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UMA ANÁLISE SOBRE A
IMPLEMENTAÇÂO DE INDICADORES
DE SEGURANÇA DO TRABALHO NAS
OPERAÇÕES LOGÍSTICAS
Rubens Aguiar Walker (UNIGRANRIO)
rubens_walker@hotmail.com
Diany Alves Nascimento da Silva (UNIGRANRIO)
diany.tst@gmail.com
Sergio Baltar Fandino (UEZO)
sergiofandino@uezo.rj.gov.br
ALEXANDRE CAMACHO DA PAIXAO (CETIQT)
alexandrecpaixao@yahoo.com.br
Fernando Celso Garcia da Silveira (CETIQT)
fcgsilveira@yahoo.com.br
Este artigo apresenta a melhoria da gestão de saúde e segurança no
trabalho, com enfoque nas operações logísticas de uma indústria de
cimento. O foco é o Guia de Boas Práticas elaborado pela Iniciativa de
Sustentabilidade do Cimento (CSI). Esta iniciativa possui como uma de
suas chaves o gerenciamento de riscos de segurança e saúde nas
atividades logísticas. O projeto de segurança desenvolvido para o
alcance da meta do CSI e das ambições da empresa tem como
principal enfoque o comportamento seguro dos colaboradores. O
desenvolvimento do tema ocorreu a partir de uma pesquisa
bibliográfica do assunto, passando por uma abordagem do sistema de
gestão corporativo da empresa, mostrando as ferramentas e os meios
de controle administrativos e operacionais adotados e apresentando o
resultado já alcançado com as melhorias implementadas
Palavras-chave: Operações Logísticas, Segurança, Indicadores
XXXV ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Perspectivas Globais para a Engenharia de Produção Fortaleza, CE, Brasil, 13 a 16 de outubro de 2015.
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Fortaleza, CE, Brasil, 13 a 16 de outubro de 2015.
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1. Introdução
O presente artigo está restrito a uma pesquisa de campo e bibliográfica para acompanhamento
das atividades de segurança do trabalho e logísticas na indústria de cimento para observação
da aplicação dos métodos de gerenciamento dos riscos e análise da efetividade na redução das
perdas. Com base nas análises estatísticas das perdas dos últimos anos e análise das
atividades, foram definidos os principais riscos envolvidos e apresentados métodos eficazes
para gerenciá-los.
Atualmente a segurança do trabalho é um tema disseminado em todo o mundo, ultrapassando
fronteiras, mesmo que ainda em estágios diferenciados em cada cidade, estado, país ou
continente. Independentemente do porte da organização, este assunto é destaque na rotina de
qualquer empresa, pois cada vez mais se fala em responsabilidade social e bem estar dos
colaboradores e familiares.
Na indústria do cimento não ocorre de maneira diferente. Segundo o UNIFAL (2014), em
2007 e 2008, mais de 200 funcionários, empreiteiros e terceiros perderam a vida em acidentes
do trabalho envolvendo as operações logísticas da indústria do cimento no mundo. Números
considerados alarmantes.
Dados da Organização Internacional do Trabalho (OIT) relatam a ocorrência de mais de 2,02
milhões de mortes por enfermidades relacionadas ao trabalho. O que equivale a 1 óbito a cada
15 segundos devido a doença ou acidente relacionado ao trabalho. Ainda segundo a OIT,
entre as causas desses acidentes estão maquinário velho e desprotegido, tecnologia
ultrapassada, mobiliário inadequado, ritmo acelerado, assédio moral, cobrança exagerada e
desrespeito a diversos direitos. Assim, torna-se necessário priorizar ações e adotar políticas
mais contundentes para a prevenção dos fatores de risco de incidentes de trabalho.
O conjunto de medidas estudado busca melhorar os resultados em saúde e segurança através
de medidas simples e eficazes e uma alteração no comportamento que, conforme podemos
perceber nos motivos apresentados pela OIT, é um grande contribuinte para os acidentes e
doenças provenientes do trabalho.
2. Objetivos
Comparar o cenário vivido pela organização entre os anos de 2012 e 2013.
Apresentar o método utilizado para diminuição das perdas envolvendo atividades e operações
logísticas no Brasil.
Demonstrar a eficiência e a eficácia dos métodos utilizados para a diminuição das perdas
através de análise de indicadores.
3. Metodologia
De acordo com Gil (2002, p. 162) a metodologia deve descrever os procedimentos a serem
seguidos na realização da pesquisa. Sua organização irá variar de acordo com as
peculiaridades de cada pesquisa.
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O método de procedimento utilizado, que são as etapas mais concretas da investigação, é o
estudo de caso. (MARCONI & LAKATOS, 2003, p. 221). Aplicado no campo de engenharia
de segurança do trabalho voltada para operações logísticas realizadas em uma indústria de
cimento.
A primeira etapa do trabalho se deu através da realização de um diagnóstico preliminar de
segurança e saúde do trabalho em todas as fábricas, usinas e unidades de uma empresa
produtora de cimento, concreto e agregados no Brasil.
Para realização da coleta de dados, foram realizados levantamentos estatísticos das perdas em
todo o Brasil envolvendo a atividades e operações logísticas realizadas pelas fabricas, usinas e
unidades. Além de visitas as unidades para acompanhamento da forma de realização das
atividades.
A análise quantitativa ocorreu através de testes de correlação. Observou-se que determinadas
causas tinham relação direta com certas perdas ocorridas. Assim, foram elaboradas medidas
preventivas que mostraram eficácia na diminuição das perdas.
A delimitação do universo de pesquisa é o conjunto de seres animados ou inanimados que
apresentam pelo menos uma característica em comum”. (MARCONI & LAKATOS, 2003, p.
223). Assim, o universo de pesquisa são os colaboradores envolvidos nas atividades logísticas
da empresa em todo o Brasil.
4. Estudo de Caso
A empresa estudada é líder mundial em materiais de construção, com posições de destaque
em todas as suas atividades: Cimento, Concreto e Agregados. Está presente em 62 países com
mais de 64 mil empregados e suas ações são comercializadas na Bolsa de Paris.
Sua estratégia de negócios combina know-how industrial com performance, criação de valor,
respeito aos empregados e diferentes culturas, proteção ao meio ambiente e conservação dos
recursos naturais e energia.
A empresa é comprometida com o progresso. Seu core business é desenvolver e produzir
materiais de construção que supram as necessidades essenciais para o desenvolvimento
econômico e social da população. Residências, pontes, estradas, hospitais e monumentos em
todo o mundo foram construídos com os produtos e a tecnologia desta empresa.
Após uma análise de causa raiz das taxas de fatalidade na indústria do cimento, percebeu-se
que a maioria ocorria em decorrência de atividades ligadas à logística. Os acidentes de
transito durante o exercício do trabalho em 2 anos, levaram a óbito mais de 200 funcionários,
empreiteiros e terceiros. Mais de 60% destes acidentes ocorreram fora das dependências da
empresa e, aproximadamente 40% ocorreram nas áreas de trabalho. Diante da projeção de
aumento das atividades do setor em todo mundo nos próximos anos, este número poderia
continuar crescendo caso não fossem tomadas medidas em conjunto e efetivas.
Assim, a empresa estudada neste trabalho foi escolhida como sponsor desse tema que faz
parte de uma das sete questões-chave do CSI. Foi elaborado um Guia de Boas Práticas de
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Segurança ao Volante (WBCSD, 2009, B), que serve de base para o gerenciamento de riscos
de segurança do trabalho em operação logística de transporte realizado.
Devido à responsabilidade assumida com o CSI e as ambições da organização, foi montada
uma equipe para implementar as medidas estabelecidas pelo Guia de Boas Práticas e, de
acordo com a realidade do Brasil, elaborar outras medidas que impactassem de forma positiva
na diminuição de perdas pessoais e materiais nas operações logísticas. Assim, uma equipe
com técnicos em todo o Brasil e um engenheiro de segurança do trabalho foi destacada para
realizar o gerenciamento dos riscos e das medidas cabíveis.
Para iniciar um levantamento de informações condizentes com a realidade e, assim, chegarem
a métodos de gerenciamento de riscos realistas e tangíveis, elaborou-se alguns documentos e
meios de comunicação que reuniam a direção e prepostos operacionais.
Documentos - Relatórios de Comunicação de Perdas: quando ocorre uma perda é elaborado
um formulário (Relatório Preliminar de Perdas) e comunicado, por e-mail, para todos os
gerentes de unidades e prepostos, além de responsáveis pela segurança e saúde ocupacional
das unidades. O Relatório Preliminar de Perda (RPP) deve ser emitido em até 24 horas após o
incidente. 20 dias após a ocorrência o Relatório de Análise de Perda (RAP) deve ser emitido,
fornecendo todos os esclarecimentos da ocorrência, juntamente com uma Análise de Causa
Raiz (ACR). Na ACR serão analisadas cada uma das falhas ocorridas e gerados planos de
ação para que o mesmo problema não volte a ocorrer gerando prejuízos pessoais e financeiros.
Através dos dados fornecidos com os controles elaborados, percebeu-se que a maioria das
perdas (tanto pessoais quanto materiais) e desvios ocorriam devido à falha na identificação
dos riscos existentes e dos potenciais causadores de lesões. Assim, foram elaborados métodos
para auxiliar a identificação de riscos, incentivando a todos que mantivessem o foco no
gerenciamento de riscos nas atividades executadas.
Meio de Comunicação - Analise Preliminar de Riscos: para o dia a dia, é utilizado para cada
atividade não rotineira uma Análise Preliminar de Riscos. Essa APR deve ser preenchida
antes do início de qualquer atividade, por toda equipe envolvida. Essa APR visa contribuir
para que todos os colaboradores possam ter um olhar crítico apurado para identificação de
possíveis riscos aos quais estão expostos na execução de suas atividades. O preenchimento
desse documento é feito em conjunto para que mais riscos possam ser identificados e formas
de mitigação ou controle do mesmo possam ser compartilhadas e discutidas em busca da
melhor solução.
Também são realizados check lists de todos caminhões que serão carregados e descarregados
e dos equipamentos móveis utilizados nas unidades. Nesse check list de veículos pesados são
avaliados diversos quesitos. O não atendimento a determinados itens considerados com
tolerância zero, leva a proibição da carga ou descarga do produto.
Para a empresa a responsabilidade pela segurança e saúde é da liderança, que deve estar
engajada com os objetivos corporativos estabelecidos. Assim, também são realizadas calls
semanais com os diretores, líderes e responsáveis pelas unidades, juntamente com os
responsáveis de S&S, onde todas as informações pertinentes, relativas à segurança e saúde são
compartilhadas e, através de brainstorming, ocorre uma tomada de decisão.
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O Comitê de Segurança Logística reúne-se mensalmente para a discussão dos resultados
obtidos por cada unidade e definição de plano de ação para a diminuição das perdas e
melhoria dos resultados apresentados.
Com base nos dados levantados nos formulários de RPP, RAP e a ACR dos anos de 2011 e
2012, chegamos aos seguintes números e conclusões:
Figura 1- Análise das Perdas
Fonte: Autor
Assim, observamos claramente que a maioria das perdas ocorreu nas estradas, seguida pelas
expedições ou depósitos e, em sua minoria, no cliente.
Nas figuras abaixo podemos observar o grande número de perdas matérias ocorridas durante o
ano 2012, por tipo e causa.
Figura 2 - Balanço das Perdas 2012
Fonte: Autor
Figura 3 - Balanço de Incidentes – Causas
Fonte: Autor
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Como observado nas figuras 2, 3 as principais perdas ocorridas envolveram
colisões/albaroamento, tombamentos, defeitos em veículos, queda de níveis diferentes e
mesmo nível.
Com a Europa em recessão, a empresa passava por uma redução de custos. Assim, a equipe
teve de trabalhar para encontrar medidas efetivas na redução de perdas, mas com custo zero
ou de valor irrelevante.
Causas para Albaroamento/Colisão
De 132 perdas ocorridas em 2012, 56 foram ocasionadas por albaroamento/colisão.
Através de uma análise de cada registro dessas perdas, percebeu-se que alguns fatores tiveram
grande contribuição para este resultado:
- Velocidade Inadequada: a maioria dos casos a velocidade utilizada estava acima do
recomendado pela via. Em muitos casos, devido ao peso da carga, a velocidade utilizada, não
permitia que a frenagem acontecesse em tempo suficiente para evitar o albaroamento/colisão.
- Falha na identificação de riscos: o condutor ignorava que o peso da carga e seu estado
físico/mental poderiam alterar seu tempo de resposta para determinadas situações de
emergência que poderiam surgir, assim não considerava pontos importantes da direção
defensiva para evitar esse tipo de albaroamento/colisão.
- Falta de planejamento do percurso: cada condutor adotava a rota que melhor lhe conviesse
no momento, ignorando os possíveis riscos de se seguir caminhos alternativos e
desconhecidos.
Como medidas para gerenciamento desses fatores, foram adotas algumas decisões:
- Controle de Velocidade: Estabeleceu-se o limite de velocidade máximo para transporte de
cargas da empresa, 80 km/h. Todos os veículos utilizados devem possuir tacógrafos que serão
analisados aleatoriamente ou em caso de ocorrência de perda. Antes do início da viagem, o
motorista deverá ter o rotograma de fácil acesso, para que saiba qual a recomendação de
velocidade da via (caso seja menor que 80 km/h, deverá seguir a recomendação da via).
- Controle de Gerenciamento de Riscos: considerando o nível de fadiga e estresse dos
profissionais envolvidos, foram estabelecidas pausas obrigatórias de 15 minutos a cada 2
horas ou 30 minutos a cada 4 horas dirigindo. Antes do início da viagem o motorista deve ter
analisado os riscos através da análise de risco, disponibilizada pela empresa. Quando não
houver análise de risco para o percurso a ser realizado, com base no rotograma, o condutor
deverá realizar uma análise preliminar de riscos, juntamente com o responsável da logística da
unidade. Os veículos devem respeitar a distância de 7 metros das redes elétricas. Fica
expressamente proibido o tráfego entre 23h e 05h. Além disso, todos os motoristas que
dirigem para a empresa devem possuir o treinamento de direção defensiva.
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- Controle de Planejamento do Percurso: Os motoristas deverão seguir o percurso
especificado no rotograma, sendo controlados pelo GPS/GPRS, que deverá permanecer ligado
durante toda viagem.
Diretriz de Segurança Logística com o Guia de Boas Prática
Para os pilares de Gestão das Contratadas e de Motoristas foi elaborado o padrão para a
realização de contratação de empresas e motoristas que deve ser seguido por todas as
unidades, onde cada um é avaliado e recebe uma pontuação. Também são realizadas
campanhas e treinamentos com todos os funcionários contratados, além do estabelecimento de
objetivos para a melhoria do desempenho de cada uma dessas empresas com relação à Saúde
e Segurança de seus empregados.
Para Gestão dos Veículos foram elaboradas regras rígidas para a manutenção e avaliação
periódica do estado de conservação dos mesmos. Também são cobrados todos os itens de
segurança obrigatórios e obediência à legislação vigente no país. Quando os veículos não
estão de acordo com as normas estabelecidas são impedidos de prestar serviços à empresa e
adentrar nas fábricas, usinas ou centros de distribuição.
Para Gestão da Jornada realiza-se a análise de riscos e o planejamento da viagem. Além disso,
é realizado o acompanhamento através de GPS/GPRS, tacógrafos e todos os desvios recebem
as tratativas adequadas.
Para Gestão de Carga e Descarga são realizadas avaliações de riscos em qualquer ponto onde
se realize esse tipo de atividade e exige-se o correto acondicionamento de carga, levando em
conta quantidade de sacos empilhados, estado dos paletes, etc..
Na Gestão Administrativa são centralizados os dados estatísticos e controle de incidentes,
perdas e desvios de Saúde e Segurança, elaboração e disseminação da política formal que
ratifica o compromisso de Saúde e Segurança, as metas e objetivos anuais para melhoria do
desempenho, realização e organização de auditorias internas e externas (tanto técnica quanto
comportamental), além das Regras Básicas elaboradas pelo grupo, servindo de base do
Comitê Operacional de Segurança Rodoviária e Logística da empresa.
São fechados mensal e anualmente relatórios que refletem a segurança nas operações
logísticas realizadas pela empresa. Os dados estatísticos de performance são enviados mês a
mês para o corporativo da empresa, onde são consolidados. Com este relatório obtêm-se o
número de horas trabalhadas por grupos de funcionários (próprios ou contratados), são
contabilizadas as perdas pessoais e materiais, e a quantidade de pessoas treinadas na
realização de auditorias comportamentais.
O relatório de Dados Estatísticos e Performance serve de base para o Dashboard, figura 5. O
este consolida as informações e forma os KPI’s de Segurança e Saúde do Trabalho. A cada
unidade recebe notas em indicadores pró-ativos e reativos de acordo com seu desempenho
mensal e, posteriormente, anual. Assim, estabelecem-se as unidades onde a cultura de
segurança encontra-se mais interdependente, que é o grande objetivo da empresa.
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As metas são estabelecidas no Comitê Operacional de Segurança Rodoviária e Logística da
empresa e aprovada pelos membros da direção. Cada unidade, de acordo com seu nível de
maturidade recebe sua meta.
Figura 4 - Dashboard
Fonte: Autor
Com esses dois relatórios são observados claramente quais unidades necessitam de maiores
cuidados e quais os pontos em que a segurança encontra-se mais vulnerável. Mensalmente o
Comitê de Segurança realiza reuniões para avaliação de cada perda, desvio ou acidente
ocorrido. Com base nas informações obtidas são traçados métodos para a melhoria e maior
eficácia, além da verificação dos programas já implementados.
Outras medidas de grande importância para a redução de perdas de forma geral foram
tomadas. Seguem abaixo as principais:
Transportadoras e Autônomos: deverão cumprir os itens estabelecidos no contrato e
check list, além de obedecer todas as legislações vigentes do país.
Para realização de carga e descarga: motoristas só poderão entrar nas instalações da
empresa sozinhos e com todos os equipamentos de proteção individual.
Os faróis devem ser mantidos baixos e acesos na instalação da empresa,
independentemente do horário.
Durante a carga/descarga o motorista deverá se manter no local designado.
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Durante a carga/descarga a chave de veículo deverá permanecer com o conferente.
É proibido subir em qualquer parte do caminhão, senão a cabine, sem o cinto de
segurança tipo paraquedista acoplado a linha de vida ou trava-quedas.
Não é permitido o acesso de motoristas alcoolizados (teste de bafômetro realizado
diariamente).
Todos os veículos devem cobrir a carga com plástico ou lona de impermeabilização
para que a mesma seja protegida contra intempéries.
Todos os veículos que sofrerem alterações deverão ter as mesmas documentadas.
É proibido o uso de telefone celular ao dirigir veículos.
Todos os caminhões deverão ter cinto de segurança de três pontos.
O tacógrafo do caminhão deve estar em funcionamento e boas condições de uso.
Todo caminhão deve ter cones ou triângulos para situações de emergência.
Limpadores de para-brisa e espelhos retrovisores devem estar em bom estado de
conservação.
Todos os veículos devem ter seu check list preenchido diariamente para avaliação do
seu estado de conservação.
Dentro da área da empresa deverá ser utilizada roupa ou colete com alta visibilidade.
O limite de velocidade máximo para tráfego com cargas da empresa é de 80 km/h.
Todas as cargas deverão ser enlonadas.
Além dessas medidas gerais, diariamente são realizadas ações de controle: verificação e
auditoria dos veículos e instalações, bafômetro, recolhimento dos discos de tacógrafos (as
avaliações são aleatórias).
São realizadas auditorias para avaliação do nível de adesão aos procedimentos, onde são
checados em todas as unidades de expedição e centros de distribuição logística:
movimentação de veículos e produtos; acesso de veículos; cadastro de transportes; restrição
de tráfego; requisitos mínimos para carga e descarga; equipamentos de proteção individual;
acesso de visitantes; relato de investigação de incidente de saúde e segurança; rotograma;
auditoria de transporte; treinamento de motorista; Organização, Arrumação e Limpeza (OAL);
carga e descarga de vagões ferroviários; controle de estoque e movimentação de produto
acabado; equipamentos móveis; espaço confinado; Análise preliminar de risco (APR).
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A integração deste sistema de gestão é realizada uma vez por semana (ou conforme a
necessidade) para aqueles que são novatos na organização ou que irão prestar serviços por
períodos mais longos em atividades com risco direto, tendo a duração de um dia completo,
onde pela manhã se tem a apresentação institucional da organização, quando se conhece o
sistema de gestão adotado, passando ainda por uma apresentação do responsável pela área de
meio ambiente. Já o período da tarde é dedicado exclusivamente a área de segurança do
trabalho, quando se tem o primeiro contato com os aspectos e normas de segurança adotados
na unidade. Dessa forma, já é possível perceber a importância que se dá à segurança do
trabalho na empresa.
Os diálogos de segurança e saúde são pequenas reuniões que acontecem em cada área da
empresa, uma vez por semana ou conforme a necessidade, normalmente no início do dia, onde
são discutidos vários textos e situações relacionados à segurança e saúde aplicáveis ao
cotidiano dos envolvidos, sendo que em cada semana uma pessoa da área é responsável por
conduzir essa discussão. Nestas pequenas reuniões são discutidas situações rotineiras vividas
por determinada pessoa, podendo também ter como fonte matérias de jornais, revistas ou
qualquer outra situação que sirva de referência para aquelas pessoas que participam do
diálogo.
Dessa forma, por meio de situações comuns, busca-se uma maior conscientização dos
colaboradores acerca de eventos que podem se repetir na sua rotina de trabalho, contribuindo
para evitar que determinada situação perigosa se repita e cause dano a alguém, principalmente
as situações de acidentes do trabalho.
5. Resultados
Após a implementação dos controles observados e massificação da informação de segurança,
tivemos uma grande melhora nos números.
No quadro abaixo fazemos um comparativo dos dois últimos anos (2012 e 2013).
Ano/Year PPca PPsa CUR/FAI Fatal/ FI PM Ppo Acum.
2012 4 1 11 0 106 10 132
2013 4 4 7 0 30 8 53
Tabela 1 Comparativo 2012/2013
Fonte: Autor
Com a implementação dos dados estatísticos de performance e o dashboard, tivemos um
controle estatístico ainda mais eficiente.
Comparando as duas situações, apesar das perdas com afastamento terem permanecido com o
mesmo resultado, observamos que as perdas materiais reduziram em mais de 70%. Também
houve uma redução de 20% e 30% quando nos referimos a perda potencial e perda material,
respectivamente.
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6. Considerações Finais
Mediante a análise teórica e estatística, os aspectos levantados sobre a segurança do trabalho
apresentados ao longo deste trabalho, conseguiu apresentar as medidas relacionadas à
segurança do trabalho nas operações logísticas aplicadas pela empresa estudada, bem como
técnicas simples, eficientes e com baixo custo para redução de perdas, que é o grande objetivo
da organização.
Os sistemas tradicionais utilizam ferramentas que, no curso das últimas décadas, tem
demonstrado sua eficácia na prevenção de acidentes e doenças. No entanto, somente os meios
tradicionais muitas vezes não são suficientes para se atingir a excelência em termos de
segurança no trabalho. Por isso, a empresa viu a necessidade de montar uma equipe
especializada para auxiliar no desenvolvimento de técnicas praticas para o gerenciamento de
riscos.
Buscando melhorar os resultados em saúde e segurança, foi analisado, a partir de um estudo
de caso, o sistema de gestão da segurança na organização, passando pelas ferramentas
aplicadas, pelo sistema de controle adotado desenvolvido na empresa fundamentado na
mudança comportamental das pessoas, cuja meta é buscar o desenvolvimento de empregados
conscientes e motivados. Fazendo com que eles possuam a cultura interdependente de
segurança.
É preciso coexistir um ambiente seguro no local como suporte para que as pessoas trabalhem
com segurança. Resultados significativos começam a acontecer quando uma massa crítica do
efetivo da fábrica está treinada, e de forma eficaz, aplicando o processo de comportamento
seguro. Quando as pessoas são complacentes com os comportamentos de risco os bons
resultados não aparecem. Por outro lado, quando os comportamentos são seguros, com
empregados conscientes do cuidado que devem ter com eles e com seus colegas, resultados
melhores são obtidos.
Assim, com a aplicação das medidas práticas (exigência de tacógrafos, rotogramas, GPS, por
exemplo) e reforço no desenvolvimento da cultura de segurança através de treinamentos,
valorização de bom comportamento, reconhecimento de boas práticas, fará com que todos os
colaboradores se sintam engajados nas ambições da empresa, tendo como resultado a redução
notória das perdas. Pois, sem o empenho da mão de obra será impossível alcançar a meta do
“Zero Acidente”.
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