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Setor de Recursos Extraordinários e Especiais Criminais Rua Riachuelo, 115, 9º andar, sala 906, São Paulo – SP – CEP 01007-904
Tel: (11) 3119-9689 – Fax: (11) 3119-9677 – email: recursoespecial@mp.sp.gov.br
OBS: Na jurisprudência citada, sempre que não houver indicação
do tribunal, entenda-se que é do Superior Tribunal de Justiça.
Índices
Ementas - ordem alfabética
Ementas - ordem numérica
Índice do “CD”
Tese 380
DUPLICATA SIMULADA – EMISSÃO DE NOTA DE VENDA –
CARACTERIZAÇÃO.
A emissão de nota fiscal de venda que não corresponda à mercadoria
vendida, em quantidade ou qualidade, configura o crime versado no
artigo 172 do CP, não sendo necessária a emissão de duplicata.
(D.O.E., p. )
Setor de Recursos Extraordinários e Especiais Criminais
Apelação Criminal nº 0025264-49.2011.8.26.0320- Comarca de Limeira
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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DESEMBARGADOR PRESIDENTE DA SEÇÃO
CRIMINAL DO EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO
PAULO.
O MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE SÃO PAULO, nos
autos da Apelação Criminal nº 0025264-49.2011.8.26.0320, Comarca
de Limeira, em que figura como apelante L.A.F.S. e apelada a
JUSTIÇA PÚBLICA , com fundamento no artigo 105, inciso III,
alínea”a”, da Constituição da República e na forma do
preceituado pelos artigos 26 e seguintes da Lei nº 8.038/90, vem
interpor RECURSO ESPECIAL para o Colendo Superior Tribunal de
Justiça, contra o v. acórdão de fls. 176/180, pelos motivos adiante
deduzidos.
1. RESUMO DOS AUTOS
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Apelação Criminal nº 0025264-49.2011.8.26.0320- Comarca de Limeira
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L.A.F.S. foi condenado, nos termos da r.sentença
de fls. 115/122, como incurso no artigo 172 c.c. artigo 71 do Código
Penal a pena de dois anos e quatro meses de detenção, em
regime aberto e pagamento de 11 dias multa, substituída a pena
privativa de liberdade por duas penas de prestação pecuniária.
Narra a denúncia de fls. 1d que no dia 6 de outubro
de 2011, na comarca de Limeira, o réu, na qualidade de
proprietário do estabelecimento comercial denominado “
Comercial Santos” emitiu em nome do sacado Irineu Antonio
quatro notas fiscais, no valor total de R$ 1225,72, referentes a
vendas que jamais ocorreram e que, portanto, não correspondiam
a mercadoria vendida, em quantidade ou qualidade ou a serviço
prestado.
Inconformada com a condenação, a defesa
apelou da r. sentença, buscando absolvição por ausência de
dolo, pela insuficiência probatória ou mesmo pela atipicidade da
conduta do agente.
Contra-arrazoado o recurso defensivo, o
parecer da Douta Procuradoria de Justiça foi pelo improvimento
da apelação (fls. 158/163).
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Os integrantes da 15ª. Câmara de Direito Criminal
do Tribunal de Justiça de São Paulo, por votação unânime, deram
provimento ao recurso.
Eis o voto do Desembargador Relator:
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Assim decidindo, a Egrégia Corte Bandeirante negou
vigência ao artigo 172 “caput” do Código Penal, autorizando a
interposição deste recurso, nos termos no art. 105, III, alínea “a” da
Constituição Federal.
2.NEGATIVA DE VIGÊNCIA DE LEI FEDERAL- artigo 172 ‘
caput’ Do Código Penal
Preceitua o artigo 172 “caput” do Código Penal:
Art. 172 - Emitir fatura, duplicata ou nota de venda que não
corresponda à mercadoria vendida, em quantidade ou
qualidade, ou ao serviço prestado.
Pena - detenção, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa.
Verifica-se, pelo teor do artigo violado, que o objeto
material do crime é a fatura, duplicata ou nota de venda, que não
corresponda à mercadoria vendida, em quantidade ou qualidade,
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ou ao serviço prestado ( nesse sentido cf. FERNANDO CAPEZ,
Código Penal Comentado, Saraiva, 3ª. ed., pág. 418, ROGÉRIO
GRECO, Curso de Direito Penal, Ed.Impetus, 2066, III/296, JULIO
FABBRINI MIRABETE, Código Penal Interpretado, Ed.Atlas, 5ª., ed.,
pág. 1630).
No caso dos autos, o apelado foi absolvido
mediante o entendimento de que o objeto material do crime --- no
caso as notas fiscais de venda --, não se traduzem em duplicatas e,
assim, não seriam aptas para ensejar a infração penal. Vale dizer,
o réu foi absolvido por atipicidade de sua conduta, com
fundamento no artigo 386, III do Código de Processo Penal.
Ocorre que a fatura e a nota de venda foram
incluídas na redação do artigo 172 pela Lei n. 8137/90 e se
traduzem, sim, em objeto material do crime.
Nota de venda é elemento normativo do tipo e “é o
documento emitido por comerciantes para atender ao fisco,
especificando a quantidade, a qualidade, a procedência e o
preço das mercadorias que foram objeto de transação mercantil”
(GUILHERME DE SOUZA NUCCI, Código Penal Comentado, Ed.RT,
10ª., ed., pág. 823.
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A nota de venda “possui características que a
assemelham à fatura porque se trata também de um documento
expedido pelo vendedor e entregue ao comprador como
comprovação do contrato de venda mercantil, mas se distancia
da fatura na medida em que contém dados mais simplificados
dessa operação” (ALBERTO SILVA FRANCO et alii, Código Penal e
Sua Interpretação Jurisprudencial, Ed.RT, 8ª. ed., pág. 888).
Segundo o entendimento de LUIZ RÉGIS PRADO, ao
analisar o artigo 172 do Código Penal, “ a fatura ou a nota fiscal de
venda, também elemento normativo do tipo penal em análise, é o
documento no qual são discriminadas as mercadorias vendidas ou
inseridos o número e o valor das notas de venda, sendo emitida
pelos vendedores emitidos os contratos de compra e venda
mercantil celebrados no território nacional” (Curso de Sireito Penal
Brasileiro, Ed.RT, 11ª. ed, 2/606).
Portanto, a conduta incriminada consubstancia-se
na emissão, pelo agente, de fatura, duplicata ou nota de venda
simuladas. No caso dos autos, o apelado respondeu pelo crime
em razão da emissão de notas fiscais que não correspondiam às
mercadorias vendidas, em qualidade e em quantidade.
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Assim, o tipo penal encontra-se perfeitamente
caracterizado, na medida em que o réu emitiu notas fiscais de
venda, que não correspondiam às mercadorias vendidas, em
quantidade e qualidade e eram, portanto, simuladas.
O artigo 172 é claro ao mencionar que o crime se
perfaz quando o agente emite FATURA, DUPLICATA OU NOTA
FISCAL DE VENDA simuladas. A emissão de quaisquer delas tipifica o
delito.
Portanto, no caso dos autos, se o agente emitiu nota
fiscal de venda simulada, ele cometeu o crime em questão.
A absolvição do réu se deu porque “os documentos
já citados (no caso boleto bancário e notas fiscais) não são duplicatas e,
portanto, não se podendo falar em duplicatas simuladas”
(v.acordão-fls. 179).
Contudo, como já demonstrado, não é só a emissão
simulada de duplicata que caracteriza o crime, mas também a
emissão simulada de fatura ou de nota de venda.
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Assim, perfeitamente caracterizado o delito pelo
qual o apelado foi condenado pela sentença de primeiro grau.
O v.acórdão, ao entender que apenas e emissão de
duplicata simulada caracteriza o crime, olvidando-se de que o tipo
penal elege também como objeto material a fatura ou a nota de
venda, negou vigência ao artigo 172 do Código Penal.
3. PEDIDO
Em face do exposto, demonstrada a negativa de
vigência de lei federal, aguarda o Ministério Público do Estado de
São Paulo seja deferido o processamento deste recurso especial a
fim de que, submetido à elevada consideração do Colendo
Superior Tribunal de Justiça, seja restaurada a condenação do réu
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