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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ
PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO
DIRETORIA DE PESQUISA
PROGRAMA INSTITUCIONAL DE BOLSAS DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA –
PIBIC: CNPq, CNPq/AF, UFPA, UFPA/AF, PIBIC/INTERIOR, PARD, PIAD, PIBIT,
PADRC E FAPESPA
RELATÓRIO TÉCNICO - CIENTÍFICO Período: 08/2014 a 08/2015 ( ) PARCIAL ( x ) FINAL IDENTIFICAÇÃO DO PROJETO Título do Projeto de Pesquisa: Operações de ajuste de valência em verbos da Língua Parkatêjê (CNPq/ Processo n° 472101/2012-9) Nome do Orientador: Marília de Nazaré de Oliveira Ferreira Titulação do Orientador: Doutor Faculdade: Faculdade de Letras Instituto/Núcleo: Instituto de Letras e Comunicação Laboratório: Laboratório de Ciências da Linguagem Título do Plano de Trabalho: Estudo comparativo de aspectos morfossintáticos de três línguas timbira. Nome do Bolsista: Sheyla da Conceição Ayan Tipo de Bolsa: (x ) PIBIC/ CNPq
INTRODUÇÃO
O presente relatório tem como objetivo apresentar os resultados do plano de
trabalho intitulado “Estudo comparativo de aspectos morfossintáticos entre três línguas
indígenas” as quais são: Parkatêjê, Canela-Krahô e Kyjkatêjê, que pertencem ao tronco
Macro-Jê, da família Jê e ao complexo dialetal Timbira.
O povo Parkatêjê vive em uma aldeia indígena que está localizada no Km 30
da BR-222 no município de Bom Jesus do Tocantins, próximo à cidade de Marabá no
sudeste do estado do Pará. Eles têm como língua oficial o Parkatêjê, que é falado por
apenas uma pequena parte do grupo, os mais velhos, o que caracteriza uma situação
sociolinguística de obsolescência.
Com base em Ferreira (2003), pode-se afirmar que a língua Parkatêjê é uma
língua que tem um sistema sofisticado de marcação de seus constituintes, uma vez que
possui marcação no núcleo.
Segundo Souza (1989), à margem direita do Rio Tocantins entre os municípios
de Itacajá e Goiatins, está localizada a aldeia indígena Canela Krahô, no estado de
Tocantins. A língua falada pelo grupo tem o mesmo nome da comunidade. De acordo
com Popjes e Popjes (1986) há no mínimo três variações dialetais da língua Canela-
Krahô, que, além de ser falada no estado do Tocantins, como já foi citado
anteriormente, pode ser encontrada como língua dos povos Canela Ramkokamekra, que
vive em uma aldeia com cerca de 800 pessoas, a 50 km ao sul de Barra do Corda no
Maranhão e Canela Apãniekrá, cujo povo vive 30 milhas a oeste da vila Canela
Ramkokamekra. Ali, segundo os autores supracitados, ocorrem alguns relatos de
casamentos entre membros dos dois povos.
A comunidade Kyjkatêjê, cuja língua tem o mesmo nome da comunidade, está
localizada na reserva indígena Mãe Maria (RRIM), no quilômetro 25 da BR-222, às
proximidades do município de Marabá, sudeste do estado do Pará. Barros (2012), com
base em estudos realizados no âmbito do projeto “Descrição de aspectos fonético
fonológicos, lexicais e morfossintáticos da língua Kyjkatêjê”, afirma que a língua
Kyjkatêjê é uma variedade linguística de uma língua comum às duas primeiramente
referidas, que apresenta semelhanças estruturais significativas às da variedade
linguística Parkatêjê. Pode-se afirmar, deste modo, ainda que preliminarmente, que
Parkatêjê e Kyjkatêjê são variedades dialetais de uma mesma língua.
Um dos fenômenos morfossintáticos escolhidos para ser comparado nas três
línguas citadas no presente plano de trabalho foi a ocorrência dos prefixos relacionais.
Segundo Rodrigues (1986), os prefixos relacionais podem ser encontrados em línguas
Tupí, Karíb e Macro-Jê. Popjes e Popjes (1986), Souza (1989) e Miranda (2010)
apresentam os prefixos relacionais nas línguas Canela-Krahô e Kyikatêjê. A função dos
prefixos relacionais é indicar a relação entre núcleos e argumentos, no caso dos nomes e
nomes; nomes e verbos; e nomes e posposições.
JUSTIFICATIVA
Linguistas documentam e descrevem línguas indígenas com propósitos
científicos. Os indígenas, falantes da língua, conhecendo a importância cultural da
língua para o seu povo, se dedicam ao seu estudo com propósitos de manutenção e
revitalização de línguas em extinção. Nesses termos, os resultados das pesquisas feitas
com línguas indígenas, em suas causas culturais, justificam-se por proverem um registro
da relação entre sua língua e cultura, fortalecendo e possibilitando o acesso dos povos
indígenas a esse ganho.
O fortalecimento e a recuperação da língua e da cultura é uma preocupação
premente em cerca de 25% das línguas em risco crítico de extinção (UNESCO,2011).
Tais ações podem ser realizadas a partir de resultados das pesquisas que possibilitam a
confecção de materiais didáticos e socioeducativos, como cartilhas, dicionários,
gramáticas, entre outros.
No âmbito científico, o êxito dos estudos em línguas indígenas apresenta
importância significativa tanto para o avanço dessa ciência quanto para a colaboração
nas teorias da linguagem, especialmente na Linguística Geral. A contribuição das
pesquisas é de crucial relevância para as teorias linguísticas, pois, como afirma
Rodrigues (1986), “Cada nova língua que se investiga é outra manifestação de como se
realiza a linguagem humana”. Deste modo, o estudo empreendido no presente plano de
trabalho encontra-se plenamente justificado por tratar-se de um estudo comparativo
sobre aspectos morfossintáticos de línguas em perigo de extinção.
OBJETIVOS
O objetivo central do plano de trabalho sobre o qual versa este relatório é a comparação
dos dados linguísticos do Kyjkatêjê face aos do Parkatêjê e os do Canela, por serem
estas três línguas assemelhadas devido à questão genética. Pretende-se comparar os
dados que ocorrem nas três línguas em fenômeno comum, com vistas à observação das
semelhanças e das diferenças estruturais.
MATERIAIS E MÉTODOS
No primeiro momento do trabalho de pesquisa, foi realizado, com a orientação
da professora, a busca dos materiais bibliográficos sobre línguas indígenas Macro-Jê e
especificamente sobre o Parkatêjê, Kyjkatêjê e Canela-Krahô. Procedeu-se então à
leitura cuidadosa e o fichamento dos materiais.
Posteriormente, discutiu-se sobre alguns fenômenos considerados comuns às
três línguas, os quais seriam comparados, uma vez que, pelo fato de tais línguas em
estudo serem aparentadas geneticamente, há muitas semelhanças estruturais entre elas.
O primeiro item destacado pela Prof.ª Dr.ª Marília de Nazaré de Oliveira
Ferreira como item a ser comparado, foram os prefixos relacionais, os quais, de acordo
com Rodrigues (1986), são elementos que marcam a contiguidade ou a não
contiguidade de um nome possuído ao seu possuidor; de um objeto a seu verbo e de um
atributo ao seu sujeito. Ele observou a ocorrência desses elementos em línguas Tupí,
Karíb e Macro-jê.
A partir do trabalho de Rodrigues, muitas descrições de línguas indígenas
também descreveram a ocorrência dos chamados prefixos relacionais. Não se trata,
porém, de um fenômeno simples de ser descrito, uma vez que ocorre cruzando as
fronteiras dos níveis fonético-fonológico, morfológico e sintático, além de perpassar
certamente por questões da organização textual, em que ocorrem como índices de
referenciação.
Como parte do trabalho empreendido a partir do plano em tela, primeiramente
foi feita uma análise da ocorrência desses prefixos nos sintagmas nominais e
posteriormente nos sintagmas verbais.
RESULTADOS
Com resultados imediatos atrelados ao presente plano de trabalho, indica-se o
contato com a literatura específica de linguística descritiva bem como o trabalho com
dados de línguas indígenas. Destaca-se que esse tipo de procedimento não é usual no
curso de graduação de Licenciatura em Letras, o que mostra o impacto positivo do
trabalho com a área específica de descrição de línguas indígenas na Iniciação Científica.
A partir das compilações realizadas, os dados comparativos entre Parkatêjê,
Kyjkatêjê e Canela serão apresentados.
Prefixos relacionais
Antes de iniciar a análise sobre prefixos relacionais, para entender melhor
como funciona esse fenômeno, é importante ressaltar o que afirma Ribeiro (2004)
quando diz que eles estão presentes em torno de cinco famílias linguísticas, das doze
que estão contidas no tronco Macro-Jê, a saber: Bororó, Kariri (Ribeiro, 2004 apud
Rodrigues, 1994), Jê, Ofayé e Karajá (Ribeiro 1996). É possível notar a presença desses
prefixos também nas línguas Tupi e Karíb (Rodrigues 1994). De acordo com Ribeiro
(2004), que faz uso do trabalho de Rodrigues, os prefixos relacionais têm a função de
marcar a contiguidade ou não contiguidade do núcleo de um sintagma em relação ao seu
determinante. Ribeiro acrescenta que, em estudos de análises tradicionais de línguas Jê e
Macro-Jê, é natural que os prefixos relacionais sejam vistos como parte da raiz da
palavra em que aparece o elemento.
Com base na metodologia adotada para este plano de trabalho, foi feita uma
análise, com embasamento no referencial bibliográfico, dos acervos de Ferreira (2003),
Popjes & Popjes (1986), Souza (1989), Miranda (2010) e Alves (2004), para verificar as
semelhanças e diferenças entre os prefixos relacionais, nas três línguas timbira,
utilizando dados contidos no trabalho de Barros (2012) sobre o Kyjkatêjê.
A língua Canela-Apãniekrá é uma variante dialetal da língua Canela-Krahô, e o
estudo dessa língua tornou-se relevante para somar ao resultado deste relatório, uma vez
que a mesma apresenta traços parecidos com a língua Kyjkatêjê, no que diz respeito aos
prefixos relacionais, como será evidenciado mais adiante.
Prefixos relacionais nos sintagmas nominais
Canela-Apãniekrá
Segundo Alves (2004), na língua Canela-Apãniekrá, ocorrerá prefixo relacional
quando o núcleo for iniciado por uma vogal, então poderá ser utilizado o prefixo
relacional {j-} (será utilizado antes da vogal oral), {ɲ-} (será utilizado antes da vogal
nasal) e {ʧ-}, na qual a distribuição é lexicalmente condicionada.
Ex1: a - j- apak Ex2: rͻp ʧ- opʧop
2- PR- orelha cachorro Rel-boca
'tua orelha' ‘boca do cachorro’
Em caso de possuidor genérico, são utilizados os prefixos de 3ª pessoa i(ʔ)/ h/
Ø ( também denominados de prefixo genérico) para fazer tal indicação.
Ex2: Ø kapro Ex2: iʔ pro
PG–sangue 3PG cinzas
“sangue” (de qualquer um) “cinzas” (de qualquer coisa)
Ex3: h- ur
3PG pus
“pus” (de qualquer um).
Parkatêjê
Segundo Ferreira (2003), os prefixos relacionais constituem um sistema bem
desenvolvido na língua Parkatêjê, que marca, obrigatoriamente, a relação entre o
possuidor e o nome possuído, no caso dos nomes inalienáveis, da mesma forma que
marca a relação entre os argumentos e os verbos intransitivos estativos e os verbos
transitivos. Para que se tenha prefixo relacional, é necessário algumas regras para a
ocorrência dos mesmos; por exemplo, no caso dos nomes alienavelmente possuídos (na
maioria das vezes referem-se a objetos de cultura material), a sequência será formada
com o prefixo relacional {ʒ-} ao lado da posse genérica õ. Veja o exemplo:
Ex4: Piare ʒ- õ kruwa Ex2: h- õ kruwa
NPr Rel- Pos flecha Rel- Pos flecha
“Flecha do Piare” “flecha dele”
No exemplo acima, pode-se observar o prefixo relacional {h-}, o qual
aparecerá quando o possuidor for conhecido pelo contexto, ou quando for expresso por
um nominal deslocado para fora da locução, então ele virá junto ao nome núcleo. Deste
modo, ou o possuidor já foi citado em outra parte do discurso ou ele é indeterminado.
No caso dos nomes inalienavelmente possuídos (está relacionado com os
termos de parentesco, partes do corpo e partes de um todo), o prefixo relacional fará
uma relação sintagmática entre o núcleo, no qual está anexado, e o possuidor dentro de
uma locução genitiva. Como ocorre no exemplo a seguir:
Ex5: kra y- ahi
paca Rel- cara
“cara da paca”
Canela-Krahô
Em busca de um estudo mais aprofundado sobre esta língua, além do trabalho
de Popjes & Popjes (1986), foi também utilizado o trabalho de Souza (1989), pelo fato
de que, além de conter mais dados sobre o determinado assunto, este foi elaborado três
anos após o primeiro trabalho mencionado. Partindo desses princípios, seguindo o
modelo proposto por Ferreira (2003), teremos o seguinte quadro para o Canela-Krahô,
de Popjes e Popjes (1986):
Quadro 01: Prefixos relacionais no caso dos nomes.
Nomes Alienavelmente Possuídos Nomes Inalienavelmente
Possuídos
Prefixo
Relacional
{h-}
hõ pur
Rel.Poss. campo
“campo dele”
Prefixo relacional {n-}
O prefixo relacional {h-} é utilizado em caso
de posse alienável de 3ª pessoa seguido do
in – to
3Rel-olho
marcador de posse õ. Obs: nesse caso não há
pronome de 3ª pessoa.
“olho dele”
Prefixo
Relacional
{j-}
i- jõ wapo
1 Rel.Poss. faca
“Minha faca”
Em caso de 3ª pessoa, usa-se o
prefixo relacional {n-},
quando se referir a um nome
inalienavelmente possuído (
partes do corpo ou relações de
parentesco).
O prefixo relacional {j-} é utilizado em caso de
posse de 1ª ou 2ª pessoa seguido do marcador de
posse õ.
Fonte: Canela-Krahô, Popjes & Popjes (1986)
Comparado com o trabalho de Souza (1989), é possível notar que o trabalho de
Popjes & Popjes (1986), apresenta uma análise preliminar do comportamento desses
prefixos relacionais na língua Canela-Krahô, com uma visível diferença entre os dois
trabalhos, uma vez que na classificação de Popjes & Popjes (1986), o prefixo relacional
{j-} é utilizado em caso de posse dos nomes alienavelmente possuídos, quando se refere
aos pronomes de 1ª e 2ª pessoa. Mais adiante, no estudo de Souza (1989), será mostrado
o prefixo relacional {y-} para se referir aos pronomes de 1ª e 2ª pessoa, no caso de
nomes alienavelmente possuídos.
Para Souza (1989), os prefixos relacionais na língua Canela-Krahô, são
distintivos de pessoa junto ao radical do verbo intransitivo e de possuidor junto ao
radical de nomes, além disso, indicam se o objeto direto está imediatamente precedido
ao verbo transitivo ou topicalizado.
Na posse inalienável de terceira pessoa usam-se junto ao radical de nome coisa
possuída os prefixos relacionais {n-} ou {Ɂ-}.
De acordo com a referida autora, o prefixo relacional {y-} também é utilizado
devido a um processo fonomorfossintático o qual é encontrado na posse inalienável para
se referir a algumas partes do corpo e é usado após pronome de primeira e segunda
pessoa e quando o nome seguinte tem uma vogal no início. E se for posse de terceira
pessoa, o pronome possessivo será zero {Ø} e o prefixo relacional será o {h-}. Observe
o quadro a seguir:
Quadro 02: prefixo relacional em nomes inalienavelmente possuídos, segundo Souza (1989):
NOMES INALIENAVELMENTO POSSUÍDOS
Posse inalienável de 3º
pessoa
Posse inalienável de 3º
pessoa
Posse inalienável de 1º e
2º pessoa.
{n-} ou {Ɂ-}
{h-}
{y-}
i nketi
3 Rel-tio
“tio dele”
Ø h arkwa
3 Rel- boca
“boca dele”
i y arkwa
1 Rel- boca
“minha boca”
Usa-se junto ao radical
de nome coisa
possuída, o prefixo
relacional {n-} ou {Ɂ-}
Devido a um processo
fonomorfossintático, deve-
se usar o prefixo relacional
{h-}, para se referir a
algumas partes do corpo
que, no caso são iniciadas
por vogais.
Também devido a um
processo
fonomorfossintático, o
prefixo relacional {y-} é
usado após pronome e
primeira e segunda
pessoa nos casos em que
o nome possuído é
iniciado por vogal.
Fonte: O sistema de referência pessoal da língua Krahô, Souza (1989)
Assim como na língua Parkatêjê, pode-se observar no caso de posse
alienável, esta é indicada pela ocorrência de õ, o qual é denominado por Souza (1989),
de morfema indicador de posse alienável, que na língua Canela-Krahô será utilizado
com o prefixo relacional {y-}, quando se referir a primeira e segunda pessoa o prefixo
utilizado será {h-}, quando for terceira pessoa, à esquerda do objeto possessivizado, o
pronome possessivo.
Quadro 03: Nomes alienavelmente possuídos, segundo Souza (1989).
NOMES ALIENAVELMENTE POSSUÍDOS
Posse alienável de 1º e 2º pessoa Posse alienável de 3º pessoa
{y-} {h-}
i y õ rkwa
1 Rel- Poss casa
“minha casa”
Ø h õ rkwa
Rel- Poss casa
“casa dele”
Usa-se o prefixo relacional {y-}, seguido
da posse genérica õ.
Usa-se o prefixo relacional {h-} à
esquerda do objeto possessivizado, o
pronome possessivo.
Fonte: O sistema de referência pessoal da língua Krahô, Souza (1989).
Análise
Com base no modelo acima, foi feita uma análise nos dados da língua
Kyjkatêjê de Barros (2012), para verificar como eles ocorrem nessa língua. Seguindo o
modelo proposto por Ferreira (2003), foi possível elaborar esse quadro comparativo, no
qual, a sequência “i ʧ- ot”, é uma relação de posse, de um nome inalienavelmente
possuído, uma vez que o termo possuído é uma parte do corpo.
QUADRO 04: Prefixos relacionais entre Parkatêjê e Kyjkatêjê.
a) Parkatêjê b) Kyjkatêjê
mpɔ ʧ- ur
Ind Rel- pus
“ pus da ferida”
i ʧ- ot
1 Rel- pênis
“meu pênis”
Nesse caso, a primeira palavra
representada por “Ind” significa
que é algo indefinido, seguido do
prefixo relacional {ʧ-} e o termo
pus. Traduzido como pus da
ferida.
No esquema acima, há uma
relação entre o pronome de
primeira pessoa e uma parte
do corpo, por isso é um nome
inalienavelmente possuído e o
prefixo relacional {ʧ-} indica
esta relação de posse.
Fonte: a) Ferreira (2003); b) Barros (2012).
Veja agora, no quadro 05 a comparação estabelecida entre as línguas: Canela
Apãniêkrá, Alves (2004); Parkatêjê, Ferreira (2003) e Kyjkatêjê, Barros (2012).
Quadro 05: Prefixos relacionais entre Canela-Apãniekrá, Parkatêjê e Kyjkatêjê.
a) Canela Apãniekrá b) Parkatêjê c) kyjkatêjê
Ex1: h- apak
Rel orelha
“orelha ou orelha dele”
Ex1: h- apak
Rel- orelha
“orelha ou orelha dele”
Ex1: h-apak
Rel orelha
“orelha ou orelha dele”
Ex2: a- j- apak
2ª Rel. orelha
“tua orelha”
Ex2: a- j- apak
2ª Rel. orelha
“tua orelha”
Ex3: a- j- apak
2ª Rel. orelha
“tua orelha”
-No caso do exemplo 1, ao
se referir a 3ª pessoa, deve-
se usar o prefixo relacional
{h-}, para indicar posse
inalienável.
-No caso do exemplo 2, o
prefixo relacional {j-} (ou
também denominado de
pronome relacional), indica
uma relação entre o
pronome de 2ª pessoa e o
nome inalienávelmente
possuído, para expressar
posse inalienável.
-No exemplo 1, o prefixo
relacional {h-} é utilizado
para expressar posse
inalienável de um sujeito
indeterminado.
No exemplo 2, também há
uma ocorrência de relação
de posse de um nome
inalienavelmente
possuído, indicada pelo
prefixo relacional {j-}.
Seguindo os modelos do
Canela Apãniekrá e
Parkatêjê, temos no exemplo
1, indicação de posse
inalienável de 3ª pessoa ou
de um sujeito indeterminado
e para exemplo 2, também é
encontrado o prefixo
relacional {j-} para indicar
relação de posse inalienável
de 2ª pessoa.
Fonte: a) Alves (2004); b) Ferreira (2003); c) Barros (2012).
Finalmente foi feita uma análise entre os prefixos relacionais das línguas,
Canela Apãniekrá, Alves (2004) e Kyjkatêjê, Barros (2012).
Quadro 06: Prefixos relacionais entre Canela Apãniekrá e Kyjkatêjê.
a) Canela Apãniekrá b) Kyjkatêjê
a- j- apak
2- Rel- orelha
“tua orelha”
a- jõ –kra
2 Rel. Mão
“tua mão”
Nesse caso, o prefixo
relacional {j-}, relaciona o
pronome de 2ª pessoa com
um nome inalienavelmente
possuído, para indicar posse
inalienável.
Com base no modelo do Canela
Apãniekrá, em Kyjkatêjê teremos o
prefixo relacional {j-} para indicar posse
inalienável, de 2ª pessoa.
Fonte: a) Alves (2004); b) Barros (2012).
Prefixos relacionais nos sintagmas verbais
Parkatêjê
Na língua Parkatêjê, os prefixos relacionais nos sintagmas verbais surgirão
quando ocorrer uma mudança em relação à posição original de locuções nominais como
sujeito de verbos intransitivos (S) e objeto dos verbos transitivos (O), para outra
posição, ou quando tais locuções ficam ausentes na sentença, por serem citadas
anteriormente. Dessa forma, os prefixos relacionais terão a função de fazer uma
referência anafórica ao termo que está ausente ou ocultado.
Ferreira (2003) aponta alguns verbos que apresentam prefixos relacionais em
sua ocorrência.
Quadro 07: Ocorrência de prefixos relacionais.
Em verbos transitivos: h-itɛp ~ ʒ-itɛp 'cortar', h-ipro ~ ʒ-ipro 'fazer (flecha)', h-apı͂n ~ ʒ- apı͂n 'jogar bola com a mão', h-õhik ~ ʒ- õhik 'amarrar uma coisa em cima da outra', h-aʧwɨr ~ ʒ- aʧwɨr 'furar com faca', h-are͂n ~ are͂ n (~ y- are͂ n) ‘dizer/contar/narrar algo’ h-akrɛ ~ ʒ- akrɛ ‘passar na frente do corredor do outro time na corrida de tora’;
Em Sio (sujeito Sio de marcação não-canônica):
h-ape ~ y-ape ‘ter.piedade/dó’, h-ɛ̈n ~ ʧ- ɛ̈n ‘achar (um alimento) saboroso’, h-ə͂n ~ ʧ-ə͂n ‘sentir dor’;
Em So (sujeito de verbo h-ikot ~ ʒ-ikot ‘estar inchado’, h-ukaprı͂n ~ ʒ- ukaprı͂n
descritivo): ‘ser.generoso’
De acordo com Ferreira (2003), os prefixos relacionais com os verbos podem ser
organizados no quadro proposto a seguir:
Quadro 08: Prefixos relacionais e os verbos em Parkatêjê.
Classe A Classe B
So; Sio e O Especificados So; Sio e O indefinidos So; Sio e O expressos na
locução verbal So; Sio e O deslocados de sua posição original
ʒ- y- ʧ- Ø-
h- Ø-
h- Ø-
Referência a um So; Sio e
O expressos dentro de uma locução verbal em relação sintagmática com o núcleo.
Referência a um So;
Sio e O conhecidos pelo contexto ou deslocados para fora da locução verbal.
Referência a um So; Sio e O indefinidos.
Fonte: a) Ferreira (2003).
Ex1: mı͂ , Piare. ka ka tͻ pərʧo ʒ-itɛp nə͂ pə͂ i-mə͂ hõ
pega Piare 2 Fut castanha Rel-cortar SS carregar 1-Dat dar
‘... pega, Piare. Tu vais cortar castanha e carregar para me dar (pagar)...’
Ex2: ı͂ nʧum tɛ h-itɛp
pai de Ego Erg Rel- cortar
‘meu pai cortou (a/as)’
Segundo Ferreira (2003), no caso dos verbos pupun/hõpun ‘ver’ e putı͂ ti/hõtı͂ti
‘estar.pesado’, há uma alteração na sílaba por completo. Isso ocorre devido a
especificação ou não de S e de O, ou através da presença de tais argumentos na locução,
em relação sintagmática com o núcleo ou não.
Ex3: itɛ Piare pupun Ex4: itɛ hõpun
1-Erg Piare Rel-ver 1-Erg Rel-ver
‘eu vi o Piare’ ‘eu o vi’
Ex5: Aipiri aikati. Pe apiri h-ĩn pupun
Iter amanhã PD Iter Rel-fezes Rel-ver
‘novamente amanheceu. Novamente, (ela, a Lua) viu as fezes dele (do Sol) de
novo...’
Ex6: Pia kokõnõrɛ amnẽ apər mə͂. Pe hõpun
Dub cabaça para.cá baixo Loc PD Rel-ver+Pas
wər pɨp nə͂ ku-pən
Dir cair SS Onc-carregar+Pas
‘Dizem (que) a cabaça vinha vindo (rio) abaixo, para cá. Aí, ele (a) viu quando ela
caiu e a carregou...’ lit. ‘Dizem a cabaça para cá, para baixo. Aí ele a viu cair e a
carregou’.
Canela-Krahô
De acordo com Souza (1989), para diferenciar a primeira pessoa da terceira
surge ao lado do radical do verbo intransitivo os prefixos relacionais {n-} ou {ʔ-}:
Ex1: i krɛr Ex2: i n krɛr
1 cantar-pass 3 rel- cantar-pass
‘Eu cantei’ ‘Ele cantou’
Ex3: i katͻr Ex4: i ʔ katͻr
1 sair-pass 1 Rel-sair-pass
‘Eu saí’ ‘Ele saiu’
No caso em que os verbos transitivos são iniciados por vogais deve-se utilizar
o prefixo relacional {y-} para o objeto direto que está localizado antes do verbo:
Ex1: Ku tɛ i y ahe Ex2: wa ha pͻrho y apro
3 posp 1 Rel-procurar-pass 1 fut fumo Rel-comprar
‘Ele me procurou’ ‘eu comprarei fumo’
‘eu vou comprar fumo’
Ex3: i tɛ wapͻ tͻ a y akɛp
1 posp faca posp 2 Rel-cortar-pass
‘eu cortei você com a faca’
Souza (1989) afirma que, quando o objeto direto for topicalizado, surgirá objeto
direto zero anafórico, somado ao prefixo relacional {h-} ao lado do radical do verbo
transitivo que começa com vogal:
Ex1: pͻrho i tɛ Ø h apror
Fumo 1 posp 3 Rel-comprar-pass
‘eu comprei fumo’
Há possibilidade de ocorrer prefixo relacional {h-} e objeto direto de terceira
pessoa não explicitado:
Ex1: wa Ø h õpu
1 3 Rel-ver
‘eu quero ver’ (algo ou alguém)
De acordo com Miranda (2010), os temas verbais, assim como nominais e
posposicionais têm a possibilidade de ser divididos em classes e subclasses. A classe I
será dividida a partir da combinação de seus elementos com os alomorfes do prefixo
relacional R1{j-} e {ts-} e com o alomorfe {h-} do prefixo relacional R2. A classe II
divide-se em IIa, IIb e IIc, as quais poderão ser combinadas com o alomorfe {Ø-}. Veja
no quadro a seguir, como está distribuída as subclasses da classe I:
Quadro 09: Classe I
CLASSE I
Subclasse Ia- combina com {j-} de R1.
Ex: wa ha pı͂ xo j-u͂hkà 1 FUT fruit R1-buy ‘I wiil buy fruit’ (P & P 1986:129)
Subclasse Ib- combina com {ts-} do relacional R1 Ex: ka ha ke͂ n ts-i 2 FUT store R1-put down
‘you wiil put the stone down’ (P & P 1986:195)
Fonte: Miranda (2010)
Observe agora como estão distribuídas as subclasses da classe II:
Quadro 10: Classe II
CLASSE II Subclasses IIa, IIb e IIc- combinam com {Ø-} de R1
IIa- ex: wa i- Ø-tɛ a- Ø- me͂-n 1 SG 1- R1-POSP 2- R1-derrubar-NLZ ‘eu derrubei você’(lit.: a tua derruba por mim) IIb- ex: Capi tɛ ha rɔp Ø-kakwı͂ n Man PAST FUT dog R1-beat ‘Capi will beat the dog’ (P & P 1986:129) IIc- ex: ka mɛ pɨt kuna kəm waji Ø-ku 2SG PL sol todo POSP carne R1-comer ‘você come carne todos os dias’(Souza 1997:64)
Subclasse IIa- recebe o alomorfe {Ø-} de R2
Ex: ka a- Ø- tɛ Ø-me͂-n 2SG 2- R1-POSP R2-derrubar-NLZ ‘você derrubou algo/alguém’ (lit.: ‘a derrubada de alguém por você’
Subclasse IIb- recebe o alomorfe iʔ
Ex: iʔ- kuna R2-matar ‘Kill it’ (P & P 1986:194)
Subclasse IIc- combina com ku e R2
Ex: capi tɛ pɔ kuran ne wa apu ku-ku Capi PAST dees kill and 1 CONT R2-eat ‘Capi killed the deer, and I’m eating it.’ (P & P 1986:147)
Fonte: Miranda (2010)
Canela Apãniekrá
De acordo com Alves (2004), a ocorrência do prefixo relacional com os verbos
na língua Canela Apãniekrá, acontecerá quando o núcleo, ou seja, o verbo é iniciado por
uma vogal. Em caso de vogal oral, será utilizado {j-} e em caso de vogal nasal será
utilizado {ɲ-} e {ʧ-} será prefixado ao verbo. A sua distribuição será condicionada
através do léxico.
Ex1: waha ku-ʧ-o Ex2: i- j- ɜpən
1 IRR 3-Rel-pendurar 1-Rel-comer
‘Eu vou pendurá-lo’ ‘Eu comi’
Análise
Com base nos dados utilizados por Barros (2012), sobre a língua Kyjkatêjê, é
possível observar o verbo õpu (ver). Este verbo também está presente na língua
Parkatêjê e Canela-Krahô, portanto hipoteticamente, teremos:
Quadro 10: Prefixos relacionais entre Parkatêjê, Canela-Krahô e Kyikatêjê
a) Parkatêjê b) Canela-Krahô c) Kyjkatêjê
itɛ hõpun 1-Erg Rel-ver
‘eu o vi’
wa Ø h õpu 1 3 Rel-ver
‘eu quero ver’
(algo ou alguém)
itɛ hõpun 1-Erg Rel-ver
‘eu o vi’
Fonte: a) Ferreira (2003); b) Souza (1989); Barros (2012).
Quadro 10: Prefixos relacionais entre Parkatêjê e Canela-Krahô
a) Parkatêjê b) Canela-Krahô
Krohokrenhu͂ m nkrer NPr Rel-cantar+pas
‘Krohokrenhu͂m cantou’
i n krer 2 Rel-cantar-pas
‘ele cantou’
Fonte: a) Ferreira (2003); b) Souza (1989);
Quadro 10: Prefixos relacionais entre Parkatêjê e Canela-Krahô
a) Parkatêjê b) Canela-Krahô c) Kyjkatêjê
ı͂nʧum tɛ h-itɛp pai de Ego Erg Rel- cortar
‘meu pai cortou (a/as)’
wa Ø h õpu 1 3 Rel-ver ‘eu quero ver’ (algo ou alguém)
ı͂nʧum tɛ h-itɛp pai de Ego Erg Rel- cortar ‘meu pai cortou (a/as)’
Fonte: a) Ferreira (2003); b) Souza (1989); Barros (2012).
CONCLUSÃO
Ao comparar os dados da língua Kyjkatêjê com os dados das outras línguas
(Parkatêjê, Canela-Krahô e Canela Apãniekrá), as quais também fazem parte do
complexo dialetal Timbira, é possível reafirmar o que diz Ferreira (2003), ao relatar que
essas línguas são inteligíveis entre si em diferentes graus, de modo que elas apresentam
aspectos muito semelhantes em seu léxico, considerando-se as semelhanças estruturais
observadas.
Quanto à ocorrência dos prefixos relacionais, especificamente no caso dos
nomes, é possível notar que a língua Kyjkatêjê também apresenta tal fenômeno, como
nas outras línguas timbiras e esses prefixos indicam a relação entre um núcleo e seus
argumentos, ou seja, eles aparecem em sentenças que podem conter um nome
alienavelmente possuído seguido de um marcador de posse genérica, como é o caso do
“õ” e em caso de posse inalienável, eles ocorrem indicando uma relação entre o
pronome e o nome possuído.
Miranda (2010), com base em Rodrigues (1953, 1986, 1996, 1999, 2000 e
2009), afirma que os prefixos relacionais têm a função de indicar as relações de
dependência e determinação entre determinante determinado, como ocorre na relação de
um verbo transitivo e o seu objeto, de um verbo intransitivo e o seu sujeito, entre o
elemento possuído e o possuidor ou de uma posposição e o seu complemento.
Portanto, concluímos que: (1) as três línguas apresentam o sistema de prefixos
relacionais; (2) a ocorrência desses prefixos guarda muita semelhança formal,
considerando-se os dados das três línguas; (3) os prefixos relacionais constituem uma
forma de estabelecer a relação presente entre núcleos e argumentos em uma grande
parte das línguas indígenas presentes no Brasil, uma vez que ele é encontrado no tronco
Tupí, Karíbe e Macro-Jê, podendo ser considerado por alguns linguistas como um traço
areal de línguas brasileiras.
REFERÊNCIAS
ALVES, Flavia de C. O timbira falado pelos canela apãniekrá: Uma contribuição
aos estudos da morfossintaxe de uma língua Jê. Campinas: UNICAMP, 2004.
ARAUJO, Leopoldina. Aspectos da língua gavião-jê . Tese de Doutorado. Rio de
Janeiro: UFRJ, 1989.
BARROS, Laise M . Estudo fonético-fonológico preliminar da língua Kyjkatêjê.
Belém: UFPA, 2012.
FERREIRA, Marília de Nazaré de O. Estudo morfossintático da língua Parkatêjê.
Campinas: UNICAMP, 2003.
MIRANDA, Maxwell Gomes. As nominalizações na sintaxe da língua Krahô (Jê).
Brasília: UNB, 2010.
POPJES, J. & POPJES, J. Canela-Krahô. In Derbyshire, D. and Pullum, G. (eds.),
Handbook of Amazonian Languages, vol. I, 128-99. Berlin: Mouton de Gruyter. 1986.
RIBEIRO, Eduardo R. Prefixos relacionais em Jê e Karajá: um estudo histórico-
comparativo. LIAMES 4 - pp. 91-101, Primavera 2004.
RODRIGUES, Aryon D. Sobre as línguas indígenas e sua pesquisa no Brasil. In: Ciência e Cultura. vol.57 n.2. São Paulo Abril/Junho 2005. Disponível em: <http://cienciaecultura.bvs.br/scielo.php?pid=S0009-67252005000200018&script=sci_arttext> acessado: 13 de agosto de 2014. SOUZA, Sueli M. O sistema de referência pessoal da língua Krahô. UFG, 1989. Disponível em para download em http://www.etnolinguistica.org/tese:souza_1989 Acessado: 30 de novembro de 2014.
PUBLICAÇÕES
No início do primeiro semestre de 2015 foi possível a apresentação do trabalho
intitulado “Prefixos relacionais, no caso dos nomes, em três línguas timbiras: Parkatêjê,
Canela Krahô e Kyikatêjê”. A apresentação aconteceu no IX Congresso Internacional da
ABRALIN, realizado na Universidade Federal do Pará (UFPA), entre os dias 25 e 28 de
fevereiro de 2015.
Resumo do trabalho apresentado no IX Congresso Internacional da ABRALIN,
realizado nos dias 25-28 de fevereiro de 2015.
Autor(es): Sheyla da Conceição Ayan (Bolsista PIBIC/CNPq) –sheyla_ayan@hotmail.com Curso de Letras, Faculdade de Letras, Instituto de Letras e Comunicação. Profa Dra Marília de Nazaré de Oliveira FERREIRA (Orientadora) – marilia@ufpa.br Curso de Letras, Faculdade de Letras, Instituto de Letras e Comunicação. Prefixos relacionais, no caso dos nomes, em três línguas timbiras: Parkatêjê, Canela Krahô e Kyikatêjê Rodrigues(1993) sugeriu que os prefixos relacionais poderiam ser tomados como uma evidência de relacionamento genético entre línguas Tupi, Macro-jê e Karib. Segundo Ferreira(2003), “o mecanismo de ocorrência dos prefixos relacionais é um sistema bem desenvolvido na língua,
que marca obrigatoriamente a relação entre o possuidor e o nome possuído, no caso dos nomes
inalienáveis, da mesma forma que marca a relação entre os argumentos e os verbos intransitivos
estativos e os verbos transitivos.” As línguas Parkatêjê, Canela Krahô e kyikatêjê, pertencem a
família Jê do tronco Macro-jê, constituindo, juntamente com outras línguas, o Complexo
Dialetal Timbira. O objetivo deste trabalho é estabelecer a comparação entre as ocorrências dos
prefixos relacionais nas três línguas, para verificar quais são as semelhanças e as diferenças
entre os mesmos. Como metodologia, fez-se uso de pesquisa bibliográfica nos trabalhos de
Araújo (1989), Ferreira (2003), Popjes & Popjes (1986) e Barros (2013), dos quais também
foram compilados os dados analisados.
A bolsista também participou diretamente da organização de dois grandes eventos da
área de Letras & Linguística: o IX Congresso Internacional da ABRALIN, realizado na
Universidade Federal do Pará (UFPA), entre os dias 25 e 28 de fevereiro de 2015; e o
XIV Congresso Internacional da Associação Brasileira de Literatura Comparada
(ABRALIC) de 29 a 03 de julho de 2015.
DIFICULDADES : Nenhuma dificuldade encontrada.
PARECER DO ORIENTADOR
A aluna vem desenvolvendo seu trabalho a contento. Tem sido muito responsável e
dedicada a seus estudos e deverá realizar trabalho de campo em breve.
DATA: 08/08/2015
ASSINATURA DO ORIENTADOR
____________________________________________
ASSINATURA DO ALUNO
INFORMAÇÕES ADICIONAIS :
FICHA DE AVALIAÇÃO DE RELATÓRIO DE BOLSA DE INICIAÇ ÃO CIENTÍFICA
O AVALIADOR DEVE COMENTAR, DE FORMA RESUMIDA, OS SEGUINTES ASPECTOS DO RELATÓRIO:
1. O projeto vem se desenvolvendo segundo a proposta aprovada? Se ocorreram mudanças significativas, elas foram justificadas?
2. A metodologia está de acordo com o Plano de Trabalho ?
3. Os resultados obtidos até o presente são relevantes e estão de acordo com os objetivos propostos?
4. O plano de atividades originou publicações com a participação do bolsista? Comentar sobre a qualidade e a quantidade da publicação. Caso não tenha sido gerada nenhuma, os resultados obtidos são recomendados para publicação? Em que tipo de veículo?
5. Comente outros aspectos que considera relevantes no relatório.
6. Parecer Final: Aprovado ( ) Aprovado com restrições ( ) (especificar se são mandatórias ou
recomendações)
Reprovado ( )
7. Qualidade do relatório apresentado: (nota 0 a 5) _____________ Atribuir conceito ao relatório do bolsista considerando a proposta de plano, o desenvolvimento das atividades, os resultados obtidos e a apresentação do relatório.
Data : _____/____/_____.
________________________________________________
Assinatura do(a) Avaliador(a)
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