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UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA
BRUNO DE CARVALHO DORNELAS
BIOBANCO DO SERVIÇO DE PATOLOGIA
DO HOSPITAL DE CLÍNICAS
DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA:
PROTOCOLO DE DESENVOLVIMENTO
Uberlândia, MG 2016
BRUNO DE CARVALHO DORNELAS
BIOBANCO DO SERVIÇO DE PATOLOGIA
DO HOSPITAL DE CLÍNICAS
DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA:
PROTOCOLO DE DESENVOLVIMENTO
Dissertação apresentada ao Curso de Pós-graduação em Ciências da Saúde, Mestrado Profissional associado à Residência em Sa-úde, Universidade Federal de Uberlândia, conforme previsto no Edital PPCSA/FAMED n°. 003/2013.
Orientadora: Profa. Dra. Ana Cristina Araújo Lemos da Silva Coorientadora: Profa. Dra. Tânia Machado de Alcântara
Uberlândia, MG 2016
FOLHA DE APROVAÇÃO
Dornelas, Bruno de Carvalho
Biobanco do Serviço de Patologia do Hospital de Clínicas da Universidade Federal
de Uberlândia: Protocolo de Desenvolvimento.
Dissertação apresentada ao Curso de Pós-graduação em Ciências da Saúde, Mestrado Profissional associado à Residência em Sa-úde, Universidade Federal de Uberlândia, conforme previsto no Edital PPCSA/FAMED n°. 003/2013.
Aprovado em: 28/07/2016
Banca Examinadora:
Profa. Dra. Ana Cristina Araújo Lemos da Silva
Instituição: Universidade Federal de Uberlândia
Assinatura:__________________________________________________________
Prof. Dr. Adriano Mota Loyola
Instituição: Universidade Federal de Uberlândia
Assinatura:__________________________________________________________
Profa. Dra. Adilha Misson Rua Micheletti
Instituição: Universidade Federal de Uberaba
Assinatura:__________________________________________________________
Dedico este trabalho primeiramente a Deus, pela saúde, fé e perseverança que tem
me dado.
A meu pai, pelo esforço de educar seus filhos e pelas primeiras lições de ética.
À minha esposa, por sua serenidade e companheirismo em todos os obstáculos da
vida.
AGRADECIMENTO
A Deus, pela força e proteção.
À professora, Dra. Ana Cristina Araújo Lemos da Silva, pelo incentivo e ajuda
na orientação desta pesquisa.
À professora, Dra. Tânia Machado de Alcântara, pelo estímulo e ensinamen-
tos de um novo ofício.
Ao professor, Dr. Sérgio Vitorino Cardoso, pelo apoio e pelas observações na
dissertação.
A todos que, direta e indiretamente, colaboraram para a realização deste tra-
balho.
Aos amigos e colegas, Dra. Aparecida Helena Baldo, Dr. Arnaldo Moreira Sil-
va, Ignez Candelori, Adriana de Oliveira Silva.
Às funcionarias da secretaria pela acolhida, orientações e ajuda em todos os
momentos.
“A educação faz um povo fácil de ser liderado, mas difícil de ser dirigido; fácil
de ser governado, mas impossível de ser escravizado.”
Henry Peter
RESUMO
INTRODUÇÃO: O trabalho aborda os aspecto éticos e jurídicos dos biobancos, vi-sando esclarecer que a interação harmônica entre o plano assistencial e de pesqui-sa é possível. OBJETIVO: Discutir sobre a implementação de biobancos para as ati-vidades de pesquisa segundo a legislação brasileira vigente. METODOLOGIA: Uma força-tarefa foi formada na Universidade Federal de Uberlândia para propor o proto-colo de desenvolvimento para credenciamento de seu arquivo com base em norma-tivas nacionais e internacionais. RESULTADOS: A implementação do Biobanco está em execução. CONCLUSÃO: A integração entre o plano assistencial e de pesquisa é possível e necessária. Palavra chave: Biobanco. Material biológico humano. Ética em pesquisa.
ABSTRACT
INTRODUCTION: The study approaches the ethical and legal aspects of biobanks, aiming to establish a harmonic and possible interaction between the caring and re-searching spheres. OBJECTIVE: The study aims to discuss on the implementation of biobanks for research activities under current Brazilian law. METHODS: A task force was formed at the Federal University of Uberlândia to propose the development of protocol for accreditation of its collection based on national and international stand-ards. RESULTS: The implementation of the Biobank is running. CONCLUSION: The integration between care and research is possible and necessary. Keywords: Biobank. Human biological material. Ethical in research.
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
FIGURA 1 - RELAÇÃO ENTRE O TIPO DE BIOBANCO, O BIOMARCADOR E O DESENVOLVIMENTO
DA DOENÇA. ................................................................................................................ 19
TABELA 1 - BIOBANCOS VERSUS BIORREPOSITÓRIOS: DIFERENÇAS CONCEITUAIS. ............. 20
FIGURA 2 - CICLO INTERATIVO DE COLABORAÇÃO INTERDISCIPLINAR. ............................... 23
TABELA 2 - BIÓPSIAS VERSUS PEÇAS CIRÚRGICAS: DIFERENÇAS CONCEITUAIS. ................. 26
FIGURA 3 - FLUXOGRAMA PARA O CREDENCIAMENTO DE BIOBANCO. ................................. 28
TABELA 3 - QUANTIDADE E MÉDIA DE EXAMES REALIZADOS PELO LAPAT NOS ÚLTIMOS
CINCO ANOS ................................................................................................................ 30
FIGURA 4 - RELAÇÕES ENTRE O LAPAT E A GRADUAÇÃO E A PÓS-GRADUAÇÃO. ............... 33
FIGURA 5 - ATORES NA ELABORAÇÃO DO PROTOCOLO DE DESENVOLVIMENTO PRA
CREDENCIAMENTO DO BIOBANCO DO SERVIÇO DE PATOLOGIA DO HOSPITAL DE CLÍNICAS DA
UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA. ..................................................................... 42
LISTA DE ACRÔNIMOS
ADN: Ácido desoxirribonucleico
AFIP: Armed Force Institute of Pathology
ANVISA: Agência Nacional de Vigilância Sanitária
ARN: Ácido ribonucleico
BBMRIP: European Biological and Biomolecular Research Infrastructure
CCB: Código Civil Brasileiro
CDC: Código de Defesa do Consumidor
CEP: Comitê de Ética em Pesquisa
CFM: Conselho Federal de Medicina
CONEP: Comissão Nacional de Ética em Pesquisa
CNS: Conselho Nacional de Saúde
ELSA: Estudo Longitudinal de Saúde do Adulto
EUA: Estados Unidos da América
FAEFI: Faculdade de Educação Física e Fiosioterapia da Universidade Federal de
Uberlândia
FAMED: Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Uberlândia
HE: Hematoxilina e eosina
INCA: Instituto Nacional do Câncer José Alencar Gomes da Silva
INMGEN: Instituto Nacional de Medicina Genómica
LAPAT: Serviço de Patologia do Hospital de Clínicas da Universidade Federal de
Uberlândia
MEC: Ministério da Educação
MS: Ministério da Saúde
NGS2: Nível de garantia de segurança 2
OECD: Organisation for Economic Cooperation and Development
OPAS: Organização Pan-Americana da Saúde
OMS: Organização Mundial da Saúde
PAAF: Punção aspirativa por agulha fina
POP: Procedimentos operacionais padrão
PGCS: Pós-graduação em Ciências da Saúde
PROPP: Pró-reitora de Pesquisa e Pós-Graduação
RM: Residência Médica
SBC: Sociedade Brasileira de Citopatologia
SBP: Sociedade Brasileira de Patologia
SIH: Sistema Intrahospitalar do Hospital de Clínicas da Universidade Federal de
Uberlândia
TALE: Termo de Assentimento Livre e Esclarecido
TCLE: Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
UFU: Universidade Federal de Uberlândia
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 12
1.1 Apresentação da temática ................................................................................ 13
1.2 Biobanco: conceitos fundamentais ................................................................. 14
1.2.1 Biobanco: no mundo e no Brasil ....................................................................... 15
1.2.2 Biobanco: no mundo ........................................................................................ 15
1.2.3 Biobanco: países de alta renda ........................................................................ 15
1.2.4 Biobanco: países de baixa e média renda ........................................................ 16
1.2.5 Biobanco: no Brasil........................................................................................... 17
1.2.6 Biobanco: variedades ....................................................................................... 17
1.2.7 Biobanco versus biorrepositórios ..................................................................... 19
1.2.8 Biobanco: contextualização .............................................................................. 21
1.2.9 Biobanco: o papel do médico patologista ......................................................... 22
1.3 Material biológico humano: conceitos fundamentais .................................... 24
1.3.1 Material biológico humano: células .................................................................. 24
1.3.1.1 Líquidos orgânicos ........................................................................................ 25
1.3.2 Material biológico humano: tecidos .................................................................. 25
1.3.2.1 Peças cirúrgicas ............................................................................................ 26
1.3.2.2 Peças de necropsia ....................................................................................... 26
1.4 Protocolo de Desenvolvimento para credenciamento de Biobanco:
conceitos fundamentais ......................................................................................... 27
1.5 Pesquisa com material biológico humano: conceitos fundamentais ........... 29
1.5.1 Projeto de pesquisa .......................................................................................... 29
1.5.2 Participante da pesquisa .................................................................................. 29
1.6 O Serviço de Patologia do Hospital de Clínicas da Universidade Federal de
Uberlândia ................................................................................................................ 30
1.6.1 LAPAT: assistência diagnóstica em patologia .................................................. 30
1.6.2 Arquivo: lâminas, blocos de parafina, requisições e laudos anatomopatológicos
.................................................................................................................................. 30
1.6.2.1 Arquivo: descarte do material ........................................................................ 32
2 OBJETIVOS ........................................................................................................... 34
2.1 Objetivo geral ...................................................................................................... 41
2.1 Objetivos específicos .......................................................................................... 41
3 JUSTIFICATIVA………………………………………………………………………….36
4 HIPÓTESE………………………………………………………………………………..38
5 METODOLOGIA .................................................................................................... 40
5.1 Apresentação do plano de trabalho................................................................. 41
5.2 Revisão bibliográfica ........................................................................................ 42
5.2.1 Termo de Consentimento Livre e Esclarecido .................................................. 43
5.2.2 Manual de Procedimentos Operacionais Padrão ............................................. 43
5.2.3 Regimento Interno do Biobanco ....................................................................... 43
6 RESULTADOS ....................................................................................................... 46
6.1 Declaração de Gerenciamento e Termo de Responsabilidade ..................... 46
6.2 Modelo de Termo de Consentimento Livre e Esclarecido ............................. 47
6.3 Modelo de Termo de Assentimento Livre e Esclarecido ............................... 50
6.4 Procedimentos operacionais relativos às etapas de coleta, processamento,
armazenamento, distribuição e descarte das amostras ...................................... 51
6.5 Regimento Interno para armazenamento e utilização de materiais
biológicos humanos e informações associadas em pesquisa no Biobanco do
Serviço de Patologia da Universidade Federal de Uberlândia ............................ 65
6.6 Declaração de compromisso de envio de relatório de atividades ................ 76
7 DISCUSSÃO .......................................................................................................... 77
8 CONCLUSÃO ........................................................................................................ 82
REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 84
ANEXOS ................................................................................................................... 89
13
1 INTRODUÇÃO
1.1 Apresentação da temática
Em janeiro de 2014, a Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (CONEP) do
Conselho Nacional de Saúde (CNS) encaminhou ao Comitê de Ética em Pesquisa
(CEP) da Universidade Federal de Uberlândia (UFU) a Carta Circular no. 014/2014
(ANEXO) tematizada na regularização de biobancos. Num breve resumo, o docu-
mento enfatiza o encerramento do prazo de um ano dado às instituições para a re-
gularização de seus biobancos e informa que a partir de então o Sistema
CEP/CONEP passar a não analisar aqueles projetos de pesquisa que utilizem de
materiais biológicos humanos armazenados que não estejam adequadamente regu-
larizados junto à CONEP (BRASIL, 2014).
Em consonância com a Carta Circular, o Comitê institucional da UFU passou
a retirar, antes mesmo da avaliação ética, os protocolos de projetos de pesquisa
com material biológico humano armazenado nos arquivos do Serviço de Patologia
do Hospital de Clínicas da Universidade Federal de Uberlândia (LAPAT). Nesse ca-
so, o protocolo considerado encerrado segundo a Norma Operacional no. 001/2013
do CNS (BRASIL,2013).
A ausência de formalização do arquivo de material biológico humano do LA-
PAT como Biobanco regularizado junto à CONEP, até a presente data, tem acarre-
tado prejuízos à pesquisa e produção científica da Universidade. Todos os projetos
de pesquisa, de iniciação científica e de pós-graduação, envolvendo amostras teci-
dos e líquidos orgânicos humanos têm obtido o parecer, Retirado, do CEP institucio-
nal desde a data de emissão da Carta.
Nesse contexto, o objetivo geral desta dissertação propõe, em última instância,
um protocolo de desenvolvimento para a regularização do Biobanco do Serviço de
Patologia do Hospital de Clínicas da Universidade Federal de Uberlândia junto à
CONEP por intermédio do CEP institucional.
14
1.2 BIOBAMCO: CONCEITOS FUNDAMENTAIS
A palavra biobanco tem sua origem na língua inglesa, biobank, e significado
abrangente (SOUZA, 2012). Segundo as recomendações da Organisation for Eco-
nomic Cooperation and Development (OECD), fórum único constituído dos governos
de 30 democracias para enfrentar os desafios econômicos, sociais e ambientais da
globalização, entende-se por biobanco, fontes estruturadas de recursos que podem
ser usadas para fins de pesquisa que incluem: a) materiais biológicos humanos e/ou
informações geradas a partir da análise dos mesmos; e b) extensa informação asso-
ciada. O conceito de biobanco defendido pela OECD é amplo e serve de orientação
para criação de leis que regulamentam o armazenamento de material biológico hu-
mano mundo afora (OECD, 2015).
Para os propósitos desta dissertação, considera-se biobanco “coleção organi-
zada de material biológico humano e informações associadas, coletado e armaze-
nado para fins de pesquisa, conforme regulamento ou normas técnicas, éticas e
operacionais pré-definidas, sob responsabilidade e gerenciamento institucional, sem
fins comerciais” como o estabelecido pela Resolução CNS no. 441/2011 (BRA-
SIL,2011) (ANEXO).
Outra expressão do inglês que tem se popularizado é biobanking que faz
inferência às atividades de coleta, processamento e arquivamento e disponibilização
de material biológico humano dos dados e informações clínicas associadas (BEVI-
LACQUA, 2010;VAUGHT,2009).
Genericamente, esse armazenamento compreende, na prática, quatro pas-
sos principais. O primeiro passo, para o armazenamento de material biológico hu-
mano em biobanco, é a coleta propriamente dita. Os espécimes são usualmente ob-
tidos por meio de consulta clínica, de procedimentos terapêuticos ou de diagnóstico,
ou post-mortem, durante a necropsia. O segundo passo é a conservação das amos-
tras que podem ser fixadas em meios químicos adequados, congeladas ou acondici-
onadas em bancário de células vivas. A identificação dos espécimes é o terceiro
passo que permite, posteriormente, a correlação entre os dados de interesse do pro-
jeto de pesquisa com a análise das amostras. Finalmente, o quarto passo é a dispo-
nibilização do material biológico humano aos pesquisadores. Os espécimes coleta-
dos, conservados e identificados são disponibilizados aos pesquisadores num pro-
cesso sistematizado (SHANKAR,2011).
15
1.2.1 Biobanco: no mundo e no Brasil
Durante as últimas décadas, a partir da conclusão do Projeto Genoma Huma-
no, em 2001, tem-se motivado a análise de grandes quantidades de material genéti-
co de forma cada vez mais rápida, barata e fácil com a finalidade de se aumentar a
capacidade produtiva e de se extrair ainda mais informação (MELO,2015). É da ne-
cessidade científica de pesquisas, fundamentalmente em patologia molecular das
doenças genéticas, que nasceram os biobancos na década de 90. Eles permitem o
controle ideal da integridade e da qualidade das amostras biológicas humanas
(D’ABRAMO,2015). Desde então, a ciência tem sido revolucionada com a transfe-
rência de técnicas e métodos de produção das indústrias para os laboratórios médi-
cos (SIMON,2011).
1.2.2 Biobanco: no mundo
Os biobancos existem em todos os continentes, inclusive na Antártica, mas a
maior parte está na América do Norte e na Europa (CHINA, 2015). A compreensão
da etiologia, patogênese e fisiopatologia de doenças humanas têm sido mais bem
compreendidas devido a avanços nas técnicas de genética e nas pesquisas em ge-
nômica (CHEN, 2015). Entretanto, os pesquisadores estão preocupados porque os
estudos têm-se concentrado principalmente nas necessidades de saúde dos países
de alta renda, aumentando assim a inequidade em saúde entre as pessoas de na-
ções pobres e ricas (BUSINESS...2009).
1.2.3 Biobanco: países de alta renda
Nos Estados Unidos da América (EUA), em 2013, estimava-se a existência de
pelo menos 179 biobancos de grande escala e milhares de pequenos repositórios,
dos quais a maioria foi credenciada nos últimos dez anos (CHEN, 2015; TRIENDL,
2003). Os médicos patologistas coletam amostras de tecido humano para fins de di-
agnóstico clínico em hospitais e instituições de saúde. Por lei, em dependência do
estado americano, esse material biológico humano deve ser obrigatoriamente arma-
zenado por um período de tempo que varia de 2 a 10 anos (ZIKA, 2010). Essas co-
leções de amostras ou as sobras de material provenientes de procedimentos de di-
16
agnóstico em patologia têm um potencial importante para fins de pesquisa. Por
exemplo, o National Pathology Repository dos EUA sitiado no Armed Force Institute
of Pathology (AFIP) armazena mais de 50 milhões de lâminas microscópicas, 30 mi-
lhões de blocos de parafina e 12 milhões de espécimes congelados (PEREIRA,
2013).
Na Europa, há cerca de 145 biobancos de grande escala em atividade, dos
quais 80% são públicos, localizados, em sua maioria, na Hungria, Dinamarca, Sué-
cia, Reino Unido e Romênia (ZIKA,2010).
No Japão, um dos projetos mais ambiciosos é o “Projeto do Biobanco do Ja-
pão para a Implementação da Medicina Personalizada" que visa a criação de um re-
positório de ADN em grande escala, com amostras de sangue de cerca de 300.000
indivíduos ligados a uma base de dados contendo informação clínica associada
(NATIONAL...2000). Essa dinâmica de desenvolvimento é o resultado de um esforço
planejado e implantado pelo governo japonês para estimular o crescimento da indús-
tria de biotecnologia para a qual ¥ 64 bilhões foram destinados a análise do genoma
humano e vários projetos de pesquisa relacionados (MESLIN,2009).
1.2.4 Biobanco: países de baixa e média renda
Na China, destaca-se o Estudo Kadoorie de Doenças Crônicas da China, um
projeto de biobanco em parceria com a Universidade de Oxford destinado a recolher
amostras de sangue e informações médicas e de estilos de vida associadas de
500.000 adultos de 10 áreas geográficas da China.
Outros países como Gambia, Jordânia, México e África do Sul têm realizado
esforços na construção de seus próprios biobancos. Assim como a China, a maioria
dos projetos são em parceria com instituições de países de alta renda (BUSI-
NESS...2009).
Na América do Sul, o México alberga um importante polo de pesquisa genô-
mica: o Instituto Nacional de Medicina Genómica (INMGEN) que está realizando o
mapeamento genômico de sua população, também, em colaboração com a Univer-
sidade de Oxford (JORDÂNIA, 2015).
O projeto KHCCBIO da Jordânia irá recolher amostras oncológicas dentro do
país e de seus países vizinhos em colaboração com a Irlanda e a Suíça (MEDI-
17
CAL...2015) e o Gambian National DNA Biobank foi criado com a ajuda do Centre
d’Etude du Polymorphisme Humain, com sede na França.
A criação e o credenciamento de biobancos são passos decisivos para a pes-
quisa genômica em cada país. A ausência de estrutura legislativa que regularize o
uso e o desenvolvimento dos biobancos nos países de baixa e média renda é o prin-
cipal desafio (CHEN,2013; EISEMAN,2015).
1.2.5 Biobanco: no Brasil
No Brasil, destaca-se o Estudo Longitudinal de Saúde do Adulto (ELSA), o
primeiro biobanco epidemiológico de grande escala do país. Trata-se de uma coorte
prospectiva multicêntrica de funcionários públicos delineada para avaliar os determi-
nantes de doenças crônicas através da coleta de sangue e urina (CAMAR-
GO...2015).
O A. C. Camargo Cancer Center, com sede em São Paulo, conta com duas
vertentes em seu biobanco. A primeira, o Banco de Tumores, com mais de 50.000
amostras, criado para atender à demanda de armazenamento de tecidos de alta
qualidade, essencial para a pesquisa oncológica. A segunda, o Banco de Macromo-
léculas, com cerca de 17.000 amostras, destinado à investigação molecular através
da aplicação de modernas técnicas de análise de ADN, ARN e proteínas (CAMAR-
GO...2015).
Os biobancos se tornam, portanto, um instrumento central para a pesquisa
médica, no mundo e no Brasil, e acarretam questões jurídicas já que, além de propi-
ciar inúmeros benefícios, os biobancos podem gerar abusos e ofensa a ao bem jurí-
dico intimidade genética. No Brasil não há legislação específica sobre o tema (SOU-
ZA,2012).
1.2.6 Biobanco: variedades
Nas ciências médicas, existem diferentes formas para coletar amostras de
material biológico humano. Existem, portanto, diferentes tipos de biobanco para a
pesquisa médica, mesmo dentro de uma mesma instituição (RIEGMAN, 2007). Con-
siderando-se o objetivo, os biobancos podem ser classificados como: a) biobancos
assistenciais, aqueles constituídos de espécimes coletados em procedimentos com
18
finalidade terapêutica ou diagnóstica; e b) biobancos para pesquisa, aqueles desen-
volvidos a partir de amostras obtidas para atender especificamente o projeto de pes-
quisa (SOUZA, 2012).
Do mesmo modo, existem diferentes desenhos de estudo com material bioló-
gico humano de acordo com os diferentes objetivos e metodologia propostos pelo
projeto de pesquisa. Em relação ao biomarcador enfocado, um indicador de uma
doença específica, ou algum estado fisiológico, os biobancos para pesquisa incluem
três variantes principais (RIEGMAN, 2007; RIEGMAN,2008) (Figura 1):
A. Biobancos populacionais. A obtenção da identidade genética da população e de
biomarcadores de susceptibilidade é seu objetivo primário. O substrato operacio-
nal, neste caso, é o ácido desoxirribonucleico (ADN) de um grande número de
sujeitos saudáveis representativos de um grupo étnico concreto ou de um país ou
região.
B. Biobancos de doenças específicas para estudos epidemiológicos. Os biomarca-
dores de exposição são o foco de suas atividades, usando-se de um grande nú-
mero de amostras de material biológico humano e estudando o ADN ou marca-
dores séricos com dados coletados e especificados segundo o projeto de pesqui-
sa.
C. Biobancos gerais de doenças específicas (bancos de tumor, por exemplo). Seu
objetivo se centra em biomarcadores de doença coletados de forma retrospectiva
e/ou prospectiva a partir de espécimes tumorais ou não-tumorais e de seus deri-
vados como proteínas, ADN e ácido ribonucleico (ARN) (RIEGMAN ,2007; RIE-
GMAN,2008).
19
Figura 1 - Relação entre o tipo de biobanco, o biomarcador e o desenvolvimento da doença.
Fonte: adaptada de (RIEGMAN ,2007; RIEGMAN,2008 ; GOEBELL,2013.)
A Figura 1 mostra a relação entre três variedades de biobanco, biobancos
populacionais, de doenças específicas para estudos epidemiológicos e gerais de
doenças específicas, com os biomarcadores de susceptibilidade e identidade, de
exposição e de doenças, potencialmente contidos no material biológico humano ar-
mazenado. Do mesmo modo, à direita da Figura 1, propõe-se, genericamente, a cor-
relação entre os biomarcadores e as diferentes fases da história natural da doença.
Em suma, a classificação de biobancos pode variar dependendo do tipo de
material biológico humano armazenado (DNA, células vivas, tecidos, dados e infor-
mações associadas, etc.) e de sua finalidade (terapêutica, diagnóstica, de pesquisa,
etc.) (ZIKA, 2010).
1.2.7 Biobanco versus biorrepositórios
Na literatura médica, os termos, biobanco e biorrepositório, confundem-se.
Ambas as palavras, muitas vezes, são usadas como sinônimos de coleção organi-
zada de material biológico humano a informações associadas armazenados para
propósitos de uma ou mais pesquisas (KAUFFMANN,2008).
Para a legislação Brasileira atual, biorrepositório difere de biobanco. A Reso-
lução CNS no. 441/2011 define biorrepositório como “coleção de material biológico
humano, coletado e armazenado ao longo da execução de um projeto de pesquisa
20
específico, conforme regulamento ou normas técnicas, éticas e operacionais pré-
definidas, sob responsabilidade institucional e sob gerenciamento do pesquisador,
sem fins comerciais”( BRASIL,2011).
Deste modo, um biorrepositório pode ser tanto uma organização formal ou
uma coleção informal de amostras biológicas humanas no congelador ou na sala de
um pesquisador (KAUFFMANN, 2008). Desde o prima jurídico, a legitimação do
Biobanco se faz mediante a aprovação do protocolo de desenvolvimento pelo Siste-
ma CEP/CONEP, ao passo em que os biorrepositórios são legitimados por meio do
projeto de pesquisa aprovado pelo CEP. A Resolução CNS no. 441/2011 estabelece
que o os Biobancos sejam gerenciados institucionalmente e não prevê prazo de ar-
mazenamento para as amostras biológicas armazenadas. No tocante aos biorreposi-
tórios, a Resolução delega ao pesquisador o gerenciamento dos espécimes coleta-
dos e prevê seu acondicionamento pelo período de até 10 anos. As diferenças prin-
cipais entre a conceituação de biobanco e biorrepositório estão resumidas na Tabela
1.
Tabela 1 - Biobancos versus biorrepositórios: diferenças conceituais.
Biobancos Biorrepositórios
Regulamentação
Protocolo de Desenvolvimento Projeto de Pesquisa
Aprovação
Sistema CEP1/CONEP2 CEP
TCLE3 Específico ou não para futuras pes-
quisas
Específico para cada pes-
quisa
Gerenciamento
Responsabilidade institucional Pesquisador
Prazo de armazena-
mento
Indeterminado Até 10 anos
Fonte: adaptada de acordo com a Resolução CNS no. 441/2011.
1Comitê de Ética em Pesquisa.
2Comissão Nacional de Ética em Pesquisa.
3Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.
21
1.2.8 Biobanco: contextualização
Historicamente, a vasta maioria das coleções organizadas de material biológi-
co humano se encontra armazenada nos serviços de patologia (GOEBELL, 2010).
Os hospitais universitários desempenham um papel crucial nas atividades de coleta,
processamento e armazenamento de material biológico humano (biobanking). O ar-
quivo encontrado nos serviços acadêmicos de patologia é semelhante àquele cole-
tado num projeto de pesquisa. Entretanto, não se limita a um único tipo de órgão ou
de doença. Assim, as sobras de amostras biológicas constituem um objeto de estu-
do potencial e permitem economizar tempo para a pesquisa médica (OECD, 2015;
BEVILACQUA, 2010; RIEGMAN, 2007, GOEBELL, 2010).
Em janeiro de 2010, um grupo de especialistas em patologia, patrocinado pe-
lo European Biological and Biomolecular Research Infrastructure Program (BBMRIP)
publicou recomendações aos patologistas e às instituições que abrigam biobancos.
De acordo com o consenso, os arquivos dos serviços de patologia representam um
tipo especial de coleção de material biológico humano que pode prover substrato pa-
ra biobancos, desde que se estabeleçam e se cumpram normas como, por exemplo:
a) documentar variações anatomopatológicas; b) catalogar os materiais; c) organizar
regras de acesso; e d) cumprir com os requisitos legais para a utilização em projetos
de pesquisa (BEVILACQUA, 2010).
No contexto clínico, a principal razão das atividades de coleta, processamento
e armazenamento de espécimes biológicos humanos em patologia é documentar o
diagnóstico e prover material para estudos complementares, como técnicas de imu-
noistoquímica ou de biologia molecular por exemplo, mas elas também podem ser
executadas de forma que permitam a pesquisa (BEVILACQUA,2010). Assim, os ser-
viços de patologia desempenham um papel central para biobancos gerais de doen-
ças específicas possibilitando a integração, possível e necessária, entre o plano as-
sistencial e de pesquisa (RIEGMAN, 2007; ASHTON-PROLLA,2009).
Por fim, ressalta-se que, sob o prisma jurídico, os serviços de patologia po-
dem dispor de seus arquivos para a realização de trabalhos em pesquisa nas se-
guintes condições: a) sob a expressa autorização do paciente em de termo de con-
22
sentimento livre e esclarecido; b) resguardando-se os dados de identidade do sujeito
da pesquisa ou outras informações que possam servir para identificá-lo, e; c) que o
resultado da pesquisa não gere informações que possam resultar em benefícios ou
riscos para o sujeito da pesquisa ou seus familiares (RAMOS ,2010).
1.2.9 Biobanco: o papel do médico patologista
A constituição do acervo de um biobanco demanda um ciclo interativo de co-
laboração interdisciplinar (Figura 2). Nele, por exemplo, as especialidades médicas
clínicas tendem a ser o primeiro contato para o sujeito da pesquisa. Ao passo em
que os cirurgiões, das mais diversas áreas, costumam ser aqueles que, na maioria
das vezes, obtêm efetivamente o material biológico humano. Alguns líquidos orgâni-
cos, como urina ou suor por exemplo, podem ser coletados em outros serviços, co-
mo laboratórios de análises clínicas, e, então, encaminhados ao biobanco. Cabe ao
patologista, não somente avaliar os critérios de adequação da amostra, como tam-
bém fornecer informação anatomopatológica de alta qualidade para o arquivo do
biobanco (GOEBELL, 2010; MAGER, 2007).
Nesse ciclo de cooperação, o sistema CEP/CONEP é o responsável pela
análise ética das propostas de pesquisa e de desenvolvimento como também sua
efetivação e divulgação de pareceres (BRASIL , 013).
O pesquisador, aquele que propões novos desafios à ciência e que trabalha
com os dados produzidos no trabalho, é a pessoa responsável pela coordenação e
realização da pesquisa e pela integridade e bem-estar dos sujeitos da pesquisa
(BRASIL, 2002).
23
Figura 2 - Ciclo interativo de colaboração interdisciplinar.
Fonte: adaptada de (GOEBELL, 2010)
1Comitê de Ética em Pesquisa.
2Comissão Nacional de Ética em Pesquisa.
Dentro da organização do biobanco, o patologista é o profissional responsável
para avaliar o material biológico humano e determinar o quê daquela amostra já não
é necessário para o diagnóstico e que pode ser considerado como sobra e ser ar-
mazenada para outros fins científicos (RIEGMAN, 2007).
Portanto, na cadeia de passos do biobanking que inclui a coleta (informações
relevantes, TCLE, material biológico humano), a conservação (fixação, congelamen-
to, cultura), a identificação (anotar, catalogar, processar, diagnosticar) e a disponibi-
lização (permitir o acesso, distribuir), a especialização em patologia é essencial por-
que (RIEGMAN, 2007; BEVILACQUA ,2010; SHANKAR,2011):
A. A experiência médica e científica do patologista é exigida em três momentos do
processo: a) na formulação do diagnóstico, proporcionando informações especí-
ficas; b) na preservação adequada dos espécimes; e c) nos recortes das sobras
24
e fornecimento de informações antes do novo processamento e da disponibiliza-
ção para pesquisa.
B. O médico patologista é elo entre a assistência em diagnóstico e a pesquisa.
C. O patologista agrega valor e expertise para o estudo do material biológico hu-
mano depositado em biobanco e é um colaborador científico fundamental para a
pesquisa a ser realizada na amostra.
D. O patologista avalia a adequabilidade do espécime armazenado e seu uso para a
pesquisa, eliminando conflitos com fins de diagnóstico.
E. O patologista tem um papel fundamental como responsável pela guarda das
amostras depositadas em biobanco. As coleções organizadas de material bioló-
gico humano se desenvolvem melhor dentro de um serviço de patologia.
1.3 MATERIAL BIOLÓGICO HUMANO: CONCEITOS FUNDAMENTAIS
As amostras biológicas são “partes destacadas do corpo de um determinado
indivíduo humano que carregam consigo informações pessoais, referentes à identifi-
cação genética desse individuo” (SÁ, 2013). De tal modo, entende-se que espéci-
mes biológicos humanos, são, dentre outros, o material genético, células, sangue,
urina e tecidos retirados do sujeito da pesquisa (MYSZCZUK, 2015; OECD,2015.).
Para a Resolução CNS no. 441/2011, consideram-se como material biológico
humanos “esp cimes, amostras e alíquotas de material original e seus componentes
fracionados” (BRASIL, 2011). Entretanto, os termos espécimes, amostras e alíquo-
tas assim como componentes fracionados não são definidos pelo documento.
Para os propósitos do protocolo de desenvolvimento para credenciamento do
Biobanco do Serviço de Patologia do Hospital de Clínicas da Universidade Federal
de Uberlândia, produto desta dissertação, as palavras: material, amostra e espéci-
me, serão utilizadas como sinônimos.
1.3.1 Material biológico humano: células
As células são as unidades morfológicas, estruturais e funcionais dos seres
vivos e estão constituídas fundamentalmente por citoplasma e núcleo (LOPES,
2002; JUNQUEIRA, 2011; MYSZCZUK, 2015;). Elas são o substrato do exames cito-
lógicos em patologia e podem ser obtidas por raspado de pele e mucosas (citologia
25
esfoliativa cérvico-vaginal, por exemplo), de secreções (do trato respiratório, descar-
ga mamilar, tubo gastrointestinal) e por punção aspirativa por agulha fina (mama,
pâncreas, tiroide, linfonodos) (BRASILEIRO, 2009).
Os métodos de preparação dos espécimes citológicos variam entre os labora-
tórios de acordo com as preferências do serviço de patologia e com a experiência
individual do médico patologista (GAMBONI, 2013). Assim, os preparados citológi-
cos podem ser imediatamente fixados em etanol 95% ou com aerossóis (polietilen-
glicol) ou secos ao ar (BRASILEIRO, 2009; GANJEI-AZAR, 2011).
1.3.1.1 Líquidos orgânicos
Os líquidos orgânicos ou biológicos (efusões serosas, urina, líquor, líquido
amniótico, por exemplo) e os lavados cavitários (abdominal, vesical) também apor-
tam células para o exame citológico, assim como para a confecção de bloco celular
(BRASILEIRO, 2009). O ideal é que eles cheguem a fresco ao laboratório, tão rápido
quanto o possível após a coleta, do contrário é necessária a refrigeração ou a adição
de fixadores (BRASILEIRO, 2009; GANJEI-AZAR, 2011)
1.3.2 Material biológico humano: tecidos
Os tecidos orgânicos (epitelial, conjuntivo, muscular e nervoso) estão consti-
tuídos pelo agregado de células e moléculas da substância extracelular que intera-
tuam para o cumprimento de determinadas funções; não permanecem de forma iso-
lada, mas integrados uns aos outros, constituindo os diferentes órgãos, aparelhos e
sistemas (LOPES, 2002; BRASILEIRO,2009; MYSZCZUK, 2015). Amostras de teci-
dos e órgãos podem ser obtidas por procedimentos de biópsia terapêutica (ablativas
ou excisionais) ou diagnóstica (incisionais) (BRASILEIRO,2009).
O material biológico humano coletado deve ser imergido em solução fixadora
(formaldeído a 4%, álcool, Zenker, Bouin, glutaraldeído, etc.) o mais brevemente
possível, salvo nos casos de exame por congelação para o qual deve ser recebido a
fresco (BRASILEIRO,2009;REIDE,2004; FINKBEINER,2009).
26
1.3.2.1 Peças cirúrgicas
As peças cirúrgicas são produto de operações, majoritariamente, terapêuticas
para variadas enfermidades, neoplásicas ou não. Podem ser simples, como na situ-
ação de exérese do apêndice vermiforme, ou compostas ou radicais, como na res-
secção da próstata, por exemplo, em que, além do órgão principal, são ressecados
vesículas seminais e linfonodos (BRASILEIRO,2009).
A Tabela 2 resume as características principais entre a biópsia e as cirurgias.
Tabela 2 - Biópsias versus peças cirúrgicas: diferenças conceituais.
Biópsias Peças cirúrgicas
Finalidades
Diagnóstico e/ou tratamento Tratamento
Tipos Incisional
Excisional ou ablativa
Simples
Compostas ou radicais
Materiais
Pequenos fragmentos Segmentos ou órgãos
Especialidades Clínicas e/ou cirúrgicas Cirúrgicas
Fonte: (BRASILEIRO,2009; BRASILEIRO, 2009)
1.3.2.2 Peças de necropsia
O exame post mortem das células, tecidos e órgãos, de acordo com critérios
anatômicos e patológicos, é conhecido como necropsia ou autópsia (REIDE, 2004).
Ela pode ser completa, quando todos os órgãos são dissecados e examinados deta-
lhadamente, ou parcial, quando alguns órgãos são removidos através de incisões
regionais ou apenas puncionados por agulha (BRASILEIRO, 2009). Dois dos princi-
pais objetivos da necropsia são o estabelecimento de diagnósticos finais e a deter-
minação, sempre que possível, da causa de morte (BRASILEIRO, 2009; FINKBEI-
NER,2009).
As peças de necropsia propiciam à pesquisa médica o trabalho com material
biológico humano tanto saudável como enfermo. Cabe recordar que muitos órgãos
humanos, tais como os do sistema nervoso central, não estão disponíveis por outros
27
meios, confirmando-se assim a importância da necropsia para a pesquisa (FINK-
BEINER, 2009).
1.4 PROTOCOLO DE DESENVOLVIMENTO PARA CREDENCIAMENTO DE
BIOBANCO: CONCEITOS
O protocolo de desenvolvimento para credenciamento de biobanco, objeto
desta dissertação, nada mais é que o conjunto de documentos necessários para so-
licitação ou regularização de funcionamento de biobanco institucional (BRASIL
,2013).
Para efeitos da Resolução CNS no. 441/2011, entende-se por protocolo de
desenvolvimento o “documento no qual são definidos a constituição de um Bioban-
co, seus responsáveis e seus aspectos fundamentais, como o TCLE a ser utilizado;
as informações relativas ao sujeito e às amostras; e as etapas de coleta, processa-
mento, armazenamento, distribuição e descarte de material biológico humano”
(BRASIL,2011).
Nos termos do item 5, do Capítulo XIII, da Resolução CNS n°. 466/2012
(ANEXO), a Norma Operacional no. 001/2013 propõe que os projetos de pesquisa e
de desenvolvimento assim como a efetivação e divulgação de pareceres dos CEP e
da CONEP devem acontecer através da Plataforma Brasil (BRASIL,2013; BRASIL,
2012). Entretanto, a função ainda não está implementada no Sistema Plataforma
Brasil no caso do protocolo de desenvolvimento para o credenciamento de biobanco
e, portanto, a documentação deve ser enviada via correio para a CONEP (BRASIL,
2013). A Figura 3 traz o fluxograma que resume o processo de acreditação de
biobanco no Brasil.
28
Figura 3 - Fluxograma para o credenciamento de biobanco.
Fonte: (BRASIL, 2013)
Mundialmente, exige-se o consentimento informado do sujeito envolvido em
pesquisa com seres humanos (GREELY, 2007). Desde sua criação em 1947, o Có-
digo de Nuremberg afirma em sua primeira diretriz que o “consentimento voluntário
do ser humano absolutamente essencial” (EUA, 1949). Igualmente, os sujeitos que
serão submetidos à pesquisa devem ser legitimamente capazes de dar consenti-
mento e de exercer o livre direito de escolha (EUA, 1949; GREELY, 2007;BRASIL,
2011.).
A Resolução CNS no. 441/2011 orienta que a autorização concernente à cole-
ta, depósito, armazenamento e utilização de material biológico humano em biobanco
deve ser formalizada por meio de termo de consentimento livre e esclarecido, por
meio do qual o sujeito da pesquisa deve se manifestar claramente sobre as alterna-
tivas abaixo, excludentes entre si (BRASIL, 2011):
a) necessidade de novo consentimento a cada pesquisa;
b) dispensa de novo consentimento a cada pesquisa.
29
1.5 PESQUISA COM MATERIAL BIOLÓGICO HUMANO: CONCEITOS FUNDA-
MENTAIS
Pesquisa pode ser definida como investigação de fatos estabelecidos na ten-
tativa de se descobrir algo por meio de um processo sistemático e científico (CO-
MISSÃO...2010). As coleções organizadas de material biológico humano são fonte
inestimável de para pesquisa básica, epidemiológica e translacional (BESKOW,
2008).
1.5.1 Projeto de pesquisa
Para o Sistema CEP/CONEP, o projeto de pesquisa é o documento funda-
mental, elaborado pelo pesquisador, que permite a análise ética da proposta, seus
itens podem variar de acordo com seu caráter e da metodologia utilizada (BRA-
SIL,2013).
A Resolução CNS no. 441/2011 define projeto de pesquisa como o “documen-
to em que é descrita a pesquisa em seus aspectos fundamentais, incluindo informa-
ções relativas ao sujeito da pesquisa, detalhamento a respeito dos métodos que se-
rão utilizados para a coleta e tratamento das amostras biológicas, qualificação dos
pesquisadores e instâncias responsáveis” (BRASIL, 2011).
1.5.2 Participante da pesquisa
Os pesquisadores conduzem seus projetos de pesquisa sobre o indivíduo
humano vivo, sujeito da pesquisa, para obter a) dados através da intervenção ou in-
teração com o indivíduo ou, b) informação particular associada (SIMON,2011;
EUA,2015). Para efeitos da Resolução CNS no. 466/2013, considera-se participante
da pesquisa, “aquele que, de forma esclarecida, livre e autônoma, consente em par-
ticipar de pesquisas, atuais ou potenciais, associadas ao armazenamento de materi-
al biológico humano em biorrepositório ou biobanco” (BRASIL,2011).
30
1.6 O SERVIÇO DE PATOLOGIA DO HOSPITAL DE CLÍNICAS DA UNIVERSI-
DADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA
O LAPAT está situado nas dependências do Hospital de Clínicas, na avenida
Pará, no. 1720, no Campus Umuarama, em Uberlândia, Minas Gerais (CEP: 38405-
320) e pode ser contatado pelo telefone: (34) 3218-2263; ou pelo e-mail: patolo-
gia@hc.ufu.br.
1.6.1 LAPAT: assistência diagnóstica em patologia
Fundado em 1972, o LAPAT presta assistência diagnóstica em patologia
através de procedimentos diagnósticos por biópsias de congelação, necropsias,
punções aspirativas por agulha fina (PAAF), biópsias simples, peças cirúrgicas, cito-
patologia (oncótica de líquidos orgânicos e raspados cutâneos e cervicovaginal con-
vencional), revisões de lâminas, colorações especiais, imunofluorescência e imu-
noistoquímica (GUIMARÃES,2013;ALCÂNTRA, 2015). A Tabela 3 ilustra o número
e a média de exames realizados nos últimos cinco anos pelo LAPAT, material bioló-
gico humano de potencial imensurável para a pesquisa médica.
Tabela 3 - Quantidade e média de exames realizados pelo LAPAT nos últimos cinco anos
Biópsias Citologias Necropsias Imunofluorescência Imunoistoquímica
2011 9.083 5.551 45 57 645
2012 8.773 4.369 41 129 695
2013 9.562 4.920 56 132 689
2014 9.162 4.219 58 82 822
2015 8.284 3.974 51 66 850
Média 8.973 4.607 50 94 740
Fonte: Sistema Intrahospitalar do Hospital de Clínicas da Universidade Federal de Uberlândia (SIH).
1.6.2 Arquivo: lâminas, blocos de parafina, requisições e laudos anatomopato-
lógicos
As lâminas histológicas e de imunoistoquímica e blocos de parafina têm sido
arquivados desde a fundação do Serviço de Patologia do HC em 1972 o que satisfaz
31
o previsto pelo Código de Defesa do Consumidor (CDC), as reparações cíveis no
Código Civil Brasileiro (CCB) e as recomendações da SBP e do CFM (RAMOS,
2010; BRASIL,2015;INSTITUTO...2015).
No tocantes às lâminas citopatológicas, o protocolo de arquivamento do LA-
PAT depende da natureza e resultado do exame. As lâminas de esfregaço cérvico-
vaginal convencional, se positivas para alguma das categorias diagnósticas preconi-
zadas pelas Diretrizes Brasileiras para o Rastreamento do Câncer de Colo do Útero,
são arquivadas ad eternum; se negativas, são desprezadas após o período mínimo
de cinco anos de arquivamento em consonância com o previsto pelo CFM (CONSE-
LHO...2007). As lâminas citopatológicas não ginecológicas, obtidas por esfregados
de aspirado por agulha fina ou por citocentrifugação de líquidos orgânicos por
exemplo, têm sido depositadas em arquivo desde o credenciamento do LAPAT o
que segue o preconizado CDC, o CCB e as recomendações da SBP e do CFM
(RAMOS, 2010;BRASIL, 2015;CONSELHO...2007).
Do mesmo modo, as requisições de estudo de anatomopatológico (necropsia,
biópsia, congelação, citopatologia, imunoistoquímica e imunofluorescência) assim
como cópia do laudo, em papel, tem sido arquivados desde 1972 o que cumpre as
exigências da SBP e do CFM (RAMOS, 2010;CONSELHO...2015). Ressalta-se,
também, que os laudos, desde o ano de 2002, tem sido arquivados de forma digital,
por tempo indeterminado, gerenciados pelo Sistema Intrahospitalar do Hospital de
Clínicas da Universidade Federal de Uberlândia (SIH) com nível de garantia de se-
gurança 2 (NGS2) acorde com a Resolução CFM no. 1.821/2007 e o Manual de Cer-
tificação para Sistemas de Registro Eletrônico em Saúde (CONSE-
LHO...1994;RAMOS,2010;CONSELHO...2015)
O prazo de arquivamento das peças cirúrgicas recebidas pelo LAPAT é de
três meses, de acordo com o recomendado pelo Conselho Federal de Medicina,
alertando-se que esse material biológico humano somente deve descartado se o
procedimento anatomopatológico estiver concluído, depois da liberação do respecti-
vo laudo (SOCIEDADE...2008).
Ainda, segundo o Parecer CFM no. 27/1994, não é obrigatória a guarda das
sobras de líquidos e secreções, após a confecção das respectivas lâminas e elabo-
ração dos laudos citopatológicos correspondentes ao material recebido (SOCIEDA-
DE...2008).
O Serviço de Patologia do HC está de acordo com o Parecer SBP no. 89/2008
32
que aclara que a guarda do material de arquivo deverá ser transferida para o labora-
tório que detém autonomia administrava subordinada à responsabilidade técnica do
Hospital de Clínicas da Universidade Federal de Uberlândia (HILGARTNER,2004).
1.6.2.1 Arquivo: descarte do material
As sobras de materiais biológicos humanos do LAPAT são descartados com o
lixo hospitalar do Hospital de Clínicas obedecendo-se as normas de biossegurança.
As peças cirúrgicas ou de necropsia de interesse didático, após cumprido o prazo
legal de arquivamento, podem ser dispostas para uso de ensino dentro da Universi-
dade Federal de Uberlândia desde que se assegure o sigilo e a privacidade do paci-
ente. Conquanto, no Brasil, não haja legislação concernente a esse tipo de doação
(RAMOS, 2010).
No campo de ensino e aprendizagem, são oferecidas duas vagas anualmen-
te, com acesso direto, para o Programa de Residência Médica em Patologia, de ca-
ráter lato sensu, com duração de três anos e uma vaga, com pré-requisito, para Ci-
topatologia, área de atuação, credenciadas pelo Ministério da Educação (MEC) com
duração de um ano (UFU,2015a ;UFU,2015b).
Os alunos de graduação dos cursos de enfermagem, nutrição e medicina da
FAMED e do curso de fisioterapia da Faculdade de Educação Física e Fisioterapia
(FAEFI) utilizam das facilidades e materiais biológicos humanos armazenados pelo
LAPAT para fins educativos conforme as exigências do MEC (ALCÂNTRA, 2015).
Com a finalidade de se compartilhar experiências, são promovidas regular-
mente reuniões com os Serviços de Radiologia, Gastrenterologia, Coloproctologia,
Dermatologia, Nefrologia, Neurocirurgia, Cirurgia de Cabeça e Pescoço e Ortopedia
e Traumatologia do HC por exemplo (GUIMARÃES, 2013).
A Figura 4 sintetiza as relações entre o LAPAT com os campos de ensino (na
cor branca) e pesquisa (na cor cinza). À esquerda, expõem-se as atividades de en-
sino no âmbito da graduação. O LAPAT tem por finalidade acadêmica produzir, sis-
tematizar e difundir o conhecimento científico e tecnológico na área da patologia pa-
ra formação de profissionais médicos, enfermeiros, fisioterapeutas e nutricionistas
através de aulas teóricas e práticas ministradas por médicos patologistas. Do lado
direito, correlacionam-se as atividades de ensino na esfera da pós-graduação lato
sensu. Destaca-se o Programa de Residência Médica em Patologia que objetiva a
33
formação de médicos patologistas autônomos, reflexivos e críticos, habilitados para
a aplicação prática da arte do diagnóstico.
Figura 4 - Relações entre o LAPAT e a graduação e a pós-graduação.
Fonte: ( GUIMARÃES,2013; ALCÂNTARA,2015).
1Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Uberlândia..
2Faculdade de Educação Física e Fiosioterapia da Universidade Federal de Uberlândia.
3Residência Médica.
Embora não se tenham registros sobre o montante de projetos de pesquisa
executados, sabe-se que, há mais de 40 anos, o material biológico humano e os da-
dos e informações relacionados, contidos no LAPAT, têm servido de substrato para
trabalhos de iniciação científica e de dissertações e teses dos programas de pós-
graduação (mestrado profissional e acadêmico, e doutorado) (GUIMARÃES, 2013;
ALCÂNTARA,2015) (Figura 4).
Cabe relembrar que, no presente momento, todos os projetos de pesquisa, de
iniciação científica e de pós-graduação, envolvendo as amostras biológicas armaze-
nadas no Serviço, não têm sido avaliados sob o prisma ético do CEP institucional.
Com o exposto, fez-se a tentativa de situar o leitor na temática da disserta-
ção, colocá-lo a par da relevância do problema e introduzir conceitos básicos para a
leitura dos capítulos ulteriores.
35
2 OBJETIVOS
2.1 Objetivo geral
Propor e executar o Protocolo de Desenvolvimento para Credenciamento do Ser-
viço de Patologia da Universidade Federal de Uberlândia.
2.2 Objetivos específicos
Assim, os objetivos específicos deste trabalho incidiram em:
1. Elaborar e propor o modelo de Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
(TCLE) a ser utilizado no Biobanco de acordo com a Resolução CNS no.
441/2011, item 5; Portaria MS 2.201/11, Capítulo II, Artigo 4o e Capítulo IV,
Seção III, Artigo 24, devidamente aprovado pelo CEP;
2. Elaborar e propor o manual de Procedimentos Operacionais relativos às eta-
pas de coleta, processamento, armazenamento, distribuição e descarte das
amostras segunda a Portaria MS 2.201/11, Capítulo IV, Seção III, Artigo 23,
devidamente aprovado pelo sistema CEP/CONEP;
3. Elaborar e propor o Regimento Interno do Biobanco segundo a Portaria MS
2.201/11, Capítulo I, Artigo 3o, item XIV e Capítulo IV, Seção III, Artigo 23, de-
vidamente aprovado pelo sistema CEP/CONEP.
37
3 JUSTIFICATIVA
A ideia do trabalho surge da necessidade de amparo ético para os projetos de
pesquisa com material biológico humano do Serviço de Patologia do Hospital de Clí-
nicas da Universidade Federal de Uberlândia. Essas pesquisas têm relevância teóri-
ca e prática para a produção científica da Universidade. Assim, a proposta do Proto-
colo de Desenvolvimento para a regularização do arquivo do LAPAT junto ao Siste-
ma CEP/CONEP legitima a presente dissertação.
De forma sucinta, expõe-se o porquê deste texto:
a) Desde a Resolução CNS no. 441/2011, formaliza-se a necessidade de
credenciamento dos arquivos de material biológico humano junto ao
Sistema CEP/CONEP;
b) O Serviço de Patologia da Universidade Federal de Uberlândia não es-
tá ajustado à legislação vigente e tem tido seus projetos de pesquisa
retirados pelo CEP institucional;
c) As contribuições desta dissertação objetivam sanar o impasse ético e
jurídico vivenciado desde 2013, com prejuízos para a graduação em
Medicina e pós-graduação em Ciências da Saúde da Universidade;
d) De um ponto de vista geral, com o produto deste trabalho, o Protocolo
de Desenvolvimento, as rotinas em pesquisa, em extensão e pós-
graduação, poderão ser retomadas segundo a análise ética do CEP
institucional.
39
4 HIPÓTESE
Uma vez apresentado o problema, certificando-se de sua validade científica, teórica
e prática, propõe-se uma resposta:
H0: o resultado desta dissertação, o Protocolo de Desenvolvimento, será
aprovado pelo Sistema CEP/CONEP e, assim, o arquivo do Serviço de Patolo-gia do Hospital de Clínicas da Universidade Federal de Uberlândia será regula-rizado como Biobanco.
41
5 METODOLOGIA
Trata-se da elaboração do protocolo de desenvolvimento para credenciamen-
to do Biobanco do Serviço de Patologia do Hospital de Clínicas da Universidade Fe-
deral de Uberlândia apresentado à Comissão Nacional de Ética em Pesquisa por in-
termédio do Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal de Uberlândia,
conforme previsto na Resolução CNS no. 411/2011.
Para tal, o Grupo de Trabalho foi composto reunindo-se aluno e professor do
Programa de Pós-graduação em Ciências da Saúde (PGCS) da UFU, sob coorienta-
ção do coordenador do Programa de Residência Médica em Patologia do HC, com
professores da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Uberlândia (FA-
MED), técnicos administrativos e residentes em Patologia do LAPAT. Assim, as con-
tribuições para a elaboração do protocolo de desenvolvimento foram edificadas so-
bre expertise e conhecimento científico e técnico em Patologia.
5.1 Apresentação do plano de trabalho
No primeiro semestre de 2014, logo após o Comitê de Ética em Pesquisa da
UFU ter encerrado a análise ética de um projeto de pesquisa sob o parecer, Retira-
do, aconteceu a primeira das reuniões com a coordenação do CEP institucional. Es-
se encontro foi o marco inicial que objetivou a discussão sobre a necessidade de
credenciamento do Biobanco do LAPAT com propósito de se permitir, sob o prisma
da ética, o uso do material biológico humano, ali depositado, para a pesquisa.
Deram-se, então, reuniões entre o Grupo e o CEP institucional, a Pró-reitora
de Pesquisa e Pós-Graduação (PROPP) da Universidade, a PGCS da FAMED e a
direção técnica do LAPAT ao longo dos anos de 2014 e 2015 (Figura 4). Acordou-se
com a elaboração e a submissão do protocolo de desenvolvimento junto ao Sistema
CEP/CONEP.
42
Figura 5 - Atores na elaboração do protocolo de desenvolvimento pra credenciamento do Biobanco do Serviço de Patologia do Hospital de Clínicas da Universidade Federal de Uberlândia.
5.2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
Para o preparo da dissertação, revisaram-se guias nacionais e internacionais,
sobretudo as europeias, particularmente por leis, normas e diretrizes.
O primeiro passo foi a revisão da legislação brasileira e do sistema jurídico acerca
dos biobancos. A Resolução do Conselho Nacional de Saúde de no. 441 do ano de
2011 é o texto base que norteia a elaboração do protocolo de desenvolvimento do
Biobanco juridicamente legal. A estrutura do corpo do texto foi cunhada pela Norma
Operacional no. 001/2013 do CNS. Outros documentos, como o Manual de Procedi-
mentos Operacional Padrão vigente do LAPAT assim como as normativas e diretri-
zes da Sociedade Brasileira de Patologia e Sociedade Brasileira de Citopatologia
serviram de substrato essencial para a proposta.
O segundo passo foi a busca virtual de artigos científicos e demais documen-
tos relacionados nas línguas portuguesa e inglesa, usando como descritores:
biobanco, material biológico humano, TCLE, ética em pesquisa. Estes possibilitaram
a discussão ulterior.
43
5.2.1 Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
A elaboração do modelo do TLCE se baseou na legislação nacional que trata
da proteção e direitos do sujeito da pesquisa. Os principais documentos utilizados
foram a Resolução no. 441/2011, Resolução no. 466/2012 e Resolução no. 347/205,
todas do Conselho Nacional de Saúde e o Documento das Américas de Boas Práti-
cas Clínicas.
5.2.2 Manual de Procedimentos Operacionais Padrão
Para a elaboração do manual de procedimentos operacionais padrão (POP)
do Biobanco do LAPAT, consideraram-se as orientações contidas do manual de
POP do Serviço de Patologia, vigente e atualizado no primeiro semestre de 2015,
relativas às etapas de coleta, processamento, armazenamento, distribuição e des-
carte das amostras. Os documentos, Resolução RDC no. 33/2003 da Anvisa, Pato-
logia Brasileira: ética, normas, direitos, deveres do médico patologista da Sociedade
Brasileira de Patologia, Resolução no. 441/2011 do CNS e Manual de Gestão da
Qualidade para Laboratório de Citopatologia do Instituto Nacional do Câncer José
Alencar Gomes da Silva (INCA), serviram de base para a confecção do manual.
5.2.3 Regimento Interno do Biobanco
O Regimento Interno do Biobanco do LAPAT tem seus fundamentos encrava-
dos na Resolução no. 466/2012, na Resolução no. 441/2011, Resolução no.
347/2005, todas do CNS e a Portaria no. 2201/2011 do Ministério da Saúde (MS).
A Tabela 5 resume os principais documentos utilizados na elaboração de Pro-
tocolo de Desenvolvimento para credenciamento do Biobanco do Serviço de Patolo-
gia da Universidade Federal de Uberlândia e estabelece a relação direta com o seu
produto.
44
Tabela 5 - Documentos utilizados para a elaboração do Protocolo de Desenvolvimento para credenciamento do Biobanco do
Serviço de Patologia do Hospital de Clínicas da Universidade Federal de Uberlândia, 2015. Continua....
DOCUMENTO ORIGEM OBJETO PRODUTO
Resolução 441/2011 CNS Normas e parâmetros reguladores de conte-
údo do TCLE para pesquisas que envolvem
material biológico humano.
Modelo de Termo de
Consentimento Livre e
Esclarecido
Resolução 466/2012 CNS Termos e definições que regulam o TCLE com
finalidade de pesquisa envolvendo seres
humanos.
Resolução 347/2005 CNS Diretrizes para análise ética de projetos de
pesquisa que envolvam material biológico
humano armazenado em pesquisas anterio-
res.
Documento das Américas de
Boas Práticas Clínicas
OPAS Diretrizes para Obter o Consentimento Infor-
mado.
Resolução 441/2011 CNS Normas e parâmetros reguladores para o
armazenamento e a utilização de material
biológico humano com finalidade de pes-
quisa.
Manual de Procedimen-
tos Operacionais Padrão
do Biobanco
Manual de Procedimentos
Operacionais Padrão do
Serviço de Patologia
LAPAT Padronização das operações necessárias
para a realização de atividades em patolo-
gia do LAPAT.
Resolução RDC 33/2003 ANVISA Regulamento técnico para o gerenciamen-
to de resíduos de serviço de saúde.
Patologia Brasileira: ética,
normas, direitos, deveres do
médico patologista
SBP Discussões relacionadas com as atividades
do médico patologista brasileiro e o seu la-
boratório.
Manual de Gestão da Quali-
dade para Laboratório de
Citopatologia
INCA Orientações para melhorar a qualidade e a
confiabilidade dos exames citopatológicos.
Resolução 441/2011 CNS Normas e parâmetros reguladores para o
armazenamento e a utilização de material
biológico humano com finalidade de pes-
quisa.
Regimento Interno do
Biobanco
Resolução 347/2005 CNS Diretrizes para análise ética de projetos de
pesquisa que envolvam material biológico
humano armazenado em pesquisas anterio-
res.
Portaria 2201/2011 MS Diretrizes nacionais para biorrepositório e
biobanco de material biológico humano
com finalidade de pesquisa.
46
6 RESULTADOS
Passados quase dois anos do recebimento da Carta Circular CNS no.
014/2014, sobre a regularização de biobancos, e 10 meses desde a primeira reunião
com o Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal de Uberlândia, o Gru-
po de Trabalho submeteu o Protocolo de Desenvolvimento para credenciamento do
Biobanco do Serviço de Patologia do Hospital de Clínicas da instituição em conso-
nância com a Resolução CNS no. 441/2011.
6.1 Declaração de Gerenciamento e Termo de Responsabilidade
Eu, ___________________________________, Gerente e Responsável Técnica1
do estabelecimento do Serviço de Patologia do Hospital de Clínicas da Universidade
Federal de Uberlândia, inscrita no Conselho Regional de Medicina de Minas Gerais
sob o número 12.798, declaro que serei a Responsável Técnica2 pelo Biobanco do
referido estabelecimento.
Declaro, também, que não sou responsável por nenhum outro Serviço de Patologia.
Por ser verdade, firmo a presente.
__________________________________________________
Gerente e responsável técnico
1 Resolução CFM 1.980/2011 “Art. 9º – O diretor técnico responde eticamente por todas as informações prestadas perante os con-selhos federal e regionais de medicina”. 2 Resolução CFM 2.007/2013 “Art. 1º Para o m dico exercer o cargo de diretor t cnico ou de supervisão, coordenação, chefia ou responsabilidade médica pelos serviços assistenciais especializados é obrigatória a titulação em es-pecialidade médica, registrada no Conselho Regional de Medicina (CRM), conforme os parâme-tros instituídos pela Resolução CFM nº 2.005/2012. § 2º O supervisor, coordenador, chefe ou responsável pelos serviços assistenciais especializados de que fala o caput deste artigo somente pode assumir a responsabilidade técnica pelo serviço especi-alizado em até duas unidades de serviços assistenciais.”
47
6.2 Modelo de Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
Nós,______________________________________________(PESQUISADORES),
convidamos com gentileza o sujeito da pesquisa a ceder o material biológico huma-
no__________________________________ (TIPO), para o Biobanco do Serviço
de Patologia do Hospital de Clínicas da Universidade Federal de Uberlândia. O
material será coletado através de______________________________(MÉTODO).
Os desconfortos e riscos possíveis podem ser______________________(RISCOS).
O material concedido poderá ser utilizado em projetos de pesquisa que obrigatoria-
mente devem ser enviados ao Comitê de Ética em Pesquisa para apreciação ética e
liberação de parecer. Somente aqueles que obtiverem parecer aprovado poderão
utilizar o material armazenado neste Biobanco.
Os estudos realizados com o material concedido envolverão pesquisas
________________________(IDENTIFICAÇÃO, JUSTIFICATIVAS E OBJETIVOS).
Os resultados poderão ser úteis para_________________________(BENEFÍCIOS).
Nós esclarecemos, neste convite, que:
1. Você é livre para ceder ou não o material biológico e sua decisão não lhe causa-
rá quaisquer prejuízos. Você é livre para desautorizar o uso de suas amostras e
dados relacionados, em qualquer fase da pesquisa, sem prejuízo ou penalização
alguma.
2. Suas informações pessoais serão mantidas em sigilo e privacidade, uma vez que
seu material será codificado e os dados serão estudados em conjunto com os
dados de todos os outros participantes.
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3. Você será avisado sobre a necessidade de descarte do material armazenado no
Biobanco. O descarte poderá acontecer se a amostra não atender a critérios mí-
nimos de qualidade para a pesquisa, se houver dificuldades de arquivo (espaço
físico, por exemplo) ou se o Biobanco deixar de existir. Em circunstância, seu
material poderá ser cedido a outro Biobanco aprovado pela CONEP mediante
comunicação com sistema CEP/CONEP. O material será descartado, se neces-
sário, por meio de _________________________________________ (FORMA).
4. Você terá livre acesso aos resultados obtidos nas pesquisas realizadas com seu
material biológico que ficará sob cuidados dos responsáveis pelo Biobanco. Os
resultados das pesquisas poderão ser divulgados em artigos e/ou congressos,
resguardando-se sempre o sigilo quanto à sua identidade e dos demais partici-
pantes.
5. Você terá acesso gratuito garantido às informações associadas ao seu material
biológico humano armazenado, às informações obtidas a partir de seu material
biológico humano utilizado em pesquisas, como, por exemplo, as informações
genéticas obtidas, inclusive, aquelas que impliquem em riscos para doenças não
previsíveis ou riscos familiares, com aconselhamento genético, quando aplicável.
6. Este TCLE deverá ser elaborado em duas vias originais, rubricado em todas as
páginas pelo participante da pesquisa ou seu responsável e pelo pesquisador
responsável.
7. Em caso de dúvidas quanto aos seus direitos como voluntário de pesquisa en-
tre em contato com o Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal de
Uberlândia, que é o órgão responsável por garantir os cuidados éticos das pes-
quisas realizadas com o seu material, no endereço: Universidade Federal de
Uberlândia - Pró-reitoria de Pesquisa e Pós-graduação - Bloco 1A - Sala 224 -
49
Campus Santa Mônica; Avenida João Naves de Ávila, 2121, Santa Mônica -
Uberlândia - MG, 38408-144; pelos telefones: (34) 3239-4131 (secretaria) e (34)
3239-4335 (coordenação); e pelos e-mails cep@propp.ufu.br (estudos multicên-
tricos e membros do CEP) e atendimentocep@propp.ufu.br (geral). A gerente e
responsável técnica pelo Biobanco, ______________________________, pode
ser contatada pelo telefone (34) 3218-2263 ou pelo e-mail patologia@hc.ufu.br.
Diante destas informações, declaro meu consentimento livre para ceder o material
biológico humano para o Biobanco do Serviço de Patologia do Hospital de Clíni-
cas da Universidade Federal de Uberlândia, assinando o presente termo.
Aceito conceder o material para o Biobanco do Serviço de Patologia do Hospital
de Clínicas da Universidade Federal de Uberlândia:
( ) SIM ( ) NÃO
__________________________, _____ de _________________ de 20____.
______________________________________________________________
Voluntário
Tel.: __________________________
A realização de outras pesquisas futuras utilizando o material depositado no Bioban-
co necessita obrigatoriamente de aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa insti-
tucional e, quando for o caso, da Comissão Nacional de Ética em Pesquisa. Portan-
to, declaro ainda que (assinale apenas uma das alternativas abaixo):
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( ) a cada nova pesquisa realizada com o material biológico concedido e armaze-
nado no Biobanco do Serviço de Patologia do Hospital de Clínicas da Universi-
dade Federal de Uberlândia quero ser contatado para assinar um novo consenti-
mento de que meu material seja utilizado na pesquisa;
( ) novas pesquisas realizadas com o material biológico concedido e armazenado
para o Biobanco do Serviço de Patologia do Hospital de Clínicas da Universi-
dade Federal de Uberlândia podem ser realizadas sem a necessidade de minha
aprovação para uso em novas pesquisa.
Em caso de morte ou incapacidade, quem responderá pelo uso do material biológico
concedido e armazenado no Biobanco do Serviço de Patologia do Hospital de
Clínicas da Universidade Federal de Uberlândia será:
_____________________________________________________________(NOME)
Tel.: __________________________
__________________________ __________________________
Voluntário Pesquisador
__________________________, _____ de _________________ de 20____.
6.3 Modelo de Termo de Assentimento Livre e Esclarecido
Oi, nós somos os pesquisadores___________________________________
___________________________________________________(PESQUISADORES)
e queremos convidar você para participar de nossa pesquisa científica para isso pe-
dimos sua autorização para trabalhar o material________________________(TIPO)
que vai ser colhido assim___________________________________(MÉTODO).
Esse material vai ficar guardado no Biobanco do Serviço de Patologia do Hospi-
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tal de Clínicas da Universidade Federal de Uberlândia junto com outros materiais
de outras pessoas.
Se você deixar a gente guardar material no Biobanco, ele ficará lá para pesquisas no
futuro. Seu nome e todas as suas informações ficarão em segredo.
Se no futuro você quiser tirar seu material do Biobanco, você pode.
Se você quiser saber alguma coisa sobre o seu material, você pode falar com a gen-
te por__________________________________(MEIO DE CONTATO).
A ________________________é a responsável pelo Biobanco. O telefone dela é
(34) 3218-2263 e o e-mail, patologia@hc.ufu.br.
Seu responsável vai assinar um documento autorizando que o seu material fique
armazenado no Biobanco.
Você concorda que a gente guarde a seu material no Biobanco?
Se sim, escreva seu nome.
Obrigado!
__________________________, _____ de _________________ de 20____.
______________________________________________________________
Seu nome
Tel.: __________________________
6.4 Procedimentos operacionais relativos às etapas de coleta, processamento,
armazenamento, distribuição e descarte das amostras
1. Aplicação: Biobanco do Serviço de Patologia do Hospital de Clínicas da Univer-
sidade Federal de Uberlândia.
2. OBJETIVOS:
Descrever a organização e administração do Biobanco;
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Descrever as normas para utilização do material biológico humano em PES-
QUISA.
3. DEFINIÇÕES:
Biobanco Coleção organizada de material biológico humano e informações associa-
das, coletado e armazenado para fins de pesquisa, conforme regulamento
ou normas técnicas, éticas e operacionais pré-definidas, sob responsabilida-
de e gerenciamento institucional, sem fins comerciais.
Material Bio-
lógico Hu-
mano
Espécimes, amostras e alíquotas de material original e seus componentes
fracionados.
Projeto de
Pesquisa
Documento em que é descrita a pesquisa em seus aspectos fundamentais,
incluindo informações relativas ao sujeito da pesquisa, detalhamento a res-
peito dos métodos que serão utilizados para a coleta e tratamento das mos-
tras biológicas, qualificação dos pesquisadores e instâncias responsáveis.
Sujeito da
Pesquisa
Aquele que, de forma esclarecida, livre e autônoma, consente em partici-
par de pesquisas, atuais ou potenciais, associadas ao armazenamento de
material biológico humano em Biobanco.
Atividades
em Patologia
Processos voltados para a confecção de lâminas e elaboração de exames
citológicos, histológicos, imunoistoquímicos e de imunofluorescência, para a
confirmação de diagnósticos clínicos pré-cirúrgicos, e pós-cirúrgicos, dos su-
jeitos da pesquisa e daqueles atendidos nos ambulatórios do Hospital de Clí-
nicas, bem como de outras instituições.
4. ORGANIZAÇÃO
4.1. Área física
As atividades em patologia contidas em projetos de pesquisa, que utilizam de mate-
rial biológico humano armazenado no Biobanco do Serviço de Patologia do Hospital
de Clínicas da Universidade Federal de Uberlândia serão desenvolvidas nas depen-
dências do Serviço.
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A área total do laboratório é redistribuída em razão do tipo de atividade desenvolvida
em cada setor, assim distribuída: a) recepção de material biológico humano; b) se-
cretaria; c) macroscopia; d) processamento técnico; e) microscopia e, f) arquivos.
4.1.1. Condições ambientais
Além de fatores como higienização, iluminação, ventilação em todo o Biobanco, bem
como do sistema de exaustão nas salas de técnica, macroscopia e microscopia, de-
vem-se atentar para a presença de balcões, pias, pisos e revestimentos, todos lavá-
veis e de fácil conservação.
4.1.2. Recomendações e precauções
Toda equipe envolvida nas atividades do Biobanco deve ter conhecimento de como
proceder a frente às situações de urgência/emergência surgidas em suas depen-
dências.
A equipe deve, também, ter conhecimento da localização e do manejo dos equipa-
mentos de proteção, como extintores de incêndio, e dos sinais e sintomas indicativos
intoxicações ou envenenamentos.
Recomendam-se, ainda, cuidados especiais para todos aqueles que lidam direta-
mente com o material biológico humano, visando não apenas a sua contaminação,
como a das amostras entre si.
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4.2. Setores do Biobanco
O Biobanco do Serviço de Patologia do Hospital de Clínicas da Universidade Federal
de Uberlândia é composto dos seguintes setores:
4.2.1. Recepção do material biológico humano
Os materiais biológicos humanos recebidos no Biobanco, tais como, lâminas de ci-
topatologia, frascos com líquidos corporais, frascos com produto de biópsias e peças
cirúrgicas, devem ser identificados e encaminhados para a sala de macroscopia e
acompanhados das correspondentes requisições corretamente preenchidas, con-
forme o projeto de pesquisa, com, por exemplo, os seguintes dados: identifica-
ção/código do sujeito da pesquisa, procedência do material, dados clíni-
cos/epidemiológicos e tipo de exame solicitado.
4.2.2. Secretaria
Na secretaria, as amostras serão registradas no Caderno de Entrada de Material Bi-
ológico Humano, informando-se a data de recebimento, o número de identifica-
ção/codificação, a quantidade de frascos, o nome do médico patologista responsável
e o nome do pesquisador responsável pelo projeto de pesquisa.
O número de identificação/codificação segue numeração sequencial anual do
Biobanco que garante sigilo e privacidade às informações do sujeito da pesquisa. O
número de identificação/codificação segue o seguinte critério:
Za-b (Z=biobanco; a=ano corrente; b=número ordinal de registro).
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Os materiais biológicos humanos que não estiverem em conformidade serão devol-
vidos no ato do recebimento. Exemplos:
Requisições de estudo anatomopatológico não preenchidas corretamente;
Não coincidência do material biológico humano/projeto de pesquisa/médico pato-
logista responsável/pesquisador responsável;
Lâminas citológicas/histológicas danificadas;
Material biológico humano sem meio fixador adequado quando for o caso.
4.2.2.1. Laudos
Os laudos assinados pelo patologista responsável são registrados no Caderno de
Diagnóstico de Material Biológico Humano contendo informações relativas ao parti-
cipante e às amostras segundo o Protocolo de Projeto de Pesquisa.
As requisições originais após a liberação do laudo digitado, são enviadas ao serviço
de arquivo do Setor da Anatomia Patológica.
4.2.3. Macroscopia
Neste setor, o material biológico humano, a fresco ou fixado em meio adequado,
com solução de formalina a 10%, por exemplo, tem seu número de identifica-
ção/codificação, gerado na secretaria, conferido com os dados dos frascos e da re-
quisição de estudo anatomopatológico. Após confirmação, as amostras são descri-
tas macroscopicamente e clivadas pelo médico patologista ou pelo médico residente
em patologia, acompanhado do pesquisador.
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Todos os fragmentos clivados são depositados em cassetes de plástico próprias pa-
ra atividades de patologia, devidamente numeradas (Za-b). Logo, são encaminhadas
ao setor de processamento técnico, juntamente com as requisições correspondentes
e com a Planilha de Macroscopia do dia, com todas as informações pertinentes refe-
rentes ao trabalho realizado. A planilha de macroscopia é constantemente remode-
lada para facilitar o controle interno de qualidade, nela constam informações sobre
cada caso, o número de fragmentos e o número de cassetes, sobra de materiais e
observações de colorações especiais e de histoquímica, e o nome do médico pato-
logista e pesquisador responsável.
4.2.4. Processamento técnico
Neste setor, o material biológico humanos é processado manual ou de foram auto-
matizada para passar, nas próximas 10 horas, pelos processos de desidratação, cla-
rificação e parafinização. Após as etapas, os cassetes são abertas e o número do
identificação/codificação e o número de fragmentos são checados com os dados da
Planilha da Macroscopia.
Somente, então, iniciar-se-á o processo de confecção do bloco de parafina, com
moldes metálicos, através da inclusão dos matérias biológicos humanos em parafina
e rotulação com os números de identificação/codificação.
Após resfriamento em congelador, os blocos de parafina são cortados em micrótomo
semiautomático, com espessura média de 2 a 3 micras. O material é posicionado em
lâminas de vidro, com ponta fosca, próprias para atividades em patologia. Na ponta
fosca, as lâminas recebem a mesma numeração dos blocos de parafina.
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Na estufa, os cortes histológicos passam pelo processo de desparafinação que pos-
sibilita as etapas de coloração de rotina, hematoxilina e eosina (HE), e outras colo-
rações especiais solicitadas na Planilha da Macroscopia.
As lâminas histológicas são, então, recobertas por lamínulas e seguem para o estu-
do de microscopia.
Para os exames de citologia, verificaram-se os dados dos frascos/lâminas com os da
requisição de estudo anatomopatológico antes do processamento técnico das amos-
tras biológicas.
Os líquidos orgânicos são, em seguida, centrifugados para o preparo de bloco celu-
lar e confecção de lâminas citológicas (citologia convencional).
As lâminas de citologia seguem as de coloração de rotina, coloração de Papanico-
lau, ou outras conforme a indicação do material biológico recebido.
Os blocos celulares também são incluídos em parafina e seguem o processamento
conforme descrito anteriormente.
As lâminas citológicas são, então, recobertas por lamínulas e seguem para o estudo
de microscopia.
4.2.4.1. Descarte de material
O descarte de material do Biobanco segue o preconizado pelo Manual de POP do
Serviço de Patologia que está conforme a Resolução RDC no. 33/2003 da ANVISA
que regulamenta o gerenciamento de resíduos dos serviços de saúde.
Os matérias físicos pérfuro-cortantes são acondicionados em recipiente próprio para
o descarte, do mesmo modo que os corantes e reagentes, são encaminhados ao lixo
hospitalar do Hospital de Clínicas da UFU.
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Os materiais biológicos humanos também seguem o preconizado pelo Manual de
POP do LAPAT. Entretanto, quando as amostras biológicas armazenadas no
Biobanco são encaminhadas ao despojo, faz-se necessária a comunicação ao sujei-
to da pesquisa conforme a Resolução CNS de no. 441/2011.
4.2.5. Microscopia
Neste setor, os médicos patologistas e o residentes em patologia recebem as requi-
sições, conforme o projeto de pesquisa, numeradas e lâminas correspondentes para
efeitos de sua leitura das microscópica.
Para os diagnósticos histopatológicos e citopatológicos, seguem-se as recomenda-
ções da Sociedade Brasileira de Patologia e da Organização Mundial da Saúde
(OMS). Além do diagnóstico, serão fornecidas informações adicionais conforme o
projeto de pesquisa.
Todos os laudos são liberados por, no mínimo, dupla checagem executada por um
residente e um médico patologista.
4.2.6. Arquivos
Os blocos de parafina e as lâminas histológicas e citológicas, assim como as requi-
sições de estudo anatomopatológico são arquivados segundo as normas técnicas
preconizadas para arquivos médicos pela SBP, pela SBC e pelo Conselho Federal
de Medicina (CFM).
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4.3. Recursos materiais
Descreve-se, abaixo, a especificação necessária do material de consumo, perma-
nente e equipamento, por setor laboratorial:
4.3.1. Recepção de material e secretaria
Material de consumo: livros de registro, lápis, canetas, borrachas, clipes, perfurado-
res, grampeadores, papel, tintas e tonners para impressoras, requisições de estudo
anatomopatológico. Os recursos materiais de consumo são de responsabilidade do
pesquisador responsável.
Material permanente: mobiliário (mesas, armários, arquivo e cadeiras) e eletrônicos
(computadores, telefone e impressoras). Esses são de responsabilidade do Bioban-
co do Serviço de Patologia do Hospital de Clínicas da Universidade Federal de Uber-
lândia.
4.3.2. Setor de processamento técnico
Material de consumo: livros de registro, lápis-diamante ou marcador de lâminas, lâ-
minas foscas, lamínulas, gazes para montagem e limpeza das lâminas, papel de fil-
tro, hematoxilina de Harris, formol, parafina, sulfato alumínio de amônia, óxido ama-
relo de mercúrio, orange G, ácido fosfotúngstico, ácido clorídrico, EA-36: Light
Green, Bismark Brown e Eosina, álcool etílico a 95%, álcool etílico absoluto, xilol,
resina sintética para montagem e etiquetas, cápsulas para processamento de teci-
60
dos (cassetes). Os recursos materiais de consumo são de responsabilidade do pes-
quisador responsável.
Material permanente: centrífuga, histotécnico, estufas, tábua de madeira para inclu-
são de blocos, tábuas de madeira para corte, facas para corte, instrumental de dis-
secação (pinças, tesouras, bisturi), réguas, estufa para secagem, recipiente para pa-
rafina quente, fogão elétrico, moldes para inclusão, geladeira, recortador de blocos,
micrótomo e navalhas, banho-maria, suporte para lâminas (alumínio ou vidro), pro-
vetas graduadas (10 cc, 100 cc e 1000 cc), frasco de Erlenmeyer (de pirex), armá-
rios de metal para armazenar reagentes, bandejas de madeira, arquivos para lâmi-
nas, arquivos para laudos mesas e balcão (junto à pia) para a bateria de coloração,
geladeira. Esses são de responsabilidade do Biobanco do Serviço de Patologia do
Hospital de Clínicas da Universidade Federal de Uberlândia.
4.3.3. Arquivo
Material de consumo: lápis, papel, tinta, canetas, xilol, borrachas, lenços de papel,
folhas, requisições e guias de exames. Os recursos materiais de consumo são de
responsabilidade do pesquisador responsável.
Material permanente: mesa de base firme (para microscopia), bancos, cadeiras, ar-
quivos para lâminas e laudos, estantes para arquivar blocos e requisições, armários,
computadores, ar condicionado. Esses são de responsabilidade do Biobanco do
Serviço de Patologia do Hospital de Clínicas da Universidade Federal de Uberlândia.
61
5. ADMINISTRAÇÃO
O Biobanco do LAPAT tem como diretriz a presença administrativa do Gerente e
Responsável Técnico, subordinado à Diretoria Técnica do Hospital de Clínicas.
Quando houver alteração da titularidade da responsabilidade pelo Biobanco, o Sis-
tema CEP/CONEP será prontamente informado.
Cabe ao responsável pelo Biobanco tomar providências visando a execução dos
projetos de pesquisa, dar parecer e assinar documentos, observar e fazer que sejam
observados os princípios da ética profissional; responsabilizar-se pela guarda do
material biológico humano armazenado e
executar outras tarefas correlatas.
5.1. Normas e funcionamento
As unidades que encaminham o material biológico humano, líquidos orgânicos, pro-
duto de biópsias ou cirurgias e necropsias, devem dispor de meios especiais para a
remessa adequada dos materiais a serem examinados, devidamente fixados ou
acondicionados.
Para as demais ações de diagnóstico em pesquisa, serão utilizados os recursos do
Biobanco do Serviço de Patologia do Hospital de Clínicas da Universidade Federal
de Uberlândia.
62
5.1.1. Fixação do material biológico humano
É pré-requisito, a fixação dos esfregaços, produtos de biópsias ou peças cirúrgicas e
de necropsia, visando à preservação da estrutura celular e conservação dos deta-
lhes nucleares, com mínima distorção e evitando-se artefatos e autólise. Material
biológico a fresco pode ser recebido, segundo o desenho do projeto de pesquisa,
dependendo da disponibilidade do Biobanco no momento.
A escolha das soluções fixadoras empregadas depende do material a ser examina-
do, do que se pretende estudar e da técnica de coloração a ser utilizada.
a) Para os exames citopatológicos: álcool absoluto ou álcool a 95% ou 70% (álcool
metílico ou etílico de preferência). Recomenda-se que a fixação seja realizada de
forma rápida e apropriada, a fim de se evitar a distorção celular e perda da afinidade
tintorial. O tempo de fixação varia em média, de 10 a 60 minutos. Entretanto, a
amostra poderá permanecer na solução fixadora durante alguns dias ou mesmo se-
manas de acordo com o desenho do projeto de pesquisa. Os fixadores devem ser
filtrados e renovados periodicamente. A evaporação deve ser evitada, utilizando-se
frascos com tampa. Os esfregaços fiquem totalmente imersos nas soluções fixado-
ras.
b) Para os exames histopatológicos: solução de formalina a 10%. A amostra deve
ser, imediatamente, submersa em recipiente contendo o líquido fixador. O tempo
médio de fixação é de 8 a 48 horas, variando de acordo com o índice de fixação. Em
geral, recomenda-se que as amostras com 1 mm de espessura permaneçam 8 ho-
ras no fixador. Para amostras de rim, recomenda-se a utilização do fixador bouin.
63
5.2. Do uso do material biológico humano pra fins de pesquisa
O material biológico humano arquivado no Biobanco do Serviço de Patologia da Uni-
versidade Federal de Uberlândia pode ser utilizado em pesquisa mediante aprova-
ção do Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) institucional e do gerenciamento e res-
ponsabilidade técnica do Biobanco.
5.2.1. Documentos necessários
Para fins de controle interno, serão exigidas cópia do projeto de pesquisa e do pare-
cer de aprovação pelo CEP institucional e via do Termo de Consentimento Livre e
Esclarecido.
5.2.2. Análise dos casos
O Biobanco é parte do Serviço de Patologia do Hospital de Clínicas da Universidade
Federal de Uberlândia que presta serviço de diagnóstico em patologia à população
adscrita. Com o intuito de proteção ao sujeito da pesquisa, os materiais biológicos
humanos arquivados serão avaliados individualmente quanto a possibilidade de uso
em pesquisa sem prejuízo para possíveis técnicas diagnósticas futuras.
A análise individual dos casos será feita em base à quantidade de material disponí-
vel, ao tempo de arquivamento e se o sujeito da pesquisa está vivo por exemplo.
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6. CONTROLE DE QUALIDADE
Define-se, controle de qualidade a série de princípios e práticas que visam minimizar
a probabilidade de erros. O controle de qualidade depende fundamentalmente do
bom desempenho das atividades técnicas e administrativas. A supervisão das tare-
fas deve seguir a organização funcional, iniciando-se, dessa forma, na unidade de
saúde que realiza a obtenção da material.
Na recepção do material, o controle em relação à checagem do material biológico
humano, condições de fixação, conservação e correspondência com as requisições
de estudo anatomopatológico.
No processamento técnico, a atenção é voltada para o desempenho técnico da in-
clusão, conferindo-se sistematicamente os frascos, o número de identificação-
codificação e quantidade de fragmentos dos cassetes controlando com o discrimina-
do na Planilha de Macroscopia. Confeccionando-se o bloco, este é cortado e, imedi-
atamente, procede-se a numeração de identificação/codificação da lâmina. Em rela-
ção à coloração, deve haver renovação periódica das soluções utilizadas.
No exame microscópico, a leitura é realizada obedecendo uma sistemática (de acor-
do com os objetivos do projeto de pesquisa) e com, minimamente, dupla checagem.
6.1. Em relação à suspeita de troca de material
Ao detectar-se algum erro de troca de material ou na menor dúvida de troca, todos
os funcionários do setor técnico e o patologista responsável devem ser notificados.
65
Após a notificação, os casos daquele período devem ser revisados utilizando-se as
informações das requisições, lâminas, blocos e planilhas de macroscopia, buscando
identificar informações que caracterizem a troca.
Confirmando-se a troca de material biológico humano, serão realizados todos os
procedimentos internos de novos cortes dos blocos de parafina, e se necessária,
nova inclusão de sobra do material biológico humano arquivado na macroscopia
quando disponível.
7. DISPOSIÇÕES FINAIS
O presente Manual de Procedimento Operacional Padrão foi elaborado e proposto
com bases no Manual de Procedimento Operacional Padrão do Serviço de Patologia
do Hospital de Clínicas da Universidade Federal de Uberlândia e nas recomenda-
ções da Sociedade Brasileira de Patologia, Sociedade Brasileira de Citopatologia, na
Resolução RDC no. 33/2003 e na Resolução CNS no. 441/2011, como parte inte-
grante do Protocolo de Desenvolvimento para credenciamento do Biobanco do Ser-
viço de Patologia do Hospital de Clínicas da Universidade Federal de Uberlândia.
6.5 Regimento Interno para armazenamento e utilização de materiais biológi-
cos humanos e informações associadas em pesquisa no Biobanco do Serviço
de Patologia da Universidade Federal de Uberlândia
CAPÍTULO I: DA CARACTERIZAÇÃO E DAS FINALIDADES
Art. 1º Este Regulamento objetiva instituir diretrizes sobre a coleta, processa-
mento, armazenamento, disponibilização e descarte de materiais biológicos huma-
nos originados da assistência médica de diagnóstico em Patologia e de pesquisas
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envolvendo seres humanos realizadas no âmbito da Universidade Federal de Uber-
lândia, e informações associadas para o Biobanco do Serviço de Patologia do Hospi-
tal de Clínicas da instituição.
§ 1º Para os efeitos deste Regulamento, considera-se material biológico hu-
mano espécimes, amostras e alíquotas de material biológico original e seus compo-
nentes fracionados, tais como fragmentos e segmentos representativos de órgãos,
tecidos e líquidos orgânicos, obtidos em um determinado momento, para fins de di-
agnóstico em Patologia, preservados e acondicionado para a utilização futura em
projetos de pesquisa.
§ 2º A pesquisa envolvendo seres humanos é toda atividade ou ação que, in-
dividual ou coletivamente, envolva o ser humano, de forma direta ou indireta, em sua
totalidade ou partes deles, incluindo o manejo de informações relacionadas.
§ 3º O sujeito da pesquisa é aquele que, de forma esclarecida, livre e autô-
noma, consente em participar de pesquisas, atuais ou potenciais, associadas ao ar-
mazenamento de material biológico humano no Biobanco.
§ 4º As informações associadas são quaisquer informações relativas ao sujei-
to e seu material biológico humano armazenado, incorporadas ao registro do
Biobanco.
§ 5º O Projeto de Pesquisa é o documento em que é descrita a pesquisa em
seus aspectos fundamentais, incluindo informações relativas ao sujeito da pesquisa,
detalhamento a respeito dos métodos que serão utilizados para a coleta e tratamen-
to das amostras biológicas, qualificação dos pesquisadores e instâncias responsá-
veis.
§ 6º O Biobanco é a congregação de toda coleção organizada de material bio-
lógico humano e informações associadas, coletados e armazenados para fins espe-
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cíficos de diagnóstico em Patologia e de pesquisa conforme descrito neste Regula-
mento.
Art. 2º O Biobanco deve respeitar os princípios legais e éticos estabelecidos
pelos órgãos governamentais, Conselho Nacional de Saúde, pelo Ministério da Saú-
de, e pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária, e pelos Conselhos Federal e
Regional de Medicina assim como os das Sociedades Brasileiras de Patologia e de
Citopatologia.
Art. 3º Os conhecimentos produzidos a partir dos materiais biológicos huma-
nos e as informações associadas armazenados no Biobanco do Serviço de Patolo-
gia do Hospital de Clínicas da Universidade Federal de Uberlândia devem prover o
retorno à sociedade.
CAPÍTULO II: DA ORGANIZAÇÃO, DAS RESPONSABILIDADES E DO GEREN-
CIAMENTO
Art. 4º O Serviço de Patologia do Hospital de Clínicas da Universidade Fede-
ral de Uberlândia é responsável legal pelos materiais biológicos armazenados no
Biobanco.
§ 1º Todo material biológico humano utilizado nas dependências do Biobanco
deve estar cadastrado no Serviço de Patologia do Hospital de Clínicas da Universi-
dade Federal de Uberlândia.
§ 2º O Biobanco deve conter um sistema seguro de identificação, que garanta
o sigilo, o respeito à confidencialidade e à recuperação dos dados dos sujeitos da
68
pesquisa, para fornecimento de informações do interesse destes ou para obtenção
de consentimento específico para utilização em nova pesquisa.
Art. 5º O Biobanco deve adotar o conjunto de práticas e dispor dos equipa-
mentos e instalações do Serviço de Patologia do Hospital de Clínicas da Universida-
de Federal de Uberlândia voltadas à prevenção, minimização ou eliminação de ris-
cos inerentes às atividades de pesquisa, visando à saúde humana, à preservação do
meio ambiente e à qualidade dos resultados.
§ 1º O Biobanco está vinculado administrativamente ao Serviço de Patologia
do Hospital de Clínicas da Universidade Federal de Uberlândia, por interveniência do
Comitê de Ética em Pesquisa, CEP.
§ 2º O Biobanco pode vincular-se aos Departamentos de lotação do(s) pes-
quisador(es), a critério do responsável técnico do Biobanco, por interveniência do
CEP, mediante descritivo apresentado no projeto de pesquisa.
Art. 6º O material biológico humano armazenado é do sujeito da pesquisa,
permanecendo sua guarda sob responsabilidade do Biobanco do Serviço de Patolo-
gia.
Art. 7º São princípios do funcionamento do Biobanco:
I – a qualidade, a segurança e a adequação técnica, ética e jurídica do mate-
rial armazenado e das informações associadas;
II – o controle e a administração do material biológico e das informações as-
sociadas.
69
Art. 8º Todo material biológico humano utilizado nas pesquisas vinculadas ao
Biobanco do Serviço de Patologia do Hospital de Clínicas da Universidade Federal
de Uberlândia deve ser acompanhado do Termo de Consentimento Livre e Esclare-
cido, TCLE.
Parágrafo único. O TCLE é um documento com a anuência prévia do sujeito
ou de seu representante legal, livre de vícios, dependência, subordinação ou intimi-
dação, após esclarecimento claro, completo e pormenorizado sobre a finalidade da
coleta, depósito e utilização do material biológico humano, potenciais benefícios, ris-
cos e incômodos. Deve ser confirmado pela assinatura ou impressão datiloscópica,
autorizando sua participação voluntária.
Art. 9º O uso de material biológico humano em projetos de pesquisa deve se-
guir as recomendações do Manual de Procedimentos Operacionais Padrão do
Biobanco.
§ 1º O Manual deve apresentar as descrições da sistematização das recep-
ção de material biológico humano, processamento, armazenamento, disponibilização
e descarte com base nas regras contidas neste Regulamento.
§ 2º O Manual deve definir a constituição, os responsáveis e seus aspectos
fundamentais, como o TCLE a ser utilizado, as informações relativas ao sujeito e às
amostras.
70
CAPÍTULO III: DA COLETA, DO DEPÓSITO, DO ARMAZENAMENTO E DA UTI-
LIZAÇÃO DO MATERIAL
Art. 10. A utilização do material biológico humano em pesquisa somente po-
derá ser realizada com o consentimento livre e esclarecido do sujeito da pesquisa e
mediante aprovação do protocolo adequadamente instruído e aprovado pelo CEP.
§ 1º O consentimento livre e esclarecido referente a coleta, depósito, armaze-
namento e utilização de material biológico humano no Biobanco é formalizado por
intermédio de TCLE, por meio do qual o sujeito da pesquisa deve se manifestar ex-
pressamente quanto às seguintes alternativas, excludentes entre si:
I – necessidade de novo consentimento a cada pesquisa; ou
II – dispensa de novo consentimento a cada pesquisa.
§ 2º O consentimento livre e esclarecido referente à coleta, depósito, armaze-
namento, utilização e descarte de material biológico humano é formalizado por meio
de TCLE específico para cada pesquisa, conforme preconizado nas resoluções do
Conselho Nacional de Saúde.
§ 3º O TCLE deve obrigatoriamente apresentar:
I – referência aos tipos de informação que poderão ser obtidas nas pesquisas
futuras, a partir da utilização do material biológico humano armazenado, para fins de
conhecimento e decisão autônoma do sujeito;
II – garantia expressa da possibilidade de acesso pelo sujeito da pesquisa,
inclusive à(s) forma(s) de contato para tal, ao conhecimento dos resultados obtidos
com a utilização do seu material biológico e às orientações quanto às suas implica-
ções, incluindo aconselhamento genético quando aplicável, a qualquer tempo;
71
III – manifestação expressa da vontade do sujeito da pesquisa quanto à ces-
são dos direitos sobre o material armazenado aos sucessores ou outros por ele indi-
cados, em caso de óbito ou condição incapacitante;
IV – informação ao sujeito que os dados fornecidos, coletados e obtidos a
partir de pesquisas poderão ser utilizados em pesquisas futuras;
V – referência à autorização de descarte do material armazenado e às situa-
ções nas quais o mesmo é possível.
Art. 11. Apenas o sujeito da pesquisa, ou seu representante legal, a qualquer
tempo e sem quaisquer ônus ou prejuízos, pode retirar o consentimento de guarda e
utilização do material biológico armazenado no Biobanco e a desistência torna-se
vigente a partir da data de formalização.
§ 1º A retirada do consentimento será formalizada por manifestação, por es-
crito e assinada, pelo sujeito da pesquisa ou seu representante legal, cabendo-lhe a
devolução das amostras existentes.
§ 2º No caso de Biobanco, o processo de retirada de consentimento deverá
constar do relatório periódico de atividades do estudo ou quando for solicitado pela
instituição ou por órgãos de controle competentes como Conselho Nacional de Ética
em Pesquisa ou ANVISA.
Art. 12. O armazenamento do material biológico no Biobanco deve estar ex-
plicitado no Projeto de Pesquisa por meio do Protocolo de Desenvolvimento, que
deve ser previamente analisado e aprovado pelo CEP e posteriormente, se necessá-
rio, avaliado e receber parecer final da CONEP.
72
Parágrafo único. O Protocolo de Desenvolvimento é apresentado no momento
da proposição do projeto de pesquisa, para que conste na resolução de aprovação
da pesquisa.
Art. 13. No caso de armazenamento envolvendo mais de uma instituição, de-
ve haver acordo firmado entre as instituições participantes.
§ 1º O acordo deve contemplar formas de operacionalização, compartilha-
mento e utilização do material biológico humano armazenado no Biobanco, inclusive
a possibilidade de dissolução futura da parceria e a consequente partilha e destina-
ção dos dados e materiais armazenados, conforme previsto no TCLE.
§ 2º No Biobanco, o acordo entre as instituições deve ter parecer de aprova-
ção pelo CEP.
§ 3º É necessário explicitar o tipo e a quantidade dos materiais compartilha-
dos, informando o compromisso de retorno do material ao Biobanco de origem após
a utilização.
Art. 14. O armazenamento de material biológico humano, no País ou no exte-
rior, visando à possibilidade de utilização em investigações futuras, deve respeitar os
requisitos vigentes do – Conselho Nacional de Saúde e Ministério de Saúde e com-
plementares, e apresentar os seguintes documentos:
I – justificativa quanto à necessidade e oportunidade para utilização futura;
II – consentimento do sujeito da pesquisa, autorizando a coleta, o depósito, o
armazenamento e a utilização do material biológico humano;
III – declaração de que toda nova pesquisa a ser realizada com o material
armazenado será submetida para aprovação do CEP e, quando for o caso, CONEP.
73
Art. 15. No caso de constituição ou participação em banco de material biológi-
co humano no exterior, devem ser obedecidas as normas nacionais e internacionais
para remessa de material e ser apresentado o regulamento da instituição destinatá-
ria para análise do sistema CEP/CONEP quanto ao atendimento dos requisitos des-
ta Resolução:
I – o pesquisador e a instituição brasileiros devem ter direito ao acesso e à
utilização em pesquisas futuras, do material biológico humano armazenado no exte-
rior, não necessariamente das amostras por ele depositadas, garantida, no mínimo,
a proporcionalidade da participação.
II – o direito de acesso e utilização compreende as amostras, informações as-
sociadas e resultados incorporados ao banco, obtidos em pesquisas aprovadas pelo
sistema CEP/CONEP.
III – os direitos relativos ao material biológico humano armazenado no exterior
não podem ser considerados exclusivos do Estado ou Instituição.
IV – a utilização de amostras de brasileiros armazenadas no exterior somente
poderá se realizar, se observado o art. 5º desta Resolução e com a participação de
pesquisador e/ou instituições brasileiros.
V – a instituição destinatária no exterior deve comprometer-se a respeitar a
legislação brasileira, em especial a vedação do patenteamento e da utilização co-
mercial de material biológico humano.
74
CAPÍTULO IV: DOS PRAZOS PARA ARMAZENAMENTO
Art. 16. O prazo de armazenamento de material biológico humano no Bioban-
co é indeterminado, sendo a manutenção de seu credenciamento subordinada ao
atendimento das normas vigentes.
§ 1º A cada cinco anos, contados a partir da sua constituição, ou a qualquer
tempo, por solicitação do sistema CEP/CONEP, o responsável pelo Biobanco deve
apresentar relatório de atividades do período ao sistema CEP/CONEP, constando,
obrigatoriamente, o número de sujeitos incluídos no período e a relação de pesqui-
sas que utilizaram amostras armazenadas.
§ 2º Nas hipóteses previstas nas alíneas “III” e “IV”, do parágrafo anterior são
obrigatórias:
I – oferta formal do material armazenado a, no mínimo, duas instituições de
pesquisa que possuam Biobanco e a apresentação comprovada da recusa; e
II – submissão da decisão Institucional e da destinação do material biológico
ao CEP, que as encaminhará para avaliação da CONEP.
Art.17. Renovações da autorização de armazenamento são permitidas medi-
ante solicitação do pesquisador responsável ao CEP, acompanhada de justificativa e
relatório de atividades de pesquisa desenvolvidas com o material durante o período.
75
CAPÍTULO V: DA TRANSFERÊNCIA, PERDA OU DESCARTE/DESTRUIÇÃO DO
MATERIAL ARMAZENADO
Art. 18. A transferência do material biológico humano armazenado entre o
Biobanco do Serviço de Patologia do Hospital de Clínicas da Universidade Federal
de Uberlândia e outra instituição no País ou exterior, deve ser comunicada ao sujeito
da pesquisa sempre que possível ou, na impossibilidade, deve ser apresentada justi-
ficativa ao sistema CEP/CONEP e devidamente aprovada.
§ 1º O sujeito da pesquisa deve ser informado sobre a perda ou destruição de
suas amostras biológicas, bem como sobre o encerramento do biobanco, quando for
o caso;
§ 2º O descarte do material armazenado em Biobanco pode ocorrer:
I – pela manifesta vontade do sujeito da pesquisa;
II – devido à inadequação da amostra por critérios de qualidade;
III – por iniciativa da Instituição; e
IV – pela dissolução do Biobanco.
CAPÍTULO VI: DAS DISPOSIÇÕES FINAIS
Art. 19. Quando fundamentada a impossibilidade de obtenção do consenti-
mento específico para a nova pesquisa, mediante opção do sujeito em ser consulta-
do a cada pesquisa, cabe ao CEP autorizar a utilização do material biológico huma-
no armazenado no Biobanco.
Art. 20. O Biobanco tem o prazo de um ano para adequar-se a esta regula-
mentação, contando a partir da data sua publicação.
76
Art. 21. Este Regulamento entra em vigor na data de sua publicação no Ser-
viço de Patologia do Hospital de Clínicas da Universidade Federal de Uberlândia.
6.6 Declaração de compromisso de envio de relatório de atividades
Eu, Dr(a).___________________________________________________, CRMMG
_________, Gerente e Responsável Técnico3(a) do estabelecimento do Biobanco
do Serviço de Patologia do Hospital de Clínicas da Universidade Federal de
Uberlândia, declaro que tenho ciência e que me comprometo, a cada cinco anos,
contados a partir da sua constituição, ou a qualquer tempo, por solicitação da CO-
NEP, apresentar relatório de atividades do período ao Sistema CEP/CONEP, cons-
tando, obrigatoriamente, o número de sujeitos incluídos no período e a relação de
pesquisas que utilizaram amostras armazenadas, atendendo aos termos da Resolu-
ção CNS no. 441/111.
Por ser verdade, firmo a presente.
______________________________, ______ de _____________ de 201__.
Local e data
__________________________________________________
Responsável Técnico do Biobanco
__________________________________________________
Responsável Técnico do LAPAT
1 Resolução CNS no 441, de 12 de maio de 2011, nos termos do Decreto no 5.839, de 11 de
julho de 2006
78
7 DISCUSSÃO
Desde janeiro de 2014, todos os projetos de pesquisa de iniciação científica e
de pós-graduação envolvendo amostras tissulares e citológicas armazenadas no
Serviço de Patologia do Hospital de Clínicas da Universidade Federal de Uberlândia
têm obtido parecer retirado do CEP institucional devido a falta de formalização de
seu arquivo junto à CONEP. Nesse contexto, sobretudo com a finalidade de se re-
duzir os prejuízos de produção científica, o Serviço propôs uma normativa para regu-
larizar seu acervo.
Os biobancos nasceram na década de 90 a partir da necessidade científica
de pesquisas, fundamentalmente em patologia molecular das doenças genéticas –
impulsionados pelo Projeto Genoma. (BRASIL, 2011; SOUZA, 2012). A palavra
biobanco tem origem na língua inglesa, biobank, e significado abrangente. (BEVI-
LACQUA, 2010; BRASIL, 2011). Segundo as recomendações da Organisation for
Economic Cooperation and Development – OECD (http://www.oecd.org), fórum úni-
co constituído dos governos de 30 democracias para enfrentar os desafios econômi-
cos, sociais e ambientais da globalização, entendem-se por biobanco, fontes estrutu-
radas de recursos que podem ser usados para fins de pesquisa que incluem materi-
ais biológicos humanos e/ou informações geradas a partir da análise dos mesmos. O
conceito de biobanco defendido pela OECD é amplo e serve de orientação para a
criação de leis que regulamentam o armazenamento de material biológico humano
mundo afora. (VAUGHT, 2009)
Outras organizações internacionais como Biobanking and Biomolecular Resources
research Infrastructure – BBMRIP (http://bbmri.at), International Agency for Research
on Cancer/World Health Organization (http://www.iarc.fr), International Society for
Biological and Environmental Repositories (http://www.isber.org), Office of Bioreposi-
tories and Biospecimen Research (http://biospecimens.cancer.gov/bestpractices/),
Public Population Project in Genomics (http://www.p3g.org) têm, também, apontado
diretrizes para a criação de normativas relacionadas com biobanco. Para tal, propu-
seram a criação do Fórum de Organizações Internacionais de Biobancos. (RIEG-
MAN, 2007; SHNKAR, 2011)
A princípio, a discussão entre a força-tarefa e o CEP institucional se centrou
na caracterização do Serviço de Patologia como biobanco. Por um lado, o Serviço
tem caráter assistencial de diagnóstico em patologia à população adscrita ao Hospi-
79
tal de Clínicas. Por outro lado, o CEP institucional entende que há a necessidade de
configuração de biobanco para que os materiais biológicos armazenados possam
ser compartilhados em projetos de pesquisa. A força-tarefa decide por colocar em
execução o protocolo de desenvolvimento para credenciamento possibilitando, des-
se modo, a integração harmônica entre assistência e pesquisa.
Afinal, historicamente, a vasta maioria das coleções organizadas de material
biológico humano se encontra armazenada nos serviços de patologia. (RIEGMAN,
2007). Os hospitais universitários tem desempenhado papel crucial nas atividades
de coleta, processamento e armazenamento de material. O arquivo, por exemplo,
data dede 1972. Essas coleções encontradas nos serviços acadêmicos de patologia
são semelhantes àquelas coletadas em projetos de pesquisa. Entretanto, não se li-
mitam a um único tipo de órgão ou de doença. (RIEGMAN, 2008; BEVILACQUA,
2010).
Em janeiro de 2010, um grupo de expertos em patologia, patrocinado pelo
BBMRIP, publicou recomendações aos patologistas e às instituições que abrigam
biobancos. De acordo com o consenso, esses arquivos representam um tipo espe-
cial de coleção de material biológico humano que pode prover substrato para
biobancos, desde que se estabeleçam e se cumpram normas como, por exemplo: a)
documentar variações anatomopatológicas; b) catalogar os materiais; c) organizar
regras de acesso; e d) cumprir com os requisitos legais para a utilização em projetos
de pesquisa. (RIEGMAN, 2007;VAUGHT, 2009)
O Termo de Consentimento Livre e Esclarecido é a primeira norma a ser
cumprida para o acesso ao Biobanco e o uso das amostras em projetos de pesqui-
sa. Mundialmente, exige-se o consentimento informado do sujeito envolvido em pes-
quisa com seres humanos. (ZIKA,2010; GOE BELL, 2010). Desde sua criação em
1947, o Código de Nuremberg afirma em sua primeira diretriz que o “consentimento
voluntário do ser humano absolutamente essencial”. (KAUFFMANN, 2008). Igual-
mente, os sujeitos que serão submetidos à pesquisa devem ser legitimamente capa-
zes de dar consentimento e de exercer o livre direito de escolha. O modelo de TCLE
produzido pela força-tarefa confere caráter de doação aos materiais biológicos hu-
manos sob a guarda do Biobanco. Futuramente, pretende-se justificar a retirada e
distribuição do material para outros biobancos conforme o desenho do projeto de
pesquisa.
80
Aparte os desafios éticos, jurídicos e burocráticos para o credenciamento de
biobancos no Brasil, o Hospital de Clínicas da Universidade enfrenta dificuldades fi-
nanceiras. Portanto, o Serviço de Patologia, através da força-tarefa, decide pela im-
plementação do Biobanco utilizando-se da mesma área física e de seus bens per-
manentes e equipamentos já existentes. Para os bens de consumo, o Regimento
Interno estabelece que os gastos serão assumidos pelo pesquisador responsável e
sua equipe através de recursos próprios.
O Regimento Interno prevê duas diferentes situações para o armazenamento
de amostras biológicas. A primeira se centra em material colhido com a finalidade
exclusiva de pesquisa e de uso irrestrito. A segunda situação concerne o acervo do
Serviço armazenado com fins assistenciais e de uso restrito. O material biológico
humano arquivado no Biobanco do Serviço de Patologia da Universidade Federal de
Uberlândia poderá, portanto, ser utilizado em pesquisa mediante dupla aprovação:
por parte do CEP institucional e por parte do gerenciamento e responsabilidade téc-
nica do Biobanco. Com o intuito de proteção ao sujeito da pesquisa, os materiais
biológicos humanos arquivados serão avaliados individualmente quanto a possibili-
dade de uso em pesquisa sem prejuízo para possíveis técnicas diagnósticas futuras.
A análise dos casos será feita em base à quantidade de material disponível, ao tem-
po de arquivamento e se o sujeito da pesquisa está vivo, por exemplo, conforme o
Manual de Procedimentos Operacionais Padrão.
Os desafios para a implementação do Biobanco do Serviço de Patologia da
Universidade Federal de Uberlândia são complexos. Para tal, exige-se uma mudan-
ça cultural com enfoque na propriedade do material biológico humano. Deve-se en-
tender que as amostras pertencem ao sujeito da pesquisa e estão sob a guarda le-
gal do Serviço de Patologia. Desde o ponto de vista da ética, a sociedade e a legis-
lação vigente obrigam um novo protótipo ético para pesquisa científica e, concluden-
temente, para a utilização de material biológico humano.
A direção técnica e administrativa do Serviço de Patologia tem apoiado a ini-
ciativa de regulamentação do Biobanco e disponibilizado seu espaço físico e sua in-
fraestrutura básica para o acolhimento. Entretanto, há algumas lacunas no tocante a
investimentos, apoio operacional e político. Aprovaram-se, internamente, o Manual
de Procedimentos Operacionais Padrão e o Regimento Interno, com critérios para a
coleta e disponibilização do material biológico para a pesquisa. Porém, ainda não se
têm definidas as regras e a composição do Conselho Gestor do Biobanco. Neste
81
primeiro momento, não se conseguiu dar autonomia ao Biobanco, que há de ser re-
gido pela direção técnica e administrativa do Serviço de Patologia.
Infelizmente, o Protocolo de Desenvolvimento proposto se preocupa unicamente em
envolver o Serviço de Patologia e não, como seria o ideal, criar um Biobanco Institu-
cional que integrasse outros setores da Universidade Federal de Uberlândia, como
os departamentos de Biologia e Odontologia por exemplo.
Futuramente, pretende-se desenhar protocolos que garantam a coleta siste-
matizada de material biológico humano, com informações precisas sobre as amos-
tras, armazenadas não somente em solução de formalina ou em blocos de parafina,
mas, também, congeladas a fresco, que poderão ser utilizadas em projetos de pes-
quisas não previstos no momento da coleta. Com o intuito final de produzir conheci-
mento.
Anseia-se, também, a aquisição de um sistema de informação próprio e inde-
pendente do Sistema Intrahospitalar do Hospital de Clínicas da Universidade Federal
de Uberlândia com a finalidade se ser ter uma maior flexibilidade no acesso de da-
dos e informações associadas, como mínimos riscos de prejuízos para o sigilo e pri-
vacidade do paciente.
A Norma Operacional CNS no. 001/2013 disponibiliza informação e orientação sobre
os documentos necessários para o credenciamento de biobancos e está disponível
virtualmente no endereço
http://conselho.saude.gov.br/web_comissoes/conep/aquivos/CNS%20%20Norma%2
0Operacional%20001%20-%20conep%20finalizada%2030-09.pdf.
83
8 CONCLUSÃO
O armazenamento de materiais biológicos humanos em biobancos tem se
tornado um instrumento central para a pesquisa médica, no mundo e no Brasil. Os
serviços de patologia desempenham importante papel já que podem aportar sobras
de amostras biológicas que constituem objeto potencial de estudo e permitem eco-
nomizar tempo para a pesquisa.
A partir da imposição do CEP institucional, o Serviço de Patologia do Hospital
de Clínicas da Universidade Federal de Uberlândia, com base na Resolução no.
441/2011 do Conselho Nacional de Saúde, propões a integração, possível e neces-
sária, entre o plano assistencial e de pesquisa através do credenciamento de seu
Biobanco.
Apesar de alguns artigos terem sido publicados relatando os aspectos técni-
cos de armazenamento de amostras biológicas, muito pouco se tem sobre o proces-
so de credenciamento de biobancos no Brasil. Assim, pretende-se, num futuro pró-
ximo, disponibilizar, na página virtual do Hospital de Clínicas da Universidade Fede-
ral de Uberlândia, as orientações e modelos de documentos a fim de se nortear o
processo de regularização de Biobanco para outras instituições.
84
REFERÊNCIAS
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