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UNIVERSIDADE FEDERAL DE JUIZ DE FORA
CAEd - CENTRO DE POLTICAS PBLICAS E AVALIAO DA EDUCAO
PROGRAMA DE PS-GRADUAO PROFISSIONAL EM GESTO E
AVALIAO DA EDUCAO PBLICA
LILIAN APARECIDA ALMEIDA GARRIT DOS SANTOS
A IMPLEMENTAO DO PROJETO REFORO ESCOLAR/CECIERJ EM UMA
ESCOLA ESTADUAL DE JAPERI
JUIZ DE FORA
2014
LILIAN APARECIDA ALMEIDA GARRIT DOS SANTOS
A IMPLEMENTAO DO PROJETO REFORO ESCOLAR/CECIERJ EM UMA
ESCOLA ESTADUAL DE JAPERI
Dissertao apresentada como requisito
parcial concluso do Mestrado
Profissional em Gesto e Avaliao da
Educao Pblica, da Faculdade de
Educao, Universidade Federal de Juiz
de Fora.
Orientador: Fernando Tavares Jnior
JUIZ DE FORA
2014
TERMO DE APROVAO
LILIAN APARECIDA ALMEIDA GARRIT DOS SANTOS
A IMPLEMENTAO DO PROJETO REFORO ESCOLAR/CECIERJ EM UMA ESCOLA ESTADUAL DE JAPERI
Dissertao apresentada Banca Examinadora designada pela equipe de
Dissertao do Mestrado Profissional CAEd/ FACED/ UFJF, aprovada em __/__/__.
___________________________________
Professor Doutor Fernando Tavares Jnior
____________________________________
Jernimo Jorge Cavalcanti Silva
___________________________________
Luiz Flvio Neubert
Juiz de Fora, 21 de agosto de 2014
Dedico este trabalho a Jorge Garrit, meu
pai e eterno amigo. E minha querida
prima Mrcia Cristina Almeida da Silva.
Sei que onde estiverem sero meus
referenciais de superao.
AGRADECIMENTOS
- SEEDUC-RJ pela oportunidade de ingressar neste mestrado. - Coordenao do Mestrado Profissional em Gesto e Avaliao da Educao Pblica pela organizao de todo curso. - Ao meu orientador Prof. Dr. Fernando Tavares Junior pelas informaes preciosas que me mostraram o caminho que devia seguir no estudo realizado. - tutora Sheila Rigante Romero, excelente profissional e incentivadora. Seu apoio e pacincia foram fundamentais. - Ao tutor Wallace Adriolli Guedes pelo empenho e dedicao em me chamar para a realidade quando, por vezes, sonhava mais do que a realidade educacional nos permite atingir. - s fiis companheiras de jornada Maria Vernica, Rita Mello, Luciana Gentil e Sandra Albuquerque, por se tornarem minha famlia nos quatro perodos presenciais que ficamos afastadas de nossas casas. - Aos amigos e companheiros do mestrado, que juntos caminharam nesta rdua jornada. - Aos companheiros de trabalho por assumirem minhas funes durante o perodo presencial do Mestrado. Em especial, Diretora Regional Pedaggica, Neide Aparecida, por sempre me apoiar em meu crescimento profissional. - s diretoras, coordenadora pedaggica, professores e alunos no CE Almirante Tamandar, por disporem seu tempo em prol da minha pesquisa. - E por fim, mas no menos importante, aos meus familiares que me apoiaram em todo o perodo de participao na plataforma e na ausncia no perodo presencial.
Um dos objetivos que se espera da
educao escolar o desenvolvimento de
conhecimentos duradouros por parte dos
educandos. Vasconcellos (1994)
RESUMO
Este estudo descreve e analisa o processo de implementao, no ano de 2012, do Projeto Reforo Escolar, no Ensino Mdio, em uma escola estadual do municpio de Japeri, a fim de solucionar a seguinte questo: quais estratgias devem ser adotadas para ampliar a adeso dos alunos ao projeto. Por estarmos falando de ofertar um ensino que, de fato, atinja o aluno e eleve seu desempenho acadmico, torna-se necessrio o alinhamento dos recursos oferecidos para que estes alcancem o pblico-alvo e sejam eficazes. O estudo tem incio em uma unidade escolar, identificando os pontos fortes e fracos do programa com a finalidade de traar aes educacionais, que levem o projeto Reforo Escolar a atingir seus objetivos. O trabalho foi dividido em trs captulos. O primeiro apresenta o cenrio educacional do Estado do Rio de Janeiro, o perfil do aluno do Ensino Mdio, a proposta do projeto Reforo Escolar e a realidade da unidade escolar estudada, assim como a Regional onde est localizada. No segundo captulo, utilizamos dois mtodos: o primeiro consistiu em analisar quais habilidades foram exploradas nos exerccios que constam no material pedaggico utilizado nas aulas do projeto, nas turmas do 2 ano do Ensino Mdio (3 bimestre) e compar-lo com as habilidades e competncias do Currculo Mnimo do mesmo ano de escolaridade e bimestre. Por fim, estudamos as habilidades que foram cobradas nos itens do Saerjinho, no mesmo perodo. No segundo momento, foi aplicado um questionrio aos alunos, analisado pela escala de Likert, com a finalidade de averiguar o posicionamento dos estudantes em relao ao projeto. Durante o estudo realizado a partir dos dados tabulados, foram utilizados como referencial terico os autores: Lino de Macedo (2007), Telma Weisz (2011), Celso Vasconcellos (1994/2002), Melchior (1998), Luckesi (2005) e Pierre Bourdieu, apresentado por Maria Alice Nogueira e Cludio Martins Nogueira (2004). E, finalmente, no terceiro captulo foi apresentado um plano de atendimento educacional com aes que buscam sanar as situaes crticas identificadas. Palavras-chave: REFORO ESCOLAR MATERIAL PEDAGGICO
FORMAO CONTINUADA.
ABSTRACT This study describes and analyzes the implementation process of the School Reinforcement Project in High School Education at a public school in the municipality of Japeri in 2012. It aims at solving the following question: what strategies should be adopted to expand the participation of the students in the project. As we are talking about offering an education that actually reaches the students and raises their academic performance, it is necessary to align the available resources so that they reach the target audience to make it more effective. The study begins in a school unit, identifying its strengths and weaknesses in order to draw leading educational activities for the School Reinforcement Project to achieve its goals. The work was divided in three chapters. The first one presents the educational setting of the State of the Rio de Janeiro, the profile of the student of the secondary education, the proposal of the project School Reinforcement and the reality of the school unit studied, as well as the Regional where is located. In the second chapter, we utilize two approaches: The first one consisted of analyze the teaching materials utilized in the classes of the project, in the groups of the 2 year of the secondary education (3 two-month period) and compare them with the abilities and competences of the Most minimum Curriculum of the same year of schooling and two-month period. Finally, we study the abilities that were charged ourselves articles of the Saerjinho, in the same period. In the second moment, was applied a questionnaire to the students, analyzed by the scale of Likert, with the purpose of ascertain the positioning of the students regarding the project. During the study carried out from the controlled facts, were utilized like theoretical yardstick the authors: Lino of Macedo (2007), Telma Weisz (2011), Celso Vasconcellos (1994/2002), Melchior (1998), Luckesi (2005) and Pierre Bourdieu, presented by Maria Alice Walnut and Cludio Martins Walnut (2004). And, finally, in the third chapter was presented a plan of educational service with actions
that are going to cure the critical situations identified.
Key words: SCHOOL SUPPORT - EDUCATIONAL MATERIAL - CONTINUING
EDUCATION
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
CE Colgio Estadual
CEAT Colgio Estadual Almirante Tamandar
CECIERJ Centro de Cincias e Educao Superior a Distncia do Estado do Rio
de Janeiro
DRPMI - Diretoria Regional Pedaggica Metropolitana I
FUNDAR - Fundao Darcy Ribeiro
ID ndice de Desempenho
IDEB ndice de Desenvolvimento da Educao Bsica
IDER - ndice de Desenvolvimento Escolar do Rio de Janeiro
IDERJ - ndice de Desenvolvimento Educacional do Rio de Janeiro
IDH ndice de Desenvolvimento Humano
IF ndice de Fluxo Escolar
INEP - Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais
LDB Lei de Diretrizes e Bases
PNE Programa Nova Escola
PNUD - Programa das Naes Unidas para o Desenvolvimento
PPP Projeto Poltico Pedaggico
SAEB- Sistema de Avaliao da Educao Bsica
SUPAA Superintendncia de Avaliao e Acompanhamento
SAERJ - Sistema de Avaliao Externa do Rio de Janeiro
SEEDUC-RJ Secretaria de Educao do Rio de Janeiro
SUGEN Subsecretaria de Gesto de Ensino
UE Unidade escolar
LISTA DE GRFICOS
Grfico 1 Voc acha vlido assistir aulas do reforo no contra turno?................51
Grfico 2 - Tenho facilidade em aprender os contedos de Lngua Portuguesa....52
Grfico 3 - Tenho facilidade em aprender os contedos de Matemtica ................52 Grfico 4 - O projeto Reforo Escolar satisfez minhas expectativas com o aprendizado ..............................................................................................................55 Grfico 5 - As aulas do Projeto Reforo escolar melhoraram meu desempenho na disciplina Lngua Portuguesa ....................................................................................56 Grfico 6 - As aulas do Projeto Reforo escolar melhoraram meu desempenho na disciplina Matemtica ................................................................................................57 Grfico 7 - O material pedaggico utilizado no projeto Reforo Escolar oferece prticas pedaggicas dinmicas ...............................................................................58 Grfico 8 - A metodologia utilizada pelo professor nas aulas do Projeto Reforo Escolar atrativa .......................................................................................................59
Grfico 9 - Os contedos abordados no Projeto Reforo Escolar so compatveis com os das minhas aulas regulares ..........................................................................60
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 Esquema das Aulas do projeto Reforo Escolar Matemtica...................40
Figura 2 Esquema das Aulas do projeto Reforo Escolar Lngua Portuguesa......44
LISTA DE QUADROS
Quadro 1 Plano de Ao da Unidade Escolar ........................................................29
Quadro 2 Comparao entre as habilidades trabalhadas no material pedaggico e
Currculo Mnimo no perodo correspondente em Matemtica .................................41
Quadro 3 Comparao entre as habilidades trabalhadas no material pedaggico e
Currculo Mnimo no perodo correspondente em Lngua Portuguesa ....................43
Quadro 4 Perfil dos Respondentes .......................................................................48
Quadro 5 - Reviso do Material Pedaggico utilizado no Projeto Reforo Escolar.66
Quadro 6 A formao dos professores do Projeto Reforo Escolar .......................70
Quadro 7 - O projeto Reforo Escolar e o Projeto Poltico Pedaggico (PPP) .........73
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 Resultados da DRPMI .............................................................................26 Tabela 2 Resultados do CEAT ...............................................................................30
SUMRIO
INTRODUO 13
1.O PROJETO REFORO ESCOLAR E SEU CONTEXTO 15
1.1 Contextualizao da Rede Estadual do Rio de Janeiro 15
1.1.1 As avaliaes externas no Rio de Janeiro 17
1.1.2 Programa Sucesso Escolar 18
1.1.3 O Projeto Reforo Escolar como ferramenta do Plano
Estratgico do Estado do Rio de Janeiro
20
1.2 Diretoria Regional Metropolitana I (DRMI) 26
1.2.1 A unidade escolar CE Almirante Tamandar 28
2. ANLISE DO PROJETO REFORO ESCOLAR NO COLGIO
ESTADUAL ALMIRANTE TAMANDAR
36
2.1 Anlise dos dados apresentados no material pedaggico 38
2.2 Procedimentos Metodolgicos 48
2.2.1 Perfil dos Respondentes 48
2.2.2 Anlise do questionrio aplicado aos alunos 49
3. PLANO DE ATENDIMENTO EDUCACIONAL PROPOSTA DE
INTERVENO PARA O PROJETO REFORO ESCOLAR
62
3.1 Reviso do Material Pedaggico utilizado no Projeto Reforo
Escolar
63
3.1.1 Objetivos 64
3.1.2 Justificativa 64
3.1.3 Desenvolvimento da ao 65
3.1.4 Prazo 65
3.1.5 Custo 66
3.2 A formao dos professores do Projeto Reforo Escolar 67
3.2.1 Objetivos 68
3.2.2 Justificativa 68
3.2.3 Desenvolvimento da ao 68
3.2.4 Prazo 69
3.2.5 Custo 69
3.3 O projeto Reforo Escolar e o Projeto Poltico Pedaggico
(PPP) 70
3.3.1 Objetivos 71
3.3.2 Justificativa 71
3.3.3 Desenvolvimento da ao 71
3.3.4 Prazo 72
3.3.5 Custo 72
CONSIDERAES FINAIS 74
REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS 75
ANEXOS 78
15
INTRODUO
Este trabalho objetiva avaliar o processo de implementao, no ano de
2012, do Projeto Reforo Escolar, no Ensino Mdio, em uma escola estadual do
municpio de Japeri para solucionar a seguinte questo: quais estratgias devem ser
adotadas para ampliar a adeso dos alunos ao projeto. A escolha de tal escola se
deu por ela ter uma amostra significativa de alunos com baixo desempenho na
avaliao externa aplicada, desde o ano de 2011, nas escolas estaduais do Rio de
Janeiro, que ser detalhada no primeiro captulo. A partir dos dados coletados,
pretende-se traar um Plano de Ao Educacional que proponha medidas que
promovam a efetiva participao dos alunos nas aulas do projeto.
O projeto Reforo Escolar foi implementado pela Secretaria de Estado de
Educao do Rio de Janeiro para dar direito ao aluno recuperao das habilidades
e competncias no adquiridas no perodo regular das aulas; habilidades e
competncias estas verificadas a partir da avaliao externa realizada no Estado, o
Saerjinho que tem por objetivo fornecer um diagnstico do aluno para o professor
melhorar sua prtica pedaggica. Esta questo garantida ao aluno pelo Art. 12.
Inciso V- meios para a recuperao dos alunos de menor rendimento (LDB
9394/96) 1. Existe um processo tramitando na SEEDUC-RJ, que norteia o Projeto
Reforo Escolar / Fundao CECIERJ, cuja identificao : Ano 2012 - N do
processo E-03/1079/2012. Mas como so documentos que fazem parte do acervo
do rgo central (SEEDUC-RJ) a divulgao no autorizada, a presente pesquisa
pautada nos dados disponveis no site oficial da Secretaria de Educao e no
Manual do Projeto formulado pela SEEDUC-RJ.
A averiguao desta implementao foi realizada pela coordenadora de
ensino da Diretoria Regional Metropolitana I. A Coordenao de Ensino est
diretamente relacionada Superintendncia Pedaggica e Coordenao do
Ensino Mdio que gerenciam vrios programas e projetos nas unidades escolares,
dentre eles o Reforo Escolar. O coordenador de ensino de cada regional deve
acompanhar todo o processo de implantao do Projeto Reforo Escolar nas
unidades selecionadas, dar suporte direo das escolas e aos professores a fim
de sanar todas as suas dvidas e fazer a mediao da escola com o rgo central,
1BRASIL. Lei N 9.394, de 20 de dezembro de 1996 Lex: Leis de Diretrizes e Bases da educao
Brasileira (LDB), Braslia, 1996.
16
buscando minimizar as dificuldades surgidas no processo. Para o entendimento de
todo o processo de implementao, faz-se necessria descrio do Projeto
Reforo Escolar e, para isto, realizou-se uma busca por referenciais tericos que
abordassem o tema.
No primeiro captulo desta dissertao, foi apresentada a descrio sucinta do
contexto educacional no Rio de Janeiro e a realidade do Ensino Mdio no Estado.
Relato a experincia anterior ao Projeto Reforo Escolar, chamada Programa
Sucesso Escolar, destacando suas fraquezas e justificando sua substituio pelo
presente projeto.
O captulo 2 expe um estudo referente a um recorte do material utilizado
pelos alunos no 3 bimestre do segundo ano e seu desempenho2 na avaliao
Saerjinho, no mesmo perodo. E aborda a anlise do resultado apresentado pela
pesquisa de campo, de cunho avaliativo, realizada por meio de questionrio fechado
aplicado aos alunos que em 2013 cursavam o terceiro ano do Ensino Mdio. Dos
108 alunos matriculados, 96 participaram do estudo. Este questionrio foi elaborado
com dez questes afirmativas nas quais os alunos deveriam dizer, na escala de
Likert,3 desde discordo totalmente at concordo totalmente.
No captulo trs, trago uma proposta de interveno a partir do Plano de
Atendimento Educacional, com aes que almejam propor provveis solues para
as dificuldades encontradas na implementao do Projeto Reforo Escolar durante a
exposio deste estudo.
2 Disponvel no link: http://www.saerjinho.caedufjf.net/diagnostica/
3 Mtodo utilizado para construo de uma escala de atitudes.
17
1. O PROJETO REFORO ESCOLAR E SEU CONTEXTO
Neste captulo abordo o momento histrico anterior implementao do
Projeto Reforo Escolar, ocorrida no ano de 2012, contextualizando a rede estadual
de educao no que se refere ao Programa Sucesso Escolar. Tambm descrevo o
ponto do plano estratgico da atual Secretaria de Educao do Estado do Rio de
Janeiro que diz respeito ao Projeto Reforo Escolar, desenhando um perfil do Ensino
Mdio das escolas pblicas estaduais do Rio de Janeiro. Aps traar o cenrio
poltico iniciam-se os estudos referentes ao Projeto Reforo Escolar, pontuando-se o
histrico de sua implementao. O captulo finalizado com o estudo da escola, o
municpio em que est inserida a Diretoria Regional da qual ela faz parte e a viso
dos atores envolvidos na implementao e elaborao do Projeto Reforo Escolar.
1.1 Contextualizao da Rede Estadual do Rio de Janeiro
O Estado do Rio de Janeiro vem, desde o ano de 2000, apresentando queda
em sua taxa de aprovao no Ensino Mdio - que era de 66,7 % em 2000 caindo ao
longo dos anos at chegar em 2011 com 59,4 %. Consequentemente, houve um
aumento na taxa de reprovao, que era de 13,6 % em 2000 chegando a 26 % em
20114.
De 2000 at 2011, o estado teve uma queda na taxa de aprovao de 7,3
pontos percentuais, de acordo com os dados do INEP (Instituto Nacional de Estudos
e Pesquisas Educacionais). J com relao taxa de reprovao, seu aumento foi
mais expressivo, com o acrscimo de 12,6 pontos percentuais de 2000 a 20115. A
preocupao com a queda da taxa de aprovao resultou em polticas pblicas que
buscavam melhorar o desempenho acadmico do aluno, relacionando a isto a
formao continuada do professor.
4Dados disponveis em:
. Acesso em 20 de julho de 2013. 5 Idem ao 4.
18
O Estado do Rio Janeiro, em 2011, apresentou uma matrcula inicial de
alunos do Ensino Mdio de 609.6806 mil, sendo que a Rede Estadual de Educao
do Rio de Janeiro atendeu 407.8897 mil alunos, enquanto os 201.791 mil restantes
estavam nas redes federal, municipal e privada. Um dado importante que, segundo
o Censo Escolar (Inep) 8, 52% dos alunos da Rede Estadual esto em distoro
idade-srie. O dado reflete a realidade nacional quando diz respeito ao Ensino
Mdio. O Censo Escolar de 2011 apontou uma taxa de reprovao de 13,1%%,
enquanto a do estado chegou a 26%, de acordo com os dados do INEP.
J com relao ao IDEB, o Rio de Janeiro apresentou uma melhora
significativa neste segmento do ensino, saindo da 26 posio em 2009 para a 15
em 2011. De acordo com os dados do portal do IDEB,9 mesmo com esta evoluo
no resultado, em 2011, a cada 100 alunos 27 foram reprovados.
Isto pode ser um indcio do reflexo da cultura da reprovao existente nas
escolas que ainda mantm uma viso pedaggica tradicional. Moll (2012) 10
defendem a ideia de que no adianta apenas criar polticas para combater a
reprovao, mas sim estimular a aprendizagem de fato dos alunos. Para que isto
ocorra de fato importante intensificar a recuperao dos contedos aplicados e
no apenas das notas dos alunos.
O alto ndice de distoro idade-srie citado no primeiro pargrafo refora o
impacto negativo do quantitativo elevado de alunos retidos, principalmente na
primeira srie do Ensino Mdio, de acordo com dados da Superintendncia de
Gesto da Rede do Estado. E uma ao tomada pela SEEDUC-RJ para buscar a
queda da taxa de reprovao e aumentar o desempenho acadmico dos alunos foi a
implementao do Projeto Reforo Escolar, que tem seu pblico-alvo nos alunos
com baixo desempenho nas avaliaes externas do estado descrevo tais
avaliaes, de maneira breve, no tpico a seguir.
6 MATRCULA. Disponvel em:< http://www.todospelaeducacao.org.br/educacao-no-brasil/numeros-
do-brasil/dados-por-estado/rio-de-janeiro/>. Acesso em 05/20/2014. 7 Dados fornecidos pela Superintendncia de Planejamento e Interao de Redes
8 Inep. Disponvel em: . Acesso em
05/02/2014. 9 Fonte: http://www.portalideb.com.br/estado/119-rio-de-janeiro/ideb?etapa=EM&rede=estadual
10 ENSINO MDIO REPROVADO. Disponvel em: <
http://revistaescolapublica.uol.com.br/textos/28/ensino-medio-reprovado-267452-1.asp>. Acesso em 22 de julho de 2013.
19
1.1.1 As avaliaes externas no Rio de Janeiro
O Programa Nova Escola (PNE) 11foi utilizado no Rio de Janeiro para medir o
desempenho dos alunos e adotava a mesma escala de proficincia do SAEB
(Sistema de Avaliao da Educao Bsica), assim como seu sucessor, o Saerj
(Sistema de Avaliao Externa do Rio de Janeiro), que substituiu o PNE. O PNE
passou por vrias reformulaes e podemos dizer que foi um ensaio para o que
vivenciamos atualmente no campo das avaliaes externas no Estado do Rio de
Janeiro.
O Saerj uma avaliao externa censitria, aplicada anualmente e em larga
escala, do desempenho dos alunos que produz um diagnstico da realidade
educacional do Estado, com consequentes desdobramentos regionais e por
unidades escolares. Tal avaliao permite ao Governo Estadual a formulao,
monitoramento e reformulao das Polticas Pblicas Educacionais. aplicada aos
alunos do 5 e 9 ano do Ensino Fundamental e 3 srie do Ensino Mdio, Educao
de Jovens e Adultos, Ensino Mdio Integrado e Curso Normal e mdulo IV do
Programa Autonomia.
Em 2009, o Estado do Rio de Janeiro foi o vigsimo sexto colocado no SAEB
de acordo com o INEP. A partir da o governo traou metas a fim de desenvolver o
desempenho acadmico dos alunos. Outra medida adotada pela SEEDUC-RJ foi o
incio, em abril de 2011, do Saerjinho, um sistema de avaliao externa bimestral do
processo de ensino-aprendizagem nas escolas. uma avaliao diagnstica que
possibilita SEEDUC e aos professores tomar conhecimento, com maior rapidez, do
nvel de aprendizado dos alunos e em que reas eles tm mais dificuldades, para
que possam planejar aes corretivas imediatas e alcanar as metas estabelecidas
para cada unidade escolar.
O Saerjinho pretende mensurar o nvel de aprendizado dos estudantes, onde
ocorrem as maiores dificuldades, dando oportunidade para a SEEDUC analisar
estes dados e mostrar aos professores onde devem acontecer as intervenes e
mudanas nos planejamentos. Dessa forma, possvel estabelecer medidas de
correo para auxiliar as unidades escolares no alcance das metas propostas pela
SEEDUC para cada escola. uma avaliao externa, em larga escala, aplicada nos
11
Avaliao em larga escala.
20
trs primeiros bimestres de cada ano letivo. De acordo com a SEEDUC-RJ: A partir
do resultado do Saerjinho so realizadas aes como: Reforo Escolar, Formao
Continuada, Material Pedaggico especfico, entre outras 12. Entre essas medidas,
a partir dos resultados apresentados no SAERJ, pode-se endossar a elaborao do
projeto Reforo Escolar, que mais bem explicado no prximo tpico.
O ponto que marca a relao entre a avaliao externa (Saerjinho) e o Projeto
Reforo Escolar que, a partir das habilidades apontadas como menos
compreendidas pelos alunos, elaborado o material a ser utilizado nas aulas. . E
para esclarecer a origem do projeto, passaremos no prximo subttulo a tratar do
antecessor do Reforo Escolar.
1.1.2 Programa Sucesso Escolar
Em janeiro de 2000, foi implementado no Estado do Rio de Janeiro o
Programa Nova Escola (PNE). Este programa tinha por objetivo avaliar as escolas
em trs pontos: gesto, desempenho e eficcia escolar. A partir desta avaliao, o
governo teria parmetros para a criao de polticas pblicas que melhorassem os
ndices educacionais do Rio de Janeiro.
O desempenho escolar dos alunos das escolas estaduais do Rio de Janeiro,
j nesta poca, era medido por uma prova que aferia as competncias e habilidades
dos alunos. A eficcia escolar era verificada pela aprovao, reprovao e
abandono. Essas taxas de rendimento apontam o ndice de Fluxo Escolar e a gesto
era avaliada pela realizao, nos prazos estabelecidos pelo programa, da entrega
dos resultados obtidos na escola, conforme afirma Costa13 (2008, p. 1). Tanto o
desempenho quanto o fluxo escolar eram considerados, a fim de desenvolver
projetos e programas que auxiliassem as escolas a realizar o processo ensino-
aprendizagem de maneira eficaz.
Para alm de avaliar o desempenho acadmico dos alunos, o PNE era
utilizado para nortear as polticas que aspiravam melhorar a qualidade do ensino
ofertado. Por este motivo, para dar suporte s escolas com baixo desempenho a
12
SEEDUC-RJ. Disponvel em: . Acesso em 09/09/2013. 13
PROGRAMA NOVA ESCOLA: UMA ANLISE DE SEUS IMPACTOS CURRICULARES Disponvel em: . Acesso em 21 de julho de 2013.
21
SEE criou, em 2004, o Programa Sucesso Escolar, antecessor do Projeto Reforo
Escolar existente hoje. O Sucesso Escolar foi implementado em parceria com a
Fundao Darcy Ribeiro (FUNDAR). De acordo com Mendona (2006, p. 134): os
pilares do Programa so a formao continuada do professor, reestruturao
curricular e aulas extras de reforo escolar de Lngua Portuguesa e Matemtica para
os alunos.
Mendona (2006, p. 136) afirma que, no primeiro ano de implementao, o
Sucesso Escolar acontecia aos sbados e este fato fez com que muitos alunos no
frequentassem as aulas. Foi por este motivo que, em 2005, as aulas passaram a
acontecer no contra turno. Ainda segundo Mendona (2008, p. 137):
Outra alterao que dinamizou ainda mais o Sucesso Escolar foi ter focado as aulas de reforo no contedo sobre o qual o aluno tinha dvida, poupando seu tempo para se dedicar a outros pontos da matria. Em 2004, o que ocorria era que o estudante com dificuldade em um determinado ponto especfico acabava por assistir a todas as aulas de reforo. Com essas alteraes no programa, o aluno pode ser encaminhado recuperao mais de uma vez, sempre que sentir dificuldades. Para permitir essa mobilidade, foi criada uma ficha para o aluno. A cada vez que encaminhado ao programa, ele recebe do seu professor a ficha, contendo informaes sobre as dificuldades dele em um determinado assunto. Essa providncia, na realidade, uma espcie de compromisso, pois ele deve entregar o documento assinado ao professor, assim que retorna da aula de reforo.
Conforme a descrio de Mendona (2008) existia uma preocupao em
atender a um maior nmero de alunos em sistema de rodzio, porque o estudante
podia frequentar as aulas sempre que sentisse dificuldade em um determinado
contedo. O professor listava as dificuldades e o monitor devolvia a ficha com os
avanos do aluno. Outro ponto discutido no Sucesso Escolar foi o currculo
ministrado. Tal discusso acabou apontando para a necessidade de reformul-lo.
A atualizao do currculo surgiu, em 2005, a partir de uma parceria com a
Universidade Federal do Rio de Janeiro dentro do Programa Sucesso Escolar, que
buscava uma melhor adequao entre a teoria e a prtica. Esta nova proposta de
currculo era elaborada por professores da rede que passavam por oficinas de
formao continuada, visando escrita da proposta de Reorientao Curricular para
todas as reas de conhecimento.
O Programa Sucesso Escolar tinha tambm questes a serem melhoradas,
porque os professores que trabalhavam nele no tinham uma formao especfica
22
para o material utilizado e no havia o acompanhamento semanal por parte do rgo
central. Na verdade, as visitas tinham cunho de fiscalizao e no pretendiam, em
muitos casos, levar assistncia para escola e para o professor. Professores e
diretores no aceitavam fazer parte do Programa, alegando ter uma boa proficincia
apresentada pelos alunos na avaliao do PNE, alm de no abrirem mo da cultura
da reprovao. Maggie (2006, p.23) afirma que:
O Programa Sucesso Escolar parece no ter conseguido romper essa lgica. As aulas reproduziam aulas regulares e os alunos continuaram a ser avaliados a partir desses mesmos parmetros. Como uma espcie de liquidificador que ao triturar retira as propriedades fsicas dos alimentos, a escola tritura os programas implantados dando a eles uma feio que est sempre voltada para reforar o mito de que eles no tm jeito de que eles no querem nada. O Sucesso Escolar foi mais um dado que parece ter comprovado a regra.
A dinmica empregada no Programa Sucesso Escolar no obteve o resultado
esperado, uma vez que na realidade era uma continuidade da metodologia aplicada
em sala de aula, conforme afirmou Maggie (2006). As aulas eram ministradas por
monitores que, em sua maioria, ainda no haviam concludo o ensino superior e no
recebiam capacitao para atuar com prticas pedaggicas diversificadas. A partir
destas consideraes, o presente trabalho passa a descrever o Projeto Reforo
Escolar, seu foco principal de estudo.
1.1.3 O Projeto Reforo Escolar como ferramenta do Plano Estratgico do Estado do Rio de Janeiro
A meta estabelecida, em 2011, pelo plano estratgico da Secretaria de
Educao do Rio de Janeiro universalizar o ensino levando o estado a estar entre
os melhores do Brasil em relao ao desempenho apresentado por seus alunos,
desempenho este medido pelo ndice de Desenvolvimento da Educao Bsica
(IDEB). Este desafio foi lanado pelo Governador do Estado em seu discurso de
23
posse em 2011 e est registrado no livro lanado em 2012 com o Plano Estratgico
do Governo do Rio de Janeiro de 2012 a 203114.
Desde o ano de 2011, a Secretaria de Educao do Estado do Rio de Janeiro
(SEEDUC-RJ) colocou em prtica um Plano Estratgico de Governo e, dentre as
aes deste documento, foi apresentado o Projeto Reforo Escolar em parceria com
a Fundao Centro de Cincias e Educao Superior a Distncia do Estado do Rio
de Janeiro (Cecierj).
O Plano Estratgico do Governo do Estado do Rio de Janeiro est em
consonncia com o que vem sendo planejado no pas e - almejando atender a meta
3 do Plano Decenal de Educao 2011-2020que universalizar, at 2016, o
atendimento escolar para toda a populao de 15 a 17 anos e elevar, at 2020, a
taxa lquida de matrculas no Ensino Mdio para 85%, nesta faixa etria 15. A
SEEDUC-RJ, observando a estratgia 3.2 do mesmo plano, que se dispe a
fornecer acompanhamento individualizado ao estudante com rendimento escolar
defasado (...) de forma a reposicion-lo no ciclo escolar (...) 16, instituiu o Projeto
Reforo Escolar/Fundao Centro de Cincias e Educao Superior Distncia do
Estado do Rio de Janeiro (CECIERJ).
O Projeto estudado tem como objetivo estratgico aperfeioar a qualidade da
educao ofertada pelo estado, promovendo aes, informaes e indicaes
adicionais que passam a ser um conjunto de situaes-meio para que a escola
cumpra sua atividade-fim, que o processo ensino-aprendizagem, proporcionando
conhecimentos bsicos aos alunos conforme o descrito abaixo:
A SEEDUC em parceria com a Fundao CECIERJ visando priorizar aes qualitativas na educao, tendo como foco as necessidades de Letramento em Leitura e Escrita e Letramento Matemtico para os alunos da 1 e 2 sries do Ensino Mdio Regular das escolas que apresentaram padres de desempenho baixo e intermedirio nas avaliaes diagnsticas realizadas pela Secretaria de Estado de Educao em 2011.17
14
PLANO ESTRATGICO. Disponvel em: . Acesso em: 21 de julho de 2013. 15
ANPEd. Por um Plano Nacional de Educao (2011-2020) como poltica de. Estado. Rio de. Janeiro: ANPED, 2011. 16
ANPEd. Por um Plano Nacional de Educao (2011-2020) como poltica de. Estado. Rio de. Janeiro: ANPED, 2011. 17
Projeto Reforo Escolar 2012Disponvel em:< http://www.rj.gov.br/web/seeduc/exibeconteudo?article-id=909407>. Acesso em: 10 jan. 2013.
24
A Secretaria de Educao acredita que para elevar o desempenho acadmico
dos alunos importante focar na aprendizagem e principalmente oferecer a estes
um atendimento em grupos menores para que suas dificuldades apresentadas
durante o horrio normal da aula possam ser sanadas. Mas sabemos que essa no
uma misso fcil, porque apesar de ser oferecido ao aluno material pedaggico
preparado com base no Currculo Mnimo do estado, com atividades dinmicas e
professores capacitados para ministrar as aulas, preciso que o educando faa a
adeso ao projeto e participe efetivamente das aulas. de fundamental importncia
tambm que este material atenda as necessidades reais do aluno, que muitas vezes
no desenvolve determinada habilidade por no ter as competncias anteriores
necessrias ao seu crescimento.
O reforo escolar uma ferramenta que auxilia no processo ensino-
aprendizagem como afirma Vasconcellos (2002, p. 109):
A fundamentao epistemolgica da recuperao est no reconhecimento de que o conhecimento no sujeito no se d de uma vez (de primeira.) e s ouvindo, mas por aproximaes sucessivas e num processo ativo, de interao (com o objeto, com os outros sujeitos e com a realidade); assim, aquilo que eventualmente o aluno no captou numa abordagem inicial do contedo, poder faz-lo numa outra; h necessidade, simultaneamente, de novas iniciativas e de um tempo de espera: o respeito ao ser em desenvolvimento.18
O que Vasconcellos defende um direito garantido pelo aluno a partir do
Artigo 24 da LDB 9394/96: Nos termos da lei, a verificao do rendimento escolar
deve ser contnua e cumulativa, e a recuperao deve dar-se, de preferncia,
paralelamente ao perodo letivo. Desta forma, preciso levar em considerao o
tempo de aprendizado do aluno e fornecer a este, meios para alcance da
proficincia esperada para o perodo de estudo.
Desta forma, fica explcito que a implementao do Projeto Reforo Escolar
tem como princpio garantir o aprendizado ao aluno e trabalhar as habilidades no
desenvolvidas no perodo regular de estudo. Mas no necessariamente isso
acontecer na prtica, pois, segundo Bourdieu (1998, p.74), O rendimento escolar
da ao escolar depende do capital cultural previamente investido pela famlia. Ou
seja, as vivncias do aluno no ambiente familiar tambm exercero influncia sobre
18
VASCONCELLOS, C. S. Avaliao da Aprendizagem:Prticas de Mudana por uma prxis transformadora. So Paulo: Libertad, 2002.
25
seu universo escolar. Observando a parte prtica da implementao, houve
inicialmente, conforme a SEEDUC-RJ, uma prvia seleo dos alunos pelo Sistema
Conexo Educao para obter o nome e o ano de escolaridade daqueles com
desempenho baixo e intermedirio. Com estes dados em mos, a parceria foi
firmada com a Fundao CECIERJ19.
Foram selecionadas 49 escolas da Diretoria Regional Metropolitana I para
participar desta nova proposta de reforo escolar, na qual os alunos estudam no
contra turno com material pedaggico prprio e tm aulas com professores que
participam de formao continuada sobre a metodologia com tutores da Fundao
CECIERJ, de acordo com o exposto no site da SEEDUC-RJ. 20
Os parmetros utilizados para seleo dos alunos, portanto, foram: estar
matriculados em unidades escolares que possuam turmas do projeto Reforo
Escolar, ter o seu desempenho no Saerjinho entre baixo e intermedirio e ter
disponibilidade de assistir s aulas no contra turno por duas horas semanais. J os
professores foram selecionados de acordo com sua disponibilidade, tendo como um
dos pr-requisitos ser professor estatutrio, ou seja, professor efetivo com matrcula
pertencente Secretaria de Educao do Rio de Janeiro. De acordo com o site
oficial da SEEDUC-RJ, os critrios de elegibilidade do professor para atuar no
projeto Reforo Escolar so:
Podem se inscrever para o Projeto Reforo Escolar Os professores de Lngua Portuguesa e Matemtica na Rede Estadual de Educao; Os professores excedentes de Lngua Portuguesa e Matemtica da Rede Estadual de Ensino; Os professores excedentes, habilitados em Lngua Portuguesa e matemtica. Os professores (que ainda no foram habilitados no Sistema Conexo Educao) devero comparecer Regional munido da documentao necessria, para que a Inspeo Escolar o habilite em Lngua Portuguesa e matemtica, aps verificao da documentao; Os professores excedentes de disciplinas de ingresso que NO apresentam carncia no Municpio de Lotao, de acordo com o parecer da Coordenao de Gesto de Pessoas da Regional; Os professores de Lngua Portuguesa e Matemtica na Rede Estadual de Educao.21
19
Projeto Reforo Escolar 2012Disponvel em:< http://www.rj.gov.br/web/seeduc/exibeconteudo?article-id=909407>. Acesso em: 10 jan. 2013. 20
Projeto Reforo Escolar 2012Disponvel em:< http://www.rj.gov.br/web/seeduc/exibeconteudo?article-id=909407>. Acesso em: 10 jan. 2013. 21
REFORO ESCOLAR. Disponvel em: . Acesso em: 01 de Nov. de 2013.
26
Todos esses critrios na seleo dos professores eram para garantir em
primeiro lugar que estas aulas fossem ministradas por profissionais preparados para
atuar nas disciplinas do projeto e para resguardar que as disciplinas no horrio de
aula regular no ficassem com carncia de professor.
Os diretores de escola tinham um papel importante nesta implementao,
visto que de acordo com o site da SEEDUC-RJ eram de sua responsabilidade
divulgar o projeto na unidade escolar para professores e alunos, selecionar os
alunos que fariam parte das turmas, indicar os professores para habilitao e
ampliao de carga horria feita pelo coordenador de ensino, e alocao no quadro
de horrio no sistema conexo educao, feita pelo diretor aps a liberao do
coordenador de gesto de pessoas, assim como sensibilizar os alunos para efetiva
participao nas aulas.
As turmas foram criadas no sistema conexo nas escolas selecionadas
seguindo o critrio exposto no site da SEEDUC-RJ:
Quanto alocao das aulas, acontecer da seguinte forma: 1 srie 04 tempos de aulas (02 tempos para cada disciplina) no contra turno em dois dias semanais. 2 srie 04 tempos de aula semanais (02 tempos dentro do horrio da turma para uma disciplina e 02 tempos no contra turno para a outra disciplina). A escolha da disciplina ficar a cargo da Direo ou disponibilidade do professor.
A distribuio das turmas do projeto reforo escolar ocorreu desta forma
porque a matriz do primeiro ano do Ensino Mdio fechada, com 30 tempos de
aulas semanais, o que no permitia que os alunos estudassem no projeto no mesmo
turno. J no segundo ano do Ensino Mdio, houve esta possibilidade em uma turma,
por sua matriz curricular ter, em 2012, 28 tempos de aula.
O projeto Reforo Escolar atua em trs frentes interligadas: o material didtico
elaborado especificamente para atender as necessidades dos alunos com baixo
desempenho nas avaliaes externas, com dinmicas de Lngua Portuguesa e
Matemtica e com durao prevista para os cem minutos de aulas semanais de
cada disciplina, formao de professores para utilizao da metodologia do projeto,
e a estrutura organizada para acompanhamento da implementao, conforme
27
exposto no manual do projeto disponvel no site da SEEDUC-RJ. Ainda segundo
este manual:
O contedo foi construdo a partir das habilidades apontadas como no desenvolvidas ou em desenvolvimento, segundo os resultados das avaliaes diagnsticas da SEEDUC, referentes s sries contempladas para o programa. Tomamos como norteadores os contedos do Currculo Mnimo, seguindo sua temporalidade, e buscamos as habilidades avaliadas pelo SAERJINHO e as avaliaes que constituem pr-requisitos para esses contedos.
A equipe de elaborao das dinmicas do projeto Reforo Escolar composta
por professores da Rede Estadual ou universitrios que atuam como bolsistas na
Fundao CECIERJ. Este material elaborado pela fundao, impresso pela
Imprensa Oficial do Estado e entregue nas Diretorias Regionais para distribuio
para as unidades escolares participantes do projeto. Existem dois cadernos, o do
aluno, que segue o fluxo descrito acima, e o do professor, que entregue na
formao e conta com as orientaes para o docente aplicar o material em sala de
aula.
A formao oferecida pelo projeto Reforo Escolar ocorre de forma presencial
e distncia. A cada encontro mensal, ocorrido aos sbados, os professores
permanecem durante oito horas, recebendo instrues dos tutores bolsistas da
Fundao CECIERJ e do continuidade deste encontro por meio da plataforma. Nos
fruns, os professores so convidados a descrever como aconteceu a aplicao das
dinmicas com seus alunos, promovendo desta forma a troca de experincias.
Um ponto que no podemos deixar de colocar que nem sempre o projeto
idealizado, mesmo cercado de cuidados para que atinja o seu objetivo, consegue
atingi-lo na totalidade, porque existe resistncia por parte dos alunos em aderir ao
Reforo Escolar e a frequentar suas aulas.
Finalizo aqui o relato referente ao projeto Reforo Escolar e passo para o
prximo ponto, descrevendo a realidade da Diretoria Regional Metropolitana I que
est inserida na estrutura da Secretaria de Educao. Essas diretorias fazem a
mediao entre o rgo central e a escola, a fim de acompanhar mais de perto a
implementao de seus projetos e programas. Como o foco do meu estudo uma
escola que pertence Diretoria Regional onde atuo, passo a partir do prximo tpico
a detalhar sua estrutura e funcionamento.
28
1.2 A Diretoria Regional Pedaggica Metropolitana I (DRPMI)
No ano de 2012, o resultado do nvel de proficincia desta regional em Lngua
Portuguesa no terceiro ano foi de 257,9, ficando no padro de desempenho
intermedirio, mas houve uma queda deste ndice em relao a 2011, quando o
resultado foi de 260,1. Embora continue no mesmo padro intermedirio de
desempenho, a regional teve uma queda de 0,8%, ou seja, retrocedeu em relao a
2011. J na disciplina Matemtica, a queda foi um pouco maior, passando de 263,2
em 2011 para 259,6 em 2012 retrocedendo, portanto, em 1,3% e mantendo-se no
padro de desempenho baixo. importante ressaltar que o projeto Reforo Escolar
foi implementado no ano de 2012 nesta regional apenas nas turmas de 1 e 2 ano
do Ensino Mdio. O foco da presente pesquisa est no segundo ano do Ensino
Mdio para estudar o impacto do projeto na melhoria do aprendizado dos alunos. O
exposto pode ser melhor analisado na tabela 1:
Tabela 1 Resultados da DRPMI
PROFICINCIA 2011- PADRO22
DE
DESEMPENHO
2012 - PADRO
DE DESEMPENHO
PERCENTUAL
LNGUA
PORTUGUESA
260,1-
INTERMEDIRIO
257,9 -
INTERMEDIRIO
-0,8%
MATEMTICA 263,2 - BAIXO 259,6 - BAIXO -1,3%
Fonte: Elaborao prpria com dados da SEEDUC-RJ.
A Diretoria Regional Pedaggica Metropolitana I tem a seguinte estrutura
organizacional: uma Diretora Regional Pedaggica e trs coordenadoras: Ensino,
Avaliao e Acompanhamento Escolar e Gesto e Integrao das Redes. Seis
articuladoras de Projetos e Programas, uma articuladora do Programa Autonomia,
uma RAF que acompanha a infrequncia escolar, quatro membros de equipe, sete
agentes executivos e trs tcnicos de informtica.
22
PADRO DE DESEMPENHO. Os padres de desempenho estudantil so balizadores dos diferentes graus de realizao educacional alcanados pela escola. Por meio deles possvel analisar a distncia de aprendizagem entre o percentual de estudantes que se encontra nos nveis mais altos de desempenho e aqueles que esto nos nveis mais baixos. Sendo eles, baixo, intermedirio, adequado e avanado. O que se espera que o maior nmero de alunos, ao final de cada modalidade, esteja no padro de desempenho adequado. Disponvel em: . Acesso em 04 de Abril de 2014.
29
Esta Diretoria Regional abrange os municpios de Japeri, Queimados e Nova
Iguau. Conta atualmente com 87 unidades escolares que possuem o segmento
Ensino Mdio. Todas as escolas do municpio de Japeri ofertam o Ensino Mdio,
sendo que uma delas tem o Curso Normal, uma o Programa Ensino Mdio Inovador
e o CE Almirante Tamandar, que oferta em sistemas concomitantes e
subsequentes o curso tcnico em administrao e o curso tcnico em contabilidade.
O pblico-alvo para atendimento nas turmas do Projeto Reforo Escolar so
os alunos da 1 e 2 sries do Ensino Mdio diurno das 439 Unidades Escolares
com desempenhos baixo e intermedirio, de acordo com as Avaliaes Diagnsticas
do SAERJINHO 2011. Na DRPMI foram selecionadas 49 escolas, sendo que destas
cinco estavam localizadas no municpio de Japeri.
Com o intuito de observar a implementao do Projeto Reforo Escolar, inicio
com informaes referentes ao municpio no qual est localizada a unidade escolar
a ser estudada. Japeri um municpio atendido pela DRPMI com IDH 0,724 (RJ:
78) mdio de acordo com dados do PNUD/200023.
Por conta desse baixo IDH, muitos so os projetos e programas tanto no
mbito estadual quanto no federal que vm auxiliar o municpio, tais como: Renda
Melhor24, Renda Melhor Jovem25, Programa Mais Educao26, Ensino Mdio
Inovador27, entre outros.
Diante desta realidade apresentada, foi selecionada uma unidade escolar
para aprofundar os estudos referentes ao projeto Reforo Escolar, que descrita a
seguir.
23
IDH JAPERI. Disponvel em: Acesso em 08 de maro de 2013. 24
parte integrante do Plano de Erradicao da Pobreza Extrema no Rio de Janeiro e tem como objetivo assistir com benefcio financeiro as famlias que so integrantes do Programa Bolsa Famlia, do Governo Federal. Disponvel em: . Acesso em: 23 de Nov. de 2013. 25
O Renda Melhor Jovem uma poupana-escola anual, destinada aos jovens integrantes de famlias beneficiadas pelo Programa Bolsa Famlia, Renda Melhor e o Carto Famlia Carioca, que sejam matriculados na Rede Regular de Ensino Mdio Estadual at 18 anos incompletos. Disponvel em: < http://www.rj.gov.br/web/seeduc/exibeconteudo?article-id=1381569>. Acesso em: 23 de Nov. de 2013. 26
Estratgia do Ministrio da Educao para induzir a ampliao da jornada escolar e a organizao curricular na perspectiva da Educao Integral. Disponvel em: . Acesso em: 23 de Nov. de 2013. 27
Integra as aes do Plano de Desenvolvimento da Educao PDE, como estratgia do Governo Federal para induzir a reestruturao dos currculos do Ensino Mdio. Disponvel em: . Acesso em: 23 de Nov. de 2013.
30
1.2.1 A unidade escolar CE Almirante Tamandar (CEAT)
No ano de 2011, a unidade escolar tinha cinco turmas do primeiro ano do
Ensino Mdio com um total de 153 alunos. Ao final do terceiro bimestre, foi realizada
uma grande ao da SEEDUC-RJ com objetivo de orientar as unidades escolares a
realizarem aes corretivas a fim de melhorar o fluxo das escolas.
Conforme o manual com orientaes para a realizao do Pr Conselho28 de
2011:
A finalidade do Conselho Preventivo, aps anlise dos resultados pedaggicos, a de intervir em tempo hbil no processo ensino-aprendizagem, oportunizando ao aluno formas diferenciadas de apropriar-se dos contedos curriculares estabelecidos tendo, consequentemente, impacto nos seus resultados do bimestre e ano letivo, evitando a reprovao. (...) Definir estratgias com base nas discusses e anlises dos profissionais da educao para recuperao ainda no bimestre dos alunos que apresentaram baixo desempenho escolar (foco no aproveitamento do bimestre).
Naquele momento, foi identificada a necessidade de acompanhar mais de
perto as unidades escolares, para que estas colocassem em prtica aes que
buscassem atender as dificuldades encontradas pelos alunos. Outro importante
objetivo destas reunies pedaggicas era reforar nas unidades escolares a prtica
da recuperao paralela, prevista em 2011 na Portaria SEEDUC/SUGEN n 174 de
26 de agosto de 2011:
Art. 5- Os estudos de recuperao paralela so de obrigatrio oferecimento sempre que o aluno apresentar dificuldades no processo de aprendizagem, durante cada bimestre, sendo registrada pelo professor no dirio de classe ou outro instrumento indicado pela SEEDUC. 2- No processo de recuperao paralela da aprendizagem, a cada instrumento de avaliao utilizado, o aluno ser reavaliado e, somente quando constatado seu progresso, dever ocorrer respectiva mudana do resultado.
Nesta ao, a SEEDUC tinha o papel de orientar a ao e acompanhar sua
implementao, intervindo caso fosse necessrio. A DRPMI, na figura das
28
Manual elaborado pela SEEDUC-RJ em 2011.
31
coordenadoras pedaggicas, consolidava os dados enviados pelas escolas e
organizava as reunies que ocorreram nas 20 escolas selecionadas, entre elas o
CEAT. Os critrios para escolha das escolas foram:
O Conselho Preventivo ser aplicado, prioritariamente nas escolas que apresentam maior lacuna em relao ao resultado geral da Regional de aprovao. (...) Foram considerados tambm para essa priorizao, os anos de ensino que apresentam os desempenhos mais baixos na rede estadual. No Ensino Fundamental II so: 6 e 7 ano e no Ensino Mdio so: 1 e 2 ano.29
Cada escola recebeu um arquivo que deveria ser preenchido e devolvido
DRPMI antes da reunio pedaggica, os dados solicitados no arquivo eram: nome
do aluno, turma, srie, somatrio de notas at o terceiro bimestre, matria e o
professor deveria pontuar como o aluno era com relao frequncia, participao e
disciplina, alm de destacar os pontos positivos e negativos do aluno.
A Coordenadora de Ensino foi a responsvel da regional designada para
acompanhar esta escola e recebeu um arquivo com dados dos alunos possveis
reprovados em todas as disciplinas, mas neste estudo s houve destaque para as
disciplinas de Lngua Portuguesa e Matemtica. Com os professores de todas as
disciplinas reunidos, os dados foram apresentados e discutidos quais as melhores
aes que a escola poderia desenvolver para recuperar o contedo no aprendido
por esses alunos, j que a recuperao paralela prevista pela Portaria n 174 no foi
aplicada devidamente30. possvel detectar que 20,3% dos alunos em Matemtica e
15% dos alunos em Lngua Portuguesa encontravam-se nesta situao de possvel
reprovao. Ao final da reunio, ficou decidido que seriam implementadas duas
aes descritas no quadro1:
Quadro 1 Plano de Ao da Unidade Escolar
29
Manual elaborado pela SEEDUC-RJ em 2011. 30
De acordo com dados da Superintendncia da Gesto de Rede.
AO RESPONSVEL PELA AO
PROCEDIMENTO
32
Fonte: Arquivo entregue a DRPMI aps a reunio.
As aes descritas no Quadro 1 tinham por objetivo oportunizar ao aluno a
recuperao dos contedos no apreendidos at aquele momento. A unidade
escolar, desta forma, buscou sanar as lacunas existentes no aprendizado dos alunos
a fim de minimizar o impacto na taxa de reprovao.
Podemos considerar que esta ao trouxe melhorias para os resultados da
unidade escolar, pois, ao final do Conselho de Classe Final, de acordo com os
dados do sistema conexo, a unidade escolar teve 13,7% dos alunos do primeiro
ano do Ensino Mdio reprovados por nota em Matemtica e 9,2 % dos alunos do
primeiro ano do Ensino Mdio reprovados por nota. Com uma queda considervel do
nmero provvel apresentado no terceiro bimestre, como podemos observar na
tabela 2:
Tabela 2 Resultados do CEAT
RESULTADOS 1 ANO DO EM MANH
Colunas1 Colunas2 Colunas3
CEAT 2011 3 BIMESTRE 4 BIMESTRE DIFERENA
PROVVEIS REPROVADOS
REPROVADOS POR NOTA
LNGUA PORTUGUESA 15% 9,2% -5,8%
1. Implementar sistema de monitoria de alunos de melhor desempenho sobre os alunos de maiores dificuldades por disciplina.
COORDENADORA PEDAGGICA
1.1 Selecionando os alunos de melhor desempenho por disciplina 1.2 Formando dupla fixa entre alunos monitores e alunos de dificuldades durante todas as aulas subsequentes por disciplina 1.3 Auxiliando os alunos com dificuldades atravs do monitor 1.4 Avaliando os alunos da turma e verificando os avanos na aprendizagem durante as aulas 1.5 Premiando em at 2,0 pontos os monitores que conseguirem ajudar na elevao do desempenho do colega com dificuldade
2. Implementar exerccios de reforo de contedos do bimestre, aps levantamento de alunos possveis de reprovao por disciplina
COORDENADORA PEDAGGICA
1.1 Levantando alunos com possibilidades de reprovao por disciplina 1.2 Selecionando questes de contedos do bimestre para reforo por disciplina 1.3 Montando exerccios de reforo do bimestre por disciplina 1.4 Aplicando exerccios de reforo sobre contedos do bimestre por disciplina
33
MATEMTICA 20,3% 13,7% -6,6%
Fonte: SISTEMA CONEXO EDUCAO
Na tabela 2 podemos observar, a partir dos percentuais de reprovao final
em Matemtica e em Lngua Portuguesa, um nmero elevado de alunos em
defasagem de contedos e este pblico que no ano seguinte, 2012, teve a
oportunidade de participar das aulas do projeto Reforo Escolar.
Mas, apesar da aparente melhora no resultado apresentado pela unidade
escolar, aps as aes determinadas pelo conselho preventivo, o CEAT continuava
apresentando um alto ndice de alunos com desempenho baixo nas avaliaes
externas e, devido a este quadro, dando continuidade ao acompanhamento da
unidade escolar pela SEEDUC, ocorreu a indicao da unidade escolar para a
implementao do Projeto Reforo Escolar.31
A coordenao de ensino ficou responsvel por repassar todas as
informaes para a direo da unidade, assim como por orientar a alocao dos
professores nas turmas. Inicialmente, esta unidade teve implementada duas turmas
de Lngua Portuguesa, uma de primeiro ano do Ensino Mdio e outra do segundo
ano de Ensino Mdio, e uma de primeiro ano do Ensino Mdio de Matemtica.
A turma do segundo ano foi selecionada para o estudo mais aprofundado,
uma vez que os alunos j haviam sido estudados na ao realizada em 2011. A
escolha dos professores foi difcil, j que esta unidade teve a turma otimizada pelo
processo de terminalidade do curso tcnico e, desta forma, os professores que
estavam com carga horria livre32 foram alocados nas turmas do Projeto Reforo
Escolar. Foi preciso todo um processo de convencimento para que estes
concordassem em participar; a resistncia foi grande, mas decidiram ficar para no
ter que completar a carga horria em outra unidade escolar33.
No ano de 2012, a unidade contava com uma coordenadora do projeto,
professora que tambm se encontrava com carga horria livre e atuou dando
suporte aos professores em sala de aula. Realizava ainda aes simples, como a
retirada do material da regional para entregar aos professores, e era responsvel,
31
Projeto Reforo Escolar 2012Disponvel em:< http://www.rj.gov.br/web/seeduc/exibeconteudo?article-id=909407>. Acesso em: 10 jan. 2013. 32
Dados da Coordenao de Gesto de Pessoas da Diretoria Regional Metropolitana I. 33
De acordo com a Coordenao de Ensino da Diretoria Regional Metropolitana I.
34
juntamente com a equipe diretiva, por selecionar os alunos que fariam parte do
projeto e pela divulgao deste para os pais e a comunidade escolar.34
Como foi possvel perceber na listagem que consta nos arquivos da unidade
escolar, inicialmente as turmas estavam fora do padro determinado pela SEEDUC,
(20 alunos), uma vez que a escola precisou de um tempo para se ajustar. A turma
de segundo ano possua uma relao com 50 alunos oriundos das cinco turmas do
turno da manh da escola. Ela funcionava todas as teras-feiras, no horrio de
13h40min s 14h40min. Outro ponto que foi corrigido posteriormente, uma vez que o
horrio correto seria de dois tempos de 50 minutos. O acompanhamento das turmas
no incio da implementao foi precrio, por no termos, na regional, membros que
pudessem realizar visitas constantes s turmas do Projeto Reforo Escolar. Tais
turmas eram acompanhadas por meio do retorno dos professores na capacitao e
das diretoras e coordenadora do projeto nas reunies que ocorreram na regional.
A unidade escolar em pauta encontra-se localizada numa regio cujo
panorama de desigualdade social e cultural deixa os jovens desprovidos de
oportunidades, carentes de perspectivas de crescimento pessoal. Conforme coloca
Arroyo (2012, p.5):
Sabem por que os nossos alunos no querem saber de nossas lies? No porque no querem aprender. No porque os professores no so bons. No porque a lio no maravilhosa. Sabem por qu? Porque quando se negam os direitos humanos mais elementares, o conhecimento perde o sentido.
Na busca por minimizar estes fatores externos, a equipe diretiva da unidade
tem uma grande preocupao em atuar neste contexto desenvolvendo na escola
projetos que melhorem as condies de futuro destes alunos.
Esta instituio de ensino foi selecionada como locus de estudo por ser uma
escola que possibilitaria um melhor entendimento nas fases de implementao do
Reforo Escolar, entre as nove unidades escolares de Japeri. A escola apresentou,
em 2012, a proficincia em Lngua Portuguesa dos alunos do 3 ano do Ensino
Mdio de 267,2. Mesmo estando no mesmo padro de desempenho da regional
(intermedirio), notamos a elevao da proficincia. O mesmo ocorre em
Matemtica, pois o resultado apresentado pela escola foi 267,8, mantendo o padro
34
De acordo com a Coordenao de Ensino da Diretoria Regional Metropolitana I.
35
de desempenho baixo. Conforme informaes da Superintendncia de Avaliao da
SEEDUC-RJ,35 o objetivo a ser alcanado que a maioria dos alunos esteja no nvel
adequado na escala de proficincia ao concluir o Ensino Mdio. Ainda existe muito
trabalho a fazer com estes jovens, principalmente com relao ao ensino da
Matemtica, no qual a maioria encontra-se no nvel baixo da escala de proficincia,
ou seja, concluem a educao bsica sabendo o mnimo da matriz de referncia que
um recorte da matriz curricular.
Ao pesquisar o projeto poltico pedaggico da unidade escolar, destacamos
as seguintes informaes:
Atualmente o Colgio administrado por duas diretoras que pautam como meta uma gesto democrtica onde a escola seja um espao no qual os alunos adquiram compreenso do seu mundo e de seu tempo, a escola incentiva aos jovens a pensar e refletir. So apoiados por professores comprometidos com o saber e o saber fazer. Os alunos so estimulados ainda ao desenvolvimento de competncias e habilidades que os permitam intervir na sua realidade para transform-la e torn-los cidados crticos. (PPP, 2012-2013)
Ainda neste documento destacamos:
O CEAT visa a uma proposta dentro de uma perspectiva democrtica e participativa fundamentando-se em princpios ticos e morais de igualdade e qualidade, onde o importante ser a liberdade de expresso num processo de formao contnua oferecendo suporte para uma viso scio-interacionista da produo do conhecimento, capaz de levar o educando a se transformar num cidado crtico e consciente dos seus deveres e direitos. (PPP, 2012-2013)
Desta forma, diante da realidade oferecida pelo municpio, a unidade escolar
pretende mediar e facilitar a incluso social oportunizando novas formas de
autoconhecimento e buscando preparar o aluno para os desafios fora dos muros da
escola.
O Colgio Estadual Almirante Tamandar oferta as seguintes Modalidades de
Ensino: Anos Finas do 2 Segmento do Ensino Fundamental em fase de
terminalidade e Ensino Mdio e Curso Tcnico em Administrao e Contabilidade
tambm em processo de extino, todas nos turnos da Manh, Tarde e Noite. As
turmas tm em mdia 35 alunos. A equipe diretiva composta de uma diretora geral
35
SEEDUC. Disponvel em: . Acesso em 09/09/2013.
36
e uma adjunta, uma coordenadora pedaggica e uma secretria. Entre professores e
funcionrios, a escola possui, segundo fontes do censo 2011, 69 profissionais.
A escola equipada com Datashow, impressora, DVD, 20 computadores para
uso dos alunos e 17 para fins administrativos. O colgio tem 10 salas de aula, uma
sala de direo, uma sala dos professores, uma secretaria, um laboratrio de
informtica, uma biblioteca, uma sala de coordenao pedaggica e uma sala
Multiarte.
Ao analisar o grfico dos resultados alcanados pela escola no ndice de
Desenvolvimento Educacional do Rio de Janeiro (IDERJ) 36, em 2011 e 2012 houve
uma evoluo, mesmo que em determinados momentos no tenham chegado
meta proposta.
Em 2011, a escola apresentou os seguintes resultados37 a cada bimestre: 1,3
no 1 bimestre; 1,5 no 2 bimestre e 1,9 no 3 bimestre. Em 2012, os ndices subiram
e a escola obteve 2,4 no 1 bimestre, 2,3 no 2 bimestre e 2,4 no 3 bimestre. Os
resultados vm melhorando bimestre a bimestre, ano a ano, apesar da queda no 2
bimestre de 2012. Essa crescente ocorre tanto no resultado quanto nas metas
propostas, o que leva a escola em alguns momentos a no conseguir alcanar todas
as metas propostas. O acompanhamento dos resultados obtidos pelo Colgio
Estadual Almirante Tamandar nos aponta uma melhora, mas ainda existe um longo
caminho pela frente, j que o desempenho da maioria dos alunos ainda est no nvel
intermedirio na escala de proficincia de Lngua Portuguesa e baixo na disciplina
de Matemtica.
No Colgio Estadual Almirante Tamandar, os alunos do 2. ano do Ensino
Mdio foram selecionados de acordo com os parmetros estabelecidos pelo projeto.
Estudantes com desempenho baixo e intermedirio foram convidados a aderir s
classes de reforo, j que estas aulas no so obrigatrias. Os discentes
interessados tiveram seus pais ou responsveis convocados unidade escolar para
apresentao do projeto e explicao da ampliao de sua permanncia na escola,
36
O IDERJ o ndice de qualidade escolar que almeja fornecer um diagnstico da escola, em uma escala de 0,0 (zero) a 10,0 (dez), calculado a partir da multiplicao do Indicador de Fluxo Escolar (IF) pelo Indicador de Desempenho (ID). O mesmo avalia a qualidade do aprendizado do ciclo escolar, bem como o tempo necessrio para assimilar o contedo proposto. Disponvel em:. Acesso em 20 de agosto de 2013. 37
Diretoria de Gesto Estratgica da Rede de Ensino SEEDUC/RJ
37
mas, ao analisar os registros da unidade escolar, foi detectada uma baixa frequncia
nas aulas do projeto Reforo Escolar.
O que leva os estudantes a esta infrequncia? As aulas no contra turno? A
metodologia utilizada no projeto? O no reconhecimento da dificuldade de
aprendizado nas disciplinas de Lngua Portuguesa e Matemtica? O material
pedaggico utilizado nas aulas?
Outro fator a ser considerado ao estudar as aulas do projeto ministradas
nesta escola a grande presena de jovens que vislumbram a possibilidade de
acessar a universidade e prestar os exames do ENEM. um ponto curioso, j que o
pblico-alvo a ser atendido so os alunos com baixo desempenho, que necessitam
atingir as proficincias necessrias para a concluso do curso. Estamos, portanto,
diante de outro problema nesta implementao: o pblico-alvo no est sendo
alcanado. Desta forma, o problema que se destaca, no primeiro ano de
implementao, a baixa adeso ao projeto dos alunos com fraco desempenho.
No prximo captulo ser apresentada a anlise dos resultados obtidos com a
pesquisa de campo, a partir da aplicao do questionrio, e a pesquisa realizada
atravs do recorte de um perodo - o terceiro bimestre de 2012 - no material
pedaggico, alm dos dados do Saerjinho no mesmo perodo.
2. ANLISE DO PROJETO REFORO ESCOLAR NO COLGIO ESTADUAL
ALMIRANTE TAMANDAR
38
A educao um direito garantido pela Constituio Federal de 1988 que em
seu captulo III, seo I, Art. 205:
A educao, direito de todos e dever do Estado e da famlia, ser promovida e incentivada com a colaborao da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exerccio da cidadania e sua qualificao para o trabalho.
A Lei Magma deixa claro que todo aluno tem o direito a aprender. Desta
forma, no basta estar na escola, preciso promover o ensino que leve o educando
ao aprendizado de fato. Segundo Melchior (1998, p. 22):
A criana tem obrigao de vencer na vida, de dominar obstculos e desvantagens, dever da sociedade oferecer um sistema escolar que assegure o xito de sua clientela. Observa-se, no entanto, que a escola no est ensinando o aluno a conseguir e manter uma identidade de sucesso.
Considerando a posio da autora, ressaltamos a importncia de o estado se
ocupar com um Sistema de Ensino eficaz que proporcione ao alunado aprender de
forma contextualizada e integrada. Em 1990, a Lei 8069, conhecida como o Estatuto
de Criana e do Adolescente, reafirma o que estava previsto na Constituio Federal
de 1988, quando em seu Art. 53 faz as mesmas consideraes. J a Lei de
Diretrizes Bsicas 9394/96 volta a afirmar o que foi descrito em 1988 no Art. 205 da
Constituio Federal e vai alm, pois determina em seu Art.22 A educao bsica
tem por finalidades desenvolver o educando, assegurar-lhe a formao comum
indispensvel para o exerccio da cidadania e fornecer-lhe meios para progredir no
trabalho e em estudos posteriores. E no Art. 24 garante ao educando uma carga
horria mnima anual de 800 horas, dividida em 200 dias letivos de prtica
pedaggica efetiva, e ainda garante ao aluno o direito de obrigatoriedade de estudos
de recuperao, de preferncia paralelos ao perodo letivo, para os casos de baixo
rendimento escolar, a serem disciplinados pelas instituies de ensino em seus
regimentos. Outro ponto garantido pela LDB 9493/96 o cumprimento de um
currculo que garanta a base nacional comum.
39
Mas todo esse direito garantido por Lei desde 1988 no assegura que o
aprendizado vai ocorrer e que o aluno ter um avano em seu desempenho
acadmico, visto que existem outras variveis que fazem parte do cotidiano escolar.
Conforme Weisz (2011, p.34): Na verdade, o conhecimento se constri
frequentemente por caminhos diferentes daqueles que o ensino supe. preciso
considerar o contexto social onde o aluno est inserido e as necessidades bsicas
do ser humano, para se pensar em polticas pblicas que levem o Estado a cumprir
o que determina a Lei. De acordo com Macedo (2007, 28):
A escola, hoje, uma substituio sobrecarregada, que acumula funes socioculturais outrora mais bem repartidas: nas ruas, nas vizinhanas, nos quintais de nossas casas, na igreja, na praa. Muitas coisas que antes fazamos e aprendamos nesses lugares agora so feitas na escola. Hoje, os professores convivem com as crianas por mais tempo e mais intensamente do que os pais.
O autor descreve a realidade encontrada atualmente, na qual a escola est
assumindo um papel que no seu e encontrando dificuldades de efetivamente
proporcionar ao educando o ensino real. neste contexto que nasce o projeto
Reforo Escolar, uma tentativa do Estado de se fazer cumprir o que est previsto em
Lei desde 1988 com a promulgao da Constituio Federal.
A presente dissertao se iniciou com a descrio do contexto educacional do
Estado do Rio de Janeiro a partir do ano de 2004 com foco, principalmente, nas
intervenes polticas ocorridas a partir de 2011 com a implementao do projeto
Reforo Escolar. A pergunta que permeia o trabalho refere-se falta de adeso dos
alunos ao Projeto e como reverter tal situao de modo a aumentar a participao
destes nas aulas de Reforo Escolar, para que tenham seus desempenhos
acadmicos elevados - uma vez ser este o objetivo do Projeto.
Assim, no decorrer do captulo 2, analiso esta questo por meio dos dados
coletados na unidade escolar selecionada e no referencial terico para compreender
a no adeso ao Projeto e para pensar em aes futuras que fomentem o aumento
desta participao.
Inicio o prximo tpico com esclarecimentos sobre o processo de
acompanhamento da implementao de uma poltica pblica, baseando-se nos
40
seguintes autores: Atkinson (1989), Heidemann (2013), Draibe (2001), Feick (1992)
e Weiss (1995).
Para a anlise terica dialogo com os autores: Lino de Macedo, que discute
questes referentes prtica pedaggica do professor e ser importante para
compreender a metodologia proposta no Projeto; Telma Weisz, uma vez que
trabalha com a questo do ensino-aprendizagem, muito importante para discutirmos
o aprendizado proporcionado durante as aulas do Reforo Escolar; Celso
Vasconcellos que refora as questes referentes prtica pedaggica e a forma de
aplicar a recuperao de estudos; Melchior, que trata do sucesso escolar como
fundamental para compreender a questo dos ajustes a serem feitos no Projeto
Reforo Escolar, alvo da minha pesquisa; Luckesi, pois o conceito que utiliza sobre
avaliao nos direciona sobre as bases do projeto estudado; E, finalmente, Pierre
Bourdieu, apresentado por Maria Alice Nogueira e Cludio Martins Nogueira, que
colocam pontos de reflexo sobre o capital cultural que o aluno traz e orienta o
presente trabalho no processo de reflexo sobre os ajustes a serem feitos no
projeto.
A prxima seo desta dissertao de pesquisa apresenta o resultado dos
dois instrumentos utilizados para coleta de dados, a pesquisa realizada no material
pedaggico do projeto e em sites oficiais e as informaes advindas das respostas
dos alunos no questionrio.
2.1. Anlise dos dados apresentados no material pedaggico
Sobre a implementao de um projeto que pretende sanar dificuldades
detectadas pelo governo, Atkinson38afirma que (1989, p. 114):
O pressuposto central da maioria das abordagens contemporneas implementao poltica de que esse estgio do processo poltico moldado por fatores polticos relacionados capacidade do Estado de enfrentar os problemas especficos e a complexidade do subsistema com o qual ele tem que lidar.
A avaliao do processo de implementao um fator importante e por este
motivo que neste captulo sero feitas colocaes com relao s respostas dadas
38
In: Heidemann, FG. Poltica Pblica Seus ciclos e subsistemas. Uma abordagem integral. Rio de Janeiro: Elsevier, 2013.
41
pelos alunos do terceiro ano do Ensino Mdio do turno da manh do CEAT, visto
que estes alunos so os que estudaram na unidade escolar em 2012, justamente no
perodo de implementao do projeto Reforo Escolar nesta unidade escolar.
Conforme Heidemann (2013, p.199):
A avaliao de polticas tem sido em termos preponderantes, o campo daqueles que veem essa verificao ou apurao como um exerccio neutro, tcnico, para determinar o sucesso (ou insucesso) dos esforos envidados pelos governos para resolver problemas polticos.
Confirmando esta fala referente importncia da avaliao da implementao
de uma poltica pblica, aqui neste caso o projeto Reforo Escolar, Feick39 (1992, p.
207) diz que:
fundamental para avaliao de polticas que ela tenha impacto na efetuao da mudana poltica. Afinal de contas, o propsito implcito dessa avaliao mudar a poltica, caso se julgue necessrio assim proceder em consequncia da realizao de uma reviso.
Desde o incio deste trabalho, o foco est na avaliao do processo de
implementao, para ainda nesta etapa, a partir dos possveis pontos negativos,
oferecer aes de melhoria. Este ponto destacado pelos autores citados acima.
Mencionar os estudos destes sobre a avaliao de processo importante
para justificar a pesquisa. Eles falam da avaliao de processo como sendo o
acompanhamento das pequenas etapas realizadas durante a implementao, a fim
de introduzir pequenos ajustes, melhorando desta forma o resultado final. Acerca
deste tema, Weiss (1995, p. 77) afirma que avaliaes de processo ajudam o
programa a entender o que ele tem feito e de que modo, e nos levam a refletir sobre
como ele poderia aprimorar suas operaes. J Draibe (2001, p.30) destaca que
buscam identificar os fatores facilitadores e os obstculos que operam ao longo das
implementaes e que condicionam, positiva ou negativamente, o cumprimento das
metas e objetivos. Enquanto Heidemann (2013, p. 208) pontua que as avaliaes de
42
processo examinam os mtodos organizacionais, incluindo as regras e
procedimentos operacionais, usados para a execuo dos programas.
Seguindo estas afirmaes, ser esclarecido como foi realizada a coleta de
dados para anlise da eficcia do Projeto Reforo Escolar. Num primeiro momento,
foi determinado um recorte no material pedaggico utilizado nas aulas. Os dados
selecionados foram do 3 bimestre do 2 ano do Ensino Mdio. Na figura 1
poderemos observar o esquema de desenvolvimento das dinmicas das aulas do
projeto que constam no material pedaggico.
Figura 1 Esquema das Aulas do projeto Reforo Escolar Matemtica
A Figura 1 apresenta o desenvolvimento da aula, que foi utilizada para
trabalhar a habilidade H-04 Identificar propriedades comuns e diferenas entre
poliedros e corpos redondos. Durante a aula os alunos so estimulados a trabalhar
em conjunto com os colegas de classe, trocando experincias e formulando
hipteses.
Deste recorte, foram destacadas as habilidades trabalhadas nos exerccios
propostos no material pedaggico aplicado aos alunos e realizado uma comparao
com as habilidades a serem trabalhadas no Currculo Mnimo da SEEDUC-RJ para
43
Lngua Portuguesa e Matemtica no mesmo perodo. O fato que fica claro, ao
observar o Quadro 2, que o material pedaggico utilizado nas aulas do Projeto
Reforo Escolar est em consonncia com o Currculo Mnimo.
Quadro 2 Comparao entre as habilidades trabalhadas no material pedaggico e Currculo Mnimo
no perodo correspondente em Matemtica
HABILIDADES TRABALHADAS EM
MATEMTICA NA 2 SRIE DO EM - 3
BIMESTRE
HABILIDADES CORRESPONDENTES DO
CURRCULO MNIMO EM MATEMTICA NA 2
SRIE DO EM - 3 BIMESTRE H04 Identificar propriedades comuns
e diferenas entre poliedros e corpos redondos.
Reconhecer e nomear pirmides e cones.
H30 - Resolver problema, envolvendo a rea total e/ou volume de um slido
(prisma, pirmide, cilindro, cone, esfera).
Resolver problemas, envolvendo o clculo de rea lateral e rea total de
pirmides e cones. Reconhecer e nomear pirmides e cones.
H31 - Resolver problema, envolvendo noes de volume
Resolver problemas, envolvendo o clculo de rea lateral e rea total de
pirmides e cones. Reconhecer e nomear pirmides e cones.
Fonte: Material Pedaggico do Projeto Reforo Escolar
Nas regras de elaborao das dinmicas est estabelecido que elas devem
atender as habilidades no atingidas pelos alunos na avaliao externa (Saerjinho).
No ano de 2012, at o terceiro bimestre, as habilidades que foram avaliadas e que
os alunos apresentaram maior dificuldade consistem em: relacionar diferentes
poliedros ou corpos redondos com suas planificaes; identificar a relao entre o
nmero de vrtices, faces e/ou arestas de poliedros expressa em um problema;
resolver problema que envolva porcentagem; resolver problemas envolvendo a
medida da rea total e/ou lateral de um slido (prisma, pirmide, cilindro, cone,
esfera); resolver problemas envolvendo P.A./P.G., dada a frmula do termo geral
e/ou a soma dos termos; identificar a expresso algbrica que expressa uma
regularidade observada em sequncias de nmeros ou figuras (padres); resolver
problemas envolvendo juros simples ou compostos; efetuar operaes utilizando as
propriedades operatrias do logaritmo; resolver problemas envolvendo a funo
logartmica.
44
Se compararmos as habilidades do material pedaggico de Matemtica do 3
bimestre e todas as habilidades que foram avaliadas no Saerjinho, nas quais os
alunos apresentaram dificuldades, s identificamos o reforo especfico, em uma,
que se encontra destacada no pargrafo anterior. Aqui est posto um problema na
implementao do Projeto Reforo Escolar que precisa ser repensado, pois de
acordo com Weisz (2011, p.51): Ningum conseguir aprender alguma coisa se no
tiver como reconhecer aquilo como algo apreensvel. O aluno precisa se identificar
com o material pedaggico utilizado para ter vontade de assistir s aulas.
Observamos uma incompatibilidade, portanto, no material que objetiva auxiliar os
alunos em suas dificuldades e o diagnstico de quais so estas deficincias. Com
estes indcios, j temos uma proposta de ao para ser apresentada no plano de
atendimento educacional que ser a reviso do material, para que este retorne sua
ideia inicial de trabalhar com as dificuldades apontadas pelo Saerjinho.
Vasconcellos (1994, p.34) pontua que:
A questo central no a dos contedos escolares, mas da necessria mediao que estes contedos devem fazer, no sentido de remeter o sujeito para a compreenso da realidade (ter condies de apreender o movimento do real para nele intervir); isto o que importa; os contedos escolares devem ser uma mediao para isto, e no um fim em si mesmos, como ocorre amide.
Vasconcellos aponta que preciso acontecer na escola a mediao dos
conhecimentos. O aluno precisa reconhecer o contedo escolar como algo real. E o
autor complementa: A proposta de trabalho do professor dever ser significativa
para o educando, sendo esta uma condio para elaborao do conhecimento.
(Vasconcellos 1994, p.51).
De certo, o aluno participa bimestralmente de uma avaliao diagnstica
(Saerjinho) e para Luckesi (2005, p.43): Um diagnstico um conhecimento que
adquirimos por meio de dados que qualificamos e, por isso, nos permite uma
deciso e uma interveno. Temos ento os dados para trabalhar as dificuldades
dos alunos e estes no esto sendo utilizados de forma eficaz na elaborao das
dinmicas.
Conforme Macedo (2007, p.131):
45
Os alunos veem sentido nas tarefas que lhes propomos? Hoje, o grande desafio do cotidiano da escola propor tarefas significativas para os alunos e professores. Desenvolver o ensino e a aprendizagem em um contexto de projeto educacional pode ajudar a resgatar esse significado.
E este desafio apontado por Macedo (2007) no diferente do proposto pelo
Projeto Reforo Escolar. importante que os alunos adiram s aulas do projeto,
para que este cumpra seu objetivo de auxiliar o aluno a melhorar seu desempenho
acadmico.
Na disciplina de Lngua Portuguesa, o quadro no diferente no exposto em
Matemtica, conforme as informaes no Quadro 3. As habilidades observadas nas
dinmicas correspondem ao que foi determinado no perodo no Currculo Mnimo.
Quadro 3 Comparao entre as habilidades trabalhadas no material pedaggico e Currculo Mnimo
no perodo correspondente em Lngua Portuguesa
HABILIDADES TRABALHADAS EM LNGUA
PORTUGUESA NA 2 SRIE DO EM - 3
BIMESTRE
HABILIDADES CORRESPONDENTES DO
CURRCULO MNIMO EM LNGUA
PORTUGUESA NA 2 SRIE DO EM - 3
BIMESTRE H20 Diferenciar as partes principais das secundrias em um texto.
Identificar e empregar mecanismos de coeso referencial e sequencial.
H11 Reconhecer os modos de organizao das diferentes tipologias textuais (Descrio e Narrao)
Identificar os recursos expressivos do gnero textual cano, reconhecendo sua relao com a poesia e a msica
H22 Identificar a tese de um texto. Diferenciar tese, argumentos e contra-argumentos para a estruturao e defesa do ponto de vista.
H24 Estabelecer relaes de concordncia nominal e verbal.
Reconhecer os termos integrantes da orao.
Fonte: Material Pedaggico do Projeto Reforo Escolar
As habilidades destacadas no quadro 3, so trabalhadas nos exerccios
apresentados de acordo com o esquema da Figura 2, onde demonstrado toda a
estrutura da aula, inclusive pontuando para o professor o tempo que dever ser
disponibilizado para cada momento da aula. E nos mostra que em cada atividade
46
proposta ao aluno este ser convidado a falar e a ouvir seus colegas de classe. Na
dinmica em questo, o aluno foi convidado a identificar a tese do texto aps um
debate e discusso em grupo para resoluo do exerccio proposto.
Figura 2 Esquema das Aulas do projeto Reforo Escolar Lngua Portuguesa
Como podemos observar na Figura 2, para trabalhar a habilidade desta
dinmica, H-22 Identificar a tese de um texto, em um primeiro momento o professor
contextualiza o tema que ser tratado. Aps esta breve introduo os alunos entram
em contato com os textos, sendo eles de diversos gneros textuais, mas todos com
o mesmo tema. Depois do estudo e debate dos textos sobre o tema sustentabilidade
os alunos divididos em grupos resolvem os exerccios propostos. Para finalizar este
momento o professor, prope aos representantes dos grupos que exponham suas
opinies e finalmente cada aluno resolve individualmente uma questo do Saerj que
aborde a habilidade estudada na dinmica.
Abaixo esto relacionadas s habilidades que foram verificadas no Saerjinho
em 2012, no qual os alunos tiveram mais problemas em resolver as seguintes
questes: inferir o sentido de uma palavra ou expresso; identificar o tema de um
texto; distinguir um fato da opinio relativa a esse fato; distinguir um fato da opinio
relativa a esse fato; localizar informaes explcitas em um texto; inferir uma
informao implcita em um texto; identificar a finalidade de textos de diferentes
gneros; identificar o gnero de diversos textos; relacionar caractersticas do texto
47
tradio literria em que se inscreve e/ou ao contexto social; reconhecer diferentes
formas de tratar uma informao na comparao de textos que tratam do mesmo
tema, em funo das condies em que ele foi produzido e daquelas em que ser
recebido; reconhecer posies distintas entre duas ou mais opinies relativas ao
mesmo fato ou ao mesmo tema; estabelecer relaes entre partes de um texto,
identificando repeties ou substituies que contribuem para a continuidade de um
texto; identificar a tese de um texto; estabelecer relaes lgico-discursivas
presentes no texto, marcadas por conjunes, advrbios etc.; reconhecer o efeito de
sentido decorrente do uso da pontuao e de outras notaes; reconhecer o efeito
de sentido decorrente da escolha de uma determinada palavra ou expresso;
reconhecer o efeito de sentido decorrente da explorao de recursos ortogrficos
e/ou morfossintticos; reconhecer efeitos provocados pelo emprego de recursos
estilsticos; identificar as marcas lingusticas que evidenciam o locutor e o
interlocutor de um texto; identificar o conflito gerador do enredo e os elementos que
constroem os textos narrativos; estabelecer relao causa/consequncia entre
partes e elementos do texto.
Diante de tantas habilidades no desenvolvidas pelos alunos somente uma foi
trabalhada no material pedaggico do Projeto Reforo Escolar, que se encontra em
negrito na listagem. Constatamos que ser necessrio a reformulao do material
pedaggico apresentado ao aluno, mas este ser um ponto para o terceiro captulo
deste estudo.
No caso da disciplina de Lngua Portuguesa, ocorre um agravante, pois so
notrias as dificuldades apresentadas pelos alunos que esto cursando o segundo
ano do Ensino Mdio, pela quantidade de itens com habilidades bsicas a esta
modalidade de ensino que os alunos no conseguem responder de forma correta.
Exemplo disto a habilidade Estabelecer relaes entre partes de um texto,
identificando repeties ou substituies que contribuem para a sua continuidade.,
que obteve apenas 21,79%40 de acerto pelos alunos do CEAT que realizaram a
prova no 3 bimestre de 2012.
Para Vasconcellos (1994, p.41): todo ser humano capaz de aprender e
ainda de acordo com o autor (1994, p.41) a atividade de recuperao de estudos se
apresenta como uma nova oportunidade de aprendizagem (Idem, p.41). Portanto,
40
D
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