro. O
instrumento escapou da pequena mão, atingindo-lhe o olho esquerdo. Logo mais,
uma infecção atingiu o olho direito e o menino ficou totalmente cego. Com o
passar do tempo, embora se esforçasse para se lembrar, as imagens foram
gradualmente desaparecendo e ele não se lembrava mais das cores. Aprendeu a
ajudar o pai na oficina, trazendo ferramentas e peças de couro. Ia para a escola e
todos se admiravam da sua memória. De verdade, ele não estava feliz com seus
estudos. Queria ler livros. Escrever cartas, como os seus colegas. Um dia, ouviu
falar de uma escola para cegos. Aos dez anos, Louis chegou a Paris, levado pelo
pai e se matriculou no instituto nacional para crianças cegas. Ali havia livros com
letras grandes em relevo. Os estudantes sentiam, pelo tato, as formas das letras e
aprendiam as palavras e frases. Logo o jovem Louis descobriu que era um método
limitado. As letras eram muito grandes. Uma história curta enchia muitas páginas.
O processo de leitura era muito demorado. A impressão de tais volumes era muito
cara. Em pouco tempo o menino tinha lido tudo que havia na biblioteca. Queria
mais. Como adorava música, tornou-se estudante de piano e violoncelo. O amor à
música aguçou seu desejo pela leitura. Queria ler também notas musicais.
Passava noites acordado, pensando em como resolver o problema. Ouviu falar de
um capitão do exército que tinha desenvolvido um método para ler mensagens no
escuro. A escrita noturna consistia em conjuntos de pontos e traços em relevo no
papel. Os soldados podiam, correndo os dedos sobre os códigos, ler sem precisar
de luz. Ora, se os soldados podiam, os cegos também podiam, pensou o garoto.
Procurou o capitão Barbier que lhe mostrou como funcionava o método. Fez uma
série de furinhos numa folha de papel, com um furador muito semelhante ao que
cegara o pequeno. Noite após noite e dia após dia, Louis trabalhou no sistema de
Barbier, fazendo adaptações e aperfeiçoando-o. Suportou muita resistência. Os
donos do instituto tinham gasto uma fortuna na impressão dos livros com as letras
em relevo. Não queriam que tudo fosse por água abaixo. Com persistência, Louis
Braille foi mostrando seu método. Os meninos do instituto se interessavam. À
noite, às escondidas, iam ao seu quarto, para aprender. Finalmente, aos 20 anos
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de idade, Louis chegou a um alfabeto legível com combinações variadas de um a
seis pontos. O método Braille estava pronto. O sistema permitia também ler e
escrever música. A idéia acabou por encontrar aceitação. Semanas antes de
morrer, no leito do hospital, Louis disse a um amigo: "Tenho certeza de que minha
missão na Terra terminou." Dois dias depois de completar 43 anos, Louis Braille
faleceu. Nos anos seguintes à sua morte, o método se espalhou por vários países.
Finalmente, foi aceito como o método oficial de leitura e escrita para aqueles que
não enxergam. Assim, os livros puderam fazer parte da vida dos cegos. Tudo
graças a um menino imerso em trevas, que dedicou sua vida a fazer luz para
enriquecer a sua e a vida de todos os que se encontram privados da visão física. .
Há quem use suas limitações como desculpa para não agir nem produzir.
No entanto, como tudo deve nos trazer aprendizado, a sabedoria está, justamente,
em superar as piores condições e realizar o melhor para si e para os outros.
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ANEXO 6
PIPOCA OU PIRUÁ?
A transformação do milho duro em pipoca macia é um símbolo de grande
transformação pela qual devem passar os homens para que venham a ser o que
devem ser. O milho de pipoca não é o que deve ser. Ele deve ser aquilo que
acontece depois do estouro. O milho de pipoca somos nós: duros, quebra-dentes,
impróprios para comer, difíceis de conviver...
Mas a transformação só acontece pelo poder do fogo. Milho de pipoca que
não passa pelo fogo continua a ser milho de pipoca para sempre.
Assim acontece com a gente. As grandes transformações acontecem
quando passarmos pelo fogo. Quem não passa pelo fogo fica do mesmo jeito a
vida inteira. São pessoas de uma mesmice e uma dureza assombrosas. Só elas
não percebem. Acham que o seu jeito de ser é o melhor jeito de ser. Mas, de
repente, vem o fogo. O fogo é quando a vida nos lança numa situação que nunca
imaginamos. A Dor. Pode ser o fogo de fora: perder um amor, perder um filho,
ficar doente, perder o emprego, ficar pobre. Pode ser o fogo de dentro: pânico,
medo, ansiedade, depressão, sofrimentos cujas causas ignoramos.
Há sempre o recurso do remédio. Apagar o fogo. Sem o fogo o sofrimento
diminui e com isso possibilidade da grande transformação.
Imagino que a pobre pipoca, fechada dentro da panela, lá dentro ficando
cada vez mais quente, pensa que sua hora chegou: vai morrer. Dentro de sua
casca dura, fechada em si mesma, ela não pode imaginar um destino diferente.
Não pode imaginar a transformação que esta sendo preparada. A pipoca não
imagina aquilo de que ela é capaz. Aí, sem aviso prévio, pelo poder do fogo, a
grande transformação acontece:BUM ! E ela aparece como outra coisa
completamente diferente, que ela mesma nunca havia sonhado.
Piruá é o milho de pipoca que se recusa a estourar. São aquelas pessoas
que, por mais que o fogo esquente, recusam-se a mudar. Elas acham que não
pode existir coisa mais maravilhosa do que o jeito delas serem. A sua presunção e
o medo são a dura casca que não estoura. O destino delas é triste. Ficarão duras
a vida inteira. Não vão se transformar na flor branca e macia, que todos querem
perto de si.
(Garcias, Rosi).
15
ANEXO 7
A lição da borboleta
Sentado ao pé de uma árvore, um menino observava atentamente o lento
nascimento de uma borboleta.Há algumas horas ela se esforçava para fazer o
corpo passar pela pequena abertura em seu casulo.
Até que, num dado momento, pareceu ter ido o mais longe que podia; já
não fazia mais nenhum progresso. Aflito, o menino decidiu ajudar a borboleta.
Com uma tesoura, cortou o casulo e a libertou. O corpo do inseto estava murcho e
suas asas, amassadas.
O menino continuou a observar a borboleta, certo de que, de uma hora
para outra, ela sairia voando. Mas, não foi isso o que aconteceu. Na verdade, o
bichinho passou o resto da vida rastejando com um corpo fraco e as asas
encolhidas. Nunca foi capaz de voar.
O menino só quis ajudar a borboleta. Mas ele não compreendia uma
coisa: que era justamente por meio do esforço que o corpo e as asas dela se
fortaleciam. Que era desse modo que Deus, em sua sabedoria, preparava-a para
voar assim que deixasse o casulo.
Também nós, muitas vezes, precisamos passar por situações difíceis na
vida. Se não fossem os obstáculos, o que nos tornaria fortes?
A vida é assim: pedimos força e recebemos dificuldades para nos fazer
fortes; pedimos sabedoria e recebemos problemas para resolver; pedimos
coragem e recebemos o desconhecido para enfrentar; pedimos amor e recebemos
pessoas com problemas para ajudar; pedimos favores e recebemos
oportunidades.
Talvez não recebamos exatamente o que pedimos. Mas sempre temos
tudo de que precisamos.
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ANEXO 8
QUESTIONÁRIO FINAL
1) As atividades oferecidas pelo grupo te ajudaram de alguma forma?
2) Com o que você aprendeu no grupo, será possível alguma alteração em
sua vida pessoal?
3) Este Curso modificou seus planos pessoais?
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