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SISTEMAS DE DRENAGEM URBANA Desafios para a sua adequada implantação e

Manejo Sustentável

Ricardo de Aragão

Universidade Federal de Campina Grande-UFCG

Cuiabá, outubro/2017UAEC

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Inundação - Blumenau em 1911Inundação - São Paulo

EXTREMOS : INUNDAÇÕES e SECAS

Seca no nordeste 2011-2017

O Brasil está sujeito, anualmente a problemas relacionados à água:

Seca na Amazônia

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Introdução Crescimento da população urbanaocupação

desordenada do solo altos índices deimpermeabilização;

Chuvas intensas+cidades densamenteocupadas+sistemas de drenagem urbanadeficiente/inexistente inundações frequentes;

A destinação inadequada dos resíduos sólido+coletairregular;

Produção de gases do efeito estufamudançasclimáticas;

Muitos centros urbanos do Brasil lidam com sucessivosproblemas relacionados à drenagem das águas pluviais

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O que são Sistemas de Drenagem

Urbana? (Tucci, 1995; Tucci, 2007)

Plano Nacional De Saúde E Ambiente No DesenvolvimentoSustentável (1995) SANEAMENTO: Conjunto de ações,obras e serviços considerados prioritários em programasde Saúde Pública;

SISTEMAS DE DRENAGEM URBANA: são essencialmentesistemas preventivos de inundações;

Quando um sistema de drenagem não é considerado desde oinício da formação do planejamento urbano, é bastanteprovável que esse sistema, ao ser projetado, revele-se, aomesmo tempo, de alto custo e deficiente.

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Classificação dos sistemas de drenagem

urbana Os sistemas de drenagem urbana são classificados de

acordo com suas dimensões em:

SISTEMAS DE MICRODRENAGEM –

SISTEMAS DE MACRODRENAGEM ou DRENAGEMPRINCIPAL -

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Elementos que compõem um sistema de

drenagem urbana

SARJETA E BOCA DE LOBO

BOCA DE LOBO

CANAL DE MACRO DRENAGEM

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Diferença entre Enchente, Inundação e Alagamento?

ENCHENTE - Fenômeno fluvial em que um rio, nãoconseguindo dar vazão à água que aflui numdeterminado ponto, eleva o nível das águas. Diz-seque o rio encheu;

INUNDAÇÃO - Invasão de um local pelas águas, quepode ser da chuva, de um rio que transbordou ou deum cano que estourou. “As águas da enxurradainvadiram, isto é, inundaram a minha loja”;

ALAGAMENTO - Existência de água empoçada emdeterminado local e que não consegue sair ou temdificuldades para escoar. O alagamento pode serprovocado por uma inundação (invasão que vem defora) ou pelo entupimento do ralo.. “A minhacozinha está alagada, isto é, cheia de água”

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Finalidade da Implantação de um Sistema de drenagem urbana(Tucci, 2007)

Razões de segurança: garantia para o tráfego de veículos depedestres;

Razões econômicas: controle da erosão, conservação das ruase proteção das propriedades;

Razões de saúde publica: afastamento das águas dasprimeiras chuvas e das águas empoçadas que podem provocardanos à saúde das pessoas

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IMPACTOS ANTRÓPICOS SOBRE OS SISTEMAS DE DRENAGEM URBANA

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Crescimento populacional, urbanização e pavimentação Sistémica

O crescimento populacional

Modificações profundas são introduzidas nasuperfíciemudança no balanço hídrico;

Como consequência, um volume maior deágua na superfície e inundações mais

frequêntes

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Fonte: IBGE, Censo demográfico 1940-2010.

De 2000-2007 a população metropolitana cresceu 10% enquanto que a população do resto do Brasil cresceu 6,5% (IBGE, 2016)

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Efeito da Urbanização sobre o Comportamento Hidrológico

Modificação do balanço hídrico

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Legenda

Canal

Área alagada

Área urbana

Estágio 3

A

A

Estágio 1

A

Estágio 2

Estágio 3

Estágio 2

Estágio 1

Evolução “natural” dos Sistemas de

Drenagem Urbanaa canalização como

“solução”

abordagem higienista:

“tudo no esgoto” (chuva,

lixo, esgoto)

base na eficiência

hidráulica;

atuação sobre os efeitos,

intervenções isoladas,

aumento da eficiência

transferência da cheia

para jusante

não tem preocupação

ambiental

14(Adaptado de Tucci, 2007)

Faixa 1, zona de isolamento e com ocupação proibida;

Faixa 2, zona de ocupação restrita e pode ser alvo de ações de alerta e seguro contra enchentes;

Faixa 3, zona que sofre inundações somente em situações excepcionais e não necessitam de ações no local

ZONEAMENTO

Ocupação das várzeas dos rios (zona de inundação)Inundação ribeirinha e inundação urbana

15(Adaptado de Tucci, 2007)

Aracaju - urbana

Porto Alegre –Urbana

Recife - urbana

Rio de Janeiro - ribeirinhaSão Paulo - urbana

Tipos de Inundação: ribeirinha e urbana

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17

Impacto da Urbanização:

Obstrução nos canais de

drenagem (Qual o motivo?)

(Adaptado de Tucci, 2007)

1818

Impacto da Urbanização:

Resíduos sólidos na drenagem (Qual o motivo?Falta de

manutenção?consciência da população?)

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Temperaturas

médias subiram de

0,74 ºC no último

século

Impactos humanos – O aquecimento global é uma

realidade: tendência da temperatura do ar de 1901-2005 e

de 1979-2005 (IPCC, 2007)

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Mudanças Climáticas e as ilhas de calor

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URBANIZAÇÃOIMPERMEABILIZAÇÃOILHAS DE CALORMAIOR

EVAPORAÇÃOMAIOR QUANTIDADE DE VAPOR DE ÁGUA NA

ATMOSFERA+GASES DO EFEITO ESTUFACHUVAS TORRENCIAIS

•De acordo com os GCM,para São Paulo existeuma tendência deaumento deprecipitações extremas,sendo de 4,5% para ocenário de menoremissão de carbono e de31% para alta emissão eTr maiores

(Schardong et al. (2014)

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LEGISLAÇÕES E NORMAS RELACIONADAS AOS SISTEMAS DE DRENAGEM URBANA

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Lei nº 10.257 (10/07/2001) - Estatuto das cidades Estabelece normas de ordem pública e interesse social que

regulam o uso da propriedade urbana em prol do bem coletivo, da segurança e do bem-estar dos cidadãos, bem como do equilíbrio ambiental.

Art. 2o III – planejamento municipal, em especial:

a) plano diretor;

IV - medidas de drenagem urbana necessárias à prevenção e à mitigação de impactos de desastres

Lei no 11.445 (05/01/2007) - Saneamento Básico -Estabelece diretrizes nacionais para o saneamento básico;

Art. 2º - Os serviços públicos de saneamento básico/ princípios fundamentais:

III - abastecimento de água, esgotamento sanitário, limpeza urbana e manejo dos resíduos sólidosrealizados de formas adequadas à saúde pública e à proteção do meio ambiente;

IV - disponibilidade, em todas as áreas urbanas, de serviços de drenagem e de manejo das águas pluviaisadequados à saúde pública e à segurança da vida e do patrimônio público e privado;

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Normas relacionadas ao projeto de

sistemas de drenagem urbana

NBR-8890 - Tubo de concreto de seção circular para águas pluviais e esgotos sanitários - Requisitos e métodos de ensaios

NBR-9793 - Tubo de Concreto Simples de Seção Circular para Águas Pluviais: Especificação;

NBR-9794 - Tubo de Concreto Armado de Seção Circular para Águas Pluviais: Especificação;

NBR-15645 - Execução de obras de esgoto sanitário e drenagem de águas pluviais utilizando-se tubos e aduelas de concreto;

NBR-12267 - Plano diretor – definições

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Quais os desafios para o desenvolvimento

de projetos de sistemas de drenagem

urbana?

Apesar da vasta experiência obtida por diversas instituições brasileiras;

Após todas as inundações registradas no mesmo período; Inundações continuam a ocorrer!!!

Ausência de normas técnicas para o desenvolvimento de projetos de sistemas de drenagem urbana, principalmente drenagem urbana sustentável

O que se encontra geralmente são orientações e diretrizes fornecidas por instituições brasileiras, tais como: DNIT, PMSP, PMRJ, DEP/PORTO ALEGRE;

Nota-se também pouca literatura relacionada a projetos de sistemas de drenagem urbana. Quando existentes, estão desatualizadas.

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Drenagem é tratada a parte, de forma isolada e pontual/não considera a bacia como um todo; a solução sempre é implantar um canal!!

Rede mista: pluvial, esgoto, lixo (contaminação, poluição)-Obstrução e frequêntes inundações;

Crescimento não planejado e desordenado;

Impermeabilização das superfícies (asfalto símbolo de desenvolvimento);

Obstrução de canalização; Resíduos sólidos, sedimentos.

Sacrificar a segurança em favor da economia nas obras

Quais as consequencias!!

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Prejuízos econômicos com inundações

A partir de dados de 2008, o prejuízo dos alagamentos em São Paulo ao país foi de R$ 762 milhões ao ano (Haddad e Barufi, 2017);

Cada ponto de alagamento registrada causará no final do ano um perda de Produto Interno Bruto (PIB) de R$ 1 milhão.

No período de 1991-2012 foram registrados 4691 eventos de inundação no Brasil e destes, 25% na região Nordeste e 34% na região Sudeste (CEPED UFSC, 2013)!

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Experiências internacionais

As inundações também são registradas em outros paises causadas por furacões, chuvas intensas, elevações bruscas do nível dos rios, etc;

Contudo, observa-se a existencia de normativas institucionais para desenvolvimento de projetos de sistemas de drenagem, como,

NATIONAL STANDARDS FOR SUSTAINABLE DRAINAGE SYSTEMS, UK;

SUSTAINABLE URBAN DRAINAGE SYSTEMS, DN;

URBAN DRAINAGE DESIGN MANUAL, USA)

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Inundações em outros paises

Estados Unidos Japão

Alemanha Inglaterra

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SOLUÇÃO PARA UM MANEJO SUSTENTÁVEL DAS ÁGUAS PLUVIAIS

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ÁguaEsgoto

Resíduo Sólido

Drenagem

Águas Urbanas

Institucional:

legislação e gerenciamento

Planejamento urbano

Usos do solo

Metas:

Qualidade de vida e

Conservação Ambiental

Solução:

Gestão Integrada das Águas urbanas / projetos

ambientalmente sustentáveis

SuDS (Sustainable Drainage Systems) no Reino Unido, BMP (Best Management Practices) e LID (Low-Impact Development), USAWSUD (Water Sensitive Urban Design) na Austrália

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SOLUÇÃO Plano diretor de planejamento Urbano (PDPU)-Lei 10.257/2001 Plano diretor de drenagem urbana sustentável (PDDrU)

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Planejamento urbano para uma

drenagem urbana sustentável

O PDDU devecontemplar:

Visão do plano e gestãointegrada;

Prioridade nas medidasnão-estruturais:legislação, prevenção egestão;

Participação Pública;

Plano por sub-baciaurbana;

Gestão municipal.

Etapas dedesenvolvimento doPDDU:

• Etapa1 – Concepção;

• Etapa 2 - Medidas;

• Etapa 3 – Produtos;

• Etapa 4 – Programas.

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Realidade brasileira

De 5570 cidades do País, 1.718 cidades possuem mais de 20 mil habitantes (2013) (IBGE, 2013);

10,4% (178) ainda não possuíam o Plano;

Das 178 cidades, 6,3% informaram estar em fase de criação da norma e em 4,1% ela sequer estava sendo elaborada;

Dos municípios que possuem plano diretor, poucos possuem um plano de drenagem urbana;

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SOLUÇÃO:Medidas de Controle de Inundações

Medidas de controle:

Medidas estruturais

Medidas não estruturais

• São medidas de correção e /ou prevenção que visão

minimizar os danos das inundações.Intensivas

Extensivas

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Bacia de detenção (medida estrutural)

Armazenamento temporário

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Bacia de retenção (medida estrutural)

Espelho d’água permanente

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Poços/ trincheiras de infiltração (medida estrutural)

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Pavimentos permeáveis (medida estrutural)

39

Telhados verdes (medida estrutural)

40

Educação e conscientização (Medidas Não

Estruturais)

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Área de proteção de várzeas (Não Estruturais)

42

Aproveitamento de água de chuva(Estrutural)

Reflorestamento (Não Estruturais)

43

Controle de zonas de risco (Zoneamento)

4444

Defesa Civil

Centro de Previsão

Sistema de

recepção e

processamento

dos dados

Modelo para

previsão de níveis

com antecedência

Avaliação da

previsão e alerta

Programas

Preventivos

Alerta aos sistemas

públicos

Alerta a

população

Remoção da população e

atendimento de emergência

Adaptado de Tucci (2007)

Melhoria no sistema de previsão e a alertas de perigo

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Drenagem Urbana Sustentável

Evitar desmatamento, erosões e assoreamento dos rios e lagos;

Atenuar ou mesmo evitar as enchentes e a perda de capacidade dos mananciais;

Gestão urbanaSDU como parte do PDU

Manutenção dos recursos hídricos e de sua qualidade!!

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Financiamento dos SDU

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Caminhos para um manejo sustentável

das águas urbanas -RESUMO Mudança de concepção: eficiência hidráulicos

para bacia como unidade

controle do processo de urbanização

Aprendizado sobre os processos hidrológicos urbanos monitoramento: conhecer o comportamento hidrológico urbano;

Integração de ações planejar o uso do solo: Planos Diretores, Manuais, etc. (USO);

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Caminhos para um manejo sustentável

das águas urbanas Novas técnicas de drenagem: foco no controle do

escoamento, qualidade da água, resíduos sólidos, entre outros;

Capacitação de técnicos;

Integração dos componentes;

Financiamento das obras de drenagem;

Educação ambiental.

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Bico caladoMuito cuidadoQue o homem vem aíO homem vem aíO homem vem aí

(Passaredo, Chico Buarque)

"só percebemos o valor da agua depois que a fonte seca"

a “charge” é atual

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OBRIGADO!!!

Contato

Ricardo de Aragão (UAEC/UFCG)

ricardoaragao2005@gmail.com

83-98899-2447