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Súmula n. 152
(*) SÚMULA N. 152 (CANCELADA)
Na venda pelo segurador, de bens salvados de sinistros, incide o ICMS.
Referências:
Decreto-Lei n. 406/1968, art. 6º, § 1º, I.
Decreto n. 17.727/1981, arts. 453 e 464.
Precedentes:
EREsp 45.911-SP (1ª S, 13.06.1995 – DJ 11.09.1995)
REsp 30.973-RJ (2ª T, 04.09.1995 – DJ 30.10.1995)
REsp 43.689-RJ (1ª T, 19.10.1994 – DJ 07.11.1994)
REsp 45.911-SP (1ª T, 1º.06.1994 – DJ 27.06.1994)
Primeira Seção, em 08.03.1996
DJ 14.03.1996, p. 7.115
Republ. DJ 29.03.1996, p. 9.543
(*) Julgando o REsp n. 73.552-RJ, na sessão de 13.06.2007, a Primeira
Seção deliberou pelo CANCELAMENTO da Súmula n. 152.
DJ 25.06.2007, p. 413
(*) RECURSO ESPECIAL N. 73.552-RJ (95.0044341-4)
Relator: Ministro Castro Meira
Relator para o acórdão: Ministra Denise Arruda
Recorrente: Sul América Bandeirante Seguros S/A e outros
Advogado: Gustavo Miguez de Mello e outro(s)
Recorrido: Estado do Rio de Janeiro
Advogado: José Roberto P C Faveret Cavalcanti e outro(s)
EMENTA
Recurso especial. Tributário. Seguradoras. Venda de bens
salvados de sinistros. Operação de seguro. ICMS. Não-incidência.
Recurso provido.
1. Esta Primeira Seção, julgando o REsp n. 72.204-RJ, entendeu
pela não-incidência do ICMS sobre a venda, pelas seguradoras, de
bens salvados de sinistros. Tal orientação se justifi ca pelo fato de que
a alienação dos mencionados bens integra a operação de seguro, não
confi gurando operação relativa à circulação de mercadoria para fi ns de
tributação.
2. “Conforme rezam os contratos de seguro, havendo indenização
total, os salvados - que não são mercadorias - passam a pertencer
à companhia seguradora. Esta, além de não ser comerciante, não é
alvo de nenhuma operação mercantil: apenas torna-se titular dos
bens segurados, em decorrência de um evento extraordinário. É o
quanto basta para que se afaste, na espécie, a incidência do ICMS”
(CARRAZZA, Roque Antônio. “ICMS”, 9ª ed.,
São Paulo: Editora Malheiros, 2003, pp. 121-122).
3. Recurso especial provido.
ACÓRDÃO
Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Ministros da Primeira
Turma do Superior Tribunal de Justiça: Prosseguindo no julgamento, a Seção,
SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA
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por maioria, vencidos os Srs. Ministros Relator, Francisco Peçanha Martins e Francisco Falcão, deu provimento ao recurso especial, nos termos do voto da Sra. Ministra Denise Arruda. Votaram com a Sra. Ministra Denise Arruda os Srs. Ministros José Delgado, Luiz Fux, João Otávio de Noronha e Teori Albino Zavascki. Não participaram do julgamento os Srs. Ministros Humberto Martins e Herman Benjamin (RISTJ, art. 162, § 2º). Presidiu o julgamento a Sra. Ministra Eliana Calmon.
Brasília (DF), 13 de junho de 2007 (data do julgamento).
Ministra Denise Arruda, Relatora
DJ 05.11.2007
RELATÓRIO
O Sr. Ministro Castro Meira: Cuida-se de recurso especial fundado nas alíneas a, b e c, do inciso III, do art. 105, da Constituição da República, que desafi a acórdão do Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro, cujos fundamentos foram sintetizados na seguinte ementa:
ICMS. Vendas de salvados pelas companhias seguradoras.
A venda de salvados de sinistros, ocorrência freqüente, que, embora ligada e até decorrente da atividade profi ssional das seguradoras, não integra o seguro, constituindo operação sujeita à incidência do ICMS, valendo notar que o art. 21 do Convênio ICMS n. 66/88, a verdadeira lei complementar na matéria, ex vi do art. 34, § 8º, do ADCT à Carta de 1988, arrola especialmente a companhia seguradora, no inc. IV do parágrafo único, entre os contribuintes desse tributo.
Provimento do primeiro apelo, somente (fl . 590).
Opostos embargos de declaração, restaram rejeitados (fl s. 612-616).
Além da divergência, alegam os recorrentes violação aos artigos 73 do Decreto-Lei n. 73/1966, 110 do Código Tributário Nacional e 6º do Decreto-Lei n. 406/1968. Entendem, também, que o acórdão recorrido julgou válido o Convênio n. 66/88 e à Lei Estadual n. 1.423/1989 em face da legislação federal invocada. Ao fi nal, pugnam pela não incidência do ICMS sobre a alienação de bens salvados de sinistro.
Em contra-razões, sustenta a Fazenda Estadual que o salvado de sinistro, quando negociado, reveste-se de caráter mercantil, o que torna legítima a incidência do ICMS.
SÚMULAS - PRECEDENTES
RSSTJ, a. 4, (11): 43-79, agosto 2010 49
Recurso especial admitido na origem tão-somente pela alínea c do
permissivo constitucional.
Apelo extraordinário admitido em razão do provimento de agravo.
Nesta Corte, por decisão monocrática, o recurso especial fora improvido em
razão do óbice da Súmula n. 152-STJ. Dessa decisão, as recorrentes agravaram
regimentalmente, o que motivou o sobrestamento do presente recurso “até que
seja proferida decisão fi nal do Egrégio Supremo Tribunal Federal acerca da
constitucionalidade da inclusão das seguradoras no rol dos contribuintes do
ICMS”.
Recurso afetado à Primeira Seção na assentada de 19 de agosto de 2004.
É o relatório.
VOTO
Ementa: Tributário. ICMS. Seguradoras. Salvados. Súmula n.
152-STJ.
1. Embora a Suprema Corte, por maioria de votos, tenha concedido
a liminar para suspender a efi cácia da expressão “e a seguradora”,
contida na Lei Estadual Fluminense n. 1.423/1989, deve prevalecer,
até o julgamento de mérito da Ação Direta de Inconstitucionalidade -
ADI n. 1.332-7-RJ, o entendimento perfi lhado na Súmula n. 152-STJ,
segundo a qual “na venda pelo segurador, de bens salvados de sinistros,
incide o ICMS”. Do contrário, estaria a Turma a dar prevalência a
decisão tomada em sede liminar, em prejuízo de orientação há muito
sumulada nesta Corte. Precedente da 1ª Turma.
2. Até que o STF decida, em caráter defi nitivo, se as operações de
venda de bens salvados de sinistro podem ou não ser tributadas pelo
ICMS, deve prevalecer a Súmula n. 152-STJ, já que as companhias
seguradoras, quando negociam esses bens, não o fazem em caráter
eventual e sim com habitualidade, passando o produto a circular tal
qual ocorre na circulação de mercadorias.
3. Recurso especial conhecido e improvido.
SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA
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O Sr. Ministro Castro Meira (Relator): Cumpridas as formalidades legais e regimentais necessária à comprovação da divergência, conheço do recurso pela alínea c do permissivo constitucional.
Devidamente prequestionada a matéria encartada nos dispositivos de lei supostamente violados, conheço do recurso também pela alínea a. Para a exigência do prequestionamento não se faz necessário que o acórdão recorrido tenha feito menção expressa ao dispositivo de lei que embasa o recurso especial, sendo sufi ciente que a matéria tenha sido debatida na Corte de origem.
Passo ao mérito.
Resume-se a controvérsia ao exame da legalidade da incidência do ICMS
sobre as operações de venda de bens salvados de sinistro pelas companhias
seguradoras.
Registro que o recurso especial fora sobrestado até decisão do Supremo
Tribunal Federal na Ação Direta de Inconstitucionalidade n. 1.332-7-SP,
Relator Ministro Sidney Sanches, cuja medida cautelar restou deferida em
acórdão assim ementado:
Direito Constitucional e Tributário. ICM em operação de venda de bens salvados de acidente, por seguradoras. Ação Direta de Inconstitucionalidade das expressões “e a seguradora”, contidas no inciso 10 do parágrafo único da Lei n. 1.423, de 27.01.1989, do Estado do Rio de Janeiro. I - Legitimidade ativa da Confederação Nacional do Comércio (art. 103, I, IX, da CF). II - Alegação de ofensa ao art. 22, caput, e seus incisos I e VII, 153, V, 155, I, b, e 145, § 1º, 155, § 2º, I, b, da CF. 1. A autora justifi cou satisfatoriamente sua legitimidade para a propositura da ação. Embora as seguradoras não estejam a ela fi liadas, na verdade, como sociedades por ações, são consideradas, por lei, empresas mercantis (artigos 2º, § 1º, da Lei n. 6.404, de 15.12.1976), ou seja, operam no comércio. Além disso, há entre os comerciantes, propriamente ditos, os que adquirem veículos para reforma e revenda, inclusive os envolvidos em sinistros, cobertos pelas seguradoras. E um dos objetivos institucionais da C.N.C. é “representar, no plano nacional, os direitos e interesses do comércio brasileiro” (CF, art. 8º, III), como está expresso em seu Estatuto. Ademais, esta Corte já admitiu sua legitimidade ativa para a A.D.I. n. 1.003, em que se impugnava norma relativa, também, a seguradora. 2. São juridicamente relevantes os fundamentos da presente A.D.I. (fumus boni iuris) e está presente, também, o requisito relativo ao periculum in mora, sobretudo depois que o Superior Tribunal de Justiça, por sua Seção competente, passou a considerar devido o I.C.M., pelas Seguradoras, nas operações de venda de bens salvados de acidentes por elas cobertos. 3. Medida cautelar deferida para suspensão, ex-nunc, da efi cácia das expressões “e a seguradora”, constantes do inciso 10 do parágrafo único do art. 18 da Lei n. 1.423, de 27.01.1989, do Estado do Rio de Janeiro.
SÚMULAS - PRECEDENTES
RSSTJ, a. 4, (11): 43-79, agosto 2010 51
Embora a Suprema Corte, por maioria de votos, tenha concedido a liminar
para suspender a efi cácia da expressão “e a seguradora”, contida na Lei Estadual
Fluminense n. 1.423/1989, deve prevalecer, até o julgamento de mérito da
Ação Direta de Inconstitucionalidade - ADI n. 1.332-7-SP, o entendimento
perfi lhado na Súmula n. 152-STJ, segundo a qual “na venda pelo segurador,
de bens salvados de sinistros, incide o ICMS”. Do contrário, estaria a Turma
e a Seção a dar prevalência a decisão tomada em sede liminar, em prejuízo de
orientação há muito sumulada nesta Corte.
Em decisão recente, a E. Primeira Turma, ao analisar o Recurso Especial n.
43.952-SP, Relator o Ministro Francisco Falcão, por força da habitualidade com
que as seguradoras realizam operações de venda de bens salvados de sinistro, fez
prevalecer o enunciado da Súmula n. 152-STJ, ainda que pendente julgamento
de mérito no Supremo Tribunal Federal. O acórdão em destaque foi assim
ementado:
Tributário. ICMS. Alienação. Seguradora. Bens salvados. Sinistro. Súmula n. 152-STJ. Circulação. Mercadoria. Violação. Lei estadual. Apreciação. Impossibilidade. Súmula n. 280-STF.
I - Inobstante terem sido excluídas, expressamente, as seguradoras da fi gura de sujeito passivo do ICMS na legislação fazendária paulista, esta Corte possui entendimento sumular no sentido de que incide o aludido imposto sobre as vendas de bens salvados de sinistro, por parte da seguradora, eis que tais atividades são habituais, assemelhando-se à circulação de mercadorias.
II - Não cabe a este Tribunal apreciar ofensa a lei local, porquanto está afeito à interpretação da legislação federal. Súmula n. 280-STF.
III - Recurso especial provido (DJU de 24.05.2004).
Do voto condutor do julgamento é possível extrair o seguinte excerto:
Ademais, existe, nesta Corte, a Sumula n. 152, que assim preceitua, litteris: “Na venda pelo segurador, de bens salvados de sinistros, incide o ICMS.”
Em face do exposto, prevalece o referido óbice sumular, em razão da habitualidade com que as seguradoras realizam as vendas dos bens salvados, assemelhando-se tais atividades à circulação de mercadorias, para fins de incidência do ICMS.
Em conclusão, até que a Suprema Corte decida, em caráter defi nitivo, se
as operações de venda de bens salvados de sinistro podem ou não ser tributadas
pelo ICMS, deve prevalecer a Súmula n. 152-STJ, já que as companhias
SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA
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seguradoras, quando negociam esses bens, não o fazem em caráter eventual
e sim com habitualidade, passando o produto a circular tal qual ocorre na
circulação de mercadorias.
Ante o exposto, conheço do recurso especial para negar-lhe provimento.
É como voto.
VOTO-VENCEDOR
A Sra. Ministra Denise Arruda: 1. Trata-se de recurso especial interposto
por Sul América Bandeirante Seguros S/A e outros com base no art. 105, III, a, b
e c, da Constituição Federal, em face de acórdão proferido pelo Tribunal de
Justiça do Estado do Rio de Janeiro, assim ementado (fl . 590):
A venda de salvados de sinistros, ocorrência freqüente, que, embora ligada e até decorrente da atividade profi ssional das seguradoras, não integra o seguro, constituindo operação sujeita à incidência do ICMS, valendo notar que o art. 21 do Convênio ICMS 66/88, a verdadeira lei complementar na matéria, ex vi do art. 34, § 8º, do ADCT à Carta de 1988, arrola especialmente a companhia seguradora, no inc. IV do parágrafo único, entre os contribuintes desse tributo. Provimento do primeiro apelo, somente.
Opostos embargos de declaração, foram rejeitados (fl . 612).
Em suas razões, os recorrentes apontam, além de divergência
jurisprudencial, violação dos arts. 73, do Decreto-Lei n. 73/1966, 110, do CTN,
e 6º do Decreto-Lei n. 406/1968, sustentando, em síntese, que não incide ICMS
sobre a alienação de bens salvados de sinistros. Afi rmam, ainda, que o aresto
impugnado julgou válidos o Convênio 66/88 e a Lei Estadual n. 1.423/1989 em
face de legislação federal.
Apresentadas as contra-razões, subiram os autos a esta Corte.
A Segunda Turma, em questão de ordem, houve por bem submeter o
presente recurso à Primeira Seção.
É o relatório.
2. Pedindo vênia ao Sr. Ministro Castro Meira, Relator, e ao Sr.
Ministro Francisco Peçanha Martins, entendo que o recurso especial merece
provimento.
SÚMULAS - PRECEDENTES
RSSTJ, a. 4, (11): 43-79, agosto 2010 53
Esta Primeira Seção, julgando o REsp n. 72.204-RJ, entendeu pela não-
incidência do ICMS sobre a venda, pelas seguradoras, de bens salvados de
sinistros. Tal orientação se justifi ca pelo fato de que a alienação dos mencionados
bens integra a operação de seguro, não configurando operação relativa à
circulação de mercadoria para fi ns de tributação.
O Sr. Ministro João Otávio de Noronha, Relator do referido recurso
especial, consignou em seu voto:
Primeiramente, é inequívoco que às seguradoras é defeso praticar qualquer atividade comercial que venha a exceder seu objeto social. Dispõe o art. 73 do Decreto-Lei n. 73, de 21.11.1996: “As Sociedades Seguradoras não poderão explorar qualquer outro ramo de comércio ou indústria.”
É, pois, absolutamente relevante determinar se a alienação dos bens tidos por salvados de sinistros compõe a atividade própria relativa ao contrato de seguro ou se há, no caso, uma circulação de mercadorias (que excederia os termos da lei acima indicada).
Tenho que as seguradoras, ao venderem os salvados, fazem-no com o intuito de se ressarcirem das despesas das indenizações que são obrigadas a honrar por força contratual. Elas adquirem os salvados quando houverem de pagar indenização integral em razão da perda de pelo menos 75% do valor segurado.
Dispõe o art. 753 do Código Comercial de 1850, ainda aplicável à espécie:
É lícito ao segurado fazer abandono dos objetos seguros, e pedir ao segurador indenização de perda total nos seguintes casos:
(...)
3. Perda total do objeto seguro, ou deterioração que importe pelo menos três quartos do valor da coisa segurada.
A Circular n. 18 da Susep, de 20.04.1983, determinou às seguradoras que incluam cláusula de sub-rogação dos bens sinistrados em suas apólices. Veja-se:
8.3. - No caso de indenização por perda total ou da substituição de peças ou de partes do veículo, os salvados (o veículo sinistrado, as peças ou partes substituídas, conforme o caso) pertencerão à Seguradora.
É certo que essa determinação da Susep visa o abatimento das despesas e o barateamento dos custos da operação de seguro, de forma que, sendo as seguradoras obrigadas ao recebimento dos salvados de sinistros, é certo que têm de se desfazer deles em busca desse objetivo. Além disso, como as receitas havidas de tais operações são contabilizadas como recuperação da parcela da
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indenização que tiveram de pagar, entendo que tais vendas integram a parte fi nal da operação de seguros.
Nesse caso, sendo referidas vendas inseparáveis das operações de seguro, por certo que não podem ser classifi cadas como mercantis, pois a atividade lucrativa das seguradoras delas não decorre. Desse modo, integrando tais operações o contrato de seguro, a tributação que sobre elas venha a incidir é de competência exclusiva da União. Corroborando esse entendimento, colaciono excerto do voto concessivo da liminar proferida pelo Ministro Sydney Sanches na Ação Direta de Inconstitucionalidade n. 1.332-RJ:
Também a um primeiro exame, é de se admitir que as seguradoras, quando vendem veículos sinistrados, não agem como comerciantes de automóveis, não visam propriamente lucro, numa atividade profi ssional, mas apenas restabelecer o equilíbrio fi nanceiro de sua atividade decorrente do pagamento a maior, feito em caso de perda total do bem objeto do seguro, assim considerada a que atinge 75% do seu valor.
28. Não se trataria, pois, de uma operação de circulação de mercadoria, com tal considerada a que é objeto de um comércio, e sobre a qual pudesse incidir o imposto em questão.
Omissis.
Ora, havendo, na operação de seguros, a transferência do risco do segurado para a seguradora, é defeso a ela pagar indenização maior do que o efetivo dano sofrido pelo segurado - e a indenização acrescida do bem que sofreu sinistro daria ao segurado essa vantagem - e, se a seguradora, por sua vez, tem de receber o bem sub-rogado, é crível que o venda e contabilize a operação como recuperação de indenização e que efetivamente considere tais receitas no cálculo atuarial, de forma a refl etir no prêmio a ser pago aos segurados.
Observa-se que toda essa operação, na verdade, importa em transferência das receitas das vendas aos segurados via abatimento do prêmio do seguro.
Portanto, a operação de venda de bens sinistrados, por compor o contrato de seguro, não pode ser objeto de tributação por lei estadual, estando, por conseguinte, fora do alcance de incidência do ICMS.
O entendimento acima exposto é corroborado em sede doutrinária,
consoante se observa na seguinte transcrição:
Os salvados de sinistros, mesmo quando vendidos a terceiros, também não rendem ensejo à tributação por meio de ICMS.
Só para nos situarmos no assunto, salvados de sinistros (ou simplesmente salvados) são coisas que remanesceram de uma catástrofe (naufrágio, incêndio, inundação). O assunto vem regulado no Código de Processo Civil (art. 1.218, XIV).
SÚMULAS - PRECEDENTES
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Conforme rezam os contratos de seguro, havendo indenização total, os salvados - que não são mercadorias - passam a pertencer à companhia seguradora. Esta, além de não ser comerciante, não é alvo de nenhuma operação mercantil: apenas torna-se titular dos bens segurados, em decorrência de um evento extraordinário. É o quanto basta para que se afaste, na espécie, a incidência do ICMS (isto, diga-se de passagem, vem agora declarado no art. 3º, IX, da Lei Complementar n. 87/1996).
Pelas mesmas razões, as vendas dos salvados, promovidas pelas seguradoras, não confi guram operações relativas à circulação de mercadorias.”
(CARRAZZA, Roque Antônio. ICMS, 9ª ed., São Paulo: Editora Malheiros, 2003, pp. 121-122)
Desse modo, por considerar que as seguradoras, ao vender os bens salvados
de sinistros, não exercem, habitualmente, tal atividade como comercial, entendo
pela não-incidência de ICMS sobre essa operação.
3. Ante o exposto, mantendo o entendimento fi rmado no julgamento
do REsp n. 72.204-RJ ao acompanhar o voto do Sr. Ministro João Otávio
de Noronha, divirjo do Sr. Ministro Relator para dar provimento ao presente
recurso especial.
É o voto.
VOTO-VISTA
O Sr. Ministro José Delgado: Os fatos geradores do ICMS, analisados nos
presentes autos, começaram a ser questionados em 02 de outubro de 1991.
Os pedidos formulados pelas autoras da ação são os seguintes (fl s. 25-27):
Pelo exposto, as autoras requerem seja julgada procedente a presente ação ordinária, principalmente, para:
(a) declarar a plena eficácia da decisão do Superior Tribunal de Justiça que julgou procedente a ação declaratória que a Ajax Cia Nacional de Seguros e Cia Nacional de Seguros e outras moveram contra o Estado do Rio de Janeiro (Acórdão proferido no Recurso Especial n. 1.373-RJ) (doc. A), inclusive sobre as relações jurídicas continuativas entre as mesmas partes daquela e desta ação, que tenham por objeto a alienação deslavados, enquanto não sobrevier nova lei constitucional que atribua aos Estados a competência para tributá-las e que nova lei estadual venha efetivamente a instituir tributo sobre as mesmas.
(b) condenar o Estado do Rio de Janeiro a abster-se de praticar ou decretar a nulidade de quaisquer atos que sejam ou vierem a ser praticados, em
SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA
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descumprimento à decisão do Superior Tribunal de Justiça a que se refere a alínea anterior, a inda que referentes a exigência de obrigações acessórias, especificamente dirigidas ao registro de operações de salvados, das quais decorram ônus excessivo para as autoras a elas obrigadas.
Alternativamente, caso não se reconheça a efi cácia da decisão judicial acima referida no caso da Ajax Cia Nacional de Seguros, e independentemente dela, requerem todas as autoras seja a ação julgada procedente, para:
(a) declarar que, também no regime da atual Constituição Federal de 1988 e da Legislação estadual a ela subseqüente, não incide o ICMS - imposto sobre as operações relativas a circulação de mercadorias e serviços - sobre as alienações de salvados realizadas pelas autoras;
(b) condenar o Estado do Rio de Janeiro a abster-se de praticar ou decretar a nulidade de todos os atos que já foram ou que vierem, eventualmente, a ser praticados, com o objetivo de cobrança do ICMS e de eventuais acessórios (correção monetária, multas, juros, etc...), sobre operações realizadas pelas autoras, relativamente a alienação de salvados, em especial os consistentes em intimações para pagamento, autuações e quaisquer outros atos dos quais decorram a exigência de ônus excessivos para as autoras, ainda que relativos ao cumprimento de obrigações acessórias que tenham por objeto o registro ou a prestação de informações sobre alienações de salvados, incluídas na condenação a declaração de nulidade ou anulação das exigências de fornecimento por cópia ou da entrega de originais dos “relatórios de regulação de sinistros e dos recibos de pagamento das respectivas indenizações”.
Em qualquer caso, as autoras requerem seja o réu condenado ao pagamento de honorários de advogado, custas e demais ônus legais de sucumbência. As autoras requerem, ainda, seja o réu citado, na pessoa de seu representante legal, para responder aos termos desta ação, advertido para as conseqüências do artigo 295 do Código de Processo Civil, segundo as quais serão considerados verdadeiros os fatos não contestados ou impugnados.
As autoras protestam, enfi m, pela produção de todas as provas em direito permitidas, especialmente, por prova documental e pericial e atribuem a causa o valor de CR$ 20.000.000,00.
Há, no recurso especial examinado, ocorrência de fato superveniente que
determina o seu provimento, afastando-se, consequentemente, a aplicação da
Súmula n. 152 deste Superior Tribunal de Justiça.
O debate instaurado nos autos está vinculado aos efeitos da Lei Estadual n.
1.483/1989, cuja expressão “... e a seguradora” contida no inciso X do parágrafo
único do art. 18 recebeu suspensão de efi cácia, conforme medida cautelar na
ADIN n. 1.332-7-RJ.
SÚMULAS - PRECEDENTES
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Ocorre que, conforme demonstra o conteúdo da decisão monocrática
proferida pelo Ministro Sydney Sanches, cujo teor abaixo vai transcrito, a Lei
estadual questionada foi revogada pela Lei n. 2.657, de 26.12.1996.
Eis o que registra a decisão acima noticiada:
O ilustre Procurador-Geral da República, Dr. Geraldo Brindeiro, resumiu a hipótese e, em seguida, opinou, nos termos seguintes (fl s. 464-466): “Trata-se de ação direta de inconstitucionalidade, com pedido de liminar, ajuizada pela Confederação Nacional do Comércio, objetivando a declaração de inconstitucionalidade das expressões “e a seguradora”, contidas no inciso 10 do parágrafo único da Lei n. 1.423, de 27.01.1989, do Estado do Rio de Janeiro. 2. Sustenta o requerente, em síntese, que a norma infraconstitucional impugnada contraria o disposto nos artigos 22, caput, e seus incisos I e VII, 153, V, 155, I, b, e 145, § 1º, 155, § 2º, I, b, da CF. 3. O dispositivo hostilizado possui a seguinte redação, verbis: “Art. 18 - Contribuinte é qualquer pessoa, física ou jurídica, que realiza operação de circulação de mercadoria ou instalação de serviços descritas como fato gerador do imposto. Parágrafo único - Incluem-se entre os contribuintes do imposto: (...) 10. a instituição fi nanceira e a seguradora. “4. O Supremo Tribunal Federal deferiu a medida cautelar postulada, assim enunciando o resultado do julgamento: “EMENTA: - Direito Constitucional e Tributário. I.C.M. em operação de venda de bens salvados de acidente, por seguradoras. Ação Direta de Inconstitucionalidade das expressões “e a seguradora”, contidas no inciso 10 do parágrafo único da Lei n. 1.423, de 27.01.1989, do Estado do Rio de Janeiro. I - Legitimidade ativa da Confederação Nacional do Comércio (art. 103, I, IX, da CF). II - Alegação de ofensa ao art. 22, caput, e seus incisos I e VII, 153, V, 155, I, b, e 145, § 1º, 155, § 2º, I, b, da CF. 1. A autora justifi cou satisfatoriamente sua legitimidade para a propositura da ação. Embora as seguradoras não estejam a ela fi liadas, na verdade, como sociedades por ações, são consideradas, por lei, empresas mercantis (artigos 2º, § 1º, da Lei n. 6.404, de 15.12.1976), ou seja, operam no comércio. Além disso, há entre os comerciantes, propriamente ditos, os que adquirem veículos para reforma e revenda, inclusive os envolvidos em sinistros, cobertos pelas seguradoras. E um dos objetivos institucionais da C.N.C. é “representar, no plano nacional, os direitos e interesses do comércio brasileiro” (CF, art. 8º, III), como está expresso em seu Estatuto. Ademais, esta Corte já admitiu sua legitimidade ativa para a A.D.I. n. 1.003, em que se impugnava norma relativa, também, a seguradora. 2. São juridicamente relevantes os fundamentos da presente A.D.I. (fumus boni iuris) e está presente, também, o requisito relativo ao periculum in mora, sobretudo depois que o Superior Tribunal de Justiça, por sua Seção competente, passou a considerar devido o I.C.M., pelas Seguradoras, nas operações de venda de bens salvados de acidentes por elas cobertos. 3. Medida cautelar deferida para suspensão, ex-nunc, da efi cácia das expressões “e a seguradora”, constantes do inciso 10 do parágrafo único do art. 18 da Lei n. 1.423, de 27.01.1989, do Estado do Rio de Janeiro. 5. Através de pronunciamento
SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA
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de fl s. 437, o Governador do Estado do Rio de Janeiro, na condição de requerido, sustenta a falta de objeto da presente ação em face da expressa revogação da Lei n. 1.423 de 27.01.1989 pela Lei n. 2.657, de 26.12.1996. 6. A autora, manifestando-se sobre o pedido de prejudicialidade do requerido, expõe que a nova lei contém idêntico dispositivo àquele objeto da ação e, que, por isso, o pleito não merece guarida (fls. 455-461). 7. Prestadas as devidas informações e ouvida a douta Advocacia-Geral da União, vieram os autos a esta Procuradoria-Geral da República para manifestação. 8. Examinando os autos, constata-se que a Lei n. 1.423 encontra-se revogada pela Lei n. 2.657. Assim, revogada a norma supostamente inconstitucional e conseqüentemente perdido o interesse de agir, tem-se, em preliminar, a prejudicialidade da presente ação direta em face da superveniente revogação da regra impugnada. 9. Com efeito, a jurisprudência prevalecente desse Supremo Tribunal Federal é no sentido de que a revogação superveniente do ato normativo objeto de impugnação em sede de controle normativo abstrato de constitucionalidade faz instaurar situação de prejudicialidade, ante a perda do interesse de agir e independentemente da existência de efeitos residuais concretos que possam ter derivado da aplicação do diploma questionado. (ADIMC n. 2.001-DF, Rel. Min. Moreira Alves, DJU de 03.09.1999, p. 25; ADI n. 1.280-TO, Rel. Min. Moreira Alves, DJU de 19.12.1996, p. 51.765; ADI n. 437-DF, Rel. Min. Celso de Mello, DJU de 17.08.1994). 10. Em assim sendo, opino seja julgada prejudicada a presente ação, por perda de seu objeto. Brasília, 22 de fevereiro de 2002. as.) Geraldo Brindeiro Procurador-Geral da República. 2. Acolhendo esse parecer, com base no § 1º do art. 21 do RISTF e no art. 38 da Lei n. 8.038, de 28.05.1990, julgo prejudicada a Ação Direta de Inconstitucionalidade. 3. Publique-se. Int. Brasília, 11 de junho de 2002. Ministro Sydnei Sanches Relator.
Isso posto, em face dos acontecimentos supra mencionados, o meu voto é
pelo provimento do recurso especial reconhecendo o direito dos recorrentes de
não serem tributados com ICMS sobre as operações de venda de bens salvados
de sinistro.
É como voto.
VOTO
O Sr. Ministro Francisco Peçanha Martins: Sra. Ministra-Presidente, esta
Seção criou súmula a partir de inúmeros julgados. A matéria, hoje, encontra-se
submetida ao julgamento do Supremo Tribunal Federal. Não fui responsável por
tal Súmula, mas penso que devemos prestigiar as súmulas, até que o Supremo
Tribunal se pronuncie em contrário.
SÚMULAS - PRECEDENTES
RSSTJ, a. 4, (11): 43-79, agosto 2010 59
Acompanho o voto do Sr. Ministro Castro Meira, coerente com o voto
anterior e de acordo com o voto que proferi na Segunda Turma.
Conheço do recurso especial, mas lhe nego provimento.
VOTO-VISTA
O Sr. Ministro Francisco Falcão: Trata-se de recurso especial interposto
por Sul América Bandeirante Seguros S/A e outros, contra o Estado do Rio de
Janeiro, objetivando afastar a incidência do ICMS sobre a alienação de bens
salvados de sinistros, por parte das empresas seguradoras.
O Ministro Castro Meira, Relator do presente recurso especial, negou-
lhe provimento, no sentido da prevalência da Súmula n. 152 desta Corte, a
qual determina a cobrança do ICMS sobre a referida atividade prestada pelas
seguradoras.
Tal entendimento foi acompanhado pelo Ministro Francisco Peçanha
Martins.
Na mesma sessão, a Ministra Denise Arruda proferiu voto no sentido de
dar provimento ao apelo especial.
Por sua vez, o Ministro José Delgado pediu vista, oportunidade em que deu
provimento ao recurso, tendo sido acompanhado pelo Ministro João Otávio de
Noronha.
Em razão da divergência, pedi vista dos autos para melhor examinar a
matéria.
Na ADI n. 1.332-RJ, Relator Ministro Sidney Sanches, o Pretório Excelso,
concedeu liminar para suspender ex nunc a efi cácia da expressão “e a seguradora”,
prevista no inciso X, do parágrafo único, do art. 18, da Lei Estadual Fluminense
n. 1.423/1989.
Entretanto, em decisão publicada em 17.06.2002, acolhendo o parecer do
douto Procurador Geral da República, o Exmo. Relator julgou prejudicada a
ação direta de inconstitucionalidade, em razão de a expressão “e a seguradora”,
presente no inciso X, do parágrafo único, do art. 18, da Lei Estadual n.
1.423/1989, ter sido excluída na nova redação dada a este artigo pela Lei
Estadual n. 2.657/1996.
SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA
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Verifi ca-se, com isso, que as seguradoras não estariam mais, expressamente, previstas como sujeito passivo do ICMS na legislação fazendária do Estado do Rio de Janeiro.
Não obstante tal constatação, este Tribunal está adstrito à interpretação da legislação federal, não podendo, pelo óbice Sumular n. 280-STF, apreciar lei de esfera estadual.
Ademais, existe, nesta Corte, a Súmula n. 152, que assim preceitua, litteris:
Súmula n. 152: Na venda pelo segurador, de bens salvados de sinistros, incide o ICMS.
Em face do exposto, prevalece o referido óbice sumular, em razão da habitualidade com que as seguradoras realizam as vendas dos bens salvados, assemelhando-se tais atividades à circulação de mercadorias, para fins de incidência do ICMS.
Neste sentido é o precedente abaixo ementado, verbis:
Tributário. ICMS. Alienação. Seguradora. Bens salvados. Sinistro. Súmula n. 152-STJ. Circulação. Mercadoria. Violação. Lei Estadual. Apreciação. Impossibilidade. Súmula n. 280-STF.
I - Inobstante terem sido excluídas, expressamente, as seguradoras da fi gura de sujeito passivo do ICMS na legislação fazendária paulista, esta Corte possui entendimento sumular no sentido de que incide o aludido imposto sobre as vendas de bens salvados de sinistro, por parte da seguradora, eis que tais atividades são habituais, assemelhando-se à circulação de mercadorias.
II - Não cabe a este Tribunal apreciar ofensa a lei local, porquanto está afeito à interpretação da legislação federal. Súmula n. 280-STF.
III - Recurso especial provido. (REsp n. 43.952-SP, Rel. Min. Francisco Falcão, DJ de 24.05.2004 p. 152).
Ante o exposto, após análise da matéria, pedindo vênia aos posicionamentos contrários, nego provimento ao presente recurso especial.
É o voto-vista.
VOTO
O Sr. Ministro Teori Albino Zavascki: Sra. Presidente, acompanho o voto divergente da Sra. Ministra Denise Arruda, dando provimento ao recurso especial.
É como voto.
SÚMULAS - PRECEDENTES
RSSTJ, a. 4, (11): 43-79, agosto 2010 61
RETIFICAÇÃO DE VOTO
O Sr. Ministro José Delgado: Sra. Presidente, na oportunidade, quando
votei e o Sr. Ministro João Otávio de Noronha acompanhou meu voto, vigorava
a liminar do Supremo Tribunal Federal; depois o Supremo, em face de a
legislação estadual ter sido revogada e permanecer em sentido contrário, julgou
prejudicada a lide. Então, modifi co meu voto para prevalecer o entendimento
sumular. O entendimento sumular não foi modifi cado. Faz muito tempo e esse
assunto não voltou mais para nosso exame.
VOTO ANTECIPADO
O Sr. Ministro João Otávio de Noronha: Sra. Ministra-Presidente,
acompanho o voto divergente da Sra. Ministra Denise Arruda, dando
provimento ao recurso especial.
QUESTÃO DE ORDEM
O Sr. Ministro José Delgado: Sr. Presidente, penso que podemos deliberar
sobre o cancelamento da Súmula n. 152.
Meu voto é no sentido do seu cancelamento, em face dos posicionamentos
que aqui estamos seguindo.
RATIFICAÇÃO DE VOTO
O Sr. Ministro José Delgado: Sra. Ministra Presidente, talvez eu retire
o meu pedido de vista. Precisamos ter um pouco de calma para não estarmos
com essa insegurança. Na Primeira Seção, em 12 de outubro de 2004 - eu e
o Sr. Ministro Francisco Falcão não estávamos presentes -, os Srs. Ministros
Francisco Peçanha Martins, Teori Albino Zavascki, Denise Arruda, Franciulli
Netto e Luiz Fux votaram com o Relator, Ministro João Otávio de Noronha,
pela não-incidência:
As seguradoras, ao venderem bens salvados de sinistros a elas sub-rogados em razão de contrato de seguro e por determinação da Susep, objetivam o ressarcimento de despesas com indenizações a que são obrigadas a honrar contratualmente.
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Por terem de receber os bens sub-rogados, é razoável que as seguradoras os vendam e contabilizem as receitas auferidas no cálculo atuarial, abatendo-as dos valores dos prêmios a serem pagos aos segurados.
A venda dos bens sub-rogados, com a respectiva transferência das receitas aos segurados via abatimento do prêmio, constitui uma das fases do contrato de seguro, não estando conseqüentemente, sujeita à tributação de ICMS.
Sra. Ministra Presidente, é esse o meu posicionamento em campo doutrinário, em obra até que está no prelo, ou melhor, em obra que publiquei sobre o tema e que está no mercado já há quatro ou cinco anos.
Voltarei à posição tradicional, em que acompanhei o Sr. Ministro João Otávio de Noronha, e vou sugerir que esta Seção decida sobre o cancelamento da Súmula que temos a respeito.
EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA NO RECURSO ESPECIAL N. 45.911-SP (94.0027792-0)
Relator: Ministro Hélio Mosimann
Embargante: Itaú Seguros S/A e outro
Advogado: Fernando Olavo Saddi Castro e outros
Embargada: Fazenda do Estado de São Paulo
Advogados: Renata Machado de Assis Forelli Nicolau e outros
Sustentação oral: Alcides Jorge Costa, pelo embargante
EMENTA
Embargos de divergência. Tributário. Seguradora. Salvados.
Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços. Incidência do
tributo.
São tributáveis, pelo ICMS, os salvados resultantes de sinistros,
posto que a operação de venda através das companhias seguradoras
não é feita em caráter eventual e sim com habitualidade, passando
o produto a circular tal qual ocorre na circulação de mercadorias,
quando desenvolvida atividade comercial.
SÚMULAS - PRECEDENTES
RSSTJ, a. 4, (11): 43-79, agosto 2010 63
ACÓRDÃO
Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Ministros da Primeira
Seção do Superior Tribunal de Justiça, na conformidade dos votos e das notas
taquigráfi cas a seguir, por unanimidade, rejeitar os embargos, nos termos do
voto do Sr. Ministro Relator. Os Srs. Ministros Peçanha Martins, Demócrito
Reinaldo, Humberto Gomes de Barros, Milton Luiz Pereira, Cesar Asfor
Rocha, Américo Luz e Antônio de Pádua Ribeiro votaram com o Sr. Ministro
Relator.
Brasília (DF), 13 de junho de 1995 (data do julgamento).
Ministro Garcia Vieira, Presidente
Ministro Hélio Mosimann, Relator
DJ 11.09.1995
RELATÓRIO
O Sr. Ministro Hélio Mosimann: Em autos de recurso especial interposto
por Itaú Seguros S/A e Outro, tendo como recorrida a Fazenda do Estado de São
Paulo, a Primeira Turma desta Corte decidiu a controvérsia por acórdão assim
ementado:
Tributário. ICMS. Seguradora. Salvados subrogatórios.
Correta a tributação, pelo ICMS, de salvados subrogatórios, uma vez que vendidos com habitualidade pelas seguradoras, além do que essas operações, ainda que não compondo a estrutura jurídica do contrato de seguro, constituem fato suscetível de imposição autônoma.
Recurso improvido. (Rel. Min. Cesar Asfor Rocha).
Irresignados, apresentaram Itaú Seguros S/A e Outro os presentes
Embargos de Divergência, trazendo a confronto, para demonstrá-la, aresto
oriundo da egrégia Segunda Turma - REsp n. 1.373-RJ, Rel. Min. Carlos M.
Velloso, guarnecido pela seguinte ementa:
Tributário. ICM. Seguradora. Salvados subrogatórios.
I - Impossibilidade de serem tributados, pelo ICM, salvados subrogatórios, que não constituem mercadoria objeto da operação tributável, tendo em vista que a seguradora não ostenta a qualidade de produtor, industrial ou comerciante de
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veículos usados ou de sucata (DL n. 73/1966, art. 73). Aplicabilidade da Súmula n. 541-STF.
II - Recurso Especial conhecido e provido.
Dando por configurada a divergência autorizadora dos embargos,
o despacho de fl . 402 os recebeu, abrindo-se vista à embargada, na forma
regimental, que ofereceu impugnação.
É o relatório.
VOTO
O Sr. Ministro Hélio Mosimann (Relator): Discutindo-se a tese da
incidência ou não do ICM por ocasião da venda de salvados, a divergência está
sufi cientemente demonstrada, pelo que devem os embargos ser conhecidos.
Na parte principal, decidiu esta Seção, há poucos dias, questão idêntica,
reportando-se inclusive ao acórdão aqui embargado, que prevaleceu, pelo voto
da unanimidade dos julgadores (Embargos de Divergência no REsp n. 43.689-
RJ, em 30.05.1995, em que servi como relator).
Transcrevo do voto condutor o seguinte:
Não obstante os argumentos oferecidos pela embargante, estou com a tese abraçada pela Egrégia 1ª Turma, ao apoiar o voto do relator que, após se referir ao acórdão trazido a confronto, com as vozes discordantes então levantadas, assinalou textualmente (fl s. 269):
Bem mais recentemente, contudo, esta egrégia Turma, ao julgar caso absolutamente semelhante, em que pontifi cou o judicioso e percuciente voto condutor do insigne Ministro Cesar Asfor Rocha, acolheu, sem discrepância, tese defendida por sua Excelência, consubstanciada no resumo do acórdão que porta a seguinte ementa:
Tributário. ICMS. Seguradora. Salvados subrogatórios.
Correta a tributação, pelo ICMS, de salvados subrogatórios, uma vez que vendidos com habitualidade pelas seguradoras, além do que essas operações, ainda que não compondo a estrutura jurídica do contrato de seguro, constituem fato suscetível de imposição autônoma.
Recurso improvido (REsp n. 45.911-7-SP, julgado em 1º.06.1994).
SÚMULAS - PRECEDENTES
RSSTJ, a. 4, (11): 43-79, agosto 2010 65
Depois de profícua refl exão, o digno Relator deste decisum, adotou como razão de decidir e foi seguido pelos seus pares, os fundamentos de votos discordantes, proferidos naquele primeiro julgado, assim embasados:
Com relação às demais argumentações das recorrentes, trago à colação o voto-vista proferido pelo eminente Ministro Ilmar Galvão, no REsp n. 1.373-RJ (DJ 06.08.1990), a saber:
Com a devida vênia do eminente Relator, não conheço do recurso.
E o faço, por entender correta a fundamentação do v. acórdão recorrido, segundo a qual as sociedades seguradoras exercem atos de comércio, quando vendem bens salvados de sinistros, já que assim procedem, não de modo eventual, mas, ao revés, com habitualidade, pelo singelo motivo de não terem porque conservar ditos bens em seu patrimônio, privando-se da receita que podem eles produzir.
Com efeito, trata-se de bens que possuem inegável valor econômico residual, e que, ao serem postos em circulação, de maneira sistemática, assimilam-se a mercadoria, para efeito de caracterização da atividade comercial contemplada pelo tributo em tela.
Confi gura-se, pois, a hipótese prevista no art. 6°, § 1°, inciso I, do Decreto-Lei n. 406/1976, que arrola entre os contribuintes do ICM, hoje ICMS, “as sociedades civis de fi ns econômicos ..., que pratiquem, com habitualidade operações relativas à circulação de mercadorias”.
Data venia, não há comparar-se a situação de tais entidades, à de quem, em caráter esporádico, desfaz-se de unidade patrimonial móvel, não tendo qualquer aplicação ao caso dos autos, por isso, os precedentes jurisprudenciais invocados.
De afastar-se, também, conforme observou o órgão do Ministério Público, à fl. 590, a alegação segundo a qual houve, no caso, usurpação de competência tributária da União, já que a venda dos salvados não compõem a estrutura jurídica do contrato de seguro, constituindo, por isso, fato suscetível de imposição autônoma.
Por fim, não há falar-se em afronta ao principio da legalidade tributária, já que a lei estadual, dispondo genericamente, de modo a abranger a aludida operação dispensa a especifi cação do contribuinte ou da mercadoria, para legitimar a exigência do tributo.
Ante tais considerações, vejo-me na contingência de discordar do eminente relator, para não conhecer do recurso.
No mesmo sentido o entendimento do eminente Ministro Vicente Cernicchiaro:
Senhor Presidente, a lei tributária arrola, em inúmeras cláusulas, o contribuinte do ICM. Não estabelece a empresa seguradora que vende a
SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA
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chamada sucata, resultante do pagamento do sinistro, que fi caria, então, com o restante. Entretanto, se o objetivo social da empresa seguradora não é exercer o comércio, a venda da sucata, porém, íntegra permanentemente a sua preocupação a fim de diminuir o prejuízo. Havendo, assim, esta potencialidade do exercício de intermediação para a colocação de material inservível, neste momento, ainda que a atividade não seja diária, todavia, ela protrai-se no tempo. Assim, a saída da mercadoria importa caracterização do fato gerador do imposto reclamado. Interpretação teleológica prefere à interpretação literal.
Por ter concordado inteiramente com o entendimento então manifestado, mantenho o mesmo posicionamento neste caso, similar ao precedente.
Ao recorrente, pois, assiste razão, afigurando-se-me procedentes os argumentos por ele expendidos nos seguintes excertos das suas razões recursais:
6.6. A caracterização da venda de “salvados” como ato de comércio ensejador de circulação de mercadorias é tanto mais evidente quanto se sabe que ela visa a aumentar os lucros ou a diminuir as perdas das seguradoras com as operações que realiza. Portanto, trata-se de atividade que persegue o fi m lucrativo peculiar ao exercício do comércio.
Nessa linha de raciocínio, qualquer ato praticado pelo empresário, no exercício de sua atividade, que vise a aumentar-lhe o superávit ou diminuir-lhe os custos, é considerado ato de comércio. E, se tem por objeto bem móvel ou semovente, esse ato tem o condão de transformá-lo em mercadoria, se a aquisição respectiva tiver aquela fi nalidade (fl . 240).
Atento, pois, ao objeto da divergência e certo de que os argumentos focalizados se contrapõem aos da embargante, conheço dos embargos mas os rejeito.
Também aqui, rejeito os embargos.
É como voto.
VOTO
O Sr. Ministro Peçanha Martins: Senhor Presidente, acompanhei S. Exª,
o eminente Ministro Hélio Mosimann, na Seção passada, e não vejo por que
modifi car o ponto de vista.
Acompanho o eminente Ministro Relator.
SÚMULAS - PRECEDENTES
RSSTJ, a. 4, (11): 43-79, agosto 2010 67
VOTO
O Sr. Ministro Demócrito Reinaldo: Sr. Presidente, com base no
precedente citado pelo Eminente Relator, que foi tomado por unanimidade por
esta egrégia Seção, e com base, ainda, no voto que proferi no Recurso Especial n.
43.689-3-RJ, acompanho o voto do Eminente Ministro-Relator.
É como voto.
VOTO
O Sr. Ministro Humberto Gomes de Barros: Sr. Presidente, apesar da
brilhante e erudita sustentação que ouvimos, mantenho-me fi el ao precedente
de cuja formação participei.
Acompanho o Eminente Ministro Relator.
VOTO
O Sr. Ministro Milton Luiz Pereira: Senhor Presidente, desde o primeiro
julgamento na Turma e no precedente em Embargos de Divergência, que
julgamos nesta Seção, fi quei impressionado pela profundidade da sustentação da
parte embargante; aliás, hoje reanimada brilhantemente pelo ilustre Advogado
que esteve na tribuna, principalmente quando destacou que a habitualidade deve
ser intencional. Entretanto, bem refl etindo, lendo com vagar os tópicos trazidos
à guisa de memorial, guiado pelo parecer de ilustre professor da Universidade
de São Paulo, a fi nal, continuo comungando com a fundamentação dos nossos
julgados, embora atormentado no meu juízo, para conciliar-me de vez, com
a solução pretoriana diante de princípios colocados pela doutrina, no que se
refere ao ato de comércio, à habitualidade e a à intencionalidade, sendo esta a
necessária sede para a habitualidade. Também me impaciento na defi nição sobre
os salvados: constituem ou não mercadoria?
Todavia, no momento, não posso fugir das conclusões a que chegaram os
votos antecedentes e, quando não, até por submissão à função uniformizadora
da Seção, certo que contribuí votando nos julgamentos precedentes versando a
mesma questão.
Com essas considerações, acompanho o eminente Relator.
SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA
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VOTO
O Sr. Ministro Cesar Asfor Rocha: Sr. Presidente, o acórdão embargado
é de minha lavra. Não tenho razões para modificar o meu entendimento,
inobstante a judiciosa sustentação aqui feita pelo eminente Advogado.
Acompanho o eminente Ministro-Relator.
RECURSO ESPECIAL N. 30.973-RJ (92.0033802-0)
Relator: Ministro Hélio Mosimann
Recorrente: Santa Ruz Seguros S/A
Advogado: Gustavo Miguez de Mello e outros
Recorrido: Estado do Rio de Janeiro
Advogada: Sonia Regina de Carvalho Mestre
EMENTA
Tributário. Seguradora. Salvados. Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços. Incidência do tributo.
São tributáveis, pelo ICMS, os salvados resultantes de sinistros, posto que a operação de venda através das companhias seguradoras não é feita em caráter eventual e sim com habitualidade, passando o produto a circular tal qual ocorre na circulação de mercadorias, quando desenvolvida atividade comercial.
ACÓRDÃO
Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Ministros da Segunda
Turma do Superior Tribunal de Justiça, na conformidade dos votos e das notas
taquigráfi cas a seguir, por votação unânime, conhecer do recurso e negar-lhe
provimento nos termos do voto do Sr. Ministro Relator. Participaram do
julgamento os Srs. Ministros Peçanha Martins, Ari Pargendler e Antônio de
Pádua Ribeiro.
SÚMULAS - PRECEDENTES
RSSTJ, a. 4, (11): 43-79, agosto 2010 69
Brasília (DF), 04 de setembro de 1995 (data do julgamento).
Ministro Hélio Mosimann, Presidente e Relator
DJ 30.10.1995
RELATÓRIO
O Sr. Ministro Hélio Mosimann: Cuida-se de recurso especial interposto
por Santa Cruz Seguros S/A, fundado no artigo 105, inciso III, alíneas a, b e
c, da Constituição Federal, contra acórdão proferido em grau de embargos
infringentes pelo Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro, que
considerou circulação mercantil a venda, pela seguradora, de modo habitual, dos
salvados de sinistros, passível, assim, de incidência do ICMS.
Sustenta a recorrente, em síntese, negativa de vigência aos artigos 3°, 110
e 142 do Código Tributário Nacional; 1°, 2° e 3° do Decreto-Lei n. 406/1968, e
73 do Decreto-Lei n. 73/1966. Alega dissídio jurisprudencial.
Com as contra-razões de fl s. 327-329, vieram os autos a esta superior
instância.
É o relatório.
VOTO
O Sr. Ministro Hélio Mosimann (Relator): Nego provimento ao recurso,
reportando-me à fundamentação do voto que proferi, como Relator, nos
Embargos de Divergência no Recurso Especial n. 43.689-1-RJ, verbis:
São tributáveis, pelo ICMS os salvados resultantes de sinistros, posto que a operação de venda através das companhias seguradoras não é feita em caráter eventual e sim com habitualidade, passando o produto a circular tal qual ocorre na circulação de mercadorias, quando desenvolvida atividade comercial.
Da egrégia Primeira Turma recolho entendimento convergente, sintetizado
em ementa da lavra do eminente Ministro Demócrito Reinaldo, posta nos
seguintes termos:
Tributário. ICMS. Companhia de recursos. Salvados subrogatórios. Incidência do tributo.
SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA
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Cabível a incidência do ICMS nas vendas de bens salvados de sinistros, por isso que as companhas seguradoras quando realizam tal operação, não fazem de modo eventual, mas com habitualidade, pondo referidos bens em circulação, de forma sistemática, assemelhando-os à mercadoria, para os efeitos de caracterização da atividade comercial sujeita a exação do tributo. (REsp n. 43.689-RJ, DJ de 07.11.1994).
Pelo exposto, fiel a essa linha de entendimento, nego provimento ao
recurso.
É o voto.
RECURSO ESPECIAL N. 43.689-RJ (94.0003075-4)
Relator: Ministro Demócrito Reinaldo
Recorrente: Estado do Rio de Janeiro
Recorrido: Sul América Terrestre Marítimos e Acidentes - Companhia de
Seguros
Advogados: João Guilherme Sauer e outros
Eduardo Obino Cirne Lima e outros
EMENTA
Tributário. ICMS. Companhia de seguros. Salvados
subrogatórios. Incidência do tributo.
Cabível a incidência do ICMS nas vendas de bens salvados de
sinistros, por isso que as companhias seguradoras, quando realizam tal
operação, não o fazem de modo eventual, mas com habitualidade, pondo
referidos bens em circulação, de forma sistemática, assemelhando-os
a mercadoria, para os efeitos de caracterização da atividade comercial
sujeita à exação do tributo.
Recurso provido, sem discrepância.
SÚMULAS - PRECEDENTES
RSSTJ, a. 4, (11): 43-79, agosto 2010 71
ACÓRDÃO
Vistos e relatados os autos em que são partes as acima indicadas, decide
a primeira Turma do Superior Tribunal de Justiça, por unanimidade, dar
provimento ao recurso nos termos do voto do Sr. Ministro Relator, na forma
do relatório e notas taquigráfi cas constantes dos autos, que fi cam fazendo parte
integrante do presente julgado. Participaram do julgamento os Srs. Ministros
Humberto Gomes de Barros, Milton Luiz Pereira, Cesar Asfor Rocha e Garcia
Vieira. Custas, como de lei.
Brasília (DF), 19 de outubro de 1994 (data do julgamento).
Ministro Demócrito Reinaldo, Presidente e Relator
DJ 07.11.1994
RELATÓRIO
O Sr. Ministro Demócrito Reinaldo: Sul América Terrestre Marítimos e
Acidentes, companhia de seguros, ingressou com ação ordinária de anulação de
débito tributário contra o Estado do Rio de Janeiro, visando a desconstituição de
crédito fi scal do lançamento do ICM sobre o produto de alienação de salvados
de sinistro cobertos por contrato de seguro.
Julgado improcedente o pedido anulatório e procedente o pleito
alternativo, para que fosse reduzida a base de cálculo do tributo (10% do valor
da mercadoria), a decisão de primeira instância restou alterada, em grau de
recurso apelatório, conforme decisão proferida pela egrégia Oitava Câmara
Civil do Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro, resumida no acórdão
assim ementado:
ICMS. Tributação sobre os salvados subrogatórios.
Se as companhias seguradoras não ostentam a condição de produtores industriais ou comerciantes de veículos usados ou de sucata, não pode ser tributada pela Lei Estadual a operação de venda desses bens, que não objetiva a comercialização propriamente dita, mas reduzir os prejuízos, numa relação que vai completar, por assim dizer, o pagamento do bem sinistrado (fl . 230).
Irresignado, o Estado do Rio de Janeiro interpôs recurso especial, sob o pálio
da letra a do admissivo constitucional, alegando contrariedade ao artigo 110 do
SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA
72
Código Tributário Nacional e artigo 1°, inciso I, do Decreto-Lei 406/1968 (fl s.
234-241).
Ofertadas contra-razões (fl s. 243-251), o recurso foi admitido, no juízo de
retratação (fl . 101), subindo os autos a esta egrégia Corte, vindo-me distribuídos
e conclusos para julgamento.
É o relatório.
VOTO
O Sr. Ministro Demócrito Reinaldo (Relator): Conforme se ouviu da
leitura do relatório, a questão posta em discussão consiste em saber se podem,
ou não, ser tributados, pelo ICMS, o produto da alienação dos denominados
salvados subrogatórios cobertos por contrato de seguro.
Entendeu o v. acórdão do Tribunal a quo ser descabida a incidência do
tributo, porquanto os “salvados” não podem se equiparar a mercadorias, ou seja,
coisas comerciais com intuito de lucro, pois nenhuma seguradora se estabelece
para negócios com ferro velho, até porque não tem autorização legal para exercer
esse tipo de comércio (fl . 231).
De sua vez, sustenta o recorrente, fundamentalmente, que ao vender os
“salvados”, o segurador põe em circulação bens adquiridos, no cumprimento de
obrigação inerente à sua atividade, que, eventualmente, é comercial, praticando
assim ato de comércio, de empresa, sujeito à incidência do ICMS.
Cumpre observar, inicialmente, que a matéria já foi debatida exaustivamente
e decidida por esta egrégia Corte.
Com efeito, num primeiro momento, prevaleceu, malgrado se levantassem
vozes discordantes, o entendimento manifestado, por maioria da egrégia
Segunda Turma, segundo o qual afi rmava-se ser impossível tributar, pelo ICM,
salvados subrogatórios, que não constituem mercadoria objeto da operação
tributável, tendo em vista que a seguradora não ostenta a qualidade de produtor,
industrial ou comerciante de veículos usados ou de sucata (REsp n. 1.373-RJ,
Relator eminente Ministro Carlos M. Velloso, então honrando este colendo
Tribunal, como integrante da 2ª Turma, DJ 06.08.1990).
Bem mais recentemente, contudo, esta egrégia Turma, ao julgar caso
absolutamente semelhante, em que pontifi cou o judicioso e percuciente voto
condutor do insigne Ministro Cesar Asfor Rocha, acolheu, sem discrepância, tese
SÚMULAS - PRECEDENTES
RSSTJ, a. 4, (11): 43-79, agosto 2010 73
defendida por sua Excelência, consubstanciada no resumo do acórdão que porta
a seguinte ementa:
Tributário. ICMS. Seguradora. Salvados subrogatórios.
Correta a tributação, pelo ICMS, de salvados subrogatórios, uma vez que vendidos com habitualidade pelas seguradoras, além do que essas operações, ainda que não compondo a estrutura jurídica do contrato de seguro, constituem fato suscetível de imposição autônoma.
Recurso improvido (REsp n. 45.911-7-SP, julgado em 1º.06.1994).
Depois de profícua refl exão, o digno Relator deste decisum, adotou como razão de decidir e foi seguido pelos seus pares, os fundamentos de votos discordantes, proferidos naquele primeiro julgado, assim embasados:
Com relação às demais argumentações das recorrentes, trago à colação o voto-vista proferido pelo eminente Ministro Ilmar GaIvão, no REsp n. 1.373-RJ (DJ 06.08.1990), a saber:
Com a devida vênia do eminente Relator, não conheço do recurso.
E o faço, por entender correta a fundamentação do v. acórdão recorrido, segundo a qual as sociedades seguradoras exercem atos de comércio, quando vendem bens salvados de sinistros, já que assim procedem, não de modo eventual, mas, ao revés, com habitualidade, pelo singelo motivo de não terem porque conservar ditos bens em seu patrimônio, privando-se da receita que podem eles produzir.
Com efeito, trata-se de bens que possuem inegável valor econômico residual, e que, ao serem postos em circulação, de maneira sistemática, assimilam-se a mercadoria, para efeito de caracterização da atividade comercial contemplada pelo tributo em tela.
Confi gura-se, pois, a hipótese prevista no art. 6°, § 1°, inciso I, do Decreto-Lei n. 406/1976, que arrola entre os contribuintes do ICM, hoje ICMS, “as sociedades civis de fi ns econômicos ... , que pratiquem, com habitualidade operações relativas à circulação de mercadorias”.
Data venia, não há comparar-se a situação de tais entidades, à de quem, em caráter esporádico, desfaz-se de unidade patrimonial móvel, não tendo qualquer aplicação ao caso dos autos, por isso, os precedentes jurisprudenciais invocados.
De afastar-se, também, conforme observou o órgão do Ministério Público, à fI. 590, a alegação segundo a qual houve, no caso, usurpação de competência tributária da União, já que a venda dos salvados não compõem a estrutura jurídica do contrato de seguro, constituindo, por isso, fato suscetível de imposição autônoma.
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Por fi m, não há falar-se em afronta ao princípio da legalidade tributária, já que a lei estadual, dispondo genericamente, de modo a abranger a aludida operação, dispensa a especifi cação do contribuinte ou da mercadoria, para legitimar a exigência do tributo.
Ante tais considerações, vejo-me na contingência de discordar do eminente relator, para não conhecer do recurso.
No mesmo sentido o entendimento do eminente Ministro Vicente Cernicchiaro:
Senhor Presidente, a lei tributária arrola, em inúmeras cláusulas, o contribuinte do ICM. Não estabelece a empresa seguradora que vende a chamada sucata, resultante do pagamento do sinistro, que fi caria, então, com o restante. Entretanto, se o objetivo social da empresa seguradora não é exercer o comércio, a venda da sucata, porém, integra permanentemente a sua preocupação a fim de diminuir o prejuízo. Havendo, assim, esta potencialidade do exercício de intermediação para a colocação de material inservível, neste momento, ainda que a atividade não seja diária, todavia, ela protrai-se no tempo. Assim, a saída da mercadoria importa caracterização do fato gerador do imposto reclamado. Interpretação teleológica prefere à interpretação literal.
Por ter concordado inteiramente com o entendimento então manifestado,
mantenho o mesmo posicionamento neste caso, similar ao precedente.
Ao recorrente, pois, assiste razão, afigurando-se-me procedentes os
argumentos por ele expendidos nos seguintes excertos das suas razões recursais:
6.6. A caracterização da venda de “salvados” como ato de comércio ensejador de circulação de mercadorias é tanto mais evidente quanto se sabe que ela visa a aumentar os lucros ou a diminuir as perdas das seguradoras com as operações que realiza. Portanto, trata-se de atividade que persegue o fi m lucrativo peculiar ao exercício do comércio.
Nessa linha de raciocínio, qualquer ato praticado pelo empresário, no exercício de sua atividade, que vise a aumentar-lhe o superávit ou diminuir-lhe os custos, é considerado ato de comércio. E, se tem por objeto bem móvel ou semovente, esse ato tem o condão de transformá-lo em mercadoria, se a aquisição respectiva tiver aquela fi nalidade (fl . 240).
Com essas considerações, conheço do recurso pela letra a do admissivo
constitucional e dou-lhe provimento, na forma do pedido.
É como voto.
SÚMULAS - PRECEDENTES
RSSTJ, a. 4, (11): 43-79, agosto 2010 75
RECURSO ESPECIAL N. 45.911-SP
Relator: Ministro Cesar Asfor Rocha
Recorrentes: Itau Seguros S/A e outro
Recorrida: Fazenda do Estado de São Paulo
Advogados: Frederico Bendzius e outros
Renata Machado de Assis Forelli Nicolau e outros
EMENTA
Tributário. ICMS. Seguradora. Salvados subrogatórios.
Correta a tributação, pelo ICMS, de salvados subrogatórios, uma vez que vendidos com habitualidade pelas seguradoras, além do que essas operações, ainda que não compondo a estrutura jurídica do contrato de seguro, constituem fato suscetível de imposição autônoma.
Recurso improvido.
ACÓRDÃO
Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Srs. Ministros da Primeira Turma do Superior Tribunal de Justiça, na conformidade dos votos e das notas taquigráficas a seguir, por unanimidade, negar provimento ao recurso. Participaram do julgamento os Srs. Ministros Garcia Vieira, Demócrito Reinaldo e Milton Luiz Pereira. Ausente, justifi cadamente, o Sr. Ministro Humberto Gomes de Barros.
Brasília (DF), 1º de junho de 1994 (data do julgamento).
Ministro Demócrito Reinaldo, Presidente
Ministro Cesar Asfor Rocha, Relator
DJ 27.06.1994
RELATÓRIO
O Sr. Ministro Cesar Asfor Rocha: - Até o instante do julgamento da
apelação, o r, aresto hostilizado assim relatara o feito:
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Ação declaratória e medida cautelar movidas pela Itaú Seguros S.A. e Itaú Winterthur Seguradora S/A contra a Fazenda do Estado, sob alegação de que seu objeto é relativo a operações de seguro do ramo de vida e ramos como elementares em conformidade com o artigo 73 do Decreto-Lei n. 73/1966 não poderão explorar qualquer outro ramo de comércio ou indústria, pelo que somente podem explorar o ramo securitário e por exigência da Secretaria da Fazenda do Estado de São Paulo, estão inscritas como contribuintes do ICMS e vem recolhendo o tributo nas operações com salvados e sinistros em razão da exigência contida nos Decretos n. 5.410/1975 (artigos 434 e 442), 17.727/1981 (artigos 453 e 464) e 33.118/1991, este último derivado de explícita previsão contida no Convênio ICM n. 66/88, artigo 21, IV e na Lei n. 6.374/1989, artigo 7°, parágrafo 1°, item 4.
Sustentaram ainda, as autoras ser ilegal e inconstitucional a exigência, por afrontar a Constituição Federal (artigo 155, inciso I, letra b), e o Código Tributário Nacional (artigos 3°, 4°, 6°, 109, 110 e 142) pelo que requereram medida cautelar para obstar a prática de quaisquer atos tendentes à exigência do ICMS, pelo Fisco Estadual, relativa às vendas de salvados e sinistros, eventualmente realizados pelas autoras.
Invocaram também, o Decreto-Lei n. 406/1968, que indicou como contribuintes do ICM, os que fazem da mercancia profi ssional habitual (artigo 6°), e como objeto de tributação (artigo 1°). E editado o Convênio ICMS n. 66/88, que regulou a matéria atinente ao ICMS, desconsiderando a recepção do aludido Decreto-Lei n. 406/1968, o que torna o convênio mencionado, eivado de inconstitucionalidade no que se refere à regulamentação do ICM. Esclareceram que a venda de salvados de sinistros, se insere no contrato de seguro, não revelando conteúdo comercial (fl s. 211-212).
Após os declaratórios, as recorrentes lançaram o apelo nobre ora em
exame com fi ncas nas letras a, b e c do permissivo constitucional, por alegada
ofensa aos arts. 1° e 6° do Decreto-Lei n. 406/1968; 110 do Código Tributário
Nacional; 73 do Decreto-Lei n. 73/1966; e por dissídio pretoriano.
Respondido tempestivamente, o recurso foi admitido e em aqui chegando
em 13 de abril de 1994 dispensei a manifestação da douta Subprocuradoria
Geral da República, indicando-o para julgamento no dia 3 do mês seguinte.
É o relatório.
VOTO
O Sr. Ministro Cesar Asfor Rocha (Relator): Do r. aresto guerreado,
extraio os seguintes excertos:
SÚMULAS - PRECEDENTES
RSSTJ, a. 4, (11): 43-79, agosto 2010 77
Não assiste razão às apelantes, merecendo subsistir a r. sentença prolatada.
As operações desenvolvidas pelas seguradoras são enquadradas na competência disciplinar da União, sem qualquer intervenção dos Estados-Membros.
Entretanto, respeitando-se a competência privativa da União, no tocante à comercialização de salvados adquiridos, para revender com ou sem intuito de lucro, na operação secundária é devido ICMS.
Já existia no Estado de São Paulo, norma legal expressa, no sentido de enquadrar sua atividade, quando aliena os veículos sinistrados, como contribuintes do ICM em consonância com o disposto nos artigos 453 e 464, do Decreto n. 17.727/1981, e anteriormente pelo Decreto n. 5.410/1974.
Portanto, existia norma legal que se enquadra perfeitamente na atividade das apelantes, referente ao objeto desta ação, ou seja, venda de veículos sinistrados. (fl s. 212-213).
Sustentam as recorrentes que o Convênio 66/88 pretendera revogar o
Decreto-Lei n. 406/1968, ao violar os seus arts. 1° e 6°, sendo certo que referido
Decreto-Lei foi recepcionado pela Constituição Federal vigente.
Inicialmente observo ser certo que o art. 34, § 8°, do ADCT, possibilitou
aos Estados e Distrito Federal celebrarem convênio, fi xando normas para regular
provisoriamente a matéria necessária à instituição do ICMS, embora não menos
verdadeiro seja que tal convênio deve restringir-se somente às lacunas existentes
e às matérias legais não recepcionadas pela Constituição Federal.
Este entendimento é absolutamente assente nesta Corte conforme dão
conta os julgados nos Recursos Especiais n. 14.410-0-RJ (relator eminente
Ministro Garcia Vieira), n. 20.324-0-RJ (relator eminente Ministro Demócrito
Reinaldo), n. 14.777-0-SP (relator eminente Ministro Antônio de Pádua
Ribeiro), n. 7.582-0-RJ (relator eminente Ministro Américo Luz) e n. 23.628-
2-SP (relator eminente Ministro José de Jesus) e n. 33.186-2-RJ (de minha
relatoria), por exemplo.
Acontece, todavia, que, no caso em tablado, conforme assinalado pelo r.
aresto objurgado, “já existia no Estado de São Paulo norma legal expressa, no
sentido de enquadrar sua atividade (das recorrentes), quando aliena veículos
sinistrados, como contribuintes do ICM em consonância com o disposto nos
artigos 452 e 464, do Decreto n. 17.727/1981, e anteriormente pelo Decreto n.
5.410/1974.” (fl . 213).
SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA
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Com relação às demais argumentações das recorrentes, trago à colação o
voto-vista proferido pelo eminente Ministro Ilmar Galvão, no REsp n. 1.373-
RJ (DJ 06.08.1990), a saber:
Com a devida vênia do eminente Relator, não conheço do recurso.
E o faço, por entender correta a fundamentação do v. acórdão recorrido, segundo a qual as sociedades seguradoras exercem atos de comércio, quando vendem bens salvados de sinistros, já que assim procedem, não de modo eventual, mas, ao revés, com habitualidade, pelo singelo motivo de não terem porque conservar ditos bens em seu patrimônio, privando-se da receita que podem eles produzir.
Com efeito, trata-se de bens que possuem inegável valor econômico residual, e que, ao serem postos em circulação, de maneira sistemática, assimilam-se a mercadoria, para efeito de caracterização da atividade comercial contemplada pelo tributo em tela.
Confi gura-se, pois, a hipótese prevista no art. 6°, §1°, inciso I, do Decreto-Lei n. 406/1976, que arrola entre os contribuintes do ICM, hoje ICMS, “as sociedades civis de fi ns econômicos ..., que pratiquem, com habitualidade operações relativas à circulação de mercadorias”.
Data venia, não há comparar-se a situação de tais entidades, à de quem, em caráter esporádico, desfaz-se de unidade patrimonial móvel, não tendo qualquer aplicação ao caso dos autos, por isso, os precedentes jurisprudenciais invocados.
De afastar-se, também, conforme observou o órgão do Ministério Público, à fl . 590, a alegação segundo a qual houve, no caso, usurpação de competência tributária da União, já que a venda dos salvados não compõem a estrutura jurídica do contrato de seguro, constituindo, por isso, fato suscetível de imposição autônoma.
Por fi m, não há falar-se em afronta ao princípio da legalidade tributária, já que a lei estadual, dispondo genericamente, de modo a abranger a aludida operação, dispensa a especificação do contribuinte ou da mercadoria, para legitimar a exigência do tributo.
Ante tais considerações, vejo-me na contingência de discordar do eminente relator, para não conhecer do recurso.
No mesmo sentido o entendimento do eminente Ministro Vicente
Cernicchiaro:
Senhor Presidente, a lei tributária arrola, em inúmeras cláusulas, o contribuinte do lCM. Não estabelece a empresa seguradora que vende a chamada sucata, resultante do pagamento do sinistro, que fi caria, então, com o restante. Entretanto, se o objetivo social da empresa seguradora não é exercer o comércio, a venda da
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sucata, porém, integra permanentemente a sua preocupação a fi m de diminuir o prejuízo. Havendo, assim, esta potencialidade do exercício de intermediação para a colocação de material inservível, neste momento, ainda que a atividade não seja diária, todavia, ela protrai-se no tempo. Assim, a saída da mercadoria importa caracterização do fato gerador do imposto reclamado. Interpretação teleológica prefere à interpretação literal.
Observo que os pronunciamentos de Suas Excelências não prevaleceram,
eis que vencidos fi caram por apertada maioria. Inobstante isso, data venia,
impressionaram-me muito mais que os externados pelos eminentes Ministros
vencedores, razão pela qual adoto-os como razão de decidir nesse ponto ora em
análise, pelo que nego provimento ao recurso.
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