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2 POLÍTICA São Luís, 11 de setembro de 2017. Segunda-feira O Estado do Maranhão

Fachin: Joesley e Saudomitiram informaçõesem delação premiadaExecutivos da J&F tiveram mandado de prisão temporária decretado peloministro; Joesley Batista e Ricardo Saud se entregaram à PF na tarde de ontem

BRASÍLIA

Oministro Luiz Edson Fa-chin, relator da LavaJato no Supremo Tribu-nal Federal (STF), expli-

cou no despacho que decretoua prisão do empresário JoesleyBatista e do diretor da J&F, Ri-cardo Saud, que tomou a decisãoporque, segundo ele, os dois omi-tiram informações que eram o-brigados a prestar no acordo dedelação premiada.

No mesmo despacho em quemandou prender os dois delatores,Fachin destacou que as omissõesdos delatores acarretaram na sus-pensão provisória de parte dos be-nefícios previstos na colaboraçãopremiada, que garantiu imunidadepenal aos executivos da J&F.

Joesley e Ricardo Saud se apre-sentaram na superintendência daPolícia Federal (PF), em São Paulo,no início da tarde de ontem.

O relator da Lava Jato acolheuo pedido de prisão dos dois dela-tores da J&F apresentado nasexta-feira, 8, pelo Ministério Pú-blico. Ontem também, o relatorda Lava Jato derrubou o sigilo emtorno da decisão. O chefe do Mi-nistério Público solicitou a prisãode Joesley e Saud após a desco-berta do áudio de uma conversade quatro horas entre os dois de-latores da Lava Jato.

RiscosEdson Fachin destacou ainda quehá elementos de que Joesley Ba-tista e Ricardo Saud poderiam, emliberdade, esconder ou eliminarparte das provas que eles haviamse comprometido a entregar àsautoridades em troca de nãoserem presos nem mesmo de-nunciados pelo Ministério Pú-blico. De acordo com o relator daLava Jato, tudo indica que os de-latores entregaram as provas "deforma parcial e seletiva”.

Ao justificar a decisão de pren-der Joesley e Saud, Fachin afirmaque os dois dirigentes da J&F in-

tegram uma organização voltada"à prática sistemática de delitoscontra a administração pública elavagem de dinheiro".

Notificação oficialNa manhã de ontem, a defesa dosdois executivos da J&F afirmou queeles tinham decidido se entregarpara a Polícia Federal, se anteci-pando ao cumprimento do man-dado de prisão.

Um dos responsáveis pela defesados dois delatores, o advogado Pier-paolo Bottini disse antes da notifi-cação que a decisão de Joesley eSaud de se entregar é “uma possibi-lidade”, desde que os defensores fos-sem notificados oficialmente daordem de prisão.

Mais tarde, Bottini confirmou quefoi notificado oficialmente do man-dado de prisão no fim da manhã dodomingo. Joesley e Saud se entrega-ram na sede da SuperintendênciaRegional da Polícia Federal em SãoPaulo, no bairro da Lapa, no inícioda tarde do domingo.

Joesley deixou a casa de seu pai,em São Paulo, por volta das 13h deontem e se apresentou na sede daPolícia Federal.

Decreto Em um dos trechos da ordem deprisão, Edson Fachin ressaltouque o cumprimento do mandadojudicial deveria ser feito com a"máxima discrição" e com a"menor ostensividade".

Ele destacou ainda que, ao efe-tuar as prisões, a Polícia Federal deve"tomar as cautelas apropriadas", es-pecialmente para preservar a ima-gem de Joesley e Saud.

Argumento de JanotO despacho de Fachin traz os argu-mentos apresentados por RodrigoJanot para embasar o pedido de pri-são. O procurador-geral da Repú-blica afirma que a omissão da ajudaprestada por Marcelo Miller aos de-

latores é motivo para rescisão doacordo de delação.

A prisão, justificou Janot, “émedida que se impõe a averiguarde forma mais segura possíveisomissões de informações relati-vas a crimes conhecidos pelos co-laboradores e sonegadas quandoda formalização da avença, bemcomo subministrar meios paraque se possa decidir sobre a res-cisão dos acordos”.

“Há indícios de má-fé por partedos colaboradores ao deixarem denarrar, no momento da celebra-ção do acordo, que estavam sendoorientados por Marcelo Miller,que ainda estava no exercício docargo, a respeito de como proce-der quando das negociações, in-clusive no que diz respeito a au-xílio prestado para manipularfatos e provas, filtrar informaçõese ajustar depoimentos”, descreveuo procurador-geral.

Para a PGR, levando em conta agravação da conversa entre Joesleye Saud, a atitude de Marcelo Mil-ler, se enquadraria nos crimes departicipação em organização cri-minosa, obstrução às investigaçõese exploração de prestígio. �

Joesley Batista negociou se entregar na sede da Polícia Federal, em São Paulo, e o fez no fim da tarde de ontem

Ministro não vê“indícios consistentes”para prisão de MillerEm nota oficial, ex-procurador Marcelo Miller dizque repudia declarações presentes em gravações

BRASÍLIA

A Procuradoria Geral da Repúblicatambém pediu a prisão do ex-pro-curador Marcelo Miller. No en-tanto, o ministro Edson Fachindisse ver "consistentes indícios deexploração de prestígio" por partedo advogado.

Marcelo é o pivô da investiga-ção que pode culminar com a res-cisão da delação da JBS, emba-sada em áudio enviado peladefesa dos colaboradores emanexo complementar sobre o se-nador Ciro Nogueira (PP). Ele in-tegrou a força-tarefa da OperaçãoLava Jato e atuou nas delações doex-senador Delcídio do Amaral edo ex-presidente da TranspetroSérgio Machado.

Após deixar o Ministério PúblicoFederal, ele passou a integrar o es-critório de advocacia Trench, Rossie Watanabe, e integrou o time de ad-vogados que negociaram o acordode leniência da J&F.

O ex-procurador ainda faziaparte do Ministério Público quandocomeçou a conversar com os exe-cutivos, no final de fevereiro. Elepediu exoneração da Procuradoriano mesmo mês, mas a deixou defato apenas em abril.

Nota oficialEm nota, o advogado Marcelo Mil-ler diz repudiar "veementemente oconteúdo fantasioso e ofensivo dasmenções ao seu nome nas gravaçõesdivulgadas na imprensa". Ele aindaafirma que "jamais fez jogo duploou agiu contra a lei"

No texto divulgado pela sua as-sessoria de imprensa, Miller cita umasérie de evidências de que não fa-voreceu os executivos da J&F. Ao fim,conclui que sempre acreditou naJustiça e nas instituições e que estáà disposição para prestar esclareci-mentos e auxiliar nas investigações.

Entre os argumentos a seu favor,afirma que não tinha contato comJanot e atuação na Operação LavaJato desde outubro de 2016.

"Enquanto procurador, nuncaatuou em investigações ou proces-sos relativos ao Grupo J&F, nem bus-cou dados ou informações nos ban-cos de dados do Ministério PúblicoFederal sobre essas pessoas e em-presas. Pediu exoneração em23/2/2017, tendo essa informaçãocirculado imediatamente no MPF(Ministério Público Federal). Nuncaobstruiu investigações de qualquerespécie, nem alegou ou sugeriupoder influenciar qualquer mem-bro do MPF", traz a nota. �

Fachin diz queomissão levou a

quebra de acordo

Joesley se entregouno início da tarde

de ontem

Divulgação

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