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MICROECONOMIA
1.º Semestre de 2016/2017
João Amador
Paulo Gonçalves
CADERNO DE EXERCÍCIOS
I. Conceitos básicos e Modelo Ricardiano de Troca
II. Procura, Oferta e Equilíbrio de Mercado
III. Aplicações do Modelo de Procura e Oferta
IV. Concorrência Perfeita e Monopólio
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I. Conceitos Básicos e Modelo Ricardiano de Troca
1. O Custo de oportunidade é:
a) o valor da melhor alternativa sacrificada quando fazemos uma determinada opção;
b) o número de escolhas possíveis para gastar o dinheiro;
c) uma medida das oportunidades em termos dos seus preços relativos;
d) é sempre o mesmo que o custo do dinheiro.
2. Mesmo as políticas do Estado têm custos de oportunidade o que significa:
a) que será necessário aumentar os impostos;
b) ter um determinado objectivo pode exigir prescindir de outro objectivo;
c) a acção do governo é habitualmente ineficiente;
d) a acção do governo fornece novas oportunidades.
3. Numa aldeia do Neolítico existem duas famílias que se dedicam à pesca e à recolha de
frutos. A família dos Flinstones necessita de 20 e 30 minutos para pescar um kg de peixe
e recolher um kg de frutos, respectivamente. A família dos Rollingstones necessita de 40
e 80 minutos para pescar um kg de peixe e recolher um kg de frutos, respectivamente.
Cada família trabalha 12 horas por dia.
a) Qual das famílias tem vantagem absoluta na recolha de frutos? E de peixe?
b) Qual das famílias tem vantagem comparativa na recolha de frutos? E de peixe?
c) Qual o padrão de especialização que proporia? Será este o padrão que resulta de uma
situação de comércio livre entre as duas famílias? Justifique as suas respostas.
d) Determine o preço relativo dos bens que vai vigorar nas trocas entre as duas famílias.
e) Considera que uma alteração do número de horas de trabalho disponível, por parte
dos Flinstones, altera o padrão de especialização e o padrão de troca identificado nas
alíneas anteriores? De que forma? Justifique as suas respostas.
f) Considera que uma alteração do número de minutos que os Flinstones precisam para
pescar um kg de peixe pode alterar o padrão de especialização e o padrão de troca
definido nas alíneas anteriores? De que forma? Justifique as suas respostas.
g) Suponha agora que a filha mais velha dos Flinstones casa-se com o filho mais velho
dos Rollingstones, passando o jovem casal a viver na casa dos Rollingstones. Em
resultado desta união, os Rollingstones descobrem os segredos de pesca e de recolha
de frutos dos Flinstones, passando a ser tão eficientes quanto estes nas actividades de
pesca e de recolha de frutos. Ou seja, os Rollingstones passam a conseguir pescar um
kg de peixe ou a recolher um kg de frutos em, respectivamente, 20 e 30 minutos.
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Qual o impacto do referido casamento sobre os padrões de especialização e de troca
dos Flinstones e dos Rollingstones, assim como sobre o bem-estar de cada uma destas
famílias? Seria possível, através da negociação de um dote de casamento a pagar
pelos Rollingstones aos Flinstones, que o bem-estar de cada uma das famílias
aumentasse em resultado do referido casamento? Justifique as suas respostas.
4. Em resultado de uma grave crise económica e financeira, um determinado país decide
fechar as suas fronteiras ao comércio internacional. Anteriormente a esta decisão, o
comércio consistia na troca de dois bens – cereais e máquinas. Em termos de coeficientes
técnicos, este país necessitava de 1 trabalhador para produzir uma tonelada de cereais e
de 2 trabalhadores para produzir uma máquina, enquanto que o seu parceiro comercial
necessitava de 9 trabalhadores para produzir uma tonelada de cereais e de apenas 3
trabalhadores para produzir uma máquina.
a) Qual o padrão de comércio que existia entre estes dois países? Justifique a sua
resposta.
b) Represente graficamente as perdas de bem-estar decorrentes da eliminação do
comércio. A existência prévia de uma situação de especialização produtiva acentua
estas perdas? Justifique as suas respostas.
Um dirigente do país afirma que “esta decisão de fechar as nossas fronteiras ao comércio
internacional permite a criação de mais empregos na economia, pois passaremos a
produzir internamente o que anteriormente importávamos”.
c) Como reagiria a esta afirmação?
Surge entretanto uma proposta para criar uma parceria entre os dois países, como forma
de resolver a atual crise económica, que se traduzirá no comércio livre e o intercâmbio de
investigadores entre os dois países. Em reação, um dirigente do país afirma que “essa
proposta é errada, pois o outro país poderá apropriar-se da nossa tecnologia de produção
de máquinas, reduzindo significativamente o nosso bem-estar social”.
d) Está de acordo com esta afirmação? Justifique a sua resposta.
5. Assuma que é consultor económico do governo da ilha das Tartarugas, pertencente ao
arquipélago das Conchas, onde os habitantes consomem apenas peixe e bananas. Dizem-
lhe que, na ilha das Tartarugas, são necessários oito e quatro trabalhadores para obter,
respectivamente, uma unidade de bananas e uma unidade de peixe. Já na vizinha ilha
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dos Papagaios, são necessários quatro trabalhadores para obter uma unidade de peixe, e
o custo de oportunidade do peixe face às bananas é igual a 1/4.
a) Com base nesta informação, construa a matriz dos coeficientes técnicos da economia,
identificando ainda, graficamente, os ganhos de especialização e de troca que
resultariam de um equilíbrio de mercado.
Suponha agora a existência de uma terceira ilha no arquipélago das Conchas, a ilha das
Iguanas, onde são necessários dois e um trabalhadores para obter, respectivamente, uma
unidade de bananas e uma unidade de peixe.
b) Como consultor do governo da ilha das Tartarugas, qual seria a sua recomendação
relativamente a qual das ilhas deveria ser escolhida para parceiro comercial da ilha
das Tartarugas? Justifique a sua resposta.
Durante o Inverno, as ligações por barco entre as várias ilhas do arquipélago das Conchas
são afectadas por perigosas correntes, as quais resultam, em média, na perda de metade
da carga transportada entre as várias ilhas.
c) Como consultor do governo da ilha das Tartarugas, mostre que, durante o Inverno, as
trocas comerciais entre as várias ilhas deixam de se justificar.
6. Comente sucintamente a veracidade das seguintes afirmações:
a) Num modelo com uma tecnologia de coeficientes fixos onde se produzem dois bens
recorrendo à utilização do factor trabalho, a inclinação da fronteira de possibilidades
de produção depende do número total de trabalhadores do país.
b) O comércio internacional permite aos países alargar o seu espaço de possibilidades de
consumo sem que se altere o seu espaço de possibilidades de produção.
c) O comércio internacional é responsável pela diminuição do bem-estar nos países mais
pobres.
d) Uma alteração na dotação de recursos de um país é suficiente para alterar os padrões
de especialização e de troca.
e) Numa economia de mercado, o mecanismo de preços leva cada agente económico a
especializar-se de acordo com a vantagem comparativa.
f) As trocas entre dois países ou agentes económicos geram ganhos de troca, na estrita
medida em que existem diferenças (em termos de recursos, capacidades ou
tecnologias, interesses ou preferências) entre os referidos países ou agentes
económicos.
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g) As reformas estruturais da economia que facilitam a mobilidade dos recursos ou
fatores produtivos potenciam os ganhos que resultam do comércio livre (nesta
resposta, exemplifique com alguns aspetos relacionados com a legislação e com o
Direito que condicionam a mobilidade dos recursos económicos).
h) As escolhas com custos de oportunidade elevados são sempre desadequadas.
7. Assuma que, no seu país, decorre uma acesa discussão parlamentar sobre a ratificação
de um acordo de comércio livre com um país vizinho.
a) Em sede parlamentar, um deputado terá dito que “este acordo de comércio livre será
ruinoso para a economia, dado que a nossa tecnologia é mais atrasada do que a do
país vizinho”. Como comentaria esta afirmação junto da opinião pública do seu país?
Entretanto, tem acesso a um estudo sobre os coeficientes técnicos associados à produção
de arroz e de bicicletas, os dois bens produzidos e consumidos nos dois países em causa.
No seu país, são necessários 8 e 4 trabalhadores, respectivamente, para produzir uma
bicicleta e uma unidade de arroz. Já o país vizinho necessita, apenas, de 6 e 2
trabalhadores para produzir as mesmas quantidades de bens.
b) Construa a matriz de coeficientes técnicos e diga qual o padrão de trocas que
resultaria de um cenário de comércio livre entre os dois países.
c) Represente graficamente os ganhos de comércio e de especialização de cada uma das
economias.
d) Um deputado acusa-o de esquecer que os salários no país vizinho são metade dos
salários praticados no seu país, pelo que, em resultado da implementação de um
acordo de comércio livre, as empresas nacionais enfrentarão um sério problema de
competitividade. Como se defenderia desta argumentação?
8. Um jovem advogado encontra-se a trabalhar, simultaneamente, na preparação de três
julgamentos. O objectivo do advogado é maximizar as indeminizações a receber pelos
clientes, uma vez que os seus honorários correspondem a uma determinada percentagem
das indeminizações conseguidas em tribunal. Naturalmente, a probabilidade de ganhar
um caso, assim como o montante da indeminização a receber pelo cliente, dependem do
tempo que o advogado utiliza na preparação desse caso. A tabela seguinte ilustra o valor
esperado das indeminizações, em cada um dos três casos, e a sua relação com o número
de horas utilizadas na preparação desse caso:
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Horas de preparação Caso I Caso II Caso III
0 100 0 0
1 120 40 70
2 130 70 120
3 135 90 150
4 137 105 175
5 138 115 195
6 138 120 210
7 136 127 220
8 132 128 228
9 125 128 232
10 110 127 233
a) Suponha que o advogado decidiu utilizar 4 horas na preparação do 3º Caso e 5 horas
na preparação de cada um dos outros casos. Neste cenário, diga-nos qual o custo de
oportunidade associado a gastar uma hora adicional na preparação do 3º Caso?
b) Comparando o custo de oportunidade calculado na alínea anterior com o benefício que
resulta de aplicar uma hora adicional na preparação do 3º caso – ou seja, o benefício
marginal –, diga-nos se a afectação que foi proposta para o tempo de preparação
daquele caso é ou não a mais eficiente? Em que sentido deveria ser ajustado o tempo
de preparação do referido caso? Justifique as suas respostas.
c) Determine a forma como o advogado deverá afectar as 14 horas que tem disponíveis
para preparar estes três casos.
d) Aplique os princípios económicos que resultam das alíneas anteriores às seguintes
situações: (i) produtor deverá decidir a forma de afectar a sua produção entre duas
fábricas; (ii) produtor deverá decidir qual a quantidade a produzir; e (iii) consumidor
deverá escolher quais as quantidades a adquirir de dois bens.
9. Em termos de análise normativa, os principais critérios ou objectivos que servem de
base às recomendações apresentadas pelos economistas são os critérios de eficiência –
eficiência produtiva, eficiência na afectação de recursos e eficiência dinâmica – e
de equidade, relacionados, respectivamente, com a “maximização da dimensão do
bolo” produzido pela economia e com a forma como se procede à “divisão do bolo”.
Que outros critérios normativos serão adequados à avaliação de questões jurídicas?
Em muitas das áreas da economia e do direito, existem potenciais conflitos entre a
eficiência, equidade e outros possíveis objectivos normativos que possam ser
considerados (v.g., potenciais conflitos entre objectivos normativos surgem quando se
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procede à avaliação de diferentes regimes legais). Nestes casos, o decisor terá de avaliar
e proceder a determinados trade-offs – por exemplo, uma determinada lei que melhore
a eficiência da economia pode resultar numa distribuição menos equitativa dos recursos.
Também importa notar que, não obstante os economistas se referirem a questões de
equidade, grande parte das suas análises normativas baseiam-se nos critérios de
eficiência, uma vez que as avaliações de equidade obrigam a juízos de valor, que apenas
poderão ser resolvidos através de um processo de escolha política ou outros qualquer
processo de escolha colectiva. Ou seja, não deverá ser o economista a impor, à
sociedade, os seus próprios juízos de valor no que concerne a questões relacionadas com
a equidade.
Não obstante, o recurso à análise económica para avaliar custos e benefícios ao nível da
eficiência, que resultam de uma qualquer política, é particularmente útil, uma vez que
permite aos decisores políticos estar informados sobre as implicações das suas escolhas
em termos de eficiência e, desta forma, estarão mais bem informados para proceder a
eventuais trade-offs entre a eficiência da economia e a equidade ou outros possíveis
objectivos normativos que se pretenda prosseguir.
O presente exercício introduz os alunos à necessidade de se proceder a trade-offs,
quando se está perante uma escolha entre diversas opções, e existem vários critérios ou
objectivos normativos a prosseguir.
Suponha que, nas suas funções como assessor do ministro da justiça, é-lhe solicitado que
avalie uma nova legislação sobre a responsabilidade civil em caso de atropelamento.
Neste momento, encontram-se em estudo diversas formas alternativas de definir a
referida legislação: (i) o condutor não é responsabilizado pelos danos causados; (ii) o
condutor é responsabilizado em caso de atropelamento; (iii) o condutor só não será
responsabilizado, se se demonstrar que houve negligência da parte do peão; (iv) o
condutor apenas será responsabilizado se se demonstrar que este foi negligente e, ao
mesmo tempo, que o peão não foi negligente; (v) a responsabilidade divide-se entre o
condutor e o peão, em função do grau de negligência de cada um.
A tabela seguinte identifica os objectivos normativos que servirão de base à presente
avaliação, assim como as consequências de cada um daqueles regimes legais em termos
dos referidos objectivos.
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Objectivos Legislação A Legislação B Legislação C Legislação D Legislação E
Número de
atropelamentos 450 250 250 250 300
Gravidade dos
atropelamentos (nº
de mortes)
70 55 65 50 60
Litigância (nº de
casos em tribunal) 50 50 80 50 80
Erros judiciais na
aplicação da lei 10% 15% 20% 5% 15%
Custos de
implementação 1.950 M€ 1.700 M€ 1.500 M€ 1.900 M€ 1.750 M€
Ademais, estima-se que os custos associados à litigância em tribunal são, em média, iguais a
cerca de 10.000 € por cada caso que chega a tribunal.
Qual seria o seu Parecer para o ministro da justiça, no que concerne à escolha do novo regime
legal de responsabilidade civil em caso de atropelamento? Que outros critérios normativos
deveriam ter sido tidos em conta no presente caso?
Sugestão: Alguma daquelas legislações é dominada por outra? Alguns dos critérios de
escolha pode ser eliminado? Simplifique o seu problema, eliminando as alternativas e critérios
que resultaram das duas perguntas anteriores. Posteriormente, pense em termos dos trade-
offs que a sociedade estaria disposta a fazer.
II. Procura, Oferta e Equilíbrio de Mercado
10. Com base nas leis da procura e da oferta, diga como se alteram o preço e a quantidade
de equilíbrio no mercado relevante, na sequência dos seguintes choques:
Sugestão: Comece por verificar como é que cada um daqueles choques faz deslocar as
curvas de procura e de oferta. Recorde-se que a curva de procura desloca-se em
resultado de choques que afectem a valorização que o consumidor atribui ao bem –
i.e., o seu preço de reserva –, e a curva de oferta desloca-se em resultado de choques
que afectem os custos de produção ou os custos de oportunidade do bem.
a) Aumento da população na sequência de um fluxo imigratório;
b) Diminuição do preço da energia no produtor;
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c) Diminuição do rendimento disponível dos consumidores;
d) Mau ano agrícola devido a condições climatéricas;
e) Melhorias nos processos produtivos devido a progresso tecnológico;
f) Aumento do preço de um bem substituto;
g) Diminuição do preço de um bem complementar;
h) Criação de expectativas de crise económica por parte da população.
11. Suponha que é contratado para prestar consultoria económica a uma empresa do sector
informático. Pedem-lhe para identificar os efeitos sobre o mercado de computadores – no
preço e na quantidade transaccionada – que resultam de diferentes cenários alternativos:
a) Descida do preço dos microchips utilizados na produção dos processadores que
integram o computador.
b) Redução do tarifário de acesso à Internet de banda larga.
c) Aumento da disponibilidade de software livre de custos na internet.
d) Redução das contribuições para a segurança social, realizadas pelas empresas
produtoras de computadores, como forma de promover a competitividade desta
indústria.
e) Aumento da cobertura do acesso à internet sem fios em lugares públicos, financiado
pelas autarquias.
f) Aumento das verbas destinadas a programas de formação para as novas tecnologias.
12. A legislação Europeia vai obrigar os produtores de electrodomésticos a fixar o prazo da
garantia em 2 anos. Actualmente, a generalidade dos electrodomésticos têm um prazo de
garantia de 1 ano. Apresente os efeitos desta medida sobre o mercado de
electrodomésticos, referindo, de forma justificada, os seguintes efeitos:
a) Efeitos sobre a curva de procura;
b) Efeitos sobre a curva de oferta;
c) Efeitos sobre o equilíbrio do mercado (quantidades e preços de equilíbrio).
Os consumidores estimam que a probabilidade do electrodoméstico sofrer uma avaria,
durante o 2º ano de utilização, é igual a cerca de 20%, e que, em caso de avaria e na
ausência da extensão de garantia, o consumidor teria que suportar, em média, uma
despesa de 100 euros com o arranjo do electrodoméstico avariado.
Já os produtores estimam que, em caso de extensão da garantia, terão de suportar, em
média, uma despesa adicional de 50 euros com o arranjo de cada electrodoméstico
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avariado. Os produtores concordam que a probabilidade do electrodoméstico sofrer uma
avaria, durante o 2º ano de utilização, é igual a cerca de 20%.
d) Determine o impacto que a legislação sobre a extensão de garantia terá sobre os
preços de reserva (ou valorização) dos consumidores e dos produtores de
electrodomésticos. Consegue calcular o impacto desta medida sobre o preço de
equilíbrio do mercado de electrodomésticos?
e) Apresente ainda uma análise de bem-estar, avaliando o impacto da extensão de
garantia sobre o bem-estar dos consumidores e sobre o bem-estar dos produtores.
13. A Associação de Produtores de Máquinas de Café desenvolveu uma nova máquina que
reduz o desperdício de café por Bica sem alterar a qualidade da mesma.
a) Como se alteram o preço e a quantidade de equilíbrio no mercado de máquinas de
café?
b) Avalie os efeitos sobre o bem-estar do produtor e do consumidor?
c) De que forma é que as suas respostas anteriores dependem do preço do café?
d) De que dados necessitaria para estimar o impacto da introdução desta nova máquina,
sobre o preço de reserva (ou valorização) dos utilizadores da máquina?
e) Suponha que a nova máquina, para além de reduzir o desperdício de café, tem um
custo de produção unitário mais baixo. Qual o efeito esperado sobre a quantidade e
preço de equilíbrio no mercado das máquinas de café?
14. As seguintes alíneas apresentam fenómenos ou padrões de comportamento normalmente
observados em diversos mercados de bens e serviços, sendo-lhe pedido uma explicação
para os mesmos com base no Modelo de Procura e Oferta (pretendem-se respostas
baseadas em análise gráfica).
a) Alguns bares cobram aos seus clientes a água consumida, enquanto disponibilizam
gratuitamente taças cheias de amendoins salgados. Atendendo a que estes custam
muito mais ao dono do bar do que a água, não deveria ser ao contrário? Isto é, não
deveriam os bares cobrar pelos amendoins e oferecer a água?
b) Algumas lojas de fotografia oferecem gratuitamente um segundo conjunto de
impressões do mesmo rolo fotográfico?
c) Os construtores automóveis japoneses foram pioneiros no desenvolvimento de
sistemas de gestão da qualidade total, adotando processos produtivos que procuram,
entre outros, minimizar os defeitos de produção. Queira explicar a razão porque foram
os construtores de automóveis japoneses os primeiros a alargar os prazos de garantia
dos automóveis vendidos.
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d) Faça agora o seguinte exercício: peça ao seu colega do lado que identifique um
fenómeno ou padrão observado num qualquer mercado e tente explica-lo com o
recurso ao Modelo de Procura e Oferta.
15. A energia eléctrica é produzida com o recurso, entre outros, a centrais hidroeléctricas
(barragens) e a centrais térmicas (centrais que transformam gás natural, carvão ou
outras fontes térmicas em energia eléctrica). Por outro lado, note que a água acumulada
na maior parte das barragens tem duas utilizações possíveis, a produção de energia
eléctrica e o fornecimento de água para consumo humano ou para fins agrícolas.
Recorrendo ao modelo de procura e oferta, avalie graficamente os efeitos dos seguintes
fenómenos sobre o mercado da electricidade. Não se esqueça de justificar as suas
respostas.
a) Instabilidade política num dos principais países fornecedores de gás natural.
b) Lançamento de um programa de incentivos à compra, por parte das famílias, de
painéis solares para fornecimento de energia às suas habitações.
c) Aumento dos preços da água que é fornecida para consumo humano ou para fins
agrícolas.
Diferentes tipos de centrais eléctricas (v.g., centrais hidroeléctricas, centrais térmicas a
gás natural e centrais térmicas a carvão) apresentam diferentes custos marginais de
produção, em resultado, por exemplo, da tecnologia utilizada, da dimensão da central em
causa, dos níveis de pluviosidade e preços do gás natural e do carvão. Considere a
seguinte informação sobre a capacidade de produção horária e os custos marginais de
produção da electricidade, nas várias centrais existentes em determinado país:
Tipo de Central Capacidade de produção
horária (em MW)
Custos marginais de
produção (por MW)
Central Hidroeléctrica I 100 15
Central Hidroeléctrica II 300 12
Central Hidroeléctrica III 600 10
Central a Gás Natural I 200 22
Central a Gás Natural II 200 25
Central a Carvão 150 20
d) Represente graficamente a curva de oferta de energia eléctrica.
e) Considere que a curva de procura de electricidade é infinitamente rígida (i.e.,
alterações no preço da electricidade não têm qualquer impacto na quantidade
12
procurada de energia), sendo a procura horária igual a 1100 MW. Determine o preço
de mercado da electricidade e represente graficamente o equilíbrio de mercado.
f) Suponha que, em resultado do aumento do consumo de carvão na China, o preço do
carvão aumenta cerca de 50%, o que se traduz no aumento, em cerca de 40%, nos
custos marginais da Central a Carvão. Avalie o impacto deste fenómeno sobre o preço
de mercado da electricidade referido na alínea anterior.
A jusante das maiores barragens do país, constrói-se, normalmente, uma segunda
barragem de dimensão mais pequena (a chamada barragem de contra-embalse), e que
permite reter parte da água que é libertada pela primeira barragem. Por exemplo, a
barragem do Alqueva tem a jusante, no mesmo rio, a barragem de contra-embalse do
Pedrogão, sendo frequente a bombagem ou o turbinamento reversível, para a barragem
do Alqueva, de água que foi retida na barragem do Pedrogão, para que essa água possa
voltar a ser utilizada na produção de energia eléctrica.
A bombagem de água é feita com o recurso a energia eléctrica, sabendo-se que a
bombagem da água necessária à produção de um KW de energia eléctrica gasta mais do
que um KW de energia. Considere, por exemplo, que a bombagem da água necessária à
produção de um KW de energia gasta, em média, dois KW de energia.
g) Recorrendo ao Modelo de Procura e Oferta, e atendendo a que a procura de energia
eléctrica varia significativamente ao longo do dia, havendo horas de procura elevada
(horas de ponta) e horas de procura reduzida (horas de vazio), queira explicar o
racional económico que justifica a existência de bombagem de água para o Alqueva, a
partir da barragem de contra-embalse do Pedrogão (ambas localizadas no rio
Guadiana), não obstante o processo de bombagem ou de turbinamento reversível
gastar mais energia do que aquela que poderá ser produzida a partir da água
turbinada.
16. O modelo de procura e oferta é um instrumento de enorme utilidade, mesmo quando não
se conseguem quantificar os preços de reserva dos consumidores e dos produtores,
conforme resulta, aliás, dos vários exercícios já realizados. Não obstante, em
determinadas circunstâncias, importa ter uma estimativa dos aludidos preços de reserva,
ou, quanto muito, uma estimativa da forma como os preços de reserva variam em
resposta a determinados fenómenos (v.g., aumento da qualidade dos produtos ou uma
extensão de garantia). Ainda que os economistas tenham desenvolvido métodos
relativamente sofisticados para determinar os preços de reserva, importa notar que, em
determinados casos, estes preços de reserva podem ser estimados de forma simples. O
presente exercício apresenta uma situação hipotética, em que a quantificação dos preços
13
de reserva pode ser feita de uma forma relativamente simples. Noutros casos, será
suficiente estimar o impacto que determinados fenómenos terão sobre os preços de
reserva, remetendo-se, desde já, para a análise que foi feita no exercício 12.
A Maria, jovem advogada licenciada pela FDUNL, obteve uma colocação num dos maiores
escritórios de advogados Ingleses. A Maria decidiu que, antes de partir para Londres, terá
de vender o seu carro, um pequeno utilitário com seis anos e cerca de 60.000 kms.
Depois de visitar vários stands de automóveis usados, a Maria obteve três propostas pelo
seu carro, no valor de 5.500 €, 6.900 € e 6.000 €. Simultaneamente, a Maria colocou um
anúncio no jornal, pedindo um preço de 8.000 € pelo carro. O carro deverá ser vendido
antes da partida da Maria para Londres, o que ocorrerá dentro de 5 dias.
Entretanto, um antigo colega de estágio da Maria, o António, necessita de adquirir um
carro usado. Conhecendo a forma cuidadosa como a Maria tratava o carro, o António tem
plena confiança no mesmo, pelo que se propôs adquiri-lo. O António estima que um carro
do mesmo modelo, estado de conservação e quilometragem, poderia custar-lhe, num
stand de automóveis usados, cerca de 10.000 €. Aliás, o António visitou vários stands de
automóveis usados, tendo encontrado à venda três automóveis do mesmo modelo: um
deles com 6 anos e cerca de 40.000 kms; o outro com sete anos e cerca de 70.000 kms;
o terceiro com seis anos e cerca de 70.000 kms; estes três carros estão à venda por um
preço de 11.500 €, 6.750 € e 6.500 €, respectivamente.
O que pode dizer acerca do custo de oportunidade da Maria, associado à opção de vender
o carro ao António? Qual o preço de reserva (ou valorização) que a Maria atribui ao carro?
Consegue determinar o preço de reserva do António? Quais os ganhos potenciais de troca
que resultam deste cenário? Consegue determinar o preço a que o carro será vendido?
17. Durante o ano de 1986 o sudeste dos E.U.A. sofreu uma das maiores secas deste século.
Alguns políticos defenderam a necessidade de compensar os agricultores, enquanto
outros argumentaram que o mercado se encarregaria de o fazer. Comente ilustrando
graficamente e utilizando o conceito de elasticidade da procura.
18. Suponha que se encontra a trabalhar no Departamento de Análise Económica de uma
Tabaqueira. O seu chefe pede-lhe que determine a elasticidade da procura que é dirigida
à empresa. Depois de alguns cálculos, conclui que aquela procura é elástica. O seu chefe
fica intrigado porque sempre considerou que o tabaco, ao criar habituação, tem uma
procura rígida. Apresente os argumentos necessários para convencer o seu chefe da
validade das suas conclusões.
14
19. O teatro municipal e a empresa de transportes públicos de uma determinada cidade são
altamente deficitários. O presidente da Câmara Municipal decide alterar o preço dos
bilhetes com vista à alteração da situação financeira das duas empresas.
a) Tendo em consideração a natureza da procura de peças de teatro e de transportes
públicos urbanos, designadamente ao nível da elasticidade da procura, que conselho
daria ao presidente da Câmara?
b) De acordo com um estudo que estima as elasticidades da procura de peças de teatro e
de viagens em transportes públicos, estas são iguais a cerca 1,5 e 0,5
respectivamente. Actualmente, os bilhetes de teatro custam 20 euros, sendo
adquiridos 200 bilhetes por dia. Já os bilhetes para transportes públicos custam 1
euro, sendo adquiridos 10.000 bilhetes por dia. Estime o impacto que um aumento de
10% nos preços dos espectáculos de teatro teria sobre a procura de peças de teatro e
sobre a receita do teatro municipal. Avalie, igualmente, o impacto de um aumento de
10% nos preços dos transportes públicos sobre a procura de viagens e receita da
empresa municipal de transportes públicos.
20. A ligação rodoviária em auto-estrada, entre Lisboa e o Porto, pode ser feita através de
duas vias alternativas, as auto-estradas A1 e A8. Suponha que estas duas vias se
encontram concessionadas a duas entidades distintas. Tendo sido contratado para prestar
serviços de consultoria económica à empresa concessionária da auto-estrada A8, pedem-
lhe para avaliar do interesse que poderia ter uma eventual diminuição nas portagens
desta auto-estrada. É-lhe fornecido um estudo de tráfego, onde se conclui que uma
diminuição de 10% nas portagens da A8 teria, como impacto, uma redução de 7% no
tráfego da A1. Sabendo que o actual tráfego médio diário da A1 e da A8 corresponde a
cerca de 2 milhões de veículos/km e 1,4 milhões de veículos/km, respectivamente, diga-
nos qual seria o seu parecer sobre a eventual alteração nas portagens da A8.
Para efeitos da sua resposta, note que a diminuição das portagens da A8 terá um impacto
na procura dirigida a esta auto-estrada que, em princípio, resultará de três fenómenos:
(i) Desvio de tráfego da A1 para a A8; (ii) Desvio de tráfego de outras vias rodoviárias
para a A8; (iii) Geração de novas viagens por via rodoviária, quer em resultado de
consumidores que, antes da diminuição das portagens, não faziam a viagem entre Lisboa
e o Porto, quer em resultado de desvio de viagens que eram feitas por via não rodoviária.
Apresente um parecer baseado numa análise quantificada, relacionando com os conceitos
de elasticidade que conhece.
15
21. O mercado das viagens aéreas entre Lisboa e o Rio de Janeiro é caracterizado pelas
funções procura P = 100 – Q e oferta P = 20 + Q.
a) Determine o equilíbrio do mercado das viagens aéreas entre Lisboa e o Rio de Janeiro.
b) Avalie, graficamente, os efeitos no mercado que resultaria da introdução, por parte
das companhias aéreas, de programas de passageiro frequentes, os quais oferecem
uma viagem por cada quatro viagens realizadas na mesma companhia aérea.
c) Volte a responder à alínea anterior, assumindo agora que o cliente que recebe uma
viagem de bónus, apenas a poderá utilizar em viagens com destino e datas para as
quais o avião não se encontra totalmente lotado.
22. Para comemorar os 20 anos do lançamento do Mazda MX5, a Mazda decidiu produzir uma
edição especial daquele automóvel desportivo, limitada a 1000 unidades produzidas. Note
que, dado tratar-se de uma edição limitada, a oferta deste modelo comemorativo é
infinitamente rígida.
a) Queira analisar o impacto dos seguintes fenómenos sobre o preço de equilíbrio do
referido modelo automóvel:
(i) Aumento dos juros do crédito automóvel, crédito pessoal e outras formas de
financiamento da compra de automóveis.
(ii) Diminuição generalizada do preço dos automóveis familiares.
(iii) Aumento do preço das matérias-primas, incluindo o aço e outros componentes
utilizadas pela indústria automóvel.
O Diretor de Produção da Mazda calculou os custos de produção do modelo comemorativo,
tendo concluído que o custo económico do automóvel é igual a 10.000 euros. Assim,
argumenta que a Mazda deveria colocar aquele automóvel no mercado por um preço de
10.000 euros.
b) Concorda com o Diretor de Produção? Que outro(s) factor(es) deveria(m) ser
levado(s) em consideração, para além do custo económico de produção do automóvel,
na determinação do preço de mercado do bem? Justifique a sua resposta.
O Diretor de Produção da Mazda defendeu, em Conselho de Administração, que se deveria
aumentar a produção da edição comemorativa para 1500 unidades. O Diretor de
Marketing da Mazda opôs-se ao aumento da produção, argumentando que tal resultaria
numa diminuição acentuada na receita de venda da referida edição do Mazda MX5.
16
c) Concorda com a posição defendida pelo Diretor de Marketing? De que forma é que a
sua resposta depende da elasticidade da procura? Justifique as suas respostas.
Um colecionador de automóveis, ao ter conhecimento que a Maxda se prepararia para
lançar um modelo comemorativo, contacta um revendedor oficial da marca e encomenda
um destes automóveis. O preço contratado foi de 30.000 euros, correspondendo ao preço
de revenda anunciado pela Mazda.
Entretanto, quando o automóvel é colocado à venda, o revendedor oficial da marca
informa o referido colecionador que “perante um excesso de procura do modelo
comemorativo, não lhe poderá entregar o automóvel pelo preço combinado de 30.000
euros, mas antes pelo preço de mercado que resultar de um leilão entre todos os
consumidores interessados no referido modelo”. Em reação, o referido colecionador
intenta uma ação em tribunal, exigindo uma indeminização ao revendedor oficial da
marca, por incumprimento do contrato em que este se comprometia a vender-lhe o
automóvel por 30.000 euros.
d) Considerando que o preço de mercado resultante do leilão foi de 45.000 euros, o que
é que poderá concluir acerca do preço de reserva do colecionador e do valor da
indeminização que lhe deverá ser paga? Justifique as suas respostas. Na sua resposta,
assuma que o referido colecionador tinha participado no leilão, tendo apresentado uma
proposta de preço máxima de 40.000 euros.
Para evitar situações como a descrita na alínea anterior, a Maxda decide obrigar os seus
revendedores a praticar um preço máximo de 30.000 euros. Os revendedores da Maxda
criticam esta opção, argumentando que o preço máximo traduzir-se-á em carga
excedente, resultando, assim, na destruição de valor económico para os clientes da
empresa e para a própria empresa.
e) Atendendo a que a curva de oferta do modelo comemorativo da Maxda é infinitamente
rígida, diga-nos se concorda com a posição defendida pelos revendedores da Maxda.
Justifique a sua resposta.
Aplicação Prática
Um jovem advogado, licenciado pela FDUNL, é contactado por um cliente – o sr. Sebastião –
que pretende avançar com um processo judicial por quebra de contrato, em que a parte
visada é uma empresa multinacional que actua na indústria extractiva.
17
A empresa – Minas & C.ª – realizou um contrato com o sr. Sebastião, em 1990, segundo o
qual aquela podia desenvolver, por um período de 20 anos e em troca do pagamento de uma
renda anual, trabalhos de extracção de urânio numa propriedade que o sr. Sebastião possui
em Freixo de Espada a Cinta, com a condição de, no final do período de exploração mineira,
serem desenvolvidos, por conta da Minas & C.ª, determinados trabalhos de remoção e
tratamento dos resíduos que resultarem da actividade mineira.
Entretanto, tendo a Minas & C.ª, após o período de exploração mineira, se recusado a
proceder aos trabalhos de remoção e tratamento de resíduos, o que redunda numa clara
violação dos termos do referido contrato, o sr. Sebastião decide avançar com um processo
judicial por quebra contratual contra a Minas & C.ª.
Durante o julgamento, é considerado o testemunho de um especialista, o qual estima que os
trabalhos de remoção e tratamento dos resíduos que resultaram da actividade mineira
obrigariam a uma despesa de cerca de 500.000 euros. Simultaneamente, os advogados da
Minas & C.ª arrolam ao processo uma testemunha especialista no mercado imobiliário, a qual
conclui que a propriedade do sr. Sebastião teria, num cenário em que fossem feitos os
adequados trabalhos de remoção e tratamento dos resíduos, um valor de mercado de cerca de
200.000 euros. Conclui ainda este especialista que, nas condições actuais, em que os resíduos
não foram removidos da propriedade do sr. Sebastião, esta tem um valor de mercado igual a
cerca de 50.000 euros. Ou seja, o acréscimo de valor de mercado da propriedade, que
resultaria dos trabalhos de remoção e tratamento dos resíduos, corresponde a cerca de
150.000 euros.
Assuma que no momento da assinatura do contrato, as partes antecipavam razoavelmente as
condições que se verificam no final do contrato, em particular no que concerne ao custo de
remoção e tratamento dos resíduos e ao valor de mercado do terreno (com ou sem remoção
de resíduos). Assuma igualmente que, durante aquele período, não se alteraram
significativamente os preços de reserva do sr. Sebastião relativamente ao terreno em Freixo
de Espada à Cinta (com ou sem a remoção dos resíduos).
Neste cenário, e como advogado do sr. Sebastião, queira argumentar relativamente aos
critérios que deverão ser utilizados para calcular o valor de uma eventual indeminização a
pagar pela Minas & C.ª ao sr. Sebastião.
Queira também desempenhar o papel do “advogado do diabo”, apresentando os argumentos
que seriam utilizados pelas Minas & C.ª relativamente aos critérios que deveriam ser utilizados
para calcular o valor da referida indeminização.
18
Na sua resposta, queira ter em conta os seguintes aspectos:
O custo dos trabalhos de remoção e tratamento dos resíduos – no montante de
500.000 euros;
O acréscimo do preço (ou valor) de mercado da propriedade que resulta da realização
dos trabalhos de remoção dos resíduos – no montante de 150.000 euros;
O acréscimo no valor de reserva do sr. Sebastião, que resulta da realização dos
trabalhos de remoção dos resíduos – consegue determinar um limite mínimo para este
acréscimo de preço de reserva? Justifique a sua resposta. [Nota: No momento da
assinatura do contrato, as partes acordaram trabalhos de remoção que custariam
cerca de 500.000 euros; o que revela isto sobre o valor de reserva do sr. Sebastião?]
A eventual realização dos trabalhos de remoção e tratamento dos resíduos resultaria
na destruição de valor económico? Responda a esta questão, justificando a sua
resposta.
Concordaria com a seguinte solução para um caso de quebra contratual deste género:
“a indemnização a pagar, em resultado da quebra contratual, deve corresponder ao
custo de implementação do referido contrato, excepto quando este valor se revela
desproporcional face aos benefícios que resultam da referida implementação; verificando-
se esta excepção, a indeminização a pagar deverá corresponder aos benefícios que
resultariam da implementação do referido contrato”
Ou seja, no presente caso, o custo de implementação do contrato corresponde às
despesas associadas à realização dos trabalhos de remoção e tratamento dos resíduos –
no montante de 500.000 euros;
Queira quantificar o valor monetário dos benefícios associados à realização dos
trabalhos de remoção dos resíduos? Será este valor igual a 150.000 euros, ou seja, igual
ao acréscimo do preço ou valor de mercado da propriedade que resultaria da
implementação dos trabalhos de remoção dos resíduos? Será este valor claramente
superior a 150.000 euros? Justifique as suas respostas.
Concordaria com a regra supra apresentada, como solução para o presente caso? Qual
o montante da indeminização a pagar pela Minas & C.ª, em resultado da quebra contratual
do contrato? Justifique as suas respostas.
Suponha agora que, contrariamente ao que se assumiu supra, houve uma alteração
significativa nas condições que, no momento de assinatura do contrato, se
antecipavam para o ano de 2005, em particular, ao nível da diferença entre os
19
benefícios que resultam da remoção dos resíduos e o respectivo custo de remoção e
tratamento, passando esta diferença a assumir um valor negativo, contrariamente ao
que se previa inicialmente.
Nestas condições, será eficiente exigir o cumprimento da cláusula contratual relativa à
remoção e tratamento dos resíduos? Poderão as partes chegar a acordo relativamente
à alteração do contrato, em particular, ao nível da cláusula respeitante à remoção e
tratamento dos resíduos? O tipo de solução normalmente adoptada pelo tribunal, ao
nível da determinação da indeminização em caso de quebra contratual, influencia os
termos do eventual acordo negociado entre as partes relativamente ao não
cumprimento da cláusula contratual de remoção e tratamento dos resíduos? Justifique
as suas respostas.
Considerando que, no momento da assinatura do contrato, o sr. Sebastião já
antecipava o risco de não cumprimento, por parte da Minas & C.ª, da cláusula
contratual referente à remoção e tratamento dos resíduos, que outro tipo de cláusula
contratual alternativa poderia ter sido considerada para eliminar o referido risco?
Quais os problemas destas cláusulas alternativas? Justifique as suas respostas.
Finalmente, e em jeito de conclusão, diga-se que a presente aplicação faz a distinção
entre valor (ou preço) de mercado e valor (ou preço) de reserva, demonstrando as
dificuldades que resultam, na prática, de lidar com os valores de reserva dos agentes
económicos, os quais tenderão a não ser iguais aos preços de mercado dos bens em
causa, nomeadamente no caso de bens que não são facilmente replicáveis.
III. Aplicações do Modelo de Procura e Oferta
23. O mercado de combustíveis de um determinado país caracteriza-se pelas funções procura
P = 120 – Q e oferta P = 20 + Q. O Estado decidiu criar um imposto unitário de 10 sobre
os combustíveis.
a) Determine o equilíbrio de mercado antes e depois da criação daquele imposto.
Represente, graficamente, a receita e a carga excedente do imposto.
O Estado decidiu construir uma nova auto-estrada. Durante a fase de avaliação do
projecto, concluiu-se que a procura pelos serviços da futura auto-estrada é dada pela
função P = 50 – Q, onde P e Q identificam, respectivamente, a portagem cobrada ao
automobilista e o número de automóveis que utilizam a auto-estrada.
20
b) O Estado pode optar por construir a auto-estrada em regime de SCUT (auto-estrada
sem portagens para o utilizador) financiando-a através da cobrança de impostos.
Suponha que a receita do imposto da alínea a) corresponde ao montante necessário
para financiar a auto-estrada. Recomendaria a construção desta auto-estrada?
Justifique.
c) Suponha que, em alternativa, o Estado pondera financiar a construção da auto-estrada
com o recurso à cobrança de portagens. Compare, em termos de bem-estar social,
esta opção com a opção que foi discutida na alínea anterior.
24. Discuta a relação existente entre a inclinação relativa das curvas de procura e oferta e as
perdas de excedente de consumidores e produtores, que resultam da introdução de um
imposto ou de um subsídio. (Sugestão: Comece por estudar os casos limites de procura
ou oferta perfeitamente elásticas e perfeitamente rígidas)
Neste âmbito, discuta, ainda, a veracidade da seguinte afirmação:
“A carga excedente de um imposto sobre o consumo é tanto maior quanto maior a rigidez
da curva de procura, por se tratarem, por exemplo, de bens de primeira necessidade ou
bens com poucos substitutos”.
25. Numa discussão parlamentar, um deputado eleito por determinada região propõe a
diminuição das portagens cobradas na auto-estrada que atravessa aquela região, como
forma de reanimar a economia local. Um outro deputado relembra que tal medida
obrigaria à atribuição de uma compensação à concessionária da auto-estrada, uma vez
que a mesma irá perder receitas de portagem.
a) Considera que este último deputado tem razão, quando alega que a concessionária irá
perder receitas de portagem? Como é que a sua resposta depende da elasticidade da
procura de viagens na auto-estrada? Justifique graficamente a sua resposta.
Considere agora que tem acesso a um estudo que quantifica a elasticidade da procura da
auto-estrada, concluindo que a mesma é igual a 0,5. Assuma ainda que, na situação
anterior à alteração do valor da portagem, a auto-estrada era utilizada por 10.000
veículos por dia e o valor da portagem paga por cada veículo era igual a 100.
b) Estime o impacto de uma diminuição de 10% no valor da portagem (isto é, a
portagem diminui para 90) na quantidade de veículos que, diariamente, utilizarão a
21
auto-estrada. Estime igualmente, algébrica e graficamente, o impacto desta medida no
bem-estar do consumidor.
c) Calcule o impacto da diminuição da portagem nas receitas de portagem da
concessionária da auto-estrada (ou seja, no valor da compensação que terá de ser
dada à concessionária).
Suponha que tem acesso a um estudo que conclui que, em média, cada euro de receita
de impostos gera uma carga excedente de 20 cêntimos, ou seja, de 20% do valor da
receita gerada.
d) Atendendo a que a compensação a atribuir à concessionária, determinada na alínea
anterior, terá que ser feita com recurso a verbas do orçamento geral do estado, ou
seja, com a receita de impostos, diga-nos se apoiaria a proposta de diminuição das
portagens. Justifique a sua resposta, avaliando os custos e benefícios dessa medida,
em termos de impacto no bem-estar social.
26. O Ministro das Finanças, a braços com um défice orçamental elevado, estuda a
possibilidade de lançar um novo imposto sobre produtos lácteos. Existem duas opções
alternativas: (i) criar um imposto unitário de 50 cêntimos/litro sobre os leites
enriquecidos (v.g., leite com cálcio e leite com chocolate); ou (ii) criar um imposto
unitário de 25 cêntimos/litro sobre todos os tipos de leite. Suponha que o consumo de
leites enriquecidos é de 200 milhões de litros por ano, correspondendo a cerca de 50% do
consumo total de leite.
Um deputado da oposição discorda com a tributação de todos os tipos de leite,
argumentando que os dois impostos alternativos terão o mesmo impacto na receita do
Estado, mas que o imposto sobre os leites enriquecidos será, seguramente, uma escolha
mais justa do que a tributação sobre todos os tipos de leite.
a) Considera que o deputado da oposição tem razão, quando argumenta que os dois
impostos alternativos teriam o mesmo impacto na receita do Estado? Justifique a sua
resposta.
b) Compare aqueles dois impostos alternativos, em termos de eficiência económica,
avaliando graficamente a carga excedente de cada um dos impostos.
c) Suponha que é assessor jurídico da administração de uma empresa produtora de
leites, a qual comercializa, sobretudo, leites simples, não tendo apostado na
comercialização de leites enriquecidos. No âmbito das suas funções como assessor da
administração, apresente os argumentos que utilizaria na estratégia de tentar
influenciar a escolha do Ministro das Finanças. Justifique a sua resposta.
22
27. Determinado país estuda a possibilidade de prover seis unidades de um dado bem através
do fornecimento público. A procura daquele bem é dada por P = 100 – Q. O
financiamento do projecto será completamente assegurado pela cobrança de um imposto
unitário de 30 no mercado de um outro bem, com procura e oferta dadas,
respectivamente, por:
P = 200 – 2Q
P = 20 + 4Q
Apoiaria a concretização deste projecto?
28. Discuta as seguintes afirmações:
“O custo efectivo de um projecto, financiado através de impostos, é sempre superior ao
seu custo contabilístico”.
“A carga excedente resultante da tributação deve ser considerada como um custo
associado aos investimentos públicos”.
29. Suponha que o Estado, preocupado com o aumento do preço da electricidade, decide
intervir neste mercado através da fixação de um preço máximo.
A referida medida é criticada por um deputado da oposição, o qual propõe, em
alternativa, a atribuição de um subsídio aos produtores que tenha o mesmo impacto
sobre o preço do mercado eléctrico. Em sua defesa, o deputado da oposição argumenta
que esta medida alternativa será preferível para os produtores e, ao mesmo tempo, terá
idêntico impacto sobre o bem-estar dos consumidores, pelo que, do ponto de vista social,
será uma alternativa claramente preferível à que foi proposta pelo Governo.
Comente as posições assumidas pelo deputado da oposição.
30. Considere o mercado do arrendamento de apartamentos, que se caracteriza pela curva de
procura P = 100 – 0,5Q.
a) De modo a tornar acessível a habitação a toda a população, o governo decidiu fixar um
tecto para as rendas no valor de 70. Discuta o sucesso desta medida no ano da sua
concretização, sabendo que neste período a oferta se manteve rígida e que existem 30
apartamentos no mercado.
23
b) Considere um horizonte temporal mais alargado, em que a oferta de apartamentos
passa a ser dada por P = 60 + 0,5Q. Avalie a nova situação, em termos de preço e
quantidade de equilíbrio, assim como o impacto da imposição de uma renda máxima
nos excedentes do consumidor e do produtor.
c) Em alternativa a esta medida, o governo poderia atribuir aos senhorios um subsídio
por cada apartamento arrendado. Compare as duas medidas alternativas, em termos
de bem-estar social.
31. Suponha que se encontra a assessorar a administração do metropolitano de Lisboa.
Recorrendo ao modelo de procura e oferta, avalie graficamente os efeitos dos seguintes
fenómenos sobre o mercado de viagens de metropolitano.
a) O Metropolitano de Lisboa faz um acordo com uma empresa espanhola de energia
eléctrica, que lhe permite reduzir significativamente o preço que paga pela energia
eléctrica consumida.
b) Melhoria do conforto das carruagens utilizadas pelo Metropolitano.
c) Após críticas do presidente da câmara dirigidas à Carris, esta empresa decide
reorganizar os trajectos da maior parte das carreiras realizadas, reduzindo o número
de carreiras que fazem trajectos sobrepostos com a rede de metro e, ao mesmo
tempo, aumentando o número de carreiras que fazem trajectos complementares ao da
rede de metro.
No âmbito de um programa de promoção do transporte público, é proposto a atribuição
de um subsídio por passageiro transportado à empresa Metropolitano de Lisboa. Um
vereador municipal critica esta iniciativa, propondo, em alternativa, a fixação de um preço
máximo que o Metropolitano poderá praticar.
d) Em defesa desta medida alternativa, o vereador municipal defende que as duas
medidas teriam idêntico impacto na promoção de viagens em transporte público, mas
que a fixação de um preço máximo poderia ser mais vantajosa para os passageiros e,
ao mesmo tempo, não implicaria um custo para as finanças municipais, pelo que esta
medida seria preferível do ponto de vista social. Queira, com base no modelo de
procura e oferta, comentar a afirmação do vereador municipal que propôs o preço
máximo.
e) Na discussão sobre qual das medidas deveria ser adoptada, o deputado municipal
refere um estudo que quantificou a carga excedente associada ao subsídio, afirmando
que a mesma é significativa. Em reacção, o presidente da câmara argumenta que o
estudo foi feito em momento anterior à reorganização dos trajectos realizados pelas
carreiras da Carris, referida na aliena c), pelo que, actualmente, a carga excedente de
24
um subsidio ao metropolitano seria claramente inferior ao valor indicado naquele
estudo. Queira comentar esta afirmação do presidente da câmara.
32. O quarto operador de telemóveis "Pessimus, Lda" definiu o seguinte tarifário:
(i) O cliente paga uma taxa fixa mensal de 12,5 euros;
(ii) O cliente paga 0,4 euros por minuto pelos primeiros 15 minutos de conversação;
(iii) Cada minuto adicional de conversação custa 1 euro.
Suponha que a curva de procura individual é dada por P = 220 – 10Q.
a) Represente graficamente o preço que o consumidor paga, por cada minuto adicional
de conversação.
b) Represente no mesmo gráfico a curva de procura individual.
c) Admitindo que o consumidor adere à "Pessimus, Lda", qual o número de minutos de
conversação que ele irá efectuar?
d) Este consumidor está interessado em aderir à "Pessimus, Lda"? Justifique.
33. Suponha que a Portugal Telecom (PT) cobra 5 euros pelo aluguer do telefone e 7,5
cêntimos por cada chamada efectuada. A PT estuda a possibilidade de adoptar um novo
esquema de tarifação – o aluguer do telefone passa a custar 15 euros, e as primeiras 100
chamadas efectuadas são grátis; As chamadas efectuadas para além deste limite custarão
5 cêntimos cada. O sr. Silva, utente da PT, realiza actualmente (segundo o 1º tarifário)
200 chamadas por mês.
Será que a introdução do novo esquema de tarifas fará aumentar a quantidade de
chamadas realizadas pelo sr. Silva? E o seu bem-estar? E qual o impacto do novo
esquema no lucro da PT? Justifique.
34. Este Exercício modeliza idêntica situação à dos exercícios anteriores, mas agora com
recurso à Teoria do Consumidor.
Considere um consumidor tipo que gasta todo o seu rendimento em dois bens, serviços
de telecomunicações (bem x1) e outros bens (bem x2). Assuma que o preço dos outros
bens é igual a 1 e o preço dos serviços de telecomunicações é dado por p1. Este
consumidor dispõe de um rendimento dado por M.
a) Explique como determinaria, algébrica e graficamente, o cabaz ótimo de consumo
deste consumidor.
25
b) Explique ainda, graficamente, como obteria a curva de procura de serviços de
telecomunicações deste consumidor.
Suponha agora que a empresa de telecomunicações decide baixar o preço dos serviços de
telecomunicações p1 e, ao mesmo tempo, decide introduzir uma tarifa fixa F que cobra
aos seus clientes. Ou seja, os consumidores passam a pagar uma tarifa duas partes do
tipo T=F+p1x1, em que F é a tarifa fixa que pagam e p1 é o preço unitário que pagam por
cada unidade consumida do bem x1, sendo este preço unitário inferior ao que lhe era
cobrado na alínea a), antes da introdução da tarifa duas partes.
Admita ainda que a empresa de telecomunicações definiu valores para as duas
componentes da tarifa de forma a que o consumidor mantenha exatamente o mesmo
nível de bem-estar que tinha na alínea a).
c) Represente graficamente a nova situação e compare-a com a situação da alínea a).
Como se alterou a quantidade consumida do bem x1? Como se alterou o consumo e a
despesa que o consumidor gasta no bem x2? Como se alterou a despesa gasta no bem
x1?
d) Como comentaria a seguinte afirmação: “A introdução de uma tarifa duas partes pela
empresa de telecomunicações, que resulte num aumento da despesa do consumidor
em serviços de telecomunicações, tem necessariamente um impacto negativo no bem-
estar do consumidor”.
35. A Portugal Telecom vende, aos seus clientes, três tipos de serviços de comunicações:
telefone, acesso à internet e televisão por subscrição. Nos últimos tempos, a empresa
tem feito um esforço crescente no sentido de oferecer, aos seus clientes, ofertas de triple
play que incluam os três serviços.
Suponha que a empresa consegue segmentar os seus clientes em três grupos, de igual
dimensão, os grupos A, B e C. A empresa estimou os preços de reserva de cada grupo de
consumidores, relativamente a cada um dos serviços oferecidos, da seguinte forma:
Telefone Internet Televisão
Grupo A 8 2 12
Grupo B 9 16 1
Grupo C 5 7 8
a) Suponha que a Portugal Telecom decidiu vender os três serviços de forma isolada,
sem os incluir em ofertas de pacote que incluam vários serviços. Determine os preços
que a Portugal Telecom deveria cobrar por cada um dos serviços, bem como os grupos
de consumidores que adquiriram cada um dos serviços.
26
b) Suponha agora que a Portugal deixa de comercializar os serviços de forma isolada,
passando a vendê-los apenas sobre a forma de ofertas triple play, em pacotes que
incluam os três serviços. Neste caso, qual deveria ser o preço cobrado pela oferta
integrada dos três serviços? Quais os grupos de consumidores que adquiririam os
serviços à Portugal Telecom?
c) Como se comparam os dois cenários das alíneas anteriores, em termos de bem-estar
social para os consumidores e para a empresa? Justifique a sua resposta.
Suponha agora que a Vodafone não dispõe de serviços de televisão para oferecer aos
seus clientes, o que a impede de oferecer pacotes de triple play. Neste cenário, o
regulador sectorial pondera impedir a Portugal Telecom de fazer ofertas triple play aos
seus clientes.
d) Concordaria com aquela medida do regulador sectorial? Apresente argumentos a favor
e contra a medida do regulador sectorial.
36. Discuta a veracidade da seguinte afirmação:
“O estabelecimento de preços não lineares, ao facilitar a extração de excedente aos
consumidores por parte dos produtores, resulta, necessariamente, em perda de bem-
estar social e, nessa medida, deveria ser proibida qualquer forma de preços não lineares”.
37. Assuma que a curva de procura de tabaco, no País à Beira Mar Plantado (PBMP), é dada
por P = 800 – Q. A oferta doméstica de tabaco no PBMP é P = 50 + 0.5Q
a) Determine o preço e a quantidade de equilíbrio neste mercado.
O governo decide abrir o país à importação de tabaco. Suponha que a oferta internacional
é infinitamente elástica, sendo o preço mundial PM=200.
b) Quais as quantidades produzidas e consumidas domesticamente? E importadas?
Compare este equilíbrio com o anterior em termos de bem-estar.
c) Qual o efeito do lançamento de uma tarifa t=50 sobre a importação de cigarros? Quem
ganha e quem perde relativamente ao equilíbrio de comércio livre?
d) Qual o efeito no mercado que resulta da introdução de uma quota à importação de 150
unidades de tabaco? Compare esta situação, em termos de bem-estar, com a situação
de comércio livre.
27
38. Considere um determinado país de pequenas dimensões que exporta cerveja. O governo,
ciente das vantagens do comércio internacional, decide subsidiar as exportações de
cerveja, atribuindo ao produtor a quantia de 50 u.m. por hectolitro de cerveja vendida.
Suponha que o mercado doméstico de cerveja é caracterizado pelas curvas de procura e
oferta seguintes:
P = 1000 – Q
P= 100 + 2Q
Suponha que o país exportava 150 hectolitros deste produto antes da concessão do
subsídio.
a) Determine o preço em vigor no mercado mundial.
b) Analise as consequências da atribuição do subsídio sobre o preço, a quantidade de
cerveja consumida e a quantidade exportada.
c) Analise, graficamente, as variações dos excedentes dos consumidores e dos
produtores, bem como as despesas do governo, que resultam deste subsídio às
exportações.
d) Comente a seguinte afirmação: “O apoio às exportações para fora da europa, através
da atribuição de um subsídio unitário às empresas exportadoras, faz aumentar as
exportações europeias e, consequentemente, é uma medida defensável do ponto de
vista social”.
39. Discuta a veracidade da seguinte afirmação:
“Os impostos e subsídios geram, sempre, carga excedente, mesmo naqueles casos em
que visam a correção das externalidades”.
IV. Concorrência Perfeita e monopólio
40. Numa economia de mercado, a promoção da concorrência deve constituir um vector
fundamental da intervenção das autoridades públicas.
a) Caracterize sucintamente as estruturas de mercado de concorrência perfeita, oligopólio
e monopólio.
b) Determine o equilíbrio de concorrência perfeita e monopólio num sector de
actividade onde a curva de procura, a curva de receita marginal (no caso de
monopólio) e as curvas de custo total médio e custo marginal de cada empresa são
dadas respectivamente por:
28
P=110-Q
Rmg (Q) = 110-2Q
CTM (q) = 100/q+10+q
Cmg (q) = 10+2q
c) Por que motivo a existência de ‘poder de mercado’ por parte das empresas constitui
uma falha de mercado?
41. Num determinado aeroporto apenas a Air Catering possui autorização para confeccionar
as refeições destinadas a serem consumidas a bordo. As funções custo total e custo
marginal desta empresa são dadas por
CT(Q) = 100 + 20Q + Q2
Cmg(Q) = 20 + 2Q
A curva de procura é dada por P = 160 – 4Q.
a) Determine a solução de monopólio, assumindo que a empresa enfrenta uma receita
marginal dada por Rmg(Q) = 160 – 8Q.
b) Tem sido discutida a possibilidade de liberalizar o acesso ao mercado, passando este a
funcionar em concorrência perfeita. Assumindo que todas as empresas têm as mesmas
funções custo que a Air Catering, determine o equilíbrio de concorrência perfeita.
c) Compare as soluções de monopólio e de concorrência perfeita, em termos de bem-
estar.
42. Num determinado país, o mercado de combustíveis funciona em concorrência perfeita. A
função custo total de cada empresa é dada por
CT(Q) = 10Q
Cmg = 10
A curva de procura de produtos petrolíferos é dada por P = 110 – Q.
a) Determine o preço e a quantidade de equilíbrio neste mercado.
b) Os gestores destas empresas manifestaram o interesse em iniciar um processo de
fusão. Surgiria pois uma única empresa no mercado, a qual apresentaria funções custo
total, custo marginal e receita marginal dadas, respectivamente, por
29
CT(Q) = 6Q
Cmg = 6
Rmg(Q) = 110 – 2Q
Qual seria o equilíbrio de mercado após a fusão?
c) A concretização da fusão depende de um parecer favorável das autoridades de
concorrência. Em seu entender, qual deveria ser o sentido deste parecer? Justifique.
43. Considere o mercado eléctrico de um determinado país. Este mercado é constituído por
uma única empresa produtora de electricidade, a Electricidade de Primeira (EDP),
empresa monopolista que recorre a centrais de ciclo combinado para transformar gás
natural em electricidade. Suponha que a tecnologia das centrais de ciclo combinado
transforma cada metro cúbico de gás natural em um kilowatt de electricidade.
Por outro lado, sabe-se que a totalidade do gás natural consumido no país é importado,
existindo apenas um importador de gás natural, a Gás de Primeira (GDP), que adquire o
gás natural por um preço de c por metro cúbico e o vende à EDP por um preço de c + m
por metro cúbico, onde c é o custo de importação do gás natural e m é a margem bruta
de comercialização cobrada pela GDP. Como simplificação, assume-se que a GDP não
suporta outros custos para além do custo de importação do gás natural.
Para além dos custos com a aquisição do gás natural, o qual tem um preço unitário de
c+m, a EDP não suporta qualquer outro tipo de custos variáveis, suportando apenas
custos fixos no valor de F.
a) Represente graficamente as funções custo marginal, custo variável médio e custo total
médio da EDP.
b) Assumindo uma procura de electricidade linear, e sendo a EDP monopolista no
mercado da electricidade, represente graficamente a quantidade e preço que esta
empresa monopolista irá fixar. Represente graficamente o lucro da EDP.
c) A EDP pretende adquirir a GDP, passando a dedicar-se simultaneamente às actividades
de importação de gás natural, à sua transformação em electricidade e à
comercialização de electricidade, i.e. dar-se-ia uma concentração vertical de
empresas, com a EDP a controlar a cadeia produtiva desde a importação do gás
natural até à comercialização de electricidade. Nestas condições, a EDP passaria a ter
acesso a gás natural a um preço de c em vez de c + m, i.e. deixaria de ter de pagar a
margem de comercialização fixada pela GDP, em resultado desta ter passado a
30
integrar o grupo EDP. Mostre graficamente que esta solução seria mais vantajosa para
o consumidor final de electricidade.
d) Como avalia este processo de concentração vertical se considerar que, paralelamente
à utilização nas centrais de ciclo combinado, o gás natural é substituto da electricidade
como fonte de energia para os consumidores?
44. Suponha que a procura de cimento é representada pela função P=100-Q e os custos
marginais de produção são constantes e iguais a 20. Neste mercado, existe apenas uma
empresa produtora de cimento, sendo a sua receita marginal identificada por Rmg=100-
2Q.
a) Determine a solução de monopólio.
b) Compare, em termos de bem-estar social, a solução da alínea anterior com a solução
que resultaria de um equilíbrio de concorrência perfeita.
c) Suponha agora que a criação de um monopólio gera um conjunto de eficiências de
custos e sinergias, traduzidas numa redução dos custos marginais face à situação de
concorrência perfeita. Volte a comparar, em termos de bem-estar social, as soluções
de monopólio e de concorrência perfeita.
d) Suponha que a produção de cimento origina uma externalidade negativa de 30 por
unidade de cimento produzida, em resultado da poluição gerada pelo processo
produtivo do cimento. Neste cenário, volte a comparar, em termos de bem-estar
social, as soluções de monopólio e de concorrência perfeita.
e) Uma empresa siderúrgica lançou uma Oferta Pública de Aquisição (OPA) sobre a
empresa cimenteira, através da qual se propôs adquirir a totalidade das acções da
cimenteira. Suponha que determinados resíduos que resultam do processo de
produção da siderurgia são utilizados como matéria-prima na produção de cimento.
Demonstre, graficamente, que a integração da empresa cimenteira com a empresa
siderúrgica poderá ser benéfica para os consumidores de cimento.
45. A Companhia de Produtos Petrolíferos (CPP) é monopolista nas actividades de produção e
de distribuição de combustíveis. Os custos marginais da CPP são constituídos por duas
parcelas, os custos de produção e de distribuição de combustíveis, sendo os custos
marginais de produção e de distribuição iguais a 15 e 5, respectivamente.
A procura de combustíveis é representada pela função P = 220 − Q.
a) Considerando que a receita marginal de monopólio é dada pela expressão
Rmg=220−2Q, determine a quantidade e o preço dos combustíveis que será fixado
pela CPP, neste cenário de monopólio.
31
b) Suponha a criação de duas empresas monopolistas, a Companhia de Produção de
Combustíveis (CPC) que será monopolista na produção de combustíveis, e a
Companhia de Distribuição de Combustíveis (CDC) que será monopolista na
distribuição de combustíveis. A CDC tem custos marginais constantes e iguais a 20+m,
em que m representa a margem de comercialização de combustíveis fixada pela
empresa produtora de combustíveis, ao vender combustíveis à empresa distribuidora.
Neste cenário, determine graficamente a solução de monopólio da CDC.
Compare graficamente esta solução com a solução da alínea a), em termos de bem-
estar social, ou seja, compare o cenário da alínea a) em que o mesmo monopolista
controla a produção e a distribuição de combustíveis, com o cenário desta alínea em
que duas empresas monopolistas distintas controlam a produção e a distribuição de
combustíveis.
c) Suponha que a actividade de distribuição de combustíveis passa a funcionar em
concorrência perfeita, tendo as empresas custos marginais constantes e iguais a
20+m, em que m representa a margem de comercialização de combustíveis fixada
pela empresa produtora de combustíveis, ao vender combustíveis às empresas
distribuidoras. Já a produção de combustíveis continua a ser controlada pela
Companhia de Produção de Combustíveis (CPC), sendo esta empresa monopolista.
Neste cenário, determine graficamente a solução de monopólio da CPC.
Compare, em termos de bem-estar, o cenário da alínea a) em que o mesmo
monopolista controla a produção e a distribuição de combustíveis, com o cenário desta
alínea, em que uma empresa monopolista controla a produção de combustíveis, sendo
a distribuição de combustíveis uma actividade que funciona em regime de concorrência
perfeita.
46. O mercado das viagens de táxi de uma determinada cidade apresenta diariamente as
seguintes curvas de custos totais (por taxista, onde q representa a quilometragem
percorrida), de procura do passageiro típico e do conjunto do mercado (correspondente a
1000 viagens típicas):
CT (q) = 8 + q + 0,5q2
Cmg (q) = 1 + q
P = 26 – 5q (procura do passageiro típico)
P = 26 – 0,05Q (procura do mercado)
32
a) Considerando que as autoridades fixaram o preço por quilómetro a cobrar pelos
taxistas em 6, queira responder às seguintes questões:
(i) Considerando o passageiro típico, qual o valor da bandeirada por viagem desejado
pelos taxistas?
(ii) Num contexto em que existe heterogeneidade nos tipos de passageiros, quais os
elementos a ter em conta na sua resposta anterior?
b) Dado que os taxistas são tomadores de preços (price-takers), diga qual o número de
quilómetros percorridos por cada táxi e o respetivo lucro económico no curto prazo,
considerando um preço por quilómetro de 6 e bandeirada nula.
c) Qual o preço por quilómetro e o número de licenças de táxi que proporia oara
maximizar o bem-estar social no longo prazo?
d) Após um processo de aquisição, duas empresas passaram a deter a totalidade dos
táxis da cidade:
(i) Como se designa esta estrutura de mercado?
(ii) Qual o equilíbrio num cenário em que as empresas decidissem cartelizar o
mercado?
(iii) Mostre que estes acordos entre empresas são potencialmente instáveis.
e) Existe apenas uma empresa homologada para o fornecimento de serviços de
manutenção para táxis. As duas empresas detentoras de táxis discutem a possibilidade
de adquirirem, conjuntamente, a empresa de serviços de manutenção. Considera esta
decisão vantajosa do ponto de vista do bem-estar social? Justifique a sua resposta.
47. Suponha que a procura de pasta de papel é representada pela função P = 500 – 2Q e os
custos marginais de produção são constantes e iguais a 100. Neste mercado, existe
apenas uma empresa produtora de pasta de papel, sendo a sua receita marginal
representada pela função Rmg = 500 – 4Q.
a) Determine, algébrica e graficamente, a solução de monopólio.
b) Compare, em termos de bem-estar social, a solução de monopólio determinada na
alínea anterior com a solução que resultaria de um equilíbrio de concorrência
perfeita.
As centrais de biomassa produzem energia eléctrica a partir da matéria florestal,
concorrendo, assim, pela mesma matéria-prima que é utilizada na produção de pasta de
papel.
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c) Queira demonstrar, graficamente, o impacto sobre os preços da pasta de papel que
resultaria de um aumento da procura de matéria florestal, por parte das centrais de
biomassa. Na sua resposta, indique em qual dos cenários se assistiria a um maior
aumento dos preços da pasta de papel, no cenário em que este mercado funciona em
monopólio, ou no cenário em que o mesmo funciona em concorrência perfeita?
Considere agora que o mercado da pasta de papel funciona em regime de oligopólio, e
que, neste contexto, foi detectado um Cartel entre as empresas produtoras de pasta de
papel, que vigorou ao longo da última década.
d) Suponha que é contratado por uma empresa produtora de papel, para intentar uma
acção de indemnização por danos contra a indústria da pasta de papel, com o
argumento de que, durante a última década, a empresa produtora de papel foi
prejudicada pelo Cartel, uma vez que pagou pela pasta de papel um preço (de
monopólio) superior ao que resultaria do normal funcionamento do mercado (da pasta
de papel) em oligopólio.
Assumindo que o mercado do papel funciona em regime de monopólio, mostre
graficamente qual deveria ser o montante da indemnização, para que a empresa
produtora de papel fosse integralmente compensada pelos danos sofridos.
E se o mercado do papel funcionasse em regime de concorrência perfeita?
Considera que, neste caso, deveria haver lugar ao pagamento de uma indemnização?
Justifique a sua resposta.
48. Suponha que, em Portugal, a XPTO é a única empresa a fazer recolha de leite cru junto
dos agricultores. Este leite é posteriormente processado, sendo comercializado pela XPTO
sobre a forma de leite UHT e de leite pasteurizado. Considere que, a nível da
comercialização de leite processado, a XPTO é uma empresa tomadora de preços, uma
vez que enfrenta a concorrência das importações de leite processado. Já a nível da
recolha de leite cru, em Portugal, a XPTO tem capacidade para fixar os preços que paga
aos agricultores, uma vez que é a única empresa a fazer recolha de leite.
Considerando que a oferta de leite cru é positivamente inclinada, e que,
consequentemente, quanto maior for a quantidade de leite cru adquirida pela XPTO,
maior será o preço de mercado deste leite, demonstre graficamente que existe uma carga
excedente associada ao facto de haver uma única empresa a comprar leite aos
agricultores nacionais. (Sugestão: Comece por representar a oferta de leite cru e, a partir
34
desta, represente a curva de custos marginais da XPTO; Note que, contrariamente a uma
situação de monopólio em que a empresa tem poder de mercado do lado da receita,
neste caso a XPTO tem poder de mercado do lado dos custos).
49. Numa economia de mercado, a promoção da concorrência deve constituir um vetor
fundamental da intervenção das autoridades públicas.
a) Determine o equilíbrio de concorrência perfeita e monopólio num sector de
atividade onde a curva de procura, a curva de receita marginal (no caso de monopólio)
e as curvas de custo total médio e custo marginal de cada empresa são dadas
respetivamente por:
P = 500 – Q
Rmg (Q) = 500 – 2Q
CTM (q) = 100/q + 20 + q
Cmg (q) = 20 + 2q
b) Compare, do ponto de vista social, as soluções de monopólio e de concorrência
perfeita determinadas na alínea anterior.
c) Resolva o problema de um monopolista que possui duas fábricas, tendo de determinar
a quantidade total que irá produzir, bem como a quantidade que irá produzir em cada
uma das suas fábricas (ou seja, a forma como distribuirá a sua produção pelas duas
fábricas). As curvas de procura, receita marginal e custos marginais associados a cada
uma das fábricas é representada, respetivamente, por:
P = 500 – Q
Rmg (Q) = 500 – 2Q
Cmg1 (q1) = 20 + 2q1
Cmg2 (q2) = 200
(q1 e q2 representam a produção na fábrica 1 e na fábrica 2, respetivamente; a
quantidade total produzida é igual à soma destas duas quantidades, ou seja, Q=q1+q2)
d) Considere agora a situação de uma empresa monopsonista, isto é, uma empresa que é
a única compradora de determinada matéria-prima e que, por essa razão, tem poder
de mercado na sua relação com os fornecedores da matéria-prima.
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Considere que a oferta da matéria-prima é positivamente inclinada, e que,
consequentemente, quanto maior for a quantidade de matéria-prima adquirida pelo
monopsonista, maior será o preço que ele tem de pagar aos fornecedores.
Demonstre graficamente que existe uma carga excedente associada a este cenário de
monopsónio (Sugestão: Comece por representar a oferta da matéria-prima e, a partir
desta, represente a curva de custos marginais do monopsonista).
e) No cenário da alínea anterior, mostre que a imposição de um preço mínimo a pagar
aos fornecedores pode aumentar a quantidade de matéria-prima transacionada e
aumentar o bem-estar social, reduzindo a carga excedente.
50. Suponha que o mercado dos serviços de mecânica funciona em concorrência perfeita e
que as curvas de custos totais médios e custos marginais de cada uma das empresas é
dada, respetivamente, por:
CTM (q) = 25/q + 10 + q
Cmg (q) = 10 + 2q
a) Considerando que o preço de mercado é, no curto prazo, igual a 30, determina:
i. A quantidade de serviços de mecânica que cada uma das empresas irá prestar;
ii. O lucro económico de cada uma das empresas;
iii. Diga, justificando, se o preço que equilibra o mercado no longo prazo será
superior, igual ou inferior a 30.
Considere agora que a procura de mercado é dada pela expressão P = 1020 – Q.
b) Determine o equilíbrio de longo prazo (incluindo o preço e a quantidade de serviços a
prestar por cada empresa, bem como o número de empresas no mercado).
c) Compare, em termos de preço e quantidade de equilíbrio, bem como de bem-estar
social, a solução da alínea anterior com uma solução que resultaria de uma situação
de monopólio (para esse efeito, considere que a curva de receita marginal do
monopolista é dada por Rmg = 1020 – 2Q e que os seus custos marginais são
constantes e iguais a 20).
d) Volte agora a considerar o cenário de concorrência perfeita. Suponha que se assiste a
uma discussão parlamentar relativa a uma proposta de introdução de uma taxa fixa de
75, a cobrar a cada uma das empresas de serviços de mecânica:
i. Esta medida teria efeitos sobre a curva de custos marginais das empresas?
Justifique.
36
ii. Mostre graficamente como se alteraria a curva de custos totais médios, petante a
introdução desta taxa fixa?
iii. Demonstre graficamente que, em resultado da introdução da referida taxa, o
preço de equilíbrio, bem como a quantidade produzida por cada empresa,
aumentariam, mas que o número de empresas no mercado diminuiria.
iv. Como avaliaria, do ponto de vista social, a referida medida? Justifique a sua
resposta.
51. Suponha que a Jerónimo Martins (dona do Pingo Doce) pode fornecer-se de carne de vaca
em Portugal ou em Espanha, sendo que o preço de importação da carne de vaca a partir
de Espanha é igual a 5.000 euros por tonelada. Por outro lado, para os agricultores
nacionais, o custo de produção da carne de vaca é igual a 5.100 euros por tonelada.
a) Determine os preços de reserva da Jerónimo Martins e dos agricultores nacionais, por
tonelada de carne de vaca. Neste cenário, seria possível haver um acordo de
fornecimento entre os agricultores nacionais e a Jerónimo Martins?
Suponha agora que normalmente, a Jerónimo Martins paga aos seus fornecedores a 90
dias. Mas que, em resultado de um acordo entre a Jerónimo Martins e a Confederação
que representa os agricultores, passou a pagar a pronto pagamento. Assuma que a
Jerónimo Martins tem acesso a financiamento em melhores condições, do que os
agricultores nacionais. Assim, a taxa de juro a 90 dias para a Jerónimo Martins é de 1%,
enquanto que a taxa de juro a três meses para os agricultores é igual a 4%.
b) Diga como é que a alteração da política de pagamento da Jerónimo Martins, de
pagamento a 3 meses para pagamento a pronto pagamento, alteraria o preço de
reserva da Jerónimo Martins? E o preço de reserva dos agricultores? Neste cenário,
seria possível haver um acordo de fornecimento entre os agricultores nacionais e a
Jerónimo Martins?
Suponha agora a seguinte situação. Uma equipa de cientistas está a desenvolver um
novo medicamento. Estimam que o processo de investigação e desenvolvimento do novo
produto será bem sucedido com uma probabilidade de 80% (e uma probabilidade de 20%
de não ser bem sucedido). E sabem que, com os meios que têm ao dispor, o produto
gerará lucros na ordem dos 100 milhões de euros, no caso da investigação e
desenvolvimento vir a ser bem sucedida (e não gerará qualquer lucro caso a investigação
não seja bem sucedida).
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Uma grande empresa farmacêutica propõe-se adquirir os direitos sobre o novo produto.
Esta empresa estima que a equipa de investigação será bem sucedida no processo de
investigação e desenvolvimento do produto com uma probabilidade de 50%. E, nesse
caso, estima que, com a sua enorme força de vendas e capacidade de investimento em
marketing, conseguirá lucros na ordem dos 150 milhões de euros.
c) Determine os preços de reserva do vendedor (equipa de cientistas) e do comprador
(empresa farmacêutica)? Será possível que cheguem a um acordo para a venda dos
direitos sobre o novo produto?
Suponha agora que a empresa farmacêutica propõe, à equipa de cientistas, dar-lhes uma
participação de 20% de todos os lucros gerados pelo novo produto.
d) Qual o impacto desta repartição dos lucros sobre os preços de reserva do vendedor e
do comprador? Será possível, neste caso, chegarem a um acordo para a venda dos
direitos sobre o novo produto?
e) Como é que a sua resposta anterior se poderia alterar, se o comprador e o vendedor
apresentassem diferentes níveis de aversão ao risco?
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