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SOLIDARIEDADE
10 VIDASQUEOJN AJUDOU
A MUDAR
i. Mariana Albuquerque, Lisboa 2. Cristina Machado, Coimbra 3. Fernanda Machado, Lisboa 4. Pedro Ricardo, Póvoa 5. Fernando Baptista,Sever do Vouga 6. Diogo Farinhoto, Caminha 7. Belmira Amaral, Porto 8. Lara Filipa, Valongo 9. Cláudia Dias, Trofa 10. Marcus Rocha, Vila Verde
Histórias de quem, por ter sido notícia, ultrapassou obstáculos
físi cos, realizou sonhos, obteve uma casa nova. E uma nova carreira
DEZ VIDAS QUE 0 JN AJI JDOU
A MUDAR EM 2012Dia após dia, semana após semana, mês após mês,O ritual de dar notícias, no JN, cumpre-se todos osdias do ano. Há as notícias obrigatórias. Há asnotícias tristes. Há as notícias recorrentes. E depoishá as notícias que fazem a diferença. Não porquemudam o Mundo, porque essa pretensão não nosatormenta, mas porque cumprem a nobre função demudar uma vida. De várias formas. Diogo, Pedro,Mariana, Marcus, Belmira, Cristina, lara, Fernando,Fernanda e Cláudia testemunham-no. As históriasque contamos nestas páginas são reveladoras deque a exposição pública também resolve problemas,Sejam eles físicos, financeiros ou de outra índole.O que estas 10 histórias provam - são dez, maspodiam ser muitas mais - é que a solidariedade einiciativa dos portugueses não se vergam à ditaduradas restrições que nos foram impostas. Que,apesar dos tempos amargos que vivemos, hásempre alguém que, desinteressadamente, elevabem alto, e durante o ano todo, o espírito de Natal.
MAO MIOELETRICAGARANTE OUTRAAUTONOMIA
LUPAELETRONICAJÁ O DEIXA SER UMALUNO NORMAL
JA TEM CADEIRAELEVATÓRIA PARASAIR DE CASA
No final do ano passado, o JN
denunciou o dilema por quepassava a família de Diogo Fa-
rinhoto, o menino de Caminha
que nasceu sem a mão direita.
Após recolher perto de 20 to-neladas de tampinhas de plásti-co para empresa de reciclagemque prometera custear umamão mioelétrica, a firma emcausa exigira-lhe "mais do do-bro" da quantidade, devido à
"descida do preço do plástico".O tormento da família ganhoucontornos nacionais e levou um
empresário de Lisboa a ofere-cer, dias depois, a mão mioelé-trica ao menino. A prótese, novalor de 8400 euros, viria a ser
implantada em janeiro. "Foi o
segundo dia mais feliz da mi-nha vida, depois do dia em queele nasceu", diria Elisabete, mãedo Diogo, que completou já trêsanrr: iiiícuruDiniicnnuEiDA
Pedro Ricardo começou por vermal, mas depressa se percebeuque não tinha uma "simples"
miopia. O rapaz de 11 anos, re-sidente em Beiriz (Póvoa de
Varzim), sofre de distrofia de
Stargardt, doença rara que podelevar à cegueira. Precisava de
uma lupa eletrónica. Seis mil
euros que a mãe não tinha. He-lena Frasco lançou a campanha"Reciclar para ajudar", parareunir 30 mil toneladas de tam-
pinhas para reverter no equipa-mento. Em outubro haviam jun-tado sete toneladas. O JN noti-ciou o caso e, em novembro, a
"Dar a Sorrir" organiza um Mo-tor Show solidário. Foram mais
de duas mil pessoas a Laundos,na Póvoa. Pedro recebeu uma
lupa eletrónica para fixar à
mesa da escola, uma lupa trans-portável e uma lupa fixa parater em casa. Ana trocado marques
Mariana Albuquerque estava
presa em casa. A síndrome de
Dravet, uma doença congénita,limita-lhe a mobilidade. Hoje, a
Mariana já tem a cadeira eleva-tória que tanta falta lhe fazia
para subir diariamente as esca-das até casa, no terceiro andarde um prédio em Lisboa. A di-
vulgação do caso, bem como a
organização de eventos com fi-guras públicas, geraram umaonda de solidariedade que re-sultou na angariação de 7 mil
euros. Embora fosse necessário,no mínimo, o dobro do dinheiro
para adquirir a tão desejada ca-deira de elevação elétrica a
preço de mercado, uma empre-sa do ramo disponibilizou-se a
vender uma pela verba anga-riada. "A cadeira tem-nos ajuda-do muito, não tem comparação",explica a mãe de Mariana, Carla
Albuquerque, luísgarcia
CONQUISTOU UMTRANSPORTE PARAIR PARA A ESCOLA
VIVEU NA MISÉRIADURANTE UM ANOATÉ TER CASA NOVA
Marcus Rocha, de 16 anos, esta-va impedido de frequentar a Es-
cola Secundária de Vila Verde,por falta de transporte adequa-do. Com um grau de incapacida-de elevada, não podia usar os
transportes públicos e o trans-
porte especial assegurado pelaCâmara de Vila Verde foi retira-do. Em outubro, ainda não tinhaido às aulas. Depois do JN noti-ciar o caso, a DREN e a Autarquiaresolveram o assunto e Marcus é
transportado, diariamente, de tá-xi. Era uma criança normal, até
que aos 11 anos lhe foi diagnos-ticada a doença. Um exame de
raios X revelou cinco tumores,no tronco e na cabeça. Sofre de
neurofibromatose tipo 2. Em
2008, foi submetido a exéresede tumor intramedular multifo-
cal, tendo ficado com dificulda-des de locomoção e condiciona-lismos variados, pedro vila chã
O grito de alerta que BelmiraAmaral enviou à Junta de Cam-panhã, no Porto, no final do
ano passado, soava a desespe-ro. Há um ano que vivia numacasa arrendada, junto à Estradada Circunvalação, sem luz, água
quente e casa de banho. A mi-séria a cerca de cinco minutosdo centro do Porto. A Câmara,conhecedora do caso, não o
considerava prioritário. Porém,em poucos meses, a situaçãoinverteu-se e, perante a notíciado JN, ficou clara a urgência de
criar melhores condições devida para Belmira e o filho, Fili-
pe, 34 anos, doente psiquiátri-co crónico. Foi, por isso, "uma
alegria" o dia em que Belmirarecebeu as chaves da sua casa
nova, pronta a ser habitada.
Atualmente, mãe e filho vivemno bairro do Cerco, no Porto.MARTA NEVES
RECHEIO PARA ACASA AJUDOU AMINORAR TRISTEZA
Em março, quando o JN entrouna casa de Cristina Machado,no bairro social do Ingote, em
Coimbra, deparou-se com umcenário de pobreza e tristezainacreditáveis. Com três filhosa seu cargo (dois deles meno-res) e um historial de infelici-dades na vida, nomeadamenteuma coleção inesgotável de
doenças crónicas, que a impe-dem de trabalhar, Cristina esta-va à beira do desespero. Nãotinha dinheiro sequer para pa-gar a água, razão pela qual não
dispunha desse bem em casa.
Uma notícia no JN acabou porajudar a resolver parte do pro-blema, com a oferta de uma
cama, colchão, frigorífico, fo-
gão, secretária, roupeiro, duas
bicicletas, televisor e computa-dor. "Foi uma ajuda muito im-
portante, que jamais esquece-rei", reconhece, miguel Gonçalves
MENINA QUEIMADAFOI OPERADAEM ESPANHA
PRATO SAUDÁVELVAI CHEGARA MAIS MESAS
UMA BOA IDEIAVIROU UM ÊXITOEMPRESARIAL
No mesmo ano em que no tri-bunal arrancou o processo cível
para atribuir o valor indemniza-tório que lara Filipa - a meninade Ermesinde, Vaíongo, que em
2006 foi queimada com óleo a
ferver num café do Porto - irá
receber, a criança precisou deser operada. No entanto, com o
dinheiro das penhoras ao esta-
belecimento, que se recusou
sempre a pagar uma pensãomensal, retido no tribunal (porconta das férias judiciais), a fa-mília viu-se forçada a pedir aju-da. Não havia verba nem para a
operação, nem para as desloca-
ções à Corunha, Espanha, ondelara é tratada desde a primeirahora. Com a rubrica do JN"Todo Homem é Meu Irmão",juntou-se os dois mil euros ne-cessários para a cirurgia queaconteceu no passado mês de
agOStO. MARTA NEVES
A notícia do JN sobre o PratoSaudável desenhado pelo pro-fessor Fernando Batista, a nu-tricionista Sara Fernandes e a
gestora Joana Simões "abriu
portas" e "impulsionou o de-senvolvimento do projeto", ga-rante o professor da Secundá-ria de Vagos. "Quando reuni-mos com a Associação Portu-
guesa de Nutricionistas (APN),dias depois da notícia, as pes-soas tinham lido o jornal, já es-tavam informadas e tinhamboa impressão. A notícia deucredibilidade e facilitou o diá-
logo", explica Fernando Batista,acrescentando que a parceriacom a APN é "muito importan-te" para que o Prato Saudável
chegue a mais mesas. Em maio,a equipa vai apresentar o pratono congresso anual de nutricio-nistas.
Em janeiro, Fernanda Machadotrouxe para Portugal o "Dress
for Sucess", projeto destinado a
apoiar mulheres que procuramativamente emprego, mas quetêm dificuldades em adquirirroupa adequada a uma entre-vista de emprego. O projeto re-velado pelo JN não parou decrescer. "Fui logo contactada
pelas televisões", relembra Fer-nanda Machado. Seguiram-semuito mais entrevistas, contac-tos de empresas e parcerias. A
procura de mulheres interessa-das no apoio disparou. Um êxi-to que lhe valeu a nomeaçãopara "Executiva do Ano", numainiciativa de um jornal econó-mico. Até hoje, o Dress for Su-
cess já apoiou 250 mulheres,das quais cerca de 30 % conse-guiram emprego. Tem convites
para abrir delegações em Sintrae no Porto, paulo lourençoZULAY COSTA
NAOTEVEDEDEVOLVER 6500EUROS EM ABONOS
Em julho, Cláudia Dias, da Trofa,desesperava com o conteúdo detrês cartas da Segurança Social:
ao todo, teria de devolver cercade 6500 euros dos abonos decada uma das filhas. A situação,idêntica à da vizinha Cláudia
Sanches, intimada a repor pertode 5600 euros, "resolveu-se ummês e pouco depois de sair a
notícia no JN", lembra CláudiaDias. "Foi um alivio", confessa.
Desempregada e com o Rendi-mento Social de Inserção (RSI)
cancelado, viu, ainda, ser repos-to o abono da filha de sete
anos, cujo processo acusava a
suspensão do apoio desde o
nascimento, apesar de a presta-ção ter sido paga até junho."Disseram que foi um erro apli-cacional. Não tive de pagar a dí-vida e mandaram-me o abono
direitinho", conta aliviada.ANA CORREIA COSTA
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