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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE - UFF
INSTITUTO DE ARTE E COMUNICAÇÃO SOCIAL - IACS
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO – GCI
CURSO DE GRADUAÇÃO EM BIBLIOTECONOMIA E DOCUMENTAÇÃO
ADRIANNE OLIVEIRA DE ANDRADE DA SILVA
ESTUDO SOBRE ANÁLISE DOCUMENTÁRIA DE FILMES
NITERÓI
2016
ADRIANNE OLIVEIRA DE ANDRADE DA SILVA
ESTUDO SOBRE ANÁLISE DOCUMENTÁRIA DE FILMES
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como requisito parcial para a obtenção do grau de Bacharel em Biblioteconomia e Documentação da Universidade Federal Fluminense.
Orientadora:Profª Drª Rosa Inês de Novais Cordeiro
Niterói
2016
Ficha Catalográfica elaborada pela Biblioteca Central do Gragoatá
S586 Silva, Adrianne Oliveira de Andrade da.
Estudo sobre análise documentária de filmes / Adrianne Oliveira de Andrade da Silva. – 2015.
90 f. ; il. Orientadora: Rosa Inês de Novais Cordeiro.
Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Biblioteconomia e Documentação) – Universidade Federal Fluminense, 2015.
Bibliografia: f. 74-84.
1. Filme cinematográfico. 2. Análise documentária. 3. Indexação (Documentação). I. Cordeiro, Rosa Inês de Novais. II. Universidade Federal Fluminense. Instituto de Arte e Comunicação Social. III. Título.
ADRIANNE OLIVEIRA DE ANDRADE DA SILVA
ESTUDO SOBRE ANÁLISE DOCUMENTÁRIA DE FILMES
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como requisito parcial para a obtenção do grau de Bacharel em Biblioteconomia e Documentação da Universidade Federal Fluminense.
Niterói, _______ de ___________________ de ________.
BANCA EXAMINADORA
__________________________________________________________________
Profª Drª ROSA INÊS DE NOVAIS CORDEIRO – Orientadora
Universidade Federal Fluminense - UFF
__________________________________________________________________
Profª. Drª. JOICE CLEIDE CARDOSO ENNES DE SOUZA
Universidade Federal Fluminense - UFF
__________________________________________________________________
Profª. Drª. SANDRA LÚCIA REBEL GOMES
Universidade Federal Fluminense - UFF
A Deus, porque “Dele, por Ele e para Ele são todas as coisas. A Ele a glória por toda
a eternidade!” (Romanos 11:36)
AGRADECIMENTOS
Agradeço àquele que sempre esteve ao meu lado, nas horas difíceis e
alegres, sempre me ouvindo e me atendendo - Deus. Não posso deixar também de
agradecer a Nossa Senhora, Maria, mãe de Deus e minha mãe, que sempre
intercedeu por mim junto ao seu Filho, passando na frente das dificuldades e
desatando todos os nós da minha vida.
Agradeço a minha família pelo apoio, carinho e alegria que sempre me
proporcionaram. À minha mãe, pela determinação inspiradora, por ter aturado todos
os meus “chiliques” de desespero dos trabalhos no decorrer da graduação, por ser
minha amiga e companheira, me ouvir e aconselhar. Ao meu amado irmão, não só
por compartilhar comigo a paixão por filmes, mas por ser meu amigo mais sincero,
engraçado, cabeça dura e debochado que alguém poderia sonhar em ter. Ao meu
avô, por ser meu maior e mais fiel companheiro, que esteve presente nesta
caminhada encontrando comigo todos os dias quando as aulas terminavam tarde da
noite e assistiu de perto todo o meu cansaço e toda a minha luta para terminar essa
graduação. À minha Vó, minha amiga e parceira das travessuras na cozinha que
esteve presente me aconselhando e dando forças para continuar. Aos meus dindos
– Flávia e Márcio - por compartilharem momentos de alegria e me presentearem
com duas preciosidades da minha vida que são meus amados primos – Maria Clara
e Marlon.
Às minhas amigas Fernanda, Gabrielly e Tracy pela cumplicidade, amizade e
– o mais importante - compreensão do meu total ou quase total afastamento por
conta da elaboração deste trabalho. Fernanda, obrigada por me ouvir, entender e
partilhar muitas coisas em comum comigo, minha “gêmea” de pais diferentes.
Gabrielly, por me surpreender a cada dia com sua amizade, maturidade e aturar
minhas “esquisitices”. Tracy, por ser o gás da minha vida, com toda essa energia e
“hiperatividade” inspiradora e também por continuar sendo minha amiga e estando
presente nos momentos que eu precisava. Às minhas amigas Jacqueline e Natasha
que mesmo distantes depois do fim do ensino médio continuam sendo muito
importantes na minha vida. Não poderia deixar também de agradecer às minhas
"biblioamigas" Carolina (Carol), Bárbara, Jéssica,Jacqueline, Karen, Letícia por
compartilharem momentos de alegria e aflição durante toda a graduação. Em
especial, quero destacar Carol, Jéssica e Jacqueline. Carol, agradeço sua amizade,
compreensão, por sempre ter me escutado (ainda que não concordasse com o que
eu estava falando), companheirismo, e por todo auxílio que me deu não só sobre as
questões e trabalhos da graduação, como de vida – te admiro muito. Jéssica
obrigada por sua amizade e companheirismo que tornava as aulas mais leves e à
volta para casa menos cansativa. Jacqueline, minha companheira das idas a campo,
pelas trocas durante a graduação e pela amizade que construímos nos últimos
meses que me fez te conhecer melhor e admirá-la.
Aos meus amigos e porque não professores da vida da Biblioteca de História
da Saúde e das Ciências da Casa de Oswaldo Cruz (Fiocruz) – Eliane, Aline, Manoel
e Carlos, Ana e Angela - por me ensinarem não só a prática de tudo que aprendi na
faculdade, mas, sobretudo a como ser um profissional dentro da ética e uma pessoa
mais humana.
Agradeço também a minha orientadora, Professora Rosa Inês de Novais
Cordeiro pela dedicação, compromisso, ensinamentos, compreensão e por ser uma
inspiração para mim e para tantos outros estudantes.
Não poderia também deixar de agradecer a todos os professores do
Departamento de Ciência da Informação que estiveram presentes na minha
graduação e sempre buscaram dar o melhor de si, mesmo com as dificuldades
encontradas na Universidade. Em especial às professoras Joice Cardoso e Sandra
Rebel por terem aceitado o convite para composição da Banca examinadora.
“É o grau de comprometimento que determina o sucesso, não o número de
seguidores”. (Remus John Lupin, no Livro “Harry Potter e as Relíquias da Morte” da
autora J. K. Rowling).
RESUMO
Aborda a indexação de filmes a partir da literatura nacional de Biblioteconomia e Ciência da Informação. O objetivo deste estudo é compreender e identificar os princípios da análise documentária referente ao conteúdo dos filmes que são usados em três instituições que possuem acervos fílmicos - Arquivo Nacional, Cinemateca do Museu de Arte Moderna (Rio de Janeiro) e Cinemateca Brasileira (São Paulo). Em consequência, foi aplicado um roteiro de entrevista. Com base nos dados coletados, é realizado um exame comparativo dos procedimentos de indexação descritos na literatura e os realizados nas instituições pesquisadas. Palavras-chave: Indexação de filmes. Análise fílmica. Arquivos de Filmes. Filmes – Análises e representações. Filmes – abordagem temática.
ABSTRACT
It approaches film indexing through national literature of Librarianship and Information Science. Its objective is to understand and identify subject analysis principles in reference to film contents used in three institutions possessing filmic holdings - National Archives, Modern Art Museum Film Archives (Rio de Janeiro), Brazilian Film Archives (São Paulo).Consequently, an interview script was applied. Based on the collected data, is presented a comparative exam between the indexing procedures pointed out in the field literature and the ones carried out by the research institutions. Keywords: Film indexing. Filmic analysis. Film archives. Films - Analysis and representation. Films – subject approach.
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 - Desdobramentos do Tratamento da Informação ............................... 24
Figura 2 - Abordagens da Indexação ................................................................ 33
Figura 3 - Composição da narrativa .................................................................. 36
Figura 4 - Composição da narração .................................................................. 36
Figura 5 - Composição da diegese .................................................................... 37
Figura 6 - Classes da Indexação ....................................................................... 43
Figura 7 - Pontos de Acesso da Base “Filmografia Brasileira” .......................... 62
Figura 8 - Pontos de Acesso da Base “Centro de Documentação”. Catálogo
da Biblioteca ....................................................................................................... 63
Figura 9 - Pontos de Acesso da Base “Centro de Documentação”. Catálogo
do Acervo VHS, DVD e Blu-ray do Centro de Documentação e Pesquisa ......... 64
Figura 10 - Pontos de Acesso da Base “Centro de Documentação”. Catálogo
de Cartazes de Filmes e Eventos ....................................................................... 64
Figura 11 - Pontos de Acesso da Base “Centro de Documentação”.
Arquivos Pessoais e Institucionais ..................................................................... 65
Figura 12 - Pontos de Acesso da Base “Centro de Documentação”. Catálogo
de Periódicos ...................................................................................................... 65
Figura 13 - Pontos de Acesso da Base “Centro de Documentação”. Salas
de cinema de São Paulo (1895-1929) ................................................................ 66
Figura 14 - Pontos de Acesso da Base “Acervo Audiovisual Jornalístico da
TV Tupi ............................................................................................................... 67
Figura 15 - Pontos de Acesso da Base SIAN. Pesquisa Multinível ................... 68
Figura 16 - Pontos de Acesso da Base SIAN. Pesquisa Livre .......................... 69
Figura 17 - Pontos de Acesso da Base SIAN. Pesquisa Avançada .................. 70
LISTA DE QUADROS
Quadro 1 - Classificação da Literatura em Organização do Conhecimento .... 22
Quadro 2 - Algumas definições de Indexação ................................................. 28
Quadro 3 - Etapas de Indexação ..................................................................... 29
Quadro 4 - Princípios X Questionamentos ...................................................... 31
Quadro 5 - Relação entre Shatford (1986) e Panofsky (1979) ........................ 42
Quadro 6 - Comparação entre elementos a serem analisados e indexados ... 44
Quadro 7 - Siglas de materiais fílmicos ........................................................... 50
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
AACR2r Código de Catalogação Anglo-Americano
AN Arquivo Nacional
BCG Biblioteca Central do Gragoatá
BDTD Biblioteca Digital Brasileira de Teses e Dissertações
BIREME Centro Latino-Americano e do Caribe de Informação em Ciências da
Saúde1
BRAPCI Base de Dados Referencial de Artigos e Periódicos em Ciência da
Informação
CONARQ Conselho Nacional de Arquivos
FIAF Fédération Internationale des Archives du Film
IBICT Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia
ISO International Organization for Standardization
MAM Museu de Arte Moderna
NOBRADE Norma brasileira de descrição arquivística
SIAN Sistema de Informações do Arquivo Nacional
UFF Universidade Federal Fluminense
UNESCO Organização das Nações Unidas para a educação, a ciência e a cultura
UNISIST United Nations International Scientific Information
1 A sigla BIREME na época em que foi criada referia-se a Biblioteca Regional de Medicina. Devida
sua difusão, decidiram manter a sigla mesmo mudando a sua nomeação.
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ......................................................................................... 14
2 EMBASAMENTO TEÓRICO ................................................................... 18
3 ANÁLISE DOCUMENTÁRIA (INDEXAÇÃO): ALGUMAS
ABORDAGENS .............................................................................................. 21
4 O FILME, SEUS ASPECTOS E SUA ANÁLISE DOCUMENTÁRIA ....... 35
5 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS ................................................ 46
5.1 PESQUISA BIBLIOGRÁFICA ..................................................................... 46
5.2 PESQUISA DE CAMPO ............................................................................. 47
5.2.1 Cinemateca Brasileira ........................................................................... 48
5.2.2 Área de Imagens em Movimento do Arquivo Nacional ...................... 51
5.2.3 Cinemateca do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro .............. 52
6 RESULTADOS ........................................................................................ 54
7 CONCLUSÃO .......................................................................................... 72
REFERÊNCIAS ................................................................................................ 74
APÊNDICE – Roteiro de entrevista .................................................................. 85
ANEXO A – Imagens do Acervo da Cinemateca do MAM ............................... 88
ANEXO B – Imagens do Acervo do Setor de Imagem e Movimento do AN .... 89
14
1 INTRODUÇÃO
Nas últimas décadas a tecnologia vem influenciando cada vez mais nas atividades
profissionais e no cotidiano da sociedade. Antes de termos computadores, internet
móvel e sem fio, redes sociais, smartphones, a Ciência da Informação tinha como
preocupação os documentos em suportes físicos - sendo livros para a Biblioteconomia,
processos, dossiês, entre outros para a Arquivologia e objetos tridimensionais para a
Museologia (BELLOTTO, 2004, p.35-43). Esses avanços permitiram que um documento
físico, em papel, fosse parar na tela de um computador ou celular, e dentre muitos
outros atributos, possibilitou que qualquer pessoa pudesse criar seus próprios áudios,
fotos e vídeos.
A chamada “Era Digital” redimensionou para a Biblioteconomia o conceito de
documento – de algo relacionado estritamente ao suporte e acesso físicos para
qualquer material que abrigue e disponibilize informação, ou seja, como afirma Ortega
(2010, p. 72) hoje “[...] o termo ‘documento’ melhor caracteriza os diversos tipos de
informações, registradas em qualquer suporte, e abordadas segundo os mais variados
contextos.”. Nesse âmbito, o ambiente digital prestigiou como detentores de informação
e conhecimento diversos outros suportes que se tornaram inerentes, imprescindíveis e
presentes no cotidiano da sociedade, como por exemplo, fotografias, áudios, vídeos e o
objeto deste estudo – filmes cinematográficos.
A partir do estudo das disciplinas de graduação em Biblioteconomia e
Documentação foi possível a percepção acerca da ênfase que algumas disciplinas
conferem aos documentos bibliográficos tradicionais. No decorrer da graduação da
autora esse fato gerou inquietação visto que saber trabalhar com outros tipos de
suporte é preponderante para o bibliotecário atualmente.
Essa indagação somada ao interesse pessoal da autora a respeito dos filmes
gerou como consequência a vontade de estudá-los. Principalmente por saber que os
filmes não são somente objetos de lazer, de marketing, de lucro – eles são registros
informacionais que recriam fatos históricos, informam sobre culturas, pensamentos e
preocupações da sociedade na época. Pode despertar opiniões, apontar possíveis
15
problemas, e especificamente em alguns casos até mesmo contribuir para a educação
e mostrar posturas éticas e morais (e aqui como exemplo tem-se os filmes infantis). O
desenvolvimento do tema escolhido justifica-se também pela escassez de estudos
sobre análise documentária de filmes por autores brasileiros conforme foi levantado na
literatura.
Nessa acepção, o conteúdo contido neles não pode ser perdido. E para
salvaguardar as informações contidas nos filmes surge a necessidade de lançar mão de
técnicas utilizadas na Biblioteconomia e também nos estudos da Ciência da Informação
e aplicá-las à especificidade dos filmes por meio da análise documentária (indexação).
Isso porque não só os filmes mas
[...] qualquer objeto pode ser indexado, ou seja, reduzido a representações conceituais que facilitem seu armazenamento e recuperação em bases de dados. Se aceitarmos essa premissa, podemos indexar o texto impresso ou o digital, áudio (música, discurso ou som ambiente), imagem fixa (fotografia, cartaz, quadro, etc.), imagem em movimento (filme, spot de publicidade, etc.), obra de arte (escultura, cerâmica), arquitetura (ponte, fábrica, igreja, etc.) ou um produto industrial (selo). (GIL LEIVA; FUJITA, 2012, p. 65).
Cabe destacar que a aproximação com a área de Ciência da Informação deve-se
ao fato dos autores brasileiros de Análise Documentária e Indexação transitarem na
área de Biblioteconomia e Documentação e Ciência da Informação. E que neste estudo,
usam-se as nomeações “análise documentária”e “indexação” como sinônimos.
A análise documentária, como será visto nas próximas seções, é utilizada por
Gardin, teórico francês, pela primeira vez em 1981 e caracteriza-se por ser uma
atividade realizada durante o tratamento temático da informação para fins de
recuperação.
Da mesma forma, a indexação, que teve como matriz autores ingleses (metade
do século XX), preocupa-se com a análise conceitual e a tradução dos documentos
visando a sua recuperação.
Como a representação do conteúdo do filme demanda maiores preocupações e
cuidados devido às peculiaridades do suporte, ela acaba exigindo empenho adicional
do indexador. Importante salientar que especificamente para os filmes, o tratamento
temático deverá andar junto ao tratamento descritivo, pois o lugar, a data de publicação
a distribuição, o formato e as características de projeção são exemplos de alguns
16
elementos descritivos do filme conforme a segunda edição revisada do Código de
Catalogação Anglo-Americano (AACR2r) que auxiliam na descrição do filme. E por essa
necessidade de considerar os elementos descritivos singulares e de representar a
narrativa fílmica pelas sequências mais relevantes, é possível afirmar que esses sejam
alguns dos atenuantes que tornam a tarefa complexa no que se refere à extração do
conteúdo dos filmes.
O objetivo deste estudo é compreender e identificar os princípios da análise
documentária referente ao conteúdo dos filmes que estão sendo usados em três
instituições que possuem acervos fílmicos. Para tanto, foi realizada uma revisão de
literatura para nortear o embasamento teórico e o roteiro de entrevista aplicado nas
seguintes entidades: Cinemateca Brasileira (São Paulo), Setor de Imagem e Movimento
do Arquivo Nacional (AN) e Cinemateca do Museu de Arte Moderna (MAM) do Rio de
Janeiro.
Entretanto, excepcionalmente no caso da Cinemateca Brasileira (São Paulo) a
pesquisa e os dados coletados para o roteiro de entrevista estiveram apoiados em
informações retiradas de seu site e do Manual de Catalogação da Cinemateca (2002).
Dentro do período de elaboração deste estudo houve diversas tentativas de agendar
visita técnica com a instituição e todas sem sucesso, pois a Cinemateca estava
passando por problemas de falta de profissionais disponíveis para esse tipo de visita e
o quadro agravou-se com o incêndio ocorrido em parte do acervo fílmico no dia 3 de
fevereiro de 2016.
A partir dos dados que foram coletados no campo empírico, e tendo subsídio a
literatura brasileira de Biblioteconomia e Ciência da Informação, além de alguns
estudos de Cinema, chegou-se a uma comparação entre o que é apontado na literatura
e aquilo que vem sendo realizado nas instituições pesquisadas no que se refere aos
procedimentos de indexação.
O presente estudo está estruturado nas seguintes partes: após o texto
introdutório, na segunda seção é realizado um embasamento teórico com os principais
autores pesquisados; na terceira seção são apontadas algumas abordagens acerca da
análise documentária e indexação como seus conceitos, etapas, processos,
instrumentos e produtos; na quarta seção são levantados os principais aspectos do
17
filmes, conceituando-os, e sua análise documentária; na quinta seção são apresentados
os procedimentos metodológicos da pesquisa bibliográfica e pesquisa de campo; na
sexta seção os resultados da aplicação do roteiro de entrevista de cada instituição são
demonstrados e analisados; e finalizando o estudo, tem-se na sétima seção a
conclusão tomando por base o problema de pesquisa que indaga sobre a prática da
indexação de filmes nas instituições pesquisadas e os procedimentos de indexação
descritos na literatura.
18
2 EMBASAMENTO TEÓRICO
O levantamento da literatura que será realizado nesta seção percorreu a área de
Biblioteconomia e Ciência da Informação no que tange à análise documentária e
indexação acrescida da literatura de Cinema. Com o resultado das fontes pesquisadas
e apresentadas foram levantados os principais conceitos que serviram de norte também
para a fundamentação deste estudo.
Na seção “Análise Documentária (Indexação): algumas abordagens”, antes de
dar início à discussão da temática deste estudo, há a necessidade de contextualização
de análise documentária e indexação como atividades integrantes da Organização do
Conhecimento. E esse embasamento foi construído a partir da perspectiva de Dahlberg
(1993), Foskett (1973), Naves e Dias (2013), Fujita (2013) e Guimarães (2008).
Dahlberg (1993) aborda a importância, a necessidade da Organização do
Conhecimento, seu escopo, o desenvolvimento do seu campo de estudo e seus
desdobramentos. Foskett (1973), Fujita (2013) e Guimarães (2008) voltam-se mais para
o tratamento temático da informação, a análise de assunto e a indexação dentro deste
campo de estudo.
Como contribuição para discussão sobre análise documentária e indexação os
autores mais estudados foram Lancaster (2004) e Fujita (1999, 2003). Os Princípios de
Indexação trabalhados no documento elaborado pelo Sistema de Informação Científica
Internacional das Nações Unidas (UNISIST) de 1981 e no Manual de Indexação do
Centro Latino-Americano e do Caribe de Informação em Ciências da Saúde (BIREME)
de 2008 também fazem parte das fontes pesquisadas.
Em Lancaster (2004) tem-se as discussões acerca da indexação, seus
princípios, suas práticas e a preocupação com a qualidade e o nível de
representatividade de um índice. Nesta obra, o autor ainda verticaliza acerca dos
resumos, seus tipos, funções e como elaborá-los; mostra-se também preocupado com o
uso de novas tecnologias ao falar sobre as bases de dados e o futuro da indexação e
dos resumos como processos do tratamento temático da informação.
19
Fujita (1999, 2003) mostra-se também atenta com a qualidade da indexação.
Contudo, em ambos os textos a análise do indexador é o cerne das questões. A autora
defende ainda o uso de parâmetros pré-estabelecidos, como a Norma da International
Organization for Standardization (ISO) 5963 de 1985 – norma que determina os
elementos que o indexador deve preconizar na leitura documentária - e o Manual de
Indexação da BIREME (2008) – que aborda os elementos determinados pela norma
ISO 5963 e auxilia na leitura documentária.
O estudo acerca dos fundamentos básicos da análise fílmica e a composição do
todo de um filme que serão abordados na seção “O filme, seus aspectos e sua Análise
Documentária” foi embasado nas perspectivas de Aumont (2012a, 2012b), Aumont
(2003), Vernet (2012), Marie (2012), Vanoye; Goliot-Leté (2012), Cordeiro (2000),
Moreiro González; Robledano Arillo (2003), Shatford (1986) e Panofsky (1979).
Os trabalhos de Aumont (2012a, 2012b), Vernet (2012) e Marie (2012) fazem
parte de uma coletânea de textos reunidos por Jacques Aumont. A obra é uma
cobertura abrangente da estética do filme, desde as teorias do cinema, passando pelos
aspectos do filme até a preocupação com o espectador.
Vanoye e Goliot-Leté (2012) discorrem sobre a análise fílmica e os elementos
que deverão ser levados em consideração no momento de sua análise. A teoria é
discutida na primeira parte do livro “Ensaio sobre a análise fílmica”, e na segunda parte
os autores ajudam o leitor a entender os diferentes tipos de análises que podem ser
feitas e escolher qual dos modelos são mais propícios para a sua realidade.
Por conter a discussão acerca da representação do conteúdo de filmes, os
embasamentos de Cordeiro (2000) foram bastante utilizados como subsídio das
discussões alteadas nesta pesquisa. A autora traz os elementos que compõem o todo
fílmico, a família de documentos do filme sob a perspectiva da análise documentária e
exemplifica-os no final da obra.
As obras de Moreiro González e Robledano Arillo (2003), Shatford (1986) e
Panofsky (1979) têm como foco a abordagem das imagens fixas (como fotografias, por
exemplo), a análise do conteúdo delas, seus conceitos, significados e simbolizações.
No entanto, esses autores foram frequentemente utilizados na pesquisa pela
20
possibilidade de apropriação e adaptação para a análise das imagens contidas nos
filmes.
Outro ponto a ser preconizado neste embasamento refere-se ao conceito de
cinemateca com o intuito de melhor compreensão sobre o universo empírico deste
estudo. No Dicionário de Biblioteconomia e Arquivologia (2008), as Cinematecas
caracterizam-se por serem uma
[...] entidade encarregada de colecionar, armazenar e conservar documentos cinematográficos, sem levar em consideração sua proveniência ou seu valor arquivístico. Também é responsável pelo atendimento a usuários que desejem consultar, isto é, assistir aos filmes, que são projetados em sessões especiais[...] (CUNHA; CAVALCANTI, 2008, p. 82)
De forma semelhante o Glossário elaborado pelo Conselho Nacional de Arquivos
(CONARQ) de 2014 define Cinemateca por “Instituição responsável pela aquisição,
preservação e difusão de documentos audiovisuais e outros correlatos. Geralmente
possui salas de exibição.” (CONARQ, 2014, p. 7).
No entanto, dentro da perspectiva internacional, para denominar as instituições
que possuem acervo fílmico é utilizada a expressão “arquivos audiovisuais”. A
Fédération Internationale des Archives du Film (FIAF) utiliza a definição de arquivo
audiovisual elaborada por Edmondson (2004) na publicação “Audiovisual Archiving:
Philosophy and Principles” que o caracteriza da seguinte forma:
Arquivos audiovisuais, então, é um campo que abrange todos os aspectos da tutela e recuperação de documentos audiovisuais, a administração dos locais em que esses documentos se encontram, e das organizações responsáveis pela realização de suas funções. [...](EDMONDSON, 2004, p. 15, tradução nossa).
Devido a essas configurações que fazem das cinematecas e arquivos audiovisuais
muito próximos em relação às suas características, atividades e acervos, para a
composição do campo empírico foram selecionados para este trabalho duas
cinematecas e um arquivo audiovisual.
As seções subsequentes irão contextualizar a atividade de indexação no campo
da Biblioteconomia e Ciência da Informação, expondo as correntes teóricas da área,
etapas e princípios. E, em sequência, serão levantados os aspectos que envolvem o
filme e sua análise indexadora.
21
3 ANÁLISE DOCUMENTÁRIA (INDEXAÇÃO): ALGUMAS ABORDAGENS
É fundamental entender a base epistemológica em qualquer estudo,
contextualizando em que área o objeto de discussão está inserido. Dessa forma, a
Análise Documentária e a Indexação - nas áreas de Biblioteconomia e Ciência da
Informação - “[...] enquanto área de estudo e investigações, é compreendida por
diferentes visões, entretanto, pela perspectiva da área de Organização e
Representação do Conhecimento [...]” (FUJITA, 2013, p. 147).
Para que o saber humano continue se desenvolvendo e sendo difundido é
necessário (obviamente) que o conhecimento registrado seja encontrado. Nesse
âmbito, organizar e registrar o conhecimento e torná-lo acessível é imprescindível para
sua evolução. Consubstancia-se, então, a necessidade da disciplina de Organização e
Representação do Conhecimento, uma vez que ela tem como preocupação reunir e
difundir o conhecimento de forma que ele esteja disponível para as futuras gerações.
Dahlberg (1993) inserida no âmbito das discussões acerca da Organização do
Conhecimento elabora um sistema de classificação para nortear essa literatura e
estabelecer melhor entendimento sobre o escopo deste campo de atuação da Ciência
da Informação. É importante frisar que não caberá neste estudo a abordagem de cada
item e suas respectivas nuances. O quadro a seguir com a classificação sistematizada
por Dahlberg vem como contribuição para o panorama geral das questões que
envolvem a Organização do Conhecimento e em quais aspectos a indexação ou análise
documentária se inserem:
22
Quadro 1 – Classificação da Literatura em Organização do Conhecimento
0 Form Divisions 0 Divisões de Forma
1 Theoretical Foundations and
General Problems of KO
1 Fundamentos Teóricos e
Problemas Gerais da Organização
do Conhecimento
2 Classifications Systems and
Thesauri: Structure & Construction
2 Sistemas de Classificação e
Tesauro: Estrutura e Construção
3 Classing and Indexing:
Methodology
3 Classificação e Indexação:
Metodologia
4 On Universal Classification
Systems
4 Sobre os Sistemas de
Classificação Universais
5 On Special Objects
Classification Systems
(Taxonomies)
5 Sobre os Sistemas de
Classificação de Objetos
Especiais (Taxonomias)
6 On Special Subjects
Classification Systems
6 Sobre os Sistemas de
Classificação de Assuntos
Especiais
7 Knowledge Representations by
Language and Terminology
7 Representações do
Conhecimento pela Linguagem e
Terminologia
8 Applied Classing and Indexing 8 Classificação e Indexação
Aplicadas
9 Knowledge Organization
Environment
9 Ambiente da Organização do
Conhecimento
Fonte: Dahlberg (1993, p. 212); tradução nossa.
Dessa forma, em uma breve análise do quadro verifica-se que a Fundamentação
Teórica, a Classificação e a Indexação compõem os principais elementos presentes
nesta sistematização da Organização do Conhecimento.
23
Neste sentido, organizar e representar o conhecimento só são possíveis
mediante o Tratamento da Informação. Conforme Dias e Naves (2013, p. 7), o conceito
de tratamento da informação pode ser resumido
[...] como a expressão que engloba todas as disciplinas, técnicas, métodos e processos relativos a:
descrição física e temática dos documentos numa biblioteca ou SRI2;
desenvolvimento de instrumentos (códigos, linguagens, normas, padrões) a serem utilizados nessas descrições; e
concepção/implantação de estruturas físicas ou bases de dados destinadas ao armazenamento dos documentos e de seus simulacros (fichas, registros eletrônicos, etc.). Compreende as disciplinas de classificação, catalogação, indexação, bem como especialidades delas derivadas, ou novas especialidades, tais como metadados e ontologias, entre outras.
Ainda para os autores mencionados “essa caracterização do tratamento da
informação foi levando, progressivamente, à identificação de duas grandes
especialidades nessa área: tratamento descritivo e tratamento temático”. Fujita (2013, p.
149) afirma que através das peculiaridades entre os aspectos da informação é que
ocorre a necessidade de tratá-la de forma diferente – em relação às características
físicas do material (forma) e seu conteúdo. A figura sistematizada a seguir ajuda no
entendimento acerca dos desdobramentos do tratamento da informação em seus dois
grandes processos (descrição temática e descrição física), os instrumentos que
possibilitam, padronizam e facilitam as atividades e os produtos gerados nesse
processo a partir da leitura técnica do documento.
2 Sistema de Recuperação da Informação.
24
Figura 1– Desdobramentos do Tratamento da Informação
Fonte: Sistematização realizada pela autora baseada em Dias; Naves (2013, p. 9-16)
TRATAMENTO DA INFORMAÇÃO
Descrição
física
Descrição
temática
Processos
Linguagens Documentárias
Códigos de Catalogação Instrumentos
Linguagens
Alfabéticas
Linguagens
Simbólicas
Tesauros e lista de cabeçalhos
de assunto
Sistemas de
classificação
Registros catalográficos e
metadados
Pontos de acesso
P
r
o
d
u
t
o
s
25
O Tratamento Descritivo, como o termo indica, descreve os dados dos
documentos, isto é, os elementos extrínsecos do documento e os aspectos objetivos
que os identificam e os diferem dos demais. Os principais elementos descritivos são o
autor, o título, a data, local, edição, entre outros. Essa atividade de descrição, também
é chamada de catalogação ou catalogação descritiva e reúne um conjunto de regras e
normas para delimitar os pontos de acesso contidos nos catálogos das bibliotecas,
criando uma espécie de identidade desses documentos. A catalogação segundo Corrêa
(2008, p. 20) caracteriza-se por ser o
[...] mecanismo essencial para a padronização e descrição das informações, é construída a partir de regras que ofereçam o máximo de padronização e minimizem as interpretações individuais, procurando garantir a unicidade do item informacional representado e, ao mesmo tempo, sua universalidade. Torna-se essencial, portanto, a existência de padrões que possibilitem uma interpretação uniforme e universal, em qualquer idioma e em qualquer tipo de unidade de informação, por catalogadores e usuários nos mais diversos ambientes informacionais.
No Tratamento Temático o objetivo é analisar o conteúdo do documento, o seu
assunto. Como aponta Dias e Naves (2013, p. 7), o Tratamento Temático possui uma
“forte carga subjetiva” pelo fato de trabalhar com os elementos intrínsecos do
documento, acerca de seu conteúdo temático. As atividades de análise documentária
estão inseridas nessa vertente, assim como os seus instrumentos: as linguagens
documentárias (que podem ser verbais – tesauro e vocabulário controlado, por exemplo
- e notacionais – as tabelas de classificação) e que estarão fundamentadas de acordo
com a Política de Indexação da unidade de informação.
Ainda dentro dessa ótica, a área de Tratamento Temático da Informação
constituiu-se a partir de três correntes teóricas que serão discutidas a seguir, são elas:
Catalogação de Assunto, Indexação e Análise Documentária (GUIMARÃES, 2003).
A Catalogação de Assunto traz a perspectiva norte-americana de Cutter
embasada em seus Princípios de Catalogação3 e nos cabeçalhos de Assunto da Library
of Congress. O termo “Catalogação de Assunto” configura-se como representação
existente nas fichas catalográficas das bibliotecas que se atêm em descrever sobre a
essência do documento.
3 Princípio Específico - O ponto de acesso será sempre pelo termo mais específico; Princípio de Uso - A
escolha dos termos deverá estar pautada no usuário; e Princípio Sindético – Os assuntos deverão ser relacionados com o auxilio das referências cruzadas.
26
O termo “Indexação” amplia a perspectiva e sai dos catálogos. O conceito de
indexação é utilizado fortemente nas correntes teóricas inglesas (FUJITA et al., 2009, p.
22). Desse modo,
A indexação como processo de análise de assunto tem raízes teóricas e metodológicas ligadas à linha inglesa e a catalogação de assunto à linha norte-americana. Ambas tiveram desenvolvimentos próprios em ambientes institucionais e tipologias documentárias diferentes além de áreas de assunto mais especializadas no caso da indexação. Assim, a indexação é realizada em serviços de indexação e resumos com artigos de periódicos e documentação científica em geral, como por exemplo, na Biblioteca Virtual em Saúde, e a catalogação de assuntos em bibliotecas com livros e documentação publicada convencionalmente. (FUJITA, 2013, p. 149, grifo nosso).
Já a terceira corrente, Guimarães (2009) utiliza a expressão “Análise
Documental”. Este termo não será empregado visto que na terminologia da área utiliza-
se “Análise Documentária”, expressão do francês Jean-Claude Gardin. Ainda que na
Ciência da Informação tenha como termo preferido o de Gardin de 1981, compartilha-se
da mesma visão de Cordeiro (2010, p. 85) no que tange ao sinônimo da expressão,
denominado Representação Documentária:
O termo ‘representação documentária’ é mais preciso se comparado com o termo ‘análise documentária’, em sua abrangência, pois abarca e deixa evidentes as duas etapas marcantes da indexação: Análise e Tradução (Síntese) dos documentos, sejam eles filmes ou quaisquer outros.
A Análise Documentária, segundo Gardin (1981, p. 29 apud SILVA; FUJITA,
2004, p. 136), é "um conjunto de procedimentos efetuados com a finalidade de
expressar o conteúdo de documentos científicos, sob formas destinadas a facilitar a
recuperação da informação". Ainda neste âmbito, a análise documentária está
Relacionada aos processos de condensação e de representação por meio de linguagens documentárias, com o objetivo específico de produzir resumos
4 e
índices de assunto. Tem-se, pois, a análise e descrição dos aspectos intrínsecos do documento, ligados ao seu conteúdo temático, razão pela qual também se denomina tratamento temático da informação. (GUIMARÃES, 2003,
p. 102).
Ainda nesta discussão acerca das correntes teóricas é importante frisar que
[...] sob a perspectiva de outros teóricos, principalmente ingleses e norte-americanos, a Indexação é a própria Análise Documentária, composta das mesmas etapas operacionais com o objetivo de representação do conteúdo
4 Para fins de representação os resumos podem ser informativos e indicativos. Na recuperação
aconselha-se o uso de resumos indicativos, pois são os mais sucintos indicando somente os pontos principais do trabalho: objetivo, metodologia e síntese de resultados. Os resumos informativos apresentam os componentes do indicativo somados à conclusão, recomendações e todos os resultados.
27
informacional de documentos para elaboração de índices. (SILVA; FUJITA, 2004, p. 136, grifo nosso).
E por isso como dito anteriormente na seção introdutória deste estudo, os conceitos de
“análise documentária” e “indexação” aqui trabalhados são tratados como sinônimos.
Nesse aspecto,
A indexação como processo de análise documentária é realizada mais intensamente desde o aumento de publicações periódicas e da literatura técnico científica de modo geral, que impulsionaram a necessidade de criação de mecanismos de controle bibliográfico em centros de documentação especializados. Assim, as bibliografias como mecanismos de controle bibliográfico surgiram fora do âmbito das bibliotecas tradicionais e apresentavam uma evolução nas técnicas de tratamento da informação, dando impulso teórico-prático, naquela ocasião, a uma nova área: a Documentação. Dentro desse bojo de evolução de técnicas de tratamento da informação, está ligada a análise documentária como extensão do tratamento temático que comporta a geração de resumos e a indexação. (FUJITA, 2003, p. 61, grifo nosso).
Além do mais, a indexação se apresenta também levando em consideração a
importância do diálogo entre diferentes atividades, como no caso, a necessidade do
indexador utilizar elementos descritivos - e isso ocorre também com os filmes, como
será visto posteriormente:
A indexação é vista como a ação de descrever e identificar um documento de acordo com seu assunto. Assim, o presente documento não se refere à descrição física do documento como um material (Ex. descrição da forma, número de páginas, língua, data...) apesar, de muitas vezes, a determinação desses fatores por um indexador ser necessária se considerarmos que essa informação permitirá ao usuário determinar de maneira mais precisa se um documento específico será ou não útil para sua pesquisa. (UNISIST, 1981, p. 84).
Gil Leiva e Fujita (2012, p. 68) sistematizaram um quadro com outras definições
de indexação e nele demonstram que apesar do uso de palavras distintas para
conceituar “indexação”, elas possuem ideias convergentes relacionadas ao referente:
28
Quadro 2 – Algumas definições de Indexação
Fonte: GIL LEIVA; FUJITA (2012, p. 68).
Lancaster (2004, p. 20-22) e Dias e Naves (2013, p. 17) afirmam que o termo
indexação pode referir-se tanto aos índices pré-estabelecidos no final do livro quanto à
representação em termos do assunto do documento. Outro atenuante é levantado por
Lancaster (2004, p. 20-22) acerca da classificação. Neste caso, o autor afirma ser
completamente equivocado estabelecer que a classificação refere-se somente à
notação atribuída ao livro segundo as tabelas de classificação5. Pois, antes disso, “A
classificação visa também identificar o conteúdo dos documentos [...]” (DIAS; NAVES,
2013, p. 5).
Cabe também destacar – após a apresentação dos conceitos de indexação - que
ela envolve duas etapas: a análise conceitual (ou análise de assunto) e a tradução (ou
síntese). Para Lancaster (2004, p. 9-18) elas são "[...] etapas totalmente distintas,
embora nem sempre sejam diferenciadas com clareza e possam de fato ocorrer de
modo simultâneo.". O quadro em seguida expõe sumariamente as perspectivas dos
principais autores sobre as etapas da indexação, sendo que para este estudo
5As mais utilizadas na Biblioteconomia são a Classificação Decimal de Dewey (CDD) e Classificação
Decimal Universal (CDU).
29
debruçou-se no embasamento desenvolvido por Lancaster (2004). Ao analisar o quadro
fica claro que em sua essência os autores convergem quanto à delimitação das etapas:
Quadro 3 – Etapas de Indexação
Fonte: FUJITA et al., 2009, p. 25
Conforme Lancaster (2004, p. 9-18), a primeira etapa - análise conceitual ou
análise de assunto – caracteriza-se por "[...] decidir do que trata um documento - isto é,
qual o seu assunto.”, seu ponto principal e qual a problemática que o autor quis discutir.
A expressão “do que trata o documento” esta relacionada à palavra aboutness, que
possui três traduções: temacidade, atinência e sobrecidade. As três traduções estão
ligadas ao conteúdo do documento, sendo que como tradução de “aboutness” alguns
autores como Cordeiro (2000) e Cunha e Cavalcanti (2008), utilizam “temacidade” e
outros preferem o termo “atinência” assim como a tradução do livro de Lancaster (2004)
e Dias e Naves (2013), por exemplo.
Para encontrar o ponto principal – a atinência, a temacidade, a sobrecidade – e
“[...] extrair termos do documento o indexador precisa lê-lo e a obtenção dos conceitos
é feita durante a leitura”. (FUJITA, 1999, p. 101). Sendo que essa leitura deve ser
direcionada, diferentemente da leitura de lazer, pois o profissional não terá tempo, por
30
exemplo, de ler um livro de cem páginas. Assim, para Cintra (1989, p. 34) na “[...] leitura
para fins documentários, os textos são desautentificados, na medida em que são
deslocados de seus contextos naturais [...]”, pois o autor não considera em primeira
instância a possibilidade da leitura técnica de seu texto. Aliás, para direcionar a leitura
técnica (no que tange aos documentos bibliográficos) existem normas como a ISO 5963
de 1985 e a NBR 12676 de 1992 que orientam sobre quais elementos devem ser
examinados nos documentos bibliográficos, e são eles: título, subtítulo, resumo,
sumário, introdução, ilustrações, tabelas, gráficos, palavras destacadas e referências
bibliográficas. Outro instrumento que também auxilia na leitura técnica do documento é
o Manual de Indexação da BIREME (1988).
Outrossim, de acordo com a literatura pesquisada, essa leitura técnica feita pelo
indexador e a escolha dos termos que melhor irão representar o conteúdo dos
documentos deve estar debruçada nos seguintes princípios: Princípio da Margem de
Segurança, Princípio do Acesso Coletivo, Princípio da Coincidência e Princípio da
Polirrepresentação. A descrição desses princípios a seguir será apoiada em Cordeiro
(2000, p. 82-87).
O Princípio da Margem de Segurança, como aponta a autora, serve para que o
indexador se preocupe com a garantia de que aquele termo escolhido seja procurado
pelo usuário e, concomitantemente seja assegurado o seu uso dentro da terminologia
existente da área. O Princípio do Acesso Coletivo estabelece que o indexador deva
propiciar que os termos escolhidos sejam demandados por vários usuários. E para se
chegar ao Princípio da Coincidência, “O indexador questiona um grupo de documentos
através de perguntas que sejam coincidentes [...]” (CORDEIRO, 2000, p. 83) ou
observa quando há a presença concomitante de um mesmo termo em vários
documentos. Por fim, o Princípio da Polirrepresentação determina que um documento
deva ser múltiplo indexado visando prováveis mudanças do sistema e das
necessidades informacionais dos usuários.
Para melhor exemplificar o exposto acima, o quadro a seguir foi elaborado no
intuito de sugerir alguns questionamentos que podem facilitar o analista-indexador a
identificar se está seguindo corretamente os princípios.
31
Quadro 4 – Princípios X Questionamentos
Fonte: Sistematização realizada pela autora baseada em Cordeiro (2000, p.82-87)
O uso desses princípios, de acordo com a autora, tem a finalidade de “[...]
intermediar e combinar o conteúdo do universo de documentos com o conteúdo das
perguntas dos leitores, ou seja, o universo de usuários.” (CORDEIRO, 2000, p. 83). E é
recorrente na literatura os autores afirmarem que sem um bom conhecimento da
unidade de informação, sem ter feito um estudo de usuário e uma Política de Indexação
pautada na necessidade informacional do público-alvo é impossível que o trabalho do
indexador seja bem executado.
A outra etapa da Indexação, a tradução, "[...] envolve a conversão da análise
conceitual de um documento num determinado conjunto de termos de indexação.".
(LANCASTER, 2004, p. 9-18). Sendo que a tradução ocorrerá de acordo com o
vocabulário controlado de cada instituição.
Outro ponto principal no campo da Indexação é a sua Política. Ela atuará como
um norte para o profissional da informação sobre quais termos deverão ser utilizados no
sistema e quais princípios serão adotados. Além disso, a Política de Indexação
[...] deve ser compreendida como uma decisão administrativa que reflita os objetivos da biblioteca, identificando condutas teóricas e práticas das equipes envolvidas no tratamento da informação da biblioteca para definir um padrão de cultura organizacional coerente com a demanda da comunidade acadêmica interna e externa. Além disso, a política de indexação deve estar descrita e registrada em manuais de indexação para que possa ser constantemente avaliada e modificada, se preciso. (RUBI, 2009, p. 83-84).
Princípios: Questionamentos:
Princípio da Margem de Segurança - O usuário irá procurar por esse termo?
(Garantia de Uso)
- Esse termo faz parte da terminologia da
área? (Garantia Literária)
Princípio do Acesso Coletivo - Os termos são amplos? Abrangentes?
Princípio da Coincidência - O termo está presente em documentos que
tratam basicamente do mesmo assunto?
Princípio da Polirrepresentação - Caso haja mudanças no sistema ou de
terminologia da área, o item tem ainda assim
condições de ser recuperável?
32
[...] não deve ser vista como uma lista de procedimentos a serem seguidos, e sim um conjunto de decisões que esclareçam os interesses e objetivos de um sistema de informação e, particularmente, do sistema de recuperação da informação. A política decide não só sobre a consistência dos procedimentos de indexação em relação aos efeitos que se necessita obter na recuperação mas, principalmente, sobre a delimitação de cobertura temática em níveis qualitativos e quantitativos tendo em vista os domínios de assuntos e as demandas dos usuários. (GIL LEIVA; FUJITA, 2012, p. 17).
Ademais, previamente a elaboração da Política de Indexação há a necessidade
da unidade de informação (seja biblioteca ou arquivo) realizar um estudo de usuário
que tem por finalidade conhecer o domínio o qual a instituição está inserida, o perfil do
seu público-alvo e suas buscas informacionais. Ao delinear o tipo de usuário a unidade
fará a Política de Indexação pautada nos critérios de consistência e relevância6 no que
tange à escolha dos descritores e dos parâmetros de indexação, conhecidos como
exaustividade e especificidade.
Se o indexador – baseado na Política de Indexação - optar pela exaustividade na
indexação, ele utilizará quantos termos julgar necessário para abranger todo o
constructo do documento e torná-lo mais acessível. Ou seja, a indexação exaustiva
consiste no “[...] emprego de termos em número suficiente para abranger o conteúdo
temático do documento de modo bastante completo.” (LANCASTER, 2004, p. 27). E
além de ser mais trabalhosa para o indexador a coleta desses termos genéricos, a
recuperação terá como consequência um alto índice de revocação. A revocação ocorre
quando o usuário recupera um grande número de documentos durante sua busca
justamente em sistemas que optam pela indexação exaustiva, e na maioria das
ocorrências esses documentos não irão servir para a pesquisa.
Em contrapartida, poderá ser adotado o parâmetro da especificidade em que o
indexador se aterá a um número limitado de termos, procurando ser o mais preciso na
leitura técnica do documento (UNISIST, 1981, p. 90). Outra definição que auxilia no
entendimento da especificidade é abordada em Foskett (1973, p. 12) e se refere a “[...]
extensão em que o sistema nos permite ser precisos ao especificarmos o assunto de
um documento que estejamos processando.”. Importante salientar que a especificidade
é frequentemente adotada em unidades de informação especializadas, com o domínio
6De acordo com Dias e Naves (2013, p. 23-25), consistência é “[...] variedade de termos que são
definidos para representar o conteúdo de um mesmo documento” e Relevância refere-se a “[...] avaliação da satisfação do usuário com relação à representação de documentos.”.
33
bem definido. O sistema recuperará somente os documentos indexados com aqueles
descritores próprios, alcançando o nível de especificidade que evita o grande número
de dispersão temática.
Além dos princípios expostos anteriormente, a Política de Indexação deverá
especificar sob qual forma o indexador irá lidar com a indexação. E acerca desse
aspecto a literatura apresenta três correntes: indexação centrada no documento,
centrada no usuário e baseada no domínio do conhecimento (GIL LEIVA; FUJITA,
2012, p 70-71). Como o nome indica na indexação centrada no documento (o conteúdo)
a análise é estritamente aos elementos que o compõem, ou seja, o documento é o
objeto de estudo. Dentro da perspectiva das necessidades informacionais dos usuários,
a indexação centrada neles leva em consideração seu comportamento informacional,
suas questões. A mais complexa, nesse caso, é a indexação centrada no domínio, pois
ela abarca elementos que vão além do documento em si. Preocupa-se em unir as
perspectivas dos usuários, da organização a qual o documento está inserido, no papel
que os indexadores se propõem a desenvolver e no próprio documento (MAI, 2005, p.
608). A figura abaixo exemplifica de forma mais clara o exposto acima:
Figura 2 – Abordagens da Indexação
Fonte: Sistematização elaborada pela autora baseada em GIL LEIVA; FUJITA (2012, p 70-71)
Indexação
centrada no
usuário
Necessidades
informacionais dos
usuários
Indexação
centrada no
documento
Elementos do
documento
ANÁLISE
Indexação
centrada no
domínio
Usuários
Documento
Contexto organizacional
Indexadores
34
Assim sendo, para o bom desempenho de uma unidade de informação e para
atender a necessidade informacional dos usuários, é imprescindível estar atento aos
pontos abordados nesta seção – pensar no estudo de usuário, usar o seu resultado na
criação da Política de Indexação e estar atento à forma que os profissionais estão
analisando o material e a área de domínio do conhecimento. Dessa forma, a unidade de
informação irá cumprir seu propósito de salvaguardar o conhecimento e recuperá-lo
quando solicitado.
35
4 O FILME, SEUS ASPECTOS E SUA ANÁLISE DOCUMENTÁRIA
Contata-se que a partir dos parâmetros teórico-conceituais de análise
documentária, faz-se também necessário trabalhar com os aspectos que permeiam as
atividades do universo fílmico, pois “No universo audiovisual, a natureza da informação
e os suportes exigem procedimentos particularizados de tratamento, não encontrados
nas práticas tradicionais.” (CORDEIRO, 1996, p. 2). Não caberá neste estudo relatar
sobre a invenção dos filmes, sua evolução – do cinema mudo em preto e branco para o
falado e colorido – e nem tampouco sobre o surgimento do meio cinematográfico com
os irmãos Lumière. O intuito será levantar as questões atinentes aos elementos que
compõem o filme e sua análise7.
Como documento audiovisual ele “[...] reproduz imagens fixas ou móveis, bem
como registros sonoros em qualquer suporte, e que exige equipamento apropriado para
ser visualizado ou executado [...].” (CAVALCANTI; CUNHA, 2008, p. 133). O que o
torna um suporte específico e único – além de trazer ao espectador imagens e som - é
o fato como afirma Cordeiro (2000, p. 17), de ser um produto final resultante de um
longo processo, o qual estão inseridas atividades de planejamento, roteiro, seleção de
atores, diretores e outras funções. Devido a isso, “[...] a linguagem cinematográfica não
pode ser reduzida à imagem em movimento e ao som, pois ela inclui o conjunto de
planos, ângulos, movimentos de câmera e recursos de montagem que compõem o
universo de um filme.” (CORDEIRO, 2010, p. 83). Ainda para a autora, o filme gera uma
série de documentos ao longo de sua produção que devem ser analisados junto a ele,
facilitando a produção de sentido do indexador.
O filme independente do seu foco, sua destinação e dos documentos produzidos
tem o objetivo de nos contar uma história. A maneira de como os fatos irão se
desencadear no decorrer do filme ocorre sob três égides do texto literário e que a área
do cinema narrativo se apropria: narrativa, narração e diegese. São também
conhecidos por “tripartição operacional de Gérard Genette” (VANOYE; GOLIOT-LÉTÉ,
7 Dentro da perspectiva de Vanoye e Goliot-Lété (2012, p. 14), “Analisar um filme ou um fragmento é,
antes de mais nada [...] decompô-lo em seus elementos constitutivos.”.
36
2012, p. 37).
A narrativa é a história que irá ser contada, envolvendo os fatores de imagem,
som, música. Além de dar espaço para que a história se construa (VANOYE; GOLIOT-
LÉTÉ, 2012, p. 38), a narrativa é “[...] um enunciado que se apresenta como discurso,
pois implica, ao mesmo tempo, um enunciador (ou pelo menos um foco de enunciação)
e um leitor-espectador.” (VERNET, 2012, p. 107).
Figura 3 – Composição da narrativa
Fonte: Sistematização realizada pela autora baseada em Vanoye; Goliot-Lété, (2012, p. 38)
A narração, por sua vez, está inserida no campo literário como a junção e a
relação da enunciação com o enunciador. Isto é, se manifesta dentro da história que ela
mesma está de certa forma “contando”. Ou como melhor exemplifica Vernet (2012, p.
109), a narração se caracteriza dessa forma, pois ela “[...] agrupa, ao mesmo tempo, o
ato de narrar e a situação na qual o ato se inscreve.”.
Figura 4 – Composição da narração
Fonte: Sistematização realizada pela autora baseada em Vernet (2012, p. 109-110)
Imagem
Som
Música
História
Narrativa
Narração
Enunciador Enunciação
37
Como último elemento da tripartição, a diegese se caracteriza por abarcar tanto a
história quanto o mundo criado por ela. Para melhor compreensão, recorro aos filmes
da saga Harry Potter, que foram baseados nos livros da autora J.K. Rowling. A diegese
dos filmes de Harry Potter é composta pelo mundo mágico em que o personagem se
encontra somada a história contada em cada filme em que Harry e seus amigos têm de
enfrentar um obstáculo cada vez mais difícil.
Figura 5 – Composição da diegese
Fonte: Sistematização realizada pela autora baseada em Vernet (2012, p. 113-115)
Próximo aspecto dos filmes a ser abordado refere-se à estética do filme e às
técnicas utilizadas na área de Cinema e Audiovisual, uma vez que são de suma
importância para a análise do indexador. Entender o enquadramento da imagem, os
ângulos de filmagem, os recortes do plano, os efeitos sonoros e o processo de
montagem irá nortear o indexador acerca das tendências de filmagem, a traçar os
estilos dos diretores e ao usuário que procura um filme pelos planos utilizados e/ou
pelos efeitos sonoros. E é nesta circunstância que na análise fílmica a descrição e a
indexação “andam” juntas, em razão de esses prismas descritivos possuírem um
elevado grau de influência na busca do usuário especializado na área de cinema.
Relacionados à câmera temos o enquadramento, o ângulo e o plano. O
enquadramento da imagem refere-se àquilo que a câmera está “recortando”
(CORDEIRO, 2000, p. 28-29). Difere-se do ângulo de filmagem, pois ele foca naquilo
que o diretor quer realçar no filme. Já o plano é o trecho do filme sem intervalo de
filmagem e ele possui as seguintes classificações que
História
Contexto/
ambiente
criado ou
recriado
Imagem
Som
Música
Narrativa
Diegese
38
[...] dependem da parte representada do personagem e do espaço que há acima e abaixo dele: plano detalhe (um detalhe do personagem), grande plano (ombros e cabeça), meio plano (o marco inferior do quadro pode cortar desde a cintura até o peito), plano americano (o marco inferior situa-se na altura dos joelhos do personagem representado), plano de união (apresenta o corpo inteiro sem nenhum espaço, nem abaixo, nem acima), plano de conjunto (o personagem deve apresentar três quartos ou mais da altura da moldura, mas nem sempre deve haver algum espaço), grande plano geral (representa grandes cenários). (MOREIRO GONZÁLEZ; ROBLEDANO ARILLO, 2003, p. 30-31).
O som, de acordo com Aumont (2012, p. 44), foi um elemento introduzido
tardiamente no mundo cinematográfico, pois o objetivo do cinema era antes de mais
nada reproduzir imagens em movimento. Com a sua inserção, o som foi se tornando
“[...] um dos componentes fundamentais para a expressividade do filme [...]”
(CORDEIRO, 2000, p. 30) que abrange desde os diálogos entre os personagens até a
trilha sonora que ilustra os momentos da narrativa. O som divide-se em som in e som
off no que diz respeito às falas dos personagens. Som in é quando o emissor do som
está presente no enquadramento da imagem. Som off é o contrário: ocorre quando
aparece a imagem, escuta-se algo e não sabe-se de que lugar ele vem. O som off é
bem comum em filmes com narrador observador ou o narrador personagem
descrevendo algum acontecimento já vivido.
A montagem (edição), por seu turno, é o recurso final na produção de um filme.
Nela há a união de todos os planos e sua edição sempre que forem necessárias
algumas mudanças ou quando forem diagnosticados alguns erros. É a partir da
montagem que a narrativa fílmica adquire sentido, seguindo a cronologia dos fatos de
acordo com o roteiro. Essa atividade é supervisionada pelo diretor em que o montador
edita, une e modifica os planos através de programas específicos de computador.
Após abordagem da estética do filme, outro fator que auxilia na indexação é a
análise dos documentos que são produzidos na elaboração do filme. Relacionado ao
conteúdo, tem-se o Argumento, Roteiro e Texto de dublagem. Há os documentos
atrelados às etapas de filmagem que são o Storyboard, Análise técnica do roteiro,
Cronograma, Plano de preparação, Plano de filmagem, Plano de finalização, Folha de
continuidade, Ordem do dia, Boletim de câmera, Boletim de som, Controle de estoque
de material, Relação de equipamento, Controle de material de cenografia, figurino, etc,
Controle de laboratório, Plano de produção de dublagem, Controle de loops para
39
dublagem, Mapa de mixagem, Mapa de trucagem e Certificado de Censura. E por
último, os documentos associados a divulgação e venda do filme: Sinopse, Press
release, Trailer, Cartaz, Cartazete, Foto-Cartaz, Foto de Cena, Outdoor, Display,
Contratos de comercialização e o Borderô sobre renda dos filmes.
As definições que seguirão acerca dos documentos estarão embasadas na
conceituação feita por Cordeiro (2000, p. 60-75). No que tange ao conteúdo, o
argumento é uma espécie de tese a ser desenvolvida posteriormente pelo roteiro, nele
consta a ideia central do filme e de acordo com o Glossary of filmographic terms da
FIAF(2012) caracteriza-se por ser a “descrição da estória de um filme delineando de
forma básica suas ações, situações e personagens”; o roteiro, por sua vez, é o texto
em que a preocupação é delimitar, descrever as cenas, os acontecimentos e diálogos
da narrativa, ou seja,o roteiro “[...] é um texto para ser produzido em formato de filme.
Contém todas as cenas, diálogos e ações e geralmente segue um padrão já
estabelecido.” (FIAF, 2012); e como último documento relacionado ao conteúdo, o texto
de dublagem é um levantamento daquilo que foi improvisado e que então entrará no
filme.
Acerca dos documentos das etapas de elaboração de um filme, tem-se o
storyboard - representação em desenhos das passagens do filme descritas no roteiro;
a análise técnica do roteiro cujo objetivo é levantar o que será necessário para a
construção das cenas, como figurino, cenário, atores, efeitos especiais e sonoros, entre
outros; o cronograma que auxilia no controle do tempo e dos gastos necessários para
a filmagem; o plano de preparação que lista as atividades da produção; o plano de
filmagem para planejar o que será filmado e em quais dias; plano de finalização para
determinar as atividades a serem executadas antes da montagem; folha de
continuidade com a finalidade de subsidiar os montadores e os diretores no processo
de montagem, pois ela informa o que aconteceu em cada plano; ordem do dia que
delimita as atividades do próximo dia de filmagem; boletim da câmera para designar
qual foi o posicionamento da câmera, ângulos e demais técnicas utilizadas na filmagem;
boletim de som se caracteriza de forma semelhante ao boletim da câmera, porém
relacionado aos efeitos sonoros; o controle de estoque de material, relação de
equipamento, controle de material de cenografia, figurino, etc., controle de
40
laboratório e controle de loops para dublagem servem, como a denominação indica,
para controlar os respectivos materiais; o plano de produção de dublagem preocupa-
se com a ordenação dos diálogos a serem dublados; o mapa de mixagem que lista o
som e o mapa de trucagem aponta os efeitos mecânicos ou óticos de cada cena; e o
certificado de censura delimita a faixa etária do filme e legaliza a sua exibição
(Cordeiro, 2000, p. 60-75).
Para fins publicitários, a sinopse é um importante documento por resumir o filme
para fins de divulgação. Importante frisar que na sinopse deve-se introduzir a história do
filme, não podendo conter seu desfecho de acontecimentos. Ela e as demais
características técnicas do filme vêm escritas no press release. O trailer é outro
elemento imprescindível na divulgação do filme, sendo um pequeno vídeo com cenas
selecionadas para dar aos espectadores um “gostinho” de como será a produção
cinematográfica – afinal quantos de nós já não ficamos ansiosos por um filme só de
assistir ao trailer? Os cartazes, cartazetes, fotos-cartaz, fotos de cena e outdoors
também instigam a curiosidade do espectador ao mostrar imagens sobre os
personagens e/ou cenas do filme sendo que algumas bidimensionais. O display é outro
artefato que gera curiosidade e atrai atenção do espectador. Ele é algum objeto
relacionado ao filme exposto nas ruas, shoppings centers, e até mesmo no pátio dos
cinemas. O contrato de comercialização está ligado à venda e o borderô sobre renda
dos filmes refere-se ao que foi arrecadado com essa venda (Cordeiro, 2000, p. 60-75).
Além dos elementos destacas até então, na análise fílmica é importante
selecionar imagens de ações que representem importantes passagens do filme,
observando o plano, os seres, as atividades daquela cena “congelada”, seu tempo e
espaço. Essa seleção é subjetiva assim como a própria indexação, pois para cada
profissional, imagens diferentes podem ser selecionadas e possuir diferentes graus de
relevância. Peter Burke atenta para essa subjetividade em seu capítulo sobre fotografia
e retratos (2004, p. 25-41) afirmando que a fotografia, imagem e retratos não podem ser
tratadas como fiéis representantes da realidade ou como testemunho histórico, pois o
fotógrafo ou o pintor “[...] selecionam que aspectos do mundo real vão representar.”
(BURKE, 2004, p. 27).
41
Isto é, trazendo para o universo fílmico o próprio foco e enquadramento da
câmera pode estar ancorado na visão que o diretor quer transmitir para aquela cena.
Seu recorte “[...] pode tanto enganar como educar.” (JOLY, 2007, p.19), e desencadear
diferentes reações dependendo do contexto. E se realmente o intuito do diretor for criar
um filme sob uma lógica que irá ser desconstruída no final, mais atenção ainda deverá
ter o analista-indexador no momento de sua seleção.
Uma análise ideal e rica em completude tem a incumbência de responder a
seguinte sequência de questionamentos: Quem? Como? O quê? Onde? Quando?
(MOREIRO GONZÁLEZ; ROBLEDANO ARILLO, 2003, p. 50). Shatford (1986, p. 43)
também utiliza as perguntas “A imagem é de que?” e “ A imagem é sobre o que?” para
auxiliar na sua representação – como será abordado a seguir.
Dessa forma, o analista-indexador deve atentar para o fato de que o seu
significado pode ser, de acordo com Shatford (1986, p. 42-48), genérico e específico
(no caso das fotografias). Ela pode também ser “DE” algo geral e específico e “SOBRE”
algo dependendo da visão de seu espectador e de seu contexto. Em sua
exemplificação, a autora ilustra o caso da ponte. Para diferenciar, recorre-se ao
exemplo de uma imagem com um homem segurando uma arma em campo de batalha -
ela possui o sentido genérico de guerra e específico de representar aquele ser humano
individual. Essa imagem é “DE” genericamente um homem, “DE” especificamente um
homem segurando uma arma no campo de batalha e “SOBRE” guerra, cenário de
guerra, o homem na guerra, conflitos da humanidade, entre outros símbolos.
Essas dimensões da imagem trabalhadas por Shatford (1986) estão ancoradas
na perspectiva de Panofsky (1979), em que o autor trabalha com três níveis de análise
da imagem nas artes plásticas que podem também auxiliar na análise fílmica: pré-
iconográfico – visão genérica do que está sendo representado/visto na imagem;
iconográfico – visão que une o aspecto levantado no nível anterior somado aos
símbolos que a imagem pode possuir e representar; e iconológico – relacionado à
subjetividade da visão do espectador, em que uma mesma imagem irá reunir uma gama
de significados dependendo do contexto e da bagagem cultural de cada um. Possível a
percepção de como Shatford simplificou os estudos de Panofsky e a relação que existe
entre o “DE” genérico de Shatford (1986) com o níveis pré-iconográfico de Panofsky
42
(1979), o “DE” específico com o iconográfico e o “SOBRE” com o nível iconológico.
Essa relação também está explicitada no quadro a seguir:
Quadro 5 – Relação entre Shatford (1986) e Panofsky (1979)
Fonte: Smit (1996, p. 32).
Ao levar em consideração os elementos que compõem o filme e os aspectos da
imagem descritos anteriormente o analista-indexador tem a possibilidade de utilizar as
classes de indexação levantadas por Gil Leiva e Fujita (2012, p. 85-88), como
demonstra a figura a seguir. Importante frisar que esse recorte irá mudar dependendo
da instituição na qual esse processo está sendo feito:
PANOFSKY Exemplo SHATFORD Exemplo
Nível pré-
iconográfico,
significado fatual
Homem
levanta o
chapéu
DE genérico Ponte
Nível
iconográfico,
significado fatual
Sr. Andrade
levanta o
chapéu
DE específico Ponte das Bandeiras
Nível pré-
iconográfico +
iconográfico,
significado
expressivo
Ato de
cortesia,
demonstração
de educação,
etc.
SOBRE Transporte urbano, São
Paulo, Rio Tietê,
arquitetura,
urbanização, etc.
43
Figura 6 – Classes da Indexação
Fonte: Sistematização elaborada pela autora baseada em GIL LEIVA; FUJITA (2012, p. 85-88)
Para o universo dos filmes, os itens representados na figura acima mudam e
configuram-se de acordo com Cordeiro e Amâncio (2005, p. 92) que em seu artigo
sobre análise e representação de filmes as elencam da seguinte forma: Principais
agentes, formas de expressão, espaço e tempo da narrativa, como ela se desencadeia
(sua estrutura), gênero, referência histórica, temas abordados, sinopse, e informações e
documentos referentes ao filme. Collison ([1972]) também traz abordagem quanto aos
elementos que devem ser analisados e indexados no filme. A seguir uma comparação
entre as abordagens de Cordeiro e Amâncio (2005) e Collison ([1972]), em que é clara
a percepção de maior nível de abrangência dos elementos levantados por Cordeiro e
Amâncio (2005):
INDEXAÇÃO
TEMÁTICA
Palavras-chave;
Descritores temáticos;
Cabeçalhos de assunto
INDEXAÇÃO
DE LUGAR
Descritores de lugar;
Cabeçalhos de lugar
INDEXAÇÃO
DE TEMPO
Datas;
Descritores cronológicos
INDEXAÇÃO
DE NOMES
PRÓPRIOS
Nomes próprios de
pessoas ou de objetos
44
Quadro 6 – Comparação entre elementos a serem analisados e indexados
Elementos de Cordeiro e
Amâncio (2005)
Elementos de Collison
([1972])
Principais Agentes Elenco; Produtor; Diretor
Formas de expressão -
Espaço da Narrativa -
Tempo da Narrativa -
Estrutura da Narrativa -
Gênero -
Temas -
Sinopse Sinopse
Informações referentes ao filme Lugar e data de publicação;
fabricante ou estúdio;
Largura; Comprimento;
positivo ou negativo;
silencioso; sonoro.
Fonte: Sistematização realizada pela autora baseada em Cordeiro; Amâncio (2005, p. 92); Collison
([1972], p. 114-116).
Alguns desses elementos também são utilizados pelo “FIAF Moving Image
Cataloguing Manual” –ferramenta de descrição de filmes criada pela FIAF. Além de dar
conta da descrição de título, série, elenco, créditos, entre outros, o manual abarca a
descrição das manifestações do filme, como documentos e outros materiais que
envolvem desde sua produção até seu lançamento. Outro documento produzido pela
FIAF é o “Indexing Rules”. Ele apresenta uma orientação para indexação e resumo de
filmes, também levando em conta os documentos produzidos desde o processo de
filmagem até o produto final.
Ainda inserido no âmbito dessas questões, há de se levar em conta o
espectador/usuário. Está cada vez mais perceptível o fato de haver uma evolução
45
justamente na preocupação com o espectador. Como prova disso, tem-se o exemplo do
estúdio Paramount Pictures – um dos principais estúdios de cinema da atualidade – que
realiza uma prévia dos filmes que são produzidos com espectadores selecionados. E
dependendo da opinião deles após assistir o filme, o roteiro é modificado e as cenas
são regravadas antes do filme ser vendido para os cinemas8.
Nesta perspectiva, contata-se o quão crucial é para o indexador pensar se o
modo como ele está interpretando aquele determinado filme está convergindo com a
maneira que o espectador/usuário produz sentido na recepção da narrativa. A
dificuldade em tornar esses “dois mundos” confluentes é devido a cada pessoa ser
única – tanto no sentido científico como romântico da fala -, e como consequência, ter
uma interpretação diferente do mesmo material a ser analisado.São fatores sociais,
culturais e até psicológicos que influenciam nas duas vertentes.
Assim, da simples ilusão de movimento a toda uma gama complexa de emoções, passando por fenômenos psicológicos, como a atenção ou a memória, o cinema é feito para dirigir-se ao espírito humano, imitando seus mecanismos: falando psicologicamente, o filme não existe nem na película nem na tela, mas somente no espírito que lhe proporciona sua realidade. (MARIE, 2012, p. 225).
Destarte, os conceitos até então levantados foram utilizados na construção do
instrumento de pesquisa e aplicados no campo empírico e apresentam-se de suma
importância para a indexação de filmes.
8 Informe de divulgação do 100º aniversário do estúdio Paramount Pictures (2012).
46
5 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
Os procedimentos metodológicos que serão relatados nesta seção referem-se a
pesquisa bibliográfica - que serviu de aporte para o embasamento teórico – e a
pesquisa de campo – para fins de conhecimento prático da teoria levantada neste
estudo.
5.1 PESQUISA BIBLIOGRÁFICA
No levantamento bibliográfico foram consultados livros, artigos de periódicos,
monografias de conclusão de curso da Biblioteca Central do Gragoatá (BCG) da
Universidade Federal Fluminense (UFF) no período de março a outubro de 2015. Como
o tema “Diretrizes para análise documentária e indexação de filmes” não é muito
trabalhado utilizou-se como mecanismo de busca as seguintes palavras-chave: análise
documentária, representação documentária, representação temática, indexação, filmes,
documentos audiovisuais, imagem em movimento e análise de filmes.
O que não pôde ser encontrado na BCG foi procurado em periódicos online e
bases de dados, que em sua maioria, foram da área de Biblioteconomia e Ciência da
Informação. São elas: Datagramazero, Ciência da Informação, Perspectivas em Ciência
da Informação, Informação& informação, Ponto de Acesso, Transinformação e na Base
de Dados Referencial de Artigos e Periódicos em Ciência da Informação (BRAPCI). Já
as teses e dissertações utilizadas neste estudo foram encontradas através da Biblioteca
Digital Brasileira de Teses e Dissertações (BDTD) do Instituto Brasileiro de Informação
em Ciência e Tecnologia (IBICT) cujo objetivo é reunir a produção acadêmica de teses
e dissertações do país.9
Após levantar os principais conceitos que envolvem a temática deste estudo e
9 Mais informações sobre o BDTD encontram-se disponíveis na página:
<http://bdtd.ibict.br/vufind/Contents/Home?section=what>. Acesso em: 3 ago. 2015.
47
trabalhá-los nas seções anteriores, houve a necessidade de conhecer o que é realizado
na prática. Para tanto, foi aplicado um roteiro de entrevista (apêndice) que em sua
elaboração teve como subsídio os conceitos levantados a partir da literatura.
Como campo empírico para aplicar o roteiro de entrevista, foi escolhida a
Cinemateca Brasileira, a área de Imagens em Movimento do Arquivo Nacional (AN) e
Cinemateca do Museu de Arte Moderna (MAM) do Rio de Janeiro. Depois de visitar e
colher as informações (no caso da Cinemateca como explicado anteriormente só foi
possível a coleta de dados através de seu site e de seus manuais) será possível
entender acerca do funcionamento das atividades de indexação nessas Unidades.
5.2 PESQUISA DE CAMPO
Com o intuito de conhecer a maneira como os filmes estão tendo seu conteúdo
representado, necessita-se da pesquisa em campo empírico que trouxe experiência a
este estudo frente a algumas bases teóricas aqui levantadas através da literatura.
As instituições pesquisadas foram a Cinemateca Brasileira, o Arquivo Nacional
(AN) e a Cinemateca do Museu de Arte Moderna (MAM) do Rio de Janeiro que
possuem acervo fílmico e são entidades representativas na área - por isso a sua
escolha. Nessas localidades, foi aplicado um roteiro de entrevista a fim de coletar os
dados acerca de como são realizadas as atividades de Análise Documentária dos
filmes. Com exceção da Cinemateca Brasileira em que não foi possível a visita técnica
e aplicação do roteiro de entrevista pelos motivos mencionados na introdução. Para
responder os questionamentos do roteiro neste caso, utilizou-se o Manual de
Catalogação de Filmes (2002), o Manual de Manuseio de Películas Cinematográficas
(2006) e informações disponíveis através do site da Cinemateca Brasileira.
A discussão dos resultados e análise dos dados coletados na aplicação do roteiro
de entrevista no que tange às perguntas sobre o tratamento temático dos filmes será
feita na seção a seguir. Nesta, o objetivo é uma breve contextualização destas
unidades a partir dos dados levantados nos sites de cada instituição e da primeira parte
48
do roteiro da entrevista, das questões de 1 a 6, que indagam sobre informações
relativas à formação do acervo, o tipo de material, o quantitativo, os procedimentos
rotineiros, a organização física do material e o perfil dos usuários.
5.2.1 Cinemateca Brasileira
Atualmente com sede em São Paulo, a Cinemateca Brasileira é o órgão
responsável por preservar o material audiovisual produzido em âmbito nacional e
difundir todo esse patrimônio documental de imagens em movimento que retratam o
passado e o presente do país. (CAMARGO, 2003, p. 143). Ou seja, é uma instituição
cujas práticas, em sua grande maioria, estão voltadas para o tratamento dos filmes,
pois foi criada com o intuito de divulgar e desenvolver a arte cinematográfica do país.
Possui em seu cerne a preocupação de propiciar o acesso, a recuperação e a
disseminação de suas obras. As informações a seguir foram coletadas a partir de seu
site10.
Seu acervo – adquirido por doação ou depósito legal - possui cerca de 200 mil
rolos de filmes, que correspondem a 30 mil títulos. Quando o material chega à
Cinemateca, é preenchido um formulário que além das informações básicas como título,
bitola (largura da película em milímetros), número de rolos que compõem, é preciso
descrever sobre a composição da película e seu estado de conservação, pois o filme
será armazenado em local compatível com seu estado e composição a partir destes
dados (CINEMATECA BRASILEIRA. Imagens em movimento, 2015). Os demais
procedimentos seguem o Manual de Manuseio de Películas Cinematográficas (2006)
elaborado pela Cinemateca para instruir seus profissionais na preservação do material.
As atividades de restauração, limpeza e reparos dos filmes são realizadas pelo
Laboratório de Restauro da Cinemateca Brasileira.
No acervo, há materiais de ficção, documentários, cinejornais, filmes publicitários
e registros familiares, nacionais e estrangeiros. Em 1985, a cinemateca recebeu a
10
Disponível em: <http://www.cinemateca.gov.br/>. Acesso em: 14 abr. 2015.
49
coleção de imagens da antiga TV Tupi. Ela abarca também quatro núcleos que
possuem em seu acervo diferentes materiais acerca do Cinema mundial e nacional:O
Centro de Documentação que abarca a Biblioteca Paulo Emilio Salles Gomes, os
Arquivos Pessoais e Institucionais, o Laboratório Fotográfico e a Filmografia Brasileira.
Cada núcleo desses possui uma base de dados diferente para pesquisa, mas que
possuem interface parecida (CINEMATECA BRASILEIRA. Imagens em movimento,
2015).
A Biblioteca Paulo Emilio Salles Gomes possui um acervo de livros, periódicos,
catálogos, textos acadêmicos, folhetos, cartazes de filmes, certificados de censura e
outros documentos acerca da área de Cinema. São também preocupados com o estado
desse material, por isso são desenvolvidas atividades de conservação preventiva e
restauração de livros e documentos do acervo (CINEMATECA BRASILEIRA. Livros e
Documentos, 2015).
O setor de Arquivos Pessoais e Institucionais abriga todo o material referente aos
críticos de cinema, cineastas, atores e pesquisadores da área e também da própria
instituição. Também há a preocupação em manter o bom estado físico do papel
conservando-o e quando necessário levando para restauração (CINEMATECA
BRASILEIRA. Arquivos pessoais e Institucionais, 2015).
O Laboratório fotográfico possui em seu acervo negativos, placas de vidro,
fotografias de filmes brasileiros, filmes estrangeiros, e fotografias de personalidades e
eventos ligados ao Cinema, ou qualquer outro material fotográfico que tenha ligação
com o Cinema nacional (CINEMATECA BRASILEIRA. História, 2015).
E por último, a Filmografia Brasileira caracteriza-se por abrigar todas as
informações e materiais sobre a produção cinematográfica nacional. Ela é uma base de
dados que além de descrever o acervo disponível na Cinemateca (sendo longas11 – ou
curtas12), registros de filmes domésticos e cinejornais nacionais. Ou seja, essa base
também torna acessível para todos as informações sobre produtos da área audiovisual
11
“[...] um filme com duração equivalente a quatro ou mais rolos em 35mm de 300m/1000 pés (ca. 40 min” (FIAF, 2012). 12
“[...] um filme com duração equivalente a não mais de três rolos em 35mm de 300m/1000 pés (ca. 40 min)”(FIAF, 2012).
50
brasileira que não fazem parte do acervo (CINEMATECA BRASILEIRA. Filmografia
Brasileira, 2015).
A organização do acervo é da seguinte forma: um código é gerado composto pela
numeração de entrada do filme somado às siglas do quadro abaixo:
Quadro 7 – Siglas de materiais fílmicos
Fonte: Cinemateca Brasileira (2002, p. 13).
Em relação à disposição do acervo na estante, o Manual de Manuseio de
Películas Cinematográficas (2006) orienta que sejam empilhadas no máximo dez latas
na horizontal e que o os filmes sejam agrupados principalmente de acordo com sua
composição.
Sobre o perfil dos usuários, o Manual de Catalogação da Cinemateca (2002, p.
38-39) elenca 6 “beneficiários”: A administração do arquivo, os depositantes, o
programador do arquivos, o pesquisador especialista na área de Cinema e Audiovisual,
produtores de evento e o público em geral, como estudantes de qualquer área, fãs,
entre outros.
51
5.2.2 Arquivo Nacional – área de Imagens em Movimento
O setor de Imagens em movimento do Arquivo Nacional é responsável por
preservar documentos audiovisuais que registram a história e a cultura do país. Seu
acervo é composto por Cinejornais da Agência Nacional, documentários, parte do
acervo da TV tupi, filmes publicitários, familiares, entre outros. Seus principais usuários
são produtores de cinema e TV. Estes dados foram coletados a partir das respostas do
roteiro de entrevista aplicado no Setor de Imagens em Movimento do Arquivo Nacional
que foi respondido pelo arquivista Antonio Laurindo dos Santos Neto.
A maior parte do acervo é adquirida por depósito e outra parcela por regime de
comodato. São cerca de 40 mil películas e 6 mil fitas e discos que estão registradas e
podem ser consultadas no banco de dados Sistema de Informações do Arquivo
Nacional, o SIAN. Esse sistema possibilita que as informações sejam encontradas
[...] em até cinco níveis de detalhamento (níveis de descrição), entre títulos e códigos de referência, dimensões, datas, produtores, históricos, procedências, conteúdo geral, autorias, condições de acesso, indicações de instrumentos de pesquisa disponíveis na Sala de Consultas, entre outros.
13
Além do mais, o SIAN descreve
[...]informações acerca dos seus fundos arquivísticos. Nos últimos anos, além das informações, cópias digitais de uma pequena parcela dos documentos (geralmente documentos textuais e iconográficos) passaram a ser concedidas para acesso por meio do SIAN. (SANTOS NETO; CORDEIRO, 2015, p. 51).
O sistema é baseado na Norma Brasileira de Descrição Arquivística (NOBRADE)
organizado por fundos e descrição multinível e quanto aos arquivos audiovisuais,
possui campo para descrever o estágio de tratamento, as condições de acesso e
reprodução e informação caso o material esteja disponível em outra instituição. O
Sistema de Informações do Arquivo Nacional (SIAN) também gera um código de
classificação automático, e dessa forma podem ser encontrados na estante.
A preocupação com a preservação desses documentos audiovisuais é um ponto
forte do setor. Para tanto, as películas são periodicamente revisadas por setor
13
Disponível em: <http://www.an.gov.br/sian/inicial.asp>. Acesso em: 26 fev. 2016.
52
especializado e diagnosticadas pelo estado de conservação. Caso haja necessidade, o
material é transferido para depósitos específicos ou então, se o nível de degradação
estiver avançado, é digitalizado.
5.2.3 Cinemateca do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro
No princípio, o Museu de Arte Moderna foi criado somente para expor os
movimentos artísticos, isto é, ele não teria acervo. O mesmo foi pensado para a sua
cinemateca cujo objetivo inicial era somente exibir os filmes. Com o passar dos anos,
esse cenário configurou-se da seguinte forma:
A história da Cinemateca compreende um vasto número de iniciativas em termos de mostras, festivais, programas itinerantes, programação de salas comerciais, apoio à produção e finalização de filmes, coleta, conservação, recuperação e restauração de títulos brasileiros e estrangeiros, cursos, atendimento a pesquisas, principalmente de graduação e pós-graduação, realização de exposições documentais, colóquios, encontros, seminários e debates, formação de platéias e desenvolvimento de projetos pedagógicos, sem falar em pré-estreias de filmes, lançamento de livros, exibição de filmes silenciosos acompanhados de música ao vivo e performances interativas.
14
Dessa forma, a cinemateca do MAM passou a ser uma instituição também preocupada
com a preservação da memória audiovisual do país. As informações adiante referentes
a composição do acervo foram coletadas a partir do roteiro de entrevista aplicado em
visita técnica à Cinemateca com o conservador Hernani Heffner.
O acervo é formado por 80% de depósito. O restante do percentual se divide em
doação e permuta, além de produção de cópia de originais. São cerca de 80 mil rolos
de filmes, 40 mil VHS, 10 mil DVDs, 7 mil fitas e 10 TB de arquivos digitais, divididos
entre matrizes e cópias. O perfil de seus usuários abrange a área de cinema e
audiovisual e eventualmente historiadores. Quanto à classificação e organização nas
estantes do acervo fílmico utilizam as mesmas siglas que estão no quadro 7 da página
50 deste estudo, retirado do Manual de Catalogação da Cinemateca Brasileira (2002, p.
14
Texto escrito pelo Conservador da Cinemateca do MAM Hernani Heffner, retirado do site do Museu de Arte Moderna, disponível em: <http://mamrio.org.br/museu_cinemateca/apresentacao/>. Acesso em: 22 jan. 2016.
53
13), a seguir exemplos daquelas que a Cinemateca do MAM mais utiliza: x- para
somente imagem; y- som; z- imagem e som; sp – safety positive (cópia de imagem em
acetato) somadas a uma numeração que para a cinemateca do MAM foi convencionada
de 20 a 30 mil.
A cinemateca possui além do acervo audiovisual uma biblioteca e um arquivo
documental. A biblioteca possui cerca de 10 mil itens sobre cinema e audiovisual. O
arquivo documental é mais numeroso, com 28 mil dossiês de publicidade e imprensa,
250 mil negativos e cópias de fotografias e cerca de 22 mil cartazes de filmes e
eventos. Não possuem base de dados e por isso os materiais são descritos, em
planilhas do Excel. Isso ocorre, pois, pelo fato de a Cinemateca não possuir recursos
financeiros e funcionários o suficiente para suprir esse tipo de demanda.
54
6 RESULTADOS
Nesta seção, são apresentados os resultados dos dados coletados através do
roteiro de entrevista aplicado na Cinemateca do MAM no dia 25 de janeiro de 2016 e na
área de Imagens em Movimento do AN no dia 11 de fevereiro de 2016. A partir desse
instrumento de pesquisa (entrevista) e da visita pôde-se ter a noção de como o
tratamento temático dos acervos audiovisuais vem sendo feito nestas instituições. Os
esquemas abaixo sistematizam as respostas das três instituições e inicia-se a
discussão a partir da pergunta número 7, pois as anteriores foram subsídios para
contextualizar as instituições na seção anterior deste trabalho.
A pergunta inicial desta segunda parte, indaga sobre as fontes bibliográficas ou
eletrônicas que descrevem o acervo. As respostas foram as seguintes:
7)Possui alguma fonte bibliográfica ou eletrônica que descreva o acervo?
Cinemateca Brasileira Cinemateca MAM Setor Imagem e Movimento
AN
Sim, seu endereço eletrônico
que disponibiliza as bases de
dados.
Sim, mas não é de livre acesso. O material é descrito em planilhas do Excel.
Sim, o SIAN (não possui catálogo físico).
O site da Cinemateca Brasileira é de fácil uso e possui várias informações - fato
esse que contribuiu muito para este estudo. E apesar de não ter sido realizada visita
técnica, a partir da consulta a ele e a outros materiais elaborados pela Cinemateca foi
possível ter a noção do funcionamento global da instituição como seu histórico, acervo,
atividades entre outros dados preponderantes para esta pesquisa.
A Cinemateca do MAM enfrenta muitas dificuldades que vão desde a falta de
pessoal até a ausência de recursos financeiros para que possam ter, por exemplo, uma
base de dados, um endereço eletrônico mais completo. Assim, a descrição do material
é preenchida em tabelas do Excel e disponíveis somente para funcionários.
Já o acervo fílmico do AN está descrito e disponível pelo SIAN e mais adiante
serão expostas as características da base quanto sua forma de pesquisa.
55
A próxima questão preocupa-se em descobrir se ao analisar o conteúdo do filme,
o analista-indexador baseia-se no próprio filme, leva em conta também a demanda do
usuário ou abarca as duas concepções. As respostas se coincidiram:
8)A indexação é feita com base no conteúdo filme, na demanda do usuário ou em ambas?
Cinemateca Brasileira Cinemateca MAM Setor Imagem e Movimento
AN
Com base no filme. Com base no filme. Com base no filme.
A indexação com base no conteúdo do filme foi ponto comum entre as três
instituições pesquisadas.Diferentemente, por exemplo, de uma biblioteca, o universo
dos arquivos de filmes estão mais preocupados na preservação do acervo, no material
propriamente dito, e o contato com os usuários é reduzido se comparado às bibliotecas.
Por isso, a importância de criar índices levando em consideração somente o filme.
O panorama dos arquivos audiovisuais em não trabalhar com as perspectivas dos
usuários se aproxima da abordagem tradicional que segundo Amaral (2013, p. 6) “[...]
direciona o foco para o produto, o serviço ou o sistema de informação, que são
avaliados praticamente desconsiderando aquele a quem se destinam, fosse o usuário
individual ou coletivo.”. Ainda nessa discussão, percebe-se claramente a abordagem da
indexação centrada no documento – conforme foi visto na seção “O filme, seus
aspectos e sua análise documentária”.
A pergunta a seguir elenca os elementos a serem indexados baseados em
Cordeiro; Amâncio (2005, p. 92) e questiona quais deles estão sendo analisados e
indexados nos filmes.
56
9)Quais elementos abaixo são indexados no filme? Em quais dos itens abaixo é realizado o controle terminológico? Caso positivo, informe o critério. ( ) Atores. ( ) Diretor (es). ( ) Enquadramento da câmera. ( ) Espaço. ( ) Ficha técnica resumida. ( ) Forma de apresentação. ( ) Gancho temporal (evento histórico). ( ) Gênero. ( ) Personagens. ( ) Produtor (es). ( ) Registro temporal (data cronológica). ( ) Seleção de imagens relevantes do filme. ( ) Sinopse. ( ) Temas apresentados na narrativa do filme. ( ) Título do filme. ( ) Trilha sonora. ( ) Outros: ____________________________________.
Cinemateca Brasileira Cinemateca MAM Setor Imagem e Movimento
AN
Atores, enquadramento da
câmera, ficha técnica
resumida, gancho temporal,
gênero, produtores, registro
temporal, sinopse, temas,
título, data de lançamento,
registro legal e país de origem
e depositante (pessoa ou
entidade que depositou o
filme na Cinemateca).
Título do filme, data e
material.
Atores, diretores, espaço, gênero, produtores e temas apresentados.
Como visto, de acordo com o Manual de Catalogação de Filmes (2002),a
Cinemateca Brasileira abrange quase todos os elementos dispostos na questão. O
Setor de Imagem e Movimento do AN é mais simplificado se comparado à Cinemateca
Brasileira. E mais uma vez, devido à falta de equipe e recursos, a Cinemateca do MAM
realiza tratamento simples e descreve somente o título do filme, data e a composição da
película.
57
Outro ponto preponderante na condensação do conteúdo dos filmes é a
elaboração de resumos. A questão a seguir indaga sobre quais tipos de resumos são
feitos na instituição - baseado em Lancaster (2004):
10)Qual das seguintes condensações são realizadas no filme? ( ) Resumo indicativo. ( ) Resumo informativo. ( ) Resumo estruturado. ( ) Outros.
Cinemateca Brasileira Cinemateca MAM Setor Imagem e Movimento
AN
( x ) Outros: Sinopse. A Cinemateca do MAM não
elabora resumos, pois
consideram que eles são
facilmente encontrados na
internet.
( x ) Outros: Resumo é livre.
A sinopse/resumo elaborada pela Cinemateca Brasileira possui uma estrutura
simples, como será abordada na próxima questão. Apesar dessa estrutura simples,
especificamente para filmes de ficção, acrescenta-se o enredo e os personagens na
sinopse. A Cinemateca do MAM não julga necessária a elaboração de resumos, pois,
como respondido anteriormente, consideram esse tipo de condensação de fácil acesso
na internet, como por exemplo, através do Internet Movie Database (IMDb)15, base de
dados de online que contém informações (trailer, sinopse, elenco, produção, etc.)
sobre os filmes e cinema. Já o Setor de Imagem e movimento do AN elabora resumos
livremente, com exceção das películas sobre esportes como será apresentado na
questão a seguir sobre os procedimentos a serem seguidos na elaboração de resumos.
15
Disponível em: <http://www.imdb.com/?ref_=nv_home>. Acesso em: 26 fev. 2016.
58
11)Qual é o procedimento ou o critério levando em consideração para a realização do resumo citado na pergunta anterior? Existe alguma norma?
Cinemateca Brasileira Cinemateca MAM Setor Imagem e Movimento
AN
A Cinemateca utiliza o termo
“Sinopse” como sinônimo de
“Resumo” e elabora-os de
acordo com a seguinte ordem:
quem faz o quê, quando, onde
e como de maneira simples e
objetiva.
Não elabora resumos. Basicamente, o resumo é livre. Existe um modelo a ser seguido dependendo do assunto do filme, por exemplo, se for sobre esportes o resumo deverá seguir a seguinte ordem: nome da modalidade e depois quais as equipes aparecem no filme, o placar, onde foi realizado o jogo.
O procedimento adotado pela Cinemateca Brasileira além de nortear o analista-
indexador impede que resumos muito longos sejam feitos. Somente no caso dos filmes
de ficção que são mais ricos em conteúdos, há a necessidade e a possibilidade de
acrescentar mais itens na regra acima. E no Setor de Imagem e Movimento do AN, a
necessidade de estruturar um resumo dos filmes sobre esportes ocorreu por diversas
inconsistências na descrição. A equipe ao analisá-los discutiu a melhor ordem de
apresentação das informações sobre o conteúdo do filme e as segue para facilitar a
busca.
A próxima pergunta refere-se aos instrumentos que a instituição usa para
subsidiar e padronizar as atividades de descrição da forma e do conteúdo dos filmes, e
a questão subsequente pretende descobrir se esses instrumentos foram construídos
baseados nos princípios apresentados na seção “Análise Documentária e Indexação:
algumas abordagens” deste estudo:
59
12)Quais instrumentos são utilizados para a descrição e a indexação dos filmes? ( ) Vocabulário Controlado. ( )Tesauro. ( )AACR2r. ( ) ABNT. ( )ISAD(G). ( ) NOBRADE ( ) FIAF
Cinemateca Brasileira Cinemateca MAM Setor Imagem e Movimento
AN
Possui Vocabulário
Controlado de Descritores
Temáticos da Cinemateca
Brasileira e Manual de
Catalogação de filmes. Ambos
possuem embasamento nas
principais regras das
publicações da FIAF.16
A descrição e a indexação
são básicas.
Utiliza o Vocabulário
Controlado do Arquivo
Nacional para a indexação e a
NOBRADE para a descrição.
13)A escolha dos termos de indexação está apoiada em quais princípios ou linguagem documentária verbal ?
Cinemateca Brasileira Cinemateca MAM Setor Imagem e Movimento
AN
Essa informação não foi
encontrada.
Não utiliza. Não possui essa informação.
Não foi possível o acesso aos Vocabulários Controlados das instituições que os
possuem (Cinemateca Brasileira e AN). Por isso, a resposta da questão número 13 não
foi contemplada. No entanto, é importante e imprescindível saber que essas duas
instituições apoiam-se nesses instrumentos para facilitar, aperfeiçoar e padronizar suas
atividades de tratamento temático e tratamento descritivo da informação. Mais uma vez,
a Cinemateca do MAM pelos motivos dispostos anteriormente nesta seção não utiliza
esses instrumentos.
A questão de número 14 indaga sobre a existência de uma Política de Indexação
formalizada:
16
Moving Image Cataloguing Manual (2014), P. I. P. Indexing Rules (2010) e The FIAF cataloguing rules for film archives (1991).
60
14)Existe política de indexação formalizada? ( ) Sim. ( ) Não.
Cinemateca Brasileira Cinemateca MAM Setor Imagem e Movimento
AN
O Manual de Catalogação
apresenta regras para a
elaboração de descritores
temáticos.
Não. Não.
Como resultado, tem-se que a Cinemateca Brasileira foi o único órgão que se
preocupou em formalizar através de Manuais seus procedimentos rotineiros. Percebe-
se na leitura deles e na visita ao site que a instituição procura deixar bem clara e
disponível para todos as informações concernentes a ela.
A pergunta a seguir depende da resposta positiva da questão número 14:
15)Se sim, foi realizado algum estudo de usuário para ajudar em sua construção?
Cinemateca Brasileira Cinemateca MAM Setor Imagem e Movimento
AN
Essa informação não foi
encontrada.
________ ________
Ainda que a Cinemateca Brasileira tenha seus procedimentos formalizados, não
foram encontrados registros para provar que a instituição tenha feito algum estudo de
usuários. No entanto, no Manual de Catalogação de Filmes (2002, p. 38-39) foram
elencados tipos de “beneficiários” e infere-se que para tomar conhecimento acerca
desses consulentes foi realizado algum estudo.
Ainda preocupada com a Política de Indexação, a questão 16 procura saber se
algum parâmetro é utilizado na atividade. Como só a Cinemateca Brasileira possui
Política formalizada, na questão a seguir tem-se somente a sua resposta:
61
16)Na política de indexação qual parâmetro é utilizado? ( ) Exaustividade. ( ) Especificidade.
Cinemateca Brasileira Cinemateca MAM Setor Imagem e Movimento
AN
Especificidade. ________ ________
Não só na indexação como também em toda descrição foi perceptível que a
Cinemateca Brasileira procura ser bem objetiva e simples. Mas sempre, é claro,
tentando abranger as principais informações sobre o filme.
A última questão do roteiro de entrevista procura entender como é feita a pesquisa
nas bases de dados e nos catálogos das instituições.
17)Como é realizada a busca (pontos de acesso) dos filmes nos catálogos ou demais índices?
Cinemateca Brasileira Cinemateca MAM Setor Imagem e Movimento
AN
A cinemateca possui três
bases de dados e seus pontos
de acesso serão destacados
nas figuras abaixo.
O catálogo físico possui três pontos de acesso: 1-Produtor(detentor de direitos); 2- Título da obra – descrição física de materiais; 3-Autor – Diretor do filme, roteirista.
Pesquisa multinível e ir pelos
fundos ou pesquisa livre e
escolher o nível de descrição.
As figuras a seguir ilustram as
possibilidades.
A Cinemateca do MAM só possui catálogos em ficha, como visto na resposta
acima.
A Cinemateca Brasileira, como visto anteriormente, possui três bases de dados
principais. As figuras em seguida demonstram os desdobramentos de cada base e os
pontos de acesso específicos da pesquisa avançada em cada uma delas. Não caberá
neste estudo discutir cada ponto de acesso. O intuito em exemplificá-los é mostrar as
possibilidades de busca para comprovar que a instituição está preocupada em facilitar a
pesquisa do usuário, delimitando bem seus campos. A primeira base é a Base da
Filmografia Brasileira e de acordo com a figura a seguir possui os seguintes campos:
62
Figura 7 – Pontos de Acesso da Base “Filmografia Brasileira”
Fonte: Filmografia Brasileira. Disponível em: <http://www.cinemateca.gov.br/cgi-
bin/wxis.exe/iah/?IsisScript=iah/iah.xis&base=FILMOGRAFIA&lang=p>. Acesso em: 26 fev. 2016.
63
A segunda base de dados é a do Centro de documentação que se desdobra nos
seguintes catálogos:
Catálogo da Biblioteca (Figura 8);
Catálogo de Blu-Ray, DVD e VHS (Figura 9);
Cartazes de Filmes e de Eventos (Figura 10);
Arquivos Pessoais e Institucionais (Figura 11);
Coleção de Periódicos (Figura 12); e
Salas de cinema de São Paulo (1895-1929) (Figura 13).
As figuras a seguir exemplificam a busca em cada um deles:
Figura 8 - Pontos de Acesso da Base “Centro de Documentação”. Catálogo da
Biblioteca
Fonte: Catálogo da Biblioteca. Disponível em: <http://www.cinemateca.gov.br/cgi-
bin/wxis.exe/iah/?IsisScript=iah/iah.xis&base=CATALOGO&lang=p>. Acesso em: 26 fev. 2016.
64
Figura 9 - Pontos de Acesso da Base “Centro de Documentação”. Catálogo do Acervo
VHS, DVD e Blu-ray do Centro de Documentação e Pesquisa
Fonte: Acervo VHS, DVD e Blu-ray do Centro de Documentação e Pesquisa. Disponível em:
<http://www.cinemateca.gov.br/cgi-bin/wxis.exe/iah/?IsisScript=iah/iah.xis&base=VDB&lang=p>. Acesso
em: 26 fev. 2016.
Figura 10 - Pontos de Acesso da Base “Centro de Documentação”. Catálogo de
Cartazes de Filmes e Eventos
Fonte: Catálogo de Cartazes de Filmes e Eventos. Disponível em: <http://www.cinemateca.gov.br/cgi-
bin/wxis.exe/iah/?IsisScript=iah/iah.xis&base=CARTAZES&lang=p>. Acesso em: 26 fev. 2016.
65
Os Arquivos Pessoais e Institucionais, por sua vez, abarcam o Guia dos Arquivos
Pessoais e Institucionais, e os Arquivos de Paulo Emilio Salles Gomes, Jean-Claude
Bernadet, Glauber Rocha e Pedro Lima e a Coleção Thomaz Farkas de livros sobre
fotografia. E em todas essas bases, os pontos de acesso se repetem, de acordo com a
figura abaixo:
Figura 11 - Pontos de Acesso da Base “Centro de Documentação”. Arquivos Pessoais e
Institucionais
Fonte: Arquivos Pessoais e Institucionais. Disponível em:
<http://www.cinemateca.gov.br/page.php?id=223>. Acesso em: 26 fev. 2016.
Na base de periódicos a pesquisa é simples, conforme figura abaixo:
Figura 12 - Pontos de Acesso da Base “Centro de Documentação”. Catálogo de
Periódicos
Fonte: Coleção de Periódicos. Disponível em: <http://www.cinemateca.gov.br/cgi-
bin/wxis.exe/iah/?IsisScript=iah/iah.xis&base=PERI&lang=p>. Acesso em: 26 fev. 2016.
66
Se comparado as bases anteriores, os pontos de acesso de pesquisa das Salas
de Cinema de São Paulo são bem mais extensos e variados, conforme demonstram as
figuras abaixo:
Figura 13 - Pontos de Acesso da Base “Centro de Documentação”. Salas de cinema de
São Paulo (1895-1929)
Fonte: Salas de cinema de São Paulo (1895-1929). Disponível em: < http://www.cinemateca.gov.br/cgi-
bin/wxis.exe/iah/?IsisScript=iah/iah.xis&base=PERI&lang=p>. Acesso em: 26 fev. 2016.
67
E por último a Base de dados sobre o acervo audiovisual da TV Tupi:
Figura 14 - Pontos de Acesso da Base “Acervo Audiovisual Jornalístico da TV Tupi
Fonte: Resgate do Acervo Audiovisual Jornalístico da TV Tupi. Disponível em:
<http://www.cinemateca.gov.br/cgi-bin/wxis.exe/iah/?IsisScript=iah/iah.xis&base=TUPI&lang=p>. Acesso
em: 26 fev. 2016.
No Setor de Imagem e movimento do AN, a pesquisa realizada através do SIAN
pode ser feita a partir das seguintes formas:
Pesquisa Multinível: navega pela hierarquia dos níveis de descrição dos fundos e coleções, associados ou não às instituições que os custodiam. Pesquisa Livre: busca por termos presentes em campos-texto dos registros, associando-os ou não aos respectivos níveis de descrição e à data. Pesquisa Avançada: busca informações por campos específicos, optando-se por até quatro elementos combinados.
17
17
Informações retiradas do SIAN, disponível em: <http://www.an.gov.br/sian/inicial.asp>. Acesso em: 26 fev. 2016.Grifo nosso.
68
Na pesquisa Multinível a possibilidade de pesquisa é através do título e do código
de referência, assim como demonstra a figura abaixo:
Figura 15 - Pontos de Acesso da Base SIAN. Pesquisa Multinível
Fonte: SIAN. Disponível em: <http://www.an.gov.br/sian/inicial.asp>. Acesso em: 26 fev. 2016.
Na pesquisa livre, pode-se inserir qualquer termo com a possibilidade de escolher
todos os níveis ou realizar a pesquisa por Fundo, Seção, Subseção, Série e Subsérie,
Dossiê, Item, do Fundo à Subsérie e do Dossiê e item juntos, de acordo com a figura
abaixo:
69
Figura 16 - Pontos de Acesso da Base SIAN. Pesquisa Livre
Fonte: SIAN. Disponível em: <http://www.an.gov.br/sian/inicial.asp>. Acesso em: 26 fev. 2016.
A pesquisa avançada é bem detalhada. Possui além dos níveis descritos na
Pesquisa Livre, a possibilidade de pesquisa por Entidade, Campo (desdobra-se em
Procedência, Produtor, Condição de Reprodução, Localização de Originais, Outros
detentores e Indicação de responsabilidade), Referência Bibliográfica, Termos de
Indexação, Responsabilidade, Cargo, Gênero, Espécie, Formato, Forma de Escrita,
Idioma, Estado de conservação, Estágio de tratamento, Título, código de referência e
localidade. Esses campos podem ser vistos na figura a seguir:
70
Figura 17 - Pontos de Acesso da Base SIAN. Pesquisa Avançada
Fonte: SIAN. Disponível em: <http://www.an.gov.br/sian/inicial.asp>. Acesso em: 26 fev. 2016.
71
Portanto, conforme com o que foi visto nas respostas das questões do roteiro de
entrevista aplicado foi possível a percepção de que alguns elementos aqui levantados
no embasamento teórico não são contemplados na descrição do conteúdo. No entanto,
esse fato não tira o prestígio das instituições em salvaguardar o patrimônio audiovisual
do país, que preocupadas com isso foram capazes de lançar mão de técnicas de
indexação utilizadas na Biblioteconomia e Ciência da Informação para tornar os
conteúdos dos filmes acessíveis.
72
7 CONCLUSÃO
Contata-se a partir da pesquisa de campo que a principal preocupação das
instituições que possuem acervo fílmico em seu escopo refere-se à preservação do
material audiovisual. Esse fato se justifica pela composição das películas que possuem
componentes que se expostos a umidades e temperaturas inadequadas, se degradam
muito mais rápido se comparados à deterioração dos livros, por exemplo.
Um ponto forte que foi observado na ida a campo é a utilização dos principais
elementos dos filmes na indexação: atores, diretores, produtores, o espaço (local que
se passa a narrativa fílmica) e o tema apresentado no filme. Este uso converge com
aquilo que foi levantado na literatura, principalmente de acordo com os
questionamentos de Moreiro González e Robledano Arillo (2003) e Shatford (1986) e
alguns dos elementos mencionados por Cordeiro e Amâncio (2005).
A elaboração de resumos (ou sinopse, no caso da Cinemateca Brasileira) é uma
tarefa crucial que uma unidade deve realizar na descrição do conteúdo e esse tipo de
condensação é utilizado na Cinemateca Brasileira e no Arquivo Nacional. Seu uso é
imprescindível para fins de facilitar a seleção do filme desejado pelo usuário. E cabe
aqui rememorar que esse princípio de pensar em aperfeiçoar, melhorar a pesquisa dos
consulentes vai de acordo com a 4ª Lei de Ranganathan: poupe o tempo do leitor, neste
caso, do usuário (CAMPOS, 1999).
Outros elementos abordados nesta pesquisa como o som, a montagem, o
enquadramento da câmera não são utilizados na análise e tampouco na indexação das
instituições pesquisadas, assim como os documentos produzidos no processo de
elaboração do filme. Porém, há a preocupação em manter nos acervos, quando
existem, esses documentos e relacioná-los através das bases de dados para que sejam
também recuperados. Assim, acredita-se que esses elementos (som, montagem, etc.)
possam ser requeridos em situações bem específicas de busca, podendo em um futuro
surgir a necessidade das instituições começarem a pensar sobre a importância de
indexar esses elementos. Ainda nessa questão, foi notado – pelo menos nas
instituições pesquisadas neste estudo - que não há Política de Indexação formalizada -
fato que poderá acarretar em falhas na indexação dos itens, pois cada analista-
73
indexador fará a representação do conteúdo a sua maneira e muitas delas não tendo
como base os Princípios abordados na seção que discorre sobre algumas abordagens
da indexação, que são eles: Princípio da Margem de Segurança, Princípio do Acesso
Coletivo, Princípio da Coincidência e Princípio da Polirrepresentação.
Portanto, devido às questões levantadas sobre a análise e a condensação do
conteúdo das obras cinematográficas é possível afirmar que indexar um filme está
longe de ser uma tarefa simples. Espera-se que alguns dos elementos levantados neste
estudo possam auxiliar os profissionais para uma análise e indexação de qualidade e
mais completa. Pois, como resultado revela-se o panorama de que nem todos os
elementos e aspectos do filme elencados neste estudo a partir da literatura pesquisada
são levados em consideração na indexação das instituições.
E é importante que as unidades de informação de maneira geral interajam com
sua equipe, e desenvolvam uma Política de Indexação consistente, analisando se
realmente os aspectos do filme que não estão sendo contemplados na indexação
devem ficar de fora desse processo.
74
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APÊNDICE
Roteiro de Entrevista Este roteiro de entrevista é parte do trabalho de conclusão de curso da graduação de Biblioteconomia e Documentação da Universidade Federal Fluminense que será apresentado por Adrianne Oliveira de Andrade da Silva, com orientação da Professora Rosa Inês de Novais Cordeiro do Departamento de Ciência da Informação (UFF), Doutora em Comunicação e Cultura (UFRJ). Tem como finalidade compreender e identificar como o conteúdo dos filmes está sendo analisado, condensado e representado nas unidades de informação (arquivos, bibliotecas e cinematecas) e apontar os princípios de indexação estabelecidos.
Identificação: Gestor_____________________________________________________________
Formação __________________________________________________________
Nome da unidade de informação________________________________________
Endereço/ tel./e-mail:_________________________________________________
Data de realização da entrevista:________________________________________
1) Como é formado (depósito, compra, doação, permuta, etc) o acervo audiovisual? __________________________________________________________________ 2) Quais tipos de documentos constituem o acervo audiovisual (fitas, rolos, DVDs, curta, média, longa, etc) e o acervo impresso relacionado aos filmes (roteiros, cartazes, artigos de jornais , etc)? __________________________________________________________________ 3) Qual é tamanho/volume do acervo audiovisual?
__________________________________________________________________
4) Quais procedimentos são rotineiramente realizados na Cinemateca para a
preservação dos documentos audiovisuais depositados?
__________________________________________________________________ 5) Como é organizado acervo audiovisual (filmes, dvd)? __________________________________________________________________
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6) Qual o perfil do usuário? __________________________________________________________________ 7)Possui alguma fonte bibliográfica ou eletrônica que descreva o acervo?
__________________________________________________________________ 8)A indexação é feita com base no conteúdo filme, na demanda do usuário ou em ambas?
( ) Com base no filme. ( ) Na demanda do usuário. ( ) Ambas. ( )Outros.______________________________________________________ 9)Quais elementos abaixo são indexados no filme? Em quais dos itens abaixo é realizado o controle terminológico? Caso positivo, informe o critério. ( ) Atores. ( ) Diretor (es). ( ) Enquadramento da câmera. ( ) Espaço. ( ) Ficha técnica resumida. ( ) Forma de apresentação. ( ) Gancho temporal (evento histórico). ( ) Gênero. ( ) Personagens. ( ) Produtor (es). ( ) Registro temporal (data cronológica). ( ) Seleção de imagens relevantes do filme. ( ) Sinopse. ( ) Temas apresentados na narrativa do filme. ( ) Título do filme. ( ) Trilha sonora. ( ) Outros: __________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 10)Qual das seguintes condensações são realizadas no filme? ( ) Resumo indicativo. ( ) Resumo informativo. ( ) Resumo estruturado. ( ) Outros. ____________________________________________________
11)Qual é o procedimento ou o critério levando em consideração para a realização do resumo citado na pergunta anterior? Existe alguma norma? __________________________________________________________________
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12)Quais instrumentos são utilizados para a descrição e a indexação dos filmes? ( ) Vocabulário Controlado. ( )Tesauro. ( )AACR2r. ( ) ABNT. ( )ISAD(G). ( ) NOBRADE ( ) FIAF 13)A escolha dos termos de indexação está apoiada em quais princípios ou linguagem documentária verbal ? ____________________________________________________________________________________________________________________________________________ 14)Existe política de indexação formalizada? ( ) Sim. ( ) Não. 15)Se sim, foi realizado algum estudo de usuário para ajudar em sua construção? ( ) Sim. ( ) Não. 16)Na política de indexação qual parâmetro é utilizado? ( ) Exaustividade. ( ) Especificidade. 17)Como é realizada a busca (pontos de acesso) dos filmes nos catálogos ou demais
índices?
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ANEXO A – Imagens do Acervo da Cinemateca do MAM
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ANEXO B – Imagens do Acervo do Setor de Imagem e Movimento do AN
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