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Roteiro Toponímico Municipal. Uma Metodologia de Elaboração com Recurso às Tecnologias da Informação Geográfica
CRUZ, Fernando e TEIXEIRA, Rui
Resumo
A presente comunicação pretende descrever e divulgar de forma clara e objectiva a
metodologia utilizada na elaboração do Roteiro Toponímico do Município de Salvaterra de
Magos, tendo sido utilizadas diversas ferramentas de análise e manipulação da informação
digital, em particular os SIG.
O objectivo deste projecto pautou-se pela produção de um documento em formato de livro de
bolso, contendo informação viária e toponímica, possibilitando uma fácil consulta e geo-
referenciação dos espaços públicos, designadamente estradas, avenidas, ruas, lagos, praças,
etc, para os autarcas, técnicos, agentes económicos, sociais e munícipes em geral.
Para além do documento em papel foi disponibilizado aos serviços do município e juntas de
freguesia uma aplicação informática do tipo “SIG-viewer” para análise e consulta dessa
informação geográfica devidamente organizada, num ambiente amigável.
PALAVRAS-CHAVE: Roteiro Toponímico, Rede Viária, Toponímia, TIG.
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INTRODUÇÃO
Este documento descreve e ilustra o percurso metodológico na construção do roteiro toponímico do município
de Salvaterra de Magos baseado em TIG - Tecnologias de Informação Geográfica.
A informação foi adquirida e manipulada com recurso a diversas plataformas de software de informação
geográfica existentes no mercado e poderá ser disponibilizada nos formatos SIG mais conhecidos, em particular o
ArcGIS, o GeoMedia, e respectivos visualizadores de informação geográfica, ArcExplorer ArcReader e
GeoMediaViewer.
Os objectivos desta comunicação prendem-se com a reflexão em torno da elaboração do roteiro toponímico e da
construção do projecto da rede viária no qual reside a grande parte da informação que vai alimentar o roteiro.
O roteiro é um documento que pode ser consultado no seu modo analógico (livro de bolso) e digital, estando
disponível através de um visualizador de informação geográfica. A ampla divulgação deste documento foi um dos
objectivos da sua elaboração, permitindo que os técnicos, os políticos e o cidadão o utilizem como meio de localização
dos espaços públicos e sua caracterização possibilitando uma melhor leitura do espaço e localizações mais precisas.
Partiu-se de um cenário de projecto com presença de cartografia topográfica e ortofotomapas digitais na escala
1:10000, adquiridos, em parceria com o então IGP e cartografia na escala 1:2000 para áreas urbanas.
METODOLOGIA
A construção do roteiro foi uma tarefa estimulante devido à utilidade do mesmo e ao desafio que implica um projecto
destes com o levantamento e organização da informação de carácter diverso.
A fase do levantamento de informação, que levou cerca de 3 meses, foi o momento crucial para o início do projecto.
Um conjunto de outras etapas sucederam-lhe e marcaram o desenvolvimento e o sucesso do projecto, todas elas
importantes e imprescindíveis. Seguidamente são descritas essas etapas acompanhadas de ilustrações como forma de
melhor documentá-las.
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1. Tratamento de informação cartográfica como input do modelo (Modelo Numérico Topográfico multi-codificado do
ex-IPCC na escala 1:10000)
• Mudança de Unidades de trabalho (Working Unit): 100/1 -> 100/10 ;
• Mudança de escala: scale factor x10;
• Análise e resolução de descontinuidades geométricas de eixos de via e bermas da cartografia
Identificação erros de geometria ( undershoot) Identificação de erros de geometria (overshoo)t
• Análise de descontinuidades semânticas (códigos) dos vectores digitalizados
Descontinuidade semântica: Identificação elementos gráficos segundo o seu significado
2. Vectorização dos Eixos de Via recorrendo a Ortofotocartografia e outra cartografia em vector
• Vectorização de eixos de via com base em cartografia vector/raster a escala 1:10000, 1:25000 e 1:2000.
• Interrupção da digitalização do eixo de acordo com as seguintes situações:
a) Intersecção com outra via em presença de cruzamento, entroncamento, praça, largo, etc.;
b) Mudança de topónimo;
c) Intersecção com limite administrativo ou de lugar.
• Correcção de eixos de via provenientes de escalas inferiores a 1:10000 tendo por base ortofotomapas.
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Desenho do eixo com base em vector/imagem Correcção de eixo de via proveniente de escala 1:25000
3. Classificação e codificação de Eixos de acordo com a taxonomia abaixo proposta
• Eixo de Auto Estrada
• Eixo de IP
• Eixo de IC
• Eixo de Estrada Nacional
• Eixo de Estrada Municipal
• Eixo de Caminho Municipal
• Eixo de Caminho Vicinal
• Eixo de Outro Caminho
• Eixo de segmento de arruamento
• Eixo de Caminha de Ferro
• Topónimo (texto)
4. Vectorização de Eixos de Via para os espaços públicos não constantes no M.N.T. (Modelo Numérico Topográfico)
da cartografia a 1:10000, tirando partido das vantagens da multi-codificação.
Organização da informação por classes e subclasses e respectivos códigos
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Exemplo de vectorização de eixos e colocação de topónimos Vectorização de vias provenientes de cartografia
diversa
5. Validação semântica da informação geográfica que consiste na análise e correcção de erros segundo o significado
dos elementos
Validação de vias segundo o significado dos elementos
Análise e resolução de erros geométricos
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6. Levantamento Toponímico realizado por freguesia
• No terreno através de placas/marcos toponímicos;
• Esclarecimento de dúvidas com as Juntas de Freguesia;
• Consulta de Actas da Assembleia Municipal e deliberações de Câmara.
7. Exportação da informação devidamente tratada para SIG (ArcGIS/GeoMedia)
• Automática – via multi-código; • Semi-automática – via mono-código.
8. Construção do modelo de dados em SIG
• Ligação entre Segmentos de Arruamento da tabela gráfica e Base de Dados Toponímica (Join: tabela gráfica com
tabela alfanumérica) através de campo comum;
• Ligação entre Segmentos de Arruamento e Limites de Freguesia.
Resultado da importação e relacionamento entre tabelas em SIG
9. Cálculo das Extensões dos Segmentos de Via
• Criação de uma coluna na base de dados para cálculo e armazenamento dos valores correspondentes comprimentos
das extensões (m);
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10. Validação da Rede Viária pelas Juntas de Freguesia
• Resolução de dúvidas de inserção territorial;
• Resolução de dúvidas relativas a designações toponímicas.
11. Difusão de informação pelos serviços municipais
• Distribuição de plantas pelos serviços.
12. Digitalização das Bermas de Via de acordo com o catálogo:
• Bermas de Auto Estradas
• Bermas de IP
• Bermas de IC
• Bermas de Estrada Nacional
• Bermas de Estrada Municipal
• Bermas de Caminho Municipal
• Bermas de Caminho Vicinal
• Bermas de Outro Caminho
• Bermas de segmento de arruamento
• Bermas de Caminho de Ferro
• Bermas Ocultas (entidade para fechar as bermas)
13. Ligação das Bermas à base de dados toponímica
Aspecto das bermas sob ortofotomapa
Base de dados com informação sobre bermas de via
14. Cálculo de superfícies de vias
• Criação de campo na base de dados com bermas de via;
• Cálculo e armazenamento das áreas de arruamento/vias (m2).
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15. Elaboração de Roteiro Toponímico
A elaboração do roteiro propriamente dito constituiu a fase mais importante do projecto. Estas duas últimas etapas do
projecto prendem-se, assim, com o conteúdo e os aspectos gráficos do documento conforme a descrição seguinte.
Extracto de planta de base ao Roteiro Toponímico
• Construção de segmentos de via por agregação do mesmo topónimo com finalidade de existir um único registo na
base de dados por topónimo, facilitando posteriormente as consultas;
• Geração polígonos com outros temas: bermas, topónimos, equipamentos de saúde, ensino, desporto, segurança, etc;
• Construção de uma grelha com numeração sequencial de plantas para impressão do documento;
• Geração de uma planta com localização das vias segundo a sua tipologia e a correspondente localização em
quadrícula.
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Aspecto da grelha com numeração sequencial para impressão
• Construção de um quadro com a seguinte informação:
Topónimo Tipo Extensão (m) Grelha Confrontações
António Aleixo Rua 23.45 567, 659 Rua 25 Abril, Tv. Das Flores
16. Disponibilização de do roteiro:
• Exportação do projecto para visualizador SIG (ArcReader, ArcExplorer ou GeoMedia Viewer)
• Instalação de postos de trabalho para visualização de informação geográfica.
Roteiro toponímico (analógico)
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CONCLUSÕES
O Roteiro Toponímico é um documento analógico e digital que identifica os espaços públicos do concelho e as suas
características, perpetuando a memória das gentes e dos eventos, através do simbolismo que os topónimos lhes
imprimem.
Como informação suporte à elaboração do roteiro consta a rede viária e outra informação diversa sobre equipamentos
relevantes, edificado, etc., O tratamento da informação foi pensado para que o produto final permita um manuseamento
simples e prático. Daí o seu aspecto atraente e de dimensões reduzidas. De igual forma, o roteiro digital, permite uma
exploração acessível do projecto, com o objectivo da localização de vias de modo mais preciso, no território.
Um roteiro toponímico, dada a sua importância estratégica, constitui um documento imprescindível à gestão municipal
do dia-a-dia. A publicação para a posterior divulgação faz com que as entidades/serviços/utentes exteriores ao
município possam usufruir da possibilidade de bem se localizarem.
A actualização do documento em causa é uma das preocupações diárias do serviço de informação geográfica a fim de
que reflicta o estado real do território, através da edificação dos espaços públicos por via dos loteamentos urbanos e dos
editais que lhes conferem legitimidade geográfica.
FONTES DE INFORMAÇÃO
Carta Topográfica , 1:10000, 1999, IPCC.
Ortofotomapas, 1:10000, 19991, IPCC.
Fernando Fonseca Cruz
E-mail: f2crux@clix.pt
Rui Mário Teixeira
E-mail: rtsf@clix.pt
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