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SÃO PAULO, 08 DE JULHO DE 2015.
Paz no Parque
Depois de se apresentar na Virada Cultural, o movimento Reza Paz prepara uma série
de intervenções em espaços públicos. As duas primeiras já estão confirmadas: dias 12
e 19/7, às 11h, na Praça da Ponte de Ferro, no Parque Ibirapuera. O projeto pretende
mostrar as relações de fé da humanidade, com seus rituais, leituras e percepções,
respeitando as possibilidades de crenças de cada um. Reza Paz é o primeiro trabalho
do Grupo Uzina Azul, formado por atores, bailarinos, bonequeiros e professores de
ioga - eles se qualificam como movimento artístico com foco na promoção da cultura
de paz.
Justiça mantém cobrança por sacolinhas em supermercados
Redes podem continuar vendendo sacolas especiais usadas desde abril.
Acordo com PROCON permite uso de duas sacolas grátis até esta sexta-feira.
A Justiça de São Paulo negou pedido de liminar da prefeitura da capital que visava
impedir a cobrança por sacolinhas nos mercados da cidade. Na decisão desta segunda-
feira (6), o juiz Sérgio Serrano Nunes Filho, da 1ª Vara da Fazenda Pública, afirma que
não há nenhuma lei que proíba a cobrança e que o consumidor pode levar sua sacola
de casa.
"Não se verifica onerosidade excessiva, ante o diminuto valor cobrado. A cobrança não
é compulsória, tendo o consumidor sempre a opção de acondicionar os produtos por
meios próprios", afirmou.
A medida atinge as sacolinhas verdes e cinzas distribuídas nos mercados paulistanos
desde o dia 5 de abril. Nessa data, passou a valer a lei municipal que proíbe a
distribuição das antigas sacolinhas descartáveis, derivadas de petróleo. As novas
opções foram modelos autorizados pela prefeitura e que, segundo a administração,
são menos prejudiciais ao meio ambiente.
A gestão Fernando Haddad (PT) tinha entrado na Justiça no dia 29 de abril contra a
cobrança por essas novas sacolinhas. A prefeitura alegou que é dever dos
supermercados contribuir com a Política Nacional do Meio Ambiente, conforme a Lei
nº 6.938/81, e fornecer alternativas e estimular o uso das sacolas reutilizáveis. "A
cobrança do material pode gerar um sentimento de antipatia por parte do
consumidor, desestimulando a adoção de um comportamento ecologicamente
consciente", dizia nota da Prefeitura publicada em abril.
A lei das sacolinhas, criada na gestão Gilberto Kassab e regulamentada por Haddad,
não fala da cobrança pela embalagem, mas permite a oferta de modelos feitos com
material reciclável e que podem ser reutilizados para lixo orgânico e coleta seletiva
(veja mais abaixo). Reportagem do SPTV mostrou que alguns comércios chegam a
cobrar até R$ 0,23 por sacola.
Procurada nesta terça-feira (7), a Prefeitura de São Paulo não se manifestou sobre a
nova decisão da Justiça.
A Associação Paulista de Supermercados (Apas) afirmou que "a nova legislação
municipal desestimula a distribuição excessiva das sacolas plásticas.
A determinação acontece a poucos dias de acabar parte do acordo firmado em abril
entre o Procon e a Apas. O acordo prevê a distribuição de duas sacolinhas por
consumidor gratuitamente até a próxima sexta-feira (10).
Pelo acordo, os mercados devem também oferecer desconto para quem levar sacola
retornável de casa. O desconto é de R$ 0,03 a cada cinco itens comprados ou R$ 30
gastos, e vale até 10 de novembro.
Multas
As sacolas verdes podem ser usadas para descartar o lixo reciclável e as cinzas, para
resíduos orgânicos e rejeitos.
Tanto o comércio pode ser multado por não distribuir as sacolas corretas quanto o
consumidor pode ser penalizado caso não faça a reutilização adequada.
As multas mais altas são para o comércio: vão de R$ 500 a R$ 2 milhões. O valor será
definido de acordo com a gravidade e o impacto do dano provocado ao meio
ambiente. Já o cidadão que não cumprir a regra poderá receber advertências e multa
de R$ 50 a R$ 500.
Segundo o prefeito Fernando Haddad, o objetivo da lei não é multar. “Nossa intenção
não é criar uma indústria de multa, não é esse o objetivo, nós sabemos que é uma
mudança cultural que vai exigir um tempo", explicou.
Livre das multas
O morador que reside em bairros de São Paulo sem o serviço de coleta seletiva não
poderá ser multado caso descarte o lixo desrespeitando as regras da nova lei. Além
disso, a distribuição de sacolinhas em lojas de shoppings será alvo de uma
regulamentação complementar, segundo o secretário municipal de Serviços, Simão
Pedro.
No caso da coleta seletiva, dos 96 distritos do município, 10 não tinham serviço de
coleta seletiva em abril. Nos outros 86, a coleta seletiva era parcial ou total. O
secretário diz que, nesses casos, a multa pelo descarte irregular não será aplicada.
“A lei federal é clara, ela tem um artigo que diz o seguinte: ‘onde não tem o serviço da
coleta seletiva, o cidadão não pode ser punido’, não pode ser enquadrado”, afirmou.
Justiça autoriza uma POR cobrança sacolinhas em São Paulo
Assista, aqui.
Centenas de cerejeiras floridas em plena Cidade de São Paulo
Mais de 1200 pessoas são esperadas no CDC Parque Continental para participar da 17ª
Festa da Cerejeira, que será realizada no próximo domingo (12), das 11:00h às 17:00h.
Os visitantes poderão passear entre os mais de 100 pés de cerejeiras em plena cidade
de São Paulo. “As cerejeiras estão todas floridas, é muito bonito de se ver, afirma
Paulo Koji Tsuchida, fundador e tesoureiro do CDC”. Ele conta que na área do CDC
Parque Continental estão plantadas inúmeras árvores frutíferas, como maracujá,
mexerica carioca, laranja lima, bananeiras, coco baiano. "Existe um pouco de cada
fruta, até jaca temos lá", afirma.
Paulo Koji Tsuchida conta que em outros anos, a Festa da Cerejeira já atraiu mais de
duas mil pessoas. "Este ano estamos esperando em torno de 1200 pessoas visitando o
CDC para a festa. Esperamos que o público reconheça o nosso trabalho de preservação
desta área nobre da cidade de São Paulo e venha nos prestigiar", diz.
Com entrada franca, a 17ª Festa da Cerejeira do CDC Parque Continental apresentará
danças folclóricas japonesas de várias províncias do Japão. O visitante também será
brindado com apresentação do cantor Lúcio Marcos, que canta músicas sertanejas e
japonesas; apresentações de Dança do Ventre, Tai chi chuan, Lian gong e ainda poderá
participar do famoso Karaokê. O setor de gastronomia estará funcionando das
11h00minh às 14h00minh. No cardápio terá yakissoba, temaki, tempurá, churrasco,
pastel, doces e bebidas.
O CDC Parque Continental fica na Avenida Dr. Francisco de Paula Vicente de Azevedo,
555, próximo ao Shopping Continental, na Zona Oeste da cidade.
Justiça barra condomínio de luxo em área de proteção ambiental em SP
Após o flagrante de corte ilegal de árvores e a constatação de que há duas nascentes
dentro do terreno onde é construído um condomínio de luxo na zona sul da capital
paulista, o Tribunal de Justiça de São Paulo determinou a paralisação das obras.
O loteamento Bosque Cidade Jardim, da construtora JHSF, é um loteamento de luxo
entre o Shopping Cidade Jardim e o Clube Paineiras do Morumby, no bairro Real
Parque. No terreno, há um bosque de 10 mil m² com árvores nativas da Mata Atlântica
e alguns exemplares em extinção. Além disso, há as nascentes, que no meio ambiente
natural correriam para o rio Pinheiros, não muito distante dali.
Foram encontradas ainda, duas espécies de sapos que só vivem em ambientes
equilibrados. Em investigação do MP, flagrou-se o corte ilegal de árvores em uma área
onde seria uma "academia a céu aberto". O empreendimento já teve 70% dos terrenos
vendidos e estaria 95% pronto, segundo informou a construtora na contestação
judicial. São 31 terrenos de 400 m², com preço de cerca de R$ 4 milhões. Os
compradores são empresários, presidentes de empresas e banqueiros. A obra era para
ter sido entregue no final de abril e está parada desde janeiro.
"Pedimos que as obras sejam desfeitas e que a construtora seja obrigada a reparar os
danos, já que esse projeto não deveria ter sido aprovado. Pedimos que as licenças
sejam declaradas sem validade", afirmou o promotor Luís Roberto de Proença, da
Promotoria de Justiça do Meio Ambiente do MP, autor da denúncia.
Os lotes e vias internas do loteamento foram projetados sobre áreas de preservação
permanente (APP), segundo ação civil pública do Ministério Público de São Paulo. As
nascentes não haviam sido mencionadas nos laudos da Prefeitura de São Paulo e do
governo do Estado, que liberaram as obras. Ambos os órgãos negam que aquela área
seja de APP e a existência das nascentes (veja resposta oficial abaixo).
Lei ambiental
Segundo o Código Florestal, as nascentes devem ser preservadas em um raio de 50
metros pois são consideradas APP (área de preservação permanente). A construtora
realizou recentemente obras de grande porte na região das nascentes, segundo
mostram fotos tiradas pelos moradores vizinhos a obra (ver galeria de fotos acima). As
nascentes teriam sido aterradas.
"A obra que foi feita no local não foi para drenar água de chuva como a construtora
afirmou. A obra era para canalizar águas que vêm da parte alta do bairro e do clube
Paineiras do Morumby. Essas águas deviam ir para o rio Pinheiros, mas há outro
condomínio que foi construído entre o caminho das águas e o rio, o que faz com que a
água fique ali e torne aquela terra permanentemente alagada", afirma o geólogo
Sergio Klein, que chegou a vistoriar o local a pedido de associações de moradores.
Movimentos ambientalistas dos bairros Panamby, Vila Andrade e Morumbi
consideraram a paralisação das obras uma vitória. "A comunidade nunca esteve tão
unida, atenta, vigilante ao estrito respeito à lei ambiental", afirma o advogado e
criador do movimento SOS Panamby, Roberto Delmanto Junior.
Enquanto isso, os compradores dos lotes aguardam o prazo de atraso da obra, que
deveria ter sido entregue em abril, para saber se entram com pedido na Justiça de
devolução no valor pago. "Vou esperar seis meses e vou pedir meu dinheiro de volta",
afirmou um dos compradores dos lotes, que não quis ser identificado. "Só acho que, se
o dano ambiental já foi causado, melhor liberar logo o empreendimento. Isso me
parece coisa dos moradores vizinhos que não querem que mais gente more lá. O que
vai mudar mais 30 ou 40 famílias, numa área que já está cercada de
empreendimentos?", questionou o empresário.
Outro lado
Na contestação judicial, a Construtora afirma que "não existem nascentes, nem brejos,
e que o único curso d´água foi licitamente canalizado em 2004". Procurada, a
construtora JHSF enviou uma nota ao UOL em que afirma: "A empresa respeita e
cumprirá a decisão da Justiça".
A prefeitura afirmou, através de nota ao UOL, que, "de acordo com a vistoria técnica
(...) e, com base na análise da carta (documento exigido pela Portaria nº 130 SVMA-
G/2013) da Empresa Paulista de Planejamento Metropolitano (Emplasa), não foram
constatadas nascentes, córregos abertos, bem como Áreas de Preservação
Permanente (APP) no local do empreendimento". Ainda segundo a nota enviada ao
UOL, "conforme entendimento da Cetesb, o córrego canalizado, apontado no setor sul,
foi descaracterizado como APP. Na época, a autorização para intervenção cabia ao
governo do Estado, o qual obteve autorização propiciada pela Portaria DAEE nº
16772/03 e autorização DEPRN nº 004/2004".
Segundo a Cetesb, do governo do Estado, "não procedem as irregularidades
ambientais apontadas pela Ação Civil Pública do Ministério Público Estadual. A
propriedade não possui Área de Preservação Permanente – APP e não foi constatada a
existência de nascentes em vistoria realizada pela Cetesb em 2012. (...) Também não
há nascentes registradas na Cartografia Oficial da Emplasa (atualizada em Dez-94/Nov-
96), e utilizada regularmente no licenciamento ambiental. O material cartográfico
utilizado pelo Ministério Público é desatualizado e não corresponde à realidade atual
de campo", afirmou a assessoria de imprensa em nota ao UOL.
Ainda segundo a posição oficial, "o alagadiço é, pelo que indicam as avaliações
realizadas, decorrente do acúmulo de água nos pontos mais baixos da propriedade,
pois o sistema de drenagem de águas pluviais, a cargo do empreendedor, não foi
finalizado e não caracteriza a ocorrência de nascentes".
Brasil será pioneiro na América Latina a mapear mudanças climáticas no
litoral
Levantamento será realizado em parceria com instituições internacionais e começará
pela costa de Santa Catarina
O Brasil será o primeiro País da América Latina e Caribe a fazer o mapeamento
doméstico de vulnerabilidade da zona costeira às mudanças climáticas. O Ministério do
Meio Ambiente (MMA) lançou a iniciativa nesta terça-feira (7), em Brasília, com
instituições espanholas e das Nações Unidas, parceiras na realização do trabalho. A
medida começará pelo litoral de Santa Catarina e terá o objetivo de identificar as
fragilidades da região ao aquecimento global.
O foco é promover ações de adaptação às mudanças climáticas na costa brasileira. A
iniciativa faz parte de um programa de cooperação do MMA com a Comissão
Econômica para a América Latina e o Caribe das Nações Unidas (Cepal).
A ação inclui um projeto com o Instituto de Hidráulica da Cantábria (IHC), cujo objetivo
é criar bases de dados históricas, projeções e metodologias para analisar riscos no
litoral catarinense. No âmbito nacional, a medida será realizada pela Universidade
Federal de Santa Catarina.
Primeiro Passo
A expectativa é que o mapeamento seja feito nos demais estados costeiros do País.
“Esse é um ponto de partida, um primeiro passo”, afirmou o secretário de Recursos
Hídricos e Ambiente Urbano do MMA, Ney Maranhão.
“Precisamos engajar os pesquisadores e estender a ação para todo o litoral. É
fundamental discutir necessidades futuras e começar a fazer um inventário do nosso
litoral no que se refere à vulnerabilidade às mudanças climáticas.”
O mapeamento que será realizado em território brasileiro terá relevância para o
restante da comunidade internacional. O conselheiro de Agricultura, Alimentação e
Meio Ambiente da Embaixada da Espanha, Luís Benito Ruiz, classificou como positivo o
início do levantamento no Brasil. “O trabalho será bastante útil para a troca de
experiências e o desenvolvimento de políticas públicas de mitigação e adaptação às
mudanças climáticas”, destacou.
Clima nas zonas costeiras
As zonas costeiras são regiões bastante ameaçadas pelas mudanças do clima. Entre os
riscos, há a elevação do nível do mar e o aumento da frequência de eventos extremos,
além da erosão e inundação, a intrusão salina e o comprometimento dos recursos
naturais e da biodiversidade. A estimativa dos valores materiais potencialmente em
risco na zona costeira é de R$ 136 bilhões, de acordo com o estudo realizado pela
UFRJ.
Nesse cenário, as ações de adaptação se referem a iniciativas e medidas capazes de
reduzir a vulnerabilidade dos sistemas naturais e humanos frente aos efeitos atuais e
esperados da mudança do clima.
Observatório do Clima defende investimentos em fontes renováveis de
energia
O exemplo do governo da Noruega, que no mês passado anunciou retirada de
investimentos do seu fundo soberano em empresas que têm parte significativa de seus
ativos na exploração e queima de carvão, deveria ser seguido pelo Brasil, com maiores
investimentos em fontes renováveis. A opinião é do secretário-executivo do
Observatório do Clima, Carlos Rittl. Com a decisão do Parlamento norueguês, o Fundo
de Pensão Governamental Mundial (GPFG), considerado o maior fundo soberano do
mundo, deverá retirar investimento de 122 empresas, no total de 7,7 bilhões de euros.
“Ele manda uma mensagem clara para o mercado, os investidores, que a tendência é
buscar alternativas aos combustíveis fósseis”, disse Rittl nesta terça-feira (7) à Agência
Brasil. Para ele, as políticas brasileiras de expansão da geração de energia deveriam
considerar as mudanças climáticas e os riscos dos investimentos na hora de alocar os
recursos. Destacou que hoje, o Brasil projeta colocar 70% dos investimentos em
energia em combustíveis fósseis, nos próximos dez anos. Esses recursos vão gerar
impactos no clima e podem se transformar em investimentos de alto risco, apontou.
Avaliou que embora o Plano Decenal para Expansão de Energia, da Empresa de
Pesquisa Energética (EPE), preveja aumento dos investimentos em fontes limpas, esses
investimentos ainda são reduzidos, “perto do que nós temos de potencial, em especial
em algumas fontes”. É o caso, por exemplo, da energia eólica (dos ventos), que
segundo Rittl, o Brasil estará, nos próximos anos, aproveitando menos de 10% do
potencial de geração dessa fonte. Ou da energia solar, em que “a gente ainda
engatinha, enquanto outros países desenvolvidos e em desenvolvimento estão
caminhando muito rápido”.
Nesse sentido, destacou os Estados Unidos, a Alemanha, China, Índia, que além de
avançar estão estruturando cadeias produtivas, que geram empregos e produzem uma
tecnologia que será solução para os próprios países e para o mundo inteiro.
“O Brasil está deixando de lado o aproveitamento de algumas fontes que poderiam ser
melhor exploradas e a gente poderia investir muito mais nessas fontes”. Membro da
Rede de Especialistas em Conservação da Natureza, Carlos Rittl observou que a energia
solar é a fonte cujos custos mais caem no mundo. Por isso, sugeriu que o Brasil tenha
mais estratégias para investir nessas fontes renováveis.
Disse que as mudanças climáticas devem ser incorporadas em todo o planejamento
energético, englobando as emissões que os combustíveis fósseis irão gerar. Segundo
Rittl, mesmo que exporte parte importante do petróleo do Pré-sal, a exploração desse
óleo vai gerar emissões dentro do Brasil, o que acaba tornando esses investimentos de
risco.
“A gente tem que entender de que forma as mudanças climáticas impactam a nossa
segurança energética”. A situação recente de seca, com nível baixo dos reservatórios
das hidrelétricas, acionou termelétricas movidas a combustíveis fósseis, o que ampliou
emissões de gases causadores do efeito estufa. O aumento de participação de fontes
não fósseis na matriz energética e a substituição de combustíveis fósseis na matriz de
transportes são soluções apontadas por Rittl para reduzir as emissões de gases
poluentes no Brasil.
As projeções de investimentos em fontes de geração de energia não devem olhar para
os anos passados, mas incorporar o cenário climático futuro, que aponta o que vai
ocorrer nos próximos 30 ou 40 anos, que é o período de vida útil de uma grande usina,
indicou o secretário-executivo do Observatório do Clima.
“A gente não está fazendo isso”. Daí, o país corre o risco de ver projetos, como o da
Usina de Belo Monte, com alta vulnerabilidade à mudança de clima, associada a
impactos sociais, ambientais e locais. “A gente tem que olhar para o clima futuro de
maneira mais estratégica”, sustentou.
Na avaliação do coordenador do Grupo de Estudos do Setor Elétrico (Gesel) da
Universidade Federal do Rio de Janeiro, Nivalde de Castro, o exemplo norueguês
indicado por Rittl não se mostra muito consistente em função das diferenças que Brasil
e Noruega apresentam. A evolução da matriz elétrica brasileira vai necessitar,
“obrigatoriamente”, de usinas termelétricas, para garantir a segurança energética,
porque o Brasil não tem mais capacidade de dar segurança por meio dos reservatórios,
porque eles não crescem mais em relação à demanda e todas as outras fontes são
“interruptíveis”, manifestou.
Mapa aponta mudanças climáticas no litoral
O Brasil será o primeiro país da América Latina e Caribe a fazer o mapeamento
doméstico de vulnerabilidade da zona costeira às mudanças climáticas. O Ministério do
Meio Ambiente (MMA) lançou a iniciativa nesta terça-feira (7), em Brasília, com
instituições espanholas e das Nações Unidas, parceiras na realização do trabalho. A
medida começará pelo litoral de Santa Catarina e terá o objetivo de identificar as
fragilidades da região ao aquecimento global.
O foco é promover ações de adaptação às mudanças climáticas na costa brasileira. A
iniciativa faz parte de um programa de cooperação do MMA com a Comissão
Econômica para a América Latina e o Caribe das Nações Unidas (CEPAL) e inclui um
projeto com o Instituto de Hidráulica da Cantábria (IHC), cujo objetivo é criar bases de
dados históricas, projeções e metodologias para analisar riscos no litoral catarinense.
No âmbito nacional, a medida será realizada pela Universidade Federal de Santa
Catarina.
Primeiro passo – A expectativa é que o mapeamento seja feito nos demais estados
costeiros do país. “Esse é um ponto de partida, um primeiro passo”, afirmou o
secretário de Recursos Hídricos e Ambiente Urbano do MMA, Ney Maranhão.
“Precisamos engajar os pesquisadores e estender a ação para todo o litoral. É
fundamental discutir necessidades futuras e começar a fazer um inventário do nosso
litoral no que se refere à vulnerabilidade às mudanças climáticas.”
O mapeamento que será realizado em território brasileiro terá relevância para o
restante da comunidade internacional. O conselheiro de Agricultura, Alimentação e
Meio Ambiente da Embaixada da Espanha, Luís Benito Ruiz, classificou como positivo o
início do levantamento no Brasil. “O trabalho será bastante útil para a troca de
experiências e o desenvolvimento de políticas públicas de mitigação e adaptação às
mudanças climáticas”, destacou.
Cientistas afirmam que vivemos mudanças climáticas sem precedentes
desde 1850
Cientistas de todo o mundo se reuniram nesta terça-feira (7) na França e alertaram
que tanto a temperatura da superfície terrestre e dos oceanos como o nível do mar, a
concentração de gases do efeito estufa e as emissões de CO2 aumentaram a níveis
históricos desde mea dos do século XIX.
Durante a Conferência Internacional Científica “Nosso futuro comum sob a mudança
climática”, realizada em Paris, faltando cinco meses para COP21, que acontecerá nesta
cidade, vários especialistas analisaram os desafios e metas ambientais nos próximos
anos.
Thomas Stocker, professor de física ambiental na Universidade de Berna, na Suíça,
assegurou que essas mudanças fazem parte de “um contexto histórico no qual a
influência do ser humano é evidente”.
Desde 1850, o nível de CO2 passou de 280 partículas em suspensão para quase 400 em
2012.
Por outro lado, a média da temperatura global dos oceanos e da superfície terrestre
acumulada aumentou de -0,6 graus centígrados em 1850 para 0,2 em 2012, enquanto
o nível do mar passou de -0,15 metros em 1900 para 0,05 metros em 2005, de acordo
com dados da ONU.
Stocker destacou a necessidade de reduzir as emissões de dióxido de carbono entre
40% e 70%, antes de 2050, para diminuir os efeitos do aumento da temperatura global
e limitar o aquecimento a 2ºC acima dos níveis pré-industriais.
Nessa mesma linha, Sandrine Bony, membro do Laboratório de Meteorologia Dinâmica
da França, ressaltou a importância de acelerar os processos de investigação para
reduzir o impacto da mudança climática.
Para isso, pediu que a comunidade científica se aprofundasse na análise do
comportamento da atmosfera e dos oceanos diante do aquecimento “como aspecto
fundamental para se evitar futuras surpresas”.
Outro dos efeitos desse crescente aumento da temperatura pode ser observado no
progressivo degelo do Ártico, “uma das zonas mais vulneráveis do planeta”, segundo
Vladimir Kattsov, diretor do Observatório Geofísico Principal do Serviço Federal de
Hidrometeorologia e Supervisão Ambiental da Rússia.
O impacto negativo também está evidente no comportamento de distintas espécies,
como, por exemplo, as flores que alteram seus processos naturais em função das
variações anormais de temperatura de cada estação.
“Os invernos mais quentes fazem com que o processo de floração se atrase e,
inclusive, pode ser que não aconteça se as temperaturas na primavera forem altas
demais”, disse Camille Parmesan, professora de Biologia na Universidade do Texas, nos
Estados Unidos.
Em uma tentativa para se solucionar os problemas derivados da mudança climática, os
especialistas apostam em assumir os desafios que as zonas mal adaptadas ao
aquecimento global apresentam e superar algumas aproximações científicas
equivocadas.
“O exemplo emblemático deste fato é a crença que as ilhas do mar de Coral (na
Oceania) se erodem por serem muito vulneráveis ao aumento da temperatura. A
realidade mostra o contrário, já que 83% destas ilhas se expandiram ou manteve seu
tamanho nos últimos 40 anos”, afirmou Virginie Duvat-Magnan, pesquisadora da
universidade de Rochelle, na França.
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