View
215
Download
0
Category
Preview:
Citation preview
Patriarcado
de Lisboa
Instituto
Diocesano da
Formação Cristã
JUAN AMBROSIO | PAULO PAIVA
TEOLOGIA FUNDAMENTAL
Revelação | Tradição | FÉ | Teologia
2º SEMESTRE
ANO LETIVO 2013 | 2014
TEMA DA SESSÃO
1. CRER/ACREDITAR
2. CRER NOS OUTROS
3. O ACREDITAR COMO ATITUDE
HUMANA
4. ANTROPOLOGIA DO CRER
5. TPC
www.teologiafundamental.weebly.com
Crer/acreditar
PATRIARCADO DE LISBOA
ESCOLA DE LEIGOS
TEOLOGIA FUNDAMENTAL
Revelação | Tradição | FÉ | Teologia
Começamos a análise do crer, por perceber o seu uso na vida concreta das
pessoas. Assim, começaremos por analisá-lo enquanto verbo que ele próprio
é.
Assim, este verbo é entendido de formas completamente diferentes
conforme seja usado na primeira pessoa ou na segunda e terceiras pessoas.
• Autoimplicativo
Creio/Cremos
• Sentido Descritivo
• Externo
Crês/ Credes• Sentido
Descritivo
• Externo
Crê/Creem
Crer/acreditar
PATRIARCADO DE LISBOA
ESCOLA DE LEIGOS
TEOLOGIA FUNDAMENTAL
Revelação | Tradição | FÉ | Teologia
Creio/acredito que
Mais comum no uso quotidiano; Destina-se a ser aceite no seu valor de
verdade ou falsidade.
“Acredito que «Y» é a melhor equipa de
Portugal.”; “Creio ter encontrado a solução”.
Creio/acredito em
Refere-se sobretudo a factos; mas também pode exprimir uma
relação de confiança ou estima.
“Acredito em ti”; “Acredito na democracia”.
Crer/acreditar
PATRIARCADO DE LISBOA
ESCOLA DE LEIGOS
TEOLOGIA FUNDAMENTAL
Revelação | Tradição | FÉ | Teologia
Creio/acredito como um achar que
Vai desde a simples opinião à certeza mais profunda e convicta.
“Acho que «Y» vai ser campeão este ano.”; “Acho que as minhas ações são
as mais corretas”.
Dimensão da fé
Isto pode levar a que a dimensão da fé seja “empurrada” para o
campo do subjetivo, da opinião.
“Acredito em Deus porque acho que em faz bem”; “Acho que Deus me vai
ajudar”.
Crer nos outros
PATRIARCADO DE LISBOA
ESCOLA DE LEIGOS
TEOLOGIA FUNDAMENTAL
Revelação | Tradição | FÉ | Teologia
• Facilmente percebemos que é impossível viver sem acreditar. Temos de
acreditar em algo ou em alguém: Acreditamos nos jornalistas, na internet,
na televisão, nos comentadores, etc…
• A própria investigação científica comporta uma certa dose de crença: O
que é uma hipótese, se não a crença que tal lei pode aplicar-se aos
fenómenos analisados? A partir daí se começa a criar uma teoria.
Não podemos viver sem crer naquilo que os outros dizem. Esta
confiança é a base da sociedade, e é por isso que a mentira é uma
realidade muito grave em toda a vida social. A franqueza é a primeira
forma de honestidade.
SESBOUË, Bernard – Pensar e viver a fé no terceiro milénio. Gráfica de Coimbra. 2001. pág. 44
Crer nos outros
PATRIARCADO DE LISBOA
ESCOLA DE LEIGOS
TEOLOGIA FUNDAMENTAL
Revelação | Tradição | FÉ | Teologia
• O próprio crer conjugal, ou seja, o amor que se acredita que o outro tem
por nós assenta essencialmente no próprio ato de crer. Não é possível
contabilizar a quantidade ou a dimensão do amor entre duas pessoas.
O acreditar como atitude humana
PATRIARCADO DE LISBOA
ESCOLA DE LEIGOS
TEOLOGIA FUNDAMENTAL
Revelação | Tradição | FÉ | Teologia
• De tudo o que foi dito, pode-se concluir que a partir de uma simples
análise do uso dos verbos crer ou acreditar se podem colocar em relevo,
pelo menos, três dimensões do significado da fé:
1. crer e acreditar, enquanto ato humano (de linguagem ou não);
2. crer e acreditar em alguém;
3. crer ou acreditar que algo é verdade.
• Na realidade, o uso linguístico quotidiano revela, já, que essas três
dimensões se encontram sempre presentes, em todos os graus de certeza
ou incerteza típicos da fé humana. Uma acentuação de alguma dessas
dimensões não pode significar a eliminação das outras. Nenhum crer ou
acreditar se pode conceber sem que seja, ao mesmo tempo, ato humano,
acreditar em alguém e que algo é verdade.
Antropologia do Crer
PATRIARCADO DE LISBOA
ESCOLA DE LEIGOS
TEOLOGIA FUNDAMENTAL
Revelação | Tradição | FÉ | Teologia
Sísifo
Recomeça...
Se puderes,
Sem angústia e sem pressa.
E os passos que deres,
Nesse caminho duro
Do futuro,
Dá-os em liberdade.
Enquanto não alcances
Não descanses.
De nenhum fruto queiras só metade.
E, nunca saciado,
Vai colhendo
Ilusões sucessivas no pomar
E vendo
Acordado,
O logro da aventura.
És homem, não te esqueças!
Só é tua a loucura
Onde, com lucidez, te reconheças.
Miguel Torga, Diário XIII
Antropologia do Crer
PATRIARCADO DE LISBOA
ESCOLA DE LEIGOS
TEOLOGIA FUNDAMENTAL
Revelação | Tradição | FÉ | Teologia
Esta insatisfação faz a humanidade avançar. É ela
que motiva a procura de respostas para algo que não se
sabe ou não se percebe.
O acreditar aparece, desta forma, ligado ao sentido
primeiro e último da existência.
As origens e o final. O princípio e o fim. Este
sentimento atravessa toda a existência do ser humano.
Antropologia do Crer
PATRIARCADO DE LISBOA
ESCOLA DE LEIGOS
TEOLOGIA FUNDAMENTAL
Revelação | Tradição | FÉ | Teologia
A confiança é, em certo sentido, a forma de ser do ser
humano.
Ou, se quisermos dizer de outro modo, o ser humano
tem a necessidade de uma confiança originária como
condição de possibilidade do seu próprio ser homem /
ser mulher.
Antropologia do Crer
PATRIARCADO DE LISBOA
ESCOLA DE LEIGOS
TEOLOGIA FUNDAMENTAL
Revelação | Tradição | FÉ | Teologia
“[...] eu posso experimentar a Deus experimentando-me como um tu de Deus
quando me descubro «seu», ou seja quando sinto que «sou teu, tu-eu».
Descubro a Deus não quando o descubro como um tu- a quem eu me dirijo –
mas como um eu que se dirige a mim e de quem o meu eu é um tu. Eu sou
então um tu de Deus (seu, «sou tu-eu»). A experiência de Deus é, então, a
experiência do tu, do tu a quem Deus chama tu – que sou precisamente eu, o
meu verdadeiro eu, o tu, um tu de Deus.
A experiência de Deus é tão pessoal porque cada um de nós não somos senão
essa mesma experiência de Deus em mim, na qual eu me descubro,
precisamente como o «tu» deste «eu» que me chama e chamando-me me faz
ser [ ...]”.
Raimon Panikar, Iconos del misterio. La experiencia de Dios, Península, Barcelona 1998,123.
Antropologia do Crer
PATRIARCADO DE LISBOA
ESCOLA DE LEIGOS
TEOLOGIA FUNDAMENTAL
Revelação | Tradição | FÉ | Teologia
A existência humana é concebida fundamentalmente
como resposta à «con-vocação» de ser, sem a qual não
poderíamos ser.
A existência humana na sua base não é fruto de um
projeto individual, pelo contrário, ela é fruto da dádiva,
que muitas vezes é também e simultaneamente dom.
Antropologia do Crer
PATRIARCADO DE LISBOA
ESCOLA DE LEIGOS
TEOLOGIA FUNDAMENTAL
Revelação | Tradição | FÉ | Teologia
O dom não exclui de maneira nenhuma o recetor. Aliás,
se assim fosse o recetor deixaria de existir e, nesse caso
deixaria de haver dom, pois para que este exista
enquanto tal para alguém é necessário que seja acolhido.
Este acreditar, esta confiança originária, é fundamental
à existência de todo o ser humano, que é assim
concebido como resposta.
Este acreditar, esta confiança originária, manifesta-se de
forma privilegiada na relação humana interpessoal, que
passa pela resposta concreta de cada um à interpelação
do outro.
Antropologia do Crer
PATRIARCADO DE LISBOA
ESCOLA DE LEIGOS
TEOLOGIA FUNDAMENTAL
Revelação | Tradição | FÉ | Teologia
A resposta positiva e séria à interpelação do outro
origina uma experiência de encontro.
Toda a verdadeira experiência de encontro provoca uma
mudança, ou seja provoca uma alteração.
Neste tornar-se ‘outro’ a partir do ‘outro’, cada um deixa
de ser uma realidade simplesmente de tipo natural, para
passar a ser uma realidade de tipo pessoal.
É neste contexto que se percebe também a liberdade que
é concedida e oferecida pelo outro: a liberdade de poder
responder.
Antropologia do Crer
PATRIARCADO DE LISBOA
ESCOLA DE LEIGOS
TEOLOGIA FUNDAMENTAL
Revelação | Tradição | FÉ | Teologia
Existe, pois, neste acreditar, neste ato de confiança. Uma
estrutura dialógica.
Estrutura que acaba também por marcar a vida em
sociedade.
Se cada um é constituído a partir de um eu que diz tu,
então o seu ser no mundo, o seu estar no mundo tem
também essa marca.
Antropologia do Crer
PATRIARCADO DE LISBOA
ESCOLA DE LEIGOS
TEOLOGIA FUNDAMENTAL
Revelação | Tradição | FÉ | Teologia
A relação interpessoal é uma estrutura ontológica do ser
humano.
Ela constitui, igualmente, a base do acreditar possível de
um ser humano noutro ser humano.
É a partir desta estrutura antropológica do acreditar que
se pode perceber o caráter testemunhal desse mesmo
acreditar.
Acreditar que não resulta de uma demonstração lógica,
como conclusão necessária de um conjunto de
premissas.
Antropologia do Crer
PATRIARCADO DE LISBOA
ESCOLA DE LEIGOS
TEOLOGIA FUNDAMENTAL
Revelação | Tradição | FÉ | Teologia
A partir desta experiência é possível compreender
melhor como a esperança e o amor acompanham
sempre todo o acreditar, toda a confiança.
É também a partir desta experiência que podemos
entender como o próprio conhecimento, como procura
da verdade, se dá neste leito de confiança primeiro, a
partir o qual somos e a partir do qual realizamos o
exercício de compreender e de nos compreendermos.
Antropologia do Crer
PATRIARCADO DE LISBOA
ESCOLA DE LEIGOS
TEOLOGIA FUNDAMENTAL
Revelação | Tradição | FÉ | Teologia
“Existe, no ser humano, algo como uma fé e uma confiança, os
quais são anteriores e mais originais que o ceticismo e o medo.
Uma fé e uma confiança que superam todos os limites e todas as
situações-limite e, por isso, consciente ou inconscientemente, se
orientam para o horizonte infinito, para o mistério, para além de
todos os limites. Neste sentido, existe, portanto, uma fé em Deus,
anterior a qualquer fé ou descrença explícitas”.
WELTE, B. citado por João Duque, Homo Credens. Para uma fenomenologia do crer, Universidade Católica Editora. Lisboa.2004, 48
Antropologia do Crer
PATRIARCADO DE LISBOA
ESCOLA DE LEIGOS
TEOLOGIA FUNDAMENTAL
Revelação | Tradição | FÉ | Teologia
Orientações bibliográficas:
João Duque - Homo Credens, Para uma teologia da fé. Universidade
Católica Editora. Lisboa 2004, 45-58.
TPC
PATRIARCADO DE LISBOA
ESCOLA DE LEIGOS
TEOLOGIA FUNDAMENTAL
Revelação | Tradição | Fé | TEOLOGIA
Patriarcado
de Lisboa
Instituto
Diocesano da
Formação Cristã
JUAN AMBROSIO | PAULO PAIVA
TEOLOGIA FUNDAMENTAL
Revelação | Tradição | FÉ | Teologia
2º SEMESTRE
ANO LETIVO 2013 | 2014
TEMA DA SESSÃO
1. CRER/ACREDITAR
2. CRER NOS OUTROS
3. O ACREDITAR COMO ATITUDE
HUMANA
4. ANTROPOLOGIA DO CRER
5. TPC
www.teologiafundamental.weebly.com
Recommended