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Emprego do teste na orientação
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o TESTE DE KOCH E SEU ElUPRÊGO NA ORIENTAÇAO EDUCACIONAL E PROFISSIONAL
LIETTE V ALENTE FRANCHI
1 - Considerações gerais
2 - O teste de Koch - Histórico
3 - Técnica e interpretação - Uso no ISOP
4 - Estudo dos resultados obtidos num grupo de orientandos (crianças, adolescentes e adultos) e levantamento dos dados semiotécnicos característicos.
5 - Análise dos resultados e formulação de conclusões
6 - Bibliografia
o TESTE DE KOCH - DER BAUM TEST - E SEU EMPR!:GO NA ORIENTAÇAO EDUCACIONAL E PROFISSIONAL
CONSIDERAÇÕES GERAIS
O Teste da Árvore tem se revelado entre nós um meio eficiente e de grande auxílio no diagnóstico da personalidade, seja no campo educacional, seja na orientação profissional, seja no levantamento de traços patológicos.
O grande interêsse que desperta no Brasil, atualmente, justifica a exposição - embora sucinta - dos resultados colhidos em nossos oito anos de trabalho nesse campo.
Apresentamos, assim, o estudo de casos de crianças trazidas ao ISOP devido a problemas educacionais e o estudo de adolescentes t> adultos que nos procuram buscando uma orientação profissional, aos quais o Teste da Árvore foi aplicado, auxiliando o diagnóstico ou servindo para uma exploração inicial. O nosso critério para a apresentação dos casos foi o seguinte: Entre centenas de indivíduos de cada grupo, retiramos processos que fôssem, em cada setor, bastante representativos, daí têrmos escolhido para exemplos orientandos que apresentassem certas düiculdades.
Parece-nos que no campo profissional nenhum trabalho foi, até hoje, publicado no Brasil, no que se refere ao Teste da Árvore e são de nosso conhecimento, apenas, os estudos de Psicologia düerencial feitos através desta prova, na França, os estudos e modificações feitos no teste por Renée Stora, os estudos feitos em doentes mentais através do tema da Arvore, no Brasil, e o estudo da validação do Teste, feito em Lisboa, com resultados positivos.
:!ste nosso trabalho não tem outra pretensão senão informar e esclarecer sôbre o emprêgo do teste de Koch. Entretanto não podemos fugir a apontar certas conclusões que a observação, durante todos êstes anos, de milhares de casos, nos permitiu, possibilitando, no diagnóstico da personalidade, a inclusão de novos dados. :mstes aspectos - que são objeto de pesquisa nossa - estarão entre aspas sempre que aparecerem na análise de um teste da Árvore.
BREVE HISTÓRICO DO TESTE
O teste de Koch há longos anos em uso nos estabelecimentos de psicologia da Europa, principalmente França e Alemanha, sàmente há pouco começou a ser empregado no Brasil. Coube ao Instituto de Seleção e Orientação Profissional da Fundação Getúlio Vargas a primazia quanto ao emprêgo sistemático e análise metódica dêste teste.
O teste da Arvore ê, segundo o próprio autor, um teste projetivo. Karl Koch usou-o após longos anos de estudos e observações - partindo
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de trabalhos de Emil Jucker - como êle mesmo declara: "Eu trabalhei sôbre sua idéia e cheguei à produção do presente método para o teste da Arvore."
A elaboração do método só foi possível à base do estudo científico das formas de expressão e especialmente à base da grafologia. A organização do teste foi proporcionada pela prática que Karl Koch já possuia no campo dos testes de aptidões profissionais.
Antes de vir a público, o teste da Arvore foi experimentado com êxito em vários setores. Assim, êle pode ser usado agora por Orientadores educacionais e vocacionais, Educadores, Psicotécnicos e Psiquiatras. Como auxílio nos testes de aptidões e na orientação educacional êle provou ser um dos mais eficientes. No campo da 1?sicologia industrial, onde por várias razões não é possível muitas vezes a aplicação da grafolo~'ia nem de testes projetivos, dadas as dificuldades inerentes à aplicaçao e ao material, o teste de Koch foi introduzido com êxito. O fato dêle ser um documento permanente, cujos resultados podem ser comprovados a qualquer momento, torna-o de indiscutível valor no exame de processos de evolução e cura.
O teste é, em geral, bem aceito mesmo por doentes mentais, que resistem a outras técnicas de diagnóstico.
Nos testes de escolares (ou pessoas) em que interfere a aprendizagem de desenho é possível remover essa interferência mandando desenhar árvores diferentes, e mesmo que tais precauções não fôssem tomadas permaneceriam as diferenças individuais quanto ao rendimento.
Contudo, o teste ainda deixa algumas questões em aberto, pois "a riqueza de modos de viver a vida é grande demais para ser apreendida num único método", como tão bem afirma o próprio Koch.
TÉCNICA DE APLICAÇÃO E INTERPRETAÇÃO
O teste possui uma grande vantagem sôbre outros no que se refere à técnica de aplicaçao - muito fácil, não exigindo material especial, apenas lápis e papel - pode ser aplicado individual ou coletivamen te.
A aplicação: De acôrdo com o original, apresenta-se ao paciente uma fôlha de papel oficio branca, sem pauta, e um lápis prêto n.O 2, dando-se a seguinte ordem: "Desenhe aí uma árvore frutífera."
Em França, Renée Stora modifica esta ordem para: "desenhe aí uma árvore" e após o indivíduo haver terminado o desenho, recolhe a prova e apresenta nova fôlha em branco, ordenando: "desenhe aí outra árvore".
Desde o início, esta é a técnica adotada no ISOP. Posteriormente, observando a tendência a desenhar palmeiras (pelo menos entre os habitantes do Distrito Federal) - o que se devia não só à freqüência com que são vistas tais árvores nesta região, como à lei do menor esfôrço, porquanto a palmeira é fácil de desenhar - resolvemos acrescentar, apenas, a seguinte alteração às instruções: "desenhe aí uma árvore qualquer, exceto palmeira ou coqueiro". Tomamos também o tempo de duração de cada desenho.
A interpretação: Para tal valemo-nos dos métodos de Koch, empre. gando, além disso, as ampliações introduzidas por Renée Stora no seu trabalho "Le test de Koch modifié".
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ESTUDO DOS RESULTADOS OBTIDOS EM UM GRUPO DE ORIENTANDOS
Examinemos, a seguir, os resultados obtidos no exame da personalidade, através da aplicação e da análise do teste da Árvore. Para isso, o desenvolvimento dêste trabalho obedecerá ao seguinte plano: 1 - Divisão dos orientandos por grupos: I) Crianças: lI) Adolescentes;
lU) Adultos. _ 2 - Apresentação simples de casos, com os resultados. do Teste da A!V_O
re e, além dêles, os de outras provas de personalldade que serVlrao para confronto.
3 - Parte final, em que são feitos comentários e apreciações sôbre o emprêgo do Teste de Koch na Orientação Profissional e apresentadas algumas de nossas observações nesse setor.
1 grupo - Crianças
A) Trata-se de uma criança do sexo masculino, de 12 anos, trazido ao ISOP pelos pais. O menino não obedece à genitora e tem problemas na escola em suas relações com os colegas, que, segundo êle, querem bater-lhe. Aos pais, que querem interná-lo, afirma que se suicidará se isso se der. (Dados retirados da Entrevista Social). Solicitado pelo Técnico da Seção de Crianças foi aplicado o teste da Árvore e os resultados obtidos foram: Personalidade imatura com relação à idade, agressiva, com predomínio instintivo. Sinais de angústia, confusão de sentimentos, insegurança, mêdo da realidade e fraco contrôle. O conflito atual ainda mais o perturba.
Quanto ao nível intelectual, por êste teste, se mostra deficiente. Em conclusão: Trata-se de criança cujos problemas intrapsíquicos e com o ambiente são naturalmente agravados pela fraca estrutura da personalidade.
Damos a seguir, os resultados de outras provas - os quais confirmam os traços obtidos pelo teste da Árvore:
P. M. K.: Personalidade em situação conflitiva, com traços de desajustamento. Revela forte depressão e contra-impulsos, que indicam intensa düiculdade de ajustamento ao meio. Revela nível ideomotor normal para sofrível.
Teste de Kohs: Resultado deficiente na presente prova - de inteligência - acusando entre as idades mental e cronológica uma diferença igual a 4 anos e 4 meses. Relação entre as duas idades = 0,65.
B) Um outro caso por nós examinado é o de um menino de 10 anos. O resultado do teste de Koch pode ser assim resumido: Criança com fortes dificuldades intrapsíquicas, disritmica, "incoerente" (falta de harmonia do desenho, traços inesperados e intempestivos, preenchimentos inadequados do espaço). "Distúrbios de conduta." Agressividade reprimida.
Nível mental deficiente (o desenho não corresponde ao de uma criança de 10 anos, mas sim ao de uma de 6-7).
Parece haver problema na esfera sexual (simbolismo), vida instintiva mal controlada (ver raízes da árvore l,a e 3.a). Sinais degenerativos (galhos desproporcionados) (ver figo 1).
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Se buscarmos - para comparação - dados de outras provas do seu processo, encontraremos:
Entrevista Social (síntese): Criança nervosa, com crises, tics, convulsões. Deficit quanto à coordenação motora do braço e perna esquerdos. É excitado e quando contrariado, contrai o músculo da face esquerda. Babava muito até os 6 anos.
Há ainda a notar que o orientando vive em constante excitação sexual; procura esfregar-se nos irmãos e está sempre manipulando as regiões sexuais. Gosta de ver os animais em prática sexual e, assim, ainda se excita mais.
Fortes dificuldades de memória; aprendeu a ler com dificuldade; pouco desenvolvimento nos estudos - está no 2.0 ano primário.
P. M. K: Caso patológico - Deficit ideopráxico intenso. (Fazer EEG.)
Teste de Hohs: Inteligência - Caso de pouca dotação intelectual, classificando-se como normal rude, já nos limites da zona fronteiriça. Q.1. = 0,81; idade mental 8 anos e 5 meses.
C) O terceiro caso é o de uma menina de 12 anos ,trazida ao ISOP pelos pais.
O teste da Árvore, que lhe foi aplicado, revelou: Criança apresentando atualmente uma inibição patológica. Afe
tividade bloqueada, dificuldade em reagir ao meio exterior e adaptar-se: afastamento do mundo, angústia, emotividade (dados retirados do traçado, dimensões e posição da 1.a árvore). Nível intelectual normal -por êste teste (a organização, forma ,traço correspondem aos das crian-
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ças de nível mental normal - nesta idade). Em suma: Parece-nos que a alteração da personalidade se deve a fatôres atuais que determinaram tal tipo de reação, pois básicamente não apresenta, por esta prova, traços patológicos. (Ver figo 2.)
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Os desenhos das árvores aqui reproduzidas mostram com fidelidade abso<luta as dimensões usadas pela criança llOI papel que lhe fo<i dado, enquanto que, acima se vê a disposição e preparação das mesmas em relação ao< papel ofíício que receberam.
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Recorrendo a outra prova de seu processo, temos:
Teste de Inteligência (Cubos de Kohs): Q. L = 0,66. BinetTerman: Q. r. = 0,68.
Observação: Apesar do rendimento baixo nesta prova, acreditamos, devido à atitude da orientanda (inibição forte), que fatôres de personalidade estejam interferindo no seu rendimento.
Se consultarmos a Entrevista feita com os pais da criança, vemos que foi trazida a êste Instituto devido à mudança radical de temperamento que vem apresentando de um ano para cá.
A menina que era alegre, brincalhona, tornou-se nervosa, irascível, com tics; alheia-se, fica de olhar vago, absorta. Quando em passeio, diz sentir pontadas nas veias. Irrita-se por qualquer coisa, reclama por achar que estão falando dela. Sempre em oposição à família e pouco sociável com os estranhos. Muito apegada à genitora. Passou a sofrer de enurese noturna depois dos 7 anos. Quanto à sua vida escolar, iniciou o primário com 6 anos; aprendeu a ler com facilidade. Aos 11 anos estava cursando a 5.a série e foi quando teve que ser retirada do colégio, pois começou a se retrair, a apresentar-se nervosa, a negar-se a responder quando inqüirida pela professôra. Revela interêsse por praia e cinema e, apesar de viver triste, solicita à sua genitora que a leve, porém esta não a satisfaz. Anteriormente gostava muito de cantar.
II grupo - Adolescentes
A) Aplicamos o teste da Árvore em um adolescente masculino, de 13 anos, trazido ao ISOP para orientação global e levantamos os seg"uintes dados:
Adolescente que se apresenta pelo presente teste, bastante inferior mentalmente ao grupo. Disso decorre "uma conduta irregular", dificuldades de adaptação ,angústia, depressão. Incapacidade de tomar iniciativas úteis, de se lançar às atividades de sua idade. (Fig. 3.)
Pelo P. M. K. revelou: personalidade imatura com traços disritmicos acentuados e com nível ideomotor sofrível.
As provas de inteligência - Binet-Terman - acusaram um retardamento: IM = 8 a 6 m.
Da Entrevista Social retiramos: criança trazida ao ISOP pela mãe que há muito vem observando certo retardamento no filho. O menino cursa a 2.a série primária. Ultimamente vem tendo crises de desespêro, dizendo que é maluco e que não quer mais estudar.
B) Foi aplicado o teste da Árvore também em adolescente de 15 anos masculino, trazido para orientação global, com os seguintes resultado;: "adolescente com dificuldade de adaptação, imaturo para a idade, instintivo, disrítmico, revelando "características de psicopatia", "desvios de conduta". (Fig. 4.)
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.... ~. l' 2' 2' 1'20
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A Entrevista Psiquiátrica revelou: grau acentuado de amoralidade e cinismo, não se preocupando o orientando com o aspecto reprovável de suas atitudes. Há fortes indícios de desvio da psico-sexualidade ... Imaturidade emocional, problemática vital e familiar também condicionaram bastante suas atitudes e seus atos (delinqüência sob a forma de furto).
Resultados do Thematic Appel'ception Test: Personalidade que está em situação evidente de desajustamento afetivo. As suas fantasias dominantes são as de transgressão social. Na sua vida sexual, parece, não se sente gratificado, por isso recorre a perversões ...
Entrevista Social: Os pais trouxeram-no devido ao seu conportamenta. Pertence a uma "gang". A situação familiar é conflitiva, havendo discordância entre os cônjuges, pois o pai julga que a espôsa faz diferença entre o orientando de quem é madrasta e o próprio filho.
No P. M. K. foram levantados os seguintes traços: adolescente que apresenta base constitucional com sinais disritmicos, em parte sob contrôle. Revela instabilidade tensional, agressividaae oscilante, fortes defesas do ego.
C) O nosso terceiro caso se refere a adolescente masculino de 17 anos que veio ao ISOP buscar uma orientação profissional, pois se sentia indeciso. A análise do teste da Arvore revelou: sensitividade, agressividade, fraca coerência intrapsíquica. Tendência a conflitos.
Para confirmar ou não certo traço que julgávamos pudesse indicar psicopatia, foi solicitado um teste de Rorschach e embora não tenha sido êste aplicado - naturalmente por razões de fôrça maior - temos aqui os resultados da entrevista psiquiátrica: personalidade esquizóide, tímida e reprimida, com forte tendência ao autismo. Necessita de orientação psicológica.
O P. lU. K.: personalidade sujeita a pulsões emotivas, com forte intratensão c onstitucional, mas reagindo extratensivamente. Intensa agressividade constitucional e atual. Problemática de caráter sexual?
D) O último caso dêste grupo se refere a adolescente de sexo masculino, de 16 anos, cursando o 3.° ano ginasial.
O seu teste da Árvore apresenta os seguintes traços: "Personalidade sensível, emotiva e um tanto instável. Tímida frente a situações novas, denotando pouca energia. Tendo uma das suas árvores a forma de um pára-quedas aberto julgamos de bom alvitre perguntar se tinha alguma carreira em vista e nos declarou desejar fazer exame para a Escola de Barbacena e ser aviador. Concluímos então da seguinte forma, a análise de seu teste: embora deno,ta~do forte inter~sse .I?e.la carreira de aviador - que transparece na propna representaçao graflca - seus traços de personalidade não nos parecem positivos para esta carreira. (Ver figo 5. )
Dos outros testes de personalidade os resultados foram os seo'uintes:
" P. M. K.: Personalidade que revela os característicos próprios da crise da adolescência: tem base constitucional ainda instável, bastante insegura, com traços esquizodisritmicos, sujeito a pulsões emotivas, mas começando a definir-se caracteriologicamente.
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Rorschach: Sentimento depressivo, censura, preocupacão. Em suma: adolescente em situação conflitiva, parecendo-nos que nao confia em sua inteligência, que de fato, não se qualificou.
Bellevue: Q. I. = 0,94. De acôrdo com o resultado do presente teste, podemos classificar intelectualmente o indivíduo na zona média. Destaca-se um pouco mais na zona verbal; dificuldades na percepção de detalhes. Atitude tímida frente ao teste.
II! grupo - Adultos
A) Procurou o ISOP, para orientação profissional, um indivíduo de 40 anos, casado. Tendo terminado êste ano a 3.a série clássica (seus estudos se realizaram muito tarde) começa a vacilar sôbre a carreira que pretendera seguir - a advocacia.
O teste da Árvore, revelou: Personalidade primitiva, imatura intelectual e emocionalmente, com provável conflito íntimo (sentimento de inferioridade?) que procura não deixar transparecer. Evidencia forte desejo de afirmação, porém não nos parece possuir as qualificacões necessárias para se lançar a atividades superiores. Capacidade de r'elacionar-se com o ambiente, apesar de certa vulnerabilidade. Necessidade de obter mérito e louvor (como compensação à sua insegurança e ao seu complexo?). (Ver. figo 6.)
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Rorschach: Personalidade cujas reações flutuam entre segurança e insegurança, frustrada, com sentimento de inferioridade. Desejo de afirmação, sobretudo no setor intelectual, em que revela grande estereotipia de pensamento, isto é, falta de plasticidade mental; senso crítico deficiente. Leve oposição ao meio. Interêsses muito primitivos. Percepção global, de tipo superficial, porém sem se integrar aos aspectos práticos da realidade imediata e sem se deter em minúcias. Traços neuróticos.
Entrevista Psicológica: Dificuldades de assimilação, não aprende com facilidade, tem feito muito esfôrço para poder estudar. Tendo parado seus estudos, por razões econômicas, no 3.0 ano primário, voltou a estudar já depois de casado, pois se sentia envergonhado de sua ignorância e humilhado. Vive triste e deprimido, com um sentimento de insuficiência diante da sua lentidão em aprender uma explicação que outros entendem rápido. Personalidade neurótica.
B) Aqui, temos o caso de uma jovem de 18 anos que se sente em dificuldades na escolha de um curso superior. Hesita entre Medicina Direito, Veterinária, Filosofia. Entretanto, quando lhe aplicamos o teste de Koch declarou estar interessada em Medicina, aparecendo também esta única citação em questionários preenchidos durante o decorrer dos ~xames. Em verdade, parece êste interêsse se sobrepor aos outros, sendo bastante forte para se expressar, no teste, em Arvores que lembram, pelo formato do tronco, uma arborização vascular. Na sua prova, o traçado estranho, sinuoso, cheio de ramificações, cortes e extremidades abertas poderia influir na análise, induzindo a uma interpretação baseada em
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traços negativos, não tivesse a orientanda indicado sua inclinação. Mesmo assim, preferimos deixar de lado essas considerações, apresentando resultados baseados na técnica da apuração que já vínhamos empregando e solicitamos, então, outros testes a fim de confirmar ou não as características: Certa desarmonia, emotividade, nervosismo, sinais de traumas; preocupação no setor sexual. (Ver figo 7.)
Os resultados do P. M. K. foram: Personalidade fina, sensível, controlada e com boa coerência intrapsíquica. Agressividade normal.
Catálogo de Livros: Personalidade intratensiva, com forte preocupação morbo-biológica. Provável problemática sexual. Interêsse pelo aspecto assistencial e político dos problemas sociológicos.
C) Vindo ao ISOP para readaptação profissional, realizou o Teste da Árvore um rapaz de 29 anos. Apos uma esquizofrenia e conseqüente tratamento, o PR. veio em busca de ajuda quanto à sua socialização e de orientação quanto às atividades que poderia desenvolver. Interrompera estudos de arquitetura, já no quarto ano, quando da sua doença.
No primeiro desenho da árvore o orientando revelou apenas acentuada intratensão, dificuldade em se relacionar com o ambiente; indecisão, insegurança. A árvore, bastante esquemática, revelava ainda habilidade plástico-gráfica. Nada mais. Na segunda árvore porém, representativa de uma camada mais profunda da personalidade, apareceram traços, os quis podem ser considerados patológicos (traçado do tronco).
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Assim, assinalamos ainda: "sinais de desagregação 'ja personalidade'" indícios de regressão emocional; "fraca estabilidade do ego". (Fig. 8.)
Tendo em vista êsses resultados foi solicitada uma Entrevista Psiquiátrica, sendo o diagnóstico: ... Estamos diante de uma personalidade esquizofrênica (tratada, mas com defeito), que ainda necessita de cuidados psiquiátricos e orientação psicológica adequada. Não está em condições ainda de reassumir seus estudos e a atividade a realizar deverá ser um "hobby".
P. M. K.: Personalidade sensível, predisposta a depressões, com ego fraco e instável. Atualmente demonstra impaciência e insatisfação vital.
D) Solicitando orientação profissional, procurou-nos um jovem de 2 Oanos com estudos secundários completos e desejando seguir Engenharia Eletrônica. Segundo êle, seu objetivo era confirmar as suas aptidões para tal carreira. O primeiro teste realizado foi o de Koch, cuja análise revelou: Personalidade inquieta, ansiosa, insegura, preocupada consigo mesma. Fraca objetividade, capacidade crítica prejudicada. !\. execução do teste mostra que, partindo de um tema dado, o Propósitus pode afastar-se completamente da realidade, passando a reagir de acôrdo com o seu mundo fantástico interior. "Sinais de problemática sexual"; traços obsessivos. Em suma - teste patológico, com sinais degenerativos (a confirmar por outro Psicodiagnóstico e por Entrevista Psiquiátrica).
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Acreditamos necessitar o PR., antes de qualquer orientação profissional, de assistência psicológica, talvez mesmo psiquiátrica. (Ver figo 9.)
As outras provas de seu processo, aplicadas posteriormente, foram:
Rorschach: Afetividade egocêntrica, mas chocada. Emotividade. Vivência coartativa, demonstrando preocupação em calcar e disfarçar alguma coisa. O PR. ajusta-se constrangidlssimo, censura-se e seu malestar ,sua insatisfação, são bem grandes, aparecendo possIvelmente sobre uma forma ansiosa. Simbolismo sexual. Em resumo: Jovem que apresenta interêsse homossexual mascarado. Procura reprimir, ou pelo menos disfarçar, êsse pendor, mas está em conflito e e possível que tenha reações, quando menos, neuróticas.
Questionários: O preenchimento do Questionário Objetivo pelo PR., nos fornece apreciavel documentação sobre a situação psíquica do orientando. Afastando-se de perguntas objetivas (tais como: data de nascimento; instrução escolar; matérias preferidas), alonga-se imensamente sôbre considerações pessoais, interpretando e analisando os dados mais comezinhos da vida cotidiana. Sua exposição várias vêzes se torna desconexa e entremeada de explicações que não têm razão de ser - por exemplo, respondendo a uma pergunta sôbre as atividades que saberia desenvolver num escritório - comenta ter ouvido já falar de pessoas perturbadas por males de caráter pessoal, emotivo, psicológico, que pro~uram Faculdades a fim de serem seus próprios doutores (sic).
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. Res~ündend.o a.o Questi.onári.o íntim.o, declara-se satisfeitíssim.o de vlv~r, ~a.o tend.o tid.o nunca nenhuma impressã.o desagradável, send.o se,u .prlllclp~l defeit.o pensar muit.o em si mesm.o; n.o entant.o, n.o questi.onan.o a.nt~n . .or declarara nã.o ter nunca certeza, a.o res.olver um pr.oblema, d.o raClOCllllO que empregara e que, quand.o devia dem.onstrar .o que realmente era .ou sabia, vinham-lhe tantas medidas de precauçã.o à cabeça, que era um h.orr.or (sic).
Entrevista Psiquiátrica: Pers.onalidade que p.ode ser c.onsiderada c.om.o esquiz.opata derreísta e autista, c.om f.ortes traç.os c.ompulsiv.os, env.olvid.o p.or pre.ocupações de natureza metafísica e religi.osa, apragmata e c.om pr.ovável pr.oblemática vital. Há indíci.os de que uma f.orma incipiente de esquiz.ofrenia esteja em causa.
P. M. K.: Apresenta fraca base de pers.onalidade, pr.ocurand.o c.ompensá-la. Traç.os esquiz.otímic.os. F.orte agressividade, algumas vêzes .oscilante.
ANÁLISE DOS DADOS E CONCLUSõES
Pel.os cas.os exp.ost.os - pequena am.ostra d.os milhares atendid.os pel.o ISOP - parece-n.os ter ficad.o dem.onstrad.o .o val.or d.o Teste de K.och na Orientaçã.o Pr.ofissi.onal e Educaci.onal, quer indicand.o .os tip.os temperamentais, a carga de energia d.o indivídu.o frente a.o mund.o, a capacidade de relações c.om .o ambiente, .o nível intelectual; quer reveland.o .o tip.o de percepçã.o, .o interêsse pel.o detalhe e a minúcia, a rapidez de reações, a habilidade gráfica, a tendência artística; e quer evidenciand.o .os c.onflit.os, psic.opatias e c.ompr.ometimentüs da pers.onalidade.
Quant.o à validade d.o teste, a alta c.onc.ordancia verificada entre .os traç.os por êle ap.ontados e .os levantad.os através dü R.orschach, P. M. K. e .outr.os, n.o-Ia c.onfirmam, de m.odü indiscutível. Em alguns cas.os até, é possível pôr em evidência, pel.o Teste da Árv.ore, perturbações que nã.o transparecem em .outras pr.ovas, tal c.om.o n.o últim.o caso p.or nós ab.ordad.o, em que .o afastament.o da realidade e a interpretaçã.o delirante d.os fat.os nã.o ficaram evidenciad.os senã.o n.o teste de Küch, de m.od.o clar.o.
Só n.os resta, ag.ora, apresentar algumas das c.onclusões a que chegam.os, e que pr.ocuram.os evidenciar, através d.o estud.o d.os indivíduos aqui examinad.os:
1 - A capacidade que tem a prova de exprimir .objetivamente .os interêsses e preücupações d.ominantes d.o indivíduü, c.om.o vem.os n.os casos D d.os ad.olescentes e d.os adult.os, em que .o interêsse pela aviaçã.o se manifesta numa árv.ore lembrand.o nitidamente um pára-quedas e em que a inclinaçã.o pelas ciências médicas fêz c.om que uma j.ovem desenhasse uma árv.ore repr.oduzind.o anatômicamente ramificações vasculares. pr.opüm.os entã.o que o psicól.og.o ad.ote a atitude metódica de indagar a si própri.o, diante de um teste de K.och - c.om que se parece esta árv.ore? -. Essa indagaçã.o p.oderia trazer, muitas vêzes, esclarecimentos preciosos.
2 - A p.ossibilidade de dar uma visão geral d.o nível intelectual (exceto no cas.o de graves distúrbi.os psíquicos), com.o ficou demonstrado nos casos B e C, crianças, e caso A d.o grup.o de adultos.
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3 - A prova, revelando, de imediato, as perturbações graves da personalidade, serve para um reconhecimento inicial, nos casos que solicitam Orientação Profissional, mas que em realidade necessitam de Assistência Psicológica. (Caso D de adultos e A e B de adolescentes).
4 - É possível apontar certas características (que foram objeto de estudos nossos) tais como: "distúrbios de conduta" - à base da árvore se agrega um emaranhado compacto, enegrecido, mais ou menos esférico, em lugar de raízes; "comprometimento básico da personalidade, signos de desagregação" - o traçado do tronco é formado por feixes de traços desconexos e emaranhados ou então a superfície do mesmo é preenchida por tal traçado, não se preocupando o propositus em dar-lhe um acabamento aceitável; "problemática sexual" - a preocupação com a linha mediana, a persistência no preenchimento da linha central; neste setor ainda pode ser tomado em consideração o simbolismo. Podem ilustrar essas nossas afirmações, respectivamente, os casos B do grupo de crianças, idem do grupo de adolescentes e D do grupo de adultos.
5 - Assinalando problemas de conduta, desvios do caráter, simbolismos sexuais, a prova abre campo à investigação do tipo dessas manifestações, por intermédio de testes tais como o Thematic A. Test, ou pela Entrevista Psicológica (caso B de adolescentes).
6 - A comparação entre a l.a e a 2.a árvore permite levantar a hipótese de os conflitos apresentados pelo orientando serem devidos a uma acentuada predisposição ou a fatores externos. O caso C do grupo de crianças serve de exemplo.
7 - A observação e anotação da conduta do Pro frente à prova, devem ser feitas pelo examinador, pois que, neste como em outros testes, podem servir como elementos auxiliares ao julgamento.
8 - O registro do tempo de cada prova e a observação do modo pelo qual o orientando executa o teste, dao indicações preciosas sôbre a maneira de trabalhar do indivíduo - confiança, rapidez, segurança ao enfrentar as situações, ou cauteloso, metódico, minucioso, lento, preocupado com o julgamento alheio.
9 - A aprendizagem do desenho pode interferir nos resultados, devendo ser levada em consideração (veja-se a l.a árvore do caso C -adultos). Também a declaração enfática - detesto desenhar! - deve acautelar o examinador, pois temos visto alguns casos em que a grande falta de habilidade plástico-gráfica prejudicou, até certo ponto, os resultados; neste caso, será sempre conveniente recorrer a outras técnicas de personalidade.
10 - A técnica de obtenção do teste mais recomendável é a nosso ver, aquela que solicita não uma, mas duas árvores, porqua~t~ não só elimina um dos inconvenientes apontados acima (conhecimentos de desenho), como proporciona o exame de dois níveis da personalidade: um, mais superficial, - o das atitudes conscientemente controladas o comportamel-:to .so~ial enf~m .(1.a árvore); o o}ltro, mais profundo, ~ em que a coerenCIa mtrapsIqmca, os conflItos mtimos e alguns tracos básicos podem ser percebidos (2.a árvore). J
I! - A decl~ração do autor de que o teste é bem aceito, mesmo por aqueles que resIstem a outros métodos de diagnóstico ficou confirmada entre nós; dos 4.050 indivíduos examinados no ISOP apenas um se recusou a executá-lo. '
156 ARQUIVOS BRASILEIROS DE PSICOTÉCNICA
RESUMO
A autora apresenta algumas das suas observações - durante 8 anos de trabalho - sôbre o teste de Koch, chegando às seguintes con~ clusões: a) O teste presta valioso auxílio à Orientação Profissional e Educacional; b) É bem alto o índice de concordância entre os seus resultados e os de outros métodos de exame da personalidade; c) A prova tem a capacidade de exprimir, muitas vêzes, os interêsses e preocupações dominantes do indivíduo; d) permite uma apreciação do nível intelec~ tual; e) revelando de imediato as perturbações graves do psiquismo, possibilita determinar inicialmente o tipo de orientação a dar à~uêles que, embora desejosos ou necessitados de uma assistência psicologica, solicitam, como pretexto, Orientação Profissional; f) várias características aparecidas em clientes do ISOP têm se revelado significativas -substituição das raízes por uma forma esférica, enegrecida; traçado desconexo do tronco, etc.; g) através de características especiais deixa entrever problemas de conduta, deformação de caráter; h) por meio da comparação das 2 árvores (1.a e 2.a), permite supor serem os conflitos devidos ou a uma predisposição (estrutura fraca) ou a fatôres exógenos; i) a observação e anotação da conduta do indivíduo frente à prova devem ser feitas; j) é também importante a observação do método de trabalho, dos movimentos empregados e do tempo de execução; k) a experiência no ISOP demonstra que em alguns casos a aprendizagem do desenho, assim como uma grande falta de habilidade grafica, podem interferir nos resultados; 1) a obtenção de 2 árvores - que deve constituir técnica rotineira - elimina um dos inconvenientes acima apontados; m) ficou confirmada entre nós a boa aceitação do teste - entre 4.050 indivíduos examinados apenas um se recusou a executá-lo.
BIBLIOGRAFIA
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1I.'ota: Os desenhos apresentados neste artigo sofreram redução proporcional às dimensões do campo em que estão reproduzidos.
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