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Universidade Federal de São João del-Rei Coordenadoria do Curso de Química
Resíduos Sólidos Industriais
Geizimara Nazaré Oliveira do Nascimento
São João del-Rei – 2017
RESÍDUOS SÓLIDOS INDUSTRIAIS
Monografia de Trabalho de Conclusão de Curso, apresentado no 2º semestre do ano de 2017 ao Curso de Química, Grau Acadêmico Bacharelado, da Universidade Federal de São João del-Rei, como requisito parcial para obtenção do título Bacharel em Química. Autor: Geizimara Nazaré Oliveira do Nascimento Docente Orientador: Profª Drª. Honória de Fátima Gorgulho Modalidade do Trabalho: Dissertação
São João del-Rei – 2017
RESUMO:
A disposição inadequada de resíduos sólidos industriais apresenta-se como um dos
problemas ambientais mais críticos da atualidade. Diante desse cenário o gerenciamento
dos resíduos sólidos nas indústrias, vem se tornando uma prática comum em razão de
exigências externas tanto por parte de clientes como de órgãos ambientais. A busca de
soluções para o gerenciamento adequado dos resíduos sólidos tem se constituído um
grande desafio. Considerando a grande diversidade de resíduos produzidos, por diversas
industrias, no presente trabalho será mostrado a importância do modo de acondicionamento
e transporte, assim como também a sua classificação. O trabalho também apresenta tipos
de tratamentos térmicos em que os resíduos podem ser submetidos, com finalidade de
tentar diminuir a quantidade e/ou a toxidade destes resíduos após o tratamento. Sabe-se
que ainda existe diversos outros tipos de tratamentos.
SUMÁRIO
1.Introdução 1
2. Objetivo 2
3. Definição de Resíduos Sólidos Industriais 2
3.1 Classificação 2
3.2 Gerenciamento 4
4. Manuseio dos resíduos sólidos 5
4.1 Acondicionamento e armazenamento 5
4.2 Transporte 7
5. Tratamento 8
5.1. Principais tratamentos térmicos 8
5.1.1 Incineração 9
5.1.1.1 Dioxinas e Furanos 9
5.1.2 Pirólise 11
5.1.3 Gaseificação 12
5.1.4 Plasma Térmico 12
6. Disposição Final 13
6.1 Aterro Industrial 13
7. Considerações finais 14
8. Referências Bibliográficas 14
Monografia de TCC – Química – Bacharelado – UFSJ – 2017
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1. INTRODUÇÃO
Ao longo de sua existência, o homem vem gerando resíduos com tão pouca ou
nenhuma preocupação, visto que os recursos naturais eram abundantes e a natureza
aceitava passivamente os despejos realizados. O crescimento econômico em curto prazo,
mediante a utilização de novos processos produtivos e a exploração intensiva de energia e
matérias-primas, acarretou no desenvolvimento excessivo de resíduos. Com este
crescimento rápido, gerou impressionantes excedentes de riqueza econômica, mas trouxe
consigo grandes problemas sociais e ambientais, entre eles os resíduos.[1]
Os resíduos sólidos são produzidos em todos os estágios das atividades humanas,
tanto em termos de composição como de volume, variam em função das práticas de
consumo e dos métodos de produção. As principais preocupações estão voltadas para as
repercussões que podem ter sobre a saúde humana e sobre o meio ambiente (solo, água, ar
e paisagens).
De maneira a diminuir este impacto, tanto no meio ambiente quanto na saúde
humana, fez se necessário o desenvolvimento de metodologias de tratamento e reciclagem
de resíduos, de modo a reduzir a quantidade ou o potencial poluidor destes resíduos.[2] Para
que o resíduo seja tratado é necessário, primeiramente, caracterizá-lo, sabendo assim qual
será o procedimento mais adequado a ser usado.
As atividades industriais são responsáveis pela produção de uma diversidade de
resíduos, alguns dos resíduos sólidos gerados podem ser classificados como “Resíduos
Perigosos”. Além disso, alguns resíduos industriais podem ser caracterizados como
recicláveis ou não-recicláveis, ou seja, os recicláveis são considerados aqueles que podem
passar por processo, por tratamentos, gerando um novo produto ou uma menor quantidade
do mesmo, já os não-recicláveis são direcionados a uma disposição final, os chamados
aterros industriais.
Existem diversos tipos de tratamentos para os resíduos sólidos. O tratamento térmico
que será abordado no trabalho é um deles, que é um processo em que o resíduo sólido
industrial recebe uma grande quantidade de energia em forma de calor a uma temperatura
que modifica de acordo com o tratamento aplicada durante uma certa quantidade de tempo
obtendo como resultado uma mudança nas suas características, como por exemplo a
diminuição de volume, devido a vários processos físico-químicos que ocorrem durante o
processo.
Os diferentes tipos de tratamentos térmicos citados no trabalho se diferenciam em
função da temperatura de operação e o meio onde ocorre o processo. A decisão de qual
forma de tratamento será usada dependerá de vários fatores, como por exemplo o impacto
causado e interesse pelo produto gerado após o tratamento do resíduo.
Monografia de TCC – Química – Bacharelado – UFSJ – 2017
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2. OBJETIVOS
Este trabalho tem por finalidade realizar uma revisão bibliográfica de trabalhos já
publicados a respeito do Gerenciamento de Resíduos Sólidos Industriais, destacando-se os
tipos de tratamento térmicos empregados nas indústrias, trazendo atualizações que
regulamentam o descarte desses resíduos.
3. DEFINIÇÃO DE RESÍDUOS SÓLIDOS INDUSTRIAIS
De acordo com o Art. 2° da Resolução CONAMA nº 313/2002, considera-se que
resíduo sólido industrial é:
(...) todo o resíduo que resulte de atividades industriais e que se encontre nos
estados sólido, semi-sólido, gasoso - quando contido, e líquido - cujas particularidades
tornem inviável o seu lançamento na rede pública de esgoto ou em corpos d`água, ou
exijam para isso soluções técnica ou economicamente inviáveis em face da melhor
tecnologia disponível. Ficam incluídos nesta definição os lodos provenientes de
sistemas de tratamento de água e aqueles gerados em equipamentos e instalações de
controle de poluição. (Resolução CONAMA n° 313, 2002, p.654).
É necessário, portanto, classificar e gerenciar estes resíduos de modo a dar um
destino ideal sem que prejudique o ambiente e a saúde humana.
3.1 CLASSIFICAÇÃO
Os resíduos sólidos industriais apresentam diversas características devido aos
processos de manufatura dos quais ele é originado, portanto, os mesmos são divididos em
classes. O conhecimento sobre a matéria-prima ou o seu processo industrial facilita na
caracterização do resíduo.
Todo o processo em que o resíduo é submetido, desde o manuseio, o
acondicionamento, o armazenamento, a coleta, o transporte, o tratamento e a disposição
final, irá depender de sua caracterização, visando o risco que este pode apresentar para a
saúde humana ou ao meio ambiente.
Dessa maneira, para obter uma classificação padronizada, em condição nacional,
para os resíduos sólidos, a ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas) constituiu um
conjunto de normas, as quais estão divididas em:[4]
- NBR 10.004 – Resíduos Sólidos – Classificação
- NBR 10.004 – Lixiviação de Resíduos – Procedimento
- NBR 10.006 – Solubilização de Resíduos – Procedimento
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- NBR 10.007 – Amostragem de Resíduos – Procedimento
De acordo com a norma NBR 10.004, os resíduos são classificados em duas
classes, sendo Classe l (Perigosos) e Classe ll (Não Perigosos). E ainda a Classe ll
apresenta mais duas classes, a Classe ll A (Não inertes) e a Classe ll B (Inertes).[5]
A seguir serão apresentados as características de cada classe:
Classe l: Classificados como perigosos
São resíduos ou misturas de resíduos que possuem alguma característica de
inflamabilidade, corrosividade, reatividade, toxicidade ou de patogenicidade, podendo
causar algum risco a saúde pública, provocando ou contribuindo com a mortalidade ou
incidência de doenças e/ou proporcionar efeitos adversos ao meio ambiente, quando
manuseado de maneira inadequada.[4]
Exemplos de resíduos perigosos: resíduo que contenha tetracloroetileno, tolueno,
benzeno, chumbo, e entre outros.
Classe ll: Classificados como não perigosos, sendo dividido em:
A – Não inertes: São resíduos que não se enquadram na classificação de perigosos
(Classe l) e nem como inertes (Classe ll B). Estes resíduos possuem combustibilidade,
solubilidade em água ou biodegradabilidade como propriedades.[4]
B – Inertes: São resíduos os quais quando submetidos ao teste de solubilidade,
conforme a norma ABNT NBR 10.006 não possuem nenhum constituinte solubilizado a
concentrações superiores aos padrões de potabilidade de água.[4]
Exemplos de resíduos não perigosos: resíduo de papel e papelão, materiais têxteis,
madeira, e entre outros. Excluídos aqueles resíduos que são contaminados por substâncias
perigosas.
A norma NBR 10.004 apresenta também o código de identificação para diversos
resíduos, principalmente os tóxicos.[5] De acordo com a norma, a ABNT criou um fluxograma
(Figura 1) o qual apresenta uma metodologia a ser utilizada para a caracterização e
classificação dos resíduos sólidos industriais.[4]
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Figura 1: Caracterização e classificação dos resíduos sólidos.
(Fonte: ABNT, 2004, p. VI.)
3.2 GERENCIAMENTO
O gerenciamento de resíduos sólidos estabelece uma união de procedimentos de
gestão, planejados e implementados, de modo a ser realizado processos para que sejam
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tomadas medidas preventivas de eliminação ou a minimização destes, passando pelo
tratamento até chegar na disposição final, que são os aterros, opção a qual não se é muito
desejada. Lembrando-se que as indústrias devem primeiramente priorizar à não produção
dos resíduos sólidos, uma vez produzidos devem, portanto serem classificados
corretamente e tratados.
Na Figura 2 abaixo segue a forma de gerenciamento dos resíduos sólidos.
Figura 2: Diferentes formas para o gerenciamento de um resíduo sólido.
4. MANUSEIO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS
Para um manuseio de forma segura, é necessário o conhecimento da periculosidade
do material. Portanto, de acordo com a norma ISO 14001 do CNTL (Centro Nacional de
Tecnologias Limpas), é necessário garantir que todo pessoal que trabalhar, manusear, com
material que possa criar um impacto significativo no meio ambiente deverá receber um
treinamento adequado.[6] Treinamento necessário de modo que os operadores conheçam as
características e os riscos de cada resíduo, desde o primeiro contato com o resíduo até o
acondicionamento, o armazenamento e o transporte.
Os operados devem utilizar de forma adequada os Equipamento de Proteção
Individual (EPIs) necessários para cada atividade; e estarem sempre atentos para o caso de
contato ou contaminação com o resíduo, tanto individual quanto ambiental, e sendo
necessário realizar procedimentos de emergências.
4.1 ACONDICIONAMENTO E ARMAZENAMENTO
O modo de acondicionamento e armazenamento dos resíduos é um fator muito
importante, logo devem ser colocados em recipientes e locais adequados de acordo com as
características, quantidade e o volume de cada resíduo, de modo a não provocar riscos a
saúde humana ou ao meio ambiente.
Todos os equipamentos para acondicionar os resíduos devem contar com
dispositivos que facilitem o seu deslocamento.[7] Na Tabela 1 estão as formas mais usuais
de se acondicionar os resíduos sólidos industriais.
Reciclagem ou
a reutilização
Prevenção à
poluição Disposição Final Prevençao à
poluiçao
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Tabela 1: Maneiras de acondicionar os resíduos sólidos industriais.
RECIPIENTES USADO PARA:
TAMBORES METÁLICOS DE 200 LITROS Resíduos sólidos sem características corrosivas
BOMBONAS PLÁSTICAS DE 200 OU 300
LITROS
Resíduos sólidos com características corrosivas ou
semi-sólidos em geral
BIG-BAGS PLÁSTICOS
São sacos, normalmente de polipropileno trançado,
de grande capacidade de armazenamento, quase
sempre superior a 1 m3
CONTÊINERES PLÁSTICOS,
PADRONIZADOS NOS VOLUMES DE 120,
240, 360, 750, 1.100 E 1.600 LITROS
Resíduos que permitem o retorno da embalagem
CAIXAS DE PAPELÃO, DE PORTE
MÉDIO, ATÉ 50 LITROS Resíduos a serem incinerados
(Fonte: elaborado com base MONTEIRO, 2001)
O armazenamento é a área, local, onde o resíduo fica depositado temporariamente
até ser levado ao tratamento ou ao seu destino final, desde que atenda as condições
básicas de segurança.[8] Os resíduos das classes II não devem ser armazenados juntamente
com resíduos classe I, uma vez que misturados resultam em um resíduo caracterizado
perigoso.[9]
O armazenamento deve ser executado de acordo com as normas estabelecidas:
- NBR 12.235/1992 – Armazenamento de resíduos perigosos;
- NBR 11.174/1990 – Armazenamento de resíduos não inertes e inertes;
- NB 98 – Armazenamento e manuseio de líquidos inflamáveis e combustíveis
A escolha da área onde os resíduos vão ficar temporariamente até seu destino final
devem levar em conta os seguintes itens:[6]
O local deve ser projetado para que o risco de contaminação ambiental seja mínimo;
Deve ser de fácil acesso para os equipamentos de transporte;
Deve ter sinalização e ter o acesso limitado;
Os resíduos devem estar devidamente identificados e dispostos em áreas
separadas;
O piso deve ser impermeável e com drenagens para a Estação de Tratamento de
Efluentes (ETE);
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Os resíduos de diferentes classificações não devem ser armazenados juntos ou
próximos;
O local deve ser coberto (dependendo do tipo de resíduo estocado);
O local deve ser afastado das áreas administrativas (deverá ser controlada a direção
predominante dos ventos para evitar problemas de odores);
A instalação deverá possuir equipamentos de segurança e de proteção individual
compatível com os resíduos instalados e com as possíveis emergências.
É necessário também uma análise para a seleção do local de armazenamento para
estes resíduos, considerando os seguintes fatores: topografia, geologia, uso do solo,
recursos hídricos, acesso, área disponível, e meteorologia.[8]
Mesmo com todos os métodos e cuidados feitos para o acondicionamento e
armazenamento o local não está livre de sofrer acidentes, tais como: incêndios,
derramamentos e vazamentos. Portanto, a empresa deve desenvolver um Plano de
Emergências, sendo “um conjunto de instruções e ações pré-estabelecidas a serem
imediatamente adotadas em casos de acidente”.[10]
4.2 TRANSPORTE
Para o transporte dos resíduos sólidos, sendo transporte interno e externo, é
necessário treinamento adequado para os funcionários. O transporte interno é realizado do
ponto onde os resíduos são gerados industrialmente até o seu ponto de armazenamento na
empresa. Para este tipo de transporte pode ser utilizado carrinho de mão, empilhadeiras,
caminhonetes, isso dependendo do volume a ser transportado.
O tipo de transporte externo de resíduos mais utilizado é na forma terrestre, sendo
ela ferroviária ou rodoviária, dentre elas, a mais utilizada é a rodoviária, existindo também a
modalidade marítima ou fluvial. A norma da ABNT 13.221/2000, que dispõem sobre o
transporte terrestre de resíduos, estabelece os seguintes requisitos para essa atividade:
O transporte deve ser feito por meio de equipamento adequado, obedecendo às
regulamentações pertinentes.
O estado de conservação do equipamento de transporte deve ser tal que, durante o
transporte, não permita vazamento ou derramamento do resíduo.
O resíduo, durante o transporte, deve estar protegido de intempéries, assim como
deve estar devidamente acondicionado para evitar o seu espalhamento na via
pública ou via férrea.
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Os resíduos não podem ser transportados juntamente com alimentos, medicamentos
ou produtos destinados ao uso e/ou consumo humano ou animal, ou com
embalagens destinados a estes fins.
O transporte de resíduos deve atender à legislação ambiental específica, quando
existente, bem como deve ser acompanhado de documento de controle ambiental
previsto pelo órgão competente, devendo informar o tipo de acondicionamento
A descontaminação dos equipamentos de transporte deve ser de responsabilidade
do gerador e deve ser realizada em local(is) e sistema(s) previamente autorizados
pelo órgão de controle ambiental competente.[11]
Além de seguir esses requisitos, cada Estado também tem sua própria norma para
transporte de resíduos. Existem instituições como a CETESB (Companhia de Tecnologia de
Saneamento Ambiental) que é uma agência do Governo do Estado de São Paulo que
controla, fiscaliza, monitora e licencia as atividades geradoras de poluição, ela também
exige e expede licença, por um documento chamado CADRI (Certificado de Movimentação
de Resíduos de Interesse Ambiental), autorizando assim, o resíduo a ser transportado.[12]
Quando se tratar de transporte terrestre de resíduos perigosos, é necessário que a
empresa obedeça ao Decreto nº 96044/88, à Portaria nº 204 do Ministério dos Transportes e
às NBR 7500, NBR 7501, NBR 7503 e NBR 9735.[12]
5. TRATAMENTO
É comum proceder ao tratamento de resíduos industriais com vistas à sua
reutilização. Entretanto, diante a diversidade dos mesmos, não existe um processo
preestabelecido, havendo sempre a necessidade de realizar uma pesquisa e o
desenvolvimento de processos economicamente viáveis, oferecendo um destino
adequado.[2]
Os processos a que os resíduos sólidos são submetidos provocam uma alteração
nas características, na composição, e em seu volume. Assim, diminui sua toxicidade e o
volume a ser depositado em aterros.
5.1. PRINCIPAIS TRATAMENTOS TÉRMICOS
A seguir estão os principais tratamentos a que os resíduos sólidos industriais podem
ser submetidos. Lembrando que os resíduos são muito variados e apresentam
características diversificadas, portanto é necessário classificar (classificação no item 3.2)
corretamente antes de iniciar um tratamento.
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5.1.1 INCINERAÇÃO
A incineração é um processo de decomposição térmica a uma temperatura acima de
1000 ºC, onde ocorre uma redução de peso, do volume e das características de
periculosidade dos resíduos sólidos, com a consequente eliminação da matéria orgânica e
características de patogenicidade por um processo de queima, na presença de excesso de
oxigênio, no qual os materiais à base de carbono são decompostos.[2] A redução do volume
do resíduo pode chegar a 90 %, eliminando resíduos patogénicos e tóxicos.[13]
O tratamento envolve: destruir os resíduos, transformando-os na forma de cinzas;
reduzir drasticamente o volume de resíduo e gerar energia, considerando resíduos
combustíveis
Na incineração dos resíduos, ocorre a formação de poluentes atmosféricos a partir
de processos de combustão, os quais irão depender dos resíduos, de suas composições, a
serem queimados. O controle das emissões destes gases está associado à redução das
fontes desses elementos no incinerador e à instalação de equipamentos de controle de
poluição (ECP) eficientes para a retê-los, o qual devem estar de acordo com os padrões
exigidos pela legislação.[14]
O equipamento para o controle de poluição remove os poluentes do ar concentrando-
os nas cinzas soltas, criando um fluxo perigoso de resíduos tóxicos que necessita de um
tratamento adicional. Deste modo, o problema da libertação de poluentes não está resolvido;
os poluentes são simplesmente transferidos de um meio, como o ar, para outro (sólido ou
água).[15]
Os resíduos que contém enxofre, flúor, cloro, bromo e iodo geram, no processo da
incineração, emissões gasosas, cuja presença é evidenciada nas mesmas. Metais como
cromo e chumbo não são destruídos durante a combustão permanecendo nas cinzas. A
remoção de metais das emissões é conseguida por meio de precipitadores eletrostáticos ou
filtros industriais. Os precipitadores eletrostáticos, a qual a metodologia fundamenta-se em
carregar eletrostaticamente as partículas e depois capturá-las por atração eletromagnética,
são menos eficientes na remoção dos finos, cuja relevância ambiental é significativa.[16]
A destinação das cinzas geradas no processo, após serem analisadas, deve ser em
aterros Classe l ou ll de acordo com sua classificação final. Já que estas cinzas ainda
podem conter substâncias orgânicas não queimadas ou tóxicas não destruídas durante o
processo da incineração.[17]
5.1.1.1 DIOXINAS E FURANOS
Esses compostos podem ser formados por meio de reações elementares entre
carbono, hidrogênio, oxigênio e cloro. Tem sido observada a formação de dioxinas, furanos
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e compostos relacionados com o benzeno e fenóis clorados no carbono residual coletado na
saída do sistema de combustão, região a qual temperatura alcança quase os 400ºC, na
presença de ácido clorídrico, oxigênio e água.
As dibenzo-p-dioxinas policloradas e os dibenzofuranos policlorados usualmente
chamadas de dioxinas e furanos, respectivamente, são duas classes de compostos
aromáticos tricíclicos, de função éter, com estrutura quase planar, e que possuem
propriedades físicas e químicas semelhantes, como pode-se analisar nas Figuras 3.[18]
Teoricamente, podem ocorrer de 1 à 8 átomos de cloro nas posições substituíveis da
dioxina.
A)
B)
Figura 3. Compostos aromáticos. A) dioxina e B) furano.
Existem 210 tipos de dioxinas e furanos. Dentre as quais, apenas 17 são
consideradas tóxicas. A Dioxina mais tóxica é a 2,3,7,8-TCDD (Tetra-Cloro-Dibenzo-
Dioxina), Figura 4, com quatro átomos de cloro ligados nas posições 2, 3, 7 e 8. Para as
demais, foi desenvolvido um Fator de Toxidez Equivalente (TEQ), que compara sua toxidez
à 2,3,7,8-TCDD, tomada como valor 1 (um). Logo, uma dioxina com TEQ de 0,01 é 100
vezes menos tóxica do que a 2, 3,7,8-TCDD.[18]
Monografia de TCC – Química – Bacharelado – UFSJ – 2017
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Figura 4. Estrutura da 2,3,7,8-Tetrachlorodibenzo-p-dioxin (TCDD).
(Disponível em: http://www.caslab.com/2_3_7_8-Tetrachlorodibenzo-p-dioxin-TCDD-5.php5)
Das diversas fontes de emissão das dioxinas e furanos, uma das principais está a
incineração, no seu processo de combustão.[18] Dessa maneira, seria necessário pensar na
diminuição da produção de resíduos sólidos no processo e na reciclagem, e após, pensar no
tratamento que ele possa sofrer, ainda que a incineração, para alguns resíduos, seja a única
alternativa de tratamento.[16]
5.1.2 PIRÓLISE
No tratamento de pirólise ocorre o processo de destruição térmica em que os
materiais à base de carbono são decompostos em combustíveis gasosos ou líquidos e
carvão. Ocorre também a decomposição da matéria orgânica com formação de metano
(CH4), monóxido de carbono (CO) e vapor de água. Estes gases combustíveis formados
permitem obter energia térmica. E essa energia pode ser depois aproveitada para a
produção de vapor que poderá ser transformado em eletricidade.[7]
Os produtos resultantes do processo de pirólise são:
Gases: Hidrogênio (H2), Metano (CH4), monóxido de carbono (CO), dióxido de
carbono (CO2) e outros gases (dependendo do tipo do resíduo que se trata)
Líquidos: tipo alcatrão de hulha, ácido acético (HAc), metanol (CH3OH) e
hidrocarbonetos oxigenados;
Sólidos: alcatrão constituído essencialmente por C e outros elementos residuais.
Os processos pirolíticos são endotérmicos, uma vez que é necessário fornecer
externamente calor ao sistema para que a reação de pirólise se possa processar. A
formação das quantidades de líquido ou gás depende da temperatura do processo.[16]
A pirólise é especialmente promissora para o tratamento de plásticos, pois o gás
obtido pode ser reprocessado em indústria petroquímica e também para reduzir os
volumes de resíduos destinados a aterros, além disso permite a geração de energia
elétrica a partir dos gases gerados.[16]
Monografia de TCC – Química – Bacharelado – UFSJ – 2017
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Este processo reduz substancialmente o volume dos resíduos tratados, podendo
chegar até 95%. Porém, assim como a incineração, apresentam elevados riscos de
contaminação do ar, com geração de dioxinas a partir da queima de materiais clorados
existentes nos sacos de PVC e desinfetantes, e riscos de contaminação do ar pela emissão
de materiais particulados.[7]
5.1.3 GASEIFICAÇÃO
É uma técnica eficiente para a redução significativa do volume de alguns tipos de
resíduos. É considerado um tratamento de conversão térmica para a produção de um gás
combustível, utilizado para a produção de energia, ou um gás de síntese, que é um gás
consistente e de alta qualidade, utilizado para a produção de diversos produtos, tais como
metanol e amônia.[19,20]
A utilização de uma mistura de ar e vapor de água, que combina com os produtos
orgânicos, aumentam a formação de hidrogênio (H2) no gás combustível.[20]
Existem dois tipos de gaseificação, sendo eles, direta e indireta. O processo de
gaseificação direta ocorre quando o agente de gaseificação é utilizado para oxidar
parcialmente o material, fornecendo energia para manter a elevada temperatura do
processo. O ar ou oxigênio são utilizados como agentes oxidantes neste processo.[19]
Na gaseificação indireta, o agente de gaseificação é livre de oxigênio, podendo ser
utilizado, portanto o vapor de água. Para que o processo ocorra, é necessário a ajuda de
uma fonte de energia externa. O produto formado em ambos os casos é constituído de um
gás combustível, alcatrão e um resíduo sólido carbonoso (resultante da combustão
incompleta da matéria orgânica).[19]
5.1.4 PLASMA TÉRMICO
Os tratamentos já citados, tendem a remover ou destruir os componentes nocivos,
obtendo como produto uma quantidade menor de outros resíduos, sendo necessário serem
lançados no meio ambiente ou dispostos em aterros. Já o tratamento com o plasma térmico,
permite a destruição térmica, fusão, inertização e até mesmo a vitrificação de resíduos,
permitindo a reciclagem de produtos obtidos no tratamento. Em geral, o sistema do
processo térmico transforma subprodutos residuais orgânicos perigosos em substâncias
benignas e úteis, usando a densidade energética muito alta do plasma de arco elétrico para
romper as moléculas tóxicas e perigosas.[21]
Com o aquecimento de um gás à temperaturas elevadas ocorrem mudanças
significativas em suas propriedades. O qual, por volta de 2000 ºC, as moléculas deste
começam a se dissociar em estado atômico, e a cerca de 3000 ºC, os átomos são ionizados
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pela perda de parte dos elétrons. Este gás parcialmente ionizado com energia térmica
satisfatória para atomizar, ionizar e excitar os elementos, é denominado plasma.[21]
Um gerador de plasma, conhecido como tocha de plasma, é um dispositivo que
transforma energia eléctrica em calor transportado por um gás. Gás que atinge altas
temperaturas, podendo atingir até cerca de 15.000 ºC, gerado pelo uso de eletricidade,
normalmente pelo emprego de um arco elétrico.[21]
As vantagens mais importantes do sistema de plasma térmico são as emissões muito
baixas resultantes da alta eficiência em destruição e eliminação dos resíduos, com a
capacidade de recuperar produtos químicos úteis dos fluxos de resíduos. Pode- se utilizar,
também, a tocha de plasma para a redução do volume das cinzas tóxicas geradas em
incineradores convencionais. Os incineradores utilizam temperaturas mais baixas no
processo, a qual não é suficiente para atingir o ponto de fusão de uma boa parte das cinzas
geradas.[22]
6. DISPOSIÇÃO FINAL
A disposição de resíduos é a solução mais antiga e tradicional adotada pelo homem
para dar destinação aos resíduos que gera. Após os tratamentos citados, na maioria dos
processos, a disposição final dos resíduos tratados e daqueles resíduos que são
considerados não-recicláveis é em aterros, podendo ser: aterros controlados, sanitários,
industriais e comuns. Contudo, ocorrem ainda a disposição destes resíduos em lixões,
provocando risco a saúde humana e ao meio ambiente.
Portanto, se tratando de resíduos sólidos industriais, existem os aterros industriais,
que permitem o confinamento seguro dos resíduos em termos de contaminação ambiental e
saúde pública. Um aterro que necessita de uma área segura e um projeto bem mais
elaborado quanto aos demais devido a razão dos tipos de materiais que irão receber,
podendo ser da classe de perigosos.
6.1 ATERRO INDUSTRIAL
Um aterro industrial solicita de uma impermeabilização rigorosa de sua base, com
materiais naturais ou sintéticos, mantas plásticas especiais, e também uma cobertura
impermeável para as células que já tiverem sido preenchidas, a fim de evitar a infiltração de
águas de chuva e possibilitar o controle de emanações gasosas. É também importante
manter uma distância de vários metros do fundo das valas do aterro até o nível do freático
no local.[23] Assim, é importante que a instalação seja feita em área apropriada, sobre solo
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impermeável e afastada de corpos d’água, e seja monitorada, seguindo sempre as normas e
a legislação.
Os aterros industriais também são classificados nas classes I, II ou III, conforme a
periculosidade dos resíduos a serem dispostos. Os aterros Classe I podem receber resíduos
industriais perigosos; os Classe II, resíduos não-inertes; e os Classe III, somente resíduos
inertes. Portanto, a construção e o local dos aterros devem seguir a dependência necessária
de Classe. O monitoramento destes aterros deve ser frequente, evitando a contaminação do
solo ou das águas subterrâneas ao redor.[23]
A vida útil de um aterro é função do volume de material que irá receber em um
determinado tempo, da densidade aparente do material e da manutenção adequada
necessária.
O aterro industrial, tem como principal vantagem o seu baixo custo quando
comparado com os outros tratamentos e disposição, e também a possibilidade de poder ser
lançado uma grande variedade de resíduos. Contudo, há também suas desvantagens, como
a necessidade de uma grande área física para a disposição dos resíduos e necessidade de
um monitoramento continuo.
7. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Por todos esses aspectos, observou-se a relevância de uma classificação e um
gerenciamento adequado dos resíduos sólidos industriais. O crescente interesse em
questão, é expor os tipos de tratamentos térmicos destes resíduos afim de diminuir a
agressão dos poluentes no meio ambiente e assegurar a qualidade de vida da população.
O tratamento térmico é um tratamento de baixo impacto ambiental. Dentre os citados
no trabalho, o tratamento por plasma mostra uma melhor eficiência, quanto a destruição e
eliminação dos resíduos perigosos, devido as suas baixas emissões de poluentes. Os
demais tratamentos, apesar de reduzirem ou até eliminarem os resíduos sólidos perigosos,
emitem, dependendo da substância contida no resíduo, compostos tóxicos na atmosfera.
Contudo, em algumas empresas já se encontram equipamentos para controles de poluição,
como por exemplo o equipamento Quencher, que evita a formação das dioxinas e furanos
por meio da redução bruta da temperatura dos gases finais, operando em grande
quantidade de água.[24]
8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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limpa. Série Manuais de Produção mais limpa. Porto Alegre, RS, 2003.
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Janeiro: IBAM, 2001.
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