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UNIVERSIDADE DE SOROCABA
PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO, PESQUISA, EXTENSÃO E INOVAÇÃO
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS FARMACÊUTICAS
Fernando Batain
DESENVOLVIMENTO E CARACTERIZAÇÃO DE FILMES DE FIBROÍNA DE
SEDA E MEMBRANA DE CELULOSE BACTERIANA PARA VEÍCULAÇÃO DE
EXTRATOS DE PLANTAS MEDICINAIS
Sorocaba/SP
2018
Fernando Batain
DESENVOLVIMENTO E CARACTERIZAÇÃO DE FILMES DE FIBROÍNA DE
SEDA E MEMBRANA DE CELULOSE BACTERIANA PARA VEÍCULAÇÃO DE
EXTRATOS DE PLANTAS MEDICINAIS
Dissertação apresentada à Banca Examinadora
do Programa de Pós-Graduação em Ciências
Farmacêuticas da Universidade de Sorocaba,
como exigência parcial para obtenção do título
de Mestre em Ciências Farmacêuticas.
Orientadora: Profa. Dra. Luciane Cruz Lopes
Sorocaba/SP
2018
Ficha Catalográfica
Batain, Fernando B332d Desenvolvimento e caracterização de filmes de fibroína de seda e
membrana de celulose bacteriana para veiculação de extratos de plantas medicinais / Fernando Batain. – 2018.
93 f. : il.
Orientadora: Profa. Dra. Luciane Cruz Lopes Dissertação (Mestrado em Ciências Farmacêuticas) –
Universidade de Sorocaba, Sorocaba, SP, 2018.
1. Matéria médica vegetal – Uso terapêutico. 2. Plantas medicinais. 3. Fitoterapia. 4. Biomateriais. I. Lopes, Luciane Cruz, orient. II. Universidade de Sorocaba. III. Título.
Fernando Batain
DESENVOLVIMENTO E CARACTERIZAÇÃO DE FILMES DE FIBROÍNA DE
SEDA E MEMBRANA DE CELULOSE BACTERIANA PARA VEÍCULAÇÃO DE
EXTRATOS DE PLANTAS MEDICINAIS
Dissertação aprovada como requisito parcial
para obtenção do título de Mestre no Programa
de Pós-Graduação em Ciências Farmacêuticas
da Universidade de Sorocaba.
Aprovado em: 07 de fevereiro de 2018.
BANCA EXAMINADORA:
Pres. Profa. Dra. Luciane Cruz Lopes
Universidade de Sorocaba
1º Exam. Prof. Dr. Marco Vinicius Chaud
Universidade de Sorocaba
2º Exam. Profa. Dra. Amanda Gomes Marcelino Perez
Universidade Estadual de Campinas
Dedico este trabalho primeiramente a Deus por
me fortalecer e estar sempre ao meu lado me
guiando e me dando força e determinação
necessárias durante esta jornada e por me
levantar diante das dificuldades e obstáculos e,
as minhas queridas irmãs por estarem ao meu
lado e acreditar no meu sonho.
AGRADECIMENTOS
Agradeço à Universidade de Sorocaba (UNISO) e ao Programa de Pós-Graduação em Ciências
Farmacêuticas por me oportunizar um aperfeiçoamento de excelência e por possibilitar o meu
ingresso no programa de mestrado.
À Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) pelo auxílio
financeiro.
As empresas, BioTae Extratos Vegetais e Grupo Phytobios, pela doação dos extratos vegetais
padronizados.
A todos aqueles que sempre confiaram em mim, a minha família e aos meus verdadeiros
amigos.
A minha mãe (in memoriam), que onde quer que esteja, nunca deixou de me amar, nem mesmo
sequer de confiar em mim. Mãe, meu amor eterno. As minhas queridas irmãs Célia e Ana pelo
amor incondicional. Pois, muitas vezes, renunciaram aos seus sonhos para que eu pudesse
realizar o meu, partilho a alegria deste momento.
À minha orientadora Profa. Dra. Luciane Cruz Lopes pelo apoio e pelas preciosas
oportunidades de crescimento profissional.
Aos professores, funcionários e colegas do Programa de Pós-Graduação em Ciências
farmacêuticas da UNISO, em especial ao Prof. Dr. Marco Vinicius Chaud, por compartilhar
parte dos seus conhecimentos comigo durante este trajeto, que estarão para sempre em minha
memória.
Agradeço imensamente a parceria dos professores Dr. Norberto Aranha e Dra. Angela F. Jozala,
pela solidariedade perante minhas dificuldades no decorrer desta pesquisa; ao professor Dr.
Daniel Komatsu, pelas sugestões e análises significativas neste trabalho.
A solicitude dos técnicos de laboratório, em especial a Profa. Ma. Valéria Orsi e Denicezar A.
Baldo, e a atenção de todos os demais funcionários.
Aos amigos e amigas do programa de Pós-Graduação, pela paciência e companheirismo. Em
especial, Marcia Rebelo, Thaís Alves e Carolina Santos, por me aconselharem e acreditarem
em meu trabalho.
As amigas Sueli, Juliana, Liliam e Lauren, pelo carinho e amizade.
Aos amigos Venâncio e Edson, pelo apoio.
E aos queridos amigos que me acompanharam e sempre estiveram ao meu lado, em especial,
Gisele Gabriel e Ricardo Segantin, por todo incentivo e companheirismo.
Enfim, a todas as pessoas que de alguma forma contribuíram para a realização deste trabalho,
divido a alegria desta experiência, meus sinceros e profundos agradecimentos.
“Quando a gente acha que tem todas as
respostas, vem a vida e muda todas as
perguntas. ”
(Luís Fernando Verissimo)
RESUMO
ANTECEDENTES: Aloe vera (L.) Burm.f, Matricaria recutita L. e Calendula officinalis L.
são plantas medicinais amplamente estudadas e com resultados promissores. Contudo, a falta
de controle dos extratos vegetais afasta este recurso terapêutico da prática médica cotidiana.
OBJETIVO: Projetar, desenvolver e caracterizar filmes de membrana de celulose bacteriana
(mCB) e de filmes hidrogelatinosos de fibroína de seda (FH-FS) contendo extratos vegetais
padronizados de A. vera, C. officinalis e M. recutita. MÉTODOS: Para veiculação dos extratos
vegetais foram preparadas membranas de celulose por biossíntese bacteriana e FH-FS. Os FH-
FS foram preparados utilizando Polietilenoglicol 400 (PEG 400) previamente dissolvido em
água (3%). Os extratos vegetais diluídos em água e incorporados em mCB e FH-FS foram
avaliados para determinar a concentração inibitória mínima (CIM), propriedades mecânicas
(tração e compressão), mucoadesão e perfil de liberação. A caracterização físico-química das
mCB e dos FH-FS incorporados com extratos vegetais foram realizados por calorimetria
exploratória diferencial (DSC) e espectroscopia de infravermelho com transformada de Fourier
(FTIR). RESULTADOS: Os extratos vegetais de A. vera e M. recutita apresentaram atividade
antimicrobiana contra as cepas S. aureus, P. aeruginosa e E. coli. O extrato de C. officinalis
apresentou atividade contra S. aureus e P. aeruginosa. Os extratos vegetais de A. vera e C.
officinalis quando incorporados na mCB inibiram o crescimento para os mesmos
microrganismos, exceto E. coli. As concentrações dos extratos utilizadas no FH-FS não foram
suficientes para inibir o crescimento microbiano. A análise dos resultados de FTIR mostram
que as propriedades físico-química dos extratos não foram alteradas na presença de mCB e FH-
FS. Os eventos endotérmicos e exotérmicos observados nos FH-FS e mCB com extrato vegetal
sugere uma leve redução da estabilidade físico-química quando comparados sem adição de
extratos vegetais. A análise das propriedades fisiomecânicas e mucoadesão são alteradas na
presença dos extratos vegetais. O perfil de liberação dos extratos é influenciado pelo veículo
mCB ou FH-FS. A concentração final de PEG 400 nas formulações de FH-FS foi de 0,26%.
CONCLUSÃO: A análise dos resultados obtidos neste estudo sugere que os FH podem ser
utilizados como carreadores de extratos vegetais para fins medicinais de uso tópico.
Palavras-chave: Aloe. Calêndula. Matricaria. PEG. Fibroína. Celulose.
ABSTRACT
BACKGROUND: Aloe vera (L.) Burm.f, Matricaria recutita L. and Calendula officinalis L.
are medicinal plants widely studied and with promising results. However, lack of control of
plant extracts moves away this therapeutic resource from daily medical practice. OBJECTIVE:
To design, develop and characterize BCM and SF films containing standardized plant extracts
of A. vera, C. officinalis and M. recutita. METHODS: To diffusion of vegetables extracts were
prepare cellulose membranes by bacterial biosynthesis and HF-SF. The HF-SF were prepared
using Polyethylene glycol 400 (PEG 400) previously dissolved in water (3%). The vegetable
extracts diluted in water and incorporated into BCM and HF-SF were evaluated to determine
the minimum inhibitory concentration (MIC), mechanical properties (traction and
compression), mucoadhesion and release profile. The physicochemical characterization of
BCM and HF-SF incorporated with the vegetable extracts was made by differential scanning
calorimetry (DSC) and by Fourier Transform Infrared Spectroscopy (FTIR). RESULTS: The
vegetable extracts of A. vera and M. recutita showed antimicrobial activity against S. aureus,
P. aeruginosa and E. coli. The extract of C. officinalis presented activity against S. aureus and
P. aeruginosa. The vegetable extracts of A. vera and C. officinalis when incorporated into BCM
inhibited growth for the same microorganisms except E. coli. The concentrations of the extracts
used in HF-SF were not sufficient to inhibit microbial growth. Analysis of the FTIR results
showed that the physical-chemical properties of the extracts were not altered in the presence of
BCM and HF-SF. The endothermic and exothermic events observed in HF-SF and BCM with
vegetable extract suggests a light reduction of stability of physicochemical activity when
compared without addition of vegetable extracts. The analysis of the physiomechanics
properties and mucoadhesion are changed in the presence of vegetable extracts. The release
profile of extracts is influenced by BCM or FH-FS. The final concentration of PEG 400 in
formulations of HF-FS was 0.26%. CONCLUSION: The analysis of the results obtained in
this study suggests that the HF can be used as carrier agents of vegetable extracts for medicinal
purposes of use topic
Keywords: Aloe. Calendula. Matricaria. PEG. Fibroin. Cellulose.
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 Fluxograma .......................................................................................................22
Figura 2 Plantação de Aloe vera ......................................................................................24
Figura 3 Flor Calendula officinalis .................................................................................27
Figura 4 Inflorescência Matricaria recutita ....................................................................28
Figura 5 Estrutura química fibroína de seda ....................................................................32
Figura 6 Casulo bicho-da-seda ........................................................................................34
Figura 7 Membrana de celulose bacteriana .....................................................................35
Figura 8 Estrutura química celulose bacteriana ...............................................................35
Figura 9 Esquema do processo de extração da dispersão de FS .......................................41
Figura 10 Esquema de diluição seriada dos microrganismos .............................................43
Figura 11 Fluxograma da CIM dos extratos vegetais .........................................................44
Figura 12 Ilustração da incorporação dos extratos vegetais em FH-FS ..............................45
Figura 13 Ilustração da incorporação dos extratos vegetais na mCB .................................46
Figura 14 Concentração da dispersão de FS em % .............................................................51
Figura 15 Teste de desafio da CIM ....................................................................................53
Figura 16 Capacidade de incorporação dos extratos vegetais em massa percentual das mCB
avaliadas (n=6) .........................................................................................................................54
Figura 17 mCB obtida e incorporada com extratos vegetais ..............................................55
Figura 18 FH-FS obtido e incorporado com extratos vegetais ...........................................55
Figura 19 Difusão em ágar da mCB incorporada com extratos vegetais ............................57
Figura 20 Difusão da FH-FS incorporada com extratos vegetais .......................................58
Figura 21 FTIR das amostras de FH-FS sem adição dos extratos vegetais ........................59
Figura 22 FTIR das amostras de FH-FS+extrato vegetal de A.vera+PEG400 ...................61
Figura 23 FTIR das amostras de FH-FS+extrato vegetal de C.officinalis+PEG400 ..........62
Figura 24 FTIR das amostras de FH-FS+extrato de M.recutita+PEG 400 ........................63
Figura 25 FTIR da mCB + extrato de Aloe vera .................................................................64
Figura 26 FTIR da mCB + extrato de M. recutita ..............................................................66
Figura 27 FTIR da mCB + extrato de C. officinalis ...........................................................67
Figura 28 Termogramas das amostras de FH-FS ...............................................................68
Figura 29 Termogramas das amostras de mCB .................................................................69
Figura 30 Média dos FH-FS obtidos em gramas (g) ..........................................................70
Figura 31 Texturômetro ....................................................................................................71
Figura 32 Foto ilustrativa do ensaio de tração mecânica ....................................................71
Figura 33 Média das propriedades fisiomecânicas dos FH-FS ..........................................72
Figura 34 Média mCB pura e com adição de extratos vegetais ..........................................74
Figura 35 Média mucoadesão FH-FS e mCB ....................................................................75
Figura 36 Curva Analítica dos extratos vegetais ................................................................76
Figura 37 Média perfil de liberação dos extratos vegetais de AV e CO .............................77
Figura 38 Média perfil de liberação do extrato vegetal de MR ..........................................78
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 Constituição química da Aloe vera ....................................................................24
Tabela 2 Atividades farmacológicas atribuídas a compostos presentes na Aloe vera .......25
Tabela 3 Constituição química da Calendula officinalis ..................................................26
Tabela 4 Aplicações da celulose bacteriana .....................................................................34
Tabela 5 Concentração inibitória mínima (CIM) em mg/mL das soluções de A. vera, M.
recutita e C. officinalis contra os microrganismos P. aeruginosa, S. aureus e E. coli ...............52
Tabela 6 Atividade antimicrobiana das membranas contendo extrato vegetal padronizado
de A. vera, C. officinalis e M. recutita por meio do método da difusão em ágar ........................57
Tabela 7 Média das propriedades fisiomecânicas de FH-FS em triplicata .......................71
Tabela 8 Propriedades fisiomecânicas mCB ....................................................................74
Tabela 9 Valores da equação da reta e coeficiente de regressão da curva analítica dos
extratos vegetais analisados ......................................................................................................77
LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS
ATCC American Type Culture Collection
ATM Antimicrobiano
A. vera Aloe vera
AV Aloe vera
CCDD Coleção de Culturas Cefar Diagnóstica
CIM Concentração Inibitória Mínima
C=O Grupo carbonila
C. officinalis Calendula officinalis
CO Calendula officinalis
DP Desvio padrão
DSC Calorimetria diferencial de varredura
E. coli Escherichia coli
EC Escherichia coli
FH Filmes hidrogelatinosos
FS Fibroína de Seda
FH-FS Filmes Hidrogelatinosos de Fibroína de Seda
FTIR Espectroscopia de infravermelho
G. xylinus Gluconacetobacter xylinus
HI Halo de Inibição
IC Intervalo de Confiança
mCB membrana de Celulose de Bacteriana
MEV Microscopia Eletrônica de Varredura
M. recutita Matricaria recutita
MR Matricaria recutita
mf Massa final
mi Massa inicial
n Número médio
NH2 Grupamentos amida primária
NT Não teve halo de inibição
OH Hidroxila
P. aeruginosa Pseudomonas aeruginosa
PA Pseudomonas aeruginosa
PEG 400 Polietilenoglicol 400
pH potencial Hidrogeniônico
R Resistente
Renisus Relação Nacional de plantas de interesse ao Sistema Único de Saúde
RR Razão de Risco
S Sensível
S. aureus Staphylococus aureus
SA Staphylococus aureus
SDS Sódio dodecyl sulfato
SUS Sistema Único de Saúde
TSA Trypticase soy agar
TSB Tryptic soy broth
UV/VIS Ultravioleta e Visível
νas Deformação Axial Assimétrica
νs Deformação Axial Simétrica
LISTA DE UNIDADES E MEDIDAS
°C Grau Celsius
µL Microlitros
cm Centímetros
Da Dalton
g Grama
h Horas
Kg Quilograma
L Litros
mg Miligrama
min. Minuto
mL Mililitros
mm Milímetro
m/v Massa / volume
nm Nanômetros
UFC Unidade de Formação de Colônias
rpm Rotação por minuto
v/v Volume / volume
LISTA DE SÍMBOLOS
% Porcentagem
< Menor que
> Maior que
α Alfa
ß Beta
Ω Fase Ômega
H2O Fórmula química da água
SUMÁRIO
1 QUALIFICAÇÃO DO PROBLEMA E JUSTIFICATIVA DO ESTUDO ................ 17
2 OBJETIVOS .................................................................................................................... 20
2.1 Geral ............................................................................................................................... 20
2.2 Específicos ...................................................................................................................... 20
3 DELINEAMENTO .......................................................................................................... 21
4 ETAPAS DA PESQUISA ............................................................................................... 22
5 REFERENCIAL TEÓRICO .......................................................................................... 23
5.1 Plantas Medicinais ........................................................................................................ 23
5.1.1 Aloe vera (L.) Burm.f. ................................................................................................... 23
5.1.2 Calendula officinalis L. ................................................................................................ 25
5.1.3 Matricaria recutita L. ................................................................................................... 27
5.2 Polímeros empregados na preparação de filmes hidrogelatinosos ........................... 29
5.2.1 Biomateriais .................................................................................................................. 29
5.2.2 Fibroína de Seda ........................................................................................................... 31
5.2.3 Celulose Bacteriana ...................................................................................................... 34
5.3 Polietilenoglicol (PEG) .................................................................................................. 36
6 AVALIAÇÃO FÍSICO-QUÍMICA ................................................................................ 37
6.1 Espectroscopia de infravermelho com transformada de Fourier (FTIR) ............... 37
6.2 Calorimetria exploratória diferencial (DSC).............................................................. 37
6.3 Propriedades mecânicas ............................................................................................... 38
6.4 Atividade antimicrobiana ............................................................................................. 38
6.5 Mecanismos para liberação de fármacos .................................................................... 39
6.5.1 Difusão .......................................................................................................................... 39
6.5.2 Erosão ........................................................................................................................... 39
7 MATERIAIS E MÉTODOS ........................................................................................... 40
7.1 Material .......................................................................................................................... 40
7.2 Métodos .......................................................................................................................... 40
7.2.1 Extração da Fibroína de Seda ....................................................................................... 40
7.2.2 Determinação do pH e da concentração de fibroína expressa em % (m/v) .................. 42
7.3 Obtenção de membrana de Celulose Bacteriana ....................................................... 42
7.4 Ensaios microbiológicos ................................................................................................ 43
7.5 Incorporação e difusão em ágar dos extratos vegetais padronizados em FH-FS e
mCB ........................................................................................................................................ 45
7.6 Análise por espectroscopia de infravermelho (FTIR)................................................ 47
7.7 Calorimetria exploratória diferencial (DSC).............................................................. 48
7.8 Avaliação macroscópica................................................................................................ 48
7.8.1 Propriedades fisiomecânicas ......................................................................................... 48
7.8.2 Propriedades mucoadesivas .......................................................................................... 49
7.8.3 Espectrofotometria em número de onda na região do UV e construção da curva
analítica para os extratos vegetais ............................................................................................ 49
7.8.4 Perfil de liberação dos extratos vegetais incorporados em FH-FS e mCB ................... 50
7.9 Análises estatísticas ....................................................................................................... 50
8 RESULTADOS E DISCUSSÃO .................................................................................... 51
8.1 Determinação do pH e concentração da dispersão de fibroína (m/v) expressa em %
.................................................................................................................................................. 51
8.2 Determinação da CIM dos extratos vegetais padronizados ..................................... 52
8.3 Teste de desafio da concentração inibitória mínima (CIM) ...................................... 53
8.4 Incorporação de extratos vegetais em membranas de Celulose Bacteriana (mCB) e
Fibroína de Seda (FS) ............................................................................................................. 54
8.5 Atividade antimicrobiana através da difusão de extratos vegetais padronizados
incorporados em mCB e FH-FS ............................................................................................ 55
8.6 Análise por espectroscopia de infravermelho com transformada de Fourier (FTIR)
.................................................................................................................................................. 59
8.7 Calorimetria exploratória diferencial (DSC).............................................................. 67
8.8 Avaliação macroscópica................................................................................................ 70
8.9 Propriedades fisiomecânicas ........................................................................................ 70
8.10 Propriedades mucoadesivas ......................................................................................... 74
8.11 Espectrofotometria em número de onda na região UV e construção da curva
analítica para os extratos vegetais ......................................................................................... 76
8.12 Perfil de liberação dos extratos vegetais incorporados em FH-FS ........................... 77
9 CONCLUSÃO ................................................................................................................. 80
REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 81
ANEXO A – ALOE VERA ..................................................................................................... 91
ANEXO B – CALENDULA OFFICINALIS ......................................................................... 92
ANEXO C – MATRICARIA RECUTITA .............................................................................. 93
17
1 QUALIFICAÇÃO DO PROBLEMA E JUSTIFICATIVA DO ESTUDO
Aloe vera (L.) Burm.f., Calendula officinalis L. e Matricaria recutita L. pertencem a lista
de produtos tradicionais fitoterápicos com registro simplificado nas Instruções Normativas
05/2008 e 02/2014 da Agência Nacional Vigilância Sanitária (BRASIL, 2008; 2014), estes
fitoterápicos são indicados para tratamento de queimaduras de primeiro e segundo grau devido
suas atividades cicatrizante e anti-inflamatória de uso tópico.
Estas plantas medicinais pertencem a Relação Nacional de Plantas de interesse para o
Sistema Único de Saúde (Renisus) e estão inseridas no Programa Nacional de Plantas Medicinais
e Fitoterápicos com prioridade nas políticas de avanço e inovação tecnológica no Brasil.
Revisão sistemática realizada por Dat et al. (2012) incluindo 347 pacientes, analisou a
utilização de produtos contendo Aloe vera, na forma de gel, na cicatrização de feridas agudas (por
exemplo, lacerações, incisões cirúrgicas e queimaduras) e feridas crônicas (por exemplo, feridas
infectadas, arterial e úlceras venosas). Dos sete trabalhos incluídos nesta revisão, cinco ensaios
clínicos avaliaram o efeito da Aloe vera em feridas agudas por queimaduras, pacientes com
hemorroidectomia e biópsia de pele. O uso da mucilagem de Aloe vera não foi melhor que a
sulfadiazina de prata 1% para a cicatrização de queimadura (razão de risco (RR) 1,41, 95% de
intervalo de confiança (IC) 0,70-2,85). Em pessoas com feridas crônicas, um estudo não encontrou
nenhuma diferença estatisticamente significativa na cicatrização de úlceras de pressão com Aloe
vera (RR 0,10, IC 95% -1,59 a 1,79). Estudos incluídos na revisão sistemática indicam que os
resultados dos ensaios devem ser vistos de forma crítica (DAT et al., 2012).
Estudo clínico envolvendo 30 pacientes com queimaduras de segundo grau, mostra que o
emprego da Aloe vera a 15% na forma de gel leva metade do tempo para cicatrização de
queimaduras de segundo grau quando comparado à sulfadiazina de prata 1% (MOGHBEL;
GHALAMBOR; ALLIPANAH, 2007). Estudos utilizando formas farmacêuticas inovadoras e
extrato vegetal padronizado podem mostrar resultados mais eficazes, com melhor índice de
confiabilidade e facilidade para transposição de escala.
Calendula officinalis foi testada, também em ensaio, utilizando óleo de calendula 4%,
vitamina A 1% e vaselina líquida prevenindo e/ou retardando o desenvolvimento de queimadura
por radiação ionizante (SCHNEIDER; DANSKI; VAYEGO, 2015).
A aplicação tópica durante 14 dias, de M. recutita em ratos submetidos à lesão na língua
induzida por bisturi apresentou cicatrização mais rápida que o tratamento com corticosteroide
tópico (MARTINS et al., 2009). O uso da M. recutita preparada a partir das inflorescências
18
maceradas em azeite foi testada em modelo animal de queimadura no dorso por escaldo em água
fervente resultando em maior cicatrização comparado ao controle negativo (JARRAHI, 2008).
Apesar das indicações terapêuticas, dos resultados positivos em estudos pré-clínico e
clínico e do reconhecimento do governo brasileiro destas plantas medicinais como insumos
estratégicos para fabricação de medicamentos nenhum produto derivado destes extratos é
encontrado na práxis clínica. Este fato pode ser decorrente da ausência de forma farmacêutica
devidamente padronizada de produtos farmacêuticos com tecnologia diferenciada que estimule a
fabricação industrial e a prescrição clínica.
A incorporação destes extratos vegetais em filmes hidrogelatinosos de fibroína de seda
(FH-FS) ou em membrana de celulose bacteriana (mCB) são promissores pois além de agregar
tecnologia inovadora sugerem potencializar a ação medicinal destas espécies vegetais e seu uso
na regeneração de tecido cutâneo ulcerado.
Estudos dos efeitos de extratos vegetais padronizados obtidos a partir de A. vera, M.
recutita e C. officinalis incorporados em FH-FS e mCB até o momento não foram feitos, pelo
qual, a obtenção e avaliação destes produtos constitui uma alternativa a ser investigada.
Os polímeros de origem natural e biotecnológico são promissores para aplicações na área
biomédica e, sobretudo para a medicina regenerativa (LIU et al., 2010). Entre os polímeros mais
promissores destacam-se a fibroína de seda (FS) e a membrana de celulose bacteriana (mCB)
(MOGOŞANU; GRUMEZESCU, 2014; DONINI et al., 2010). Tais produtos, denominados de
biopolímeros, vem sendo pesquisados para aperfeiçoar e acelerar o processo de regeneração de
tecidos danificados por queimaduras, doenças ou traumatismos.
A fibroína de seda (FS) é uma proteína obtida a partir do casulo do bicho-da-seda (Bombyx
mori) que apresenta potenciais aplicabilidades como filmes na área médica devido à resistência a
microrganismos, permeabilidade a oxigênio e vapor de água, reduzida reação inflamatória,
podendo ser produzida nas formas de filmes, esponjas e géis (GE et al., 2012; NOGUEIRA et al.,
2010; KUNDU, 2014).
Outro tipo de biopolímero que ganha espaço como produto farmacêutico, é a membrana
de celulose bacteriana (mCB) obtida por biossíntese. A celulose é o mais abundante biopolímero
encontrado na natureza, componente da parede celular de plantas e bactérias (RECOUVREUX,
2004) possui alta resistência à tração mecânica e a possibilidade de incorporação de outros
componentes para obtenção de compósitos. Tendo em vista suas inúmeras aplicações e seu caráter
sustentável é oportuna a comparação entre a celulose bacteriana e vegetal. Obtendo-se através
da celulose bacteriana um produto com elevada aplicabilidade industrial, versátil, econômica e
ecologicamente correta quando comparada com a celulose vegetal (DONINI et al., 2010).
19
Não menos importante que os sistemas de liberação é a forma de veiculação dos
compostos ativos. Neste estudo a proposta é veicular os sistemas de liberação em hidrogéis com
propriedades bio (muco) adesivos que possam ser aplicados em lesões abertas por perdas de
tecidos ou em cavidades ulceradas. Formulações com estas propriedades são capazes de
prolongar a permanência dos sistemas de liberação no local de aplicação, seja por interações
físicas ou químicas com o tecido, seja por facilitar a aplicação do produto na forma líquida para
uma transição sol-gel controlada pela temperatura corpórea.
Os polímeros biocompatíveis e bioadesivos são candidatos potenciais para veiculação,
liberação modificada de fármacos, terapia celular e engenharia de tecidos (MATANOVIĆ;
KRISTL; GRABNAR, 2014).
Com o aumento da expectativa de vida e da sobrevida de pacientes com doenças
crônicas, uma maior demanda para a ampliação de novas estratégias de reparo de tecidos
orgânicos danificados ou de novos tratamentos tem sido necessária.
Considerando a importância de tais espécies vegetais no cenário nacional, o
desenvolvimento promissor de formas farmacêuticas que possam melhorar a eficácia dos extratos
incorporados em biopolímeros e a falta de estudo mais pertinentes, este projeto se propõe a iniciar
a evolução de produtos contendo extrato vegetal padronizado das espécies selecionadas.
20
2 OBJETIVOS
2.1 Geral
Projetar, desenvolver e caracterizar filmes hidrogelatinosos a base de fibroína de seda e
membrana de celulose bacteriana incorporados com extratos vegetais padronizados de Aloe
vera (L.) Burm.f., Calendula officinalis L. e Matricaria recutita L.
2.2 Específicos
Determinar a atividade antimicrobiana usando técnica de concentração inibitória
mínima (CIM) dos extratos vegetais padronizados isolados e incorporados em filmes
hidrogelatinosos de fibroína de seda (FH-FS) e membrana de celulose bacteriana
(mCB).
Determinar as propriedades fisiomecânicas e mucoadesivas “in vitro” de FH-FS ou
mCB.
Delinear o perfil de liberação dos extratos vegetais veiculados nos FH-FS e mCB.
21
3 DELINEAMENTO
Este estudo tem caráter experimental para desenvolvimento de filmes hidrogelatinosos
a base de fibroína de seda (FH-FS) e de membrana de celulose bacteriana (mCB) para
incorporação de extratos vegetais de A. vera, C. officinalis e M. recutita. Os filmes foram
caracterizados pelas suas propriedades fisiomecânicas, mucoadesão, calorimetria exploratória
diferencial (DSC), espectroscopia de infravermelho com transformada de Fourier (FTIR) e
perfil de liberação.
22
4 ETAPAS DA PESQUISA
Figura 1 – Fluxograma
Fonte: Elaboração própria.
23
5 REFERENCIAL TEÓRICO
5.1 Plantas Medicinais
Plantas medicinais são espécies vegetais utilizadas com propriedades terapêuticas e têm
grande importância na área da saúde. A disponibilização de plantas medicinais e fitoterápicos
pelo SUS (Sistema Único de Saúde) tem promovido o uso da fitoterapia pela população
(LORENZI; MATOS, 2008).
A Renisus (Relação Nacional de plantas de interesse ao Sistema Único de Saúde)
subsidia o desenvolvimento e a inovação na área de plantas medicinais e fitoterápicos, bem
como, apresenta espécies vegetais medicinais de interesse para o SUS que são usadas pela
população para diferentes finalidades terapêuticas.
As espécies descritas na Renisus e usada no presente estudo foram selecionadas por suas
propriedades terapêuticas fartamente discutida na literatura: Aloe vera, Calendula officinalis e
Matricaria recutita.
5.1.1 Aloe vera (L.) Burm.f.
A Aloe vera (L.) Burm.f. é popularmente conhecida no Brasil como babosa, originária
da África, utilizada por suas propriedades terapêuticas e medicinais. O extrato do parênquima
de reserva desta planta, denominado gel de A. vera, apresenta uma gama de compostos que
possuem atividades farmacológicas de relevância medicinal (GODINHO, 2014) tais como anti-
inflamatória, bactericida, protetora da pele e cicatrizante (SANTOS, 2017).
Estudos in vivo do gel de A. vera (Figura 2) concluíram que sua cicatrização é promovida
por estimulação direta de macrófagos e fibroblastos e, seus efeitos terapêuticos incluem
prevenção da isquemia dérmica progressiva causada por queimaduras; ulcerações causadas pelo
frio; queimadura elétrica e por radiação (BRASIL, 2016).
Ao longo dos anos diversas atividades biológicas foram atribuídas a A. vera, e isso
possivelmente se deve a combinação dos variados ativos existentes em sua composição, os
quais são demonstrados na Tabela 1. Por isto, são necessários estudos para que seja definida
dose e forma segura para o seu uso; diante da importância de preservar suas características
químicas relevantes para a padronização do uso da A. vera (FREITAS; RODRIGUES; GASPI,
2014).
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Figura 2 – Plantação de Aloe vera
Fonte: http://portals7.gomembers.com/iasc/JoinIASC.aspx
Tabela 1 - Constituição química da Aloe vera
Classe Compostos
Carboidratos Manano puro, manano acetilado, glucomanano acetilado, glucogalactomannano, galactano,
galactogalacturano, arabinogalactano, galactoglucoarabinomanano, celulose
Enzimas Fosfatase alcalina, amilase, carboxipeptidase, catalase, ciclooxidase, ciclooxigenase, lipase,
oxidase, fosfoenolpiruvato carboxilase, superóxido dismutase
Compostos inorgânicos Cálcio, cloro, cromo, cobre, ferro, magnésio, manganês, potássio, fósforo, sódio, zinco
Lipídeos e outros
compostos orgânicos
Ácido araquidônico, ácido γ- linolênico, esteróides (campestrol, colesterol, β -sitosterol),
triglicerídeos, triterpenoides, ligninas, sorbato de potássio, ácido salicílico, ácido úrico
Aminoácidos não
essenciais e essenciais
Alanina, arginina, ácido aspártico, ácido glutâmico, glicina, histidina, hidroxiprolina,
isoleucina, leucina, lisina, metionina, fenilalanina, prolina, treonina, tirosina, valina
Proteínas Substância de lectina
Sacarídeos Manose, glicose, L- Rhamnose, aldopentose
Vitaminas B1, B2, B6, C, β- caroteno, colina, ácido fólico, α- tocoferol Fonte: Adaptado de Hamman, 2008.
O uso tópico da A. vera fornece mais oxigênio, ampliando a vascularização e a
quantidade de colágeno para que a cicatrização ocorra, além de desinflamar o tecido e
multiplicar as células epiteliais (DE PAULA RAMOS; PIMENTEL, 2013).
As principais propriedades farmacológicas da A. vera são apresentadas na Tabela 2.
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Tabela 2 - Atividades farmacológicas atribuídas a compostos presentes na Aloe vera
Compostos Atividade farmacológica
Glicoproteína Cicatrização de feridas, proliferação celular, antialérgico
Barbaloína Purgativa
Aloe-emodina; Emodina Purgativa; promoção da proliferação celular; antitumoral; antimicrobiano; antiprotozoários;
antioxidante.
Aloesina Promoção da proliferação celular; inibição da síntese de melatonina
Acemannan Imunomodulação; antimicrobiana, antitumoral
β-sitosterol Anti-inflamatório; promotor da angiogênes
Dietilexilftalato Anticancerígeno
Manose-6-fosfato Cicatrização; anti-inflamatório
Polissacarídeos Anticâncer; imunomodulador Fonte: Adaptado de Choi; Chung, 2003.
O gel de A. vera é composto por aproximadamente 99,5% de água. Porém, outras
substâncias já foram identificadas como uma combinação de polissacarídeos e derivados
acetilados de polissacarídeos, glicoproteínas, antraquinonas, flavonóides, taninos, esteroide,
aminoácidos, enzimas, saponinas, proteínas, vitaminas e minerais como ferro, potássio,
manganês e sódio (PARENTE et al., 2013).
A planta medicinal A. vera tem sido utilizada tanto para uso interno quanto externo. Sua
utilização também tem sido como material de base na fabricação de cremes, loções, sabonetes,
xampus, produtos de limpeza facial entre outros (HAMMAN, 2008), pois o gel da A. vera é
muito conhecido pela sua ação hidratante (CHANG et al., 2006). Na indústria farmacêutica, sua
utilização tem sido para produtos de uso tópico como pomadas e preparações em gel. O gel
pode ser empregado para tornar biodisponíveis medicamentos que são mal absorvidos através
da administração via oral (HAMMAN, 2008). Outra utilidade da A. vera se dá como recurso
para área alimentícia, em particular para preparação de bebidas saudáveis que contém o gel de
aloe, porém sem causar efeito laxante, ela também pode ser encontrada numa variedade de
produtos como sumos, comprimidos e assim por diante (DA SILVA et al., 2013; GARCIA-
SEGOVIA et al., 2010; HAMMAN, 2008; HE et al., 2005).
5.1.2 Calendula officinalis L.
A espécie Calendula officinalis L., planta herbácea pertencente à família Asteraceae,
possui flores amarelas ou douradas. Nas flores de calêndula foi encontrado óleo volátil,
carotenoides, flavonóides. Algumas de suas atividades farmacológicas incluem ação anti-
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inflamatória, antioxidante, imunoestimulante, cicatrização de feridas, antibacteriana e
antifúngica (KHALID; DA SILVA, 2012).
Por suas atividades farmacológicas, o fitoterápico é indicado em casos de inflamação da
pele, queimaduras suaves, escaras e no tratamento de feridas de difícil cicatrização (TESKE;
TRENTINI, 2001). Grande parte dos estudos clínicos envolvem o uso tópico de fórmulas
farmacêuticas a base de C. officinalis, os quais recomendam seu uso por duas ou três vezes ao
dia, até melhora dos sintomas (BARNES et al., 2007).
A parte de interesse farmacológico do material vegetal são os ligulados e as flores
compostas (WHO, 2002).
A constituição química da C. officinalis, apresentada na Tabela 3, também demonstrou
atividade antibacteriana in vitro principalmente para bactérias gram-positivas como, por
exemplo, o Staphylococcus aureus (PARENTE et al., 2009).
Tabela 3 - Constituição química da Calendula officinalis Calendina Saponinas
Ácidos graxos Fenólicos
Esteroides Carotenoides
Mucilagens Ácido salicílico
Taninos Flavonóides
Fonte: Adaptado de Parente et al., 2002.
Os flavonóides, parte da composição química da C. officinalis, são um dos constituintes
mais pesquisados, devido sua atividade anti-inflamatória e cicatrizante (KURKIN; SHAROVA,
2007; MENÉNDEZ et al., 2007). Todos os flavonóides compartilham o processo de biossíntese,
o que, sob a ótica química, quer dizer que são compostos estruturados por um núcleo comum
fundamental benzopirano ou cromano unido a anel aromático caracterizado pelo esqueleto de
carbono. Sendo, subdivididos, basicamente, como flavonol, flavona, catequina, antocianidina e
isoflavonoide (GUARDIA et al., 2001; NISHIKAWA et al., 2007).
Os flavonóides são considerados marcadores das flores de Calendula officinalis L., e
em sua maioria são representados pelos compostos rutina e quercetina (RODRIGUES;
GONÇALVES; SILVA, 2004; PAIM, et al., 2010).
A rutina é um flavonoide pertencente à subclasse dos flavonóis que possui propriedades
terapêuticas como a promoção de efeitos benéficos em doenças, como a peroxidação lipídica
descontrolada, eliminar radicais livres como antioxidante, entre outras atividades
farmacológicas descritas, como seu efeito sobre o sistema imunológico e células inflamatórias
(PEDRIALI, 2005; ROLIM, et al., 2005; VELASCO et al., 2008). Essa abundância de
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propriedades farmacológicas da rutina justifica a vasta utilização em produtos fitocosméticos,
cosméticos e fitoterápicos (PEDRIALI, 2005).
Figura 3– Flor Calendula officinalis
Fonte: http://www.plantasmedicinaisefitoterapia.com/calendula-officinalis/
A calendula pode ser encontrada durante o ano todo, o que torna sua obtenção mais fácil.
Sua forma de uso engloba os mais diferentes veículos, sendo a tintura um dos mais utilizados
(GAZOLA; FREITAS; BATISTA EVANGELISTA-COIMBRA, 2014).
5.1.3 Matricaria recutita L.
A Matricaria recutita L. é uma planta herbácea pertencente à família Asteraceae. Uma
erva rasteira, pouco resistente e muito ramificada que cresce de vinte a cinquenta centímetros
de altura. Sua reprodução acontece por meio de sementes, desenvolvendo-se melhor em clima
temperado. Além disso, ela apresenta características antiespasmódica, calmante, cicatrizante,
emoliente, refrescante, antisséptica, antialérgica e anti-inflamatória (SILVA et al., 2012a).
Suas propriedades farmacológicas deve-se à presença de óleos essenciais, flavonóides,
cumarinas, colinas, aminoácidos, ácidos graxos, sais minerais, terpenos, mucilagens e ácidos
orgânicos armazenados em tricomas glandulares peltados partilhados nos capítulos florais
(AMARAL et al., 2008; FRANKE; SCHILCHER, 2005).
Sua flor possui altos índices de flavonóides, principalmente a apigenina, cuja ação
farmacológica e qualidade de seu extrato água-álcool variam dependendo da sua concentração
(MENESES-REYES et al., 2008). Sendo, o óleo essencial e os flavonóides os de maior
importância para fins medicinais (FRANKE; SCHILCHER, 2005).
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Industrialmente a infusão dos capítulos florais ou o próprio óleo essencial são usados
em preparações farmacêuticas de uso tópico, como pomadas e cremes indicados para
cicatrização da pele; fármacos que auxiliem no alívio da inflamação das mucosas orais,
antiviróticos para tratamento do herpes e especialmente para extração da essência, que possui
utilidade como aromatizante na composição de sabonetes, perfumes, xampus e loções, tal como
para conferir melhor odor e sabor a uma diversificada série de alimentos (LORENZI; MATOS,
2008).
Figura 4 – Inflorescência Matricaria recutita
Fonte: http://thescienceofacne.com/chamomile/
Os constituintes químicos presentes na M. recutita são classificados conforme sua
fração lipofílica e hidrofílica, os quais são responsáveis pela atividade terapêutica da planta.
Óleo essencial e cumarinas pertencem a fração lipofílica. Já os flavonóides, mucilagem, ácidos
orgânicos, aminoácidos e colina pertencem a fração hidrofílica (TESKE; TRENTINI, 2001;
FRANKE; SCHILCHER, 2005).
O alfa-bisabolol e o camazuleno são os componentes principais do óleo essencial de
camomila, sendo a matricina um composto instável, formado pela decomposição do
camazuleno (FRANKE; SCHILCHER, 2005).
Os constituintes químicos dos flavonóides, hidrossolúveis da planta, sendo responsáveis
por mais de 8% do seu peso seco, são a apigenina, luteolina e quercetina. Sendo, a apigenina a
primeira flavona isolada da M. recutita. Os flavonóides possuem atividade anti-inflamatória,
carminativa e antiespamódica (TESKE; TRENTINI, 2001; FRANKE; SCHILCHER, 2005;
ROSS, 2008).
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Através das flores da camomila são obtidos extratos aquoso e alcoólico, sendo utilizados
por suas propriedades anti-inflamatória, antimicrobiana e antiespamódica. Sua propriedade
anti-inflamatória vem sendo testada in vitro, em animais e seres humanos (SRIVASTAVA;
SHANKAR; GUPTA, 2010).
5.2 Polímeros empregados na preparação de filmes hidrogelatinosos
5.2.1 Biomateriais
Polímeros de origem natural são promissores para aplicações na área biomédica e,
sobretudo para a medicina regenerativa. Tais produtos, denominados de biopolímeros, vem sendo
pesquisados para aperfeiçoar e acelerar o processo de regeneração de tecidos danificados por
doenças e traumatismos (LIU et al., 2010). Polímeros termorresponsíveis com propriedades
biocompatível e bioadesiva são candidatos potenciais para veiculação e liberação modificada de
fármacos, bem como para aplicação na terapia celular e engenharia de tecidos (MATANOVIĆ;
KRISTL; GRABNAR, 2014).
Composto por moléculas orgânicas versáteis e, com propriedades para uso em
instrumentos cirúrgicos, dispositivos implantáveis, revestimentos do dispositivo, cateteres,
enxertos vasculares, biomateriais injetáveis e, agentes terapêuticos, os polímeros são a mais
ampla classificação de biomateriais. Baixo custo, facilidade de fabricação e versatilidade são
algumas das vantagens da utilização dos polímeros (BINYAMIN; SHAFI; MERY, 2006).
Redes poliméricas tridimensionais que absorvem enorme quantidade de água sem se
diluir são conhecidas como hidrogéis. A rede polimérica mantém sua integridade mesmo
durante o estado intumescido por pontos de reticulação. Porém, na falta destes pontos, as
cadeias poliméricas hidrofílicas lineares diluem-se em água, devido sua similaridade
termodinâmica das cadeias de polímero e água. Contudo, a existência de pontos de reticulação
na rede faz com que a hidratação seja contrabalanceada pela força de retração da rede levando
a um limite na absorção de água pelo hidrogel (MOLINA; RIVAROLA; BARBERO, 2012).
Uma das características mais importantes dos hidrogéis é a evidente quantidade de água
que eles possuem em sua superfície e estrutura interna, o que faz com que se pareçam muito
com tecidos vivos. A presença dessa grande quantidade de água na superfície diminui a energia
interfacial livre num ambiente fisiológico e, logo, melhora as suas propriedades biológicas,
tornando-os mais biocompatíveis (PATEL; MEQUANINT, 2011). Tais características e
30
semelhança nas propriedades físicas e mecânicas levam os filmes hidrogelatinosos (FH) a
diversas aplicações em áreas farmacêuticas e biomédicas (TIBBITT; ANSETH, 2009).
Seguros para o uso humano, os FH são formas farmacêuticas sólidas, sendo, em geral,
membranas poliméricas com 1 mm de espessura e área de 6 cm2. Os FH devem ser estáveis à
umidade, flexíveis e apresentar resistência adequada à tração (ALMEIDA; LOPES; CHAUD,
2012).
Biomateriais são materiais projetados para reconstituir partes ou funções do corpo
humano, desempenhando funções em contato com tecidos vivos. Os biomateriais podem ser de
origem natural ou sintética (MARK; CALVERT, 1994).
Os biomateriais poliméricos foram desenvolvidos para serem utilizados, não apenas,
como substitutos de tecidos lesados, mas também para o entendimento destes com o organismo
receptor (SANTOS JUNIOR, 2001).
A aplicação dos biomateriais, durante anos, tem sido para substituição da lente
intraocular e obturações dentárias, porém os avanços em biologia celular e molecular, química,
ciência dos materiais e engenharia têm proporcionado oportunidades mais amplas para uso
clínico (KEANE; BADYLAK, 2014).
Os biomateriais podem ser usados como válvulas artificiais no coração, implantes de
substituição nos ombros, joelhos, cotovelos, orelhas e dentes e ainda, como simulador cardíaco
e para a reconstrução do trato urinário (GEETHA et al., 2009).
Antes de selecionar o biomaterial a ser aplicado, deve-se considerar suas similaridades
físicas, químicas e biológicas com o tecido a ser substituído (BINYAMIN; SHAFI; MERY,
2006), pois a biocompatibilidade é um dos requisitos básicos para realizar a reparação de
tecidos (WANG, 2016) já que, sua biocompatibilidade refere-se à capacidade do material em
estimular uma resposta adequada no tecido hospedeiro em uma situação específica
(WILLIAMS, 2008).
Por seu comportamento biocompatível e biodegradável, os biomateriais poliméricos de
origem natural vem se destacando em relação aos sintéticos. Além disso, os materiais de base
natural constantemente dispõem de estruturas altamente organizadas e que podem conter uma
substância extracelular chamada ligante, indispensável para se ligarem com receptores celulares
(SWETHA et al.,2010).
A classificação dos polímeros pode ser elencada como:
Materiais de base natural – polissacarídeos (amido, alginato, quitina / quitosana,
ácido hialurônico) ou proteínas (soja, colágeno, fibrina, seda) (ARMENTANO
et al., 2010).
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Sintéticos – obtidos pela polimerização de monômeros de base biológica, como
o ácido polilático, succinato de polibutileno, polietileno e polihidroxialcanoatos
- microbianamente fermentado (SALERNO; PASCUAL, 2015).
A seda é um material qualificado para uso em produtos farmacêuticos, biomédicos,
cosméticos e têxteis. Seus dois componentes principais são: a fibroína - uma proteína fibrosa e
insolúvel em água -; e a sericina - uma proteína globular que é solúvel em água. Ambas dispõem
de propriedades que as tornam importantes polímeros naturais com uma variedade de
aplicações, incluindo biomateriais (CAPAR; AYGUN; GECIT, 2008).
Os biomateriais passaram por três gerações, sendo a primeira em 1950, onde o seu
conceito era de materiais bioinertes, ou seja, com mínima interação e reação. Em 1980 inicia-
se a segunda geração, com base no conceito de bioatividade, reabsorção e reação controlada
por meio fisiológico. Nos anos 2000, surge a terceira geração que é baseada no conceito de
biointerativos, com regeneração tecidual funcional, reabsorção, estímulos específicos,
proliferação, diferenciação e organização (HENCH; POLAK, 2002).
5.2.2 Fibroína de Seda
A fibroína é uma proteína que está presente nos fios da seda. Atualmente, diversos
pesquisadores têm investigado ela como um meio promissor para biotecnologia e material
biomédico devido à sua resistência mecânica, biocompatibilidade e mínima ação inflamatória.
Baseado nessas características, outras aplicações foram propostas, como proteção de feridas,
substrato para cultura celular, imobilização enzimática e operador de liberação moderada de
drogas (NOGUEIRA; BEPPU, 2005).
A fibra têxtil mais usada é a secretada pelos insetos pertencentes à família Bombycidae
da mariposa Bombyx mori. Diferente de outras espécies, o Bombyx mori não sobrevive sozinho
no ambiente. Por isso, sua criação deve ser realizada em ambiente fechado. Durante sua vida,
o Bombyx mori passa por quatro estágios, são eles: ovo, larva, crisália e mariposa
(PADAMWAR et al., 2005).
Nascida do ovo, a larva pesa menos de 0,5 mg. Sua alimentação, a base de folhas de
amoreira, auxiliam para seu crescimento que, após esse período inicia a construção do casulo.
Para a formação do casulo a larva secreta dois componentes principais: a fibroína e a sericina
(HOLANDA; MATA; LIMA, 2004).
32
O casulo produzido pelo inseto, do qual o fio da seda é extraído, exibe alto teor de
proteínas que são produzidas por um par de glândulas chamadas sericígenas (DOS SANTOS;
VIDIGAL; MERLINI, 2011).
Para que a fibroína seja utilizada na área biotecnológica para reparação e regeneração
tecidual, primeiro, deve-se obter uma dispersão de fibroína, com posterior apresentação em
filme, membrana ou gel, conforme aplicação. Para separação da fibroína da sericina, utiliza-se
um processo chamado degomagem. Neste processo, para manter as fibras estáveis, os casulos
do bicho-da-seda são imersos em soluções alcalinas ou em água fervente (ALTMAN et al.,
2003).
Na estrutura da fibroína, coexistem dois domínios, são eles: 1) amorfo ou seda I; 2)
cristalino ou seda II. O segundo, é composto por uma série de repetições de alanina e glicina,
conectados pelos aminoácidos serina ou tirosina. A porção cristalina da fibroína contém uma
estrutura secundária em folha-β, o que confere à proteína características como resistência a
tração por exemplo (ALTMAN et al., 2003).
Solúvel em água, a seda I apresenta conformação estrutural do tipo α-hélice podendo
ser convertida em seda II por influência de calor. A forma hidrofóbica e termodinamicamente
estável da fibroína é a seda II, reconhecida por apresentar a conformação folha-β. Este tipo de
estrutura apresenta conformação assimétrica, com o predomínio de cadeias laterais de
hidrogênio decorrentes dos grupamentos glicina e, outro lado ocupado com cadeias laterais de
grupos metil, provenientes das alaninas, que ocupam esta região e concedem um domínio
hidrofóbico. Fortes ligações de hidrogênio e forças de van der Waals geram uma estrutura
termodinamicamente estável na conformação folha-β da fibroína (VEPARI; KAPLAN, 2007).
Figura 5 – Estrutura química fibroína de seda
Fonte: http://www.wikiwand.com/gl/Fibro%C3%ADna
33
Em sua composição, a fibroína de seda (FS) possui enorme quantidade de proteínas com
grupos amino (–NH2) e que podem ser investigados como sítios ativos para ligar nanopartículas
metálicas e/ou para possibilitar a redução de íons metálicos aos seus respectivos metais, além
de estabilizar partículas produzidas. Tais propriedades proporcionam o uso deste biopolímero
na síntese de nanopartículas metálicas e aquisição de compósitos fibroína/metal (SASHINA et
al., 2009).
Compreender o processo de gelificação da dispersão de FS é importante para a
promoção de materiais a base desta proteína. Os solventes tradicionalmente empregados para
diluição da FS possuem larga quantidade de sais (CHEN et al., 2001). E, são os sais que
preservam a estabilidade da solução impossibilitando a precipitação da proteína. Porém, para
aquisição de filmes, membranas ou hidrogéis de FS, parte desses sais devem ser removidos. O
procedimento mais usado para isto é a diálise da solução de fibroína empregando uma
membrana semipermeável que possibilita a difusão dos íons por osmose. No entanto, conforme
as condições da diálise como o tipo e a concentração da fibroína, o solvente e o pH da solução,
a gelificação ocorrerá de forma mais ou menos favorecida (ZHOU et al., 2006; KIM et al.,
2004).
O tempo e a temperatura de diálise são parâmetros de grande importância pois, eles
determinarão as propriedades dos materiais derivados de FS tais como filmes, membranas ou
hidrogéis. Soluções dialisadas de FS podem ser vertidas em placas de petri para formação de
membranas. A formação dessa membrana pode percorrer caminhos diferentes como, por
exemplo, o solvente é evaporado e há a formação de um filme na superfície da placa, ou a
solução de fibroína está instável e ao ser vertida na placa de petri a mesma gelifica. O gel vertido
na placa sofre perda de água com o tempo e vem a se tornar um filme de fibroína. Contudo,
observações experimentais revelaram que filmes decorrentes da secagem do gel de FS são
surpreendentemente voláteis e não perduram nem mesmo ao manuseio, ao passo que os filmes
adquiridos pela secagem da dispersão de FS são resistentes. Com tal característica, é
recomendado a precaução em cessar o processo de diálise antes que a dispersão de fibroína
torne-se instável (NOGUEIRA et al., 2011).
A produção de seda no Brasil é focada na área têxtil, o que gera, anualmente, uma
quantidade grande de resíduos durante o processamento das fibras de seda. Por isto, a
possibilidade de produzir materiais derivados de seda a partir de fibras de seda residual é uma
opção ambientalmente amigável e economicamente interessante ao uso tradicional de casulos
de bichos-da-seda, com o propósito de obter produtos de valor agregado com aplicações
biotecnológicas (BEXIGA et al., 2017).
34
Figura 6 – Casulo bicho-da-seda
Fonte: https://pixabay.com/pt/casulo-bicho-da-seda-seda-fatiado-196533/
5.2.3 Celulose Bacteriana
Apesar de possuir uma estrutura química semelhante à da celulose a base de plantas, a
celulose bacteriana (Figura 7) se diferencia por sua obtenção que é realizada por meio da
bactéria Acetobacter xylinum (Glucanoacetobacter xylinus), um microrganismo gram-negativo
(KLEMM et al., 2005; BARUD et al., 2011). Suas propriedades físico-químicas são a
cristalinidade, alta resistência à tração, alta capacidade de absorção de água, resistência à
degradação, baixa solubilidade, boa permeabilidade e biocompatibilidade (HELENIUS et al.,
2006). Considerando essas propriedades, a celulose de origem bacteriana, produzida na
superfície de caldos de cultivo, por seu potencial para o uso, não apenas na medicina, mas na
engenharia de tecidos e na cosmética, nos últimos anos tem causado grande interesse na área
de pesquisa, os quais são apresentados na Tabela 4 (ANTONIO et al., 2012).
Tabela 4 – Aplicações da celulose bacteriana
ÁREA APLICAÇÃO
Cosméticos Estabilizador de emulsões como cremes tônicos, condicionadores, polidores de unhas.
Indústria têxtil Roupas para esportes, tendas e equipamentos de camping.
Mineração e refinaria Esponjas para coleta de vazamento de óleo, materiais para absorção de toxinas.
Tratamento de lixo Reciclagem de minerais e óleos.
Purificação de esgotos Purificação de esgotos urbanos, ultra filtração de água.
Comunicações Diafragmas para microfones e fones estéreos.
Indústria de alimentos Celulose comestível (“nata de coco”).
Indústria de papel Substituição artificial de madeira, papéis especiais.
Medicina Pele artificial temporária para queimaduras e úlceras, componentes de implantes dentários.
Laboratórios Imobilização de proteínas de células, técnicas cromatográficas, meio para cultura de tecidos.
Eletrônica Materiais opto-eletrônicos (telas de cristal líquido, suporte para OLED).
Energia Membranas célula combustível (paládio).
Fonte: Adaptado de Donini et al., 2010.
35
Sua estrutura porosa permite que antibióticos ou outros ativos farmacêuticos sejam
transferidos para a ferida, além de servir como uma barreira física para agentes externos que
poderiam causar infecções (FU; ZHANG; YANG, 2013).
Os curativos com celulose bacteriana possuem fácil remoção, evitando novos traumas
na lesão (FU; ZHANG; YANG, 2013). A utilização deste curativo como método de cobertura
para o tratamento de lesões cutâneas representa grande avanço na área de biomateriais
(PORTELLA et al., 2016).
Figura 7 – Membrana de celulose bacteriana
Fonte: Elaboração própria.
Figura 8 – Estrutura química celulose bacteriana
Fonte:https://www.researchgate.net/figure/Figura-1-Estrutura-linear-da-celulose-As-linhas-pontilhadas-
esquematizam-as-ligacoes-de_261064359
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5.3 Polietilenoglicol (PEG)
Polímeros biodegradáveis, bioadesivos, biomiméticos e hidrogéis responsivos têm sido
amplamente incluídos em formulações farmacêuticas (VILLANOVA; ORÉFICE; CUNHA,
2010), pois tem-se apresentado como uma importante estratégia na procura pela otimização da
liberação de fármacos. Dentre os diversos polímeros, o PEG possui capacidade de formação de
estruturas mais porosas, tornando-se útil na melhoria da velocidade de liberação do fármaco,
além de mostrar ainda a capacidade de adsorção a compostos orgânicos que apontam a melhoria
das funções biológicas. O PEG é um homopolímero sintético linear obtido a partir do
etilenoglicol que apresenta como fórmula molecular H-(O-CH2-CH2) n-OH, onde n é o número
médio de grupos de óxido de etileno presentes na molécula, nomeado grau de polimerização
(CÔRTES et al., 2013), solúvel em água e bastante usado em aplicações médicas, biomédicas,
ambientais e de engenharia (BUZZI; YUAN; ROUTLEY, 2017).
Diferenças significativas no comportamento mecânico entre fibroína de seda pura e
fibroína de seda/PEG 400 foram identificados por Wang et al. (2003). Os filmes de fibroína de
seda isentos de PEG 400 apresentaram baixa resistência, por isso não eram adequados para
medições usando texturômetro. Porém, após introdução do PEG na fibroína de seda, a intetação
dos grupamentos -OH mudaram a estrutura da rede polimérica melhorando as propriedades
mecânicas dos filmes (WANG et al., 2003).
Com base no estudo de Wang et al. (2003) o motivo da associação de PEG 400 nos
filmes hidrogelatinosos de fibroína de seda (FH-FS) é atribuída as propriedades ao aumento do
módulo de Young (dados não mostrados)
37
6 AVALIAÇÃO FÍSICO-QUÍMICA
6.1 Espectroscopia de infravermelho com transformada de Fourier (FTIR)
Para identificação de substâncias orgânicas ou minerais, utiliza-se a espectroscopia de
infravermelho com transformada de Fourier (FTIR), uma técnica que permite, através dos
grupos funcionais presentes nas moléculas, a quantificação do composto analisado
(SILVERSTEIN; WEBSTER; KIEMLE, 2015).
O espectrômetro FTIR mostra o resultado das bandas de absorção, gerando indícios da
presença de diferentes grupos funcionais na estrutura molecular, correspondente à interação das
moléculas ou átomos com a radiação eletromagnética em um processo de vibração das ligações
interatômicas e intramolecular (ALCANTARA JR, 2002). A vibração abrangente em volta das
ligações covalentes que interligam os átomos e seus grupos de compostos orgânicos é produzida
através da radiação no infravermelho (SILVERSTEIN; WEBSTER; KIEMLE, 2015).
As localizações das bandas no espectro, são representadas em número de ondas através
da unidade centímetro inverso (4.000-400 cm-1). As duas vibrações indispensáveis são: 1)
vibração de estiramento - os átomos permanecem no mesmo eixo da ligação, porém a distância
entre eles aumenta ou diminui; 2) vibração angular - as posições dos átomos alteram em relação
ao seu eixo de ligação original (NICOLAOU; GOODACRE, 2008).
6.2 Calorimetria exploratória diferencial (DSC)
Para avaliação direta da energia térmica absorvida, a qual ocorre em uma faixa pré-
determinada de aumento ou diminuição da temperatura, utiliza-se a ferramenta termodinâmica
DSC. Esta técnica possibilita supervisionar alterações na fase de transição de substâncias puras
ou mistas (BRASIL, 2010).
Em circunstâncias experimentais mais fáceis, a energia é proporcionada em conjunto
para o cadinho de referência (branco) e para o cadinho contendo a amostra a ser analisada. A
desigualdade entre a energia requisitada para a amostra em relação à requisitada para o branco
é a quantidade de calor absorvido ou liberado pelas moléculas da amostra. Transições de fase,
desidratações, reduções e reações de decomposição geram efeitos endotérmicos, ao passo que
cristalizações, oxidações e eventos de carbonização geram efeitos exotérmicos (BERNAL et
al., 2002).
38
A respeito de um método termodinâmico, a tecnologia DSC pode prenunciar a
estabilidade das substâncias ou das suas miscigenações em diferenciadas condições
experimentais como pH, força iônica e osmolalidade (MAGHAMI et al., 2010; BRASIL, 2010).
6.3 Propriedades mecânicas
Para a elaboração de um biomaterial tópico é essencial que sua formulação apresente
resistência mecânica e dureza, adequada para manter a estrutura e a integridade dos poros
durante o processo de biodegradação e reparação tecidual (REBELO, 2015). Além de
propriedades como fácil remoção do produto, dispersão eficiente e propriedade mucoadesiva.
Os parâmetros mecânicos são descritos como dureza ou força indispensável para alcançar uma
determinada deformidade; adesividade ou trabalho indispensável para vencer as forças de
tração entre a superfície da amostra e a superfície da sonda; compressibilidade ou trabalho
indispensável para descaracterizar o produto durante a primeira compressão da sonda;
coesividade ou efeito da tensão de cisalhamento sobre as propriedades estruturais da formulação
(XU et al., 2014; GRELA; MARCINIAK; PLUTA, 2014; HURLER et al., 2012).
6.4 Atividade antimicrobiana
A atividade antimicrobiana de derivados vegetais pode ser analisada pela determinação
da concentração mínima necessária para impedir o crescimento bacteriano, de maneira que
quanto menor for a CIM (concentração inibitória mínima) maior será a potência. Um aspecto
significativo na determinação da CIM de extratos vegetais é a apreensão em associação aos
aspectos toxicológicos, microbiológicos e legais apropriados aos compostos naturais ou suas
combinações. Inúmeros meios possibilitam examinar a atividade antibacteriana e antifúngica
dos derivados vegetais. Os mais conhecidos englobam método de difusão em ágar,
macrodiluição e microdiluição (PINTO; KANEKO; OHARA, 2003).
39
6.5 Mecanismos para liberação de fármacos
A liberação de fármacos através de hidrogéis pode acontecer por difusão e/ou erosão.
No caso de fármacos muito solúveis, a liberação se dá pela difusão do fármaco através da
camada gelificada, ao passo que para fármacos pouco solúveis a liberação é controlada pelo
processo de erosão (ALVES, 2016).
6.5.1 Difusão
O movimento aleatório da molécula do fármaco de região mais concentrada para a
menos concentrada é o processo de difusão. Este processo depende do volume livre de polímero
e da mobilidade das cadeias poliméricas. A mobilidade das cadeias é influenciada pela extensão
de insaturações, grau de ligação cruzada, cristalinidade e natureza dos substituintes. A difusão
advém preferivelmente entre as regiões onde as cadeias poliméricas encontram-se mais
desordenadas. Demais elementos que auxiliam a difusão é a relaxação das cadeias poliméricas,
taxa de intumescimento e a solubilidade do fármaco (SIEPMANN; GOPFERICH, 2001;
AINAOUI; VERGNAUD, 2000).
6.5.2 Erosão
Em sistemas no qual a liberação é controlada por erosão o fármaco está incorporado em
polímeros hidrossolúveis ou pouco solúveis. A liberação do fármaco por erosão abrange dois
processos contínuos subordinados do tempo, a difusão do meio de dissolução para o interior da
matriz com consequente dilatação e relaxação das cadeias poliméricas e consequente formação
de uma camada gelatinosa. Neste contexto, o fenômeno de erosão do retículo polimérico pode
acontecer em modo mais ou menos conjunto até a completa desagregação das cadeias
poliméricas. O modo como realiza-se a erosão do polímero está ligado ao perfil de liberação do
fármaco. Em sistemas reticulados, a taxa de erosão depende da hidrofilicidade, solubilidade do
polímero e erosão química ou enzimática (FAISANT; SIEPMANN; BENOIT, 2002;
AINAOUI; VERGNAUD, 2000).
40
7 MATERIAIS E MÉTODOS
7.1 Material
Os extratos vegetais de M. recutita (Grupo Centro Flora - Lote: 271115.2850) e C.
officinalis (Bio Tae Extratos Vegetais - Lote: 025085) foram padronizados conforme Instrução
Normativa 05/2008 e 02/2014 (BRASIL 2008; 2014). O extrato de A. vera (Grupo Centro Flora
- Lote: 240616.01818) foi padronizado segundo a Farmacopeia Brasileira 5ª edição (BRASIL,
2010). Os extratos vegetais utilizados neste estudo apresentaram marcadores de 1% de apigenin
7-O-glucoside para M. recutita (Anexo A), 0,084% de flavonóides totais expressos em
hiperosídeos para C. officinalis (Anexo B) e 3,25% de polissacarídeos totais para A. vera
(Anexo C). Os extratos foram utilizados conforme recebidos das empresas. Os laudos de cada
extrato estão anexados.
Os reagentes utilizados tais como etanol absoluto, carbonato de sódio (Na2CO3), meios
de cultura, cloreto de cálcio diidratado (CaCl2.2H2O) e água ultrapura foram de grau
farmacêutico ou PA (padrão analítico). A membrana de celulose utilizada para o processo de
dialise foi o modelo D-9652 - Sigma Aldrich.
7.2 Métodos
7.2.1 Extração da Fibroína de Seda
Os casulos de bicho-da-seda, espécie Bombyx mori, foram obtidos através de doação da
empresa Fiação de Seda BRATAC S.A (Londrina / PR, Brasil).
Para extração da fibroína de seda (FS) foi utilizado o procedimento descrito por
Rockwood et al. (2011) com algumas modificações no processo.
Inicialmente 10 g de casulos do bicho-da-seda cortado em pequenos fragmentos foi
adicionado à uma solução de carbonato de sódio (Na2CO3) 0,212% e aquecida em banho maria
(85 ºC, durante 35 min). A fibroína foi removida do banho e enxaguada em água corrente e
imersa em 1 litro de água ultrapura (18,2Ω.cm a 25 oC) e mantida sob agitação constante durante
30min. Após este procedimento ter sido repetido por três vezes, o excesso de água é removido
da fibroína por compressão manual. A fibroína foi colocada em estufa com circulação de ar
durante 24 horas e mantida a 50 ºC. Depois de seca, a cada 10 g de fibroína, foi dissolvida em
41
100 mL do sistema ternário composto de CaCl2.2H2O-etanol-H2O (1:2:6 mol.L-1). A suspensão
coloidal formada foi mantida a 85 °C em banho termostático até total homogeneização. Para
diálise 12 mL da suspensão coloidal de fibroína foi transferida para uma membrana de celulose
(modelo D-9652 / corte de peso molecular típico = 14,000 Da- Sigma Aldrich). As extremidades
da membrana de celulose foram amarradas para formar o saco de diálise. O saco de diálise foi
imerso em 1 litro de água ultrapura. A troca do meio de imersão foi feita inicialmente com 24
e 48 horas. A dispersão de fibroína foi removida do saco de diálise e centrifugada a 7.500 rpm
durante 1 hora para precipitação de possíveis sujidades da dispersão obtida, onde a mesma foi
submetida a esterilização em autoclave (121 ºC, 15 min) e armazenada sob refrigeração (2-8
ºC). Uma representação esquemática do processo de extração da fibroína é apresentado na
Figura 9.
Figura 9 – Esquema do processo de extração da dispersão de FS
Fonte: Elaboração própria.
42
7.2.2 Determinação do pH e da concentração de fibroína expressa em % (m/v)
O pH da dispersão de fibroína foi medido por peagômetro (Tecnal modelo TEC-5) antes
e após esterilização em autoclave (121 ºC, 15 min). A determinação da concentração de fibroína
foi realizada por gravimetria conforme descrito por Preda et al. (2013). Resumidamente, uma
amostra da dispersão de fibroína armazenada foi transferida para um cadinho de porcelana,
previamente desidratado por aquecimento (60 °C, durante 24 horas). A massa do cadinho vazio
foi anteriormente pesada e registrada (m1). A massa de 1 mL da dispersão de fibroína
previamente obtida foi transferida para o cadinho e pesada (m2). A amostra foi colocada em
estufa com circulação forçada de ar na temperatura de 60 °C durante 24 horas para a secagem
da fibroína. A amostra seca foi devidamente pesada (m3). O experimento foi realizado em
duplicata e serviu para determinar a relação massa /volume (m/v) expressa em % da fibroína na
dispersão.
7.3 Obtenção de membrana de Celulose Bacteriana
As membranas de celulose bacteriana (mCB) foram produzidas pelo cultivo de G.
xylinus, em meio Hestrin & Schramm (20 g/L glicose, 5 g/L peptona bacteriológica, 5 g/L
extrato de levedura, 2,7 g/L Fosfato de sódio anidro, 1,5 g/L ácido cítrico monohidratado). O
cultivo foi realizado em placas com poços de 3 cm2 de diâmetro. O volume inoculado foi de 1
mL por poço, contendo aproximadamente 106 UFC / mL para obtenção de membranas com
aproximadamente 2 mm de espessura. As placas foram mantidas a 30 ºC em cultura estática
durante 4 dias. As membranas formadas foram lavadas em solução de 2% de dodecil sulfato de
sódio (SDS), durante 24 horas, enxaguadas com água destilada para retirada do SDS, imersas
em solução de 1M NaOH e mantida a 60 ºC sob agitação constante por 1,5 horas. Após este
período as membranas foram lavadas em água purificada até atingir pH neutro e posteriormente
acondicionadas em solução fisiológica e autoclavadas a 121 ºC durante 15 min. As membranas
foram armazenadas a 4 ºC (JOZALA et al., 2015).
43
7.4 Ensaios microbiológicos
Os ensaios microbiológicos foram executados para determinação da CIM, teste de
desafio e teste de difusão em ágar. Para execução destes ensaios foi realizada a desinfecção da
capela de fluxo laminar (Marca: Trox e Serie: 1590) com álcool etílico 70%, seguida de
esterilização com radiação ultravioleta por 15 min. Os materiais utilizados foram previamente
esterilizados em autoclave. As micropipetas foram assepticamente tratadas com álcool etílico
70% e esterilizadas sob radiação ultravioleta.
Os microrganismos utilizados para determinação da CIM foram cepas de Escherichia
coli (ATCC 25922), Pseudomonas aeruginosa (ATCC 9721) e Staphylococus aureus (ATCC
10390). Neste ensaio para determinação da CIM o inóculo foi padronizado para uma
concentração final de 106 UFC/mL e o procedimento técnico foi realizado em placas de 96
poços como descrito no Manual de Testes de Susceptibilidade Antimicrobiana (CAVALIERI,
2005). Os microrganismos foram incubados em 125 mL de caldo tryptic soy broth – TSB e
mantidos em estufa apropriada a 37 ºC durante 24 h. A suspensão de cada microrganismo foi
previamente diluída em solução salina estéril para obter uma concentração final de 106 UFC/mL
(Figura 10).
Figura 10 - Esquema de diluição seriada dos microrganismos: S. aureus, E. coli e P.
aeuroginosa
Fonte: Elaboração própria.
44
A determinação da CIM foi realizada pelo método de microdiluição seriada em placa
estéril de 96 poços. No primeiro poço da série foi adicionado 200 µL de cada solução dos
extratos vegetais em uma concentração de 100 mg/mL. Nos poços de 2 a 12 foram distribuídos
100 µL do meio de cultura. A microdiluição sucessiva foi realizada transferindo 100 µL do
poço da série 1 para o poço da série 2, esta frequência foi repetida sucessivamente até o poço
11. Nos poços da série 2 a 10 e no poço 12 foram adicionados 10 µL do inoculo (106 UFC/mL)
de cada microrganismo. A placa foi fechada e colocada em estufa a 37 °C durante 24 h. O poço
11 foi utilizado como controle negativo e o poço 12 como controle positivo. A esquematização
da CIM é demonstrada na Figura 11.
Figura 11 - Fluxograma da CIM dos extratos vegetais
Nota: Controle Negativo: (Meio de Cultura + 100µl do poço 10) | Controle Positivo: (Meio de Cultura +10µl do
inoculo) |
Fonte: Elaboração própria.
Para realizar o teste de desafio foram pipetados 5 µl dos meios contidos em cada poço
da placa utilizada para determinação da CIM e foram transferidos para placa de petri contendo
trypticase soy agar (TSA). As placas foram colocadas em estufa microprocessada para cultura
(modelo 502 marca Fanem) a 37 °C durante 24 h. O teste de desafio foi realizado em duplicata.
Os ensaios de difusão em ágar envolveram vários procedimentos antes do teste
propriamente dito. Por uma questão didática e para facilitar a compreensão dos leitores os
procedimentos serão subdivididos em etapas.
45
7.5 Incorporação e difusão em ágar dos extratos vegetais padronizados em FH-FS e
mCB
Para incorporação dos extratos vegetais foi preparada uma solução aquosa de cada
extrato vegetal (A. vera, C. officinalis e M. recutita) na concentração de 100 mg/mL. Esta
solução serviu de base para incorporação dos extratos no FH-FS e para determinação da
concentração inibitória mínima (CIM).
Os FH-FS foram preparados utilizando Polietilenoglicol 400 (PEG 400) previamente
dissolvido em água (3%). Para que volumes diferentes de cada extrato vegetal pudessem ser
adicionados à dispersão de FH-FS+PEG 400 a solução obtida foi vertida em placa de petri
estéril de poliestireno e colocadas em estufa com circulação de ar durante 24 horas a 25º C para
obtenção dos filmes (FH-FS). A técnica de incorporação está representada na Figura 12.
Figura 12 - Ilustração da incorporação dos extratos vegetais em FH-FS
‘
a) Fibroína de Seda + PEG400 3% + extrato vetetal de Matricaria recutita
b) Fibroína de Seda + PEG400 3% + extrato vegetal de Aloe vera
c) Fibroína de Seda + PEG400 3% + extrato vegetal de Calendula officinalis
d) Fibroína de Seda + PEG400 3%
e) Fibroína pura
Fonte: Elaboração própria.
Para a retirada dos FH-FS das placas de poliestireno utilizou-se a metodologia descrita
por Preda et al. (2013), onde adicionamos no fundo do dissecador de vácuo água ultrapura.
Acondicionamos as placas de petri abertas com os filmes no dissecador e aplicamos um vácuo
durante 10 minutos. Fechamos a válvula de vácuo e deixamos os filmes durante um período
mínimo de 4 horas permitindo assim o recozimento do filme em água e cuidadosamente a
remoção do FH-FS da placa de petri.
Fibroína +
PEG 400 3% +
extrato vegetal de
Aloe vera
Fibroína
pura
Fibroína +
PEG 400 3%
Fibroína +
PEG 400 3% +
extrato vegetal de
Calendula officinalis
Fibroína +
PEG 400 3% +
extrato vegetal de
Matricaria recutita
46
A capacidade de incorporação para mCB foi avaliada em função do tempo de contato
com as soluções de extratos vegetais padronizados cuja concentração é de 500 mg/mL para A.
vera e M. recutita e 800 mg/mL para C. officinalis, demonstrados na Figura 13.
Figura 13 – Ilustração da incorporação dos extratos vegetais na mCB
MR: Matricaria recutita | AV: Aloe vera | CO: Calendula officinalis | mCB: membrana de Celulose Bacteriana
Fonte: Elaboração própria.
Para avaliar a capacidade de incorporação dos extratos vegetais as mCB foram
previamente desidratadas em estufa a 50º C durante 2 h (ALMEIDA et. al., 2013), e suas
respectivas massas foram determinadas (𝑚i). As mCB desidratadas foram imersas em 1 mL
para cada extrato vegetal analisado. As mCB intumescidas com os extratos vegetais
permaneceram sob agitação rotacional (AmericanLab modelo AL140) com 200 rpm, 25 ºC até
atingir o peso constante. O excesso superficial de solução de extrato vegetal foi retirado com
papel absorvente e determinada suas respectivas massas (mf). A capacidade de incorporação
foi determinada segundo a equação 1 com os resultados expressos em % (SHEZAD et al.,
2010).
Capacidade de incorporação (%) = x100 (Equação 1)
Onde, mi = massa inicial e mf = massa final.
Após a incorporação dos extratos vegetais, para a realização da difusão em ágar da mCB
e FH-FS, as mCB e FH-FS foram transferidas para capela de fluxo laminar e submetidas a
radiação no número de ondas UV durante 15 minutos antes da difusão em ágar.
I. Para avaliação da atividade antimicrobiana pelo método de difusão em ágar, os
microrganismos utilizados foram fornecidos pela Cefar Diagnostica Ltda Brasil. As
cepas de Escherichia coli - CCCD E003, Pseudomonas aeruginosa CCCD P004 e
Staphylococcus aureus CCCD S007 apresentam compatibilidade bioquímica com a
mf
mf - mi
47
cepas Escherichia coli - ATCC 25922, Pseudomonas aeruginosa ATCC 9027; e
Staphylococcus aureus subsp. Aureus ATCC 25923.
II. Para preparação dos inoculos os microrganismos foram suspensos em meio de cultivo
padrão e mantidos em estufa a 37 ºC, durante 24 horas. O inoculo utilizado no teste de
sensibilidade por difusão em ágar foi padronizado pelo método de comparação visual
com padrão de turvação correspondente a 0,5 na escala McFarland, que resulta em 1 a
2 x 108 UFC/mL, e também pelo método turbidimétrico (Shimadzu, Multispec 1501,
Quito, Japão) cuja absorbância deve ser com densidade óptica entre 0,08 a 0,10 em
número de onda de 625 nm (CLSI, 2003).
III. Para avaliação da atividade antimicrobiana pelo método de difusão em ágar dos extratos
vegetais já incorporados com FH-FS e mCB foram utilizados os microrganismos S.
aureus, E. coli e P. aeruginosa (CLSI, 2003), semeados em placa de petri contendo
meio TSA. Como controle negativo foi utilizado água estéril e como controle positivo
os antimicrobianos (Penicillin 10.000 UI/mL – Streptomycin 10 mg/mL). Todos os
ensaios foram realizados em duplicata.
Nos FH-FS foi utilizado três diferentes concentrações (10, 20 e 40 mg/mL) dos extratos
de A. vera e M. recutita. Para o extrato vegetal de C. officinalis foi utilizado três filmes de FH-
FS com diferentes concentrações (20, 40 e 80 mg/mL).
As mCB intumescidas e os FH-FS incorporados com extratos vegetais foram dispostos
sobre a superfície do TSA contendo os microrganismos (E. coli, P. aeruginosa e S. aureus) e
incubadas em estufa a 37º C durante 24 horas. Discos inertes, contendo água ultrapura e discos
contendo 30 µl de cada solução de extrato vegetal foram dispostos sobre a superfície do TSA e
mantidas nas mesmas condições.
7.6 Análise por espectroscopia de infravermelho (FTIR)
Esta análise foi realizada em espectroscopia infravermelho com transformada de Fourier
(FTIR) (SHIMADZU, FTIR IRAffiniy-1S, Kyoto, Japan) combinada com refletância total
atenuada (ATR) usando modos de transmitância para caracterizar a presença de grupos
químicos específicos do filme de fibroína de seda adicionado ou isento de extrato vegetal
padronizado. Os espectros foram obtidos na faixa de número de onda de 4.000 a 600 cm-1
durante 128 varreduras, com resolução de 4 cm-1.
48
7.7 Calorimetria exploratória diferencial (DSC)
Os termogramas dos FH-FS foram obtidos por análises de calorimetria exploratória
diferencial (DSC). O aparelho empregado para análise de DSC foi o modelo Thermal analyser
TA 60W-Shimadzu (DSC-60, Kyoto, Japan). Através de um ciclo de aquecimento com a
temperatura variando de 25 °C até 350 °C, na razão de aquecimento de 10 °C.min-1.
7.8 Avaliação macroscópica
Para avaliação macroscópica dos FH-FS os aspectos foram avaliados referente as
propriedades de integridade, peso médio, homogeneização visual, ausência de bolhas de ar e
resistência à manipulação manual.
7.8.1 Propriedades fisiomecânicas
As propriedades fisiomecânicas dos FH-FS e mCB com e sem extrato vegetal foram
avaliadas utilizando texturômetro equipado com célula de carga de 5 Kg (Stable Micro Systems
– TA-XT Plus Analyzer. Surrey, Reino Unido) e as forças obtidas foram expressas em Newton
(N). Para avaliação das propriedades fisiomecânicas de resistência à tração, relaxação,
resiliência e perfuração foi utilizado aparato modelo Heavy Duty Platform (n 13155) e
plataforma modelo Film Support Rig (n 13085) utilizando amostras de FH-FS com área de 6
cm2. Os parâmetros utilizados foram de 10 mm de distância para o ensaio de perfuração e de 5
mm para os ensaios de resiliência e relaxação. Para avaliar a resistência mecânica à tração e
alongamento do FH-FS, foi utilizado aparato Mini Tensile Grips (n 13101), onde as
extremidades dos FH-FS foram fixadas por presilhas. As presilhas foram previamente
recobertas com fita adesiva para minimizar o efeito dos sulcos na deformação do FH-FS durante
a tração. A resistência à tração foi registrada no momento do rompimento do filme. Devido as
propriedades deslizantes da mCB não foi possível realizar os ensaios de tração e perfuração. As
medidas foram realizadas em triplicata.
49
7.8.2 Propriedades mucoadesivas
As propriedades mucoadesivas das formulações de mCB e FH-FS com e sem extrato
vegetal, foram avaliadas sobre a superfície de discos de mucina empregando TAXTPlus
Analisador de Textura (Stable Micro Systems, UK), em conformidade com o protocolo
desenvolvido e validado no LaBNUS da Universidade de Sorocaba.
Os discos de mucina foram feitos por compressão (Lemaq, Máquina compressora
rotativa, Mini Express LM-D8, Diadema, BR), utilizando punções planos, matriz cilíndrica com
diâmetro de 8 mm e carga de compressão de 8 toneladas, da mucina (110 mg) com diâmetro de
8 mm e espessura de 0,2 mm. Antes do teste de mucoadesão, o disco de mucina foi hidratado
por submersão em água purificada durante 30 min. O excesso de água na superfície do disco
foi removida com a ajuda de papel absorvente. Os discos de mucina foram presos com fita
adesiva dupla face na extremidade inferior da sonda analítica. Uma amostra de cada formulação
foi transferida para um béquer de vidro e mantida em banho de água com temperatura ajustada
para 37 °C. O disco de mucina fixado na sonda foi comprimido, sobre a superfície das amostras,
com uma força de 0,1 N, direcionada no sentido apical → basal. O tempo de contato do disco
com a superfície das amostras foi padronizado em 300 segundos, estabelecido para que
decorresse um contato íntimo entre o disco de mucina e a amostra. A sonda foi retirada da
superfície do FH-FS e mCB com uma velocidade constante de 10 mm.s-1. A força necessária
para separar o disco de mucina da superfície de cada formulação foi definida a partir de uma
relação tempo x força. Todas as medições foram executadas em triplicata.
7.8.3 Espectrofotometria em número de onda na região do UV e construção da curva
analítica para os extratos vegetais
Para determinação do pico máximo de absorbância foi preparada uma solução dos
extratos vegetais (20 mg/mL) em água ultrapura. O número de maior absorbância foi
determinado em espectrofotômetro UV-VIS (FEMTO - 880 XI, São Paulo, Brasil). As soluções
dos extratos vegetais foram analisadas por varredura espectral entre 210 e 380 nm. Após a
determinação do número de onda com maior absorção, a curva analítica dos extratos vegetais
foi construída entre as concentrações de 0,02 mg/mL e 4,2 mg/mL em solução aquosa. Para as
medidas de absorbância foram utilizadas cubetas de quartzo.
50
7.8.4 Perfil de liberação dos extratos vegetais incorporados em FH-FS e mCB
O estudo do perfil de liberação dos extratos vegetais incorporados nos FH-FS e mCB
foi realizado para a avaliação do perfil de liberação, onde um fragmento de 2x2 cm dos FH-FS
e 3x2 cm das mCB incorporados com os extratos vegetais foram cautelosamente medidos com
papel milimetrado e depositados em placas para cultura de células de 6 poços com fundo chato.
Em cada poço da placa envolvendo a amostra foi incorporado 5 mL de solução tampão fosfato
pH 7,4 previamente obtida. O sistema foi retido em agitador orbital (Tecnal, TE-4200,
Piracicaba, BR), na temperatura de 37 °C e 50 rpm. As condições sink foram determinadas com
base no estudo de equilíbrio de solubilidade e retidas durante o experimento. Uma alíquota de
1 mL, do sobrenadante, foi removida nos intervalos de tempo de 5, 10, 20, 40, 80, 120, 160,
200, 240 e 300 min. O volume do meio foi mantido constante pela adição de 1 mL de solução
tampão fosfato pH 7,4 pré-aquecida a 37° C. As alíquotas foram diluídas em água ultrapura e a
absorbância dos extratos vegetais foram estabelecidas por espectroscopia UV (λ=255 nm) para
A. vera, espectroscopia UV (λ=350 nm) para C. officinalis e espectroscopia UV (λ=270 e 320
nm) para M. recutita. O cálculo da concentração dos extratos vegetais foi feito através da
equação da reta adquirida da curva analítica. O experimento foi guiado em triplicata (ALVES,
2016).
7.9 Análises estatísticas
Para determinação das propriedades mecânicas foi utilizada a análise estatística de
variância (ANOVA) seguida pelo teste Tukey para comparação das médias, e determinada com
intervalo de confiança de 95% (p<0,05).
51
8 RESULTADOS E DISCUSSÃO
8.1 Determinação do pH e concentração da dispersão de fibroína (m/v) expressa em %
O ponto isoelétrico da fibroína varia numa faixa de pH de 3,6 a 5,2 dependendo de como
a dispersão foi preparada (SASHINA et al., 2006), fato este que demonstra que a faixa de pH
influencia na reticulação da dispersão de fibroína.
O pH obtido da dispersão de fibroína neste estudo foi de 7,8 antes e após a
autoclavagem, fato este que justifica a não reticulação da proteína.
Os resultados da determinação da concentração da dispersão de fibroína são mostradas
na Figura 14 e equação 2 conforme realizado por Preda et al. (2013).
As concentrações de fibroína de seda demonstradas na literatura são determinadas a
partir da quantidade dos casulos cortados em 100 mL da solução ternária para dissolução da
fibroína. No entanto, neste estudo foi avaliado a concentração da dispersão de fibroína de seda
já obtida.
Figura 14 - Concentração da dispersão de FS em %
DP: Desvio padrão.
Fonte: Elaboração própria.
Equação 2
Onde: Massa 1= Cadinho de porcelana vazio; Massa 2= Cadinho de porcelana + 1 mL dispersão
de fibroína; Massa 3= Cadinho de porcelana + 1 mL dispersão de fibroína seca após 24 horas.
52
8.2 Determinação da CIM dos extratos vegetais padronizados
Na Tabela 5 é possível observar a CIM apresentada pelos extratos vegetais de A. vera,
M. recutita e C. officinalis contra os microrganismos P. aeruginosa, S. aureus e E. coli. O
extrato vegetal de M. recutita demonstrou ser duas vezes mais eficaz para inibir os
microrganismos P. aeruginosa e S. aureus do que o extrato vegetal de A. vera. Enquanto que o
extrato vegetal de M. recutita demonstrou ser oito vezes mais potente para P. aeruginosa e 16
vezes mais potente para S. aureus quando comparado ao extrato vegetal de C. officinalis.
Contudo, para o microrganismo E. coli os extratos vegetais de A. vera e M. recutita
demonstraram ter a mesma capacidade inibitória. No entanto, o extrato vegetal de C. officinalis
não apresentou atividade antimicrobiana contra o microrganismo E. coli.
Tabela 5 - Concentração inibitória mínima (CIM) em mg/mL das soluções de A. vera, M.
recutita e C. officinalis contra os microrganismos P. aeruginosa, S. aureus e E. coli
MICRORGANISMOS
SOLUÇÕES DOS ATIVOS VEGETAIS (mg/mL)
Aloe vera (mg) Matricaria recutita (mg) Calendula officinalis (mg)
P. aeruginosa 5 2,5 20
S. aureus 2,5 1,25 20
E. coli 10 10 NI NI: Não inibiu.
Fonte: Elaboração própria.
O fato dos microrganismos pertencerem a grupos diferentes, S. aureus gram-positivo,
P. aeruginosa e E. coli gram-negativos, resulta em diferentes CIM obtidas para cada cepa
bacteriana.
Silva et al. (2012), determinaram a CIM para o extrato vegetal de M. recutita para S.
aureus de 1,2 mg/mL e para E. coli 43,4 mg/mL. Esses valores foram diferentes do que nós
obtivemos, no entanto, isso pode ser atribuído ao tipo de diluente utilizado para extração do
extrato, o qual não foi informado neste estudo.
Entretanto, o extrato aquoso de A. vera determinou uma concentração inibitória mínima
de 0,25 mg/mL para os microrganismos E. coli e S. aureus. Todas as espécies de bactérias foram
susceptíveis ao extrato bruto de A. vera gel, ocorrendo variações dependendo do método de
extração utilizado (STANLEY et al., 2014).
53
As diferentes solubilidades dos compostos encontrados em A. vera apresentam
diferentes efeitos antimicrobianos. A concentração encontrada em um estudo para o
microrganismo P. aeruginosa presente em pacientes queimados, demonstrou atividade
inibitória em 200 µg/mL com a mucilagem de A. vera (GOUDARZI et al., 2015).
8.3 Teste de desafio da concentração inibitória mínima (CIM)
A Figura 15 apresenta as imagens do teste de desafio da CIM, onde uma alíquota de
5µL de cada poço da CIM foi transferido para placa de petri contendo trypticase soy agar
(TSA). É possível observar que nos locais onde não houve crescimento bacteriano, o número
do poço aliquotado fica transparente correspondendo ao resultado obtido na CIM pelo método
de microdiluição. No entanto, o resultado que pode ser confirmado pelos locais onde ocorreu o
crescimento bacterianos ficaram manchados para os respectivos poços. A análise foi realizada
em duplicata.
Figura 15 – Teste de desafio da CIM
AV: Aloe vera | MR: Matricaria recutita | CO: Calendula officinalis |
SA: S. aureus | PA: P. aeruginosa | EC: E. coli.
Fonte: Elaboração própria.
S. aureus E. coli P. aeruginosa
a) Aloe vera
b) Calendula officinalis
c) Matricaria recutita
54
8.4 Incorporação de extratos vegetais em membranas de Celulose Bacteriana (mCB) e
Fibroína de Seda (FS)
A Figura 16 mostra o resultado obtido em mg/mL em função do tempo da capacidade
de absorção dos ativos vegetais na mCB n=6. A mCB contendo o extrato vegetal de M. recutita
apresentou a maior capacidade de incorporação (268%), entretanto, a mCB contendo extrato
vegetal de A. vera apresentou uma capacidade de incorporação de 225%, estando próximo ao
valor máximo de incorporação obtido. A mCB contento extrato vegetal de C. officinalis foi a
que apresentou menor capacidade de incorporação do ativo, ficando em 76%.
Analisando a Figura 16 observamos que a porcentagem de incorporação na mCB varia
conforme o extrato vegetal empregado. Acreditamos que a composição molecular de cada
extrato vegetal influencie a afinidade deste pela mCB, influenciando diretamente na sua
efetividade contra os microrganismos estudados (GODINHO, 2014).
Figura 16 – Capacidade de incorporação dos extratos vegetais em massa percentual das mCB
avaliadas (n=6)
C. officinalis: Calendula officinalis | A. vera: Aloe vera | M. recutita: Matricaria recutita | mCB:membrana de
celulose bacteriana | DP: Desvio padrão
Fonte: Elaboração própria.
Os desvios padrão apresentados na Figura 16 são resultantes da exposição das folhas
betas da fibroína. As folhas betas são insolúveis em água dificultando a homogeneização dos
extratos nos FH-FS.
A Figura 17 apresenta a incorporação dos extratos vegetais na mCB.
55
Figura 17 – mCB obtida e incorporada com extratos vegetais
mCB: membrana de celulose bacteriana
Fonte: Elaboração própria.
Os filmes de FH-FS obtidos com a incorporação dos extratos vegetais são demonstrados
na Figura 18. Para que volumes diferentes de cada extrato pudessem ser adicionados à dispersão
de FH-FS+PEG 400 0,26% e vertida em placa de petri estéril de poliestireno para a formação
de filme.
Figura 18 – FH-FS obtido e incorporado com extratos vegetais
FH-FS: filmes hidrogelatinosos de fibroína de seda.
Fonte: Elaboração própria.
8.5 Atividade antimicrobiana através da difusão de extratos vegetais padronizados
incorporados em mCB e FH-FS
Para padronização do inoculo utilizado no teste de sensibilidade por difusão em ágar
pelo método turbidimétrico a absorbância obtida por densidade óptica foi 0.088, 0.085, 0.084
para as bactérias S. aureus, E. coli e P. aeruginosa, respectivamente, em um número de onda
de 625 nm.
56
A Figura 19 e a Tabela 6 mostram os resultados obtidos no ensaio de sensibilidade por
difusão em ágar dos extratos vegetais de A. vera, C. officinalis e M recutita contra os
microrganismos P. aeruginosa, S. aureus e E. coli.
O resultado obtido para o extrato vegetal de A. vera, quando incorporado na mCB inibiu
o crescimento microbiano na área de contato com formação do halo de inibição para os
microrganismos P. aeruginosa e S. aureus, com halos de inibição de 16 mm e 15 mm,
respectivamente. A mCB contendo extrato vegetal de C. officinalis apresentou halo de inibição
de 8 mm contra o microrganismo S. aureus, não demonstrando halo de inibição contra P.
aeruginosa. No entanto, nenhuma das mCB contendo os extratos vegetais estudados
demonstraram atividade antimicrobiana contra o microrganismo E. coli.
O extrato vegetal de M. recutita quando incorporado na mCB não apresentou halo de
inibição para nenhuma das cepas avaliadas neste estudo. O fato dos extratos vegetais estudados
exercerem atividade antimicrobiana quando não incorporados na mCB pode estar relacionado
a afinidade do polímero pelo extrato, não havendo a liberação do extrato.
A capacidade de difusão dos extratos vegetais incorporados em papel filtro a partir da
CIM obtida e através da mCB, podem ser avaliadas distintamente.
Enquanto que para o disco de papel filtro foram adicionados apenas 30 µl, baseado na
CIM obtida para as cepas E. coli, P. aeruginosa e S. aureus, das soluções de A. vera e M.
recutita em uma concentração de 500 mg/mL e C. officinalis 800 mg/mL. No entanto, nenhum
dos extratos vegetais adicionados no disco de papel filtro obteve halo de inibição.
57
Figura 19 – Difusão em ágar da mCB incorporada com extratos vegetais
AV: Aloe vera | MR: Matricaria recutita | CO: Calendula officinalis |
SA: S. aureus | PA: P. aeruginosa | EC: E. coli |
H2O: Água estéril | ATM: Antimicrobiano (Penicillin 10.000 UI/mL – Streptomycin 10 mg/mL) |
NT: Não teve halo de inibição | HI: halo de inibição.
Fonte: Elaboração própria.
Tabela 6 – Atividade antimicrobiana das membranas contendo extrato vegetal padronizado de
Aloe vera, Calendula officinalis e Matricaria recutita por meio do método da difusão em ágar
S: Sensível | R: Resistente
Fonte: Elaboração própria.
O extrato etanólico de M. recutita mostrou a zona inibitória máxima de 14,3 mm contra
E. coli e 15,6 mm contra S. aureus com concentração de 20 μg/mL. Os extratos metanólicos
de M. recutita mostraram uma zona inibitória máxima de 12 mm contra E. coli e 13,6 mm
contra S. aureus a uma concentração de 12 μg/mL. Sendo assim, podemos sugerir que o extrato
MICRORGANISMOS EXTRATOS VEGETAIS
Aloe vera Calendula officinalis Matricaria recutita
P. aeruginosa S = 16 mm R R
S. aureus S = 15 mm S = 8 mm R
E. coli R R R
58
etanólico pode ter maior potencial antibacteriano para S. aureus em comparação com E. coli
mesmo em concentrações diferentes (MUNIR et al., 2014).
O método de difusão em ágar do FH-FS, demonstrados na Figura 20, em três diferentes
concentrações de cada extrato vegetal não apresentaram halo de inibição quando submetidos a
difusão em ágar contra as cepas microbianas analisadas neste estudo.
O FH-FS comparado com a mCB incorporada com os extratos vegetais distinguem-se
em relação a atividade antimicrobiana apresentada. Fato este, pode estar correlacionado
principalmente entre os diferentes biopolímeros utilizados os quais possuem distintas
afinidades com os extratos vegetais.
Figura 20 - Difusão da FH-FS incorporada com extratos vegetais
a) Aloe vera (C1: 10 mg/mL; C2: 20 mg/mL; C3: 40 mg/mL) | b) Calendula officinalis (C1: 20 mg/mL; C2:
40 mg/mL; C3: 80 mg/mL) | c) Matricaria recutita (C1: 10 mg/mL; C2: 20 mg/mL; C3: 40 mg/mL)
FH-FS: Filmes hidrogelatinosos de fibroína de seda | AV: Aloe vera | CO: Calendula officinalis | MR: Matricaria
recutita | EC: E. coli | PA: P. aeruginosa | SA: S. aureus |
ATM: Antimicrobiano (Penicillin 10.000 UI/mL – Streptomycin 10 mg/mL) | NT: Não teve halo de inibição |
C1: Concentração 1 | C2: Concentração 2 | C3: Concentração 3 | H2O: Água estéril.
Fonte: Elaboração própria.
a) Aloe vera b) Calendula officinalis c) Matricaria recutita
E.
coli
P
. a
eru
gin
osa
S
. au
reu
s
59
8.6 Análise por espectroscopia de infravermelho com transformada de Fourier (FTIR)
Os espectros de infravermelho obtidos dos FH-FS sem adição de extratos vegetais são
apresentados na Figura 21. Os espectros obtidos para os FH-FS puro apresentados na Figura
21a foram de 1.647 cm-1 para amida I (estiramento C=O); 1.539 cm-1 para amida II referente a
deformação (N-H), indicando à conformação estrutural das folhas β da seda II e alongamento
em 1.240 cm-1 (C-N) para a amida III. Os estiramentos encontrados para os FH-FS puro por
FTIR estão próximos com os descritos na literatura (VARKEY et al., 2015; MORAES et al.,
2010; RIBEIRO et al., 2015).
A presença dos grupamentos característicos das estruturas de seda I e II da FS são
encontrados nos FH-FS puro.
Figura 21 - FTIR das amostras de FH-FS sem adição dos extratos vegetais
a) Fibroína de Seda pura | b) PEG400 | c) Fibroína de Seda + PEG400
FH-FS: Filmes hidrogelatinosos de fibroína de seda | PEG400: Polietilenoglicol
Fonte: Elaboração própria.
60
As bandas de absorção identificadas na literatura para o PEG apresentam uma banda
larga entre 3.550 cm- 1, a qual está ligada com os grupos hidroxilas terminais e as bandas de
3.010 a 2.955 cm-1, pertencentes aos grupos de dueto C–H e CH. O estiramento C-H do grupo
CH2 foi de 2885 cm-1. A banda de 1.762,6 cm-1 relaciona-se ao estiramento do grupo C=O. A
absorção de 1.186-1.089,6 cm–1 relaciona-se ao estiramento do grupo C–O (LI et al., 2001;
CÔRTES et al., 2013). O PEG 400 demonstra um pico de absorção que se alonga entre 2.886
cm-1 a 3.749 cm-1, este é atribuído ao grupamento CH2- CH2 (ADALI et al., 2013).
Os espectros observados neste estudo para o pico de maior absorção de PEG 400 foi
3.437 cm-1 referente ao grupamento O-H representados na Figura 21b.
Para os FH-FS+PEG 400 (Figura 21c), foi observado picos de absorção em 1.624 cm-1
referente a amida I; 1.521 cm-1 para amida II, indicando à conformação estrutural das folhas β
da seda II; 1.246 cm-1 referente a amida III. O pico de absorção em 3.286 cm-1 refere-se à
deformação axial de C-H do PEG400.
Os espectros dos FH-FS puro comparado com os FH-FS+PEG 400 (Figura 21c) são
similares, pois em ambos aparecem estiramentos relativos a FS e PEG 400. Porém, nota-se que
os picos de absorção foram deslocados, resultado de uma possível interação entre os compósitos
da FS com PEG 400.
O espectro de absorção obtido para extrato de A. vera (Figura 22b) apresentou picos de
absorção de 1.651 cm-1 relativo as deformações axiais de amidas primárias (C=O) e 1.552 cm-
1 os quais são atribuídos a duplas ligações aromáticas, presentes na Aloe vera. Picos de absorção
aproximados foram descritos na literatura, onde bandas de absorçaõ entre 1.600–1.480 cm-1
referem-se as deformações axiais de amidas secundárias (N-H). Enquanto que, o pico de
grupamento carboxílico em ácido hexadecanóico de A. vera aparece em 1.693 cm-1
(SAIBUATONG; PHISALAPHONG, 2010; GHAYEMPOUR; MONTAZER; RAD, 2016).
61
Figura 22 - FTIR das amostras de FH-FS+ extrato vegetal de A. vera + PEG400
a) Fibroína de Seda + PEG 400 | b) Extrato vegetal de Aloe vera |
c) Fibroína de Seda + extrato vegetal de Aloe vera + PEG 400
FH-FS: Filmes hidrogelatinosos de fibroína de seda | PEG 400: Polietilenoglicol | A. vera: Aloe vera
Fonte: Elaboração própria.
Os picos de absorção obtidos dos FH-FS + extrato de Aloe vera + PEG 400 (Figura 22c)
foram de 1.624 cm-1 para a amida I; 1.527 cm-1 para amida II, sugerindo à conformação das
folhas β da seda II; 1.244 cm-1 para a amida III. Os picos de absorção obtidos de FH-FS +
extrato de extrato de Aloe vera + PEG 400 foram deslocados indicando uma provável interação
química entre os componentes da formulação.
O extrato vegetal de C. officinalis (Figura 23b) exibiu um pico de absorção em 3.371
cm-1, sendo este atribuído ao estiramento - OH da hidroxila fenólica. A banda de absorção em
aproximadamente 2.933 cm-1 está relacionada a vibração de deformação axial da ligação C−H.
Os picos de absorção entre 3.371 cm-1 e 2.933 cm-1 originam-se da deformação axial assimétrica
(νas CH2) e da ligação simétrica (νs CH2). A absorção em 1.645 cm-1 é referente ao grupamento
C=O, referindo-se a uma das bandas livres de interferência e maior reconhecimento do espectro
de infravermelho (SILVERSTEIN; WEBSTER; KIEMLE, 2015).
62
A banda de absorção em 1.654 cm-1 é atribuída ao estiramento da carbonila (C=O) da
rutina. Contudo, neste estudo, a banda de absorção observada para o extrato vegetal de C.
officinalis foi deslocada para 1.645 cm-1 e o pico de absorção para o anel fenil C=C em 1.452
cm-1 (JIN et al., 2007).
O pico de absorção característico da deformação axial do grupo funcional (C–O) foi
1.045 cm-1, enquanto a banda de absorção foi em torno de 1.336 cm-1 a qual remete-se ao
estiramento C–O. Para a deformação angular assimétrica no plano do grupo metila, o pico de
absorção foi 1.452 cm-1. Com intensidade média, revela-se o pico em 1.398 cm-1 referente à
deformação angular simétrica do grupamento metila -CH3 (SILVERSTEIN; WEBSTER;
KIEMLE, 2015).
Figura 23 - FTIR das amostras de FH-FS + extrato vegetal de C. officinalis + PEG 400
a) Fibroína de Seda + PEG 400 | b) Extrato de C. officinalis | c) Fibroína + extrato de C. officinalis + PEG 400
FH-FS: Filmes hidrogelatinosos de fibroína de seda | PEG 400: Polietilenoglicol |
C. officinalis: Calendula officinalis
Fonte: Elaboração própria.
63
Os picos de absorção específicos dos FH-FS+PEG 400+extrato de C. officinalis (Figura
23c) foram de 1,624 cm-1 relativo a amida I; 1.523 cm-1 para amida II, indicando à conformação
das folhas β da seda II; 1.247 cm-1 para a amida III da FS. O estiramento obtido neste estudo
para a identificação do PEG 400 no FH-FS+PEG+extrato de C. officinalis deslocou-se de 2.872
cm-1 (grupamento CH2-CH2) para 2.877 cm-1. O extrato vegetal de C. officinalis manteve um
pico de absorção em 3.288 cm-1 o qual confere-se ao grupamento –OH. Porém, o espectro da
banda de absorção relacionada à deformação axial da ligação C−H foi deslocado para 2.914
cm-1, quando comparado ao extrato vegetal de C. officinalis. O pico de absorção referente ao
anel fenil (C=C) manteve-se em 1.452 cm-1.
Os espectros do extrato seco e da solução de M. recutita demonstrados na Figura 24 (b,
c) apontou um pico de absorção entre 1.024 e 1.105 cm-1 referente a presença de grupos de
polifenóis. Para o grupo dominante, as bandas foram entre 1.080 e 1.153 cm-1 e para as bandas
intensivas 1.645 e 1.419 cm-1. A banda de absorção em 1.645 cm-1 é responsável pela presença
dos grupamentos típicos C-O e C-C para compostos polifenólicos (BIJACK et al., 2013).
Figura 24 - FTIR das amostras de FH-FS + extrato de M. recutita + PEG 400
a) Fibroína de Seda + PEG 400 | b) Extrato seco de M. recutita | c) Solução de M. recutita | d) Fibroína + M. recutita + PEG 400
FH-FS: Filmes hidrogelatinosos de fibroína de seda | PEG 400: Polietilenoglicol | M. recutita: Matricaria recutita
Fonte: Elaboração própria.
64
A banda em 1.716 cm-1 presente no espectro de infravermelho pertence a vibração de
alongamento C=O, sendo este atribuído à presença de matricina. Além disso, a banda de
absorção em 1.024 cm-1 pertence ao trecho de O-C-C, atribuído ao estiramento do éster
(matricina). Em outros estudos, foram relatados picos entre 1.770 e 1.720 cm-1 nos espectros,
cuja intensidade variou de médio a forte, sendo característica do extrato de M. recutita. A banda
em 1.789 cm-1 refere-se ao alongamento C=O (CIKO et al., 2016). No entanto, a banda de
absorção neste estudo, deslocou-se para 1.795 cm-1.
Os picos de absorção obtidos para o FH-FS+extrato de M. recutita+PEG 400,
apresentado na Figura 24d, foram de 1.625 cm-1 para a amida I. Para amida II 1.550 cm-1 o qual
foi levemente deslocado, indicando à conformação das folhas β da seda II; 1.259 cm-1 para a
amida III da FS. O estiramento para a identificação do PEG 400 no FH-FS+extrato de
Matricaria recutita+PEG 400 obteve um pico de absorção em 2.926 cm-1.
As Figuras 25, 26 e 27 apresentam os espectros de infravermelho obtidos das mCB com
ou sem extratos vegetais. As mCB foram analisadas por FTIR combinada com refletância total
atenuada (ATR) com o objetivo de caracterizar quimicamente e identificar os grupos funcionais
presentes nas amostras.
Figura 25 - FTIR da mCB + extrato de A. vera
mCB: membrana de Celulose Bacteriana | A. vera: Aloe vera
Fonte: Elaboração própria.
a)
b)
c)
65
Para a mCB pura (Figura 25a, 26a e 27a) as principais bandas de absorção obtidas foram
3.346 cm-1 referente ao estiramento O-H; 2.897 cm-1 referente ao estiramento C-H; 1.639 cm-1
referente a deformação OH e 1.035 cm-1 referente a deformação C-O. Sendo estas, bandas
próximas as encontradas por Barud et al. (2011). Observam-se, também que os espectros
obtidos estão próximos aos descritos na literatura, onde bandas de absorção na região em 1.544
e 1.359 cm-1 referente ao grupamento NH2; esta banda está associada à deformação axial do
grupamento funcional C=O assim como a deformação do grupamento NH2 de amidas primárias
e secundárias (DELERIS; PETIBOIS, 2003; LIN et al., 2013; GODINHO, 2014).
As bandas de absorção presentes na região de 1.639 cm-1 na mCB+extrato de Aloe vera
(Figura 25c) podem ser atribuídas a presença de grupo amino e de grupos amidas primárias e
secundárias. Os estiramentos em 1.473 cm-1 conferem deformações axiais de amidas
secundárias N-H presentes no extrato de A. vera (KLEMM et al., 2001; SAIBUATONG;
PHISALAPHONG, 2010). O pico de absorção encontrado em 1.035 cm-1 para mCB pura
referente a deformação C-O foi deslocado para 1.045 cm-1 quando incorporado o extrato de
Aloe vera. Desta forma, podemos identificar bandas de absorção tanto do extrato de A. vera
como da mCB pura.
A mCB+extrato de M. recutita (Figura 26c) manteve os estiramentos característicos do
extrato de M. recutita com pequeno deslocamento entre os picos obtidos quando não
incorporado o extrato vegetal na mCB. Os picos de absorção foram deslocados para 1.033 e
1.109 cm-1 referente os grupos de polifenóis presentes no extrato de M. recutita. O grupo
dominante de bandas obtiveram 1.076 e 1.157 cm-1 e as bandas intensivas 1.653 e 1.423 cm-1.
A banda de absorção em 1.653 cm-1 é responsável pela presença dos grupamentos tipicos C-O
e C-C, para compostos polifenólicos (BIJACK et al., 2013).
Pequenos deslocamentos foram obtidos para as bandas de absorção na mCB+M. recutita
(Figura 26c) em 3.344 cm-1 referente ao estiramento O-H; 2.893 cm-1 referente ao estiramento
C-H; 1.653 cm-1 referente a deformação OH e 1.033 cm-1 referente a deformação C-O (BARUD
et al., 2011).
66
Figura 26 - FTIR da mCB + extrato de M. recutita
mCB: membrana de Celulose Bacteriana | M. recutita: Matricaria recutita
Fonte: Elaboração própria.
A mCB+extrato de C. officinalis (Figura 27c) teve um leve deslocamento no pico de
absorção em 3.367 cm-1 atribuída ao grupamento –OH quando comparada a mCB pura (Figura
25a, 26a e 27a). No entanto, o espectro da banda de absorção relacionada à deformação axial
da ligação C−H foi deslocado em 2.929 cm-1, quando comparado ao pico obtido apenas para o
extrato vegetal de C. officinalis. A banda de absorção observada para o extrato de C. officinalis
puro foi deslocada de 1.645 cm-1 para 1.641 cm-1 quando incorporado na mCB. O pico de
absorção referente ao anel fenil (C=C) obteve um leve deslocamento para 1.454 cm-1. A banda
de absorção em 1.035 cm-1 característica da mCB foi deslocada para 1.045 cm-1.
a)
b)
c)
67
Figura 27 - FTIR da mCB + extrato de C. officinalis
mCB: membrana de Celulose Bacteriana | C. officinalis: Calendula officinalis
Fonte: Elaboração própria.
8.7 Calorimetria exploratória diferencial (DSC)
Os termogramas dos FH-FS foram obtidos por análises de calorimetria exploratória
diferencial (DSC) com e sem adição de extratos vegetais, os quais são demonstrados na Figura
28 (a, b, c). Os FH-FS pura e FH-FS+PEG 400 apresentaram um pico endotérmico próximo a
283 °C relativo a degradação térmica de FS em temperaturas inferiores a 290 °C são específicos
da FS amorfa, ou seja, a seda I (MORAES et al., 2010).
O FH-FS+PEG 400 obteve dois eventos onde o primeiro ocorreu aproximadamente em
120 ºC representando um evento endotérmico e um segundo pico foi visto em aproximadamente
290 ºC no DSC, o qual está relacionado com a decomposição da estrutura da fibroína.
O mesmo evento endotérmico próximo a 283 ºC é observado no FH-FS+A. vera+PEG
400 (Figura 28a), porém com menor intensidade, o que pode estar associado a uma menor
estabilidade físico-química obtida pela incorporação da A. vera na formulação. O evento
endotérmico em aproximadamente 120 °C presente no termograma FH-FS+PEG 400 (Figura
28a, b, c) está ausente no FH-FS+A. vera+PEG 400 (Figura 28a).
a)
b)
c)
68
O mesmo evento endotérmico da FS próximo a 283 ºC também é observado no FH-
FS+C. officinalis+PEG 400 (Figura 28b), mas com menor intensidade quando comparado ao
FH-FS pura e FH-FS+PEG400. Devido a menor estabilidade físico-química obtida pela
incorporação dos extratos de C. officinalis e A. vera na formulação.
O FH-FS incorporado com extrato vegetal de C. officinalis (Figura 28b) demonstrou um
evento endotérmico em aproximadamente 140 °C presente no termograma do FH-FS+C.
officinalis+PEG 400, pico próximo ao alcançado também no FH-FS+PEG 400
(aproximadamente 120 °C), promovendo um aumento da estabilidade físico-química quando
comparado a incorporação do extrato vegetal de C. officinalis na formulação.
Os termogramas dos FH-FS+M. recutita+PEG 400 observados na Figura 28c obteve um
pico de absorção próximo a 283 ºC porém com menor intensidade quando comparado com ao
FH-FS pura e FH-FS+PEG 400. Fato este que também pode estar correlacionado a menor
estabilidade físico-química obtida pela incorporação da M. recutita na formulação.
O evento endotérmico em aproximadamente 120 °C presente no termograma FH-
FS+PEG 400 está ausente no FH-FS+M. recutita+PEG 400.
Sendo assim, a análise de DSC demonstrou que a incorporação dos extratos vegetais
reduz levemente a intensidade da estabilidade físico-química da fibroína de seda.
Figura 28 - Termogramas das amostras de FH-FS
FH-FS: Filmes hidrogelatinosos de fibroína de seda | PEG: Polietilenoglicol 400 | M. recutita: Matricaria recutita Fonte: Elaboração própria.
69
A análise dos termogramas da mCB pura e incorporada com os extratos vegetais de A.
vera, C. officinalis e M. recutita são demonstrados na Figura 29 (a, b, c).
A mCB pura apresentou um leve pico endotérmico na faixa de temperatura de 45 ºC.
Este evento pode ser atribuído a desidratação da membrana ou a evaporação de água.
Um outro evento acentuado foi observado na faixa de temperatura que compreendeu o
intervalo de 250 ºC a 350 ºC. Esse pico foi observado na curva de DSC através de um pico
exotérmico em aproximadamente 340 ºC, o qual está relacionado a processos de degradação da
celulose (GEORGE et al., 2005).
O termograma da mCB+A. vera (Figura 29a) apresentou picos exotérmico em
aproximadamente 100 ºC e endotérmico em aproximadamente 145 ºC. O pico exotérmico
encontrado em aproximadamente 340 ºC na mCB pura foi observado na mCB incorporada com
extrato de A. vera em aproximadamente 330 ºC, o qual está relacionado a degradação da mCB.
No entanto, o termograma da mCB+C. officinalis (Figura 29b) apresentou pico
endotérmico em aproximadamente 120 ºC.
A mCB+M. recutita (Figura 29c) apresentou picos endotérmicos em aproximadamente
60 ºC e 230 ºC e exotérmicos em aproximadamente 175 ºC e 290 ºC.
Figura 29 - Termogramas das amostras de mCB
mCB: membrana de celulose bacteriana
Fonte: Elaboração própria.
70
8.8 Avaliação macroscópica
Os FH-FS apresentaram aspectos macroscópicos positivos, atendendo aos requisitos de
integridade, ausência de bolhas de ar e resistência à manipulação manual. No entanto, não
houve total homogeneização dos FH-FS quando adicionados de extratos vegetais. Os pesos
médios dos FH-FS são representados na Figura 30.
Figura 30 - Média dos FH-FS obtidos em gramas (g)
DP: Desvio padrão | CO: Calendula officinalis | MR: Matricaria recutita | AV: Aloe vera |
PEG 400: Polietilenoglicol 400 | FH-FS: filmes hidrogelatinosos de fibroína de seda.
Fonte: Elaboração própria.
8.9 Propriedades fisiomecânicas
As propriedades fisiomecânicas de um material são analisadas a partir da aplicação de
uma deformação ou tensão. Quando uma tensão ou deformação é constante, os ensaios são
classificados como estáticos. No entanto, um ensaio de tensão ou deformação são destrutivos,
pois ocorre a ruptura do corpo de prova (CASSU; FELISBERTI, 2005).
As propriedades mecânicas foram avaliadas utilizando texturômetro (Stable Micro
Systems – TA-XT Plus Analyzer. Surrey, Reino Unido), conforme apresentado na Figura 31.
Sendo, a Figura 32 uma ilustração do ensaio de tração mecânica.
71
Figura 31 –Texturômetro (Stable Micro Systems–TA-XT Plus Analyzer. Surrey, Reino Unido)
Fonte: Elaboração própria.
Figura 32 – Foto ilustrativa do ensaio de tração mecânica
Fonte: Elaboração própria.
Os resultados da avaliação da resistência mecânica dos FH-FS à perfuração, tração,
resiliência e relaxação bem como o tempo de resistência a cada medida de força em função do
tempo, são representados na Tabela 7 e Figura 33 (a, b, c, d).
Tabela 7 – Média das propriedades fisiomecânicas de FH-FS em triplicata
Tração (N) Relaxação (N) Resiliência (N) Perfuração (N)
FH-FS+PEG 400 17,89 ± 1,00 4,45 ± 0,45 9,06 ± 0,41 19,81 ± 1,54
FH-FS+AV+PEG 400 22,78 ± 3,43 4,27 ± 0,61 4,78 ± 0,08 10,31 ± 1,23
FH-FS+MR+PEG 400 16,66 ± 3,43 7,63 ± 0,55 6,20 ± 0,16 12,72 ± 0,48
FH-FS+CO+PEG 400 12,17 ± 1,28 3,41 ± 0,14 7,34 ± 0,29 17,48 ± 0,84 FH-FS: Filmes hidrogelatinosos de fibroína de seda | N: Força em Newton | PEG 400: Polietilenoglicol 400|
AV: Aloe vera | MR: Matricaria recutita | CO: Calendula officinalis
Fonte: Elaboração própria.
72
Figura 33 - Média das propriedades fisiomêcanicas dos FH-FS
FH-FS: filmes hidrogelatinosos de fibroína de seda | AV: Aloe vera | CO: Calendula officinalis | MR: Matricaria
recutita | DP: Desvio Padrão | PEG 400: Polietilenoglicol 400 | N: Newton.
Nota: Letras iguais indicam que, no nível de 5% de significância, não há diferença entre as médias.
Fonte: Elaboração própria.
Considerando a relação entre os resultados FH-FS+A. vera+PEG 400, apresentaram
maior resistência à tração (Figura 33a), isto pode ser devido a presença da mucilagem da A.
vera a qual melhorou a capacidade de deformação elástica e plástica dos FH-FS, quando
comparados aos FH-FS+PEG 400. O extrato vegetal de A. vera favoreceu a formação de
interações entre as cadeias poliméricas levando ao aumento da força de tração do FH-
FS+AV+PEG 400. Contudo, essa diferença não é estatisticamente significante (p>0,05),
mostrando que a incorporação do extrato vegetal não altera a resistência à tração e ruptura.
A ruptura dos FH-FS envolve a quebra das ligações entre as cadeias poliméricas, a
diminuição da rigidez dos FH-FS obtidos nos ensaios de perfuração (Figura 33d) mostra que a
incorporação dos extratos vegetais nos FH-FS+PEG 400, resultou em diferença estatisticamente
significante (p<0,05) entre as amostras, exceto para as amostras contendo extrato vegetal de A.
vera e M. recutita.
Fibroína+PEG400 Fibroína+PEG400+CO Fibroína+PEG400+AV Fibroína+PEG400+MR
73
Isoladamente todos os filmes hidrogelatinosos suportam mais de 1 Kg de pressão sobre
uma película de 3 x 2 cm.
A análise de resiliência é um conceito relacionado à propriedade de que são atribuídos
alguns materiais de acumular energia quando submetido a um estresse sem ocorrer ruptura
(ALMEIDA et al., 2015). É possível observar que houve uma diminuição na propriedade
elástica dos FH-FS após a incorporação dos extratos vegetais.
A propriedade de resiliência (elasticidade) dos FH-FS está diretamente relacionada com
a resistência à manipulação industrial ou manual pelos possíveis usuários. Os FH-FS+PEG 400
apresentou maior valor de resiliência (Figura 33b), medida que está relacionada com a
capacidade de sofrer uma deformação sem sofrer alteração, quando comparado ao FH-FS+PEG
400 com adição de extrato vegetal. Isso indica que o PEG 400 promoveu um aumento da
elasticidade dos FH-FS. No entanto, há diferença estatisticamente significante (p<0,05) entre
todas as amostras.
O resultado da avaliação da relaxação dos FH-FS (Figura 33c) indica que após adição
dos extratos vegetais houve uma reticulação entre as cadeias poliméricas, onde esse parâmetro
está diretamente relacionado com a disposição destas cadeias e consequentemente com a taxa
de liberação de fármacos.
Da mesma forma, manter as propriedades de relaxação (flexibilidade) contribui para a
adequação do filme durante o movimento corporal do paciente.
Entretanto, não há diferença estatisticamente significante (p>0,05) entre as amostras
analisadas, exceto para a amostra de FH-FS+MR+PEG 400 que há diferenças estatística
significante (p<0,05).
A Figura 34a apresenta os resultados da avaliação da relaxação das mCB indicando que,
após a adição dos extratos vegetais houve um aumento da flexibilidade nas mCB+A. vera e
mCB+C. officinalis, com exceção da mCB+M. recutita e mCB pura. Porém, não há diferença
estatisticamente significante (p>0,05) entre as amostras mCB+ A. vera e mCB+ C. officinalis e
entre mCB+ M. recutita e mCB pura. A mCB pura apresentou maior valor de resiliência,
medida que está relacionada com a capacidade de sofrer uma deformação sem sofrer alteração,
quando comparado a mCB com adição de extrato vegetal. No entanto, há diferença
estatisticamente significante (p<0,05) entre as amostras, apresentadas na Figura 34b.
Na Tabela 8 são demonstradas as propriedades fisiomecânicas das mCB.
74
Figura 34 - Média mCB pura e com adição de extratos vegetais
mCB: membrana de Celulose Bacteriana | DP: Desvio Padrão | AV: Aloe vera | CO: Calendula officinalis |
MR: Matricaria recutita | N: Newton.
Nota: Letras iguais indicam que, no nível de 5% de significância, não há diferença entre as médias. Fonte: Elaboração própria.
Tabela 8 – Propriedades fisiomecânicas mCB
Tração (N) Relaxação (N) Resiliência (N) Perfuração (N)
mCB pura NR 0,49±0,07 1,96±0,23 NR
mCB + AV NR 0,99±0,19 0,99±0,19 NR
mCB + MR NR 0,33±0,05 0,27±0,02 NR
mCB + CO NR 0,98±0,13 0,29±0,03 NR mCB: membrana de Celulose Bacteriana | N: newton | AV: Aloe vera | CO: Calendula officinalis |
MR: Matricaria recutita | NR: Não realizado | ±: Desvio padrão
Fonte: Elaboração própria.
Comparando as propriedades fisiomecânicas apresentadas pelos FH-FS e mCB foi
possível constatar que as mCB são mecanicamente menos resistentes.
8.10 Propriedades mucoadesivas
O termo mucoadesão pode ser usado para se referir ao subgrupo de bioadesão e, mais
especificamente, nos casos em que a formulação interage com a camada de muco que recobre
o tecido mucosal. A maioria dos métodos são baseados na mimetização das condições in vivo.
Os parâmetros de mucoadesão podem ser avaliados por diferentes métodos in vivo, ex - vivo ou
in vitro, as medidas das propriedades de mucoadesão é medida pelo tempo de contato ou pela
força requerida para separar a formulação do tecido (ex - vivo) ou de discos de mucina (in vitro)
(CHIVA CARVALHO; CHORILLI; DAFLON GREMIÃO, 2014).
A Figura 35a, apresenta os resultados obtidos para as propriedades mucoadesivas dos
FH-FS. A presença de extrato vegetal de A. vera (FH-FS+PEG400+AV) aumentou
75
significativamente (p<0,05) a propriedade mucoadesiva dos FH-FS+PEG 400 comparados aos
sem adição de extrato vegetal. Fato este pode estar correlacionado a presença da mucilagem de
A. vera. Porém, a presença dos extratos vegetais de C. officinalis e M. recutita (FH-FS+PEG+C.
officinalis e FH-FS+PEG+M. recutita) não apresentaram diferenças estatísticas (p>0,05)
quanto a propriedade mucoadesiva quando comparadas aos FH-FS+PEG400. Assim, a
formulação de filmes hidrogelatinosos com maior potencial para propriedade mucoadesiva é a
formulação contendo extrato vegetal de A. vera.
A Figura 35b, apresenta os resultados obtidos para as propriedades mucoadesivas da
mCB. A presença de extrato vegetal de C. officinalis (mCB+C. officinalis) aumentou
significativamente (p<0,05) a propriedade mucoadesiva da mCB quando comparada a mCB
com extrato de A. vera e M. recutita. No entanto, não há diferenças estatisticamente
significantes (p>0,05) entre as amostras de mCB pura quando comparadas a mCB com extrato
vegetal de C. officinalis, A. vera e M. recutita.
Figura 35 – Média mucoadesão FH-FS e mCB
DP: Desvio Padrão | FS: Fibroína de Seda | FH-FS: filmes hidrogelatinosos de fibroína de seda | mCB: membrana
de celulose bacteriana | N: Newton. Nota: Letras iguais indicam que, no nível de 5% de significância, não há diferença entre as médias.
Fonte: Elaboração própria.
As propriedades mucoadesivas apresentadas pelos FH-FS e mCB mostram que as mCB
possuem um aumento da propriedade mucoadesiva quando comparada aos FH-FS exceto para
a amostra de FH-FS+PEG400+AV, a qual pode estar relacionada a melhor biocompatibilidade
da mucilagem com o biopolímero empregado.
76
8.11 Espectrofotometria em número de onda na região UV e construção da curva
analítica para os extratos vegetais
A varredura espectral de absorção no UV - visível mostrou o pico máximo de absorção
dos números de onda dos extratos vegetais determinadas por espectroscopia UV (λ=255 nm)
para A. vera (YANG; YAO; FANG, 2010), espectroscopia UV (λ=350 nm) para C. officinalis
(NUNES, 2008) e espectroscopia UV (λ=270 e 320 nm) para M. recutita (ZAGUE et al., 2009).
Os métodos analíticos para quantificação dos extratos vegetais foram aceitos pela confirmação
da linearidade na faixa de 0,1 a 1,4 mg/mL-1 para A. vera, linearidade na faixa de 0,4 a 4,2
mg/mL-1 para C. officinalis e linearidade na faixa de 20 a 300 μg/mL-1 para M. recutita. Os
resultados das médias de duas determinações obtidos com a curva analítica são apresentados na
Figura 36. O coeficiente de correlação linear (r) foi determinado conforme Tabela 9 indicando
relação funcional linear entre a concentração dos extratos vegetais e as respectivas bandas de
absorção.
Figura 36 - Curva Analítica dos extratos vegetais
A. vera: Aloe vera | M. recutita: Matricaria recutita | C. officinalis: Calendula officinalis
Fonte: Elaboração própria.
77
Tabela 9 - Valores da equação da reta e coeficiente de regressão da curva analítica dos extratos
vegetais analisados
Parâmetros avaliados Resultados analíticos
Equação da reta Aloe vera y= 0,3832x – 0,0089 Coeficiente de correlação linear (r) 0,9976
Equação da reta Calendula officinalis y= 0,1371x – 0,0082 Coeficiente de correlação linear (r) 0,9985
Equação da reta Matricaria recutita (270 nm) y= 0,0035x – 0,007
Coeficiente de correlação linear (r) 0,9994
Equação da reta Matricaria recutita (320 nm) y= 0,0032x – 0,0003 Coeficiente de correlação linear (r) 0,9997
Fonte: Elaboração própria.
8.12 Perfil de liberação dos extratos vegetais incorporados em FH-FS
O perfil de liberação dos FH-FS foi construído para avaliar a liberação dos extratos
vegetais durante 5 horas. Para as formulações de FH-FS+AV+PEG 400 (Figura 37a) e FH-
FS+CO+PEG 400 (Figura 37b) o percentual de liberação ao longo de 300 minutos é em média
de 47% e 65%, respectivamente.
Figura 37 – Perfil de liberação dos extratos vegetais de AV e CO
FH-FS: Filmes hidrogelatinosos de fibroína de Seda | AV: Aloe vera | CO: Calendula officinalis |
PEG400: Polietilenoglicol 400 | M: Média | DP: Desvio padrão | min.: minutos
Fonte: Elaboração própria.
78
A análise desses resultados com base no percentual liberado e no perfil das curvas
mostra que a liberação dos ativos vegetais FH-FS+AV+PEG 400 e FH-FS+CO+PEG 400
poderia acontecer gradualmente, por um intervalo de tempo maior que 300 min. A massa dos
extratos vegetais liberada da formulação FH-FS+CO+PEG 400 nos 300 min. é maior que a
massa liberada para FH-FS+AV+PEG 400. Este fato pode ser atribuído a afinidade dos
diferentes extratos utilizados pelo polímero. Esse perfil de liberação/dissolução favorece uma
ação terapêutica mais efetiva do extrato de C. officinalis nos primeiros 300 min., com
manutenção da ação terapêutica a partir desse tempo, uma vez que o percentual liberado foi de
65%. Enquanto que para a formulação de FH-FS+MR+PEG 400 em dois números de ondas
distintos são apresentados na Figura 38 (a, b). O percentual de liberação para o número de onda
(270 nm) foi de 110% em apenas 5 minutos. Enquanto que para o número de onda (320 nm) o
percentual de liberação foi de 72% em 5 minutos. Onde no tempo de 10 minutos, já havia total
liberação do ativo.
Figura 38 – Média perfil de liberação do extrato vegetal de MR
FH-FS: filmes hidrogelatinosos de fibroína de seda | MR: Matricaria recutita | PEG400: Polietilenoglicol 400 |
M: Média | DP: Desvio padrão | min.: minutos
Fonte: Elaboração própria.
Média
Média
Média Perfil de Liberação – FH-FS+MR+PEG400 (270 nn)
Média Perfil de Liberação – FH-FS+MR+PEG400 (320 nn)
79
A avaliação do perfil de liberação dos FH-FS incorporado com os extratos vegetais
demonstrou uma liberação controlada durante um intervalo de 300 min. Onde os FH-
FS+CO+PEG400 liberou 65% do ativo, enquanto que para FH-FS+AV+PEG400 foi de 47%.
Este fato pode estar relacionado as diferentes afinidades de cada extrato pelo polímero.
Para os FH-FS+MR+PEG400 o percentual foi liberado totalmente em apenas dez
minutos. Este resultado pode ser explicado pela exposição das folhas betas da fibroína o que
torna o filme insolúvel em meio aquoso. Neste caso os extratos não estão incorporados, mas
adsorvidos na superfície dos filmes.
Entretanto, a mCB incorporada com os extratos vegetais não foi apresentada pois, uma
vez que no período de cinco minutos já havia um maior percentual de liberação dos extratos
quando comparado com a concentração teórica pré-determinada. Portanto, para que possamos
transpor resultados confiáveis e robustos, se faz necessário a repetição do perfil de liberação da
mCB.
80
9 CONCLUSÃO
Este estudo teve como finalidade preparar e caracterizar FH-FS reforçados com PEG
400 e mCB adicionados de extratos vegetais padronizados de A. vera, C. officinalis e M.
recutita.
Os resultados obtidos na avaliação das propriedades fisiomecânicas dos FH-FS foram
superiores as de mCB. Os FH-FS+PEG400 apresentaram as melhores propriedades
fisiomecânicas, exceto para o ensaio de tração FH-FS+PEG400+AV. No entanto, essa diferença
não é estatisticamente significativa quando comparado aos outros filmes. A adição dos extratos
vegetais ocorre uma leve redução das propriedades fisiomecânicas. Todos os FH-FS+PEG400
com e sem adição de extratos vegetais mostraram-se mais flexíveis.
O perfil de liberação controlada apresentado pelos FH-FS permitiu um maior tempo de
liberação do extrato, exceto para FH-FS+PEG400+MR.
O método de difusão em ágar permitiu identificar que a mCB possui melhor atividade
antimicrobiana quando comparada com FH-FS. Fato este que pode estar relacionado a afinidade
dos extratos vegetais nos diferentes biopolímeros.
Na avaliação das propriedades mucoadesivas verificou-se que a mCB apresentou um
aumento da propriedade mucoadesiva quando comparada com o FH-FS, exceto para a amostra
de FH-FS+PEG400+AV, a qual pode estar relacionada à somatória do efeito da mucilagem deda
A. vera com o biopolímero empregado.
Os espectros obtidos na análise por FTIR mostraram que as propriedades físico-química
dos extratos não foram alteradas na presença de mCB e FH-FS. Entretanto, os eventos
endotérmicos e exotérmicos observados nos FH-FS e mCB com extrato vegetal sugere uma
leve redução da estabilidade físico-química quando comparados sem adição de extratos
vegetais.
O conjunto dos resultados obtidos sugerem que os materiais utilizados para a obtenção
dos FH-FS e mCB podem ser utilizados para veiculação de extratos de plantas medicinais.
Contudo o sucesso do projeto depende do biopolímero escolhido e da técnica de preparação.
Ao usar fibroína da seda o procedimento técnico deve ser cuidadosamente escolhido para evitar
exposição das folhas beta, devido à baixa solubilidade desta conformação da fibroína em água.
81
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ANEXO A – ALOE VERA
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ANEXO B – CALENDULA OFFICINALIS
93
ANEXO C – MATRICARIA RECUTITA
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