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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ
Coleção Didática PET História UFPR
v. 02, n. 01
Uma ida até Pompeia junto do
Diário de viagem de Mariana
CURITIBA
2015
DISTRIBUIÇÃO GRATUITA
VENDA PROIBIDA
Endereço para correspondência
Rua General Carneiro, n.º 460, 6º andar, sala 605
Centro – Curitiba – Paraná – Brasil
CEP: 80060-150
e-mail: pethistoriaufpr@gmail.com
Impresso com recursos do FNDE
Organizadores:
Bárbara Letícia Chimentão
Juliane Bernardes da Silva
Karin Barbosa Joaquim
Liana Mondadori Tacão
Mayara Ferneda Mottin
Suele Cristina Guedes da Rocha Maya
Projeto Gráfico e Capa:
Mayara Ferneda Mottin
Ilustrações:
Liana Mondadori Tacão
Periodicidade: irregular
ISSN: 2359-3393
Curitiba, PR: PET História UFPR, 2015. (Volume 2)
Coleção Didática PET História UFPR
Uma ida até Pompeia junto do
Diário de viagem de Mariana
Renata Senna Garraffoni (tutora do PET História)
Membros do PET História:
Aguinaldo Henrique Garcia de Gouveia
Alexandre Cozer
Carolina Marchesin Moisés
Douglas Figueira Scirea
Felipe Barradas Correia Castro Bastos
Gabriel Elysio Maia Braga
Josip Horus Giunta Osipi
Karin Barbosa Joaquim
Lauriane dos Santos Rosa
Luccas Abraão de Paiva Vidal
Maria Victoria Ribeiro Ruy
Mariana Fujikawa
Maurício Mihockiy Fernandez Martinez
Mayara Ferneda Mottin
Michel Ehrlich
Shirlei Batista dos Santos
Suellen Carolyne Precinotto
Willian Funke
PET História
Departamento de História
Universidade Federal do Paraná
UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ.
SISTEMA DE BIBLIOTECAS. BIBIBLIOTECA DE CIÊNCIAS HU-
MANAS E EDUCAÇÃO
_____________________________________________________________
COLEÇÃO Didática PET História-UFPR / UFPR. Departamento de
História ; [organizadores: Bárbara Letícia Chimentão ... et al;
projeto gráfico e capa: Mayara Ferneda Mottin]. – v. 2, n.
1(2015-) . – Curitiba, PR: PET-História UFPR, 2015.
V. 2, n. 1, 2015
Título do exemplar: Uma ida até Pompeia junto do Diário de
viagem de Mariana
Irregular
ISSN: 2359-3393
1. História - Estudo e ensino - Publicações seriadas. I. Univer-
sidade Federal do Paraná. Departamento de História. PET. II.
Chimentão, Bárbara Letícia. III. Mottin, Mayara Ferneda.
981.07
_____________________________________________________________
Sirlei do Rocio Gdulla CRB-9ª/985
5
Apresentação da coleção
O PET-História da Universidade Federal do Paraná foi
fundado em 1992. Durante mais de duas décadas o grupo tem
desenvolvido uma série de atividades que visam explorar o eixo
básico do Programa de Educação Tutorial do MEC/SESU: relacionar
atividades de ensino, pesquisa e extensão. Nos últimos anos, em
especial, alunos e alunas bolsistas e não bolsistas têm realizado uma
série de atividades inovadoras e buscado torná-las públicas para que
a comunidade extra acadêmica possa se beneficiar de seus resultados.
Com auxílio das ferramentas da internet, por exemplo, cada vez
mais o trabalho tem ganhado visibilidade nacional e muitas das
atividades realizadas podem ser acessadas pelo blog do grupo
http://pethistoriaufpr.wordpress.com/. Além disso, a publicação da
Revista Cadernos de Clio – agora também integralmente on line
http://ojs.c3sl.ufpr.br/ojs/index.php/clio – tem permitido o contato de
graduandos dos cursos de História do Brasil e do exterior, por meio
da difusão e publicação de pesquisas desenvolvidas por acadêmicos.
Dentro dessa perspectiva de disponibilizar materiais
produzidos pelo grupo, no ano de 2014 decidimos criar uma Coleção
exclusiva para publicação de Material Didático produzido no âmbito
das atividades que envolvam alunos e alunas do PET-História da
UFPR. A presente Coleção visa, portanto, trazer à luz pesquisas
inovadoras realizadas por petianos e seus colegas de graduação no
âmbito da Universidade com finalidade de divulgar o potencial
desses trabalhos para o uso nas escolas. Escrita em uma linguagem
acessível, a Coleção Didática tem como objetivo central
6
problematizar temas de historiografia de diferentes períodos, coletar
documentos e propor reflexões que permitam aos professores da
rede de ensino pública e privada acesso a um material inédito que
proporcione uma maior aproximação e diálogo entre academia e
escolas.
Esperamos, com essa nova Coleção, estimular a todos, petianos,
graduandos em História, professores e alunos das escolas brasileiras,
a produção crítica do conhecimento sobre o passado, bem como
explorar sua potencialidade de diálogo entre diferentes modos de
viver. O trabalho se baseia em perspectivas plurais que incluem
reflexões sobre temas que possam ajudar na construção de uma
sociedade mais democrática, colaborando assim para a formação
cidadã dos jovens brasileiros.
PET História UFPR
7
Apresentação do Diário
O material apresentado a seguir é resultado do Laboratório de
Pesquisa e Ensino em História Antiga e Medieval ofertado pela
Prof.ª Dr.ª Renata Senna Garraffoni durante o segundo semestre de
2013. A proposta da disciplina foi produzir um material que permi-
tisse a apresentação e o desenvolvimento de temas abordados pela
bibliografia discutida em sala de aula para outros públicos além do
acadêmico.
A fim de contemplarmos esse objetivo, decidimos criar um mate-
rial compreensível para crianças que estivessem realizando um pri-
meiro contato com a História da Roma Antiga, isto é, alunos do 6º
ano. Buscando inspiração no livro “Viagem no tempo para a Roma
Antiga” da coleção infanto-juvenil “Salve-se quem puder”, quería-
mos ofertar algo além de textos explicativos, ou seja, apresentar
também atividades simples aos leitores, mas que fizessem com que
esses se relacionassem de uma maneira mais profunda com as in-
formações e discussões apresentadas.
Definindo o que gostaríamos de abordar e a forma como isso seria
feito, optamos por criar um diário de uma jovem escritora e viajante,
cuja idade é próxima da dos leitores, e que relata as novidades que
aprende ao visitar uma antiga cidade romana acompanhada por sua
mãe arqueóloga. O diário é, portanto, a base das explicações com-
plementares e das atividades que compõem a segunda parte do ma-
terial.
Optamos por um diário por ser uma ferramenta capaz de apre-
sentar um olhar mais pessoal e íntimo da pessoa que o escreve. Ou-
tro fator que levou a escolha desse formato foi a divisão em dias, o
que permitiu que separássemos para cada dia uma temática central a
ser abordada. Os assuntos, por sua vez, foram escolhidos de maneira
8
que desenvolvessem temas pouco explorados nas salas de aula do
Ensino Fundamental. Por isso, o material não apresenta – e nem é
nosso objetivo abordar – informações sobre a cronologia da História
romana, o início e o fim dessa civilização. Acreditamos que isso deve
ser e é contemplado pelo material didático e professores.
Também é importante destacarmos que esse livro é somente uma
pequena introdução aos temas apresentados, isto é, não esgota ne-
nhum deles. Ao contrário, abre a possibilidade para cada professor
desenvolver esses e outros assuntos a partir do que é exposto. Por
isso, ao final do livro há a bibliografia utilizada para a elaboração do
material.
Desejamos que esse livro seja útil como ferramenta complementar
ao ensino da História Antiga e que suscite dúvidas e a curiosidade
entre os alunos, além de aproximá-los de temáticas mais próximas
de seu dia-a-dia e contexto, como, por exemplo, o cotidiano romano.
Por fim, a possibilidade de publicar esse material se deu graças à
Coleção Didática organizada pelo PET História da UFPR, grupo tu-
toriado pela Prof.ª Renata, também supervisora da criação desse li-
vro, e que tem entre seus integrantes duas das autoras. O download
grátis no blog do grupo – https://pethistoriaufpr.wordpress.com/ –,
além de ajudar na divulgação do nosso material, também o disponi-
bilizará para todos os interessados.
Esperamos que gostem!
Bárbara Letícia Chimentão
Juliane Bernardes da Silva
Karin Barbosa Joaquim
Liana Mondadori Tacão
Mayara Ferneda Mottin
Suele Cristina Guedes da Rocha Maya
Índice
Apresentação da coleção ........................................................................... 5
Apresentação do Diário ............................................................................ 7
Diário de Viagem de Mariana ................................................................ 11
Para saber mais sobre Roma Antiga e Pompeia
Pompeia e o vulcão .................................................................................. 31
Algumas coisas nunca mudam! ............................................................. 35
As mulheres e os homens romanos ....................................................... 38
Gladiadores e as inscrições em Pompeia .............................................. 40
O sagrado e o divino no cotidiano ........................................................ 44
Não é melhor ou pior, só diferente! ...................................................... 48
Lista de imagens ...................................................................................... 51
Referências ................................................................................................ 53
Respostas ................................................................................................... 54
Hoje começaram minhas férias e as da minha mãe. O nome dela é Vera e ela é arqueóloga. Por causa do seu trabalho ela foi convidada para visitar Pompeia durante alguns dias. Daí ela aproveitou pra me levar junto
Só aconteceu algo bem triste. A nossa máquina de fotos estragou antes de chegarmos aqui, então não vou conseguir tirar nenhuma foto. Pelo menos minha mãe desenha bem e fez alguns desenhos pra enfeitar o meu diário e encontrei várias revistas para recortar.
Pompeia é uma cidade da Itália. Mas existem duas cidades com o mesmo nome. Uma delas é uma cidade como qualquer outra. A segunda Pompeia (que na verdade foi a primeira) é perto da outra e já houve pessoas vivendo nela, mas atualmente ela é um sítio arqueológico. Minha mãe me explicou que por causa da condição deste sítio – é uma cidade inteira com casas, objetos e também pessoas – ele é tão estudado por arqueólogos e outros estudiosos.
Minha mãe me contou que a cidade foi destruída de um jeito bem rápido e triste. Perto de Pompeia tem uma montanha chamada Vesúvio, só que não era só uma montanha: era um vulcão e ninguém sabia.
Um dia o vulcão entrou em erupção e as pessoas foram mortas pela fumaça e pedras. antes que conseguissem fugir. As pedras também soterraram Pompeia e outras duas cidades que ficavam próximas (Herculano e Stabia). Por causa disso e da direção da lava restaram tantas coisas de Pompeia.
Essa história é muito triste, mas mesmo assim estou ansiosa pra conhecer a cidade e ver várias coisas muito antigas!! Espero poder contar tudo nesse diário!!
Primeiro Dia!
Querido Diário, hoje é nosso primeiro dia de visita e por isso eu e minha mãe acordamos bem cedo para podermos passear bastante.
Visitamos vários lugares e descobri que Pompeia tinha uma padaria. Nessa padaria eram feitos pães, bolos e outras coisas que os Pompeianos comiam (mas não lembro o nome que minha mãe disse). Pena que eles não tinham torta de chocolate!
Se existia padaria e mercado, será que as pessoas comiam em restaurantes como a gente? Iam fazer lanche, almoçar fora no domingo e conversar? Minha mãe disse que sim, e que até banho eles tomavam fora de casa!! Ela disse que depois vamos visitar as termas romanas (são banheiros romanos, eu acho).
Na padaria tinham também uns vasos grandes que serviam para os romanos guardarem comida. Minha mãe disse que eles guardavam vinho, azeite e uma mistura de peixe . Como hoje tem sardinha enlatada, eles tinham peixe no vaso. O nome desses vasos é ânfora.
Quando chegarmos de viagem vou ver na internet essas ânforas e ver se acho uma montanha delas que minha mãe disse que existe. Não consigo imaginar uma montanha de vasos, mas ela disse que é formada por montes de cacos dessas ânforas. Imagina! Deve ter dado um trabalhão fazer isso!
A gente foi visitar uma casa depois de sair da padaria. Tinha pinturas na parede e risquinhos, mas como estava perto do horário do almoço a gente teve que ir embora.
Comemos um sanduíche de frango bem gostoso e descansamos debaixo de uma árvore. Colocamos azeite no pão e eu me senti uma verdadeira romana almoçando. A nossa visita ao lugar onde os romanos tomavam banho vai ficar pra amanhã, porque já estava tarde e ainda tínhamos que voltar pra cidade.
Ela me explicou que pra cada tipo de comida os vasos tinham um formato diferente, igual aos pacotes de comida e de bebidas de hoje. A diferença é que esses eram feitos de barro.
Minha mãe me deu essa imagem quando chegamos na pousada.
Esses são alguns desenhos de ânforas que eram usadas pra guardar azeite.
Segundo Dia!
Querido Diário, mais um dia de passeio e ainda temos muitas coisas para ver e eu para aprender.
Pompeia é uma cidade muito grande. Minha mãe disse que era uma cidade bem importante também, pois ficava na praia, que era onde chegavam os navios. Também era um lugar aonde as pessoas iam tirar férias, igual a gente!
Depois de andar por vários lugares, ver casas, ruas e pinturas, minha mãe quis mostrar o lugar onde as pessoas tomavam banho. Eu estava cansada, mas mesmo assim fomos até lá. Quando chegamos, minha mãe explicou que as pessoas de Pompeia tomavam banho juntas (acho que é por isso que o lugar se chama banho e não banheiro). Mas disse também que isso era normal, como hoje é normal tomar banho sozinho.
A gente foi visitar só um banho, porque já estava tarde e era longe para chegar até lá, mas a cidade tem outros. A gente bebeu água de uma fonte também, uma fonte da época dos romanos. Pense quantas pessoas já devem ter bebido água lá!! E daí fomos embora. Não vou escrever mais porque estou com sono hoje e está muito quente aqui.
Até mais!
Hoje o dia foi tão cansativo quanto ontem, mas compensou na diversão. Hoje minha mãe me mostrou uma casa onde estavam diversas jóias lindas e frascos de perfume! Aí fiquei me perguntando como eram as mulheres em Roma?
Minha mãe me contou que elas tinham um papel muito importante na sociedade, não apenas nas tarefas domésticas, mas também na economia. Algumas cuidavam de seus próprios patrimônios, outras usavam os grafites para dizer quais eram seus gladiadores preferidos. Outras ainda enterravam seus maridos e deixavam dedicatórias nas lápides.
Também aprendi que esse costume de escrever textos nas lápides é muito útil para o trabalho dos arqueólogos, porque além de mensagens, o nome da família e algumas vezes a profissão da pessoa também apareciam nessas pedras. Por causa disso hoje é possível saber um pouco mais sobre essas pessoas que nem sempre eram ricas ou faziam parte da elite.
Terceiro Dia!
Perguntei também se todas as pessoas sabiam ler e escrever,. Ela me contou que nem todos sabiam, principalmente as mulheres. Minha mãe disse que algumas mais ricas sabiam escrever e ler. Quando não sabiam escrever pagavam para alguém fazer isso por elas.
Minha mãe falou que comparado a participação dos homens com a das mulheres, a deles era muito maior. Eles estavam envolvidos com a política, o comércio, as lutas de gladiadores e o exército.
Quando minha mãe falava das diferenças lembrei das termas e que todos tomavam banho juntos. Mas minha mãe me explicou que apesar dos homens e das mulheres irem às termas públicas, eles iam em horários diferentes.
Ganhei essas duas imagens de um dos amigos da minha mãe. Ele disse que elas são especiais por causa das mulheres segurando objetos que eram usados para escrever.
Agora é melhor descansar porque amanhã o dia será mais divertido ainda. Estou adorando essa cidade!!!
Quarto Dia!
Hoje visitei o anfiteatro de Pompeia.
Os anfiteatros eram grandes construções circulares onde aconteciam as lutas de gladiadores.
Minha mãe me explicou que as lutas duravam alguns minutos e tinha também uma banda para tocar música enquanto os gladiadores lutavam.
Minha mãe também me mostrou que os anfiteatros eram construídos dentro das cidades e perto dos muros. Do lado de fora ficava a necrópole, que era o cemitério dos romanos.
Passei pelos degraus do anfiteatro e encontrei vários desenhos que foram gravados na pedra. Minha mãe me explicou que esses desenhos se chamam grafites e foram feitos pelas pessoas que assistiam a esses espetáculos. Eu tentei copiar alguns e colei na outra página. Acho que deu certo
Esse recorte é de um dos anfiteatros mais famosos. Ele não fica em Pompeia, mas em Roma. Todo mundo o conhece como Coliseu, mas o nome oficial é Anfiteatro de Flávio. Achei que Flávio era o nome do dono do anfiteatro, mas recebeu esse nome por causa da família que governava Roma quando ele foi construído.
Quinto Dia!
Mas um dia em Pompeia e mais um dia em que vi e ouvi muitas coisas novas.
Minha mãe foi chamada para apresentar uma pesquisa, então ela pediu pro Fernando me levar pra passear e ver os lugares que eu ainda não conhecia. Ele é um dos colegas de trabalho dela e que também ajuda nas escavações.
Notei durante nosso passeio várias pinturas espalhadas pelas paredes. Fiquei curiosa e perguntei pro Fernando o que eram aquelas pinturas e ele me contou que muitas daquelas imagens estavam ligadas a religião dos romanos.
Fiquei mais curiosa ainda., daí ele me mostrou um livro com fotos de Pompeia. Procuramos no catálogo mais pinturas como aquelas.
Ele também me contou que os romanos tinham diversos deuses e que cada um era responsável por alguma coisa,. Por exemplo, arte era o responsável pela guerra.
O Fernando me deu um cartão postal com uma das imagens que vimos das paredes pra colar no diário.
Esses deuses eram imortais e poderosos, mas também eram muito parecidos com os humanos. Os romanos pediam ajuda para resolver seus problemas e quando isso dava certo eles agradeciam. Alguns faziam oferendas, por exemplo, ou escreviam plaquinhas com textos de gratidão para o deus ou deusa.
Olhando o catálogo, achei uma pintura muito bonita que mostrava uma mulher deitada em uma concha. Fernando me explicou que aquela era a deusa Vênus, deusa do amor e uma das protetoras de Pompeia. A cena dela em uma concha representava o seu nascimento porque ela nasceu da espuma do mar. Fiquei imaginando como seria legal ser a Vênus e ser deusa de todo amor do mundo!!
Depois ele me explicou que na imagem do cartão postal está a Vênus e o homem é Marte. E que essa outra imagem, que ele também me deu, é um desenho de como poderia ser o templo de Júpiter em Pompeia.
Sexto Dia!
Querido Diário, hoje começou a chover, então ficamos na pousada. Pena que é o último dia, mas pelo menos conseguimos visitar vários lugares legais durante essa semana.
Por causa do tempo ruim minha mãe aproveitou pra me contar um pouco da história de Roma. Nem sempre Pompeia foi romana. Ela foi conquistada pelos romanos que também conquistaram muitos outros lugares.
Teve uma época em que o Império Romano ia da Inglaterra até o Oriente Médio. O Norte da África também era governado pelos romanos. Eles invadiram e conquistaram várias terras, mas também eram atacados por vários povos. Eles eram chamados de bárbaros pelos romanos só porque tinham uma cultura diferente e não falavam latim.
Minha mãe também explicou que não faz muito tempo que as pessoas aprendiam que essas culturas eram piores do que a romana só porque eram diferentes. Mas ela também disse que era porque nessa época países mais poderosos se achavam melhores que os outros e diziam que eram herdeiros dos romanos. Como se os romanos fossem os tataratataratataratataravós deles. E por isso também podiam invadir outros países que seriam como os bárbaros de antigamente.
Minha mãe disse que não existe uma cultura melhor ou pior, mas que cada cultura é diferente. Cada uma tem alguma coisa que a torna especial e diferente da outra. Igual as pessoas que também são diferentes umas das outras. Aprendi que ser diferente não é nada ruim, pelo contrário! Afinal seria muito chato se tudo fosse igual.
Achei essa foto de soldados em uma revista aqui na pousada. Minha mãe explicou que o exército era importante para a expansão do território, além de o proteger contra outros povos invasores.
As férias acabaram
Ontem foi o nosso último dia em Pompeia e na Itália.
Essa semana foi cansativa, mas muito divertida. Aprendi muita coisa com minha mãe, com o Fernando e com outras pessoas que sabiam várias coisas sobre Pompeia e a História da Roma Antiga.
Espero poder voltar de novo pra conhecer mais lugares. Também espero que o que eu conheci possa me ajudar na escola quando for aprender sobre Roma. Tomara que eu possa estudar mais sobre as pessoas que viviam antigamente e o que elas faziam. Vamos torcer pra minha mãe ser convidada de novo para visitar Pompeia e outros lugares divertidos.
31
Essa é uma imagem das ruínas de Pompeia. Ainda resta uma parte
significativa da cidade a ser escavada.
Ao fundo é possível ver também o vulcão Vesúvio, que antes da erup-
ção era considerado uma montanha.
Pompeia e o vulcão
Pompeia foi uma cidade ro-
mana, muito importante por ser
uma cidade de veraneio (férias
de verão) e também devido aos
seus portos, permitindo a circu-
lação de pessoas e produtos.
A cidade foi destruída por
uma erupção do vulcão Vesúvio
em 79 d.C., responsável por
matar várias das pessoas que lá
viviam as pessoas, além de so-
terrar Pompeia.
A cidade foi encontrada du-
rante escavações em 1748. A
partir de então, cada vez mais
estudiosos escavam e estudam a
cidade, sendo possível entender
um pouquinho da vida dos ha-
bitantes antes da catástrofe.
32
O vulcão está hoje adormeci-
do, e a erupção que destruiu
Pompeia continua cheia de mis-
térios.
O documento mais antigo
que narra o acontecimento é a
carta de Plínio, o Jovem, que foi
testemunha ocular da erupção e
que teve seu tio morto devido a
inalação da fumaça expelida
pelo vulcão. Durante muito
tempo o que está escrito na carta
foi considerado um exagero até
que pesquisas modernas acerca
de vulcões descobriram que os
fenômenos relatados eram verí-
dicos.
Abaixo estão partes da carta
de Plínio, relatando como seu
tio – Plínio, o Velho – decidiu se
aproximar para ver melhor o
que estava acontecendo, mas
acabou falecendo devido a ina-
lação de gases tóxicos expelidos
pelo Vesúvio.
Era o nono dia das calendas de setembro
(24 de agosto), pela sétima hora (13 horas),
quando minha mãe lhe mostrou que se
formava uma nuvem volumosa e de forma
incomum. [...]
Estes acontecimentos extraordinários pare-
ceram a meu tio importantes, e dignos de
serem estudados mais de perto. Assim, or-
denou que preparassem um navio [...] à
medida que os navios se aproximavam caía
sobre eles cinza, cada vez mais densa e
O que faz um arqueólogo?
O arqueólogo não é só aquele que faz escavações. Ele é responsável
por estudar a cultura material, que pode ser desde grandes constru-
ções até coisas pequenas e do dia-a-dia, como utensílios de cozinha,
objetos de cerâmica, pinturas, entre outros.
33
quente; choviam ainda pedras calcinadas,
fragmentos enegrecidos, queimados e pul-
verizados pela força do fogo. [...]
Enquanto isso, o Vesúvio brilhava com
enormes labaredas em muitos pontos e
grandes colunas de fogo saiam dele, cuja
intensidade fazia mais ostensivas as trevas
noturnas. [...]
Depois de certo tempo, começou a encher-
se de tanta cinza misturada com pedras-
pomes o pátio de entrada [...]. Decidem en-
tão se convém permanecer na casa ou sair
para o campo porque, na verdade, as casas
ameaçavam desfazer-se como resultado
dos constantes e violentos tremores de ter-
ra [...]. Ao ar livre, por outro lado, temia-se
a queda de pedras-pomes, ainda que leves
e porosas. [...]
O dia [25 de agosto] nascia já em outras re-
giões, mas aqui continuava a noite, uma
noite fechada, mais tenebrosa que todas as
outras; a única exceção era a luz dos re-
lâmpagos e de outros fenômenos seme-
lhantes.
Podemos perceber porque muitos não acreditaram no que Plínio
escreveu!
34
Agora que você já leu o relato do jovem Plínio procure as pala-
vras que estão em destaque nos trechos da carta neste caça-palavras.
L A N U V E M A N E M T A T O O T
U V A E G P A U O V G S K S U D I
A T R E V A S T I Y R U A M A M O
S Q G R T D P H T R E M O R E S M
A D U A S A J Q E L L Z J W A I P
F O G O J U G E D B A S R R E S L
R V Z E U T E G O F M A Y V I U I
H T R A P E D R A S P O M E S L V
E T U Q E M L J H A A Z R A K Z E
W R S E J V P L C E G E P I H L S
D A A R U T L B I U O B E V M A U
B L F E N O M E N O S I D E U A V
A Q U A S H Y W Z I A G O S H L I
T E N E B R O S A H K S S U A E O Respostas na página 54
35
Algumas coisas nunca mudam!
A cidade de Pompeia por
onde está passeando nossa ami-
ga Mariana é somente uma das
várias cidades romanas que
existiram, mas é um bom exem-
plo para falarmos sobre a vida
cotidiana, pois apresenta ele-
mentos que eram comuns e que
permitem que pensemos em
todo o Império Romano.
O cotidiano romano foi por
muito tempo esquecido. Os es-
tudiosos davam mais relevância
à História de grandes persona-
gens como imperadores, políti-
cos e filósofos, e gostavam de se
especializar e compreender
grandes fatos, deixando de lado
o dia-a-dia das pessoas comuns,
que eram a grande maioria dos
romanos antigos.
Padarias, mercados, termas,
fofocas, comida! Do mesmo jeito
que vivemos nossas vidas todo
o dia, as pessoas na Antiguida-
de viviam as delas: conversa-
vam, comiam, compravam e
faziam milhares de outras coisas
como nós fazemos hoje. E, por
meio de Pompeia que teve vá-
rios espaços e objetos de uso
cotidiano preservados pela
erupção – pode parecer engra-
çado, mas as cinzas e as pedras-
pomes lançadas pelo vulcão
serviram como proteção da ci-
Economia romana
O azeite foi um importante produto para a economia romana. Através
da distribuição do azeite pelas províncias romanas, costumes de uma
parte do império se expandiam para outras partes. Além da fabrica-
ção, venda e consumo como alimento, o produto foi interessante para
o mundo romano, pois servia como parte do pagamento dos soldados
e também como remédio, devido a substâncias cicatrizantes contidas
nesse óleo. Hoje, graças à arqueologia e estudos recentes, sabemos
que por onde um soldado romano passava, ali ficava também um
pouquinho de azeite.
36
dade e do que havia nela – e,
dessa forma, proporcionou aos
estudiosos, arqueólogos e histo-
riadores, uma maneira deles
conhecerem e construirem um
pouco da história da cidade,
principalmente a história das
pessoas comuns.
As ânforas, por exemplo, nos
permitem compreender um
pouco da importância de de-
terminados alimentos para os
romanos. No caso do azeite –
um dos alimentos carregados
através do Império dentro des-
ses vasos –, ele tinha muitas
outras utilidades além de servir
como alimento.
Existem estudos que mos-
tram que esse óleo era utilizado
em todas as partes do Império,
desde os territórios africanos até
a Grã-Bretanha.
Sobre as termas, essas faziam
parte da vida dos romanos,
sendo espaços de interação soci-
al, como os templos também
foram. As termas seriam como
os salões de beleza dos nossos
dias, e os templos, as igrejas.
Apesar de algumas casas de
pessoas da elite terem lugares
próprios para o banho, o mais
comum eram as termas serem
37
públicas, ou seja, lugares onde
as pessoas tomavam banho jun-
tas. Os homens eram os primei-
ros (no horário em que a água
estava mais quente), as mulhe-
res depois, e, por fim, escravos.
Pompeia possuía várias termas
localizadas em lugares estraté-
gicos da cidade.
Já deu para perceber que os romanos possuíam atividades seme-
lhantes as nossas! Comer, por exemplo, é algo que todos os povos
fazem, desde sempre, não só porque é bom, mas principalmente pa-
ra sobreviver.
O De re coquinari é um livro de receitas romanas escrito pelo ro-
mano Apicius, no qual podemos descobrir as coisas mais comuns de
se comer em Pompeia e em outras partes de Roma. Abaixo um
exemplo de receita:
Fácil né? Agora que você já conhece uma receita romana, mostre-
a para um adulto e peça para ele comparar a receita de Omelete de
leite com alguma outra receita que ele conheça. Escreva a receita e
compare se é parecida com as dos romanos. Preste atenção princi-
palmente nos ingredientes e comente quais são as diferenças.
Caso fique curioso, peça também ajuda de um adulto para prepa-
rar a receita. Pode parecer estranho adoçar algo com mel ou tempe-
rar só com pimenta, mas lembre-se que os romanos não conheciam o
açúcar, nem o cacau (que é usado para fazer chocolates) ou outras
guloseimas que existem hoje.
Omelete de Leite
Ingredientes: 4 ovos, 2 copos de leite, óleo, mel e pimenta.
Modo de preparo: misture os ovos, o leite e o óleo. Leve ao fogo.
Acrescente mel e pimenta à vontade.
38
As mulheres e os homens romanos
As atividades desenvolvidas por homens e mulhe-
res na Antiguidade são um tanto quanto específicas.
Aos homens cabiam as tarefas políticas, econômicas e
ligadas a guerra, e às mulheres os afazeres domésticos,
como o fiar lã e administrar a casa. Entretanto, não se
pode afirmar que não houvesse variação das ativida-
des exercidas, principalmente em relação às mulheres.
As mulheres de famílias abastadas (ou seja, mais ri-
cas) participavam da vida pública por meio do finan-
ciamento de obras e jogos, por exemplo.
Pompeia é um exemplo claro da participação femi-
nina no dia a dia da cidade. As inscrições revelam que
elas declaravam amor e ódio, apoio político, preferên-
cias por gladiadores e, embora não pudessem entrar
em alguns edifícios públicos, tinham
livre acesso as ruas e jardins.
Contudo, as inscrições não revelam o extrato soci-
al dessas mulheres. É possível identificar as das clas-
ses superiores devido aos edifícios que financiavam,
placas que continham seus nomes ou ainda escultu-
ras em sua homenagem. Mas, como os grafites e ins-
crições poderiam ser feitos por qualquer pessoa, cer-
tamente as pessoas mais pobres também deixavam
suas impressões sobre os mais diversos assuntos re-
gistradas, inclusive as mulheres.
A partir da leitura do diário de Mariana e da ex-
plicação acima, preencha o caça palavras de acordo
com as dicas.
39
1
2
3
4
5
6
7
Respostas na página 54
1. Grupo de soldados que vão para a guerra.
2. Estrutura fixada em túmulos, na qual se registra informações
sobre o falecido.
3. Óleo ou líquido com fragrância.
4. Na Roma antiga, era a responsável pelos afazeres da casa, o
que não quer dizer que ficavam presas nesse espaço e nem
que não pudessem exercer atividades fora do ambiente do-
méstico.
5. Troca, compra e venda de objetos ou alimentos, e que envol-
ve dinheiro.
6. Objeto – normalmente fabricado com algum tipo de metal –
usado como ornamento.
7. Era essa pessoa que participava do ambiente político, eco-
nômico e militar na Antiga Roma.
40
Gladiadores e as inscrições em
Pompeia
As lutas de gladiadores eram
espetáculos importantes na Ro-
ma Antiga. Elas faziam parte da
religiosidade romana, pois eram
destinados a homenagear os
deuses. Eram patrocinadas pelo
imperador ou, no caso de Pom-
peia, pelos políticos da cidade.
As lutas não ocorriam em to-
dos os meses do ano. Quando
não havia espetáculo os gladia-
dores ficavam nas chamadas
escolas de gladiadores onde pode-
riam treinar para serem bons
guerreiros.
Havia vários caminhos para
se tornar um gladiador. Por
exemplo, um cidadão romano
poderia se profissionalizar nas
artes da luta e participar dos
espetáculos. Uma pessoa que
fosse tomada como escrava ou
um criminoso poderia cumprir
seu trabalho ou pena como um
gladiador.
Para que a pessoa deixasse a
vida de gladiador precisava
ganhar diversas lutas ou pelo
menos ter se mostrado um cora-
joso guerreiro. O público torcia
por aquele que era considerado
o mais valente, mas era o go-
vernante, aquele que patrocina-
va o espetáculo, quem decidia
sobre a vida do guerreiro. Mui-
tos desses lutadores possuíam
mulheres e filhos, constituindo
famílias com as quais poderiam
conviver enquanto não lutavam
e após se libertarem da tarefa de
ser um gladiador.
41
Como observado por Maria-
na, havia várias inscrições nos
anfiteatros, que eram feitas so-
bre uma superfície dura e po-
dem ser de dois tipos:
grafites: são inscrições en-
talhadas na pedra ou cerâmica.
Podem ser desenhos ou peque-
nos textos. Esses textos eram
feitos nas paredes por pessoas
comuns e podiam tratar de vá-
rios temas diferentes. Os grafi-
tes também eram encontrados
em ânforas para marcar as in-
formações do produto transpor-
tado.
tituli picti: são inscrições
feitas com pincel. Como os gra-
fites, podem ser encontrados em
paredes e em ânforas. Nas pa-
redes, as letras pintadas eram
usadas para, por exemplo, pro-
pagandas eleitorais.
Mulheres, homens, crianças e
idosos que sabiam escrever fazi-
am inscrições. Em Pompeia
ainda é possível encontrar di-
versas dessas inscrições datadas
da antiguidade romana.
Muitos desses textos estão
em latim ou grego. Havia escri-
bas e professores que eram es-
cravos e ensinavam latim e gre-
go às pessoas mais ricas. Porém,
o latim não era uma língua ape-
nas das elites, era o idioma pelo
qual a maioria dos romanos se
comunicava. Além disso, diver-
Caçadas nos anfiteatros
Além das lutas de gladiadores em que lutava um homem contra o outro,
também existiam espetáculos que tinham como atração lutas entre ho-
mens e animais. Esses homens eram chamados de uenatores, eram res-
ponsáveis por fazer caçadas de animais como leões, tigres, javalis e ele-
fantes.
42
sos povos aprendiam latim a
fim de fazerem trocas comerci-
ais ou participarem do exército
romano.
O latim clássico é aquele es-
crito pelos homens eruditos. O
latim falado pelo povo é conhe-
cido como vulgar, e com o tem-
po foi ele que deu origem ao
português que falamos hoje e a
outras línguas chamadas latinas.
43
Nossa amiga Mariana notou que os romanos representavam os
números de uma forma diferente da nossa. Imagine-se como um
romano e escreva sua idade em algarismos romanos!
Os romanos não inventaram símbolos novos para representar os
números, eles usaram as próprias letras do alfabeto. Eles combina-
ram as letras I, V, X, L, C, D e M para formar o seu sistema de nu-
meração.
I 1
V 5
X 10
L 50
C 100
D 500
M 1000
Quando apareciam vários números iguais juntos, os romanos so-
mavam os seus valores:
II = 1 + 1 = 2
XX = 10 + 10 = 20
XXX = 10 + 10 + 10 = 30
Quando dois números diferentes vinham juntos e o menor vinha
antes do maior, subtraíam os seus valores:
IV = 4; porque 5 - 1 = 4
IX = 9; porque 10 - 1 = 9
XC = 90; porque 100 - 10 = 90
Se o número maior vinha antes do menor, eles somavam os seus
valores:
VI = 6; porque 5 + 1 = 6
XXV = 25; porque 20 + 5 = 25
XXXVI = 36; porque 30 + 5 + 1 = 36
LX = 60; porque 50 + 10 = 60
44
O sagrado e o divino no cotidiano
A religião é uma característi-
ca de grande importância den-
tro do mundo romano. A con-
vivência entre as pessoas co-
muns e o mundo sagrado ocor-
ria em diversos níveis e espaços.
Os lares eram protegidos por
deuses da casa, as pessoas car-
regavam amuletos como forma
de proteção, templos eram er-
guidos em homenagem aos
deuses (mesmo Pompeia, uma
cidade relativamente pequena,
tinha oito templos), sem falar
das casas que eram decoradas
com pinturas que faziam refe-
rência a coisas sagradas.
Além disso, narrativas que
contavam a vida dos deuses e a
história do mundo eram passa-
das entre as gerações, sendo
chamadas de mitos. E são essas
inúmeras histórias que juntas e
interlaçadas formam a mitolo-
gia romana, ou o conjunto de
mitos que buscavam explicar a
origem desse mundo romano.
Deuses grecorromanos
Quando Roma conquistou o
território grego houve uma
fusão entre os deuses que ti-
nham as mesmas funções e
características. Abaixo estão
alguns exemplos dos nomes
pelos quais eram conhecidos
determinados deuses entre os
gregos e entre os romanos.
Nome
romano Nome grego
Baco Dionísio
Diana Artêmis
Febo Apolo
Juno Hera
Júpiter Zeus
Marte Ares
Minerva Atena
Netuno Poseidon
Plutão Hades
Vênus Afrodite
Vulcano Hefesto
45
Só não podemos esquecer
que essa religião não era igual
em todas as partes desse mundo
romano. Devido ao seu territó-
rio muito extenso, características
e influências externas ocorriam
em todas as regiões, fazendo
com que ela fosse muito variada.
Como foi possível perceber,
Mariana se interessou muito
sobre a história dos deuses ro-
manos e passou muitas horas
conversando com Fernando
sobre isso. E você, quer apren-
der um pouco mais sobre alguns
deuses também?
Júpiter é o mais poderoso de todos os deuses, fi-
lho da deusa Cibele e do deus Saturno. Seu pai,
com medo de ser superado em poder por um de
seus filhos, engolia todos os bebês que tinha com
Cibele para que eles ficassem presos em sua barri-
ga. Um dia, cansada de entregá-los a Saturno, Ci-
bele lhe deu uma pedra enrolada em cobertores de
criança ao invés de seu bebê. O menino salvo era
Júpiter, que quando mais velho se voltou contra o pai e o obrigou a
vomitar todos seus irmãos que ainda estavam vivos.
46
Netuno também era filho de Cibele e
Saturno, e foi um dos deuses salvo por
seu irmão Júpiter da barriga de seu pai.
Quando isso aconteceu, Júpiter tomou
o poder de Saturno e o controle do
mundo foi repartido entre seus irmãos.
Para Netuno ficou a responsabilidade
de ser deus dos mares.
Plutão era irmão de Júpiter e Netuno, e
também foi salvo da barriga de Saturno.
Na partilha do poder do mundo ficou
responsável por ser o deus do submundo
romano, da terra dos mortos. Lembrando
que dentro da religião romana não existia
algo como céu e inferno, só um único lu-
gar chamado Hades para onde iam todas
as pessoas mortas, boas ou más.
Baco era filho de Júpiter e Sêmele, uma
humana. Sua mãe morreu antes que ele
nascesse, pois quis ver seu pai na sua
verdadeira forma de deus e não pode
suportar tal visão. Deus do vinho e de
todas as árvores frutíferas, morria em
todo inverno e renascia em todas as pri-
maveras, período em que se faziam festi-
vais em sua homenagem.
47
Marte era filho de Júpiter com a deusa Juno. Era
considerado pelos romanos o deus da guerra, sen-
do muito violento e combativo. Era sempre repre-
sentado usando roupas de soldado e não era muito
conhecido por sua inteligência, sendo sempre en-
ganado por outros deuses. Marte também foi
amante da deusa Vênus.
Agora que você já conhece mais sobre alguns deuses do panteão
romano, procure nesse caça-palavras os nomes de todos os deuses
que você e Mariana aprenderam nesse dia. (Dica: são os nomes des-
tacados)
A V I N N S U A G O J U N E H N A
A E I V C D H S F R S T H J L H A
S N M J U P I T E R Y S W U F Q R
B U U D P O E E L E K A D N E T S
L S D I W L I X U R M O A O R I R
A A R G F S R S G E A U S E Q U L
J U B R C A L A C A R V A S A H H
P V A Y X T H A A R T X T M A F O
L W N O P U T K H A E L E C A L K
U Q E E M R R E M U R U L B A C O
T A C O I N J U S S A W I O T I I
A R E T H O P G E T A C I B E L E
O U O M P M R F C T V U U M Y S S
U P O S N E T U N O S F U E W I N Resposta na página 55
48
Não é melhor ou pior, só diferente!
A História é aquilo o que os
homens de cada época escrevem
sobre ela. Por isso sempre há
algum assunto principal duran-
te certos períodos. E no século
XIX os historiadores amavam os
romanos. Os antigos romanos e
a Antiga Roma foram transfor-
mados em exemplos de pessoas
e de governo. O que não fosse
relacionado a eles era rapida-
mente classificado como ligado
ao oposto dos romanos: torna-
vam-se bárbaros, pessoas com
culturas inferiores, povos menos
civilizados.
Essa ideia foi construída du-
rante o Imperialismo, que foi a
época em que os países euro-
peus – principalmente a Ingla-
terra – estavam expandindo
seus territórios para a África e a
Ásia. Os ingleses se colocavam
nas posições dos antigos roma-
nos que invadiam as terras de
outros povos – que eram consi-
derados como os antigos bárba-
ros não civilizados – para torná-
los civilizados, quando, na rea-
lidade, queriam mesmo se
aproveitar desses para enrique-
cerem os seus Estados.
Junto dessa ideia de povos
inferiores e superiores na Anti-
guidade também há a interpre-
tação de que quando outros
povos eram conquistados pelos
romanos eles abandonavam
suas práticas culturais e adota-
vam as romanas. Isso foi cha-
mado de “romanização” e foi
uma ideia repetida durante
muito tempo desde o começo do
século XX. No entanto, atual-
mente, com novos estudos sabe-
se que havia trocas culturais, e
que cada povo e grupo escolhia
o que seria adotado da cultura
romana de acordo com as neces-
sidades, além de saber que tam-
bém os romanos eram influenci-
ados pelas outras culturas.
Por isso, não se pode dizer
que havia uma cultura romana
homogênea (uniforme; toda
igual). Havia muitas diferenças
entre os romanos e entre os po-
vos que viviam dentro do espa-
49
Essa ideia de relação com os antigos romanos e o legado desses para
nossa cultura é constantemente observada na arquitetura. O estilo neo-
clássico é conhecido por adotar elementos da antiga arquitetura grega e
romana, como, por exemplo, as colunas. Observe essa foto do Prédio
Histórico da Universidade Federal do Paraná, localizado em Curitiba.
Esse edifício não lembra outro que você já tenha visto nesse livro?
ço que era o território romano. É
importante então olhar para as
diferenças e não ficar buscando
o que é e o que torna igual.
Mariana percebeu como são
as diferenças entre as coisas que
as tornam interessantes, mais
legais e divertidas. E que ser
diferente dos outros não é me-
lhor ou pior, é simplesmente
diferente. Afinal ninguém é
igual! É importante não só saber
das diferenças, mas principal-
mente respeitá-las.
Já sabemos que apesar de vi-
verem todos dentro do Império
Romano, as pessoas eram dife-
rentes. Também as que vivem
50
no Brasil são diferentes, afinal
cada região tem uma cultura e
costumes distintos. Portanto,
escolha um estado brasileiro –
de preferência algum que seja
distante daquele em que você
vive e sobre o qual você tenha
pouco conhecimento – e faça
uma lista das festas populares
desse estado, das comidas típi-
cas, das gírias e expressões pró-
prias da região, e de outras coi-
sas que chamem sua atenção
por serem diferentes daquelas
com as quais você está acostu-
mado.
51
Lista de imagens
Todas as ilustrações foram feitas pela estudante Liana Mondadori Tacão. As
demais imagens e figuras estão listadas abaixo junto de suas respectivas referências
e créditos.
P. 11: Padrão. Disponível em: <http://good-wallpapers.com/misc/21745>. Acesso
em: 30.11.2013.
P. 14: Mapa da Itália com a indicação de Pompeia. Imagem adaptada de <
http://suburbanodigital.blogspot.com.br/2014/06/mapa-da-italia-para-
colorir.html>. Acesso em 26.10.2015.
P. 17: Ânforas béticas de azeite de tipo Dressel 20. Imagem adaptada de FUNA-
RI, Pedro Paulo A. “Capítulo IV: inscrições pintadas e grafites”. In: Letras e coi-
sas: ensaios sobre a cultura romana. Campinas, SP: Unicamp, 2002, p. 252.
P. 19: Pintura parietal de uma mulher com estilete. Disponível em:
<http://papelmarcante.blogspot.com.br/2011/07/as-tabuletas-de-cera.html>.
Acesso em: 30.11.2013.
P. 20: Pintura parietal de um casal. Disponível em: <http://www.oxpal.com/a-
couple-from-pompeii.html>. Acesso em: 30.11.2013.
P. 21: Luta entre gladiadores. FUNARI, Pedro Paulo A. “A Cidade e a Civiliza-
ção Romana: um instrumento didático”, in: Coleção Textos Didáticos, n.º 51,
IFCH/UNICAMP, Campinas, 2004, p. 61.
P. 22: Foto do Coliseu Romano. Créditos: Luiz Carlos Bonato Mottin.
P. 23: Pintura parietal representando Vênus e Marte sentados. SANFELICE,
Pérola de Paula. Amor e sexualidade em ruínas: as pinturas da deusa Vênus nas
paredes de Colonia Cornelia Veneria Pompeianorum. Dissertação (Mestrado em
História). Universidade Federal do Paraná, Curitiba, p. 69
P. 24: “Pintura de como seria o Templo de Júpiter, junto ao Fórum de Pompeia”. .
FUNARI, Pedro Paulo A. “A Cidade e a Civilização Romana: um instrumento
didático”, op. Cit., p. 89.
P. 25: Mapa do Império Romano. Disponível em:
<http://civiantigas.webnode.pt/civiliza%C3%A7%C3%B5es/romana/>. Acesso
em: 29.11.2013.
P. 34: Escultura representando soldados romanos. Imagem adaptada de
<http://discoverybrasil.uol.com.br/guia_roma/legiao/vida_exercito/index.shtml>.
Acesso em: 29.11.2013.
52
P. 31: Imagem das ruínas de Pompeia: Disponível em:
<http://www.institutoandreluiz.org/emmanuel_imagens_4.html>. Acesso em:
28.11.2013.
P. 45: Busto de Zeus de Oricoli. Disponível em:
<http://en.wikipedia.org/wiki/Otricoli>. Acesso em: 28.11.2013.
P. 46: Estátua de Poseidon. Disponível em:
<http://mythology.wikia.com/wiki/Twelve_Olympians>. Acesso em 28.11.2013.
P. 46: Imagem de Hades. Disponível em:
<http://www.greekmythology.com/Olympians/Hades/hades.html>. Acesso em
28.11.2013.
P. 46: Busto de Dionísio Disponível em:
<http://www.dec.ufcg.edu.br/biografias/MGDionis.html>. Acesso em 28.11.2013.
P. 47: Estátua de Ares. Disponível em: <http://clubtukinews.com/1905/the-greek-
gods-and-goddesses/>. Acesso em 28.11.2013.
P. 49: Fachada do Prédio Histórico da Universidade Federal do Paraná. Créditos:
Mayara Ferneda Mottin.
53
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br/articles/515/1/ALGARISMOS-ROMANOS/Paacutegina1.html. Acesso em: 23.10.
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uma análise de gênero em inscrições parietais. Tese (Doutorado em História) – De-
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FUNARI, Pedro P. A. A vida quotidiana na Roma Antiga. São Paulo: Anna-
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sas: ensaios sobre a cultura romana. Campinas, SP: Unicamp, 2002.
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deusa Vênus nas paredes de Colonia Cornelia Veneria Pompeianorum. Curitiba,
2012. Dissertação (Mestrado em História) – Setor de Ciências Humanas, Letras e
Artes da Universidade Federal do Paraná.
54
Respostas
Resposta da atividade da página 34
L A N U V E M A N E M T A T O O T
U V A E G P A U O V G S K S U D I
A T R E V A S T I Y R U A M A M O
S Q G R T D P H T R E M O R E S M
A D U A S A J Q E L L Z J W A I P
F O G O J U G E D B A S R R E S L
R V Z E U T E G O F M A Y V I U I
H T R A P E D R A S P O M E S L V
E T U Q E M L J H A A Z R A K Z E
W R S E J V P L C E G E P I H L S
D A A R U T L B I U O B E V M A U
B L F E N O M E N O S I D E U A V
A Q U A S H Y W Z I A G O S H L I
T E N E B R O S A H K S S U A E O
Resposta da atividade da página 39
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2 L Á P I D E
X
3 P E R F U M E
4 M U L H E R
5 C O M É R C I O
6 J Ó I A
T
7 H O M E M
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Resposta da atividade da página 47
A V I N N S U A G O J U N E H N A
A E I V C D H S F R S T H J L H A
S N M J U P I T E R Y S W U F Q R
B U U D P O E E L E K A D N E T S
L S D I W L I X U R M O A O R I R
A A R G F S R S G E A U S E Q U L
J U B R C A L A C A R V A S A H H
P V A Y X T H A A R T X T M A F O
L W N O P U T K H A E L E C A L K
U Q E E M R R E M U R U L B A C O
T A C O I N J U S S A W I O T I I
A R E T H O P G E T A C I B E L E
O U O M P M R F C T V U U M Y S S
U P O S N E T U N O S F U E W I N
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