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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU
INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
Tecnologia educacional: O uso das tecnologias no ensino superior
à distância.
Por Denise Anselmo Santos
Orientador: Prof. Vilson Sérgio de Carvalho
Co-orientadora: Prof. Leonardo Silva da Costa
SALVADOR
2010
2
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU
INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
TECNOLOGIA EDUCACIONAL
O USO DAS TECNOLOGIAS NO ENSINO SUPERIOR À DISTÂNCIA.
Apresentação de monografia ao Instituto A Vez do Mestre
– Universidade Candido Mendes como requisito parcial
para obtenção do grau de especialista em Docência do
Ensino Superior
Por: Denise Anselmo Santos
3
AGRADECIMENTOS
A Deus, pela vida e a saúde.
À minha família, pelo carinho e incentivo.
Aos amigos, colegas e professores pela colaboração e
apoio.
A todos que direta ou indiretamente contribuíram para a
minha formação acadêmica.
4
DEDICATÓRIA
Dedico esse trabalho a todos que participaram de
mais uma etapa da minha formação profissional.
Dedico também a todos àqueles que acreditam que
um país só se desenvolve com educação de qualidade e
não se cansam de lutar para que o conhecimento seja
cada vez mais democrático e com isto, todos possam ter
oportunidades de realizar seus sonhos.
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“(...) reconhecemos a necessidade de usar a dominar as máquinas, mas, em
contrapartida, precisamos, urgentemente, cada vez mais, conhecer e compreender o
Homem”
Jorge Rodrigues de Mendonça Fróes
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RESUMO
O presente trabalho monográfico tem como objetivo principal refletir sobre as
vantagens e desvantagens do ensino superior a distância e o uso das tecnologias,
haja visto o crescimento dessa modalidade de educação na atualidade. Isto se
deve a vários fatores, dentre eles estão a exigência do mercado de trabalho e o
desenvolvimento dos aparatos tecnológicos, mas que cabem aqui algumas
considerações para que essa modalidade de ensino não se transforme em modismo
e que não sirva apenas para distribuir diplomas, suprindo assim uma lacuna do
sistema educacional brasileiro. Nesse sentido, este trabalho relata experiências de
alunos envolvidos em cursos superiores a distância e como se dá a relação dos
atores envolvidos no processo ensino aprendizagem intermediados pela máquinas.
Para se chagar aos resultados, foram feitas entrevistas, depoimentos e pesquisas
bibliográficas, entre as quais, a legislação da Ead. Analisadas as entrevista,
declarações e os depoimentos, ficou claro que a maior dificuldade está na falta de
interatividade entre alunos e professores, e que mesmo com todo sistema
tecnológico, essa deficiência não vai ser suprida, se não forem revistas as ações no
sentido de fazer da EAD não só uma modalidade de educação com o objetivo
democratizar o ensino, mas sim, uma nova ferramenta para fortalecê-lo.
7
METODOLOGIA
O presente trabalho foi desenvolvido em duas fases. A primeira fase, que
consistiu no levantamento bibliográfico; e a segunda que consistiu na pesquisa de
campo a partir de depoimentos pessoais e entrevistas com alunos que atuam no
ensino superior à distância.
Na primeira fase, ou primeira parte do trabalho, foi realizada a seleção dos
materiais bibliográficos a serem utilizados com: livros, revistas, informativos, sites,
trabalhos acadêmicos pertinentes ao tema das pesquisas, que após seleção
criteriosa foram utilizados na parte a fundamentação teórica. Essa parte foi muito
satisfatória, pois há um arcabouço abrangendo os tema específicos para a área de
educação a distância, tecnologia educacional, Internet, educação superior, formação
docente entre outros tópicos pertinentes. O levantamento bibliográfico, atendeu
assim a fundamentação que será utilizado nas análises e conclusões.
Entre as obras consultadas, estão Educação à distância: tecnologia da
esperança de Arnaldo Niskier , Tecnologia Educacional e Educação a Distância:
avaliando políticas e práticas de Raquel Goulart Barreto e Educação a Distância de
Maria Luiza Belloni.
Na segunda fase, ou segunda parte do trabalho, a pesquisa foi direcionada
para seu objeto de análise, ou seja, os cursos superiores a distância e o uso das
tecnologias: vantagens e desvantagens, problemática da pesquisa.
Assim, a pesquisa de campo se procedeu com a aplicação de uma
entrevista com perguntas previamente elaboradas para os objetivos propostos. Foi
realizada por amostragem com a participação de 10 alunos que cursam ou cursaram
o ensino superior à distância em diversas unidades de ensino escolhidos
aleatoriamente através de contatos pessoais. O objetivo foi enriquecer a pesquisa já
que as respostas seriam mais ricas e variadas, pois o intuito da mesma não era o de
avaliar um determinado curso ou uma faculdade específica, mas sim analisar
possíveis dificuldades encontradas nessa modalidade de ensino.
Foi utilizado o método direto com perguntas abertas.
8
Além das entrevistas, também foram colhidas declarações de maneira
informal que também foram utilizadas como objeto de análises, juntamente com os
dados e informações.
Assim, todas as informações e dados coletados foram confrontados com os
textos selecionados e utilizados na fundamentação teórica, e dessa forma
analisados nos seus diversos aspectos.
“O elemento mais importante para a identificação de um
delineamento é um procedimento adotado para coleta de dados.
Assim, podem ser definido dois grandes grupos de delineamento:
aquelas que se valem da chamadas fontes de “papel” e aqueles cujo
dados são fornecidos por pessoas. No primeiro grupo estão a
pesquisa bibliográfica e a pesquisa documental. No segundo estão a
pesquisa experimental, a pesquisa ex-post facto, o levantamento e o
estudo de caso”.
(Cervo, 2002, p.35-45).
9
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 10
CAPÍTULO I .............................................................................................................. 12
1.1 - Tecnologia Educacional X EAD .................................................................. 12
1.2 - Tecnologia e mediatizaçáo do ensino ....................................................... 16
1.3 - Surgimento da EAD no Brasil ..................................................................... 17
1.3.1 - As Vantagens da Educação à Distância. ................................................ 21
1.3.2 - A educação à distância em nível universitário ........................................ 22
CAPÍTULO II ............................................................................................................. 25
EVOLUÇÃO DA EDUCAÇÃO NO BRASIL.............................................................. 25
2.1 - Educação presencial X Educação à distância .......................................... 25
2.1.1 - Ênfase no estudante ............................................................................... 31
2.2 - Formação do professor em EAD ................................................................ 32
2.2.1 - Funções do professor em EAD. .............................................................. 35
2.2.2 - Novas competências: formação de formadores ...................................... 37
CAPÍTULO III ............................................................................................................ 43
3 ANÁLISE DAS ENTREVISTAS E DEPOIMENTOS. ............................................. 43
3.1 - Resultado da pesquisa ................................................................................ 43
3.2 - Análise e interpretação dos dados ............................................................ 44
3.3 - ASPECTOS RELEVANTES ............................................................................. 44
3.3.1 - Interatividade e EAD ............................................................................... 44
3.3.2 - Avaliação e EAD ..................................................................................... 46
CONCLUSÃO ........................................................................................................... 48
BIBLIOGRAFIA ........................................................................................................ 50
WEBGRAFIA ............................................................................................................ 52
ÍNDICE DE ANEXOS ................................................................................................ 53
ANEXO I – Roteiro da Entrevista ........................................................................... 54
ANEXO II – Gráficos ............................................................................................... 55
10
INTRODUÇÃO
Nas últimas décadas, observa-se, em toda as partes, uma expansão da
modalidade de Educação à distância. Países têm investido na criação de
universidades dedicadas unicamente a atuarem nessa modalidade e o Brasil não
poderia ficar alheio. A cada ano surgem novos centros de ensino atendendo a
milhares de alunos e oferecendo os mais variados cursos. Qual o sentido dessa
expansão? A educação a distância por sua flexibilidade e economia de escala, tem
sido chamada para dar uma resposta aos desafios político-social, econômico,
pedagógico e tecnológico, postos à sociedade com a implantação de programa
neoliberal, a globalização e principalmente a introdução das novas tecnologias no
sistema produtivo e de comunicação. Mas, ela tem essa potencialidade? Quais as
limitações e os desafios encontrados? Como dar conta do divorcio entre o
desenvolvimento dos conhecimentos e as limitadas oportunidades de acesso? Como
garantir uma educação para todos se os meios tecnológicos de comunicação ainda
não foram socializados e garantindo a qualidade do processo educacional?
Hoje, sobretudo a partir da aprovação da Lei de Diretrizes e Bases da
Educação Nacional (LDB), a EAD vem se tornando uma discussão fundamental para
quem está refletindo sobre os rumos da educação em uma sociedade cada vez mais
interconectada por redes de tecnologia digital. Os inúmeros cursos utilizam a
Internet ou sistema de redes similares como suporte de comunicação pedagógica. É
um processo de transformação no cenário educacional de amplitudes ainda
desconhecidas que necessitam ser analisadas e discutidas.
Nesse sentido, pensar em educação à distância no contexto atual, exige dos
educadores e alunos, uma reflexão bem mais ampla que engloba o repensar dos
próprios conceitos de educação e tecnologia, de forma integrada, no sentido de criar
propostas pedagógicas que incorporem as potencialidades que as novas
tecnologias, em especial ao de suporte digital, trazer para o processo coletivo de
construção do conhecimento. Por isso, esse trabalho monográfico tem como tema
Tecnologia Educacional, enfatizando o uso dessas tecnologias no ensino superior a
distância haja visto o crescimento dessa modalidade de ensino nos dias atuais
devido a exigência da sociedade e o avanço dos aparatos tecnológicos
(computador, Internet), mas que cabe aqui uma reflexão profunda sobre as
vantagens e desvantagens , ou seja, dos pontos positivos e negativos e das
11
dificuldades encontradas nesse tipo de ensino .Nesse sentido, esse trabalho relata e
analisa experiências de alunos em cursos superiores a distância e como se dá essa
relação midiática no processo ensino aprendizagem, pois os entraves da educação
a distância podem está associados não só ao uso das ferramentas tecnológicas
mas como também na interatividade aluno - professor, já que independente da
modalidade de ensino, os educadores sempre devem atuar como mediadores
pedagógicos na sociedade contemporânea.
Para se chegar às conclusões finais, foram colhidos depoimentos e feitas
entrevistas com os personagens envolvidos, além de pesquisas bibliográficas sobre
assuntos relacionados ao tema para a fundamentação teórica.
Assim sendo, este trabalho foi dividido em três capítulos. No 1° foi feito um
relato sobre tecnologia educacional e sua relação com a educação a distância, o
surgimento dessa modalidade de ensino e suas implicações no cenário atual.
No 2º foi feito um relato da evolução da educação no Brasil, da presencial à
distância, refletindo no novo papel do professor como agente transformador e do
aluno como ser crítico numa sociedade em transformação.
No 3º capítulo, foi feita a análise da pesquisa e dos depoimentos dos
estudantes participantes de cursos superiores a distância e discutidas algumas
dificuldades apontadas.
No final desse trabalho, foram feitas as considerações sobra as vantagens e
desvantagens dessa modalidade de ensino associadas às tecnologias, objetivo
principal desse trabalho.
“A mudança da função do computador como meio educacional
acontece juntamente com um questionamento da função da escola e
do papel do professor. A verdadeira função do aparato educacional
não deve ser de ensinar, mas sim de criar condições de
aprendizagem. Isso significa que o professor precisa deixar de ser
um repassador do conhecimento – o computador pode fazer isso e o
faz muito mais eficientemente do que o professor – e passar a ser
criador de ambientes inovadores de aprendizagem e o facilitador do
processo de desenvolvimento intelectual do aluno”.
(Valente, 1993, p.15)
12
CAPÍTULO I
1. Tecnologia Educacional
1.1 - Tecnologia Educacional X EAD
Uma pergunta que suscita muitas dúvidas é a que trata do ensino à distância
e qual a sua realidade no contexto geral da educação. (Niskier, 1999).
Há muitas respostas: A grande quantidade de alunos que não tem acesso à
escola; os altos índices de evasão e repetência em todo o país, sobretudo nas zonas
rurais; a interação possível do ensino com a informática; a criação de um sistema
próprio e alternativo de ensino, sem a pretensão de substituir o chamado processo
regular e presencial da educação; a possibilidade de formação ou de
aperfeiçoamento do educador sem retirá-lo do sistema; a necessidade de
preparação de mão de obra qualificada, e outras mais.
No Brasil, houve no início uma certa resistência ao ensino à distância,
especialmente por medo de se estabelecer uma dependência aluno-máquina.
Entretanto, em todos os tempos, o homem sempre dependeu de algum tipo
de tecnologia, mesmo primitivas: traços verticais ou pedrinhas ajudavam o pastor a
contar suas ovelhas: o ábaco permitia e ainda permite cálculos rápidos.
As novidades que ameaçam uma mudança em uma situação de fato são
amedrontadas. Mas, atualmente qualquer pessoa sabe retirar seu saldo bancário,
fez uso das mais sofisticadas máquinas de calcular ou diverti-se com os telegames.
Analisando o problema, o homem é um ser dependente. O cerne está em
como tirar o melhor proveito dessa dependência, encarando o ensino à distância e
seus instrumentos sob o enfoque duplo da fundamentação técnica e da
aplicabilidade à educação.
Alguns educadores temiam que outro processo de educação fosse um meio
de substituir o professor e talvez, por isso, o ensino através do computador, por
exemplo, tenha passado por um esvaziamento ou de falta de confiança em seus
resultados.
Para que no ensino, por meio de tecnologias educacionais, não se colasse o
rótulo de ensino de segunda classe, foi preciso dá ênfase à preparação dos recursos
13
humanos que iriam acioná-los. E que houvesse um rigoroso e permanente esquema
de avaliação.
O preceito constitucional de promoção tecnológica e o objetivo de incluí-la no
capitulo sobre educação não restringiu sua acepção. Deixou-a em aberto porque a
educação apresenta muitas faces e interfaces: dirigentes do processo, alunos,
agentes educacionais, todas elas representativas de um capital humano que não
pode ser desperdiçado, como vem ocorrendo até agora.
A informatização da educação ou sua combinação com outros instrumentos
são um meio de ampliação das funções do professor. Como tantos outros recursos
educacionais. (livros, vídeos, projeções) constituem-se em auxiliares da
aprendizagem, para motivar, ilustrar, reforçar sua aula ou torná-la mais dinâmica.
Para isso, é preciso compreender que a palavra ensinar vem de in + signare, ou
seja, significa mostrar, sinalizar para dentro. Como afirma D. Lourenço de Almeida
Prado, “ensinar é trabalhar com sinais para levar à mente do outro a presença (a
representação) do que se quer que ele veja, julgue e aprenda. Entre todo os sinais
convencionais, a maior deles é a palavra”.
A não ser por absoluta falta de equipamentos ou somente aquele professor
empedernido no giz e no quadro-negro, o docente atual incorpora com naturalidade
à sala de aula todos os instrumentos modernos que a tecnologia pode oferecer.
Ora, por que as tecnologias educacionais, reunidas num sistema autônomo, com
linhas próprias de concepção e produção de material didático, acompanhamento de
sua utilização, verificação criteriosa da aprendizagem e avaliação de sua eficácia?
Apesar de inúmeras razões que apontam o ensino à distância como uma
solução plausível e complementar para os problemas da educação brasileira, sua
aceitação chega com cerca de meio século de atraso. Jamais houve uma vontade
política para dar-lhe consistência e continuidade, apesar de algumas experiências
que não podem ser desprezadas.
Essas experiências mostraram-se válidas e resultaram de uma tomada de
posição em relação a uma estratégia já adotada em outros países, alguns deles sem
os nossos problemas, mas que reconheceram seu valor e sua importância.
14
Somente agora a tecnologia se vê, no Brasil, prestigiada na tentativa de
enfrentar nossos graves desafios: a erradicação do analfabetismo, a melhoria da
qualidade do ensino, a universalização da educação básica e superior e a formação
para o trabalho. Em seu livro o uso humano dos seres humanos, Nobert Wiener
afirma: “O uso do ser humano em que lhe é exigido menos que a sua estatura total
constitui uma degradação e um desperdício”.
Moacir Gadotti e outros estudiosos concordam que “todo o pensamento
pedagógico é tributário de sua época e é ingênuo desvinculá-lo de um movimento
histórico-social e de um projeto político e social”.
Analisando-se esses dois pensamentos, temos uma visão de como está a
educação no Brasil, em primeiro lugar, a sociedade parece desconhecer o conceito
de perfectibilidade do homem e adota uma atitude de conformismo e de aceitação.
Em segundo lugar, o sistema educacional vem refletindo a pequena consistência de
nossos projetos políticos e sociais, que sofrem de descontinuidade, como já
dissemos.
A educação continua elitista, e a popular, entendida como educação para
todos, não existe. As novas metas sociais pretendem ter por finalidade proporcionar
a cada indivíduo a educação de que presumivelmente necessita, isto é, conforme
suas potencialidades e interesses.
Essas metas não significam que todos receberão igual quantidade de
educação, mas que algum tipo de educação deverá estar disponível para todos. Isto
significa que todos os homens são educáveis, mas é necessário que cada um e
todos recebam educação como iguais, despeito das diferenças pessoais.
Aceitar simplesmente e sem reflexão a igualdade essencial de todos os seres
humanos é insuficiente. Esse pressuposto deve ser acompanhado pela igualdade de
oportunidades, o que não quer dizer que todos sejam igualmente educados, mas –
sim – que todos devem receber algum tipo de educação e possam desenvolvê-la, se
quiserem e até onde puderem.
É imperativo que a educação procure outros caminhos e outros
procedimentos, adotado estratégicas mais velozes e de mais longo alcance.
15
Na realidade, a educação à distância é uma estratégia de inovação como
alternativa para a sala de aula e a companhia que determina o início e o fim de cada
período de 50 minutos.
O suporte da educação à distância é o estudo sistemático, facilitado pela
comunicação em mão dupla, porque acompanhado por professores e especialistas.
A seu favor, a educação à distância apresenta também as seguintes condições:
• Possibilidade de compartilhar conhecimentos e habilidades pela utilização do
saber organizado racionalmente;
• Facilitação da comunicação entre o aprendiz-aluno e o centro emissor das
informações;
• Independência da ação presencial e permanente do professor;
• Adequação das estratégias à realidade geográfica, cultural e social da
população-alvo.
A presença do professor é avaliada sob uma visão critica e não há indícios nem
teses comprobatórios de que tal presença faça aumentar seus conhecimentos ou
aprender mais. A rigor, a tão falada interface aluno e professor nem se verifica; é
mais provável que ela se concretize com o livro didático, não criticado, mas ainda
assim indispensável.
Embora a atuação do professor venha se modificando com os avanços da
psicologia cognitiva e do desenvolvimento, num país como o nosso, em que a
demanda por escola aumenta e o número de professores é pequeno ou
despreparado, não pode existir a interface em seu sentido real.
A favor igualmente da educação à distância quanto à presença do professor,
diga-se que a mão dupla existe porque é ela que assegura a operacionalização e o
controle do sistema.
A instrução é levada ao aprendiz-aluno que a assimila e reelabora e volta ao
centro provedor de informações para retificações e avaliação do aprendizado,
esclarecimentos e realimentação ou, também, essas orientações são aplicadas em
encontros periódicos e de antemão programados.
“O determinismo técnico considera que as tecnologias estruturam os usos que se fazem dela e determinam a organização e o funcionamento da sociedade. O ponto de partida desta concepção é sem dúvida
16
incontestável: as tecnologias não são neutras, mas exercem efeitos sobre o meio social no qual são desenvolvidos”.
Belloni: (2003, p.65)
1.2 - Tecnologia e mediatizaçáo do ensino
Na questão das NTICs, Belloni (2003) diz que é preciso lembrar um
importante pressuposto que, embora seja evidente , é multas vezes esquecido ou
obscurecido nos debates sobre este tema: as tecnologias não são boas (ou más) em
si, podem trazer grandes contribuições para a educação, se forem usadas
adequadamente, ou apenas fornecer um revestimento moderno a um ensino antigo
e inadequado. É essencial, porém, que tenhamos consciência de que sua integração
à educação já não é uma opção: estas tecnologias já estão no mundo,
transformando rodas as dimensões da vida social e econômica; cabe ao campo
educacional integrá-las e tirar de suas potencialidades comunicacionais e
pedagógicas o melhor proveito. O que exigirá dos sistemas educacionais grandes
esforços de imaginação pedagógica e um volume considerável de investimentos
financeiros.
Além das aplicações mais óbvias e úteis às ações de EAD, a introdução
destas tecnologias como meios complementares no ensino convencional,
oferecendo aos estudantes acesso a uma grande variedade de fontes de
informação, é reconhecidamente uma tendência mundial na pedagogia para todos
os níveis de educação. Seu uso pode contribuir para aumentar o grau de autonomia
do estudante e de eficiência do processo de ensino e aprendizagem. Sua utilização
educativa se integra numa nova concepção da tecnologia educacional agora
concebida como comunicação educacional.
As formas de utilização educativa destas tecnologias variam evidentemente
segundo os objetivos pedagógicos e didáticos que se queiram alcançar, mas
podemos identificar algumas formas mais adequadas a uma perspectiva de
integração do ensino convencional e a distância: a criação de cursos mediatizados e
modularizados que possam ser utilizados por estudantes do ensino presencial e a
distância (on e off carnpus), de modo a otimizar recursos, multiplicar resultados e
melhorar a qualidade do ensino convencional, além de expandir a oferta de estudos
17
superiores para estudantes a distância.
Considerando o atual estágio de desenvolvimento destas tecnologias, é
possível e desejável colocar a ênfase nas tecnologias mais interativas, tais como:
redes telemáticas, teleconferências, conferências por computador, e muito
especialmente o telefone, que, por permitir uma interação pessoal e sincrônica (não
diferida), tem se mostrado um excelente meio de tutoria para o ensino a distância.
Também seria aconselhável, tendo em vista o que as experiências de
televisão escolar têm nos ensinado, enfatizar a escolha de meios "leves" (selfmedia),
que não implicam limitações de horário/lugar (cassetes, CD-ROMs, impressos etc.) e
que permitem aos estudantes mais liberdade e autonomia na organização de seus
estudos.
Cabe lembrar uma observação importante, aceita pela maioria dos
especialistas e educadores que trabalham e estudam o uso educativo de tecnologias
de informação e comunicação: nos tempos em que vivemos, o uso de metodologias
não presenciais, utilizando tecnologias interativas, é provavelmente um dos
melhores meios de ao mesmo tempo melhorar a qualidade e assegurar a expansão
do ensino superior.
1.3 - Surgimento da EAD no Brasil
Graças à evolução tecnológica e a internet é possível hoje aprender de muitas
formas, em lugares diferentes, de formas diferentes. Dessa forma, a educação e,
com destaque a Educação a Distância – EAD, se apresenta como uma alternativa
coerente ao momento histórico para atender a crescente demanda por novas e mais
satisfatórias em formas de aprendizagem. Utilizar as Tecnologias de Informação e
Comunicação como facilitadores do processo de aquisição e construção do
conhecimento é o caminho para uma sociedade marcada por uma profunda
necessidade transformação.
A Educação a Distância (EAD) surgiu no Brasil inicialmente por
correspondência, depois rádio, televisão, chegando ao que hoje conhecemos: o
computador. Nesta abordagem, promovida principalmente pela internet, é possível
se oferecer níveis comunicacionais mais avançados como chats, fóruns, e-mails.
18
Tendo como traço distintivo a mediatização das relações entre os indivíduos o
processo de educação a distância (EAD), mediatizado pelo uso de tecnologias deve
trazer uma dimensão educacional pluridericionada, descentralizada e interdisciplinar,
em que prevaleçam as visões diversas atitudes e posturas (Machado, et all, 2003).
Assim, o ensino a distância vem ao encontro de respostas às necessidades
de uma sociedade caracterizada pela competitividade, em que a questão do tempo é
um fator crítico no desenvolvimento dos indivíduos e das instituições. Martins (1998),
nos traz referências quanto ao nosso olhar frente a esse novo modelo de tempo e
espaço. Classificados por ele como “tempo das redes”, um espaço, em que a
cibercultura e a telepresença prevalecem destinadas a unir pessoas que estão
distantes geograficamente.
A modalidade de educação deverá ser tomada como uma nova forma de
educar e não mais como uma “roupagem” para a educação tradicional,
apresentando técnicas inovadoras como autonomia crítica e processos mediados
pela comunicação síncrona e assíncrona, a última pouco utilizada na formação
presencial.
Costa (2002) coloca a educação a distância como forma de apresentar uma
alternativa para a sociedade que exige a disponibilidade do conhecimento a
qualquer momento, em qualquer lugar e, sobretudo, quando necessário e oportuno.
Belloni (2001), por sua vez, ao abordar sobre educação a distância afirma que
a aprendizagem será vista como um processo permanente, em que os educandos
deverão ser autônomos na busca do conhecimento e o papel de professor será o de
mediar esta busca. Já Moran (1995) defende que o aspecto multimídia apresenta
uma mudança significativa neste momento, pois através dela podemos dispor de
sons, imagens e textos para a comunicação.
Desta forma, é possível visualizar a modalidade da educação à distância com
suas múltiplas capacidades e possibilidades de desenvolvimento e que seus meios
comunicacionais proporcionam, realizando mais constantemente o diálogo do que
possivelmente em aulas presenciais. Pois neste modelo, se as aulas não se
apresentam como forma de intervenção torna-se desinteressante e amputam o
desenvolvimento da criatividade e da cooperação.
19
A educação a distância, a luz das evidencias dos autores pesquisados,
oportuniza dentre outras possibilidades educacionais, conceber novas técnicas de
apresentação de conteúdos, promover estratégias de aprendizagem tecnológica dos
meios a serem utilizados pelos educandos para esta prática. Tudo isso, possibilita
uma série de novas e valiosas experiências e interações que se bem trabalhadas
podem enriquecer tanto a atuação do educador quanto a própria educação.
Quanto aos educandos utilizarem redes de comunicação, é importante
registrar que caberá ao professor desenvolver o manejo necessário para auxiliá-los
na percepção de mensagens encobertas, ou seja, a necessidade que hoje existe é
tornar o educando mais crítico a respeito das informações que tem acesso.
No entanto, para que o professor possa propor situações de aprendizagem
utilizando a internet, é fundamental problematizar os conteúdos, definir objetivos e
assumir-se como facilitador de seus educandos na busca de soluções, no gosto pela
pesquisa, ao levantar questionamento e principalmente, em relação à posição crítica
a tomar as informações disponíveis na rede, pois quantidade não apresenta
necessariamente qualidade.
Portanto, é imprescindível que a educação formal se enquadre a nova
realidade emergente e que os professores ensinem e possam aprender
conjuntamente com seus educandos, concomitantemente com a ação de aprender a
pesar e agir criticamente, utilizando-se dos variados meios de comunicação e das
tecnologias, proporcionando assim uma visão global da educação.
Retomando à problemática da necessidade da contínua capacitação dos
profissionais em educação, vale ressaltar o papel que a internet pode contribuir
enquanto espaço de possibilidades, sobretudo, devido a crescente oferta de cursos na modalidade on-line ou à distância. Nesse contexto, merecem destaque as
plataformas de aprendizagem que dão suporte a Educação a Distância (EAD).
Existem vários ambientes de aprendizagem entre eles o TelEduc, uma
plataforma de ensino virtual, desenvolvida pelos pesquisadores do Núcleo de
Informática Aplicada à Educação (Nied) da Unicamp – Universidade Campinas em
São Paulo.
O TelEduc é um ambiente para criação, participação e administração de
cursos na Web. Ele foi concebido tendo como alvo o processo de formação de
20
professores para a informática educativa. O TelEduc foi desenvolvido de forma
participativa, ou seja, todas as suas ferramentas foram idealizadas, projetadas e
depuradas segundo necessidades relatadas por seus usuários. Com isso, ele
apresenta características para a educação a distância, como a facilidade de sua
utilização por pessoas não especialistas em computação, a flexibilidade quanto a
como usá-lo, em conjunto enxuto de funcionalidades.
Esse tipo de formação on-line, prevêr a capacitação do professor em seu
contexto escolar de trabalho, visando o atendimento das necessidades e
características da instituição, nesse processo o professor também aprende no seu
contexto a integrar o uso do computador nas atividades pedagógicas.
Um outro ambiente é o ProInfo, Ambiente Colaborativo de Aprendizagem,
desenvolvido pelo Ministério da Educação (MEC) e Secretaria da Educação a
Distância (SEED), essa plataforma virtual de aprendizagem utiliza a tecnologia
internet permitindo a concepção, administração e desenvolvimento de diversos tipos
de ações, como cursos a distâncias, complemento a cursos presenciais, projetos de
pesquisa, projetos colaborativos e diversas outras formas de apoio a distância ao
processo ensino e aprendizagem.
Os ambientes virtuais acima mencionados favorecem a descentralização e
distribuição de informações relativas ao conhecimento humano. Acopladas a estes
ambiente existem ferramentas de interação para facilitar e dinamizar a mobilização
de informações e conhecimentos, bem como o contato entre os participantes.
A EAD explora certas técnicas de ensino à distância, incluindo as
hipermídias, as redes de comunicação interativas e todas as tecnologias
intelectuais da cibercultura. Mas o essencial se encontra em um novo
estilo de pedagogia que favorece ao mesmo tempo as aprendizagens
personalizadas e a aprendizagem coletiva em rede.
Nesse contexto, o professor é incentivado a tornar-se um animador da
inteligência coletiva de seus grupos de alunos em de um fornecedor
direto de conhecimento.
Lévy, (1999, p.158)
21
1.3.1 - As Vantagens da Educação à Distância.
Segundo Niskier (1999), tudo leva a crer que a educação à distancia pode
constituir-se numa ferramenta educacional perfeitamente viável, dada a premência
de solução que o problema educacional exige.
Apesar das relativamente poucas realizações em educação à distância, é
inegável que o Brasil possui Know-bow técnico de alta qualidade na produção de
programas de auto-instrução.
Não se objete que há dificuldades de infra-estrutura logística. O Brasil dispõe
de recursos de tecnologia de informação e comunicação (TICs) extensos. Por tanto
essa dificuldade não se apresenta.
Por outro lado, considerados os custos econômicos de um programa de tal
natureza, deve-se admitir que a sua implementação é cara, inicialmente, diluindo-se
os custos à medida que o programa avança e que maior massa de interessados dele
participa.
O que não falta no Brasil é um grande número de indivíduos que necessitam
integrar-se à vida comunitária e cívica, além daqueles que desejam ou precisam
saber mais em diferentes níveis de conhecimentos.
Quando se fala em decisão política não se quer dizer que se entregue o
problema da educação à distância a interesse políticos na aplicação de recursos a
ela destinados.
Pedagogicamente, receia-se que a metodologia da educação à distância não
alcance seus objetivos quanto à eficácia, se não forem atendidas as seguintes
recomendações:
• Existência de competência técnico-pedagógica e tecnológica para desenvolvimento
de projeto à distância;
• Projeto específico, por curso, contendo grades curriculares e conteúdos a serem
abordados, por disciplina (no caso de curso com certificação);
• Definição o número de módulos necessário para abordar os conteúdos previstos,
bem como indicação de carga horária para cada um;
22
• Relação de professores, autores com competência e capacidade para redigirem
textos que atendam aos objetivos, com concisão, profundidade e qualidade (
professores especialistas);
• Utilização de tecnólogo (formadores) que, seguindo princípios de construção do
conhecimento, sejam capazes de transformar os textos para uma forma interativa,
com linguagem coloquial e totalmente auto-instrucionais;
• Utilização dos professores especialista como orientadores da aprendizagem
(tutores), garantindo a individualização do ensino;
• Pesquisas de novas formas de avaliação como: trabalhos, estudos de caso,
construção modelos a partir de experimentos. Não seja a avaliação limitada
apenas a provas;
• Estabelecimento da competência a ser alcançada em cada um dos materiais auto-
instrucionais, bem como no curso como um todo;
• Focar o desenvolvimento de competências e habilidades específicas demandadas
pelo mercado, nas várias áreas;
1.3.2 - A educação à distância em nível universitário
A experiência de outros países indica que é crescente o número daqueles que
procuram melhorar o grau de instrução com o emprego dessa modalidade. (Niskier,
1999)
A educação à distância tem a vantagem adicional de estimular a
responsabilidade pessoal. Quem a procura sabe por que o faz, criando-se dessa
forma uma nova ética de educação.
Sendo também uma metodologia individualizada, são possíveis a adaptação
ao ritmo de cada um e a superação de cada obstáculo passo a passo. O aluno é ao
mesmo tempo sujeito e objeto do processo.
Nos países mais desenvolvidos, a educação à distância vem servindo para
que aqueles que já tiveram alguma educação e que dispõem de embasamento
cultural ou precisam-se reciclar-se.
No caso do Brasil, a educação à distância pode atingir duas finalidades:
reciclar permanentemente e proporcionar a base indispensável para estudos de
23
qualquer modalidade. Os conhecimentos envelhecem, a tecnologia se aperfeiçoa e,
por essas razões, no mundo de hoje, torna-se impossível formar alguém para uma
determinada profissão, de forma adequada.
É pretensioso determinar com precisão quais conhecimentos ainda serão
válidos ou úteis daqui a pouco ou quais deles não atenderão à evolução social,
cultural e profissional.
Alguns currículos de ensino superior estão condenados de antemão à
obsolescência e, por isso, a solução viável é não só reciclar como criar cursos que
fujam a exigências formais.
Criar cursos de ensino superior à distância é não só uma decisão política de
suma importância, mas também um ato de coragem, dadas as objeções que
existem.
A universidade por sistema aberto não é um estudo de segunda classe, tanto
que os alunos são submetidos a exames finais rigorosos, organizados por bancas
universitárias de estado.
Os resultados finais têm sido até melhores, o que é atribuído à possibilidade
de serem ouvidas várias vezes, o que não acontece numa sala de aula comum. O
ensino individualizado permite ainda a pausa para revisão de partes ou conceitos
não compreendidos satisfatoriamente. Para isso se utiliza também a televisão.
Não se trata tampouco de um ensino padronizado, porque os currículos e a
avaliação, por exemplo, são organizados por equipes multidisciplinares de
especialistas.
A educação à distância tem possibilidades ilimitadas porque faz uso de
multimeios e, principalmente com as TICs.
A adoção simples de tecnologia não significa que fiquem preenchidas as
necessidade da era da informação. Não é a tecnologia que altera ou alterará a
qualidade do ensino superior.
No setor industrial, a tecnologia consegue aumentar a eficiência e a qualidade
dos produtos, porque os industriais souberam aplicá-la à reformulação das
estruturas organizacionais pelas quais são responsáveis.
24
O mesmo não ocorre no ensino.
Algumas instituições educacionais estão oferecendo aprendizado on-line, mas
até que ponto é ele realmente de transformação? A eficiência para esse processo de
transformação pede:
• Realimento do ensino superior com a era da informação;
• Novo design para que alcance a visão transformadora;
• Modificações na estrutura organizacional para chegar à alta produtividade e em
níveis de qualidade;
• Redefinição de responsabilidades em vista de um novo modelo de educação
superior.
As etapas do processo de transformação são simultâneas, conectadas uma
às outras, contínuas e atuam como reforço entre si.
O volume de informação é tão avassalador que qualquer um precisa aprender
a sintetizá-las. São essas informações sintetizadas as geradoras do conhecimento.
No mundo atual, a informação tem uma vida útil muito curta, daí a necessidade de
um processo contínuo na habilidade de sintetizá-las, e essa técnica deve ser
ensinada.
Os empregadores de hoje procuram indivíduos que possam aprender, aplicar
informações e conhecimentos, lidar com incertezas e solucionar problemas. São
esses indivíduos que nos incumbe formar.
“As exigências de uma economia globalizada afetam diretamente a
formação dos profissionais em todas as áreas do conhecimento. Tornar-
se relevante alertar que o profissional esperado para atuar na sociedade
contemporânea exigem hoje uma formação qualitativa diferenciada do
que se tem oferecido em um grande número de universidades”.
Behrens (2000, p.69)
25
CAPÍTULO II
Evolução da Educação no Brasil
2.1 - Educação presencial X Educação à distância
O uso das TICs vem trazendo inúmeros desafios principalmente no que se
refere a trabalhar em ambientes diferentes daqueles formais da escola, usando
materiais produzidos pelos meios eletrônicos que promovem a reflexão, a crítica e a
transposição de conteúdos, independentemente da interação direta entre o professor
e aluno.
Na presencialidade da sala de aula tradicional, o ensino é determinado em
tempo limitado no espaço, exigindo uma revisão de posicionamentos e abertura de
espaços para uma mediação mais ativa entre o professor e aluno que quase sempre
é passiva. “O ensino presencial caracteriza-se pela freqüente verificação aleatória da
aprendizagem e a participação por amostragem dos alunos”. (Kenski, 2003, p.33)
Pode permanecer dessa forma enquanto o professor se posiciona como
detentor do poder do saber, tendo aluno como espectador das informações. Assim a
atividade e participação do aluno são reduzidas, ou, quando acontece, são
orientadas para a memorização de textos. Os recursos tecnológicos, quando
existem, geralmente são usados pelo professor para chamar a atenção sobre o que
ele faz. As questões de avaliações freqüentes cobram do aluno a reprodução da
informação apresentada pelo professor.
O uso das tecnologias da comunicação e informação pode reorientar em
alguns pontos essas abordagens metodológicas e suas conseqüências.
Na relação presencial e tradicional, o professor (o texto, o livro ou mesmo
os alunos nos infinitos seminários) é o detentor do poder e do saber
durante o tempo finito da aula. A reorientação do papel do professor para
a função de mediador, ensinando e auxiliando os alunos na busca de
informações e na troca de experiências adquiridas na explorarão dos
dados existentes nos diversos tipos de mídias, encaminham a o grupo
social formado na sala de aula para novos tipos de interações,
possibilidades múltiplas de cooperações entre eles, objetivando a
construção individual e social do conhecimento.
(Kenski, 2003, p.34)
26
Para as TIC enriqueçam as experiências cotidianas da sala de aula, torna-se
necessário que os alunos ao invés do isolamento, do silencio, possam interagir com
liberdade para questionar, expressar suas opiniões, sentimentos, argumentos, na
bidirecionalidade numa comunicação através da emissão-recepção das mensagens,
numa dimensão do aprender através da troca, da interatividade.
A autonomia do professor na escolha e utilização do melhor meio para
realizar seu melhor ensino complementa-se com a exploração crítica das
formas como uma mesma informação pode ser veiculada nas diferentes
mídias. A exploração das informações obtidas, o debate, a crítica, a
reflexão conjunta, a liberdade para apresentação de posicionamentos
divergentes, o estímulo à troca permanente, a conversa, a mediação e a
construção individual e coletiva crítica do conhecimento são ações que
devem estar presentes na nova pedagogia da sala de aula no ensino
presencial, preocupada com a aprendizagem criativa e interativa, a
participação significativa e contínua e a interação entre aprendizes e
professores.
(Kenski, 2003, p.36).
Enquanto no ensino presencial o centro geográfico é a sala de aula, onde as
aulas acontecem face-a-face, no ensino à distância vamos no deparar com
situações diferentes onde esse paradigma muda completamente o espaço da sala
de aula, pois o aluno estuda onde e quando desejar, separado fisicamente do
professor. Sendo assim, surge a demanda por novos tipos de organização e
desenvolvimento, do mesmo tipo de curso oferecido na forma presencial. “Na EAD,
a interação com o professor é indireta e tem de ser mediatizada por uma
combinação dos mais adequados suportes técnicos de comunicação, o que torna
esta modalidade de educação bem mais dependente de mediatização que a
educação convencional, de onde decorre a grande importância dos meios
tecnológicos”, (Belloni, 2003, p. 54), pois através deles o aluno terá acesso ao
conhecimento e aprendizagem.
A educação presencial pode beneficiar-se da qualidade que aqueles suportes
podem acrescentar à relação professor/aluno, enquanto a EAD, além de absorver
27
essas qualidades para reduzir o isolamento de professores e alunos, pode ampliar o
alcance e a eficácia do processo educativo. A modalidade de educação a distância
pode transformar-se num recurso mediador do processo educativo na educação
presencial.
Esses novos cenários exigem novos ambientes de aprendizagem
metodologias que reconheçam o aprendiz em sua multidimensionalidade,
em sua inteireza, em seu constante diálogo com o mundo com a vida, ao
mesmo tempo em que facilitem a busca de informações
contextualizadas, o desenvolvimento da autonomia a expressão da
criatividade a partir do balanceamento adequado das dimensões
construtiva, informativa, reflexiva e criadora que essas ferramentas
também potencializam.
(Moraes, 2002, p.4)
A modalidade à distância apresenta desafios pelas diferentes formas de
trabalhar, pois não é realizada apenas por um professor, mas por uma equipe
formada por técnicos, tutores ou mediadores, pessoas que atuam no ambiente e na
organização do curso. A arte do ensino à distância está em ser capaz de entender o
conteúdo para usar a mídia adequada, tendo como objetivo um aprendizado voltado
para a mudança e crescimento do aluno, como novas visões, pois à medida que as
pessoas crescem, elas estão se tornando diferentes das outras. Kenski, (2003,
p.37), cita Hanna e outros autores, algumas sugestões para o professor que deseja
iniciar algum curso à distância.
Conhecer sua fundamentação pedagógica; determinar sua filosofia de
ensino e aprendizagem; ser parte de uma equipe de trabalho com
diversas especificidades; aprender novas habilidades para o ensino on-
line; conhecer seus aprendizes; conhecer o ambiente on-line; aprender
sobre tecnologia; aprender sobre os recursos tecnológicos; reconhecer a
ausência da presença física; criar múltiplos espaços de trabalho,
interação e socialização; incluir múltiplos tipos de interação; estabelecer
o tamanho de classe desejável; criar relacionamentos pessoais on-line;
desenvolver comunidades de aprendizagem; aprender por meio de
diálogo; estar preparado e ser flexível; definir suas regras para as aulas
on-line; esclarecer suas expectativas sobre os papéis dos aprendizes.
28
Lidar com a educação presencial e com a educação à distância é adentrar
nos propósitos requeridos de uma prática pedagógica que respeite suas
características, os interesses e as necessidades dos educando, oportunizando a
aprendizagem através do conhecimento dos espaços e ferramentas que possam ser
utilizados, que vem mudado drasticamente o espaço da escola convencional para a
escola virtual onde a informação chega ao aluno a qualquer hora e em qualquer
lugar. Significa que o aluno precisa aprender a trilhar seu próprio caminho, criando
oportunidades para rever e relacionar os conhecimentos construídos, sendo capazes
de criar situações para compartilhar as experiências e estejam abertos para
aprender a resolver problemas de forma criativa e independente. Podemos observar
as possibilidades de uso de interações síncronas através de chat e videoconferência
e assíncronas, fórum, lista de discussão, equitext, trazendo um grande diferencial do
ensino a distância para o ensino presencial mediado pelas TIC.
Quadro – Características básicas entre a didática empregada nos cursos
presenciais e nos cursos à distância.
Na educação presencial Na educação à distância
O espaço geográfico de ensino é a
sala de aula. Esta é privilegiada como
o lócus das interações e da
deflagração das aprendizagens,
demandando estratégias didáticas
que incluem o contato físico, a voz.
Olhar, entre outras.
O aluno estuda onde e quando
desejar – a população é dispersa – há
separação física entre professor e
aluno. Surge a demanda por novas
estratégias didáticas, que incluam as
ferramentas de interação. Deram
grande destaque ao conteúdo das
mensagens trocadas entre os alunos
e o autor.
Ênfase a interação social presencial –
as aulas ocorrem face-a-face,
demandando métodos e recursos
variados para a exposição do
conteúdo aos alunos e para a
Ênfase a interação social ocorrida em
ambientes virtuais – provocada pela
separação entre o professor e aluno –
que serão os meios pelos quais o
aluno terá acesso ao conhecimento.
29
manutenção da motivação epistêmica. O material didático deverá ter
características próprias, distintas do
chamado livro didático, portanto,
adequado ao estudo à distância.
Situação de ensino – aprendizagem
centrada pelo professor, há maior
risco do aluno ficar passivo.
Aprendizagem independente e
autônoma, o aluno torna-se mais ativo
em relação ao processo e deve ter a
sua autonomia ainda mais estimulada
na auto-gestão do conhecimento.
Um só tipo de docente – presencial –
presente diante do aluno.
Vários tipos de docentes: o professor
conteudista – que elabora o material
didático; o tutor – aquele que atua
acompanhando o processo, avaliado,
orientado o cursista e apontando
estratégias para que possa superar as
dificuldades.
Maior possibilidade de o professor ser
percebido como “fonte” do
conhecimento, como ocorre nas
modalidades mais tradicionais do
ensino presencial.
Possibilidade de o professor ser um
mediador, que precisa trabalhar no
contexto aberto, criativo, dinâmico,
complexo, dá suporte e atua como
orientador da construção do
conhecimento.
Utilização dos recursos didáticos
usuais, já bastante abordados pelos
“Manuais de Didática” (quadro de giz,
cartazes, transparências, álbum,
seriado, fichas, estudo dirigido,
modelos, mural, entre outros).
Utilização da Tecnologia de
informação e comunicação (TIC), em
sua diversas variedades e das
ferramentas tecnológicas de interação
síncronas e assíncronas (Internet,
correio eletrônico, chat, fórum,
vídeo/TV, videoconferência,
teleconferência, softwares, o
ambiente e a própria sala de aula
virtual).
Ênfase na unilateralidade. Ênfase na mediação, na interação e
30
na interatividade, utilizando as
ferramentas já citadas.
Comunicação direta, “um-todos” Comunicação diferenciada nos
espaço e no tempo (presencial, à
distância síncrona, assíncrona).
“todos-todos”.
Esforço focado em atender
diretamente o educando, no sentido
de transmitir-lhe o conhecimento na
instituição de ensino.
Esforço direcionado para auxiliar o
estudante a se organizar e buscar o
conhecimento em locais e horários
fixados por ele próprio. Isto significa o
desenvolvimento da autonomia em
relação à própria aprendizagem e a
descoberta das melhores formas de
alcançá-la (aprender a aprender).
Avaliação somativa – valorização dos
resultados e do quantitativo.
Avaliação processual – valorizando os
resultados, frutos das construções.
Essas características podem ser trazidas aos processos educacionais, quer
presencial ou à distância, visando aprimorá-los, aumentar sua eficiência e sua
abrangência para atender aos requisitos e as demandas de formação de indivíduos
na sociedade contemporânea, onde educar significa propor desafios que possam
ajudar o aluno a navegar num mar de informações, exigindo nova relação
pedagógica fundada no respeito à diversidade, no diálogo, na produção de
conhecimento, na autoria e conseqüentemente numa nova plataforma de trabalho,
organizada com base na competência técnica e na sensibilidade política dos
professores. Assim, como afirma Freire, “mudar é difícil, mas possível”. Nessa
lógica, o esforço é grande na busca de novos caminhos aprendizados engendrando
mudanças na postura do professor, baseada no mais comunicacional, já citado
anteriormente, que demanda esforço conjunto e cooperativo para elaborar
conhecimentos e utilizá-los inteligentemente. Nesse contexto, não é fácil eleger
metodologia desafiadoras para dar conta dessa relação pedagógica no ensino
presencial e na EAD, dinamizada pelas TIC.
31
2.1.1 - Ênfase no estudante
Embora a concepção da educação como um processo centrado no estudante
seja aceita pela maioria dos educadores e professores em todos os níveis, na
maioria dos casos ela não passa do nível retórico do discurso, enquanto a prática,
organizada nas estruturas e sancionada pelas administrações acadêmicas, continua
em grande medida altamente centrada no professor. Um processo educativo
centrado no aluno significa não apenas a introdução de novas tecnologias na sala de
aula, mas principalmente uma reorganização de todo o processo de ensino de modo
a promover o desenvolvimento das capacidades de auto-aprendizagem. Esta
verdadeira revolução na prática pedagógica implica um conhecimento seguro da
clientela: suas características socioculturais, suas necessidades e expectativas com
relação àquilo que a educação pode lhe oferecer.
Alguns caminhos são possíveis para a operacionalização de um processo
educativo efetivamente centrado no estudante, considerado como um ser autônomo
e não como um ente a ser protegido, e, embora eles sejam concebidos para a EAD,
são válidos também para o ensino convencional.
Um primeiro caminho extremamente importante a operacionalizar em
qualquer experiência de EAD é a ênfase na interação social entre estudante e
instituição, com o uso das técnicas de comunicação mais adequadas: criação de
estruturas propiciadoras de interação entre os estudantes e professores e dos
estudantes entre eles; e criação de estruturas de apoio pedagógico e didático ao
estudante (tutoria, aconselhamento, "plantão" de respostas a dúvidas, monitoria para
o uso de tecnologias etc.). Estas estruturas são especialmente importantes em um
país como o Brasil, onde os níveis de cultura geral e de escolaridade são, de modo
geral, pouco elevados e onde a escola não instrumentaliza os jovens para o
exercício da auto-aprendizagem.
A concepção de estratégias adequadas de utilização dos materiais e
tecnologias de aprendizagem à distância, que são tão ou mais importantes que os
próprios materiais, é fundamental para o sucesso de uma ação educacional a
distância. Estas estratégias devem ser parte integrante dos materiais, tendo como
objetivo promover, orientar e facilitar a aprendizagem autônoma.
32
Considerando as características da população-alvo, torna-se de grande
importância a organização de estruturas comunitárias de estudo em locais de
trabalho, escolas e outros espaços, especialmente mediatecas ou centros de
recursos. No caso específico da formação continuada de professores, a organização
de grupos de estudos nas escolas pode ser um mecanismo de grande efetividade,
contribuindo fortemente para uma maior repercussão na prática pedagógica dos
professores envolvidos. Quando a formação continuada de professores é vivida
como um projeto da comunidade escolar, fazendo parte de um projeto mais amplo
de melhoria da qualidade do ensino em sua escola, ela será sem dúvida mais eficaz
(BELLONI e PIMENTEL, 1996).
A oferta de encontros presenciais periódicos para os aprendentes à distância
(off campus) e a complementação do ensino presencial com atividades à distância
ou mediatizadas, dentro de uma perspectiva de convergência e complementaridade
dos dois modelos, constituem não apenas mecanismos de melhoria e maior eficácia
do ensino, como também fatores de otimização de recursos humanos altamente
qualificados e de recursos técnicos.
Um caminho extremamente importante para permitir a democratização do
acesso ao ensino superior é a oferta de cursos de preparação (nivelamento) para
estudantes que não tenham as habilidades suficientes para acompanhar os cursos
regulares oferecidos.
2.2 - Formação do professor em EAD
Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades, muda-se o ser, muda-se
confiança; todo mundo é composto de mudança, tomando sempre novas
qualidades. Continuamente vemos novidades, diferentes em tudo da
esperança (...)
Soneto, Camões.
De acordo com Niskie (1999), a formação de educadores, sejam ou não
tecnólogos, passa hoje pela dimensão técnica, a dimensão humana, contexto
político-econômico e a parte de conhecimentos a serem transmitidos, tudo isso
33
resumido no que se pode chamar de aquisição de competência. Esta abrange
necessariamente:
• O saber e o fazer;
• A teoria e a prática;
• Os princípios e processos da tecnologia educacional.
O tecnólogo deve ser um novo tipo de educador, cuja capacidade de ação esteja
baseada em processo científico. Submeter o aluno simplesmente a um exposição
cultural não é suficiente. Esse novo educador deve ter o domínio dos aspectos
técnico-pedagógico dos currículos e da metodologia.
Muitos perguntam se o tecnólogo é um psicólogo, um analista de sistemas ou
um comunicador. Os críticos radicais, que não admitem alternativas para os
problemas, consideram a tecnologia educativa como uma forma de subordinação
desses problemas a uma visão econômica. Para eles, isso significa que a
preparação de recursos humanos, via tecnologia, a curto ou médio prazo, os levaria
a integrar-se aos meios de produção, com perda de visão do aspecto humanista da
educação.
Numa outra visão, a humanista, o tecnólogo não rejeita os princípios de
tecnicismo. Não lhe cabe somente tornar o ensino mais eficiente, mas também
melhor. A dificuldade desse ponto de vista reside em determinar o que é melhor em
educação.
Mas atualmente há um consenso no que seja um tecnólogo educacional.
Enquanto um técnico da ênfase à produção e usa métodos que não se adaptam à
educação, o tecnólogo deve dispor de uma formação em humanidades, preparado
para integrar novas técnicas a seu trabalho, em termos de atitudes, conhecimento
dos meios de comunicação e suas possibilidades e ainda conhecimento dos
objetivos didáticos. Ele trabalha com as circunstâncias a partir de um diagnóstico de
necessidades que precisam ser satisfeitas.
Cautela, porém, não faz mal a ninguém. Antes que se pense que o tecnólogo
da educação vai mudar tudo, é preciso que se estabeleça uma relação favorável
entre o espaço e o resultado que possa justificar a tecnologia educacional em larga
escala. Uma grande discussão se constituiria um método ou uma teoria, com clara
34
propensão para esta segunda hipótese, a educação à distância inspirou uma série
de conceitos aparentemente dispares: tratar-se-ia de modalidade, metodologia ou
tecnologia?
A educação à distância não pode ser considerada como um método ou
técnica isolados, mas como um sistema em que objetivos, meios, técnicas e
materiais resultem de uma filosofia, uma concepção de ensino.
Analisando-se diferentes formatos de educação à distância, e vê-se que os
projetos possuem as características e a estruturas necessárias ao contexto onde
estão inseridos e à clientela a qual pretendem atingir.
O educador à distância reúne as qualidades de um planejador, pedagogo,
comunicador, conhecedor das características e possibilidades dos meios
instrucionais, apoiado em uma teoria de sistemas que lhe permite conhecer todas as
vias, marchas e contramarchas do processo. Participante na produção dos
materiais, envolve -se desde a produção dos conteúdos até a seleção dos meios
mais adequados para a sua multiplicação. A avaliação acompanha todo o processo,
validando e aperfeiçoando os produtos e o próprio sistema.
Na modalidade de educação à distância, o educador diagnostica e tenta
prever as possíveis dificuldades, buscando antecipar-se aos alunos na solução de
possíveis dificuldades que o sistema possa apresentar.
O processo ensino-aprendizagem, independente da modalidade adotada,
envolve três aspectos fundamentais:
1. As concepções teóricas do professor e a realização com sua prática;
2. As relações interpessoais que surgem na aula;
3. A transmissão dos conteúdos culturais e a relação com metodologia educativa.
A atuação docente envolve, não só a realização de ações que permitam prever,
organizar, dirigir, coordenar e controlar todos os processos e produtos relacionados,
mas também, todos os problemas que dela derivem.
35
2.2.1 - Funções do professor em EAD.
No âmbito específico da EAD, podemos repertoriar tentativamente as
múltiplas funções do professor, ressalvando que nem todas ocorrem em todas as
experiências e que, evidentemente, a lista não pretende ser exaustiva e muito
menos definitiva, mas apenas mostrar o desdobramento da função docente, que no
ensino presencial é assegurada por um indivíduo:
• Professor formador: orienta o estudo e a aprendizagem, dá apoio
psicossocial ao estudante, ensina a pesquisar, a processar a informação e a
aprender; corresponde à função propriamente pedagógica do professor no ensino
presencial;
• Conceptor e realizador de cursos e materiais: prepara os planos de
estudos, currículos e programas; seleciona conteúdos, elabora textos de base para
unidades de cursos (disciplinas); esta função -- didática -- corresponde à função
didática, isto é, à transmissão do conhecimento realizada em sala de aula,
geralmente através de aulas magistrais, pelo professor do ensino presencial;
• Professor pesquisador: pesquisa e se atualiza em sua disciplina espe-
cífica, em teorias e metodologias de ensino/aprendizagem, reflete sobre sua prática
pedagógica e orienta e participa da pesquisa de seus alunos;
• Professor tutor: orienta o aluno em seus estudos relativos à disciplina
pela qual é responsável, esclarece dúvidas e explica questões relativas aos
conteúdos da disciplina; em geral participa das atividades de avaliação;
• "Tecnólogo educacional" (designer ou pedagogo especialista em no-
vas tecnologias, a função é nova, o que explica a dificuldade terminológica): é
responsável pela organização pedagógica dos conteúdos e por sua adequação aos
suportes técnicos a serem utilizados na produção dos materiais; sua função é
assegurar a qualidade pedagógica e comunicacional dos materiais de curso, e sua
tarefa mais difícil é assegurar a integração das equipes pedagógicas e técnicas;
• Professor "recurso": assegura uma espécie de "balcão" de respostas
a dúvidas pontuais dos estudantes com relação aos conteúdos de uma disciplina ou
a questões relativos à organização dos estudos ou às avaliações (muito solicitada na
36
época que precede as avaliações, esta função é normalmente exercida pelo tutor,
mas não necessariamente);
• Monitor: muito importante em certos tipos específicos de EaD,
especialmente em ações de educação popular com atividades presenciais de
exploração de materiais em grupos de estudo ("recepção organizada"). O monitor
coordena e orienta esta exploração. Sua função se relaciona menos com o
conhecimento dos conteúdos e mais com sua capacidade de liderança, sendo em
geral uma pessoa da comunidade, formada para esta função, de caráter mais social
do que pedagógico.
Considerados do ponto de vista da organização institucional, podemos
agrupar as funções docentes em três grandes grupos: o primeiro é responsável pela
concepção e realização dos cursos e materiais; o segundo assegura o planejamento
e organização da distribuição de materiais e da administração acadêmica (matrícula,
avaliação); e o terceiro responsabiliza-se pelo acompanhamento do estudante
durante o processo de aprendizagem (tutoria, aconselhamento e avaliação).
Como já vimos, na maioria das experiências mais importantes de EAD, a
ênfase tem sido colocada mais nas funções do primeiro e do segundo grupos,
embora se possa observar, a partir da última década, tendências a uma
preocupação maior com o aprendente, a partir de uma perspectiva de aprendizagem
aberta e, conseqüentemente, um crescente investimento em atividades de tutoria e
aconselhamento.
No setor da produção de materiais, é comum ocorrer dificuldades de
integração no interior das equipes responsáveis pelas diferentes fases da produção.
De modo geral, o professor/autor/conceptor, responsável pela qualidade acadêmica
do curso, não controla o processo de realização dos materiais, a não ser o texto
impresso, o que acarreta muitas vezes, significativas perdas de qualidade
acadêmica e mesmo falhas quanto aos conteúdos científicos e metodologias de
ensino no produto final. Por outro lado, um controle muito estrito do professor/autor
pode levar à perda de qualidade comunicacional dos materiais, já que ele, em geral,
não domina as técnicas de mise en forme de materiais em suportes vídeo, áudio ou
informáticos.
37
Estas dificuldades de integração não são novidade e já foram sentidas por
todos os professores que tiveram alguma experiência de produção de vídeo, por
exemplo. A criação da função do "tecnólogo educacional" é uma tentativa de
resolvê-las, já que seu papel é assegurar a transposição do discurso escrito do
professor/autor para as linguagens adequadas aos suportes técnicos.
2.2.2 - Novas competências: formação de formadores
Tais dificuldades nos remetem novamente à questão da inovação em
educação e da necessária redefinição da formação de professores na perspectiva de
uma formação profissional mais adequada às mudanças globais da sociedade
contemporânea. Há uma forte tendência a considerar que o maior problema dos
sistemas educacionais atualmente é o de oferecer um ensino que habilite os
estudantes a exercer no futuro funções que ainda nos são desconhecidas ou
indefinidas, o que implica que a educação deve preparar os jovens aprendentes para
adquirir autonomia suficiente ─ capacidade de aprender ─ que lhes permita
continuar sua própria formação ao longo da vida profissional. A formação de
formadores não poderá fugir a esta lógica:
A formação de professores não escapa a esta lei: estes devem, como o
restante da sociedade, levar em consideração a inovação; mas esta deve ser
preparada por uma formação adequada. (...) Todo o pessoal docente deve aceitar
evoluir como as outras profissões (DIEUZEIDE, 1994: p. 200).
A formação inicial de professores tem, pois, que prepará-los para a inovação
tecnológica e suas conseqüências pedagógicas e também para a formação
continuada, numa perspectiva de formação ao longo da vida. Embora se possa
observar uma certa melhoria no nível geral de formação dos professores (pelo
menos nos países industrializados e mesmo no Brasil), tanto em termos de anos de
estudos quanto em termos de conteúdos e metodologias, isto não parece refletir-se
na melhoria dos indicadores de qualidade do ensino em geral. Por outro lado, uma
variável importante como a integração de novas tecnologias na formação inicial de
professores permanece uma grande dificuldade, já que exige grandes investimentos
38
e profundas mudanças nos sistemas de ensino superior responsáveis por esta
formação.
Podemos, no entanto, observar uma evolução positiva no que se refere à
inovação pedagógica (como, por exemplo, o sucesso das teorias construtivistas e
metodologias ativas) e à convicção da necessidade de formação continuada do
professor em exercício. As contradições vívidas pelos professores em seu cotidiano,
onde eles encontram alunos muito diferentes dos tipos aos quais se referia sua
formação inicial, e suas relações ambivalentes com as novas tecnologias levam o
professor a questionar sua formação inicial e buscar formas de atualização e de
complementação.
Parecem estar ficando evidentes, especialmente para os jovens profissionais
do ensino, as contradições existentes entre sua formação inicial, suas próprias
experiências de ensino e as demandas geradas no contexto em que trabalham. Esta
situação pode ter desdobramentos positivos, pois tende a criar uma mentalidade de
busca da formação continuada que vai gerar uma demanda efetiva que os sistemas
educacionais terão de atender. E neste campo a EAD terá um papel extremamente
importante a desempenhar.
Em resumo, a formação pedagógica se encontra em um momento oportuno
para a promoção de métodos flexíveis e individualizados, baseados na escola. É um
campo onde a educação a distância tem um potencial enorme (MOON, 1994: p. 78,
grilo meu).
É importante ressaltar que, embora já não ocupe sozinho o centro do palco, o
professor continua sendo essencial para o processo educativo em todos os níveis,
especialmente na escola primária e secundária, e que suas funções – ainda que
multiplicadas e transformadas – continuam indispensáveis para o sucesso da
aprendizagem. Os professores formam um grupo prioritário e estratégico para
qualquer melhoria dos sistemas educacionais. Considerando o contexto mundial de
mudanças aceleradas em todas as dimensões da vida social que exigem
adaptações dos sistemas educacionais para atender a novas demandas, Carmo
propõe redefinir as finalidades da educação numa perspectiva de educação
intercultural, voltada para o desenvolvimento social e para a construção da
cidadania, e destaca o papel importante dos professores como grupo estratégico:
39
Objetivos tão ambiciosos, apesar de serem justos, confrontam-se com a
complexidade dos grupos a educar: crianças, jovens, adultos, velhos e minorias.
Uma vez que nenhum país tem recursos para criar em simultâneo programas para
toda a população, a questão política que se põe é a de selecionar grupos-alvo
prioritários, em que se possam concentrar os recursos educacionais (CARMO, 1997
a: p.7)
Isto nos leva ao cerne do problema: qualquer melhoria ou inovação em
educação passa necessariamente pela melhoria e inovação na formação de
formadores. Novas perspectivas e novas competências têm de ser desenvolvidas, a
proposta de uma formação "reflexiva" do professor que pesquisa e reflete sobre sua
prática tem de ultrapassar o mero discurso retórico e alcançar um grau maior de
sistematização e gerar conhecimento científico novo no campo da pedagogia
(NÓVOA, 1995).
Blandin fornece algumas pistas para a definição das novas competências
necessárias ao formador na perspectiva de uma renovação da educação e da
formação. Segundo ele, os profissionais da educação terão de desenvolver
competências em quatro grandes áreas:
• Cultura técnica, que significa um domínio mínimo de técnicas ligada ao
audiovisual e à informática, indispensáveis em situações educativas cada vez mais
mediatizadas;
• Competências de comunicação, mediatizadas ou não, necessárias não
apenas porque a difusão dos suportes mediatizados habitua os estudantes a uma
certa qualidade comunicacional, ou a "bons comunicadores", mas também porque o
professor terá de sair de sua solidão acadêmica e aprender a trabalhar em equipes,
onde a comunicação interpessoal é importante;
• Capacidade de trabalhar com método, ou seja, capacidade de
sistematizar e formalizar procedimentos e métodos, necessária tanto para o trabalho
em equipe como para alcançar os objetivos de qualidade e de produtividade;
• Capacidade de "capitalizar", isto é, de "traduzir" e apresentar seus
saberes e experiências de modo que outros possam aproveitá-los e, em retorno,
saber aproveitar e adequar às suas necessidades o saber dos outros formadores,
40
competência importantíssima para evitar a tendência, muito comum no campo
educacional, de "reinventar constantemente a roda" (BLANDIN, 1990: p. 89).
Uma das competências provavelmente mais difíceis de desenvolver no
contexto atual do ensino superior diz respeito à cultura técnica e à capacidade de
integrar materiais pedagógicos em suportes tecnológicos mais sofisticados,
especialmente a multimídia. Isto significa selecionar materiais, elaborar estratégias
adequadas de utilização e também produzir novos materiais. Para tal, algumas
competências específicas são requeridas. Segundo Blandin, saber '"mediatizar para
um dado meio" supõe ser capaz de:
• Analisar uma mensagem com relação a seus objetivos e ao público
visado;
• "Formatar" (mettre en forme) uma mensagem tendo um objetivo dado,
com relação a um público dado, com o auxílio de técnicas de codificação próprias ao
meio escolhido;
• Utilizar as técnicas de codificação próprias ao meio com fins de
comunicação segundo as "regras da arte";
• Descrever os processos de realização colocados em prática nas
técnicas de codificação escolhidas;
• Dominar suficientemente o vocabulário técnico para dialogar com os
técnicos de realização;
• Realizar um documento esquemático apresentando, com vocabulário
técnico apropriado, suas idéias sobre a formatação (mise en forme) (BLANDIN,
1990: p, 106).
Do ponto de vista teórico, a formação de professores, tanto para EAD como
para o ensino presencial adequado ao presente e ao futuro, deve organizar-se de
forma a atender as necessidades de atualização em três grandes dimensões:
pedagógica, tecnológica e didática. A dimensão pedagógica se refere às atividades
de orientação, aconselhamento e tutoria e inclui o domínio de conhecimentos
relativos ao campo específico da pedagogia, isto é, aos processos de aprendizagem
e de conhecimentos oriundos da psicologia, ciências cognitivas, ciências humanas,
41
tendo como enfoque as teorias construtivistas e as metodologias ativas e como
finalidade desenvolver capacidades relacionadas com a pesquisa e a aprendizagem
autônoma, que o professor precisa experimentar em sua própria formação para
desenvolver com seus alunos.
A segunda dimensão, tecnológica, abrange as relações entre tecnologia e
educação em todos os seus aspectos: a utilização dos meios técnicos disponíveis,
que inclui a avaliação, a seleção de materiais e a elaboração de estratégias de uso,
bem como a produção de materiais pedagógicos utilizando estes meios, isto é, o
conhecimento das suposições metodológicas que a utilização destes meios implica e
a capacidade de tomar decisões sobre o uso e a produção de tais materiais.
A dimensão didática, enfim, diz respeito à formação específica do professor
em determinado campo científico e à necessidade constante de atualização quanto
à evolução da disciplina, atualização esta que deve estar relacionada com a
dimensão tecnológica, pois deve referir-se também ao uso de materiais didáticos em
suportes técnicos (MARTINS RODRIGUEZ, 1994: p. 14).
Considerada desde uma perspectiva mais global, a formação de professores
deve ter como horizonte buscar a compreensão dos aspectos teóricos em sua
relação com a prática pedagógica, competência que poderia ser explicitada a partir
dos seguintes pontos principais a desenvolver:
• A consciência e a compreensão dos conceitos e princípios básicos das
abordagens teóricas que inspiram e da natureza dos métodos e práticas que a
formação de professores propõe; isto significa compreender as relações do campo
educacional com o contexto social global, especialmente o papel fundamental do
desenvolvimento científico e técnico nas sociedades contemporâneas e
especificamente as questões metodológicas e práticas colocadas pelas NTICs à
educação;
• A compreensão e a aquisição de noções e conceitos básicos e de in-
formações organizadas relativas aos métodos e práticas propostos;
• Habilidades e competências que permitam combinar o nível teórico, de
análise e síntese dos conceitos científicos que embasam as propostas
metodológicas e o nível da prática, de modo a compreender claramente a relação
42
entre os conceitos específicos, princípios e práticas pedagógicas;
• A capacidade de desenvolver aplicações dos conhecimentos e
competências adquiridos, ou seja, de conceber, planejar e promover atividades
pedagógicas que traduzam na prática as aquisições relativas às abordagens teóricas
e metodológicas constantes da formação (SCHNEIDER, 1995: p. 19).
As sugestões e sínteses tentativas apresentadas nesta seção estão
evidentemente longe de esgotar o assunto e limitam-se apenas a generalizar alguns
pontos comuns encontrados em grande parte das experiências e propostas
estudadas. Evidentemente, a problemática da formação de professores para EaD
extrapola o âmbito científico e pedagógico do campo da educação para se situar no
campo político e institucional, onde estão em jogo seus fatores determinantes.
Uma outra tendência fortemente provável para a educação no futuro é a
convergência dos dois grandes paradigmas da educação de nosso século: o ensino
convencional, presencial, e a educação aberta e a distância, diminuindo as
diferenças metodológicas entre eles, no sentido de criar novos modelos nos quais
metodologias e técnicas não presenciais serão cada vez mais utilizadas pelo ensino
convencional, enquanto instituições especializadas em EaD tenderão a adotar
atividades presenciais para abranger em seus cursos aquelas carreiras que exigem
este tipo de atividade. Já se pode observar na Europa, onde estas tendências são
mais visíveis, a existência de alianças estratégicas entre universidades abertas e
convencionais que prefiguram claramente esta convergência dos dois paradigmas
ou modelos de educação (Working Group on ODL, 1998).
Por outro lado, como já vimos, o uso de tecnologias de informação e
comunicação e de metodologias oriundas da experiência e do conhecimento
produzido no campo da EAD aparece como a melhor solução para tornar mais
eficientes e produtivos os sistemas de ensino convencionais em todos os níveis e
permitir sua expansão em efetivos (número de alunos) e diversificação de ofertas
mais adequadas às demandas sociais.
Todavia a adequação dos sistemas educacionais às novas exigências, ou
seja, a operacionalização das tendências acima mencionadas, passará muito
provavelmente por mudanças radicais, tanto no que se refere às estruturas quanto
no que diz respeito às mentalidades e concepções. Algumas destas mudanças já
podemos antecipar, outras serão surpresas que nos reserva o futuro.
43
CAPÍTULO III
3 Análise das entrevistas e depoimentos.
Análise das respostas das entrevistas e dos depoimentos colhidos entre os
dez participantes escolhidos aleatoriamente através de contatos pessoais,
graduandos ou graduados nos diversos cursos superiores à distância de centros
universitários distintos, já que o objetivo da pesquisa não foi a de avaliar um
determinado curso ou uma entidade específica, mas sim, analisar a modalidade do
ensino em questão, no caso, a EAD.
Foi utilizado o método direto com perguntas abertas.
3.1 - Resultado da pesquisa
A primeira pergunta, quanto a dificuldades encontradas no curso, as
respostas foram livres e por isso um pouco variadas como:
Falta de tempo para estudar;
Dificuldade em lidar com as tecnologias;
Demora do retorno das atividades.
As outras perguntas tiveram parâmetros: bom, regular e ótimo.
A segunda pergunta sobre o ambiente virtual teve como resultados:
Bom---------------------------------------------------- 4
Regular------------------------------------------------2
Ótimo-------------------------------------------------- 3
A terceira pergunta sobre interatividade, ficou assim distribuída: Bom---------------------------------------------------2
Regular-----------------------------------------------7
Ótimo-------------------------------------------------1
44
A quarta pergunta quanta a forma de avaliação, teve como resultado: Bom-------------------------------------------------3
Regular---------------------------------------------5
Ótimo-----------------------------------------------2
3.2 - Análise e interpretação dos dados
Quanto às dificuldades, apesar das respostas terem sido variadas, nota-se
que são comuns em qualquer curso. O principal problema foi quanto a demora do
retorno das atividades já que o andamento do curso ficava comprometido.
Quanto ao ambiente virtual, ficou demonstrado que a maioria estava
satisfeita, considerou de fácil acesso, não tiveram dificuldades em lidar com as
novas tecnologias educacionais já que uma boa parte dos alunos já tinham contatos
com as ferramentas tecnológicas fora do ambiente escolar.
Quanto à interatividade, ficou claramente evidenciado que a maioria dos
alunos está insatisfeita. Quase que não há interatividade no processo ensino
aprendizagem devido à dificuldade dos alunos em trocarem experiências e dúvidas
com professores e colegas, o que desestimulava e empobrecia todo o processo
educacional. Nesse sentido, a ênfase da aprendizagem centrava-se no
autodidatismo.
Quanto à avaliação, a maioria considerou tradicionalista, ou seja, quase que
não se diferenciava das avaliações dos cursos presenciais com o papel de apenas
classificar e emitir um valor quantitativo do que foi “aprendido”, o que vai de encontro
aos novos paradigmas educacionais.
3.3 - Aspectos relevantes
3.3.1 - Interatividade e EAD
A aprendizagem, independente da modalidade, requer do aluno empenho e
dedicação, mas na educação à distância, o aluno é muito mais exigido porque não
tem um professor o tempo todo ao seu dispor, daí a importância do orientador
45
acadêmico (tutor) que exerce um papel de mediador pedagógico no processo ensino
aprendizagem fazendo com que o problema da interatividade seja um pouco
minimizado.
A interação professor-aluno não pode ser suprida totalmente pelas máquinas,
por isso não se pode admitir que só há pontos positivos na teleducação.
Ainda sobrevive uma certa resistência, mesmo que pequena, em relação a
esse instrumento, apesar de ser crescente a sua popularidade nas nações pós-
industrializadas. Há reclamações de que é muito restrita a interação aluno –
professor, ficando este uma boa parte sem orientação adequada.
Os que pensam assim baseiam-se na afirmação do profesor Benson P.
Shapiro, de Harvard Business School, Pra quem “Aprender não é uma experiência
solitária”.
Em compensação, os alunos de tais cursos se sentem livres para refletir, sem
a pressão excessiva de professores extremamente rigorosos. E sempre existem os
recursos de busca ao contato face a face, em geral previsto na programação do
curso (os encontros presenciais), o que torna a educação a distância mais atrativa,
porque junto com a interação professor-aluno, a relação entre os colegas de curso,
mesmo a distância, é uma prática valiosa, capaz de contribuir para evitar o
isolamento e manter um processo instigante, motivador de aprendizagem, facilitador
de interdisciplinaridade e de adoção de atitudes de respeito e de solidariedade.
Sempre que necessário, os cursos de graduação a distância devem promover
momentos presencias. Sua freqüência deve ser determinada pela natureza da área
do curso oferecido. O encontro presencial, no início do processo, é muito importante
para que os alunos conheçam professores, técnicos de apoio e seus colegas,
facilitando, assim, contatos futuros a distância.
O MEC alerta sobre a forma correta de ensinar pela Internet. Cursos a
distância via Internet não podem repetir o modelo da escola tradicional. O alerta foi
feito pela pesquisadora Lea Fagundes, da UFRS, durante o seminário ‘Plataforma
para a Educação a Distância Via Internet “, promovida pelo MEC”.Se as instituições
pensam que podem fazer material institucional e pôr tudo na máquina para o aluno
receber, o desenvolvimento da inteligência está perdido. Hoje milhares de
46
estudantes brasileiros cursam graduação à distância. A coordenadora científica do
Laboratório de Estudos Cognitivos do Instituto de Psicologia da UFRS prevê o
crescimento do número de pessoas dependentes, caso as universidades e escolas
apenas reproduzam no computador o conteúdo apresentado em sala de aula. Lea
lembra que, até recentemente, o ensino a distância consistia em mandar o material
pelo correio e a “pessoa tinha que se virar”, tornando mais difícil o aprendizado a
distância do que em sala de aula . “Era 50% a reprovação”. Lea explica que a busca
é por um modelo que enriqueça o ambiente de aprendizagem e estimule a
participação das pessoas. O aluno tem um atendimento individual, mas na está
sozinho. A qualquer momento pode interagir com outras pessoas, ver o que o outro
está pensando ou como resolveu determinada questão.
3.3.2 - Avaliação e EAD
A avaliação do processo ensino aprendizagem, se constitui numa parte
integrante do sistema educacional. Aplicada principalmente como instrumento de
diagnóstico e intervenção pedagógica, constitui uma ferramenta importante na
identificação dos avanços e dificuldades durante o curso, bem como meio de
intervenção e replanejamento pedagógico.
No contexto da EAD, a avaliação se torna uma ferramenta ainda mais
importante, porque acima de tudo precisa avaliar além das fronteiras geográficas e
físicas.
Quando se pensa em avaliação, a primeira imagem que vem à mente é a do
aluno fazendo as tradicionais provas a cada término de um módulo ou período,
mas nos cursos superiores a distância, pelo seu caráter diferenciado, a avaliação
deve ser acompanhada e analisada em todos os seus aspectos, de forma
sistemática, contínua e abrangente. Duas dimensões devem ser contempladas na
proposta de avaliação: uma diz respeito ao aluno e a outra refere-se ao curso como
um todo, incluindo os profissionais que nele atuam.
É marcante o sentimento de insuficiência das teorias da avaliação frente aos
desafios postos à educação no dia atuais, notadamente os que emergem nas
práticas de EAD. (Nova, 2003)
47
Como deve ser “medido” ou “mensurado” o processo de aprendizagem/
assimilação do aluno que está separado fisicamente? Como garantir a originalidade
dos resultados apresentados pelos alunos? Como comprovar/ certificar o
desenvolvimento de quaisquer habilidades? Na busca de entendimento sobre os
desafios atuais, as contribuições como as de Cipriano Luckesi para a discussão
sobre o tema não podem ser descartadas. Em contraposição à fragmentação própria
dos processos de verificação da aprendizagem, o autor afirma a avaliação como um
juízo de qualidade sobre dados relevantes, tendo em vista uma tomada de decisões
(Luckesi, 1997; 69).
De acordo com Masetto, (2000) é importante considerar a avaliação como um
processo integrado ao processo de aprendizagem, que funcione como um elemento
motivador e incentivador e não como um conjunto de provas e/ou trabalho realizados
em datas previamente estipuladas que só servem para aprovar ou reprovar aluno.
Para ele, tanto no uso das técnicas presenciais como no uso de tecnologia a
distância, encontra-se embutido um processo de avaliação que será explicitado em
algum tipo de informação ou na aplicação de algum instrumento avaliativo que
ofereça “feedback”, a retroalimentação ou a própria informação contínua de como o
aprendiz está progredindo ou não em direção aos objetivos propostos. Essas
informações maias do que julgamento ou sentença, certo ou errado, aprovado ou
não, apresenta-se como estimulo para se aprender durante o curso, com outras
oportunidades.
Na educação à distância, o modelo de avaliação não deve ser visto como um
processo único, onde o aluno tem que demonstrar tudo que aprendeu ao longo de
um semestre, pois deve considerar o ritmo do estudante e ajudá-lo a desenvolver
grau ascendente de competências cognitivas, habilidades e atitudes, possibilitando-
lhe alcançar os objetivos almejados.
Mas que uma formalidade legal, a avaliação deve permitir ao aluno sentir-se
seguro quanto aos resultados que vai alcançando no processo ensino
aprendizagem. A avaliação do aluno feita pelo professor deve somar-se à auto-
avaliação, que auxilia a tornar-se mais autônomo, responsável, crítico, capaz de
desenvolver sua independência intelectual.
A avaliação responsável é fundamental para a qualidade de um curso e para
que o diploma conferido seja legitimado pela sociedade.
48
CONCLUSÃO
Não se pode negar que os avanços tecnológicos contribuíram muito para o
crescimento e aperfeiçoamento da Educação à distância, sobretudo no nível
superior. Mas, é preciso que esse crescimento aconteça de forma ordenada,
consciente do verdadeiro papel da EAD no sistema educacional brasileiro.
Em um país como o Brasil, em que o processo de globalização e a economia
tende a acentuar as desigualdades regionais em detrimento dos que menos
possuem, é extremamente problemático imaginar as soluções massivas e uniformes
para todos. No caso da EAD, as soluções nacionais devem compatibilizar-se com o
regional e o local.
Considerando como fundamental o comprometimento a longo prazo da
instituição como o programa de EAD, a complexidade das decisões e as estrutura
necessárias para visualizar os projetos de implementação requer o conhecimento
das possibilidades e limites da estratégia escolhida.
A necessidade de estudo sistemático e a análise das várias aplicações
metodológicas e o uso das tecnologias em educação a distância são necessárias
para o conhecimento do potencial de uma modalidade de educação que tem muito a
contribuir na melhoria educação como um todo, mas requer planejamento
cuidadoso, equipes multidisciplinares e comprometimento institucional para que
possa gerar cursos e programas que atendam às expectativas e necessidades dos
alunos e que sejam factíveis para as organizações que os promovem.
Equipes e instituições envolvidas em pesquisa e avaliação dos programas são
fundamenteis para o acompanhamento e construção de uma memória e postura
crítica da EAD no Brasil.
Assim, a EAD apresenta aspectos que podem ser considerados como
elementos positivos, de acordo com os depoimentos dos estudantes envolvidos,
diante da modalidade presencial. Como vantagens, destaca-se a transposição
geográfica, a diversificação e a ampliação de ofertas de cursos, a auto-gestão de
estudo (tempo, local, ritmo), conciliação entre trabalho e estudo, permanência no
ambiente profissional, cultural e familiar, novas perspectivas de aprendizagem,
49
desenvolvimento do senso de maturidade e responsabilidade, formação contínua e
pessoal e contato permanente com as novas tecnologias. Isto tudo por um valor que
cabe no orçamento da maioria dos cursistas.
As desvantagens, ou seja, suas limitações e dificuldades são menos
relevantes diante dos pontos positivos. Dentre outras, as situações de interação e
socialização são mais escassas e tendem a ser até mesmo pré-determinantes pelos
participantes do processo, diferente do presencial que acontece sempre. Porém,
quando as atividades interativas são desenvolvidas na EAD, estas alcançam
plenamente seus objetivos. Estes momentos de interação, por serem pré-
determinados, apresentam bem mais importância pelo aluno do que na modalidade
presencial.
Enfim, alguns fatores que poderiam ser considerados como entraves a EAD,
se forem melhores analisados trazem à educação de um modo geral novas
perspectivas e paradigmas a serem transpostos e superados.
50
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Pedagogia Vivencial – Instituto para a formação Continuada em Educação,
www.ifce.com.br.
53
ÍNDICE DE ANEXOS
Anexo I – Roteiro da entrevista .............................................................54
Anexo II – Gráficos.................................................................................55
54
ANEXO I
Quais as maiores dificuldades encontradas por você até o
momento?
O que você esta achando do ambiente virtual de aprendizagem?
Como está se dando a interatividade entre os sujeitos envolvidos
no curso?
Como você se posiciona quanto à forma de avaliação do curso?
55
Ambiente Virtual
Bom
Regular
Ótimo
Forma de Avaliação
Bom
Regular
Ótimo
Interatividade Professor - Aluno
Bom
Regular
Ótimo
ANEXO II
Recommended