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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATU SENSU” PROJETO A VEZ DO MESTRE
A importância do lúdico no processo de aprendizagem na educação
infantil: sob o ponto de vista psicopedagógico.
Por Jacqueline Lisboa
Orientador Nilson Guedes de Freitas
Niterói 2007
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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATU SENSU” PROJETO A VEZ DO MESTRE
A importância do lúdico no processo de aprendizagem na educação
infantil: sob o ponto de vista psicopedagógico.
Monografia apresentada à Universidade Candido Mendes como requisito parcial para obtenção do título de especialista em Psicopedagogia. Orientador: Nilson Guedes de Freitas
Por Jacqueline Lisboa
Niterói 2007
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AGRADECIMENTOS
Agradeço a Deus, que sempre me orienta, me ajuda e me dá forças
para prosseguir no meu caminho da vida, realizando os meus sonhos no
momento certo.
A minha família que me mostrou que na vida o pensamento positivo e a
coragem é a alma das realizações.
A todos os Professores do Curso de Psicopedagogia da Universidade
Candido Mendes.
Ao Professor Orientador Nilson Guedes de Freitas pela sua maneira
elegante e doce de conduzir a orientação da monografia e cativar-me como
aluna e amiga.
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DEDICATÓRIA
Dedico mais esta etapa da minha vida à minha querida irmã Ida Lisboa
Sant’Ana que está sempre presente em todas as minhas realizações,
incentivando-me com sua simplicidade, pureza, companheirismo e
cumplicidade, mesmo diante de qualquer obstáculo.
Orgulho-me em tê-la como irmã.
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EPÍGRAFE
Ninguém pode construir em teu lugar as pontes que precisarás passar,
para atravessar o rio da vida – ninguém, exceto tu, só tu.
Nietzsche
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RESUMO
Este trabalho ressalta alguns aspectos fundamentais na estruturação do processo psicopedagógico tendo em vista a construção do conhecimento e do saber por parte da criança, através do uso de brinquedos e jogos, contribuindo para a conscientização da importância do lúdico na educação, apontando, através da brincadeira, as possibilidades de recriarem e estabilizarem aquilo que sabem sobre as mais diversas esferas do conhecimento, em uma atividade espontânea e imaginativa. As atividades lúdicas na educação infantil, contam com a responsabilidade de intervir e acompanhar do educador, percebendo e orientando o que os aprendizes decidem fazer. Momentos de verdadeira interação e observação significativa. Refletir sobre o lúdico na educação é uma tarefa básica para que se possa estruturar uma ação pedagógica que respeite e propicie o desenvolvimento integral das crianças. O lúdico é um gerador e estimulador para que a aprendizagem escolar seja significativa e valiosa, busca essa que se fundamentou em grandes teóricos como: Winnicott, Vygotsky, Piaget, Wallon, Ortega, Delval, Hebert Spencer, Elkind, Dornelles, Espinosa e Vidanes, Mujica, Medina, Melaine Kleim, Paulo Freire que geraram o lúdico como a essência do desenvolvimento humano. Brincando se compreende o mundo e aprendemos ampliando nossos conhecimentos, podendo explicar o lúdico através de ricas pesquisas bibliográficas. O lúdico no processo de aprendizagem da Educação Infantil é de grande importância, contribuindo para o desenvolvimento motor, intelectual, afetivo e social da criança, fazendo com que ela se divirta aprendendo, sendo feliz com o que aprende, tornando, assim, prazeroso o aprender.
Palavras Chaves: criar, estimular, orientar, jogar, desenvolver.
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SUMÁRIO
Páginas
Introdução .............................................................................................. 8 1 – O Lúdico na Educação: Considerações Históricas ......................... 12 2 – A função do Lúdico no Desenvolvimento Infantil ............................. 18 3 – O Lúdico no Currículo da Educação Infantil .................................... 30 4 – O comportamento e o papel do educador nas situações lúdicas na aprendizagem .................................................................................. 37 5 – O Lúdico no trabalho psicopedagógico ........................................... 43 Conclusão ............................................................................................. 48 Referências bibliográficas...................................................................... 52 Anexos ................................................................................................. 53 Índice .................................................................................................. 54 Folha de Avaliação ............................................................................. 56
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INTRODUÇÃO
Durante muito tempo o aluno ficou como um agente passivo da
aprendizagem e o professor um transmissor, não necessariamente presente
nas necessidades do aluno.
Acreditava-se que toda aprendizagem ocorria pela repetição e sabe-se
que não existe ensino sem que ocorra a aprendizagem e esta acontece pela
transformação e ação facilitadora do professor, e pelo processo de busca do
conhecimento, que parte do aluno.
O ensino despertado pelo interesse do aluno que passa a comandar o
processo da aprendizagem e o professor como um gerador de situações
estimuladoras, dá um espaço ao lúdico como ferramenta ideal da
aprendizagem.
A palavra lúdico é empregada no sentido de jogar, brincar, representar e
dramatizar.
Todos os momentos podem ser pedagógicos, tudo dependerá da forma
como se pensa e se procedem às ações.
A ludicidade é importante para a saúde mental do ser humano, é um
espaço que merece atenção dos pais e educadores, pois é o momento para a
expressão mais genuína do ser, e o direito de toda criança para o exercício da
relação com o mundo, com as pessoas e com os objetos.
O lúdico na educação infantil é importante para que se possa estruturar
uma ação pedagógica que respeite e propicie o desenvolvimento integral da
criança.
Levar ao professor a condição de conduta, estimulador e avaliador da
aprendizagem.
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Assim, brincar significa extrair da vida, o que ela tem de mais
significativo.
Em síntese, o jogo é o melhor caminho de iniciação ao prazer estético, à
descoberta da individualidade e a meditação individual.
Pode-se inserir o brincar no aprender e o aprender no brincar. Ressaltar
que brincar e aprender são duas questões que devem sempre estar associadas
e foram retratadas nesse trabalho através de uma rica pesquisa bibliográfica.
Esse trabalho apresenta cinco capítulos que abordam o lúdico como
fonte e gerador de situações estimuladoras e eficazes na aprendizagem
escolar.
No primeiro capítulo, O lúdico na Educação Considerações Históricas,
apresenta-se o conceito e a função do lúdico na educação, abordando autores
como M. J. Kishimoto, Juan Antonio Moreno Murcia, Gilles Brougére, Maria
Aparecida Cória-Sabini e Diva Maranhão, trazendo desde as primeiras visões
sobre o jogo, da pedagogia tradicional, em que o jogo não era bem entendido e
aliado da educação até aos tempos modernos em que a visão do jogo é como
um elemento transmissor e dinamizador de costumes e condutas sociais,
preparando as pessoas desde a infância, para a vida.
Abordando a infância, e por o brincar ter um papel importante na
Educação Infantil, no segundo capítulo se apresenta e identifica-se a função do
lúdico no desenvolvimento infantil, do momento que o brincar é uma das
atividades fundamentais das crianças pequenas.
A contribuição de Piaget ressalta que a criança demonstra o nível de
seus estágios cognitivos e constrói conhecimentos.
Vygotsky observa que a criança apresenta em seu processo de
desenvolvimento um nível real e outro potencial, estabelece que o
funcionamento psicológico estrutura-se a partir das relações sociais
estabelecidas entre o indivíduo e o mundo exterior e Winnicott, é no brincar
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que o ser humano, pode ser criativo e utilizar sua personalidade integral: e é
sendo criativo que a pessoa descobre o eu(self). Nesse capítulo autores como
D. W. Winnicott, Maria Aparecida Cória-Sabini, Gilles Brougére, Ivanise Corrêa
Rezende Meyer, enriqueceram a pesquisa.
Assim como no terceiro capítulo, exemplifica-se o lúdico no Currículo da
Educação Infantil, lançando mão desses autores acima, para ressaltar que o
jogo é considerado um instrumento de aprendizagem não-isolado, que serve
como veículo para a aquisição dos conteúdos de cada área. O jogo e a
atividade física serão instrumentos de trabalho a partir do qual serão
desenvolvidos os conteúdos do currículo da Educação Infantil.
No quarto capítulo, a abordagem é sobre o comportamento e o papel do
educador nas situações lúdicas na aprendizagem infantil, dando enfoque ao
autor Paulo Freire.
Todo professor precisa ter valores e criar um contexto de envolvimento
com os alunos, dever ter uma postura de investigador, mediador e orientador.
Jogos e brincadeiras permitem ao professor verificar o nível de domínio de
seus alunos e aguçar a curiosidade dos mesmos, levando-os a descobrir todas
as possibilidades oferecidas pelos jogos, pensar juntos e respeitar o momento
de aprendizagem de cada aluno.
Relacionando o lúdico e o trabalho psicopedagógico, no quinto capítulo a
utilização do lúdico no diagnóstico psicopedagógico serve para indicar como a
criança se relaciona com o aprender.
No trabalho psicopedagógico, é comum a vivência de situações em que
é preciso a intervenção em função das necessidades das crianças. O uso de
situações lúdicas serve para entender o funcionamento dos processos
cognitivos e afetivos em suas interferências mútuas. Jogar e aprender
caminham paralelamente na psicopedagogia, como retrata a autora Maria da
Glória Lopes.
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Ao final do trabalho, na conclusão, mostra-se o jogo como ferramenta
ideal da aprendizagem, ajudando ao aluno a construir suas novas descobertas,
desenvolver e enriquecer sua personalidade simbolizando um instrumento
pedagógico.
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1. O LÚDICO NA EDUCAÇÃO: CONSIDERAÇÕES
HISTÓRICAS
Este capítulo demonstra um estudo sobre as relações entre o jogo e a
educação, através de uma pesquisa tanto de discursos contemporâneos e
passados a fim de compreender a lógica dessa associação.
Jogo e Educação, qual o sentido real dessa associação?
A atividade lúdica é tão antiga quanto à humanidade. O ser humano
sempre jogou em várias circunstâncias e culturas, é uma constante em todas
as civilizações, é um vínculo entre povos, facilitador da comunicação entre os
seres humanos, mas na pedagogia tradicional o jogo não era bem entendido e
bem aliado da educação.
O jogo e a educação sempre foram pensados por biólogos, psicólogos e
pedagogos, o jogo está intimamente ligado à espécie humana. É um fenômeno
antropológico que se deve considerar no estudo do ser humano.
A palavra jugar (do latim iocari), significa fazer algo com espírito de
alegria e com a intenção de se divertir ou se entreter. O jogo é elemento
transmissor e dinamizador de costumes e condutas sociais, preparando as
pessoas desde a infância, para a vida.
As primeiras visões sobre o jogo situam-se historicamente em torno da
segunda metade do século XIX e começo do século XX. Antes do início do
século XIX, não se pensavam no jogo como educativo, ele aparece como fútil,
até mesmo nefasto, através das apostas a dinheiro.
Rousseau ao escrever ”Emílio", em 1762, dá um passo decisivo para
colocar a criança em uma categoria de especificidade própria, mostrando que
se o educador leva em conta estas características ele poderá ser mais
eficiente. Por isto ele é tido como o Pai da Pedagogia Moderna.
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A grande lição de Rousseau (1961) é que um projeto pedagógico não
existe isoladamente e não se faz isolado das crianças.
A obra de Rousseau influenciou e foi ponto de partida para muitos
pensadores da educação, dentre eles, Pestalozzi, que foi um grande estudioso
de sua obra.
Em 1905, Froebel começa a trabalhar em uma escola cuja metodologia
era a de Pestalozzi. Entusiasmado, ele passa a ser um estudioso desse
método e desenvolve sua própria teoria chamada "Philosofie de la Sphére". Ele
dá continuidade ao pensamento da autonomia, coloca o aluno como centro do
processo educacional e é a primeira vez que dá notícias do uso de jogos com
objetivos pedagógicos.
Froebel publica, em 1926, sua principal obra: "A Educação do Homem",
onde prega uma metodologia que procura suscitar a energia que está em todo
ser humano. Nesta obra Froebel explica o fator preponderante que o jogo tem
no seu sistema educativo. “O jogo é, para Froebel, simultaneamente, o lugar de
descoberta das leis essenciais de sua filosofia e o meio prático de permitir à
criança ir na direção da exteriorização das verdades profundas que possui
intuitivamente." (Froebel, 1926, p.69).
Estamos no início do século XIX, que nas suas últimas décadas, viu
nascer Rudolf, Steiner, Freinet, Maria Montessori, Piaget, Vygotsky,
pensadores em cujas teorias, pesquisas e práticas, erigiram-se as bases das
metodologias educacionais em prática na atividade.
É sem dúvida, em Piaget, que se encontram as bases de estudo para o
entendimento da forma de compreensão e raciocínio da criança. Em "A
formação do símbolo na criança" Piaget (1946), ele descreve minuciosamente
seus experimentos relativos ao ciclo: assimilação, acomodação e equilíbrio,
onde o jogo tem papel importante.
Nesta obra o jogo aparece, inicialmente, no primeiro estágio de vida como
imitação para depois se constituir em manipulação de símbolos. O jogo evolui e
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muda ao longo do desenvolvimento em função da estrutura cognitiva, do
pensar concreto de cada estágio evolutivo. Com base na evolução cognitiva,
Piaget (1946), estabelece quatro tipos de categorias de jogos; de exercício, de
construção, simbólico e de regras.
O jogo de exercício aparece na fase bebê, nos primeiros anos. Tais
atividades estão tanto nas ações que a criança realiza sobre o seu próprio
corpo quanto sobre os objetos.
Entre os 2 e os 6 anos, o jogo simbólico predomina, não desaparecendo
o de exercício e dos 6 aos 12 anos, prevalece os jogos de regras, mas as
outras categorias não desaparecem.
Vygotsky (1991, p.116) reconhece o papel ativo da criança na
construção do conhecimento. Para ele o brinquedo é uma importante fonte do
desenvolvimento infantil. A criança satisfaz algumas de suas necessidades
usando o brinquedo. Através dele a criança estabelece suas relações com a
vida real.
Suas ações estão diretamente relacionadas com suas necessidades,
com suas motivações e também de acordo com seu desenvolvimento.
O comportamento da criança será influenciado pelos costumes da
cultura daqueles que a cercam. “A aprendizagem e o desenvolvimento estão
inter-relacionados desde o primeiro dia de vida da criança.” (Vygotsky, 1991,
p.95).
Toda atividade lúdica, para Vygotsky (1993, p.79 citado em Ortega,
1995), é formada por regras internas de funcionamento, e o que leva o
indivíduo a jogar, é a satisfação dos desejos.
É de se destacar também, Constance Kamii, discípula de Piaget, que
concentrou seus estudos principalmente nos jogos voltados às questões da
natureza do número. "O número é uma relação que a criança introduz e impõe
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aos objetos. A única forma de atingir a conservação é basear o seu julgamento
no raciocínio." (Kamii: p 20,1987).
Já no século XX, as obras de John Dewey, "Educação e Democracia"
(1936), "Meu Credo Pedagógico" (1897) e “Vida x Educação (1978) são de
grande interesse por retratar uma educação predominante de participação
ativa”. Foi um crítico contundente de uma educação submissa vigente até
então e um grande propagador da Escola Nova.
O jogo sempre foi tema tratado por diferentes pesquisadores há mais de
um século e despertou interesse científico nos últimos 30 anos, mas algumas
idéias permanecem constantes, de um pesquisador a outro, como a que o jogo
é para a criança, como o trabalho é para o adulto, devido ao tempo que ocupa
e não aparece só na infância, acompanha o indivíduo por toda a sua vida,
envolvendo assim um processo educativo. “O jogo é o trabalho da criança. Nos
seus jogos, a criança está praticando várias ações que acabarão por ser
internalizadas como pensamento.” (Elkind, 1975, p. 63).
Outros autores, como Quintiliano (1975), e nos tempos modernos,
Erasmo, vão dar espaço para o jogo no estudo, o jogo para educação das
crianças pequenas que aprendem a ler e a escrever. O jogo como meio
informativo e de sedução. A atividade lúdica é um elemento metodológico ideal
para dotar as crianças de uma formação integral. “Seria ideal que o objetivo
máximo da educação fosse à felicidade e, então o jogo teria um papel
predominante.” (Delgado, 1991, p. 11).
Este objetivo aponta para a busca do equilíbrio vital, a realização
pessoal e social. Dessa forma a criança aprende valores humanos e éticos
destinados à formação integral de sua personalidade e ao desenvolvimento
motor e intelectual.
Assim, o jogo passará a ter uma participação mais ativa no processo
educativo e o ensino deve favorecer essa participação. Estimular as atividades
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lúdicas como meio pedagógico que, junto com outras atividades artísticas e
musicais, ajuda a enriquecer a personalidade criadora.
O jogo é um veículo de aprendizagem e comunicação, na escola deve
cumprir duas funções, como conteúdo e finalidade: a educação através do jogo
e para o jogo. "Jogar não é estudar nem trabalhar, mas jogando, a criança
aprende a conhecer e a compreender o mundo social que a cerca”. (Ortega,
1990, p.10)
A função eterna da escola é instrumental, freqüentamos a escola para
aprender a ler, escrever, fazer cálculos; porque as profissões adultas
necessitam desses conhecimentos, mas para a criança, essa função
instrumental da escola é muito abstrata, teoria; tem um sentido adulto, muito
distante dela. Já o conhecimento tratado como um jogo pode fazer sentido na
criança. Não se trata de ministrar os conteúdos escolares em forma de jogo,
trata-se de analisar as relações pedagógicas como um jogo.
A escola, ao valorizar o ato de brincar sem restringir-se exclusivamente
ao ato pedagógico que, intrinsecamente por estar a ele ligado, ajuda as
crianças a formarem um bom conceito de mundo, um mundo onde a
afetividade é acolhida, a sociabilidade vivenciada, a criatividade estimulada e
os direitos das crianças respeitados.
Quando a criança faz o que gosta e sente-se feliz e estimulada a expor
suas idéias, terá iniciativa para pensar com criatividade. As brincadeiras, o
brinquedo, são espaços favoráveis para a criança internalizar o conhecimento
que lhe é oferecido, relacionando com as vivências do seu dia-a-dia e usando-o
ou transformando-o para valorizar a sua realidade. Tornam o ambiente, os
espaços da escola, um lugar onde se aprende com criatividade, curiosidade,
significado e trazendo à tona o pensamento e a expressão da criança,
tornando-se um grande aliado na educação.
A adoção de características lúdicas no relacionamento em sala de aula
“cria ordem e é ordem”. Uma ordem eficaz, porque é aceita pelo grupo e
elaborada conjuntamente.
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O jogo em situação didática implica planejamento e previsão de etapas
pelo professor para alcançar objetivos pré-determinados.
O jogo serviu para divulgar princípios de moral, ética e conteúdos de história, geografia e outros a partir do Renascimento, o período de compulsão lúdica. O Renascimento vê a brincadeira como uma conduta livre que favorece o desenvolvimento da inteligência e facilita o estudo. Ao atender as necessidades infantis, o jogo infantil torna-se forma adequada para aprendizagem dos conteúdos escolares. “Assim, para se contrapor aos processos verbalistas de ensino, a palmatória vigente, o pedagogo deveria dar forma lúdica ao conteúdo”. (Kishimoti, 1996, p.28)
O jogo permite o exercício de funções semióticas, possibilitando a
aprendizagem, na medida em que é através dela que se constroem os códigos
simbólicos e se processa o conhecimento conceitual, através da fantasia e o
tratamento de cada objeto nas suas múltiplas circunstâncias. No jogo pode-se
experimentar o impossível e mostrar como seus esquemas de informação se
organizam e se integram com o conhecimento. Através dos jogos é possível
oferecer aos alunos espaços objetivos, subjetivos e lúdicos favorecendo o
processo de aprendizagem.
A utilização do jogo potencializa a exploração e a construção do conhecimento, por contar com a motivação interna, típica do lúdico, mas o trabalho pedagógico requer a oferta de estímulos externos e a influência de parceiros bem como a sistematização de conceitos em outras situações que não jogos. Ao utilizar, de modo metafórico, a forma lúdica (objeto suporte de brincadeira) para estimular a construção do conhecimento, o brinquedo educativo conquistou um espaço definitivo na educação infantil. (Kishimoto, 1996, pp 37-38).
Por ser o jogo inerente ao homem e por revelar sua personalidade
integral de forma espontânea é que pode obter dados específicos e
diferenciados em relação ao modelo de aprendizagem do aprendente. Assim,
aspectos do conhecimento que já possui, do funcionamento cognitivo e das
relações vinculares e significações existentes no aprender ou não aprender, o
que pode revelar o que precisa esconder e como o faz podem ser claramente
observados através do jogo.
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2 . A FUNÇÃO DO LÚDICO NO DESENVOLVIMENTO INFANTIL
O jogo é parte fundamental do desenvolvimento harmônico da criança.
É inegável que a brincadeira é a atividade primordial na infância.
A brincadeira é uma forma de a criança constituir-se como indivíduo,
formulando e compartilhando significados.
Ao brincar, a criança busca imitar, imaginar, representar e comunicar
de uma forma específica que uma coisa pode ser outra, que uma pessoa pode
ser um personagem, que uma criança pode ser um objeto ou um animal, que
um lugar faz de conta que é outro.
Assim, o brincar é uma das atividades fundamentais para o
desenvolvimento e a educação das crianças pequenas. Irá contribuir, no futuro,
para a eficiência e o equilíbrio do adulto.
O fato de a criança, desde muito cedo, poder se comunicar através de
gestos, sons e mais tarde representar determinado papel na brincadeira faz
com que desenvolva sua imaginação. Nas brincadeiras podem desenvolver-se
algumas capacidades importantes tais como a atenção, a imitação, a memória,
a imaginação. Amadurecem também algumas competências para a vida
coletiva, através da interação e da utilização e experiência de regras e papéis
sociais. Ao brincar as crianças exploram, perguntam e refletem sobre as formas
culturais nas quais vivem e sobre a realidade que a cerca.
O brincar é uma forma de linguagem, apesar de ser identificado,
normalmente, com alguns comportamentos. A maior parte das características
desta linguagem pode ser constatada nos primeiros contatos das crianças com
seus pais ou com aqueles que cuidam delas. Através de uma atitude e uma
linguagem segura, esses adultos estabelecem com os bebês laços de
confiança que possibilitam o início do brincar.
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As interações no brincar permitem, também, através da oferta de
objetos e brinquedos que os adultos fazem às crianças, que elas entrem em
contato com as propriedades e os usos sociais dos objetos, aproximando-se da
sociedade. Dessas maneiras a criança aprende a brincar, como aprende a se
comunicar e a expressar seus desejos e vontades. “O aprendizado da
brincadeira, pela criança, propicia a liberação de energias, a expansão da
criatividade, fortalece a sociabilidade e estimula a liberdade do desempenho.”
(Garcia e Marques, 1990, p. 11).
Para que as crianças se tornem ativas e criativas no brincar,
demonstrando seus interesses e necessidades, é imprescindível que haja
riqueza de trocas e informações. Com relação aos conceitos, a brincadeira tem
valor educativo não apenas porque atualiza e incorpora os conhecimentos
prévios infantis, mas também porque permite sua generalização e
conscientização, através do desempenho de papéis sociais, manipulação de
objetos e exercício e respeito às regras.
Para brincar, é preciso que a criança tome consciência de que está
brincando, transformando os conhecimentos que já possuía anteriormente em
conceitos gerais, os estereótipos com os quais brinca. A fonte de seus
conhecimentos é múltipla e estes se encontram, ainda, fragmentados. É no ato
de brincar que a criança estabelece os diferentes vínculos entre as
características do papel assumido, suas competências e as relações que
possuem com outros papéis, tomando consciência disto e generalizando para
outras situações.
Para brincar é preciso, também, que a criança tenha certa
independência para escolher seus companheiros e o papel a ser assumido no
interior de um determinado tema e enredo que dependem unicamente da
vontade de quem brinca.
(...) o movimento e as mudanças da percepção resultantes essencialmente da mobilidade física das crianças; a relação com os objetos e suas propriedades físicas, assim como a combinação e a associação entre eles: a linguagem oral e a gestual, que oferecem vários níveis de organização a serem utilizados para
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brincar; os conteúdos sociais, como papéis, situações, valores e atitudes, que se referem à forma como o universo social se constrói; e, finalmente, os limites definidos pelas regras, constituindo-se em recurso fundamental para o brincar. (Ibidem, p. 28)
Através da oportunidade de vivenciar brincadeiras imaginativas e
criadas por elas mesmas, as crianças podem acionar seus pensamentos para a
resolução de problemas que lhes são importantes e significativos. À medida
que as brincadeiras desenvolvem-se e que as crianças crescem, surgem os
jogos com regras explícitas. Quanto mais centrados em regras forem estes
jogos, maior será e exigência da atenção da criança e subordinação de suas
ações em função das mesmas.
O brincar tem um papel importante na Educação Infantil.
A vida infantil não pode ser concebida sem jogar e brincar; é a principal
atividade da infância.
2.1 Piaget. A evolução do Jogo no Desenvolvimento da Criança
Na teoria Piagetiana, a brincadeira, enquanto processo assimilativo
participa do conteúdo da inteligência, à semelhança da aprendizagem. A
criança demonstra o nível de seus estágios cognitivos e constrói
conhecimentos.
Segundo Piaget (1945), durante o processo de desenvolvimento da
criança, são constituídas quatro estruturas de jogos: de exercício; simbólico; de
regras; e de construção. As referências a faixas etárias e as fases aqui
descritas não devem ser delimitadas de maneira rígida, pois cada etapa
conserva características da etapa anterior e antecipam outras da etapa
posterior.
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2.1.1 - Jogos de Exercício:
Caracterizam a etapa que vai do nascimento até o aparecimento da linguagem,
apesar de reaparecerem durante toda a infância. É a atividade lúdica da
criança no período de desenvolvimento que Piaget (1936), chamou de
sensório-motor.
O jogo surge através de exercícios simples que se caracterizam pela
repetição de gestos, movimentos simples e têm valor exploratório.
Os hábitos, como analisa Piaget (1936), são a principal forma de
aprendizagem no primeiro ano de vida e constituem a base para as futuras
operações mentais.
A repetição pelos hábitos, é fonte de significados, ou seja, de
compreensão das ações, como formas dos conteúdos (por isso, esquemas)
que se repetem e generalizam em um sistema.
2.1.2. Jogos simbólicos:
Os jogos simbólicos caracterizam-se pela assimilação deformante
(Piaget 1945). Deformante, porque, nessa situação, a realidade (social, física,
etc) é assimilada por analogia, como a criança pode ou deseja.
A brincadeira de faz-de-conta, também conhecida como simbólica é a
que deixa evidente a presença da situação imaginária. Ela surge como
aparecimento da representação e da linguagem, quando a criança começa
alterar o significado dos objetos, dos eventos, a expressar seus sonhos e
fantasias e a assumir papéis presentes no contexto social.
É pelo brincar que as relações cognitivas são estimuladas. Decisões sobre
como agir, ao longo da trama da brincadeira, oferecem as primeiras
oportunidades para o aprender a tomar decisões.
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A pouca pressão exercida sobre o brincar permite a livre ação da
criança que se torna sujeito da sua ação e autor de suas idéias.
É através da atividade lúdica que a criança se prepara para a vida,
assimilando a cultura do meio em que vive, a ele se integrando, adaptando-se
às condições que o mundo lhe oferece e aprendendo a competir, cooperar com
seus semelhantes e conviver como um ser social.
2.1.3. Jogos de regras:
Começam a se manifestar entre os quatro e sete anos e se
desenvolvem entre os sete e os doze anos.
A criança vivencia uma atividade mais socializada onde as regras têm
uma aplicação efetiva e na qual as relações de cooperação entre os jogadores
são fundamentais. No adulto, o jogo de regras subsiste e se desenvolve
durante toda a vida por ser a atividade lúdica do ser socializado.
2.1.4. Jogos de construção:
É uma estrutura que tem por característica possibilitar a reconstrução
do real, seja um objeto, uma cena visível, seja um acontecimento.
Estimula a criatividade e desenvolve habilidades da criança. Quando
está construindo, a criança está expressando suas representações mentais,
além de manipular objetos. As construções se transformam em temas de
brincadeiras e evoluem conforme o desenvolvimento da criança. O mundo real
contribui para a sua construção.
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Em todos esses tipos de jogos, seja na perspectiva do presente, seja
na perspectiva do futuro da criança, Piaget (1936) considera os aspectos
funcional e estrutural. Esse último relaciona-se com a contribuição do jogo para
o desenvolvimento cognitivo da criança e com o papel da assimilação nesse
processo.
O jogo é, portanto, sob as suas duas formas essenciais de exercício sensório-motor e de simbolismo, uma assimilação do real à atividade própria, fornecendo a essa seus alimento necessário e transformando o real em função das necessidades múltiplas do eu. Por isso, os métodos ativos de educação das crianças exigem todos que se forneça às crianças um material conveniente, a fim de que, jogando, elas cheguem a assimilar as realidades intelectuais que, sem isso, permanecem exteriores à inteligência. (Piaget, 1975, p. 160).
A função assimilativa implica considerações simultâneas das trocas
entre organismo e meio, necessárias à vida adaptativa (Piaget, 1936), ou seja,
a criança tem de, ao mesmo tempo, levar em conta seus esquemas de ação e
ajustá-los às características do objeto e dos outros indivíduos com quem se
relaciona. A possibilidade de troca com o mundo decorrente da construção de
esquemas de assimilação, por intermédio dos quais a criança pode conferir
significado aos objetos e pessoas, e incorporar a realidade ou o outro.
2.2. Vygotsky – A Zona de Desenvolvimento Proximal criada
pelo jogo
Para este autor, o funcionamento psicológico estrutura-se a partir das
relações sociais estabelecidas entre indivíduo e o mundo exterior. Tais
relações ocorrem dentro de um contexto histórico e social, no qual a cultura
desempenha um papel fundamental, fornecendo ao indivíduo os sistemas
simbólicos de representação da realidade.
Vygotsky (1989) observa que a criança apresenta em seu processo de
desenvolvimento um nível que ele chamou de real e outro potencial. O nível de
desenvolvimento real refere-se a etapas já alcançadas pela criança, isto é, as
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coisas que ela já consegue fazer sozinha, sem a ajuda de outras pessoas. Já
o nível de desenvolvimento potencial diz respeito à capacidade de
desempenhar tarefas com a ajuda de outros.
Para ele, o nível de desenvolvimento real caracteriza o
desenvolvimento de forma retrospectiva e define as funções que já
amadureceram os produtos finais do desenvolvimento, enquanto a zona de
desenvolvimento proximal, parte dos processos que estão no estado de
formação, amadurecimento delineando o crescimento potencial da criança.
(...) a distância entre o nível do desenvolvimento real, que se costuma determinar através da solução independente de problemas, e o nível de desenvolvimento potencial, determinado através da solução de problemas sob orientação de um adulto ou em colaboração com os companheiros mais capazes. (Vygotsky, 1989, p.97)
Há atividades que a criança não é capaz de realizar sozinha, mas
poderá conseguir caso alguém lhe dê explicações, demonstrando como fazer.
Essa possibilidade de alteração no desempenho de uma pessoa pela
interferência da outra é fundamental na teoria de Vygotsky.
Nesse sentido, é importante que o professor procure identificar o nível
de desenvolvimento da criança. O papel do professor consiste em intervir na
zona de desenvolvimento proximal ou potencial do aluno, provocando avanços
que não ocorreriam espontaneamente.
Os métodos devem estar de acordo com o contexto histórico-cultural
dos alunos possibilitando uma combinação dos conceitos espontâneos com os
introduzidos.
Cabe à escola fazer a criança avançar na sua compreensão do mundo
a partir do desenvolvimento já consolidado, tendo como meta etapas
posteriores, ainda não alcançadas.
25
(...) o principal papel da escolarização é criar contextos sociais (zona de desenvolvimento proximal) para o domínio e o manejo consciente dos usos dos instrumentos culturais. É por meio do domínio dessas tecnologias de representação e comunicação que os indivíduos adquirem a capacidade e os meios para a atividade intelectual de ordem superior. (Moll, 1996, p.13)
É importante que ela não se limite a transmissão de conteúdos, mas
que ensine os alunos a pensar e a utilizar esses conhecimentos ao longo de
suas vidas.
Vygotsky (1989) enfatiza a importância do brinquedo e da brincadeira
do faz-de-conta para o desenvolvimento infantil. O brincar é o caminho pelo
qual ela compreende o mundo que a cerca. A essência do brincar é a criação
de uma nova relação entre o campo do significado e o campo da percepção.
A criança pequena não consegue separar o campo do significado da
percepção visual, existe uma fusão, entre o significado e o que é visto. Para a
criança a presença de um objeto determina o que ela deve fazer.
Os objetos têm tal força motivadora inerente, no que diz respeito às ações de uma criança muito pequena, e determinam tão extensivamente o comportamento de uma criança, que Lewin chegou a criar uma topologia psicológica: ele expressou matematicamente a trajetória do movimento da criança num campo, de acordo com a distribuição dos objetos e com as diferentes forças de atração ou repulsão. (...) Nesta idade a percepção não é, em geral um aspecto independente, mas, ao contrário, é um aspecto integrado de uma reação motora. (Vygotsky,1989,p.110)
Com o tempo os objetos perdem a força determinadora do brincar e a
criança passa a agir de forma independente daquilo que vê. Ela age com base
no que sabe e não diretamente de acordo com o que vê.
Para o autor, o brincar cria uma zona de desenvolvimento proximal,
pois nele, a criança executa ações que estão além de seu comportamento
diário. “No brinquedo é como se ela fosse maior do que na verdade é.”
(Vygotsky, 1989, p.117).
26
Vygotsky (1989) coloca que, para a criança o brincar é um jogo sério,
significa que, ao brincar, ela não separa a situação imaginária da situação real.
O jogo traz oportunidades para o preenchimento de necessidades
irrealizáveis.
Segundo, Vygotsky a brincadeira possui três características: a
imaginação, a imitação e a regra. Elas estão presentes em todos os tipos de
brincadeiras infantis, tanto nas tradicionais, naquelas de faz de conta, como
nas que exigem regras.
Do ponto de desenvolvimento da criança, a brincadeira traz vantagens
sociais, cognitivas e afetivas.
Vygotsky(1989) atribui ao brinquedo um papel importante, ele é um
motivo para a ação.
A criança pequena tem uma necessidade grande de satisfazer os seus
desejos imediatamente. A impossibilidade de realização dos desejos, cria
tensão, e a criança se envolve com o ilusório e o imaginário, onde seus desejos
podem ser realizados. É o mundo dos brinquedos.
A imaginação é um processo novo para a criança, pois constitui uma
característica típica da atividade humana consciente, porém é certo que a
imaginação, surge da ação, e é a primeira manifestação da emancipação da
criança em relação às restrições situacionais.
2.3. Winnicott: – O brincar e a realidade
É no brincar, e somente no brincar, que o ser humano, pode ser criativo
e utilizar sua personalidade integral: e é sendo criativo que a pessoa descobre
27
o eu (self). A característica essencial do que desejo comunicar refere-se ao
brincar como uma experiência na continuidade espaço-tempo, uma forma
básica de viver. (Winnicott, 1960)
No brincar é fundamental a comunicação, ele facilita o crescimento e,
portanto, a saúde, conduz aos relacionamentos grupais.
A área do brincar não é a realidade psíquica interna. Está fora da
pessoa, mas não é o mundo externo.
A criança traz para dentro dessa área da brincadeira objetos ou
fenômenos oriundos da realidade externa, usando-os a serviço de alguma
amostra derivada da realidade interna ou pessoal. O momento significativo é
aquele em que a criança se surpreende a si mesma. (Winnicott, 1971)
Ao brincar a criança manipula fenômenos externos a serviço do sonho
e veste fenômenos externos escolhidos com significado e sentimento oníricos.
O que importa no brincar é o estado de quase alheamento, à concentração da
criança na brincadeira, que não pode ser abandonada.
Brincando, envolve o corpo, devido à manipulação de objetos e intenso
interesse a certos aspectos de excitação corporal, o brincar satisfaz e leva a
criança a um alto grau de ansiedade.
Para este autor, há uma evolução direta dos fenômenos transicionais
para o brincar, do brincar para o brincar compartilhado, e deste para as
experiências culturais. As brincadeiras servem de elo entre, por um lado, a
relação do indivíduo com a realidade interior, e por outro lado a relação do
indivíduo com a realidade externa ou compartilhada. (Winnnicott, 1982, p.164)
O brincar é inerentemente excitante, parte do subjetivo para o que é
percebido (realidade concreta ou realidade compartilhada).
28
Quanto mais papéis a criança representa, mais amplia sua
expressividade, entendida como uma totalidade. A partir do brincar ela constrói
conhecimentos através dos papéis que representa e amplia dois vocabulários –
o lingüístico e o psicomotor – além do ajustamento afetivo emocional que
atinge na representação desses papéis. As crianças têm prazer em todas as
experiências de brincadeira física e emocional. (Winnicott, 1982, p.161)
O ato de brincar proporciona às crianças relacionarem as coisas umas
com as outras, e ao relacioná-las é que elas constroem o conhecimento. Esse
conhecimento é adquirido pela criação de relações e não por exposição a fatos
e conceitos isolados, e é justamente através da atividade lúdica que a criança o
faz. O brincar é o meio de expressão e crescimento da criança.
Nos jogos aparece toda a experiência acumulada da criança.
Neles as lideranças são desenvolvidas, e ai ela aprende a obedecer e
respeitar regras e normas.
A criança que brinca, precisa ser respeitada, pois seu mundo é
mutante, e está em permanente oscilação entre fantasia e realidade.
No brincar, ocorre um processo de troca, partilha, confronto e
negociação, gerando momentos de desequilíbrio e equilíbrio, e propiciando
novas conquistas individuais e coletivas.
A ação de brincar é fonte de prazer e ao mesmo tempo, de
conhecimento. A criança vai construindo seu conhecimento do mundo de modo
lúdico, transformando o real com os recursos da fantasia e da imaginação.
É através da atividade lúdica que a criança se prepara para a vida,
assimilando a cultura do meio em que vive, a ele se integrando, adaptando-se
às condições que o mundo lhe oferece e aprendendo a competir, cooperar com
seus semelhantes, e conviver como um ser social. A brincadeira é a prova
29
evidente e constante da capacidade criadora que quer dizer vivência.
(Winnicott, 1982, p.163)
Além de proporcionar prazer e diversão, o jogo pode representar um
desafio e provocar o pensamento reflexivo da criança.
30
3. O LÚDICO NO CURRÍCULO DA EDUCAÇÃO
INFANTIL
De origem latina, a palavra currículo está ligada à idéia de curso, rota,
caminho da vida ou das atividades de uma pessoa ou grupo de pessoas. Um
currículo educacional pode ser visto como um roteiro, através do qual as
crianças viajam sob a liderança de um guia experiente, que é ao mesmo tempo
um companheiro.
O caminho a ser escolhido para que se inicie a jornada educativa só
será possível no tecer das relações sociais, o que inclui montagens teóricas
procedentes de todas as áreas do conhecimento humano. Assim, várias áreas
do conhecimento humano enriquecem a prática e a reflexão do professor em
seu dia-a-dia com o aluno.
A crença, no campo das correntes da psicologia, que o professor tenha
irá aparecer nas opções e currículo do trabalho educativo.
De acordo com as teorias inatistas, segundo as quais o germe do
desenvolvimento está no homem desde o nascimento e se transmite de pais a
filhos pelos gens, a aprendizagem depende do dom, talento de cada aluno, de
suas aptidões inatas.
As teorias ambientalistas sustentam que o ambiente é origem de toda
transformação, a aprendizagem depende dos estabelecimentos de associações
(de estímulo, resposta e reforço) do ambiente, ou seja, dá a ênfase aos fatores
externos. Enquanto na corrente interacionista, está a posição construtivista,
caracterizada pelo protagonismo dado ao aluno na aquisição de seus êxitos
cognitivos e sociais, partindo da interação genética e ambiental. Professor e
aluno interagindo em cooperação, permitindo reflexão sobre as decisões e
facilitando a autonomia intelectual e social. A intervenção do professor será
como um manipulador, do que rígido controlador.
31
Uma viagem com roteiro supõe metas de chegada, mas deixa espaço
para que cada viajante faça o caminho de acordo com a sua natureza e com o
seu grau de interesse nos diferentes aspectos do roteiro traçado. A idéia de
roteiro evita a preocupação só com a formação de conceitos, ela privilegia a
recreação.
Neste roteiro é fundamental a participação desse guia (o professor)
criando um roteiro rico em acontecimentos, planejando os aspectos
fundamentais e fixando as metas a serem atingidas, bem como se preparando
para trabalhar os imprevistos que surgirem ao longo da jornada.
Os objetivos na etapa da educação infantil são orientados a
desenvolver a capacidade de descobrir, conhecer e controlar progressivamente
o próprio corpo; a atuar de forma cada vez mais autônoma em atividades
cotidianas; a estabelecer relações sociais, vínculos com os adultos e outras
crianças; a observar e explorar, a representar e a enriquecer e diversificar as
possibilidades expressivas.
Os conteúdos, mesmo que divididos em áreas e blocos temáticos,
devem partir de um critério de globalidade, e estarão relacionados à
comunicação, à representação e com a educação do aspecto corporal.
A atividade física e mental da criança é uma das fontes principais de
suas aprendizagens e desenvolvimento. Essa atividade terá um caráter
construtivo na medida em que, através do jogo, a ação e a experimentação
levarão ao conhecimento de propriedades e relações e à construção de
conhecimentos. (Espinosa e Vidanes, 1991, p.68).
Dessa forma o jogo é considerado um instrumento de aprendizagem
não-isolado, que serve como veículo para a aquisição dos conteúdos de cada
área. O jogo e a atividade física serão instrumentos de trabalho a partir do qual
serão desenvolvidos os conteúdos do currículo.
32
Não serão avaliados nessa fase da educação infantil, exclusivamente
os conceitos, mas também capacidades. A resposta motora da criança servirá
para demonstrar se incorporou as aprendizagens recebidas.
Todos os pedagogos concordam que a melhor situação para aprender é
aquela em que a atividade é tão agradável e satisfatória para o aprendiz que
não pode diferenciá-lo do jogo ou a considera atividade integrada: jogo-
trabalho. (Zapata, 1988, p. 73)
Para que a aprendizagem seja significativa, deve-se respeitar sempre o
princípio do interesse. Para se aprender melhor, o processo deve ser o mais
divertido possível, motivador, sem por isso perder o rigor educativo.
A criança aprende através da iniciação progressiva do jogo. Aprende
justamente a compreender, dominar, depois produzir uma situação específica,
distinta de outras situações.
O currículo deverá aproximar a criança do que for interessante: jogo,
movimento, linguagem, diversão, situações que enriqueçam seus sentidos, que
lhe ajudem a explorar, descobrir.
Nesta perspectiva, a escola desempenha um insubstituível papel na
promoção do interesse através do processamento de energias e impulsos da
criança e sua transformação em hábitos de atividades estáveis (...) (Medina,
1989, p. 80).
No currículo da Educação Infantil, a metodologia sugerida para essa
etapa da vida educativa, baseia-se no jogo, na ação, na experimentação e na
indagação que propõe uma globalização e interdisciplinariedade dos conteúdos
curriculares.
33
Na globalização a criança percebe o todo antes das partes que o
constituem, eqüivale ao conhecimento global e é centrado na capacidade
sincrética e integradora da criança. O ensino é voltado para a percepção de
totalidades.
A interdisciplinariedade é a interação entre as disciplinas, no contexto
dos conhecimentos, dos métodos ou da aprendizagem dos mesmos. A
Educação Infantil tem um currículo de alto componente lúdico e criativo e
apresenta princípios pedagógicos que caracterizem essa etapa.
O princípio da aprendizagem significativa, sobre a qual se fundamenta
a aprendizagem construtiva e com a qual se conectam princípios como o de
interação da criança com o meio, o de atividade, criatividade, o de jogos e
brincadeiras, o de interesse e de atividade social.
O principio da aprendizagem significativa leva o aluno a relacionar
aprendizagens novas com os conceitos e as experiências que já possui, dando
significado ao material e construindo os próprios conhecimentos.
A interação da criança com o meio baseia-se no fato de que a vida das
crianças é a fonte fundamental de aprendizagem. O princípio das atividades é
suscitar o espírito de curiosidade, observação, imaginação e rigor, despertando
a consciência de mundo na criança.
Para Wallon (1980), na pedagogia infantil é essencial aprender a
encontrar “a verdade” atuando sobre a “realidade”.
Na Educação Infantil, o princípio da brincadeira é fundamental, já que o
lúdico é uma necessidade vital para a criança. Segundo Mujina (1983), jogar ou
brincar gera mudanças qualitativas na psique infantil, pois tem caráter
semiótico e estimula o desenvolvimento das estruturas intelectuais.
34
O princípio do interesse para que a aprendizagem seja significativa,
deve ser motivadora e interessante e o princípio da atividade social, a
aprendizagem se realizará no meio social, dentro da realidade de cada um.
A criatividade é olhar para onde todos olharam e ver o que ninguém
tinha visto. (Proveda, 1981, p. 80), este princípio leva a criança a criar,
descobrir e é a educação infantil encarregada desse olhar proporcionando
aprendizagens ótimas.
Esses princípios que caracterizam a educação infantil levam a
elaboração de uma metodologia lúdica nessa etapa, garantindo que a criança
explore, desenvolva sua imaginação, impulsos, emoções, consiga equilíbrio
emocional, relacione suas aprendizagens e aproveite o conhecimento que lhe é
passado para ser feliz.
Considerando a importância decisiva da brincadeira sobre o
desenvolvimento e a aprendizagem infantil, esta deve ser utilizada em nossas
aulas como base das atividades diárias, relacionando os centros de interesse
ou as unidades de trabalho com atividades lúdicas destinadas a conseguir
determinadas aprendizagens. (Gervilla, 1995, p. 79)
Para determinar a importância do jogo no currículo da educação
infantil, é necessário realizar uma análise, justificando a importância da
motricidade nessa etapa.
A Educação Física será vista tanto como uma finalidade em si mesma,
destinada ao desenvolvimento das habilidades expressivas e motrizes da
criança, como um meio para trabalhar os demais conteúdos curriculares dessa
etapa.
Quanto ao desenvolvimento cognitivo da criança nessas idades,
devemos ressaltar os três períodos que Piaget e Inhelder (1982), distinguem,
para justificar a importância da Educação Física no planejamento curricular na
educação infantil.
35
O período sensório motor (0 a 2 anos), segundo (Gessel, 1981, p. 61),
“As transformações que ocorrem no primeiro ano de vida excedem bastante as
de qualquer outro período, excluída a gestação.” O Período Simbólico – Pré –
Conceitual (2 a 4 anos), que começa um processo de reconstrução dos
esquemas de ação, no plano mental.
Aparece a capacidade representativa, através da utilização do
simbolismo e o período Intuitivo Pré-Operatório (4 a 6 anos), em que a
brincadeira ganha riqueza de elementos simbólicos, em variedade temática e
em participação.
À medida que as crianças progridem nesta fase, elas dispõem de um
certo nível de competência cognitiva que lhes possibilita compreender,
organizar e comunicar a realidade de maneira eficaz. Essa tendência à
reversibilidade possibilita à criança aprender a formar categorias com objetos,
classificá-los e ordená-los.
Ao longo de todos os períodos haverá estreita relação entre a atividade
cognitiva e a atividade motora. Para Piaget (1982), o início da representação
tem um componente fundamentalmente físico, expresso mediante mecanismos
de imitação, já no período pré-operatório a imitação acontece em uma atividade
que, dentro da educação física, tem lugar de destaque: o jogo simbólico.
O jogo simbólico tem importância fundamental no desenvolvimento
cognitivo, porque contribui para os primeiros passos da inteligência a partir das
atividades motoras. O conteúdo da brincadeira é uma representação de uma
situação vivida pela criança, mas que não está presente. Durante o período
pré-operatório, a contribuição da atividade física ao desenvolvimento da criança
orienta-se na direção da aquisição da inteligência prática, aos primeiros passos
das operações mentais.
Para Gervilla (1995), a aprendizagem é um processo construtivo
interno, de reorganização cognitiva, na qual o aluno aprende quando se produz
um “conflito cognitivo” que o leva a assimilar as novas aprendizagens;
36
acomoda e reorganiza seus esquemas mentais e se adapta às novas
situações.
As habilidades motoras desenvolvidas na educação infantil juntamente
com o jogo, são referentes à evolução do controle corporal, pelo qual a criança
reconhece cada vez melhor o seu corpo, à evolução da locomoção que permite
a criança realizar determinados ajustes posturais, deslocando-se com
autonomia e o referente a manipulação, utilização das mãos para conquistar e
obter as coisas.
Essas habilidades em parceria com o jogo levarão o currículo a ser um
meio de expressão e comunicação de primeira ordem.
Através do jogo, a criança pode aprender uma grande quantidade de
coisas na escola e fora dela, e a brincadeira não deve ser tratada como
atividade supérflua (...). A criança deve sentir que na escola está brincando e,
através dessa brincadeira, poderá aprender muitas coisas. (Delval, 1994, p.42).
Assim, devem se concentrar os esforços no sentido de que a criança
divirta-se aprendendo e seja feliz com o que aprende, podendo aplicar essa
bagagem em seu cotidiano.
O jogar e o brincar são de grande importância na construção das
aprendizagens na educação infantil. Contribuem para o desenvolvimento
motor, intelectual, afetivo-psicossexual e social da criança.
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4. O COMPORTAMENTO E O PAPEL DO EDUCADOR NAS
SITUAÇÕES LÚDICAS NA APRENDIZAGEM
A criança traz em si, inicialmente, apenas um conjunto de reflexos.
Tudo aquilo que ela virá a ser constituirá a expressão de sua história de
condicionamento.
Antigamente, o professor tinha a função ou o papel de apenas
transmitir conhecimentos, felizmente, percebemos que essa mentalidade tem
mudado e esse papel vai além da transmissão de simples conteúdos. O
professor é agente propagador de valores humanos que será à base da
construção da sociedade do futuro.
Esses valores não podem ser confundidos com moralismos
exagerados ou com “receitas de como ser uma pessoa melhor”. Valores são
determinados princípios que norteiam a vida das pessoas, dando-lhes direção
e orientação de como ser, comportar-se, relacionar-se e expressar as
habilidades e potenciais em vista da concretização dos projetos e idéias. É o
que nos apontará a coerência entre o pensar e o agir.
Todo professor precisa ter valores e criar um contexto de envolvimento
com os alunos que propicie uma atmosfera positiva, de forma que eles se
sintam reconhecidos por aquele que é um modelo: o professor (educador).
Educar envolve, inicialmente, um voto de confiança entre o professor e
o aluno. A criança é vista como uma parceira ativa de sua própria
aprendizagem e o professor deve respeitar suas características e suas formas
de pensar, tendo como tarefa fornecer o meio adequado para essa semente
florescer.
O sistema funcional de aprendizado de uma criança não pode ser
idêntico ao de outra, embora possa haver semelhanças no desempenho de
ambas.
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O professor deve ter uma postura de investigador permanente sobre
cada aluno. Não deve considerar a classe como um grupo unitário,
homogêneo, mas deve observar os alunos individualmente, percebendo
detalhes que possam servir de referencial para uma possível e estratégica
intervenção.
Para Vygotsky (1989), as formas de intervenção do professor são
fundamentais para o sucesso do ensino, embora muitas vezes ele não tenha
uma compreensão abrangente dos processos subjacentes nem o domínio dos
métodos e das técnicas mais eficazes para promover o crescimento intelectual
da criança.
(...) dificilmente teremos hoje professores que tenham vivenciado experiências diferentes das que tentam construir. Eles procuram melhorar sua ação docente, mas sobre um paradigma que, à priori, contém um pressuposto da ação de ensinar. Para uma ação dialógica, transformadora, seria preciso deslocar para o aluno a produção do conhecimento. (Ibidem, p.p.168-169)
O professor deve acompanhar o desenvolvimento da criança,
buscando sempre o melhor e procedimentos novos e valiosos para a
aprendizagem.
Nesse contexto, trabalhar o jogo seria o prazer de aprender, pois a
criança, quando brinca, deixa refletir não só a sua forma de pensar ou sentir,
mas também como ela está organizando a realidade.
O trabalho com jogos, com brincadeiras e com linguagens artísticas
pode ser um caminho para a construção do conhecimento da criança na fase
da educação infantil.
O jogo é um meio poderoso para a aprendizagem tanto da leitura como
do cálculo ou da ortografia. Ao estimularem a troca de idéias, a colocação de
hipóteses, a experimentação, o teste de realidade, os jogos são o instrumento
39
que mais favorece o intercâmbio entre o pensamento e a realidade,
promovendo o desenvolvimento da cognição.
O jogo é, pois um “quebra-cabeça”... não é, como se pensava, simplesmente um método para aliviar tensões. Também não é uma atividade que “prepara” a criança para o mundo, mas é uma atividade real para aquele que brinca. Verdadeiramente, brincamos, envolvemo-nos com paixão no jogo, sem precisarmos, em absoluto, saber o que ele significa. (Fridmann, 1998, p.20)
Jogos e brincadeiras permitem ao professor verificar o nível de domínio
que a criança tem dos conteúdos curriculares e planejar as atividades
necessárias.
As generalizações e os significados que a criança retira na situação de
brincar, precisam ser discutidas pelo professor para que possam se tornar um
conceito específico.
Nas situações de jogos e brincadeiras, o professor deve aguçar a
curiosidade dos alunos. Seu papel será levar a criança a descobrir todas as
possibilidades oferecidas pelos jogos, pensar juntos e respeitar o momento de
aprendizagem de cada aluno.
É interagindo que a criança sistematizará os conceitos e dominará
novas formas de ação.
Apesar da riqueza de oportunidades, o professor não pode ter a
certeza que o aluno construirá seu conhecimento da maneira desejada por ele.
O professor pode alterar o significado dos objetos e das situações para criar
novos significados, expandindo, assim, os conceitos da criança.
Kishimoto(1996) mostra a importância do uso de três tipos de jogos em
situações pedagógicas: brincadeiras tradicionais, brincadeiras de faz-de-conta
e jogos de construção. O professor deve explorar essas situações, mostrando o
contexto histórico, o tipo de relação estabelecida, as regras.
40
As crianças desenvolvem com isso capacidades importantes, tais como
a atenção, imitação, memória e a imaginação. Nesse sentido, o brincar cria
possibilidades para que a criança experimente o mundo.
O jogo em situação didática, implica em planejamento e previsão das
etapas pelo professor, para alcançar os objetivos.
Mediador, organizando e relacionando os conteúdos trazidos pelas
crianças com os que a escola quer transmitir, deverá estimular a interação
entre os alunos, explorando as estratégias de solução que eles utilizam.
É possível utilizar jogos, especialmente aqueles que possuem regras,
como atividades didáticas, porém é preciso que o professor tenha consciência
de que as crianças não estarão brincando livremente, pois os objetivos
didáticos deverão ser alcançados.
Erros e acertos devem ser trabalhados pelo professor, ajudando a
construir conceitos mais elaborados e de forma expontânea através da
atividade lúdica, pois apesar da riqueza de oportunidades de aprendizagem
que as brincadeiras propiciam o professor não pode ter a certeza de que a
construção do conhecimento efetuada pela criança será exatamente a mesma
desejada por ele. Ele deve orientar, intervir para conduzir o pensamento e
comentar os erros que não levaram a resolução do problema proposto.
Nesse mesmo sentido, Cardim (2001) afirma que, com a utilização dos
jogos como estratégia de ensino, o professor auxilia o aluno a ter uma atuação
o mais consciente e intencional possível, a fim de que ele possa ter um
resultado favorável.
A utilização dos jogos requer uma organização prévia e avaliações
constantes.
Golbert (1999) destaca que, nas situações de jogos, a mediação do
professor deve contemplar três tipos de categorias: a mediação intencional – a
41
forma de aprender do aluno; a mediação relativa à imagem de si – seus
domínios, respeito e à aceitação das diferenças individuais, perseguir metas,
otimismo em relação a si próprio e a vida e a mediação relativa, a afetividade
que é a regulação da motivação.
É preciso resgatar o direito da criança a uma educação que respeita seu processo de construção de pensamento, que lhe permita desenvolver-se nas linguagens expressivas do jogo, do desenho e da música. Estes como instrumentos simbólicos de leitura e escrita do mundo articulam-se ao sistema de representação da linguagem escrita, cuja elaboração mais complexa exige formas de pensamento mais sofisticadas para sua plena utilização (Ibidem, p.p4,55).
A participação do professor na brincadeira da criança eleva o nível de
interesse, enriquece e contribui para o esclarecimento de dúvidas durante o
jogo.
Quanto maior forem as oportunidades de construções que o professor
oferecer às crianças, maiores serão as suas chances de um desenvolvimento
harmonioso e compatível com suas possibilidades.
Ao mesmo tempo, a criança sente-se prestigiada e desafiada,
descobrindo e vivenciando experiências que tornem o brinquedo o recurso
mais estimulante e mais rico em aprendizado.
Um professor que não sabe utilizar o jogo na aprendizagem dificilmente
desenvolverá a capacidade lúdica dos seus alunos. Assim, antes de lidar com a
ludicidade do aluno, é preciso que o professor desenvolva a sua própria. A
capacidade lúdica do professor é um processo que precisa ser pacientemente
trabalhado. Ela não é imediatamente alcançada. Não há "donos" exclusivos do
saber e da ludicidade, o professor ao educar ele também se educa e ao jogar
ele também aprende o que é para ser jogado. É necessário que o professor
entenda, como Paulo Freire (1998) afirma, que sem a coragem de correr o
risco, não existe educador. E jogar significa correr riscos.
Brincar junto reforça os laços afetivos. O professor intervém na zona
de desenvolvimento proximal ou potencial do aluno, ajudando a provocar
42
avanços que não ocorreriam espontaneamente. É uma manifestação de amor
do professor pela criança. Todas as crianças gostam de brincar com os pais,
com os avós, irmãos, mas o professor organiza esse brincar na busca de
conhecimentos elaborados e ricos pedagogicamente e ludicamente.
Aprendemos quando adquirimos conhecimento. Situações de aprendizagem desafiadoras geram no indivíduo a necessidade interna básica de, talvez, romper com seus próprios limites enquanto movimentos em busca do novo. Por vezes, essa experiência vem acompanhada de sensações, sentimentos e emoções, com alegria e prazer, ou dor, incômodo e conflito. As dinâmicas da psiquê atuam constantemente na elaboração e aprendizagem decorrentes dessas situações. (Alessandrini, 1994, p.23)
Faz-se necessário que o professor reconheça a criança como sujeito
aprendente e como sujeito ensinante lhe outorgando um espaço saudável onde
o conhecer apareça como desafio possibilitador.
... o educador não pode cansar de viver a alegria do educando(...) no momento em que ele já não se alegra, não se arrepia diante de uma alegria, da alegria da descoberta, é que ele já está ameaçado de burocratizar a mente. (Paulo Freire, 1998, p.p. 84-85)
A busca pelo conhecimento é natural na criança. Ela tem todas as
condições para criar e constituir-se enquanto um sujeito simbólico, podendo
ingressar em um mundo cultural e civilizado, tendo como mediador o professor
que irá repartir a alegria da descoberta, um repartir que acrescenta e dá ânimo
para prosseguir a caminhada.
43
5. O LÚDICO NO TRABALHO PSICOPEDAGÓGICO
Quando se trabalha com a Psicopedagogia é comum a vivência de
situações em que é preciso estabelecer a intervenção psicopedagógica em
função das necessidades da criança. Os brinquedos, jogos e materiais
pedagógicos desempenham, neste momento, um papel de extrema
importância. A intervenção psicopedagógica veio introduzir uma contribuição
mais rica no enfoque pedagógico. O processo de aprendizagem da criança é
abrangente, implicando componentes de vários eixos como: afetivos, motores,
sociais, cognitivos, econômicos, etc.
A causa do processo de aprendizagem, bem como as dificuldades de
aprendizagem, não são localizadas somente na criança e professor; existem
inúmeras variáveis que precisam ser apreendidas com bastante cuidado pelo
psicopedagogo.
O fundamental é perceber a criança em toda a sua singularidade, com
um programa a atender às suas necessidades. É a percepção desta
singularidade que vai comandar o processo de desenvolvimento da criança.
O psicopedagogo deve alterar sua forma de conceber o processo de
ensino-aprendizagem, ele não é linear e sim multifacetado. O processo de
ensino aprendizagem inclui também a não-aprendizagem, a criança pode se
recusar a aprender em um determinado momento. O saber e o não saber estão
estreitamente vinculados.
O desejo de saber faz um par dialético com o desejo de não saber. O jogo do saber - não saber, conhecer – desconhecer e suas diferentes articulações, circulações e mobilidades, próprias de todo ser humano ou seus particulares nos e travas presentes no sintoma, é o que nós tratamos de decifrar no diagnóstico. (Fernandez, 1991, p.39)
No diagnóstico psicopedagógico, a atividade lúdica é um rico
instrumento de investigação clínica, pois permite à criança expressar-se livre e
prazerosamente.
44
É uma importante ferramenta de observação sobre a simbolização e as
relações que ela estabelece com o jogo, possibilitando a formulação de
hipóteses a serem comprovadas.
A utilização do lúdico no diagnóstico psicopedagógico serve para
indicar como aquela criança se relaciona com o aprender.
No trabalho psicopedagógico, é comum a vivência de situações em que
é preciso a intervenção em função das necessidades da criança. O uso de
situações lúdicas é basicamente para entender o funcionamento dos processos
cognitivos e afetivos em suas interferências mútuas.
Jogar e aprender caminham paralelamente na psicopedagogia, e
podemos através da hora lúdica ou hora do jogo, observar prazeres,
frustrações, desejos, enfim, podemos trabalhar com o erro e articular a
construção do conhecimento.
O conhecimento e o saber não são apreendidos pela criança de forma
neutra. Dentro dela há uma luta entre o desejo de saber e o desejo de não
saber.
O uso de brinquedos, jogos e materiais pedagógicos pode direcionar a
criança para o desejo que ela quer almejar.
A simbolização pode ter um caminho tanto de aproximação quanto de
afastamento do saber.
Os símbolos tendem a formar dentro da criança, estruturas de
alienação no saber.
Segundo Alícia Fernandez (1991) estas estruturas são verdadeiros
“clichês”, isto é, formas estereotipadas de saber.
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Para pensar novas idéias temos que desarmar nossas idéias feitas e
misturar as peças, assim como um tipógrafo ver-se-á obrigado a desarmar os
clichês, se deseja imprimir um texto no novo idioma. (Fernandez, 1991, p. 23)
É importante que o professor perceba que a forma como a criança
reage ao objeto não é simplesmente um produto do processo da sua interação
com o objeto, mas um produto de sua história pessoal e social.
A psicopedagogia propicia a forma mais aprofundada de se trabalhar
com a criança. Ela leva em consideração as necessidades específicas de cada
criança, porque o seu sistema simbólico e imaginário é único.
No ensino, o professor não introduz um objeto qualquer. O objeto de
ensino, enquanto um símbolo carrega a história passada da criança e do
professor. Quando se utiliza jogos, brinquedos e materiais pedagógicos
necessita da percepção do contexto em que se encontram inseridos. É preciso
que o psicopedagogo identifique o processo simbólico anterior do objeto, para
entender melhor as necessidades das crianças.
Este processo é fundamental, porque não é só o objeto do
conhecimento e do saber que está sendo construído, mas também a
modalidade de aprendizagem da criança.
Segundo Alícia Fernandez (1991), o conceito de modalidade de
aprendizagem, permite que se passe do universal para o particular, do estático
para o dinâmico, do concreto para o abstrato, de uma percepção do objeto
pedagógico construído para um objeto pedagógico em construção. O aspecto
fundamental deste processo é o modo como se dá o processo de construção
do material pedagógico no interior da criança. A construção do material
pedagógico e da modalidade de aprendizagem da criança são processos em
estruturação.
Em cada um de nós, podermos observar uma particular “modalidade de
aprendizagem”, que quer dizer, uma maneira pessoal para aproximar-se do
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conhecimento e para conformar seu saber. Tal modalidade de aprendizagem
constrói-se desde o nascimento, e através dela nos deparamos com a angústia
inerente ao conhecer-desconhecer. (Fernandez, 1991, p. 107)
A modalidade de aprendizagem revela a forma e o conteúdo do
processo de estruturação da aprendizagem da criança. Os jogos, brinquedos e
materiais pedagógicos não são objetos que trazem um saber pronto e acabado,
são objetos que trazem um saber em potencial que pode ser ou não ativado
pela criança. Este material pedagógico tem que ser dinâmico, que se altera de
acordo com a imaginação da criança.
Quando se utiliza jogos, brinquedos e materiais pedagógicos deve-se
atentar para uma enorme quantidade de estruturas de alienação no saber que
cercam esses objetos. É preciso que elas sejam identificadas com precisão,
para que o processo de intervenção psicopedagógica se realize com facilidade.
No brincar, a criança constrói um espaço de experimentação, de
transição entre o mundo interno e o externo. Nesse espaço transicional:
criança-outro; indivíduo-meio, dá-se a aprendizagem. Por essa razão, o
processo lúdico é fundamental no trabalho psicopedagógico.
O jogo de regras, por suas características, contribui para a
possibilidade de aprender com o outro, de “fazer igual”, de superá-lo, aprender
que ganhar é tão circunstancial quanto aprender.
No jogo de construção, a relação afetiva aprendente/ensinante também
é considerada. Nesse contexto – mais livre – tal como nas encenações ou
brincadeiras, é possível conversar, elaborar, envolver-se com o outro, fazer
transferências.
Os jogos de exercício e o simbólico, ainda que em outro nível, estão
presentes no contexto dos jogos de construção e de regra. É o que acontece,
por exemplo, quando a criança, ao descobrir ou aprender uma boa jogada,
procura repeti-la pelo simples prazer funcional; ou quando há a presença da
fantasia ou imaginação.
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Num contexto escolar, o jogo de construção pode ser um instrumento
importante para produção de textos. O psicopedagogo cria, junto com a
criança, uma história, que em seguida é interpretada, reconstruída, narrada,
reproduzida através do jogo.
A psicopedagogia que tem o jogo como um de seus instrumentos,
poderia ser definida como uma forma de tratamento que resgata, prepara ou
aprofunda, no presente, as condições para o trabalho escolar da criança,
provendo competências importantes para o seu trabalho profissional no futuro.
Desta forma, vai estabelecendo hipóteses sobre a modalidade de
aprendizagem da criança, o que vem a ser o objeto do diagnóstico
psicopedagógico.
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CONCLUSÃO
A idéia de um ensino despertado pelo interesse do aluno, levou o
professor a transformar o sentido do que se entende por material pedagógico e
cada estudante, independente de sua idade, passou a ser um desafio a sua
competência. O interesse do aluno passou a ser a força que comanda o
processo da aprendizagem, suas experiências e descobertas, o motor do seu
progresso e o professor um gerador de situações estimuladoras e eficazes.
É nesse contexto que o lúdico na educação infantil é importante para
que se possa estruturar uma ação pedagógica que respeite e propicie o
desenvolvimento integral da criança. O jogo ganha um espaço como
ferramenta ideal da aprendizagem, ajuda o aluno a construir suas novas
descobertas, desenvolve e enriquece sua personalidade e simboliza um
instrumento pedagógico.
Como condutor de uma estruturação pedagógica, revela dados
específicos e diferenciados em relação ao modelo de aprendizagem do
aprendente.
Se a criança vem ao mundo e se desenvolve em interação com a
realidade social, cultural e natural, é possível pensar uma proposta educacional
que lhe permita conhecer esse mundo, a partir do profundo respeito por ela.
Ainda não é o momento de sistematizar o mundo para apresentá-lo à criança:
trata-se de vivê-lo, de proporcionar-lhe experiências ricas e diversificadas.
(Moysés Kuhlmann Jr, 2000, p.57)
Para construir é preciso desejar.
A escola, ao valorizar o ato de brincar sem restringir-se exclusivamente
ao ato pedagógico que, intrinsecamente por estar a ele ligado, ajuda ao aluno a
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formar um bom conceito de mundo, um mundo onde a afetividade é acolhida, a
sociabilidade vivenciada, a criatividade estimulada e os direitos dos alunos
respeitados. As interações no brincar permitem, também, através da oferta de
objetos e brinquedos, que elas entrem em contato com as propriedades e os
usos sociais dos objetos, aproximando-se da sociedade. A criança aprende a
brincar, como aprende a se comunicar e a expressar seus desejos e vontades.
A brincadeira é um processo de relações interindividuais, portanto de
cultura. É preciso partir dos elementos que ela vai encontrar em seu meio, para
se adaptar às suas capacidades. A brincadeira pressupõe uma aprendizagem
social. Aprende-se a brincar. A brincadeira não é inata, pelo menos nas formas
que ela adquire junto ao homem. A criança pequena é iniciada na brincadeira
por pessoas que cuidam dela, particularmente sua mãe. (...) É o adulto que,
como destaca Wallon, por metáfora, batizou de brincadeira todos os
comportamentos de descoberta da criança. (Gilles Brougére, 1997, p. 98)
A criança nos desafia porque ela tem uma lógica que é toda sua,
porque ela encontra maneiras peculiares e muito originais de se expressar,
porque é capaz através do brinquedo, do sonho e da fantasia de viver num
mundo que é apenas seu.
Através do brincar a criança experimenta, organiza-se, regula-se,
constrói normas para si e para o outro. Ela cria e recria, a cada nova
brincadeira, o mundo que a cerca. O brincar é uma forma de linguagem que a
criança usa para compreender e interagir consigo, com o outro, com o mundo.
(Dornelles, apud Craidy, 2001, p. 104)
Em uma época em que se desenvolvem as teorias cognitivistas, entre
elas a das inteligências múltiplas, e que se valoriza nos alunos, e no ser
humano em geral, aspectos como a criatividade, a cooperação, o senso crítico
e o espírito empreendedor, os jogos aparecem para, de forma hábil,
proporcionar o desenvolvimento de múltiplas competências, capazes de
descortinar potencialidades e minimizar limitações. Facilitador da auto
descoberta e da auto avaliação, de valorização e convívio com as diferenças,
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motiva uma postura de desafio para novas conquistas e aprendizagens. Podem
ter uma grande utilidade para a educação do futuro, por ser um instrumento de
apresentação de assuntos de forma não linear.
Defende-se o valor psicopedagógico dos jogos, primeiro, porque este
pode significar para a criança uma experiência fundamental de entrar na
intimidade do conhecimento, de construir respostas por meio de um trabalho
que integre o lúdico, o simbólico e o operatório. Segundo, porque pode
significar que o conhecer para a criança é um jogo de investigação – por isso,
de produção de conhecimento – em que se pode ganhar, perder, tentar
novamente.
(...) para que ela se descubra e se descubra capaz, importante, auto confiante e segura. Então, essa criança, autônoma, começará a crer que seu saber e seu fazer são verdadeiros e ela crescerá na consciência de si mesma e de suas possibilidades. Aqui só há um caminho pedagógico: a pedagogia do concreto, que inclui o conflito, mediada pela atividade significativa onde é privilegiada a expressão infantil. Nessa pré-escola (...) os métodos devem ser aqueles que partem da especificidade da infância: a atividade, a ludicidade, a fantasia, a imaginação, a magia em todas as formas de sua infinita possibilidade de expressão centrada na dimensão emocional – afetiva, prioritariamente. (Redim, 1988, p. 40)
Para entender melhor esse processo seria fundamental o estudo de
estímulos internos que provocam essa habilidade na criança que a leva a
acender a chama de sua evolução. Toda criança vive agitada e em intenso
processo de desenvolvimento corporal e mental.
Para estruturar esse processo deve-se realizar um estudo de
planejamento de jogos como instrumentos de uma aprendizagem significativa,
pois o jogo ocasional é distante de uma cuidadosa e planejada programação. E
em seguida destacar os pensadores de nosso tempo que demonstraram vivo
interesse pela questão lúdica e pelo lugar dos jogos e das metáforas no
fenômeno humano.
Novas pesquisas relacionadas ao lúdico, salientam que hoje a maioria
dos filósofos, sociólogos, etólogos e antropólogos concordam em compreender
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o jogo como uma atividade que contém em si mesmo o objetivo de decifrar os
enigmas da vida e de construir um momento de entusiasmo e alegria na aridez
da caminhada humana.
O brincar tem um lugar e um tempo... Para dominar o que está fora, é preciso fazer coisas, não só pensar ou desejar, e fazer coisas leva tempo. Brincar é fazer. (Winnicott, apud, Meyer, 2004, p. 21)
Assim, brincar significa ter a liberdade de criação, entender a realidade
interior e compartilhar a realidade externa.
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Barreto, Elba Siqueira de Sá e col. Proposta pedagógica – pré-escola. São
Paulo: Secretaria Estadual de Educação, 1994.
Brougére Gilles. Jogo e educação. Porto Alegre: Artmed, 1998. Cória-Sabini Maria Aparecida e Lucena Regina Ferreira de. Jogos e Brincadeiras na educação infantil. São Paulo: Papirus, 2004.
Freire, Paulo. . Pedagogia da Esperança. São Paulo: Paz e Terra, 1998. Inoue, Ana Amélia. Referencial curricular nacional para educação infantil.
Brasília: Secretaria de Educação Fundamental, 1998.
Kishimoto, T. M. Jogo, brinquedo, brincadeira e a educação, 6.ª edição. São
Paulo: Cortez, 2002.
Kishimoto, T. M. Jogos infantis – O jogo, a criança e a educação, 6.ª edição. Rio de Janeiro: Vozes, 1992.
Lopes, Maria da Gloria. Jogos na educação. São Paulo: Cortez, 2002. Maranhão, Diva. Ensinar brincando – A aprendizagem pode ser uma grande
brincadeira. Rio de Janeiro: Wak, 2004.
Meyer, Ivanise Corrêa Rezende, Brincar & Viver. Rio de Janeiro: Wak, 2003. Murcia, Juan Antonio Moreno e colaboradores. Aprendizagem através do jogo.
Porto Alegre: Artmed, 2005. Winnicott, D.W. A criança e seu mundo. 6.ª edição, Rio de Janeiro: LTD, 1982
Winnicott, D.W. O brincar e a realidade. Rio de Janeiro: Imago. 1975.
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ANEXOS
54
ÍNDICE
Páginas
Capa ........................................................................................................ 1 Folha de rosto ......................................................................................... 2 Agradecimento ....................................................................................... 3 Dedicatória ............................................................................................. 4 Epígrafe .................................................................................................. 5 Resumo .................................................................................................. 6 Sumário ................................................................................................. 7
Introdução ............................................................................................. 8
1 – O Lúdico na Educação: Considerações Históricas............................ 12 2 – A função do Lúdico no desenvolvimento infantil................................. 18
2.1 – Piaget: A evolução do jogo no desenvolvimento da criança...... 20 2.2 – Vygotsky: A zona de desenvolvimento proximal criada pelo jogo..23 2.3 – Winnicott: O brincar e a realidade.............................................. 26
3 – O Lúdico no Currículo da Educação Infantil ..................................... 30 4 – O comportamento e o papel do educador nas situações lúdicas na aprendizagem ....................................................................................... 37 5 – O Lúdico no trabalho psicopedagógico .......................................... 43 Conclusão .............................................................................................. 48
55
Referências Bibliográficas....................................................................... 52 Anexos....................................................................................................... 53 Folha de Avaliação .................................................................................... 56
56
FOLHA DE AVALIAÇÃO
A importância do lúdico no processo de aprendizagem na educação
infantil, sob o ponto de vista psicopedagógico.
Aluno: Jacqueline Lisboa
Curso: Psicopedagogia matrícula: N201046
Avaliado por: Nilson Guedes de Freitas
...............................................................................................................................
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