Revista de história

Preview:

Citation preview

oIntrodução

oAs embarcações

portuguesas

oOs navios negreiros

oA Escravidão

oQuilombos

oZumbi de Palmares

A chegada dos portugueses a terras brasileirasem 1500 colocou em confronto duas culturasnotadamente diversas. A Europa que tinha emsua base cultural as monarquias, as relaçõesmercantis e o cristianismo. A indígenavalorizava a vida comunitária, a relação com anatureza e a pajelança e o xamanismo. Logovieram também os africanos sob a condição deescravos. Formou-se nos trópicos umasociedade original. Para os europeus e seusdescendentes, reproduziu-se no Brasil seusvalores e a cristandade. Para os ameríndios, adestruição quase completa de sua culturaoriginal e o extermínio de povos inteiros. Paraos africanos e afro-brasileiros, a escravidão, oracismo e a discriminação.

“Para que prestem a utilidade desejada, as

colônias não podem ter o necessário para

subsistir por si, sem dependência da

metrópole.”

(Dom marquês de Pombal, 1776, justificando a política mercantilista e

colonial.)

Os interesses econômicosorientaram a colonização doBrasil. Os portuguesesaplicaram sua políticamercantilista baseada emcertas idéias econômicas.Na prática, o sucesso domercantilismo dependeudos mecanismosreguladores das relaçõesentre colônia e metrópole.O mais importante dessesmecanismos foi omonopólio comercial – oexclusivo, como se dizia na

época.

Através do monopólio comercial, ascolônias eram mercados fechados àconcorrência estrangeira. Sópodiam vender às suas metrópolese só podiam comprar dela ou porseu intermédio.

Desenvolveu-se também a teoriado pacto colonial. Por esse pacto ametrópole tinha posse legal e plenajurisdição sobre suas colônias.Essas passavam a ser extensões dametrópole, constituindo com elasuma unidade políticas e jurídica eadotando seus objetivos e

interesses.

A nau portuguesa do século XVI pode caracterizar-secomo um navio redondo de alto bordo, com umarelação de 3:1 entre o comprimento e a larguramáxima, três ou quatro cobertas, castelos de popa detrês pavimentos (tolda, alcova e capitel) e proa dedois (guarita e sobreguarita) cuja arquitetura seintegra perfeitamente no casco; arvorava trêsmastros, o grande e o traquete com pano redondo, eo da mezena com pano latino. É um navio de cargapor excelência, destinado a percorrer longasdistâncias em rotas conhecidas, tirando partido doaparelho pelo conhecimento prévio dos regimes deventos, mas andava armado com peças de grandecalibre: "A nau da Índia era.... um transporte armadoem guerra", como tão bem definiu Oliveira Martins(Portugal nos Mares, vol. I, reed., 1988, p. 98).

Navios negreiros ou navios tumbeiros eramos nomes dados aos navios que realizavamo transporte de escravos, origináriosespecialmente da África, até o século XIX.A partir de 1432 quando o navegadorportuguês Gil Eanes levou para Portugal aprimeira carga de escravos negros vindos daÁfrica que os portugueses começaram atraficar os escravos com as Ilhas dasMadeiras e em Porto-Santo. Mais adiante osnegros foram trazidos para o Brasil.

A história dos navios negreiros é das mais comoventes.Homens, mulheres e crianças eram transportadosamontoados em compartimentos minúsculos dos navios,escuros e sem nenhuma cuidado com a higiene.Conviviam no mesmo local, a fome, a sede, as doenças, asujeira, os agonizantes e os mortos. Em médiatransportava-se 400 negros em cada compartimentodesses.

Sem a menor preocupação com a condição dos negros, osresponsáveis pelos navios negreiros amontoavam negrosacorrentados como animais em seus porões que muitasvezes advinham de diferentes lugares do continenteafricano, causando o encontro de várias etnias e que porvezes eram também inimigas. Seus corpos eram marcadospelas correntes que os limitavam nos movimentos, asfezes e a urina eram feitas no mesmo local ondepermaneciam. Os movimentos das caravelas faziam comque muitos passassem mal e vomitassem no mesmo local.Os alimentos simplesmente eram jogados noscompartimentos uma ou duas vezes por dia, cabendo aospróprios negros promover a divisa da alimentação. Comoos integrantes do navio não tinham o hábito de entrar noporão, os mortos permaneciam ao lado dos vivos pormuito tempo.

Quando o navio encontrava algumadificuldade durante seu trajeto, ocomandante da embarcaçãoordenava que os negros moribundosou mortos fossem lançados ao mar,como alternativa para reduzir o pesodo navio. Nestes casos, o maracabava se tornando a única saídados negros para a luz, antes dechegarem aos destinatários docomércio.

Somente no século XIX que as leis proibiram o comércio de negros. Entre 1806 e 1807, aInglaterra acabou com o tráfico negreiro em seu Império e em 1833 proibiu o trabalhoescravo. No Brasil, mesmo após o tráfico negreiro ter sido proibido, a escravidãopermaneceu até 1888.

Moravam em habitações coletivas, as senzalascoberta com sapé e feita de madeira e barro,quase sempre sem privacidade.• Os escravoscomeçavam o trabalho ao raiar o dia e sóparavam ao escurecer.• Seu principal alimentoera a mandioca.• Os escravos viviam etrabalhavam vigiados por capatazes efeitores.• Quando fugiam, eram perseguidospelos capitães do mato, que recebiam certaquantia por cada escravo que era capturado edevolvido ao senhor.

Os principais castigos físicos sofridos pelosescravos eram:o Tronco – Os escravos ficavampresos imobilizados por horas e as vezes dias,o que provocava inchaço das pernas,formigamento e forte dores;o Bacalhau –Espécie de chicote de couro cru, que rasgava apele; muitas vezes os feitores passavam salnos ferimentos, tornando a dor ainda maior;oVira-mundo – Instrumento de ferro queprendia mãos e pés;o Gargalheira – Colar deferro com várias hastes em forma de gancho.

Zumbi dos Palmares é um conhecido líderquilombola. Sua história começa em 1655com seu nascimento em Alagoas, em umdos mocambos de Palmares. O seu nomevem do quimbundo “nzumbi”, e quer dizer“duende” (no Brasil, a tradução também éinterpretada como “fantasma”). Comapenas sete anos, em 1662, Zumbi écapturado por soldados e entregue a umpadre (Pe. António Melo) que torna-seresponsável por sua formação. Batizado naigreja Católica como Francisco, ele ajudavanas missas além de estudar Português eLatim.Aos quinze anos, em 1670, Zumbi foge parao Quilombo de Palmares onde obtémreconhecimento pelas suas habilidadesmarciais. Com apenas vinte anos (1675) já éum respeitável estrategista militar eguerreiro, atuando na luta contra ossoldados do Sargento-mor Manuel Lopes.1673 é a data do primeiro registro histórico referente a Zumbi. Seu nome aparece em relatos portugueses sobre uma expedição que foi derrotada pelos quilombolas.

Em 1678 o líder de Palmares, Ganga-Zumba, é chamado a negociar com ogovernador da Capitania de Pernambuco(Pedro de Almeida). A proposta dogovernador consistia em dar liberdadepara os negros do Quilombo de Palmaresperante a submissão à Coroa Portuguesa.Ganga-Zumba aceita, mas Zumbi vaicontra essa decisão alegando que não sepodia dar a liberdade somente ao povo dePalmares havendo ainda milhares deoutros negros sendo escravizados. Poreste ato, Zumbi se torna o novo líder dePalmares.Notando a dificuldade de derrotar oquilombo, contrata-se o bandeirantepaulistano Domingos Jorge Velho. Com oapoio do governo, Jorge Velho e seushomens rechaçam Palmares e feremZumbi, que consegue fugir. Um anodepois, ao dia 20 de novembro de 1695,Zumbi é delatado por um antigocompanheiro – após localizado, ele épreso e degolado.