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Responsabilidade
Qual é o objetivo da ordem jurídica?
Proteger o lícito
e
reprimir o ilícito
Como isso se realiza?
Deveres
Positivos
Dar
Fazer
Negativos
Não fazer
Tolerar
Mas, o que é um dever jurídico?
Conduta imposta pelo direito por exigência da
convivência!
Dever jurídico
Originário
Obrigação
Sucessivo
Responsabilidade
A violação de um dever jurídico originário –
obrigação-, o que acarreta?
Obrigação Violação Ilícito
Responsabilidade
Reparar o dano
Pagar ou Fazer
Obrigação é o dever jurídico
originário
Sua violação gera a ...
... Responsabilidade,
que é o dever jurídico sucessivo
Quem é o responsável em reparar o dano?
Qual a função da responsabilidade?
Sociedade Ilícito Dano
Função da responsabilidade civil
•Restituto in integrum
•Compensatória do dano à vítima
•Punitiva do ofensor
•Desmotivação social da conduta
Responsabilidade
Civil
Penal Administ
rativa
Responsabilidade Médica Prof. Me. Eduardo Hoffmann
Espécies de responsabilidade
São maneiras diferentes de encarar a obrigação de reparar o dano
• Responsabilidade subjetiva▫ Regra em nosso sistema
▫ Depende da comprovação de culpa
• Responsabilidade objetiva▫ Surgiu devido a dificuldade de prova
▫ Esteada na teoria do risco
▫ É exceção em nosso sistema
▫ Somente ocorre nos casos taxativamente previstos na lei
Responsabilidade subjetiva
• Dita o art. 186 do Código Civil:
▫ Aquele que, por ação ou omissão voluntária,negligência ou imprudência, violar direitoe causar dano a outrem, ainda queexclusivamente moral, comete ato ilícito.
• Ao seu lado, fixa o art. 927 do Código Civil:
▫ Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187),causar dano a outrem, fica obrigado arepará-lo.
Responsabilidade subjetiva
• São, portanto, pressupostos da responsabilidadesubjetiva:▫ Conduta culposa do agente
▫ Nexo causal
▫ Dano
Qual a grande diferença quanto à responsabilidade objetiva?
Responsabilidade objetiva
Na responsabilidade objetiva a culpa é presumida.
• Não se exige prova de culpa do agente que este sejaobrigado a reparar o dano: ou a culpa épresumida pela lei ou simplesmente se dispensasua comprovação.
• Transfere-se ao causador do dano o ônus deprovar culpa exclusiva da vítima ou caso fortuito.
Exemplo:
• Dita o art. 936 do Código Civil:
▫ O dono, ou detentor, do animal ressarcirá o danopor este causado, se não provar culpa davítima ou força maior.
• Ora, se o réu não provar nenhuma excludente(culpa exclusiva da vítima ou força maior) seráobrigado a indenizar.
Responsabilidade objetiva
• Funda-se no parágrafo único do art. 927 doCódigo Civil, o qual fixa:
▫ Haverá obrigação de reparar o dano,independentemente de culpa, nos casosespecificados em lei, ou quando a atividadenormalmente desenvolvida pelo autor do danoimplicar, por sua natureza, risco para os direitosde outrem.
Responsabilidade objetiva
• Teorias que a fundamentam:
▫ Risco-proveito: é justo que aquele que obtém oproveito de uma empresa, o patrão, venha a seonerar com a obrigação de indenizar os queforem vítimas de acidentes durante o trabalho;
▫ Risco-criado: pelo simples fato de agir, ohomem cria riscos para os demais, por isso deveresponder em caso de dano.
E os médicos, como ficam?
Responsabilidade subjetiva ou
objetiva?
Admissão da responsabilidade objetiva
• Em algumas ocasiões, pode-se presumir aculpa, como no caso de cirurgias plásticasestéticas propriamente ditas –cosmetológicas/embelezamento–,exames de laboratório e check-ups.
• Nos bancos de sangue e de sêmentambém aplica-se a teoria objetiva.
Procriação artificial
• Alguns casos que nos chamam a atenção:
▫ Nos EUA, uma mulher branca, após a morte do marido, também branco,que sofria de câncer e depositara sêmen em laboratório especializado,aguardando o momento oportuno para a fertilização do óvulo da esposae consequente procriação, concebeu um bebê negro.
▫ O laboratório equivocara-se com o esperma, trocando-o.
▫ Ao ficar só com a criança, surgiram consequências daquela insólitasituação: uma mãe branca e filho negro. Colegas do menino, na escola,zombavam dele, com a crueldade inocente típica de crianças; os vizinhosjá se perguntavam se a história do sêmen equivocado não ocultava algo.
▫ Em suma, o Tribunal de Nova Iorque condenou o laboratório a indenizara desditosa senhora com a importância de US$ 400 mil.
Conhecem a figura?
Fazedor de bebês
• O médico da Virginia, Dr. Cecil Jacobson, fertilizavasuas clientes com seu próprio esperma, semcientificá-las disso, é claro!
• O médico cobrava US$ 20 mil pelo tratamento edizia as pacientes que utiliza esperma de estudantesde medicina e seminaristas.
• Exame de DNA revelou que 75 eram suas.
• Devido a isso e a outras condutas irregulares, tevesua licença cassada.
Lembram de alguém no Brasil!
Teorias objetivistas
• Cidade realmente civilizada é aquela em quetodos os cidadãos sentem a injuria feita a um sóe em que todos exigem a sua reparação tãovivamente como aquele que a recebeu.
• Algumas teorias ganham espaço, dentro daresponsabilidade subjetiva, como fundamentode responsabilização.
Perda de um chance
• Adotado pela jurisprudência francesa a partir do ano de 1965
• O que determina a indenização é a perda de uma chance de resultado favorável ao tratamento
O que se indeniza neste caso?
Perda de uma chance
A indenização, não é integral, posto que não se indeniza o prejuízo
final, mas sim a chance perdida.
Perda de uma chance: aplicação
• Quando não é possível afirmar quedeterminado dano se deve a um ato ouomissão do médico, a Corte deCassação francesa supõe que oprejuízo consiste na perda de umapossibilidade de cura, e, emconsequência, condena à indenizaçãopor esta perda.
Caso 1.• CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR - PLANO DE SAÚDE -
CONTRATO QUE PREVIA ATENDIMENTO AO USUÁRIO POR UTIAÉREA - MAU FUNCIONAMENTO DO TELEFONE DE EMERGÊNCIA,NO AEROPORTO DE CONGONHAS - DENUNCIAÇÃO DA LIDE, PELAUNIMED LONDRINA, À UNIMED AIR - IMPOSSIBILIDADE - PACIENTECOM DERRAME CEREBRAL (AVC HEMORRÁGICO) - TRANSPORTETERRESTRE, POR UTI MÓVEL - MORTE DO SEGURADO - DEMANDAMOVIDA PELA VIÚVA E DOIS FILHOS - DEVER DE INDENIZARRECONHECIDO - SERVIÇO DEFICIENTEMENTE PRESTADO - NEXOCAUSAL VINCULADO À PERDA DE UMA CHANCE DE SOBREVIVÊNCIA- PROCEDÊNCIA PARCIAL DA DEMANDA INDENIZATÓRIA -MONTANTE INDENIZATÓRIO FIXADO EM R$16.000,00 (DEZESSEISMIL REAIS) - APELAÇÃO DOS AUTORES, PLEITEANDO ELEVAÇÃO AO"QUANTUM" DE MIL SALÁRIOS MÍNIMOS PARA CADA UM - APELODA UNIMED, PELA CABAL IMPROCEDÊNCIA OU REDUÇÃO DO VALOR- RECURSOS DESPROVIDOS. Na perda de uma chance, indeniza-se aoportunidade perdida, não o prejuízo final. Por isso, é parcial a reparação.(TAPR, ApCIv 224.231-1, rel. Juiz conv. Sérgio Luiz Patitucci)
Narrativa do caso 1.• O marido e pai dos Autores, HERBERT TURRISSI, firmara contrato de assistência médico-
hospitalar (plano de saúde) com a UNIMED LONDRINA. Plano completo, com a inclusãode transporte aéreo - UNIMED AIR -, pois HERBERT, agropecuarista, possuía fazenda emFernando Prestes, Interior do Estado de São Paulo.
• Em 15.11.97, quando se encontrava em sua fazenda, HERBERT sentiu-se mal. Foiencaminhado ao Hospital de Monte Alto, cidade vizinha, com suspeita de intoxicação, queevoluiu para coma. Aí, a filha GLADYS e o médico tentaram entrar em contato com aUNIMED AIR, no Aeroporto de Congonhas, para o transporte emergencial do enfermo aum centro com maiores recursos. Prolongou-se durante cerca de hora e meia a tentativa decontato telefônico, em vão. A ligação não foi atendida.
• Transportado via terrestre por UTI móvel, até Catanduvas, HERBERT veio a falecer no dia19.11.97.
• A UNIMED LONDRINA, desse modo, descumpriu de forma injustificável o contratofirmado. A alegação de falha no sistema de telefonia do Aeroporto de Congonhas não asocorre. Tais panes são previsíveis e meio alternativo de comunicação deveria serprovidenciado, em caráter permanente. Pediram a condenação, sugerindo valorcorrespondente a um mil (1.000) salários mínimos para cada um dos Autores - R$240,00(duzentos e quarenta reais), a título de danos materiais.
Caso 2.
• Na Espanha, um homem teve a mão amputada – eos médicos que o atenderam puseram a mão numrecipiente com gelo e encaminharam a vítima aohospital onde seria realizado o reimplante. Ocorreque o acondicionamento se fez em recipiente comgelo natural, não gelo sintético – e aquelaextremidade do membro superior chegou aohospital em avançado estágio de congelamento.Por isso, o reimplante foi malsucedido – e osmédicos que acondicionaram a mão de formainadequada condenados a pagar a soma de ummilhão e meio de pesetas ao acidentado, pela perdada chance de, ao menos, ver a mão reimplantada.
Caso 3.
• Responsabilidade civil. Médico. Comporta-se contraa prudência médico que dá alta a paciente, ainstâncias deste, apesar de seu estado febril nãorecomendar a liberação e comunicado,posteriormente, do agravamento do quadro,prescreve sem vê-lo pessoalmente. Oretardamento dos cuidados, se nãoprovocou a doença fatal, tirou do pacienterazoável chance de sobreviver. Tambémcontribuiu a vítima à extensão do dano insistindo naalta. Limites indenizativos remetidos à liquidação.Verba honorária alterada. Apelação provida emparte” (RJTJRGS 158/214).
Dano
•A perda de uma chance repousa sobreuma possibilidade e umacerteza: é verossímil que a chancepoderia se concretizar; é certoque a vantagem esperada estáperdida – e disso resulta um danoindenizável.
Dano
O dano, na perda de uma chance, é incerto – pois a própria realização da chance
jamais seria certa. Mas existe uma certeza, que justifica a indenização: esta chance de obter algo, ou de evitar uma
perda, que se situa na ordem possível – se não provável – das coisas, não poderá
mais se produzir.
Res ipsa loquitur
• Res ipsa loquitur significa que a coisa fala por si
• Trabalhada com maior ênfase nos Estados Unidos.
• Significa que diante de simples ocorrência de umfato, como morte do paciente, paralisia de ummembro, amputação, etc., surge a presunção denegligência, contra o médico e a favor do paciente.
• Extrai-se disto a ilação de que o fato não teriaocorrido se não tivesse havido culpa do médico.
Elementos da res ipsa loquitur
• a) (o dano) deve ter resultado de um fato quenão ocorreria ordinariamente se não tivessehavido negligência (ou outra forma de culpa);
• b) deverá ter sido causado diretamente pelomédico ou por alguém atuando sob sua direçãoou controle;
• c) deverá ter ocorrido em circunstâncias queindiquem que o paciente não o produziuvoluntariamente ou por negligência de sua parte.
Em que vem sendo admitida:
• 1. objetos esquecidos no corpo do paciente durante cirurgia;
• 2. danos a uma parte saudável do corpo, na área do tratamento, ou em partes distantes desta;
• 3. a remoção equivocada de uma parte do corpo, quando outra deveria ter sido extirpada;
• 4. dentes que caem pela traquéia;
• 5. queimaduras de lâmpadas, em radiografias, produtos químicos;
• 6. infecção resultante de instrumentos não esterelizados;
• 7. omissão em radiografar, para diagnóstico de possível fratura;
• 8. colocação equivocada de aparelho gessado;
• 9. incapacidade resultante diretamente da má aplicação de injeção;
• 10. explosão de gases anestésicos.
Caso 4.
• O médico, gineco-obstreta, prepara-se para duasintervenções: na primeira paciente, farálaqueadura tubária; na segunda, curetagem pós-aborto (provocado por Cytotec). Adentrou nasala, onde já se encontrava a primeira paciente,pronta para a laqueadura. Afirma o médico terestranhado a posição em que achava a mulher,mas a instrumentadora, com um gesto, indicouestar tudo certo – e também o anestesistaconfirmou ‘ter feito a raque’.
Caso 4.
• Realizada a laqueadura, constatou-se o engano: aspacientes haviam sido trocadas – e aquela que sesubmeteria à curetagem, resultouirremediavelmente estéril. A princípio, a pacienteconcordou com a proposta do médico, de submetê-la, quando deliberasse engravidar, à fertilização invitro, às expensas do profissional. Passado algumtempo, todavia, sobreveio a demanda indenizatória,na qual a mulher reclama compensação de, nomínimo, R$ 240.000,00, pelo que considerou erroinescusável do médico.
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