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UNI-ANHANGUERA – CENTRO UNIVERSITARIO DE GOIÁS
CURSO DE AGRONOMIA
CULTIVO DO FEIJOEIRO-COMUM E
ETAPAS DE PRODUÇÃO DE SEMENTES
HUGO ANCELMO MILHOMENS
GOIÂNIA, GOIÁS.
MAIO/2014
2
HUGO ANCELMO MILHOMENS
CULTIVO DO FEIJOEIRO-COMUM E
ETAPAS DE PRODUÇÃO DE SEMENTES
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao
Curso de Agronomia do Centro Universitário de
Goiás, Uni-ANHANGUERA, sob orientação da
Dra. Cristiane Regina Bueno Aguirre Ramos, como
requisito parcial para obtenção do titulo de
Bacharel em Agronomia.
Goiânia, Goiás.
Maio/2014
4
A Deus,
Pelo Dom da vida e pelas graças concedidas.
Aos meus pais, João Milhomens Aguiar e Maria de Fatima Ancelmo e Silva
Pelo carinho e apoio nesta longa caminhada.
Aos verdadeiros amigos,
Pelo apoio incondicional em todos os momentos.
DEDICO
5
AGRADECIMENTOS
Em primeiro lugar agradeço a Deus pelo dom da vida e por estar comigo nessa
caminhada. Agradeço a todos os professores que contribuíram para minha formação.
Em especial agradeço a Professora Cristiane Regina Bueno Aguirre Ramos pela
orientação no trabalho de conclusão de curso, e pela paciência em transmitir seus
conhecimentos em todas as matérias.
Agradeço também a Professora Leandra Semensato pela paciência e compreensão na
correção do TCC, e pela parceria em todo esse tempo de faculdade.
Não posso deixar de agradecer também a Professora Luciana Bittencourt, que de uma
maneira tranquila e sensata conseguiu transmitir seus conhecimentos.
Também tenho que agradecer a Engenheira Agrônoma Luciene Fróes Camarano, pela
amizade, por estar participando da minha banca examinadora e pela oportunidade que me foi
concedida de fazer meu estágio no setor de produção de sementes da Embrapa, que contribuiu
bastante para minha formação,
Agradecer também ao técnico agrícola Paulo Tadeu e ao senhor Jose Evaristo
(ciganinho) pela transferência de conhecimentos que me foi passada, onde pude aprender
muito sobre a cultura do arroz e feijão, e também pela amizade, compreensão e boa vontade
em sanar minhas duvidas.
Agradecer ao Engenheiro Agrônomo Bernardo Mendes dos Santos pela parceria,
amizade e boa vontade de estar participando da minha banca examinadora.
Não posso deixar de agradecer aos quase Engenheiros Jaime Santos, Eduardo Costa,
Mark Pires, Marcelo carvalho, Tiago Nicolas e Amador Borges pela amizade e
companheirismo nessa caminhada percorrida até agora.
E finalmente agradecer aos meus familiares pelo incentivo e compreensão em todos os
momentos da minha vida.
6
"Eu creio em mim mesmo, creio nos que trabalham comigo, creio nos meus amigos e creio na
minha família. Creio que Deus me emprestará tudo que necessito para triunfar, contanto que
eu me esforce para alcançar com meios lícitos e honestos. Creio nas orações e nunca fecharei
meus olhos para dormir, sem pedir antes a devida orientação a fim de ser paciente com os
outros e tolerante com os que não acreditam no que eu acredito. Creio que o triunfo é
resultado de esforço inteligente, que não depende da sorte, da magia, de amigos,
companheiros duvidosos ou de meu chefe. Creio que tirarei da vida exatamente o que nela
colocar. Serei cauteloso quando tratar os outros, como quero que eles sejam comigo. Não
caluniarei aqueles que não gosto. Não diminuirei meu trabalho por ver que os outros o fazem.
Prestarei o melhor serviço de que sou capaz, porque jurei a mim mesmo triunfar na vida, e sei
que o triunfo é sempre resultado do esforço consciente e eficaz. Finalmente, perdoarei os que
me ofendem, porque compreendo que às vezes ofendo os outros e necessito de perdão."
Mahatma Gandhi.
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RESUMO.
O feijoeiro é uma cultura de grande importância para economia brasileira. É plantada em todo
território brasileiro, na sua grande parte por agricultores familiares, é uma excelente fonte de
proteína, além de também ser rico em ferro e possuir grande quantidade de carboidrato. É uma
cultura exigente em nutrientes, e também muito suscetível a doenças, podendo ocorrer
grandes perdas nas lavouras se não forem corretamente diagnosticadas e tratadas. Este
trabalho de revisão procurou mostrar as técnicas corretas de preparo de solo, do uso racional
dos fertilizantes, abordou as principais doenças que acometem o feijoeiro, também descreveu
as etapas a serem seguidas para a produção de sementes de feijão com qualidade seguindo as
normativas vigentes, tendo em vista que grande parte dos agricultores usam grãos em vez de
semente para plantarem suas lavouras, o que e uma pratica não recomendável, pois a partir do
momento que se usa grão em vez de uma semente de origem genética certificada o agricultor
não terá certeza da germinação daquele grão e nem de sua sanidade, podendo assim estar
correndo risco de ter perdas na produção e também estar levando doenças para sua área.
PALAVRA-CHAVE: Semente. Fertilizantes. Nutrientes. Proteína. Doenças.
8
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................. 9
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ....................................................................................... 11
2.1 Cultura do feijoeiro ..................................................................................................... 11
2.1.1 Botânica ............................................................................................................... 11
2.1.2 Características Gerais ........................................................................................... 11
2.2 Exigências climáticas e épocas de semeadura ............................................................. 12
2.3 Preparo de solo ........................................................................................................... 13
2.4 Calagem ..................................................................................................................... 16
2.5 Adubação nitrogenada ................................................................................................ 18
2.6 Adubação fosfatada .................................................................................................... 19
2.7 Adubação Potássica .................................................................................................... 21
2.8 Produção de sementes de feijão................................................................................... 22
2.9 Etapas para a produção de semente. ............................................................................ 24
2.9.1 Escolha da área .................................................................................................... 24
2.9.2 Épocas de plantio ................................................................................................. 24
2.9.3 Origem da semente ............................................................................................... 25
2.9.4 Sistemas de plantio ............................................................................................... 26
2.9.5 Doenças no feijoeiro............................................................................................. 28
2.9.6 Colheita................................................................................................................ 31
3 CONSIDERAÇÕES FINAIS .......................................................................................... 36
REFERÊNCIAS ................................................................................................................. 37
9
1 INTRODUÇÃO
O feijoeiro-comum (Phaseolus vulgaris, L.) é uma das principais culturas produzidas
no Brasil. sendo produzido também por grandes produtores, mas tipicamente em larga escala
por agricultores familiares. O consumo per capita veio apresentando leve aumento e, em 2010
situou-se na ordem de 17, 06 kg/habitante/ano (BARBOSA; GONZAGA.,2014).
A estimativa da produção nacional de feijão, considerando as três safras do produto,
foi de 3.384,5 mil toneladas, para o feijão 1ª safra, foi estimada uma produção de 1.309,1 mil
toneladas para, para o feijão 2ª safra, a estimativa de produção foi de 1.308,4 mil toneladas e
para a 3 safra a produção esperada e de 767,0 mil toneladas (CONAB, 2014). Sua importância
extrapola o aspecto econômico, por sua relevância enquanto fator de segurança alimentar e
nutricional e sua importância cultural na culinária de diversos países. E fundamental para a
segurança alimentar e nutricional, sobretudo para classes mais carentes da população
(BARBOSA; GONZAGA.,2014).
O feijão pode ser cultivado em terras altas e em várzeas, que não estejam sujeitas ao
encharca mento, preferencialmente em áreas com pouca declividade ou quase planas, desde
que em solos soltos e friáveis, visto que o feijoeiro-comum possui sistema radicular
superficial − com maior volume radicular nos primeiros 20 cm de profundidade e com 80% a
90% das raízes localizadas nos primeiros 40 cm. Pode ser cultivado nos sistemas:
convencional, cultivo mínimo e em semeadura direta (ARAUJO et al., 2011). O sistema de
semeadura direta é o mais indicado, pois nesse sistema se mantem a palhada na superfície do
solo, dessa maneira se obtém maior conservação da umidade, elevação do número de
inimigos naturais, aumento da matéria orgânica e diminuindo a degradação do solo, pois nesse
sistema não se revolve o solo.
Vieira; Sartorato. (1984), afirmam que a qualidade da semente é expressa na interação
de três componentes; genético, físico-fisiológico e sanitário. O componente genético da
semente diz respeito a resistência a pragas e doenças da planta originaria de determinada
semente, já o físico-fisiológico diz respeito ao estado da semente e a sua capacidade em gerar
nova planta, o componente sanitário está ligado ao estado patológico da semente.
A semente do feijoeiro é hospedeira de vários patógenos, estes patógenos podem
prejudicar germinação e vigor das plântulas, e também podem se disseminar pelos campos
de semente podendo ficar muito tempo em determinada área, em plantas hospedeiras e em
restos de culturas, causando grandes danos a produção.
10
Este trabalho de revisão bibliográfica tem como objetivo discorrer sobre as
características gerais do feijoeiro, época de plantio, adubação, doenças que afetam a cultura, e
também devido a grande quantidade de produtores que plantam suas lavouras com grãos ao
invés de semente, este trabalho cita a etapas necessárias para produção de sementes com
qualidade.
11
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
2.1 Cultura do feijoeiro
2.1.1 Classificação Botânica
Segundo Vieira, Júnior e Borém (2011), o feijoeiro-comum classifica-se da seguinte
maneira;
Reino: Vegetal
Ramo: Embryophytae syphonogamae
Sub-ramo: Angiospermeae
Classe: Dycotyledoneae
Subclasse: Archichlamydeae
Ordem: Rosales
Família: Leguminosae
Subfamília: Papilionoideae
Tribo: Phaseoleae
Subtribo: Phaseolineae
Gênero: Phaseolus L.
Espécie: Phaseolus vulgaris L.
2.1.2 Características Gerais
De acordo com Farinelli; Lemos (2010), apesar da pouca produtividade em nível
nacional, em torno de 850 kg ha-1
, o feijoeiro vem sendo explorado em uma diversidade de
sistemas de produção em diferentes agroecossistemas, obtendo-se produtividades superiores a
3.000 kg ha-1
, principalmente nos cultivos irrigados, associado à utilização em maior
quantidade de insumos agrícolas e em função da disponibilidade de cultivares com potencial
produtivo acima de 4.000 kg ha
A produtividade e a lucratividade de um empreendimento agrícola estão diretamente
relacionadas à qualidade da semente utilizada para a semeadura. Assim, um dos fatores que
12
mais contribui para o baixo rendimento do feijoeiro no Brasil, apesar da sua importância, é a
utilização de grão, ao invés de semente, para a instalação da cultura (SALUM et al., 2008).
O feijão está entre os alimentos mais antigos, remontando aos primeiros registros da
história da humanidade. Achados arqueológicos apontam para a existência de feijoeiros
domesticados cerca de 10.000 a.C. No Brasil de cada 10 brasileiros, sete consomem feijão
diariamente. O grão, típico da culinária do país, é fonte de proteína vegetal, vitaminas do
complexo B e sais minerais, ferro, cálcio e fósforo. O consumo do produto, em média, por
pessoa chega a 19 quilos de feijão por ano. Atualmente, o Brasil é o maior produtor mundial
(MAPA, 2014).
O seu cultivo e feito por pequenos e grandes produtores, em diversificados sistemas
de produção e em todas as regiões brasileiras, o feijoeiro comum reveste-se de grande
importância econômica e social. Dependendo da cultivar e da temperatura ambiente, pode
apresentar ciclos variando de 65 a 100 dias (SARTORATO et al., 2013).
2.2 Exigências climáticas e épocas de semeadura
As condições climáticas correspondem a um dos grandes fatores limitantes à produção
do feijão, visto que, quando desfavoráveis, podem limitar a produtividade. Portanto, a cultivar
a ser utilizada na região e a época de semeadura devem coincidir com as condições climáticas
favoráveis ao desenvolvimento do feijoeiro para obter produtividade adequada (SIMIDU et
al., 2007). A semeadura de terceira época, de maio a julho é mais adequada à produção de
semente.
Os elementos climáticos que mais influenciam na produção de feijão são a
temperatura, a precipitação pluvial e a radiação solar Temperaturas altas causam problemas na
frutificação e no florescimento, a precipitação pluviométrica e problemática quando o
feijoeiro passa por um período de estresse hídrico, podendo haver redução na altura da planta,
tamanho de vagens, quantidade grãos por vagem ocorrendo assim uma significativa perda de
rendimento na hora da colheita. A radiação solar influencia diretamente na fotossíntese das
plantas (SARTORATO et al., 2013).
A maior parte da produção é procedente de microrregiões com temperaturas do ar
variando de 17 °C a 25°C, esta e faixa térmica considerada apropriada para a espécie
(BARBOSA; GONZAGA, 2014).
13
2.3 Preparo de solo
Segundo Silva et al. (1999), sob o ponto de vista agronômico, o solo constitui o
substrato para qualquer atividade agrossilvipastoril e, dependendo do manejo ao qual é
submetido, é passível de degradação ou melhoramento em sua capacidade produtiva. Esse
recurso, inserido em um ecossistema, está sujeito às variações dos demais componentes, em
especial clima, vegetação e sistema hídrico.
Entende-se como preparo do solo o conjunto de operações realizadas antes da
semeadura, para revolver o solo, expondo-o ao ar, ao sol e à ação das máquinas, além de
incorporar restos de culturas, fertilizantes ou corretivos, e enterrar a cobertura vegetal como
forma de eliminar plantas daninhas (SILVEIRA et al.,2001).
Sistemas de preparo do solo, emprego da irrigação e uso da rotação de culturas, estão
entre as técnicas de plantio que incrementam o rendimento agrícola (MEDEIROS; ARAÚJO;
COSTA, 2005). Fazendo uso das técnicas corretas de preparo de solo, como plantio direto,
adubação verde, se evitara grandes problemas como de erosão e compactação do solo, e
também através da rotação de culturas é possível evitar o ataque das mesmas doenças de
determinada cultura, pois a partir do momento que se faz a rotação com culturas diferentes o
ciclo do fitopatógeno será quebrado.
De acordo com Meireles et al. (2003), na região dos Cerrados, os agricultores têm
adotado o sistema plantio direto (SPD) como forma de proteger o ambiente e dar
sustentabilidade à exploração agrícola. Com base na ausência de movimentação do solo e na
manutenção de resíduos orgânicos na sua superfície, o SPD provoca alterações na dinâmica
da matéria orgânica e da atividade biológica modificando principalmente os processos
intrínsecos do solo, provocando alterações na sua estrutura e na dinâmica físico-hídrica.
Ainda de acordo com o mesmo autor, a cobertura do solo pode minimizar o risco climático
das culturas de sequeiro, pela redução do déficit hídrico. O plantio direto hoje já se encontra
disseminado em todo o território nacional. Na figura 1 esta elucidando um sistema de plantio
direto.
Cultivo contínuo das mesmas espécies como acontece em áreas irrigadas por pivô
central, podem ocasionar, com o passar dos anos, queda na produtividade, cujo fato ocorre
porque se alteram as características do solo e as condições do ambiente se tornam propícias à
multiplicação de pragas e doenças (SILVEIRA; STONE 2003). Dessa maneira nunca pode
deixar de ser feito o uso da rotação de cultura, a fim de minimizar os problemas que
ocorreram no solo e na produtividade da cultura.
14
De acordo com Bagatini et al .(2011), a mudança no tipo de uso da terra (pastagem
nativa para culturas anuais em fileira), excluindo a condição sem adubação, em geral não
causou perdas relevantes de solo e água por erosão hídrica, o que fortalece a recomendação de
preparos conservacionistas de solo para se fazer agricultura com plantas cultivadas,
especialmente as de ciclo anual e dispostas em fileira.
Como constatam Albuquerque et al. (2005), em sistemas conservacionistas de manejo
de solo, o uso de plantas de cobertura apresenta-se como uma prática básica, pois protege a
superfície contra os agentes erosivos.
Áreas descobertas e fisicamente degradadas, típicas de sistemas convencionais de
preparo de solo, sofrem alta erosão hídrica em decorrência da energia de impacto das gotas da
chuva que desagregam e transportam partículas de solo, principalmente pelo salpicamento
(GUADAGNIN et al., 2005), ainda de acordo com o mesmo autor os sistemas
conservacionistas de manejo do solo mostraram-se mais eficazes do que o preparo
convencional na redução das perdas de solo e água, em relação ao solo sem cultivo; em
relação ao preparo convencional, a semeadura direta foi mais eficaz do que o cultivo mínimo
na redução das perdas de solo e água; as perdas de solo foram mais influenciadas do que as
perdas de água pelos sistemas de manejo do solo. A figura 2 esta elucidando uma área de
plantio convencional que possivelmente terá problemas de degradação do solo pois esta
totalmente desprotegida.
De acordo com Bertol et al. (2004), as propriedades físicas do solo são alteradas pelo
manejo, na camada de 0-10 cm, a densidade do solo é maior na semeadura direta do que no
preparo convencional e campo nativo, enquanto, nas camadas subsuperficiais, esta variável
apresenta valores maiores no preparo convencional do que na semeadura direta e campo
nativo. Nessa camada, a semeadura direta reduz o volume de macro poros em relação ao
preparo convencional e ao campo nativo, refletindo-se na redução do volume total de poros e
no aumento do volume de micrósporos.
Os diferentes sistemas de manejo do solo têm a finalidade de criar condições
favoráveis ao desenvolvimento das culturas (BINOTTI et al., 2007), assim se o agricultor
passar a utilizar um sistema de manejo que possibilite um correto uso do solo acarretará
consequentemente em uma produtividade maior e também estará protegendo seu solo.
15
Figura 1. Plantio de feijão em sistema de plantio direto.
Foto: Hugo Milhomens
Figura 2. Plantio de feijão em sistema de preparo de solo convencional.
Foto: Hugo Milhomens
16
2.4 Calagem
A calagem, por meio de corretivos à base de carbonatos, é prática cultural essencial,
independente do sistema de cultivo, para a neutralização e correção da acidez dos solos em
regiões de clima tropical, onde observam-se baixos valores de pH e bases trocáveis e teores
elevados de H+Al (VELOSO et al., 2013).
A acidez do solo pode trazer consequências desastrosas para a lavoura do feijoeiro,
tais como teores tóxicos de alumínio e manganês, além de deficiências de
macronutrientes principalmente cálcio, magnésio, fósforo, nitrogênio e enxofre - e baixa
atividade biológica no solo, resultando em pequeno crescimento das raízes e da parte
aérea. Quando adequadamente empregada, a calagem promove modificação no ambiente
radicular e pode elevar o pH para uma faixa que oferece melhores condições para o
desenvolvimento do feijoeiro, normalmente pH 5,8 a 6,2 (WANDER.; RAMALHO;
ANDRADE, 2005).
De acordo com Fageria. (2001), a acidez do solo é um dos fatores que mais limitam a
produtividade das culturas em várias partes do mundo, inclusive no Brasil. Nos solos ácidos
existem problemas de deficiência e/ou toxidez nutricional baixa capacidade de retenção de
água e baixa atividade de microrganismos.
A calagem tem grande importância na correção da acidez do solo, fornecendo cálcio e
magnésio e reduzindo a toxidez por alumínio e manganês. Os solos brasileiros em sua maioria
são ácidos, destacando-se os solos do cerrado, são caracterizados por baixo teor de cálcio e
magnésio e teores elevados de alumínio (ARAUJO; DEMATTÊ; GARBUIO, 2009).
A recomendação de calagem foi criada para o sistema convencional de cultivo, mas
vem sendo adaptada ao sistema de plantio direto, utilizando-se indicadores de acidez pH,
saturação por base, saturação por alumínio e alumínio trocável (NOLLA et al., 2005).
Ainda de acordo com Nolla et al. (2005), dos critérios testados para tomada de
decisão, o pH em água foi considerado o mais adequado, seguido por saturação por alumínio,
alumínio trocável e saturação por base. Temos que considerar ainda que quando é feito o uso
da correção da acidez do solo, nutrientes importantes para a produção de feijão se tornam
disponível, promovendo o aumento da produtividade.
De uma maneira geral, solos com alto teor de alumínio, de matéria orgânica e de
argila, necessitam de maiores quantidades de calcário, por serem principais fontes de acidez e
de tamponamento do solo (FOLONI et al., 2008). Ainda de acordo com o mesmo autor a
17
calagem em excesso, tanto na ausência como na presença de gesso, prejudicou a produção de
matéria seca da parte aérea do feijoeiro.
De acordo com Schultz et al. (2011), a saturação, por bases a 68%, apresentou pH do
solo ideal para absorção de nutrientes da maioria das culturas comerciais.
A calagem é a maneira mais fácil e barata de elevar o pH do solo, visto ser o calcário o
material disponível em maior quantidade no país. As rochas calcárias são constituídas,
predominantemente, por carbonatos de cálcio e magnésio, mas também podem conter óxidos
e hidróxidos (SOUZA et al., 2011). Afirma o mesmo autor que há correlações significativas e
positivas entre a produção de grãos, o pH e a saturação por bases.
De acordo com Heinrichs et al. (2008), o pH do solo é o primeiro ponto a ser
trabalhado para a produção de feijão, visto que somente após a calagem pode-se ter noção da
real disponibilidade de nutrientes. Heinrichs et al.(2008), constataram ainda que depois do
cultivo do feijoeiro, o solo com saturação de base de 70 % apresentou maiores valores de pH,
Ca2+
, Mg2+
, SO42-
, SB, CTC e V e menores de Al, H + Al3+
, m, Cu, Fe e Zn em relação à
saturação por base de 50%
A calagem promove aumentos no pH, na saturação por bases, na extração e exportação
de N, P, K, Ca, Mg e Cu e diminuição de Mn e Zn, e aumentos na produtividade de grãos do
feijoeiro irrigado em até 37%( BARBOSA; SILVA, 2000).
Souza, Andrade e Muniz. (2003), concluíram que em solo de baixa fertilidade, o
incremento da população de feijoeiros reduz a altura de planta e o número de vagens por
planta, enquanto o incremento dos níveis de adubação e calagem eleva a altura de plantas, o
número de vagens por planta, o número de grãos por vagem e a massa média do grão.
De acordo com Barbosa, Fageria e Zimmermann. (2005), a aplicação de calcário na
dose calculada para elevar a saturação por bases a 60%, reduz o pH e eleva os teores de Ca e
Mg trocáveis das camadas de 0-10 e de 10-20 cm de profundidade, após 24 meses da
calagem. A ação corretiva da acidez pela calagem, é mais acentuada na camada de 0-10 cm de
profundidade, independentemente se incorporado ou não ao solo, aumentando
significativamente o rendimento médio de grãos do feijoeiro irrigado e, mesmo o da soja em
sucessão, devido ao seu efeito residual.
18
2.5 Adubação nitrogenada
O feijoeiro é uma planta bastante exigente em nutrientes e, por possuir ciclo curto
necessita que eles estejam prontamente disponíveis no momento de demanda para não limitar
a produtividade. O nitrogênio é considerado um dos mais importantes nutrientes para essa
espécie de planta (SILVA et al.,2000).
De acordo com Pelegrin et al .(2009), as principais fontes de N para a cultura do
feijoeiro são o solo, por meio da decomposição da matéria orgânica, a aplicação de adubos
nitrogenados e a fixação biológica de N2 atmosférico, pela associação do feijoeiro com
bactérias do grupo dos rizóbios.
Como constataram Piaskowski et al.(2000), o nitrogênio, nutriente fundamental para a
cultura do feijoeiro é elemento de alta mobilidade no sistema solo-planta-atmosfera,
perdendo-se facilmente por volatilização ou lixiviação. Muitas vezes o insucesso no cultivo
do feijoeiro é determinado pela adubação nitrogenada inadequada (CHIDI et al., 2002).
A adubação nitrogenada deve ser realizada de modo a propiciar uma boa nutrição da
planta na época em que ainda é possível aumentar o número de vagens/planta, isto é, até o
início do florescimento (CARVALHO et al., 2001). Ainda segundo os mesmos autores a
aplicação de 75 kg ha de nitrogênio propiciou, em média, incrementos de 38% na
produtividade da cultura.
O nitrogênio aplicado aumenta a produtividade de grãos e esta se correlaciona com o
número de vagens por planta (MEIRA et al., 2005). No manejo do feijoeiro, a aplicação de
nitrogênio em cobertura é indispensável para a obtenção de altas produtividades (JUNIOR;
SÁ, MURAISHI et al., 2008).
Lopes et al.(2004), afirmam que cerca de 50% do N total absorvido é exportado pelos
grãos, o restante permanece no solo na forma de resíduos culturais. A quantidade de N a ser
aplicada é aquela que atende aos objetivos de obter altos rendimentos a um custo baixo e que
não polua o ambiente (BARBOSA; COBUCCI; MENDES, et al.,2005).
A incorporação de todo o nitrogênio em sulcos distintos das linhas da semeadura, por
ocasião da semeadura ou até aos 15 dias após a emergência, é mais eficaz na produtividade de
grãos de feijão do que a aplicação a lanço, na superfície, ou a incorporação com grade antes
da semeadura (SANTOS et al.,2007).
De acordo com Soratto et al. (2013), na ausência da adubação nitrogenada de
cobertura, duas aplicações de N via foliar na fase reprodutiva aumentaram a massa e o
tamanho dos grãos, a produtividade de grãos e o teor de proteínas nos grãos do feijoeiro.
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Ainda como constataram os mesmo autores, a aplicação de N via foliar no estádio R5 foi mais
eficiente em aumentar a produtividade de grãos do feijoeiro que a aplicação em R7.
Quantidade superior a 100 kg ha de N é requerida para garantir a extração do
nutriente associada a altas produtividades. Apesar da capacidade de fixar o N atmosférico,
pela simbiose com bactérias do gênero Rhizobium, mesmo quando é realizada inoculação, a
quantidade do nutriente suprida por esse processo normalmente tem sido insuficiente
(CRUSCIOL et al., 2007).
De acordo com Barbosa et al. (2011), o uso de fertilizante nitrogenado, em campos de
produção de sementes, pode beneficiar a produtividade e a qualidade da semente, por afetar a
formação do embrião e dos órgãos de reserva. Concluíram ainda que a aplicação de nitrogênio
promoveu incrementos na produtividade de sementes de feijão, sem, contudo, alterar o
potencial fisiológico das mesmas.
Segundo Schoninger et al. (2012), com a finalidade de reduzir perdas do N aplicado ao
solo, bem como suprir adequadamente a cultura no momento de maior demanda pelo
nutriente, tem-se realizado o parcelamento da adubação nitrogenada, sendo parte do N
aplicada no momento da semeadura, e o restante em cobertura.
Os sistemas de manejo da adubação nitrogenada devem visar à maximização dos
lucros e aperfeiçoarem a qualidade dos grãos. Assim nesse sentido deve satisfazer o
requerimento da cultura com mínimo de risco ambiental, assim, é necessário que a fonte de N
na adubação nitrogenada seja a mais correta possível (SCUDELER et al., 2011). A fonte de
nitrogênio mais apropriada para a produção de grãos é o sulfato de amônio, pois além de ser
fonte de nitrogênio e responsável também por liberação de enxofre para o feijoeiro.
2.6 Adubação fosfatada
O fósforo(P) é um elemento essencial no metabolismo das plantas, desempenhando
papel importante na transferência de energia da célula, na respiração e na fotossíntese. É
também componente estrutural dos ácidos nucléicos de cromossomos, assim como de muitas
coenzimas, fosfoproteínas e fosfolipídios. Desse modo, limitações na disponibilidade de P no
início do ciclo vegetativo podem resultar em restrições no desenvolvimento, das quais a
planta não se recupera posteriormente, mesmo aumentando o suprimento de P a níveis
adequados. O suprimento adequado de P é diferentemente dos demais nutrientes, essencial
desde os estádios iniciais de crescimento da planta (ZUCARELI et al., 2006).
20
O fósforo é o nutriente que mais limita a produtividade do feijoeiro em solos
brasileiros, podendo influenciar na qualidade fisiológica de sementes (ZUCARELI et al.,
2011). É um elemento pouco móvel no solo e seu suprimento para as raízes é efetuado
principalmente pelo processo de difusão em curta distância, o qual depende da umidade do
solo e da superfície radicular (VIANA et al., 2011).
Quanto mais elevados os níveis de adubação fosfatada, maiores são as produtividades
do feijão, com nível adequado de água (MIRANDA et al., 2000). Dessa maneira ainda se
consegue produzir bem em uma próxima safra, utilizando o resíduo da adubação fosfatada.
Além da aplicação de adubos fosfatados, a forma como esses insumos são aplicados
deve ser também considerada no manejo das culturas, uma vez que os solos tropicais
geralmente apresentam elevado poder de adsorção de fosfatos (SILVA et al., 2010). O fósforo
tem pouca mobilidade no solo, ficando em torno de 4 a 5 cm de profundidade, dessa maneira
é preciso escolher a técnica mais adequada de aplicação desse nutriente a fim de se evitar
prejuízos.
Uma das opções para aumentar a eficiência de fertilizantes fosfatados é sua aplicação
de modo adequado no solo. A escolha dessa prática dependerá do solo, da fonte de P, da
espécie a ser cultivada, do sistema de preparo e do clima. As formas mais utilizadas para
adicionar P ao solo são: a lanço, na superfície, com ou sem incorporação, no sulco de plantio,
em cova e em faixas (SOUSA; LOBATO, 2003). Ainda de acordo com os mesmo autores a
correção da acidez é uma prática que contribui para aumentar a disponibilidade de P do solo e
a eficiência dos fertilizantes fosfatados.
A aplicação do fósforo não deve ser parcelada, pois suas perdas por lixiviação são
muito baixas, visto que o fósforo é muito pouco móvel no solo (DIDONET et al.,2005). De
acordo com os mesmo autores as recomendações de fósforo são feitas com base em curvas de
calibração, elaboradas para cada região, que definem a relação entre a produtividade e os
respectivos teores de fósforo do solo. Em função dessas curvas de calibração, são definidas
tabelas de recomendação de fósforo para a adubação de manutenção de diversas culturas. Para
o feijoeiro, as quantidades variam de 60 a 120 kg de P2O5 /ha.
O fornecimento de doses adequadas de fósforo, desde o início do desenvolvimento,
estimula o desenvolvimento radicular, é importante para a formação dos primórdios das partes
reprodutivas, é essencial para a boa formação de frutos e, em geral, incrementa a produção
nas culturas (OLIVEIRA et al., 2004).
21
De acordo com Valderrama et al. (2009), a absorção de fósforo apresenta maior pico
dos 30 aos 55 dias após emergência, caracterizando o final do florescimento, quando já
existem algumas vagens formadas.
A influência do fósforo na cultura do feijão está em aumentar a produção de matéria
seca da parte aérea, consequentemente aumentando o número de vagens e a massa de
sementes, que são os principais determinantes no aumento da produtividade (ZUCARELI et
al., 2010). Segundo os mesmos autores a restrição de fósforo reduz a Taxa de Crescimento
Relativo no início do desenvolvimento e alonga o ciclo fenológico da cultura do feijoeiro cv.
Carioca Precoce.
A eficiência da adubação fosfatada depende, entre outros fatores, do nível inicial de
fósforo no solo, da dosagem do adubo aplicado, do volume de solo adubado e da distribuição
do sistema radicular (SOUTO et al., 2006). Dessa maneira para se conseguir uma adubação e
um preparo de solo eficiente não adianta apenas focar em uma só técnica, é preciso fazer a
conciliação de todas as etapas de preparo de solo, usando os nutrientes nas medidas corretas,
para que um não indisponibilize a ação do outro, dessa maneira se obterá maiores
produtividades nas lavouras.
2.7 Adubação Potássica
O potássio(K) tem inúmeras funções na planta, destacando-se, principalmente, a
ativação de vários sistemas enzimáticos, muito deles participantes dos processos de
fotossíntese e respiração. Plantas deficientes caracterizam-se por crescimento lento, raízes
pouco desenvolvidas, caules fracos e muito flexíveis e mais suscetíveis a ataques de pragas e
doenças, além de prejudicarem a formação de sementes e frutos com menor tamanho e com
menor intensidade de cor (SOUSA et al., 2013).
O padrão de absorção do potássio apresenta dois períodos de grande demanda: entre
25 e 35 dias e entre 45 e 55 dias da emergência (RODRIGUES et al., 2013). Ainda como
afirmam os mesmo autores dentre os fertilizantes minerais potássicos disponíveis no mercado,
o cloreto de potássio (KCl) predomina na agricultura brasileira, resultado da maior
disponibilidade e da melhor relação custo-benefício.
Segundo Guareschi et al. (2009), nas formulações de fertilizantes geralmente, o
potássio(K) aparece como nutriente obrigatório, respaldado pelo paradigma de que os teores
de K trocável no solo são baixos. Assim, é necessário preservá-los com adubações potássicas
para garantir o desenvolvimento das plantas. De acordo com os mesmos autores O nutriente K
22
tem ação fundamental no metabolismo vegetal, pelo papel que exerce na fotossíntese, atuando
no processo de transformação da energia luminosa em energia química.
Segundo Barbosa; Gonzaga. (2014), não se deve aplicar mais do que 50 kg/há de
potássio no sulco de semeadura, principalmente em lavouras de sequeiro. A quantidade
recomendada que for excedente a esse valor deverá ser aplicada em cobertura, juntamente
com nitrogênio e não mais que 25 dias após a emergência das plântulas, porque se aplicar toda
a dosagem no momento do plantio pode ocorrer perda por lixiviação, e deve ser feita a
aplicação do excedente ate 25 dias de emergência porque é a época que o feijoeiro demanda
pelo nutriente, pois esta liberando os botões florais. A adubação potássica mais recomendada
para a produção de sementes de feijão e o fosfato monoamonico (MAP).
2.8 Produção de sementes de feijão
A qualidade das sementes pode ser definida como sendo o somatório de todos os
atributos genéticos, físicos, fisiológicos e sanitários que afetam sua capacidade de
desempenhar funções vitais, caracterizada pela sua germinação, seu vigor e sua produtividade
(SILVA et al., 2008). Para se obter sucesso de uma lavoura deve-se obter sementes de boa
qualidade com garantida de germinação , pureza genética, qualidade fitossanitária e
fisiológica, por isso deve obter semente somente de produtores idôneos que tenham
compromisso com a qualidade da semente.
As sementes podem ser produzidas nas seguintes categorias: semente genética,
semente básica, semente certificada de primeira geração (C1), semente certificada de segunda
geração (C2), semente S1 não certificada de primeira geração, semente S2 não certificada de
segunda geração (POSSE et al., 2011). A tabela 1 apresenta Instrução Normativa nº 45 de 17
de Setembro de 2013 que o produtor deve seguir para produzir semente de feijão.
Para o processo de produção de sementes existe uma legislação que deve ser seguida
pelo produtor, e controlada pelo Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento. Para se
produzir semente é preciso seguir um cronograma de produção, contendo as etapas para ter
uma produtividade boa, e respeitando a legislação vigente.
23
Tabela 1. Instrução Normativa nº 45 de 17 de Setembro de 2013.
1 Peso máximo do lote(KG) 30.000
2. PESO MÍNIMO DAS AMOSTRAS (g):
Amostra submetida ou média 1000
Amostra de trabalho para análise de pureza 700
Amostra de trabalho paara determinação de outras sementes por número 1000
3. PRAZO MÁX PARA SOLICITAÇÃO DA INSCRIÇÃO DE CAMPOS (dias após o plantio) 30
4. PARÂMETROS DE CAMPO
CATEGORIAS/ÍNDICES
Básica C11 C2
2 S1 / S2
4.1Vistoria:
- Área máxima da gleba (ha) 50 50 50 100
- Número mínimo de vistorias5 2 2 2 2
- Número mínimo de vistorias5 6 6 6 6
- Número de plantas por subamostras 1000 500 375 250
- População da amostra 6000 3000 2250 1500
4.2 rotação (ciclo agrícola) - - - -
4.3 isolamento ou bordadura (mínima em metros) 3 3 3 3
4.4 plantas atípicas (fora tipo) ( nº máximo) 3/6000 3/3000 3/2250 3/1500
Plantas de Outras Espécies8
4.5 Cultivadas/Silvestres/Nocivas Toleradas - - - -
- Nocivas Proibidas - - - -
Pragas
4.6 Antracnose (Colletotrichum lindemuthianum)
(nº máx de vagem contaminada/população de amostra de
vagem)
3/600 3/300 3/300 3/100
- Crestamento Bacteriano (Xanthomonas
axonopodis pv.phaseoli)
(nº máx de vagem contaminada/população de amostra de
vagem)
3/600 3/300 3/300 3/100
- Mofo Branco (Sclerotinia sclerotiorum)
(nº máx de vagem contaminada/população de amostra de
vagem)
0 0 0 0
5. PARÂMETROS DE SEMENTE CATEGORIAS/ÍNDICES
Pureza Básica C1 C2 S1/S2
- Semente Pura (% mínima) 98,0 98,0 98,0 98,0
- Material Inerte (%) - - - -
- Outras Sementes (% máxima) 0,0 0,1 0,1 0,1
Determinação de Outras Sementes por Número (nº máximo)
- Semente de outra espécie cultivada11
0 0 1 1
- Semente silvestre11
0 1 1 1
- Semente nociva tolerada12
0 1 1 1
- Semente nociva proibida12
0 0 0 0
5.3 Sementes Infestadas13
(% máxima) 3 3 3 3
5.4 Semente de outra cultivar de grupo de cores diferentes 2 4 6 8
Germinação (% mínima) 70 80 80 80
5.5- Validade do teste de germinação15
(máxima em meses) 6 6 6 6
- Validade da reanálise do teste de germinação (máxima em meses 4 4 4 4
24
2.9 Etapas para a produção de semente.
2.9.1 Escolha da área
E a primeira e uma das mais decisivas etapas do processo de produção de sementes. A
qualidade d semente pode ser comprometida quando não se considera o histórico da área,
onde se pretende instalar o campo, no que se refere a ocorrência de doenças e aos cult ivos
anteriores. Preferencialmente o campo deve ser instalado onde não tenha sido cultivado
feijoeiro comum anteriormente (BARBOSA; GONZAGA, 2014).
O feijoeiro e uma planta autógama e a literatura registra taxas de cruzamento de até
6%, desta forma, deve ser feito isolamento entre campos de, no mínimo 100 metros, quando o
isolamento for no espaço e quando ocorrer a semeadura de cultivares diferentes no mesmo
campo, a cultivar subsequente deverá ser semeada quando a anterior já estiver no estágio de
desenvolvimento fenológico V4 (BARBOSA; GONZAGA, 2014).
O isolamento do campo de produção de sementes é necessário principalmente para
diminuir o risco de contaminação do feijoeiro por doenças presentes em lavouras vizinhas.
Barreiras físicas, como faixas plantadas com milho, podem ser úteis para melhorar o
isolamento da cultura (WANDER et al., 2005).
O isolamento consiste na separação dos campos de produção de sementes da mesma
espécie ou de espécies afins, para evitar a ocorrência de contaminação genética ou mistura
varietal. Esta separação pode se dar no espaço ou no tempo. Por exemplo, pode-se produzir
sementes de duas cultivares da mesma espécie na mesma propriedade, desde que a semeadura
de uma cultivar seja de dois a três meses após a outra (NASCIMENTO., 2012).
A produção de semente e de grãos não são iguais, pois para produção de grãos vale
quantidade, enquanto que para produção de sementes, qualidade e quantidade. As diferenças
entre ambas estão nos tratos culturais, no isolamento da área e na purificação das lavouras,
que são necessárias na produção de semente. Os cuidados básicos na produção de sementes
seguem aqueles indicados na produção de grãos; entretanto, o objetivo da produção de
sementes é preservar as características genéticas da variedade, a viabilidade e a qualidade da
semente, obtendo um produto com garantia de qualidade na próxima safra (BEVILAQUA et
al., 2008)
2.9.2 Épocas de plantio
Segundo Silva e Wander. (2013), o feijoeiro-comum é considerado uma cultura atípica
por se conseguir três safras anuais. A safra das "águas" ou 1ª safra é plantada nas Regiões Sul,
25
Sudeste, Centro-Oeste e nos estados do Ceará, Rio Grande do Norte, Bahia e, também nos
estados de Tocantins e Rondônia, sendo cultivado entre os meses de agosto a novembro. A
safra da "seca" ou 2ª safra ocorre nas Regiões Sul, Sudeste, Centro-Oeste e em único período
de plantio no Norte, onde o feijão-comum é consorciado com o milho. Essa safra é realizada
entre os meses de dezembro a abril. Já a safra de 3ª época, também designada como safra
irrigada, de inverno ou, simplesmente, 3ª safra, acontece com o feijão-comum cultivado entre
os meses de abril a julho, no Centro-Sul do Brasil.
Nas safras das águas a colheita coincide com o período de chuvas, o que pode levar á
perda parcial ou total da produção, além de prejudicar a qualidade das sementes devido ao
excesso de umidade. O plantio da seca pode ser prejudicado pela escassez de chuvas, levando
à má formação da semente e a baixas produções. O plantio de inverno por sua vez, é feito
praticamente na ausência de chuvas, com utilização de irrigação suplementar. Com a colheita
sendo realizada em época adequada, há expectativa de bom rendimento e produção de
sementes de boa qualidade ( POSSE et al., 2010).
Um bom plantio é o que distribui em número, espaço, tempo e profundidade, a
quantidade de sementes recomendada. Garante o número e a distribuição ideal de plantas
(estande) até o momento da colheita, o que possibilita a obtenção de produtividade e lucros
elevados. Muitos fatores podem interferir por ocasião da semeadura, o que afetará o estande
desejado e a distribuição espacial das plantas na área, destacando-se quantidade de sementes e
adubo, uniformidade de semeadura, profundidade de semeadura, profundidade da adubação,
tipo de preparo do solo, presença de torrões, grau de umidade no solo, compactação e
encrostamento e tipo de solo (JÚNIOR et al., 2008)
2.9.3 Origem da semente
O campo de produção de sementes deve ser inscrito junto ao MAPA, sendo
obrigatório comprovar a origem da semente utilizada no plantio, o que vai depender da
categoria de semente que se pretende produzir (BARBOSA; GONZAGA, 2014).
Tabela 2. Controle de gerações das categorias de semente.
Categoria de semente de origem Categoria de semente a ser produzida
Genética Básica, C1, C2, S1e S2
Básica C1, C2, S1, e S2
C1 C2, S1, e S2
C2 S1, S2
S1 S2
Fonte: BARBOSA; GONZAGA (2014).
26
E recomendável a limpeza criteriosa dos equipamentos utilizados para a semeadura e
para o tratamento das sementes para o plantio (POSSE et al., 2011). Esse procedimento deve
ser feito para ser evitar que vá outras sementes de variedades diferentes para o campo de
produção e também patógenos que podem estar aderidos no solo junto aos equipamentos,
evitando com essa simples, mas eficiente pratica a contaminação de todo um campo de
semente.
O feijoeiro é hospedeiro de vários patógenos e boa parte deles é veiculado por meio de
sementes. Assim, o tratamento das sementes antes do plantio é uma medida preventiva para o
controle desses patógenos e ainda daqueles que podem sobreviver no solo
(BARBOSA;GONZAGA,2014). Para esse controle é recomendado o uso de fungicidas e
também de inseticidas recomendados para o tratamento de sementes, lembrando que se deve
sempre fazer o uso racional dos defensivos agrícolas.
2.9.4 Sistemas de plantio
A instalação de campos de produção de sementes de feijão pode ser realizada tanto em
sistema de plantio direto (SPD) como em sistema de cultivo convencional, em ambos os
casos, é imprescindível eliminar totalmente a possibilidade de contaminação do campo com
misturas (POSSE et al., 2011). Levando em consideração todos os benefícios que tem o
sistema de plantio direto, como diminuição do impacto das gotas de agua no solo evitando a
erosão, capacidade de manter a umidade do solo, e também contribuí para a redução de
algumas doenças fúngicas, o mais indicado para o plantio de sementes é SPD.
Antes de implantar a lavoura, é importante definir bem a quantidade de sementes
necessárias para a semeadura, o espaçamento, a densidade de plantas, a velocidade da
semeadora e a profundidade de semeadura que se quer empregar (BARBOSA; GONZAGA,
2014). Na escolha de espaçamento de densidade das plantas deve se levar em consideração
que ali no meio da lavoura irão ser feitas vistorias, e esse espaçamento devera favorecer o
rouguing e controle de pragas , doenças e plantas invasoras. Levando em consideração que o
rouguing é uma rigorosa inspeção no campo visando eliminar plantas atípicas ou doentes.
A vistoria tem como finalidade verificar se o campo atende aos padrões mínimos pré-
estabelecidos pelo MAPA. As vistorias são muito importantes para a produção de sementes,
pois permitem a identificação de problemas e possibilitam a adoção de medidas corretivas, na
tentativa de se evitar a condenação do campo (POSSE et al.,2011).
27
O número e as épocas de vistorias possibilitam a verificação da presença de
contaminantes. De acordo com o padrão de campo, devem ser realizadas obrigatoriamente
duas vistorias, uma na floração e outra na pré-colheita, com emissão de laudo pelo
responsável técnico. Vale ressaltar que quanto maior for o número de vistorias, mais
informações a respeito do campo estarão disponíveis, subsidiando as tomadas de decisão
(BARBOSA; GONZAGA, 2014).
De acordo com Posse et al. (2011), consideram-se contaminantes em um campo de
produção de sementes de feijão a presença de plantas atípicas, plantas de outras espécies
cultivadas e a ocorrência de doenças. Ainda segundo os mesmos autores plantas atípicas são
aquelas que se diferem, por uma ou mais características, das plantas da cultivar para a qual se
instalou o campo.
Para o cultivo propriamente dito, além dos fatores fitotécnicos, é fundamental a
eliminação das plantas atípicas, doentes e invasoras, e o isolamento do campo de produção.
Na fase de emergência da plântula, podem ser avaliados o estande, o isolamento do campo,
a ocorrência de doenças, as plantas invasoras e a mistura de cultivares. Durante o
desenvolvimento vegetativo, o controle de plantas invasoras, de pragas e de doenças é
determinante para a preservação das qualidades física e sanitária da semente. Por outro lado,
nessa fase, a eliminação das plantas de outros cultivares baseia-se nas diferenças de hábito de
crescimento, de porte, do comprimento da guia das plantas, de coloração das folhas, de
susceptibilidade a insetos e patógenos e de ciclo entre as plantas (MENTEN et al., 2006).
Em campos de produção de sementes, o controle de doenças e pragas deve ser muito
mais rigoroso do que em lavouras destinadas à produção de grãos. Vale ressaltar que vários
patógenos do feijoeiro podem ser veiculados pelas sementes e a presença de alguns deles pode
ser motivo de condenação do campo (BARBOSA; GONZAGA, 2014).
A verificação da qualidade de um campo de produção de sementes é feita por meio de
amostragem, considerando-se que é impossível a avaliação de todas as plantas no campo.
Portanto o limite de tolerância para plantas atípicas estabelecido no padrão 1:2000 (para
categoria básica), admite-se, no máximo, uma planta atípica para cada 2000 típicas (POSSE et
al.,2011).
Nos campos de produção de sementes, o uso de fertilizantes e mais comum do que nas
lavouras de grão, isso porque as condições do solo no tocante a composição e disponibilidade
de nutrientes para as plantas influem na produção e na qualidade da semente, por afetar na
formação do embrião e dos órgãos de reserva, assim como na composição química
(OLIVEIRA et al., 2003).
28
A lavoura de sementes deve ser conduzida de modo evitar a presença de plantas
daninhas durante todo o ciclo da cultura, eliminando assim um dos principais fatores
causadores da queda de produção e da qualidade de sementes (BARROS et al., 2007).
2.9.5 Doenças no feijoeiro
As doenças que ocorrem na cultura do feijoeiro constituem uma das principais causas
da sua baixa produtividade no Brasil. Muitas delas podem causar, dependendo das condições
climáticas, redução significativa da produtividade ou mesmo inviabilizar determinadas áreas
para o cultivo (VIEIRA; JÚNIOR; BORÉM., 2011). Na tabela 3 esta descrita as principais
doenças do feijoeiro na Região Central-Brasileira e seus possíveis agentes causadores.
Para tentar fazer um controle dessas doenças existe o manejo integrado de doenças,
que visa manter as populações dos patógenos abaixo nível de dano econômico, fazendo uso
desse manejo se consegue otimizar as aplicações de defensivos. Na figura 3 e 4 esta
elucidando doenças causadas por fungos no feijoeiro.
No feijoeiro, as perdas anuais decorrentes de doenças são, geralmente, significativas,
o que justifica a adoção de medidas de controle. Entre as medidas de controle, a utilização de
sementes sadias (principalmente certificadas) e de cultivares resistentes são as formas mais
eficazes e econômicas de evitar a maioria das doenças ( BARBOSA; GONZAGA, 2014).
Para o controle da maioria destas doenças deve-se utilizar, sempre que possível, uma
combinação adequada de métodos. Entre os mais empregados, encontram-se as práticas
culturais, o controle químico e a resistência da cultivar a um ou mais patógenos desde que
disponível (SARTORATO et al., 2003).
29
Tabela 3. Principais doenças do feijoeiro comum na Região Central-Brasileira e
seus agentes causadores.
Agente causador Doença
Colletotrichum lindemuthianum Antracnose
Uromyces appendiculatus Ferrugem
Pseudocercospora griseola Mancha-angular
Fusarium solani Podridão radicular seca
Alternaria spp Mancha de alternária
Ascochyta spp. Mancha-de-ascoquita
Erysiphe polygoni Oídio
Colletotrichum dematium f. sp. Truncate Sarna
Thanatephorus cucumeris Mela
Sclerotinia sclerotiorum Mofo branco
Fusarium oxysporum f. sp. Phaseoli Murcha de fusarium
Macrophomina phaseolina Podridão-cinzenta-do-caule
Sclerotium rolfsii Podridão-do-colo
Rhizoctonia solani Podridão-radicular-de-rizoctonia
Fusarium solani f. sp. Phaseoli Podridão-radicular-seca
Xanthomonas axonopodis pv. Phaseoli Crestamento-bacteriano-comum
Curtobacterium flaccumfaciens pv.
Flaccumfaciens
Murcha-de-curtobacterium
Bean common mosaic vírus Mosaico-comum
Bean golden mosaic vírus Mosaico-dourado
Meloidogyne javanica, M. incógnita Nematoides-das-galhas
Pratylenchus brachyurus Nematoides-das-lesões
Microbotryum phaseoli n. sp. Carvão
Phakopsora pachyrhizi Ferrugem-asiática
Pseudomonas syringae pv. Tabaci Fogo-selvagem
Fonte: (Barbosa, Gonzaga, 2014)
30
Figura 3. Planta de feijão atacada por antracnose.
Foto: Hugo Milhomens
Figura 4. Planta de feijão ataca por mofo branco .
Foto: Hugo Milhomens
31
2.9.6 Colheita
No caso de campos de produção de sementes, deve-se atentar para a determinação do
ponto ideal de colheita, a limpeza e a regulagem adequada dos equipamentos e as operações
apropriadas de trilha, pois são etapas que influenciam diretamente a qualidade da semente
(BARBOSA; GONZAGA, 2014). A limpeza evita a contaminação genética, e a regulagem
adequada evita danos mecânicos, com isso evita danos na qualidade fisiológica da semente.
Para a colheita das sementes, além dos controles estabelecidos nas fases anteriores,
especialmente a partir da maturação, iniciam-se os relacionados ao momento e ao método de
colheita. Para o primeiro, são considerados o teor de água das sementes e as alterações
morfológicas da planta, das vagens e das sementes. A manutenção da integridade física das
sementes está relacionada ao tipo de colheita, como a regulagem da colhedora e/ou de outros
equipamentos, e ao teor de água da semente. A limpeza de materiais, de máquinas e de
equipamentos evita a mistura mecânica de sementes doentes ou de outros cultivares, durante a
realização da colheita. A interferência do beneficiamento na qualidade das sementes está
relacionada à manutenção da integridade física de semente que, por sua vez, depende do teor
de água da semente e da regulagem de máquinas e de equipamentos, à contaminação com
sementes doentes, de outros cultivares e até de outras espécies (limpeza) e aos tipos e à
sequência das máquinas e dos equipamentos (MENTEN et al., 2006).
Para evitar perdas e obter produtos de boa qualidade, as lavouras devem ser colhidas,
preferencialmente, logo após as sementes alcançarem a maturação fisiológica, que
corresponde ao estádio de desenvolvimento em que as plantas estão começando a amarelar as
folhas “baixeiras”, com as vagens mais velhas secas e com os grãos na sua capacidade
máxima de desenvolvimento. Nas cultivares de grãos de cor preta, a maturação fisiológica é
alcançada com teor de umidade em torno de 30% a 40%, e nas de cor bege, de 38% a 44%
(DIDONET et al., 2005).
Na impossibilidade de colher no ponto de maturação fisiológica, recomenda-se iniciar
a colheita quando a umidade das sementes atingir 20%. Sementes imaturas, colhidas antes de
terem atingido seu ponto de maturação fisiológica, apresentam baixo vigor e baixo poder
germinativo (LOPES et al., 2004). Ainda segundo os mesmo autores sempre que necessário, a
aplicação de desfolhantes pode ser utilizada para diminuir o período de risco no campo,
objetivando, principalmente, a redução da umidade, a uniformização da maturação e a
obtenção de sementes de qualidade superior, bem como para a liberação de glebas mais cedo
e menos infestadas para sucessão cultural. Esta prática permite adiantar a secagem das plantas
32
em quatro a cinco dias. Alguns dessecantes podem causar danos na germinação das sementes
por isso para a produção de sementes os dessecantes recomendados são o reglone e o finale,
pois não afetam na germinação.
Após a colheita, o processamento da semente envolve a secagem, o beneficiamento, o
tratamento e a embalagem. Durante o processamento, as sementes passam por
compartimentos, correias, elevadores e máquinas de classificação, havendo risco de misturas
com outras sementes. Portanto, uma limpeza criteriosa em toda a linha de processamento é
imprescindível (BARBOSA; GONZAGA, 2014).
A secagem tem como objetivo a redução do teor de água da semente a níveis
adequados para uma boa conservação, uma vez que a comercialização pode não acontecer
imediatamente após o processamento. Comumente, o armazenamento é feito em ambiente não
controlado e as sementes são acondicionadas em embalagens permeáveis. Nessas condições,
recomenda-se que o teor de água das sementes não seja superior a 13% (BARBOSA;
GONZAGA, 2014). Ainda afirmam os mesmos autores, que a secagem pode ser natural ou
artificial. A secagem natural ao sol, quando viável, é preferível, pois esse processo evita
maiores danos mecânicos às sementes. A secagem artificial consiste, basicamente, na
passagem de ar forçado pela massa de sementes. Nesse processo, o controle da temperatura do
ar de secagem é de extrema importância. Se a temperatura for muito alta poderá ocorrer dano
ao embrião da semente, comprometendo sua qualidade. Recomenda-se utilizar secador do tipo
estacionário, à temperatura em torno de 35 ºC.
Para o aproveitamento ideal e manutenção da qualidade das sementes durante a
colheita a secagem deveria ser realizada no momento da maturidade fisiológica das mesmas;
no entanto, neste estágio as sementes estão com alto teor de água, o que as torna sujeitas a
danos mecânicos nas demais operações, durante o processamento (ALMEIDA et al., 2012).
O beneficiamento visa melhorar a qualidade do lote de sementes nos aspectos físico,
fisiológico e sanitário, com a eliminação de impurezas, remoção de sementes de má qualidade
e de outras espécies ou cultivares e classificação em frações mais uniformes (ARAUJO et al.,
2011).
O que se espera após esse processo é a formação de lotes de sementes com o máximo
de uniformidade (BARBOSA; GONZAGA, 2014).
O beneficiamento das sementes de feijão é uma operação de grande importância, pois
os métodos de trilhamento, mecanizado ou manual, não proporcionam um produto final limpo
e padronizado em condições de ser comercializado. O beneficiamento visa, basicamente, a
classificação e a melhoria do produto no que se refere a aparência, pureza física e varietal,
33
poder germinativo e vigor (LOPES et al., 2004). De acordo com o mesmo autor como a
semente do feijoeiro é relativamente frágil, deve-se utilizar o mínimo de máquinas possível,
para reduzir ao máximo a movimentação e as quedas na UBS, e assim evitar a incidência de
rachaduras no tegumento e quebra das sementes.
O beneficiamento da semente é feito por duas máquinas principais, a máquina de ar e
peneira, que separa as sementes quebradas e outras impurezas do tamanho e densidades
próximas do feijão, e a mesa densimétrica, classifica por peso específico, separando as
sementes leves, atacadas por insetos, das sementes inteiras e bem formadas. Após o
beneficiamento, quando o produto se destina ao plantio, as sementes precisam ser
armazenadas por um período de tempo maior (máximo 12 meses) após a embalagem e antes
de serem comercializadas. Ambientes ventilados, frios e secos proporcionam melhores
condições de preservação das sementes (MAPA, 2014). A semente destinada ao plantio deve
ficar no máximo 12 meses armazenada, por que se passar desse período ela começara a perder
o poder de germinação.
O tratamento químico da semente ao final da etapa de beneficiamento tem a finalidade
de evitar que fungos, principalmente espécies dos gêneros Aspergillus e Penicillium
comprometam a qualidade da semente durante o período de armazenamento (BARBOSA;
GONZAGA, 2014).
Já a qualidade fisiológica de sementes armazenadas está relacionada ao tipo de
embalagem empregado, quando as sementes são armazenadas em embalagens permeáveis,
seu teor de umidade varia conforme as variações de umidade do ar, em embalagens
semipermeáveis há alguma resistência as trocas, porém nada que impeça completamente a
passagem da umidade e, em embalagens impermeáveis não há influencia do ar externo sobre a
semente. Dessa maneira sementes de feijão acondicionadas em sacos de pano e papel
multifoliado, armazenadas em ambiente natural, apresentam maiores oscilações nos níveis de
umidade do que aquela armazenada em saco de polietileno em câmera úmida (ALVES et al.,
2003).
As embalagens impermeáveis apresentam como principais vantagens, além de evitar a
troca de umidade dos grãos com o ambiente, a redução da disponibilidade de oxigênio devido
a respiração das sementes armazenadas, fato este que reduz a perda de matéria seca,
proliferação de insetos e mantém a qualidade fisiológica das sementes por períodos maiores
de armazenamento (SILVA et al., 2010).
As sementes, geralmente, não são comercializadas logo após o processamento, sendo
necessário o armazenamento. Durante esse processo, a qualidade fisiológica deve ser mantida,
34
bem como o seu envelhecimento retardado. O teor de umidade e as condições ambientes do
armazém influenciam diretamente na conservação. A velocidade de deterioração é
influenciada diretamente pelas condições às quais as sementes são expostas durante a sua
formação, maturação, colheita, secagem, beneficiamento e armazenamento (BARBOSA;
GONZAGA, 2014).
A qualidade da semente é fator de extrema importância para que se obtenha a
produtividade esperada, e o armazenamento é prática fundamental para o controle da
qualidade fisiológica da semente sendo, um método por meio do qual, pode-se preservar a
viabilidade das sementes e manter o seu vigor em nível razoável no período compreendido
entre o plantio e a colheita (ALMEIDA et al., 2009).
Nos últimos anos, o tratamento químico de sementes que utiliza o revestimento com
polímeros tem recebido atenção em algumas culturas de expressão econômica. Os polímeros
têm possibilitado o aumento da penetração e da fixação do produto ativo, melhorando,
consequentemente, a sua distribuição nas sementes, além de reduzir as quantidades utilizadas
de produtos químicos e os problemas de poluição ambiental (PIRES et al., 2004). Afirmam
ainda os mesmos autores que o revestimento com tintas de polímeros vinílicos, associado ao
tratamento químico com os fungicidas, não interferem na germinação de sementes de feijão.
O metabolismo da semente é influenciado pela temperatura e pela umidade relativa do
ar. Temperaturas e umidade relativas altas aumentam a taxa respiratória da semente;
consequentemente, o consumo de substâncias de reserva será maior, comprometendo sua
qualidade fisiológica e reduzindo o tempo de armazenamento. Por outro lado, quanto menores
forem a temperatura e a umidade relativa, maior será a possibilidade de vida útil da semente.
Normalmente, as sementes são armazenadas em grandes armazéns, onde não há controle de
temperatura e umidade relativa em seu interior. No entanto, essas condições podem ser
controladas eficientemente quando os armazéns são construídos em locais de clima mais
apropriado para o armazenamento e quando eles são dotados de aberturas especiais que
promovam boa ventilação (BARBOSA; GONZAGA, 2014).
Análises de identidade e qualidade de um lote de sementes é obrigatória para a
comercialização e feita em laboratório credenciado pelo MAPA. Sendo realizada análise de
pureza, verificação de sementes de outras cultivares e de outras espécies cultivadas, exame de
sementes nocivas, teste de germinação e exame de sementes infestadas, no caso do lote de
sementes ser aprovado é emitido um documento, que pode ser: certificado da semente (para
sementes de categorias básica, C1 e C2), termo de conformidade (para sementes de categoria
35
S1 e S2) e termo aditivo (para qualquer categoria, quando se tratar de reanálise) (BARBOSA;
GONZAGA, 2014).
A quantidade de sementes analisadas é, em geral, muito pequena em relação ao
tamanho do lote que representa. Para se obter resultados uniformes e precisos em análise de
sementes, é essencial que as amostras sejam tomadas com todo cuidado e em conformidade
com os métodos estabelecidos nas presentes Regras para Análise de Sementes – RAS
(MAPA, 2009)
Por mais criterioso que seja o procedimento técnico empregado na análise, os
resultados não podem indicar senão a qualidade das sementes contidas na amostra submetida
a exame, consequentemente, todos os esforços devem ser feitos para assegurar que a amostra
enviada para análise represente, corretamente, a composição do lote em questão. Do mesmo
modo, ao reduzir essa amostra no laboratório, toda a precaução deve ser tomada pelo analista
a fim de que as amostras a serem usadas nas diversas determinações, sejam por sua vez
representativas da amostra remetida ao laboratório de análise de sementes (MAPA, 2009).
A única maneira segura de conhecer a qualidade real de um lote de sementes é através
da análise física e fisiológica, bem como saber das peculiaridades de cada espécie para poder
interpretar corretamente os resultados, isto representa garantia para produtores, comerciantes
e agricultores, por possibilitar a aquisição de lotes de sementes com qualidade conhecida e, ao
mesmo tempo, reduzir riscos provenientes da aquisição de produtos com qualidade
desconhecida e com preços irreais, não condizentes com o lote (LIMA Jr et al., 2010).
De acordo com Barbosa e Gonzaga. (2014), uma vez aprovado e documentado, o lote
de semente está apto para ser comercializado. A documentação que acompanha as sementes
inclui a nota fiscal, o certificado ou termo de conformidade, dependendo da categoria da
semente, e o termo aditivo, quando se tratar de reanálise. E o produtor de semente é
responsável por manter os padrões mínimos de germinação por um período de 30 dias,
contados a partir do recebimento da semente pelo comprador, comprovado por meio de recibo
da nota fiscal (Instrução Normativa nº 15, de julho de 2005).
36
3 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Para se conseguir produzir feijão com qualidade, alcançando altas produtividades,
preservando o solo e o meio ambiente, é preciso fazer uso racional das tecnologias
disponíveis.
Deve ser feito um estudo prévio da área a ser cultivada, pois o feijão é muito
susceptível a doenças, assim é preciso evitar plantar em áreas com históricos de ataques de
doenças e que tenha sido cultivada com uma leguminosa na safra anterior. É preciso também
levar em consideração o uso correto do solo, tentando mitigar os danos ambientais causados
pela implantação da cultura, fazendo uso sempre que possível de plantio direto, adubação
equilibrada e rotação de cultura.
E necessário o manejo integrado das doenças (MID), dessa maneira o técnico saberá a
incidência da doença na cultura, a severidade e o ciclo que a cultura está, assim podendo fazer
o uso de defensivos na hora certa e na quantidade exata, conseguindo dessa maneira uma
economia nos custos de produção para o produtor, e protegendo o solo.
Vale ressaltar que para se obter uma boa produtividade é preciso fazer uso de sementes
de qualidade, com garantia de germinação, pureza genética, qualidade fitossanitária e
fisiológica adquirida de produtores idôneos registrados nos órgãos fiscalizadores e que
tenham compromisso com a qualidade da semente.
Assim pode-se chegar a um senso comum, que se for feito o uso correto das
tecnologias disponíveis, conseguiremos produzir feijão com alta qualidade e grande
produtividade por área, conseguindo lucro e mitigando os danos ambientais.
37
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DECLARAÇÃO E AUTORIZAÇÃO
Eu, Hugo Ancelmo Milhomens, endereço eletrônico hugoancelmo@gmail.com,
declaro, para os devidos fins e sob pena da lei, que o Trabalho de Conclusão de Curso:
CULTIVO DO FEIJOEIRO-COMUM E ETAPAS DE PRODUÇÃO DE SEMENTE é
de minha exclusiva autoria.
Autorizo o Centro Universitário de Goiás – Uni-ANHANGUERA a disponibilização
do texto integral deste trabalho na biblioteca (consulta e divulgação pela Internet), estando
vedadas apenas a reprodução parcial ou total, sob pena de ressarcimento dos direitos autorais
e penas cominadas na lei.
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