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UNIVERSIDADE SÃO FRANCISCO
Curso de Fisioterapia
ISOSTRETCHING NA REABILITAÇÃO DE ESCOLIOSE
IDIOPÁTICA EM ADOLESCENTES
Bragança Paulista
2010
Keli Gislaine Abreu Silva
Lais Urbano
ISOSTRETCHING NA REABILITAÇÃO DE ESCOLIOSE
IDIOPÁTICA EM ADOLESCENTES
Monografia de conclusão de curso apresentado
à disciplina de Projeto de TCC do curso de
Fisioterapia da Universidade São Francisco sob
orientação da Profª Carolina Camargo de
Oliveira, como exigência parcial para obtenção
da aprovação na disciplina.
Bragança Paulista
2010
SILVA, Keli Gislaine; URBANO, Lais. Isostretching na reabilitação de escoliose
idiopática em adolescentes. Monografia defendida e aprovada na Universidade São
Francisco em 15 de Dezembro de 2010 pela banca examinadora constituída pelos professores.
_______________________________
Profª Carolina Camargo Oliveira
USF – Orientadora Temática
_______________________________
Profª Dra. Rosimeire Simprini Padula
USF – Orientadora Metodológica
_______________________________
Prof°Ms. Cláudio Fusaro
USF – Banca Examinadora
Dedico a minha filha querida Rafaela, ao meu esposo Ronaldo companheiro e amigo e à
minha mãe. A vocês, que compreenderam minha ausência e me apoiaram em todos os
instantes. Meus agradecimentos por terem aceitado se privar de minha companhia pelos
estudos, concedendo a mim, a oportunidade de me realizar ainda mais. Quero dedicar também
a minha querida amiga Laís, pelo carinho e amizade.
Keli Gislaine
Dedico este trabalho primeiramente aos meus queridos pais, Milton e Tânia por sonharem
junto comigo e não medirem esforços para tornar esse sonho realidade, pessoas que são de
suma importância e que influenciam diretamente o que sou. A minha irmã Jéssica por seus
conselhos e amizade sincera; ao meu namorado Amadeo, por seu amor, companheirismo,
incentivo e compreensão; e à minha companheira de trabalho Keli, por sua paciência, amizade
e as doces e sinceras palavras. Dedico ainda, as minhas queridas amigas Marcela, Mayara e
Érica que compartilharam comigo as angústias e as alegrias de nossa trajetória.
Lais Urbano
AGRADECIMETOS
A Deus por sua imensidão e por ser sempre a luz que rege nossas vidas.
Aos nossos pais pelo apoio, compreensão e amor incondicional.
A nossa querida Orientadora Professora Mestre Carolina Camargo de Oliveira, pelo incentivo,
simpatia e presteza no auxílio às atividades e discussões sobre o andamento e normatização
desta Monografia de Conclusão de Curso. Obrigada pela paciência, carinho e disponibilidade
de seu tempo.
Especialmente a Professora Patrícia Teixeira Costa, por seu espírito inovador e empreendedor
na tarefa de multiplicar seus conhecimentos; por sua disciplina ter nos ensinando a
importância do trabalho em grupo e pela oportunidade de crescer.
Aos demais coordenadores do curso e funcionários da UNIVERSIDADE SÃO FRANCISCO.
A todos os professores pelo carinho, dedicação e entusiasmo demonstrado ao longo do curso.
Aos colegas de classe e futuros fisioterapeutas; obrigada pela amizade e solidariedade.
A fisioterapeuta Maria do Carmo N. Rodrigues pelo carinho e dedicação com o nosso
trabalho.
A nossa orientadora metodológica, Profa. Dra. Rosimeire Simprini Padula, sem a qual nossa
Monografia não teria a mesma qualidade.
Ao Professor Mestre Cláudio Fusaro por ter participado da idealização desse trabalho e aceito,
gentilmente, fazer parte da banca examinadora.
Às nossas famílias pela paciência em tolerar a nossa ausência.
“Mover as coisas é tudo que a humanidade pode fazer;... pois, pra tal, o único executor é o
músculo, seja ao murmurar uma sílaba, ou ao derrubar uma floresta.”
Charles Sherrington, 1924
SILVA, Keli Gislaine; URBANO, Lais. Isostretching na reabilitação de escoliose
idiopática em adolescentes. Monografia entregue ao Curso de Fisioterapia da Universidade
São Francisco, Bragança Paulista, 2010.
RESUMO
A escoliose idiopática é uma alteração morfológica tridimensional da coluna vertebral,
com inclinação lateral das vértebras no plano frontal e rotação no plano axial, sem causa
definida. Além da cinesioterapia convencional, diversas técnicas vêm sendo aplicadas e
pesquisadas, como a Isostretching, que trabalha o auto-alinhamento e controle corporal no
espaço, através da manutenção e correção da postura em diferentes posições. O objetivo deste
trabalho foi avaliar o efeito da aplicação da técnica Isostretching no alinhamento postural de
pré adolescentes e adolescentes com escoliose idiopática. Após aprovação do comitê de ética
os responsáveis legais dos voluntários selecionados assinaram termo de consentimento livre e
esclarecido. Os 6 sujeitos foram submetidos à avaliação inicial (AI) e, após 14 sessões de
fisioterapia com Isostreaching, à avaliação final (AF). Foram avaliados: postura com
simetógrafo (avaliação postural convencional, fotográfica e podoscopia); flexibilidade
(medida do terceiro dedo ao chão, teste de shober); amplitude de movimento (goniometria dos
movimentos de tronco); e presença de dor (escala visual de dor - EVA). Comparando os
resultados da AI com AF, foi detectada melhora em todos os aspectos avaliados, sendo mais
importante em postura, dor e flexibilidade no teste de shober. Pode-se concluir que os
adolescentes deste estudo apresentaram melhora do alinhamento postural, da mobilidade de
tronco e do quadro álgico após o período de intervenção. Isso sugere a Isostretching como
técnica eficaz no tratamento da escoliose idiopática em adolescentes, merecendo estudos com
maior casuística e comparações com outras abordagens.
Palavras-chaves: Escoliose Idiopática, adolescente, Isostretching, Fisioterapia
ABSTRACT
Idiopathic scoliosis is a three-dimensional morphologic variation of the spine, with lateral
inclination of the vertebras in the frontal plane and rotation in the axial plane, without definite
cause. Besides the conventional kinesiotherapy, several techniques have been applied and
searched, like isostretching, that works the self-alignment and body control in space, through
the maintenance and posture correction in different positions. The aim of this study is to
evaluate the effect of the isostretching technique application in preadolescent and adolescent
with idiopathic scoliosis. Volunteers signed consent term after approval from the ethic
committee. Six volunteers were submitted to an initial evaluation (AI) and, after 14
physiotherapy sessions with isostretching, were submitted to final evaluation (AF). Were
evaluated: posture (conventional postural assessment, photographic and podoscopic);
flexibility (measure from the third toe to the ground, shober test); movement amplitude
(goniometry of the vertebral colun movement); presence of pain (visual analog pain scale –
VAS). Comparing the results from the AF and the AI evaluation, was verified improvement in
all aspects studied, been most important in posture, pain and flexibility in shober test. We can
conclude that the adolescents from this study presented better postural alignment, mobility
and pain symptoms after intervention period. This results suggests that isostretching technique
is effective in the treatment of idiopathic scoliosis in adolescents, deserving further study with
larger experimental group and comparation with other approaches.
Keywords: Idiopathic scoliosis. Adolescents. Isostretching. Physiotherapy.
SUMÁRIO
1.INTRODUÇÃO........................................................................................... 12
1.1 Os diferentes tipos de Escoliose na infância e Adolescência................ 12
1.2 Tratamento das Escolioses..................................................................... 15
1.3 Isostretching............................................................................................ 17
2.0 OBJETIVOS............................................................................................. 20
2.1 Objetivos gerais..................................................................................... 20
2.2 Objetivos específicos............................................................................. 20
3.0 MÉTODO................................................................................................. 21
3.1 Desenho do estudo................................................................................. 21
3.2 Local do estudo...................................................................................... 21
3.3 Sujeitos................................................................................................... 21
3.4 Critérios de inclusão.............................................................................. 21
3.5 Critérios de exclusão.............................................................................. 21
3.6 Critérios de descontinuidade.................................................................. 22
3.7 Materiais................................................................................................ 22
3.8 Procedimento......................................................................................... 22
4.0 RESULTADOS....................................................................................... 28
5.0 DISCUSSÃO............................................................................................. 37
6.0 CONCLUSÃO.......................................................................................... 43
7.0 CONSIDERAÇÕES FINAIS.................................................................. 44
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS......................................................... 45
ANEXO I......................................................................................................... 48
ANEXO II....................................................................................................... 50
ANEXO III..................................................................................................... 52
ANEXO IV...................................................................................................... 53
ANEXO V....................................................................................................... 59
ANEXO VI...................................................................................................... 60
LISTA DE TABELAS
TABELA 1- Identificação dos pacientes............................................................................... 28
TABELA 2- Escala de dor, 3° dedo ao chão e teste de Schober......................................... 29
TABELA 3- Goniometria...................................................................................................... 31
TABELA 4- Teste de Adam.................................................................................................. 32
TABELA 5- Avaliação postural............................................................................................ 33
LISTA DE SIGLAS
CEF - Clínica Escola de Fisioterapia
USF - Universidade São Francisco
TCLE - Termo de Consentimento Livre esclarecido
AI - Avaliação Inicial
AF - Avaliação Final
ADM- Amplitude de movimento
LISTA DE GRÁFICOS
GRÁFICO 1- Médias na avaliação pré e pós da Escala analógica de dor........................... 30
GRÁFICO 2- Médias das medidas do 3° dedo ao chão e teste de Shober........................... 30
GRÁFICO 3- Médias da goniometria da Coluna vertebral pré e pós intervenção............... 32
GRÁFICO 4- Porcentagem do teste de Adam positivo na avaliação pré e pós intervenção 33
GRÁFICO 5- Avaliação Postural vista anterior.................................................................. 34
GRÁFICO 6- Avaliação Postural vista lateral..................................................................... 35
GRÁFICO 7- Avaliação postural vista posterior................................................................. 35
GRÁFICO 8- Descarga de peso............................................................................................ 36
1. INTRODUÇÃO
1.1 Os diferentes tipos de Escoliose na infância e Adolescência
Escoliose é definida como uma deformidade morfológica tridimensional da coluna
vertebral, na qual se observam inclinação lateral das vértebras no plano frontal e rotação no
plano axial (figura 1). Trata-se de uma doença de adaptação e sua instalação e fixação estão
ligadas a uma retração assimétrica dos músculos espinhais (CARVALHO, 2006).
Figura 1
Fonte – WWW.GOOGLE.COM.BR
Uma das principais queixas ortopédicas entre crianças e adolescentes é a escoliose,
pois acarreta importantes modificações ao eixo postural e assimetria corporal (WORD,
DAVIS, JUNIOR, 1995).
As escolioses podem ser classificadas em estruturada e não-estruturada. As
estruturadas subdividem-se em idiopática, neuropática, miopática, congênita e associada à
neurofibromatose. As escolioses não-estruturadas podem ter origem postural, compensatória,
por irritação de raiz nervosa, inflamatória ou tumoral (tumores vertebrais). Curvas menores de
10º são denominadas escoliose postural, já as inclinações causadas por assimetria de membros
inferiores, são ditas escoliose funcional, impedindo assim, o uso do termo escoliose idiopática
(EISENSTEIN; JONES, 2001).
Outra causa da escoliose é Neuromuscular (paralítica), na qual a coluna vertebral pode
ser normal ao nascimento, mas um dos muitos quadros mórbidos paralisantes afetará os
músculos que estabilizam a coluna vertebral e a escoliose se desenvolverá. Esses quadros
paralisantes são: lesão vertebral, paralisia cerebral, poliomielite, mielite transversal e
distrofias musculares. A paralisia da mielodisplasia (espinha bífida) está presente ao
nascimento e qualquer escoliose pode ser originada pela presença de anormalidades
congênita, como já descrita (EISENSTEIN; JONES, 2001).
Outras classificações consideram a localização da curva, sendo cervicotorácica,
torácica, tóraco-lombar e lombar (figura 2) (EISENSTEIN; JONES, 2001); e a mensuração da
(s) curvatura (s), leve - entre 10º e 20º, moderada - entre 20º e 40º/50º e severa maior que
40º/50º (KISNER; COLBY, 2005).
Figura 2: Curvaturas escolióticas, como: Classificação da escoliose por sua localização.
FONTE http://saudereabilitacao.blogspot.com/2009_10_01_archive
Com relação à forma da curvatura, a escoliose pode apresentar-se em forma de “S”
(figura 3) apresentando duas curvaturas escolióticas. Neste caso a maior delas deverá ser
considerada primária; mais freqüentemente ocorre a escoliose torácica direita e lombar à
esquerda, que é nomeada pelo lado convexo da curvatura e a localização da vértebra ápice da
curvatura (torácica T2-T11 e lombar L2-L4).. Sem dúvida, a deformidade de coluna que exige
tratamento mais freqüente é a escoliose (EISENSTEIN; JONES, 2001).
Coluna sem escoliose. Coluna com escoliose “S”
Figura 3: Coluna sem alteração e coluna com escoliose “S”
FONTE - http://www.magnaspine.com.br/escoliose.htm
A forma Idiopática (causa desconhecida) trata-se de diagnóstico mais freqüente em
relação a todas as escolioses. A coluna vertebral mostra-se perfeitamente normal ao
nascimento, mas deforma-se nos anos de crescimento rápido da infância e adolescência, por
razões ainda não esclarecidas (EISENSTEIN; JONES, 2001).
É importante salientar que a escoliose idiopática é mais freqüente em crianças e
adolescentes, sem causa aparente, normalmente indolor; enquanto a congênita envolve
deformidades ósseas e modificações na medula espinhal presente ao nascimento
(BEBRMAN, KLIELGMAN, JENSON, 2002).
A escoliose idiopática é classificada em infantil (0 a 3 anos), juvenil (3 a 10 anos) e
do adolescente (acima de 10 anos) em função da faixa etária do seu estabelecimento, sendo a
última mais freqüente. A escoliose juvenil é a de pior prognóstico, em razão do seu caráter
progressivo. A infantil na maior parte dos casos é regressiva. Quando tem início na
adolescência, geralmente não é progressiva, sendo mais comum no sexo feminino, podendo
levar a problemas psicossociais (BEBRMAN, KLIELGMAN, JENSON, 2002).
Na escoliose classificada como congênita, a coluna vertebral está deformada desde o
inicio do desenvolvimento do feto, seja porque as vértebras não se formam de modo
simétrico, seja porque não se separam completamente umas das outras. As piores
deformidades são observadas quando os dois tipos de defeito ocorrem juntos. Esse tipo de
escoliose representa a maior dificuldade de tratamento, pois sua tendência é aumentar, por
mais que se tente corrigi-la (EISENSTEIN ; JONES , 2001).
Diante dos grandes prejuízos que podem ser ocasionados pela escoliose, é fundamental
a escolha de um método cinesioterapêutico que abranja a realização de alongamentos,
somados a fortalecimento muscular e conscientização corporal (BELOUBE et al., 2003).
1.2 Tratamento das Escolioses
Quando a escoliose apresenta curvatura acima de 45° o tratamento deixará de ser
conservador e será cirúrgico, principalmente se houver comprometimento cardiorrespiratório,
processos álgicos importantes ou quando as deformidades instaladas causarem desconforto
emocional aos pacientes pela significativa assimetria. O objetivo da cirurgia é impedir a
progressão e deformidade da coluna e suas complicações, sendo a adolescência a melhor
idade para a correção. Isso porque nessa fase a etapa de maior crescimento está completa de
modo que já existe uma coluna madura, mas ainda bastante móvel fazendo com que os
resultados da cirurgia sejam melhores (CARVALHO, 2006).
Desta forma, Cailliet (1999), sugere o seguinte protocolo:
oliose acima de 45º: Procedimento cirúrgico.
Curvaturas com valores entre 20º/25º e 40º/45º, segundo a medição de Cobb (figura 4),
devem ser tratadas com uso de órteses associado ao tratamento conservador, com recursos
fisioterapêuticos; para valores menores que 20º/25º, recomenda-se somente tratamento
conservador da fisioterapia (CARVALHO, 2006). A literatura relata vários métodos e
recursos fisioterapêuticos que têm sido utilizados para tratar a escoliose, como o método de
Klapp, que consiste em alongamento e fortalecimento da musculatura do tronco através de
posições em gato e ajoelhado, imitando o movimento dos quadrúpedes (RIBEIRO, 2008).
Descrita pela literatura, a Reeducação Postural Global-RPG, é utilizada para corrigir
disfunções do sistema músculo-esquelético, tendo como princípio, tratar o individuo e não a
doença. Pode ser indicada para pessoas de todas as idades, consistindo em posicionamentos
vertebrais e de membros, visando à liberação e alongamento total de músculos que, com o
passar dos anos, ficaram encurtados causando os desvios posturais (GRAU, 1996).
Muito utilizado nestes casos, o Isostretching é uma ginástica postural global, que vai
melhorar especificamente a musculatura profunda da coluna vertebral, reduzir o
enrijecimento, facilitar o movimento, corrigir a postura e desenvolver a tomada de
consciência das posições corretas da coluna e da capacidade respiratória (REDONDO, 2001).
Figura 4
FONTE – WWW.GOOGLE.COM.BR
O uso de órteses no tratamento da escoliose tem como objetivo prevenir a evolução das
curvaturas e conseqüentemente, reduzir a necessidade de correções cirúrgicas. Diversas
órteses são utilizadas para o tratamento de escoliose assim descrito pela literatura, como
colete de Milwaulkee (figura 5), Charlestyon (figura 7) e Boston (figura 6) (CARVALHO,
2006).
Figura 5: Colete Milwaukee.
FONTE – WWW.GOOGLE.COM.BR
Figura 6: Colete TLSO Figura 7: Colete BOSTON
FONTE – WWW.GOOGLE.COM.BR
1.3 Isostretching
Criado em 1974 na França por Bernard Redondo, esse método foi desenvolvido com o
intuito de preparar e proteger a musculatura do relaxamento ou retração que podem ocorrer
devido à falta de atividade física ou postura inadequada, que pode acarretar compensações,
dores e evolução para deformidades posturais (REDONDO, 2001).
É um método baseado em uma cinesioterapia de equilíbrio que mantém e controla o
corpo no espaço, corrigindo as posturas corporais. É considerado um complemento do
tratamento fisioterapêutico, mas suficientemente completo para flexibilizar as partes rígidas e
fortalecer as debilitadas (REDONDO, 2001).
A elaboração da técnica do Isostretching foi baseada na melhora especificamente da
musculatura profunda, abrangendo como um todo respiração, retificação da coluna vertebral,
fortalecimento de abdominais (REDONDO, 2001).
Assim, o Isostretching não interfere apenas na estrutura músculo esquelética, mas
também na função pulmonar, a qual muitas vezes é afetada não só por patologias intrínsecas
ao sistema respiratório como por alterações estruturais posturais. Com isso, a relação
recíproca entre as estruturas física e funcional, justificando não só a aplicação do Isostretching
no tratamento das disfunções ortopédicas como também na recuperação da capacidade
funcional (REDONDO, 2001).
Redondo (2009) relata que a essência da ação do método ocorre no nível da
sustentação corporal através do reforço da musculatura profunda da coluna, da flexibilidade
muscular e da mobilidade articular. Brandt, Ricueri, Griesbach (2004) Descreveram que o
posicionamento da pelve e da coluna é a chave do método e, a partir da postura escolhida, o
trabalho é realizado em reações agonistas e antagonistas, alongamentos e contrações,
autocrescimento da coluna e mobilização da pelve, realizada durante a expiração profunda e
controlada por contrações isométricas.
O Isostretching pode auxiliar o tratamento dos desequilíbrios posturais. Tem por
objetivo fortalecer e flexibilizar a musculatura, corrigindo a postura e melhorando a
capacidade respiratória. Assim é considerado um tipo de ginástica postural global, uma vez
que os exercícios são executados em um máximo alinhamento vertebral possível, com toda a
musculatura corporal sendo recrutada (MORAES; MATEUS, 2005).
Os autores ainda descrevem que o método Isostretching é uma técnica que supre a
necessidade de um tratamento global, destacando que se trata de uma técnica de complemento
ao tratamento dos inúmeros desequilíbrios que acometem a postura. É não somente uma
técnica complementar, mas também um método preventivo que fortalece e equilibra o corpo
evitando compensações (REDONDO, 2001).
Brandt, Ricueri e Griesbach (2004) realizaram um trabalho cujo objetivo do estudo foi
avaliar o impacto da aplicação do Isostretching, sobre o comportamento respiratório toraco-
abdominal numa população sadia. A técnica foi aplicada em seis jovens sedentários, com
idade de 22,33 anos, ao final do trabalho os autores concluem que a técnica de Isostretching
promoveu um aumento do recrutamento diafragmático durante a respiração e sugerem que o
Isostretching pode promover impacto efetivo e mensurável sobre a função respiratória de seus
praticantes.
Borghi, Antonini, Facci (2008) relatam que a técnica Isostretching promove
significantes benefícios na flexibilidade, na expansibilidade torácica e, principalmente, na
redução da angulação da escoliose e da lordose lombar. Este ganho de flexibilidade e
expansibilidade torácica é discutido por Redondo (2001), na descrição de como deve-se
realizar a técnica para esse objetivo. As posturas devem ser mantidas durante 10 segundos ou
mais (o tempo da expiração) e repetidas por, no mínimo, três vezes cada. Durante as
contrações e respirações deve-se desenvolver o autocrescimento nos sentidos cefálico e
podálico (figura 9), associado às posturas que podem ser realizadas na posição ereta, sentada
ou deitada.
Figura 9
Fonte - http://isostretching.free.fr/maldedos-br.htm
Diante da pesquisa apresentada acima e da vivência prática na Clínica Escola de
Fisioterapia do Curso de Fisioterapia da Universidade São Francisco, o acometimento da
escoliose na infância e adolescência, pode ser considerado de grande importância. A literatura
científica pertinente enfatiza a importância da intervenção precoce a fim de minimizar o
agravamento da curvatura, bem como evitar o surgimento de seqüelas funcionais e
cardiorrespiratórias graves. São muitos os métodos de tratamento utilizados e relatados em
textos da área; entretanto, foi observado o pouco número de trabalhos avaliando o emprego
dessas técnicas em crianças e adolescentes, sua viabilidade e eficácia. Desta forma, esse
trabalho vem ao encontro da necessidade de determinar técnicas que possam ser aplicadas a
essa faixa etária.
2. OBJETIVOS
2.1 Objetivo Geral
Avaliar o efeito da aplicação da técnica Isostretching no alinhamento postural e
flexibilidade de adolescentes com escoliose idiopática.
2.2 Objetivos Específicos
Avaliar a amplitude de movimento do tronco; quadro álgico e descarga de peso.
Elaborar e aplicar um protocolo de tratamento com a técnica Isostreching.
Reavaliar os pacientes após 14 sessões de tratamento, com os mesmos instrumentos.
Correlacionar os resultados antes e após o tratamento; e estes, com dados da literatura.
3. MÉTODO
3.1 Desenho do estudo
Trata-se de estudo de corte longitudinal, com avaliação antes e após tratamento
fisioterapêutico.
3.2 Local do estudo
As avaliações e sessões fisioterapeutica foram realizadas na Clínica Escola de
Fisioterapia (CEF) da Universidade São Francisco campus de Bragança Paulista, São Paulo.
3.3 Sujeito
Os voluntários foram encaminhados do Centro de Reabilitação de Bragança Paulista e
da própria CEF da Universidade São Francisco, após contato por telefone, no qual foram
explicados os termos deste trabalho e solicitado o encaminhamento de escolares (06 a 12 anos
de idade) e adolescentes (12 a 18 anos de idade) com diagnóstico de Escoliose Idiopática,
com laudo médico.
3.4 Critérios de inclusão
Escolares e adolescentes, entre 06 e 18 anos de idade com escoliose idiopática
confirmada por laudo médico e exame radiológico; cujos responsáveis tenham assinado
Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.
3.5 Critérios de exclusão
Crianças e adolescentes que apresentarem qualquer comorbidade neurológica ou
muscular que interfira na escoliose, bem como comprometimento sensorial ou intelectual que
comprometa a execução das condutas.
3.6 Critérios de Descontinuidade
Os pacientes que tivessem 2 faltas consecutivas ou mais, o que poderia comprometer
os resultados do presente estudo.
3.7 Materiais
Foram utilizados os seguintes materiais:
Ficha de avaliação do estudo anexo II
Goniometro
Fita métrica
Podoscópio
Simetrógrafo
Máquina digital marca SONY, 12.1mega pixels
Bola suiça
Bastões
Colchonetes
3.8 Procedimento
O projeto foi encaminhado ao Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade São
Francisco e aprovado na data 25 de março de 2010, no. de protocolo CAAE: 0041.0.142.000-
10.
Realizamos contato telefônico solicitando encaminhamento dos pacientes e tambem foi
realizada uma busca por pacientes que atendessem aos critérios de inclusão, na CEF entre os
pacientes em atendimento e em lista de espera, foi encaminhado uma carta para os professores
responsaveis do setor primário a carta segue em anexo IV. Posteriormente foram pré-
selecionados os pacientes que poderiam fazer parte, os responsáveis foram convocados,
receberam toda explicação dos objetivos e métodos deste trabalho e os que concordaram com
a participação, assinaram o termo de consentimento livre e esclarecido (Anexo I), onde
receberam explicação de todos os procedimentos.
Os pacientes passaram por um protocolo de avaliação, o qual consistiu em avaliação
postural estática com auxilio do simetógrafo: avaliação anterior, posterior, lateral e dinâmica;
foi avaliado se havia presença de gibosidade, a flexibilidade dos participantes, ADM, análise
da descarga de peso no podoscopio e quadro álgico.
Para avaliação postural, foi utilizado o simetógrafo, em frente ao qual os pacientes
foram posicionados em posição ortostática; foram fotografados em vista anterior, lateral e
posterior. Para esta análise fotográfica os participantes foram demarcados com adesivos
vermelhos em pontos estratégicos (angulo inferior da escapula, crista iliaca antero superior,
espinha iliaca postero superior, região poplitea da articulação de joelho e tendão de aquiles).
As imagens foram registradas na avaliação inicial e avaliação final, sendo que analisadas
qualitativamente em busca de assimetrias e desalinhamentos (posição da cabeça se a mesma
se encontra anteriorizada ou adequada, ombro protuso ou adequado).
Para avaliar a presença de gibosidade foi utilizado o teste de Adam, confirmando se
havia sinal clínico de escoliose. A posição de Adam anterior revela discreta escoliose
cervicotoracica convexa a esquerda ou a direita sem o sinal da corcunda costal, ( CIPRIANO,
1999; EVANS , 2003). Os volutarios em posição ortostática foram solicitados a realizarem a
flexão do tronco, mantendo os braços e cabeça relaxados
Para avaliação da flexibilidade foram selecionados os testes de Schober e do 3º. dedo
ao solo . O Teste de Schober é realizado uma marca na pele sobre o processo espinhoso da S1
e outra a 10cm acima, o participante realiza uma inclinação para frente. Nesta posição
verifica-se a medida novamente observando se houve alteração da mesma onde até 15cm ou
seja 5 cm de ganho na flexibilidade é considerado adequado, menor que 15 cm, hipoflexivel e
acima, hiperflexivel. Na medida do terceiro dedo ao solo, os voluntários ficavam em posição
ortostática com os pés paralelos e em seguida realizava flexão do tronco mantendo os braços e
a cabeça relaxados. O avaliador media a distância perpendicular, do terceiro dedo da mão
direita ao solo (ROSÁRIO, et al., 2007).
Para avaliar quadro algico foi utilizado a escala analógica de dor (EVA), onde consiste
em auxiliar na aferição da intensidade da dor no paciente, é um instrumento importante para
verificarmos a evolução do paciente durante o tratamento, a EVA foi utilizada na avaliação
inicial e avaliação final do tratamento. Para analise foi questionado o participante do estudo
quanto ao seu grau de dor sendo 0 significava ausência total de dor e 10 o nivel de dor
máximo suportável.
Outro item de avaliação é a descarga de peso no podoscópio. Os voluntários se
posicionaram em postura ortostática em cima do podoscópio e em seguida o examinador
realizou o registro fotopodoscópia da imagem refetida no espelho para análise pré e pós
tratamento.
A goniometria é um exame que nos auxilia para verificar perda ou ganho de ADM de
uma determinada articulação. Para o presente estudo foi utilizado o goniometro universal,
cujo braço estacionario é preso na linha zero do transferidor o outro braço é móvel,
permitindo a medida de rotação articular em graus, avaliando a flexibilidade. (MARQUES,
2003) Todos os participantes do estudo foram avaliados com goniometro plastico para analise
de ADM de flexão, extensão, inclinação para direita e para a esquerda da coluna, estando em
postura ortostática.
Apos avaliação de todos os participantes, foi elaborado um protocolo de atendimento
com a Técnica de Isostretching, onde constituia a aplicação da técnica uma vez por semana,
com duração de uma hora, em um periodo de três meses.Os atendimentos foram realizados
seguindo as orientações da técnica, realizando cada exercicio com 3 séries de 6 repetições,
associados com o tempo expiratório em 10 segundos ou mais (REDONDO, 2001).
Realizamos os exercícios através de ações aumentando a tensão muscular por
alongamentos, pela contração isométrica com expiração profunda e prolongada e
autocrescimento da coluna vertebral; descrição da posição principal da partida com tomada de
referência; e correção que é a posição em pré-tensão, por colocação da bacia, alinhamento da
coluna, verificação das compensações (REDONDO, 2001).
É necessario repetir ao menos 3 vezes; a primeira vez para compreender; a segunda
para corrigir; e a terceira para executar da melhor maneira. As séries são compostas por
exercícios simétricos, assimétricos, com bastão e o trabalho respiratório de expiração e
inspiração profunda (REDONDO, 2001).
O Isostretching vai demandar, a partir da escolha de uma posição de partida, a
colocação dos membros em tensão, mobilização da bacia no sentido de crescimento e de
estiramento das cadeias musculares dos membros inferiores, e alinhamento da coluna sobre a
coluna vertebral, com autoengrandecimento. A postura será então mantida ao máximo da
correção, o tempo de uma expiração completa e prolongada. A finalidade do método reside
mais na procura da qualidade corretiva que da quantidade de repetições, buscando a precisão
dentro do domínio, na intensidade da contração e do estiramento muscular (REDONDO,
2001).
A aplicação da técnica nos participantes do estudo foi realizado em situação privativa,
na CEF – USF. Após os três meses de intervenção os pacientes foram reavaliados com os
mesmos instrumentos utilizados na avaliação inicial.
Protocolo:
Foram realizadas aproximadamente 8 técnicas em casa sessão, sendo as seguintes:
Foto 1:Postura sentada com MMSS Foto 2: Postura sentada com MMSS
Cruzados em estiramento
Foto 3: Postura deitada com elevação de pelve
Foto 4: Postura sentada com bastão Foto 5: Postura sentada com MMII
Cruzados
Foto 6: Postura deitada com Foto 7: Postura deitada com elevação de
MMSS cruzados e pés unidos MMII
Foto 8: Postura deitada com
MMSS esticados e pés unidos
4. RESULTADOS
Foram encaminhados inicialmente 9 sujeitos, dos quais apenas 6 compuseram a
casuística deste trabalho. Durante período de avaliação inicial, houve exclusão de uma
adolescente que não apresentava escoliose. E posteriormente, já no período de intervenção,
seguindo critérios de descontinuidade, 2 escolares deixaram de participar, devido à faltas.
Procuramos para o projeto escolar e adolescente, porem apareceram 6 voluntários (2
escolares ou pré-adolescentes e 4 adolescentes) voluntários com idade entre 10 e 17. Foram
avaliados e receberam intervenção com a técnica de Isostretching na CEF da USF, durante o
período de 4 de abril a 30 de junho de 2010. No mês de julho, devido á férias letivas da USF,
os pacientes foram atendidos no Centro de Reabilitação de Bragança Paulista pela
fisioterapeuta do mesmo, seguindo protocolo deste projeto, após reunião entre as alunas deste
trabalho e a referida fisioterapêutica. Em agosto, retornaram ao atendimento na CEF,
encerrando o atendimento e avaliação final no dia 11 de agosto de 2010.
A maioria dos participantes foram encaminhados sem o Rx e não foi possível fazê-lo
durante o trabalho, portanto, não foi possível avaliar o ângulo de coob.
Os resultados foram submetidos à análise estatística básica, com médias, desvio
padrão e porcentagens e serão apresentados em tabelas e gráficos, a seguir.
A tabela 1 apresenta dados referentes à identificação dos pacientes, com gênero, idade
e estatura.
Tabela 1. Identificação dos pacientes
PACIENTES GENERO IDADE (a m) ESTATURA (m)
1 M 10 a 1 m 1,49
2 F 17 a 7 m 1,58
3 M 13 a 11 m 1,61
4 F 14 a 1 m 1,59
5 M 14 a 6 m 1,57
6 F 10 a 5 m 1,5
MÉDIA 13,00 1,56
DESVIO PADRÃO 2,68 0,05
M = masculino; F = feminino; a = anos; m = meses; cm = centímetros
Dos 6 voluntários participantes, 2 eram pré-adolescentes e 4 adolescentes; a mesma
quantidade de gênero masculino e feminino (3 de cada); com média de idade de 13, 0 anos
(entre 10 anos e 1 meses a 17 anos e 7 meses); estatura média de 1,56 m (entre 1,49 m a 1,61
m).
A tabela 2 representa escala analógica de dor, medida do 3° dedo ao chão e o teste de
Shober, nas avaliações pré e pós intervenção.
Tabela 2. Escala de dor, 3° dedo ao chão e teste de Schober
IDENTIFICAÇÃO
ESCALA
ANALÓGICA
3°DEDO
CHÃO (CM) SHOBER (CM)
PRÉ PÓS PRÉ PÓS PRÉ PÓS
1
8
2
24
16
15
16,50
2 8 4 23 19 16 17
3 7 4 0 0 17 18
4 5 3 15 6 16 16
5 7 3 14 11 15 15,5
6 5 3 12 10 15 15
MÉDIA 6,67 3,17 14,67 10,33 15,67 16,33
DESVIO PADRÃO 1,37 0,75 8,71 6,83 0,82 1,08
CM = centímetros
Em relação à escala analógica de dor, houve melhora em todos os sujeitos,
representando diminuição do quadro álgico. Houve diminuição da medida do 3º. dedo ao chão
em todos os sujeitos, representando a melhora do alongamento de cadeia posterior. O teste de
Shober revelou melhora da flexibilidade, havendo aumento das medidas em 4 pacientes; os
demais apresentaram os mesmo valores na avaliação pré e pós.
As médias na avaliação pré e pós, da escala analógica da dor, medida do 3º. Dedo ao
chão e teste de shober serão apresentadas respectivamente nos gráficos 1 e 2.
Gráfico 1. Médias na avaliação pré e pós da Escala analógica de dor
A média dos valores da avaliação pré foi de 6,67 e diminuiu para 3,17 na avaliação
pós intervenção, representando diminuição do quadro álgico.
Gráfico 2. Médias das medidas do 3° dedo ao chão e teste de Shober
Este gráfico revela a melhora do alongamento de cadeia posterior e da flexibilidade da
coluna lombar, com a diminuição da medida do 3º dedo–solo de 14,67 cm na avaliação pré,
para 10,33 cm na avaliação pós intervenção. Na execução do teste de Shober, houve aumento
da média, sendo na avaliação pré de 15,67cm e na pós, de 16,33cm.
6,67
3,17
0,00
1,00
2,00
3,00
4,00
5,00
6,00
7,00
Pré Pós
Esca
la A
nal
ógi
ca
14,6715,67
10,33
16,33
0,00
2,00
4,00
6,00
8,00
10,00
12,00
14,00
16,00
18,00
Teste medida 3º dedo Teste Shober
cm Pré
Pós
A tabela 3 representa os dados referentes à goniometria dos movimentos ativos da
coluna vertebral pré intervenção e pós intervenção.
Tabela 3. Goniometria
PRÉ PÓS PRÉ PÓS PRÉ PÓS PRÉ PÓS
1 35 30 75 90 25 30 25 25
2 25 40 65 65 25 30 30 30
3 40 30 110 115 21 23 30 30
4 21 35 75 100 20 25 20 20
5 20 30 60 65 30 30 25 25
6 38 20 95 90 10 20 15 15
MÉDIA 29,83 30,83 80,00 87,50 21,83 26,33 24,17 24,17
DESVIO
PADRÃO8,89 6,65 18,97 19,69 6,79 4,32 5,85 5,85
IDENTICAÇÃO
EXTENSÃO
GRAUS
FLEXÃO
GRAUS
INCLINAÇÃO
( D) GRAUS
INCLINAÇÃO
(E) GRAUS
D = direita; E = esquerda
Considerando as médias, houve melhora para todos os movimentos, exceto a
inclinação a esquerda. O movimento de flexão foi o que apresentou maior aumento, sendo que
o sujeito 2 não apresentou melhora e o 6 apresentou diminuição da amplitude para esse
movimento e os demais apresentaram aumento.
O gráfico 3 apresenta as médias da goniometria pré e pós intervenção dos pacientes.
Gráfico 3. Médias da goniometria da Coluna vertebral pré e pós intervenção
Este gráfico representa a goniometria realizada nos 6 sujeitos, sendo que a média em
graus na pré intervenção para o movimento de extensão era de 29,83 e na pós aumentou para
30,83°, em flexão pré intervenção uma média de 80º e na pós aumentou para 87,5°, em
inclinação direita apresentam uma média pré intervenção de 21,83° e pós 26,33°, em
inclinação esquerda a média na avaliação inicial era de 24,17º na avaliação final não houve
alteração . Os resultados estão revelando um aumento de ADM, ganho de flexibilidade e
alongamento em todos os sujeitos.
Tabela 4. Teste de Adam
IDENTICAÇÃO ADAM
PRÉ PÓS
1
E
0
2 D 0
3 E E
4 E 0
5 E E
6 E 0
% Positivo
100
33,33
E = esquerda; D = direita; O = Ausência
A tabela indica que na execução do teste de Adam na pré intervenção 100% dos
pacientes apresentava gibosidade e pós intervenção houve uma diminuição na presença de
gibosidade para 33% dos pacientes, apresentando um melhor alinhamento da coluna.
29,83
80,00
21,83 24,17
30,83
87,50
26,33 24,17
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
Extensão Flexão Incl. D Incl.E
grau
s (º
)
Pré
Pós
O gráfico 4 nos mostra a execução do teste de Adams pré e pós intervenção.
Gráfico 4. Porcentagem do teste de Adam positivo na avaliação pré e pós intervenção
Este gráfico indica a porcentagem da presença de gibosidade durante a execução do
teste de adam na pré intervenção de 100% e na pós intervenção 33%, representando uma
diminuição da curvatura no plano sagital.
A tabela 5 nos mostra a avaliação postural dos pacientes pré e pós intervenção dos
pacientes.
Tabela 5. Avaliação postural
IDENTICAÇÃO OMBRO
CRISTA
ILIACA ESCÁPULA
ESPINHA
ILIACA CABEÇA OMBRO
PRÉ PÓS PRÉ PÓS PRÉ PÓS PRÉ PRÉ PÓS PRÉ PÓS
1
S
S
A
S
S
S
S
AT
AT
P
P
2 A S S S S S S AT AD P P
3 S S S S S S S AT AD AD AD
4 A S A S A S S AT AD P AD
5 A S A S A S S AT AT P P
6 A S A S A S S AT AD P AD
S = Simétrico; A = Assimétrico; AT = Anteriorizada; AD = Adequada (o); P = Protruso
A tabela indica a avaliação postural dos pacientes pré e pós a aplicação da técnica,
apresentando na pré intervenção assimetria de ombros em 4 sujeitos e na pós todos
apresentaram ombros simétricos. Na avaliação de crista ilíaca, na pré intervenção 4
apresentavam assimetria e na pós todos apresentaram crista ilíaca simétrica, na pré
100%
33,33%
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
80%
90%
100%
Teste Adam positivo
Pré
Pós
intervenção as escápulas estavam assimétricas em 3 sujeitos e na pós todos apresentaram
simetria de escapula, em espinha ilíaca na pré intervenção todos os sujeitos apresentavam
simetria da mesma; na pré intervenção todos os sujeitos apresentaram anteriorização de
cabeça e na pós 3 apresentaram adequada, na pré intervenção 5 sujeitos apresentaram
protrusão de ombro e na pós 3 apresentaram adequado. Representando uma melhora na
simetria, alongamento de cadeias musculares encurtadas e alinhamento postural dos mesmos,
como pode ser encontrado nas fotos (Anexo IV)
A porcentagem dos valores das alterações posturais na avaliação dos sujeitos na pré e
pós intervenção em vista anterior, lateral e posterior serão melhor representadas a seguir nos
gráficos 5, 6 e 7.
Gráfico 5. Avaliação postural vista anterior
Este gráfico indica o alinhamento de ombro presente em 33% dos sujeitos na pré
intervenção e em 100% na pós intervenção. Em crista ilíaca o gráfico indica alinhamento em
33% dos sujeitos na pré intervenção e um aumento em 100% na pós intervenção.
33% 33%
100% 100%
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
80%
90%
100%
ALINHAMENTO DE OMBRO ALINHAMENTO DE CRISTA ILÍACA
Pré
Pós
%
I
n
d
i
v
i
d
u
o
s
Gráfico 6. Avaliação postural vista lateral.
Este gráfico indica zero de simetria da cabeça na pré intervenção e 67% de simetria da
cabeça na pós intervenção, 17% dos sujeitos na pré intervenção apresentaram simetria de
ombro e na pós 50% apresentaram simetria de ombro.
Gráfico 7. Avaliação postural vista posterior.
Este gráfico indica um alinhamento de escapulas na pré intervenção em 50% dos
sujeitos e na pós um alinhamento em 100%, em espinha ilíaca na pré intervenção 100% dos
sujeitos apresentavam alinhamento.
0%
17%
67%
50%
-10%
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
SIMETRIA DE CABEÇA SIMETRIA DE OMBRO
Pré
Pós
%I
n
d
i
v
i
d
u
o
s
50%
100%100%
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
80%
90%
100%
ALINHAMENTO DE ESCAPULAS ALINHAMENTO DE ESPINHA ILÍACA
Pré
Pós
%
I
n
d
i
v
í
d
u
o
s
O gráfico 8 representa a evolução da descarga de peso nas avaliação pré e pós
intervenção. Os dados completos, incluindo os tipos de pés dos sujeitos, estão em anexo
(anexo III).
Gráfico 8. Descarga de peso
Este gráfico nos mostra na pré intervenção 100% dos sujeitos apresentaram descarga
de peso em ante pé e retro pé não houve alteração na AF, em médio pé na pré intervenção
50% dos sujeitos apresentaram descarga de peso e na pós 67%, em artelhos na pré intervenção
67% dos sujeitos apresentaram descarga de peso e na pós 100%.
100% 100%
50%
67%
100% 100%
67%
100%
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
80%
90%
100%
Ante Pé Retro Pé Médio Pé Artelhos
Pré
Pós
5. DISCUSSÃO
No presente estudo em relação à escala analógica de dor pode se observar que todos
participantes apresentaram quadro álgico na coluna. O autor Perez (2005) descreve que entre
os 7 e os 14 anos de idade, a postura da criança sofre grande transformação na busca do
equilíbrio compatível com as novas proporções de seu corpo. Nessa idade, em que sua
mobilidade é extrema, associada ao surgimento dos hormônios sexuais, a postura se adapta às
atividades que ela está desenvolvendo, podendo gerar dor.
A casuística desse trabalho foi composta por adolescentes, mesmo tendo sido
procuradas também crianças em idade escolar para participarem do projeto. O autor Bracciali
(2000) descreve que a ocorrência de alterações posturais diversas, entre elas a escoliose, em
escolares e adolescentes, freqüentemente está associada às atividades escolares, as quais
podem favorecer a instalação de maus hábitos posturais; além disso, deve-se considerar que é
na adolescência que ocorre crescimento mais acelerado do sistema esquelético. E é neste
período de crescimento acelerado (entre a pré-adolescência e a adolescência propriamente
dita) que se consegue reverter os problemas surgidos na infância ou mesmo não deixar
instalar lesões. O autor relata que a escoliose idiopática tem uma prevalência de piora nessa
faixa etária, em que há o estirão de crescimento.
Segundo Rocha (2001) a dor não constitui um elemento freqüente nas escolioses
idiopáticas, sendo a presença da mesma, sugestivo de etiologia tumoral ou compressiva. O
autor descreve que a dor de crescimento a qual se trata de fenômeno álgicos que acometem
crianças na faixa etária entre 4 e 10 anos de idade caracterizadas por surgimento súbito
noturno, geralmente associadas à realização de esforços físicos, mostram-se totalmente
resolvidas após o sono e o repouso. Não é o caso dos participantes do presente estudo, os
quais relataram dor principalmente após os esforços, que não diminuía ao repouso e sim, após
realizar alongamento da coluna.
No presente estudo ocorreu melhora do quadro álgico, avaliado com a escala analógica
de dor, com diminuição das médias pré e pós intervenção fisioterapeutica de 3,5 pontos. Os
autores Kazanowiski; et al. (2005) refere que o uso da escala numérica de 0 a 10, melhora a
comunicação entre as partes, proporcionando uma avaliação mais confiável para a verificação
do método usado para o alívio da dor, podendo ajudar na comparação da dor no mesmo
individuo durante o tratamento.
O trabalho realizado por Tosato et al, (2006) também nos mostra a eficácia da
fisioterapia em quadro álgicos da coluna, os autores avaliaram 31 pacientes portadores de
algias vertebrais em tratamento fisioterapêutico, constatou diminuição dos valores de dor e
60,98% dos pacientes diziam sentir alivio do quadro com a fisioterapia.
Macedo, Debiagi & Andrade (2010), em um ensaio clínico aleatório, constituído de 18
mulheres, entre 18 e 25 anos, com dor de grau cinco ou mais, pela escala visual analógica na
região lombar; após tratamento com Isostretching constatou diminuição da incapacidade e da
dor e aumento da resistência muscular de abdominais, glúteo máximo e extensores de tronco
de pacientes com lombalgia.
O ganho de flexibilidade e ADM no presente estudo foram observados através da
analise da goniometria e dos testes de schober e medida do terceiro dedo-solo. Ganho de
ADM para extensão de tronco onde na avaliação inicial a média era 29,83 graus, esta media
na avaliação final foi de 30,83 graus, já a flexão de tronco a média era 80 graus (AI) que
evolui para um aumento de ADM de 87,30 graus na média, a inclinação de tronco para direita
foi de 21,83 graus na (AI) e na reavaliação a média foi de 26,33graus, a inclinação para
esquerda não houve alteração sendo média inicial e final de 24,17 graus. O teste de schober e
medida do terceiro dedo ao solo onde avaliamos flexibilidade, verificamos na avaliação inicial
no teste de schober a média era de 15,67cm evoluindo para 16,33cm na (AF), já a medida do
terceiro dedo ao solo a média na (AI) era de 11,50cm e na (AF) a média foi de 7 cm, os dois
testes nos mostrou um ganho na flexibilidade.
Os dados acima nos mostraram que após reabilitação com a técnica do Isostretching os
participantes do estudo obtiveram ganho de ADM e flexibilidade e após este ganho os
mesmos apresentaram diminuição do quadro álgico.
Este efeito positivo da flexibilidade, ganho de ADM sobre o quadro álgico com a
utilização do método Isostretching já foi reportado, principalmente pela melhora na
flexibilidade da cadeia muscular posterior (MACEDO & GUSSO, 2004).
Mann et al. (2009), investigaram a influência do método Isostretching no tratamento
da dor lombar. Foram avaliadas 10 estudantes universitárias com dor lombar (grupo
experimental - GE) e 10 estudantes universitárias sem dor lombar (grupo controle - GC). O
GE foi submetido a 10 sessões de Isostretching e o GC não sofreu intervenção. Os resultados
demonstraram uma diminuição da dor lombar em todos os indivíduos tratados, melhoras
significativas quanto ao ganho de força muscular, alongamento das cadeias musculares e
equilíbrio; concluindo que o método foi efetivo para o grupo estudado e é adequado para o
tratamento da dor lombar.
Os autores Pimentel et al (2008), compararam o alongamento segmentar e o global
pela técnica de RPG quanto ao ganho de flexibilidade, ADM e força muscular. Ambas as
técnicas de alongamento foram igualmente eficientes no aumento de flexibilidade, ADM e
força muscular.
Este ganho de flexibilidade, ADM também foi detectado no trabalho realizado por
Borghi, Antonini, Facci (2008) em que o objetivo foi verificar as alterações promovidas pela
prática do Isostretching em indivíduos com escoliose, com idade igual ou inferior a 18 anos;
concluindo que a técnica promoveu significantes benefícios na flexibilidade, na
expansibilidade torácica e, principalmente, na redução da angulação da escoliose e da lordose
lombar.
Provavelmente, a técnica do Isostretching proporciona analgesia decorrente ao ganho
de flexibilidade e alongamento, como ocorreu no presente estudo, o que auxilia na correção
da postura, levando à diminuição da dor.
O ganho do alinhamento postural foi observado com o aumento da simetria onde os
participantes do estudo uma média 33% apresentaram simetria de crista ilíaca, após
reabilitação 100% apresentaram simetria de crista ilíaca, assim ocorreu com simetria de
escapulas onde 50% apresentaram simetria, evoluindo para uma simetria de 100% dos
participantes após tratamento. 100% dos participantes apresentaram anteriorização de cabeça,
após tratamento houve uma evolução para 33% na média apresentou anteriorização de cabeça,
a simetria de ombro estava presente em 33% dos voluntários, após tratamento á média foi de
83% com simetria de ombro.
Contri, Petrucelli & Perea (2009) verificaram a incidência dos desvios posturais mais
comuns, foram analisadas 465 fichas de avaliação postural de crianças com idade entre 7 e 12
anos, sendo 205 fichas do sexo masculino e 260 fichas do sexo feminino. Constataram que
73% dos meninos e 71% das meninas apresentaram assimetria de ombro; 23% dos meninos e
27% das meninas, alterações da coluna torácica; 35% dos meninos e 28% das meninas,
desvios relacionados à coluna lombar; 9% dos meninos e 8% das meninas, assimetria das
cristas ilíacas e 16% dos meninos e 12% das meninas, presença de gibosidades. Os autores
concluíram que o meio escolar tem grande influência nas alterações posturais das crianças.
Como descrito nos resultados, com a técnica do Isostretching foi possível reverter à
assimetria de crista ilíaca e a anteriorização de cabeça. O mesmo efeito não foi visto no
trabalho realizado por Lunes et al. (2010), que analisaram a eficácia do Método Klapp no
tratamento das escolioses com dezesseis indivíduos com média de 15±2,61 anos, portadores
de escoliose idiopática, e constataram que o método foi eficaz para tratar as assimetrias de
tronco e a flexibilidade; porém não foi eficaz para assimetrias da pelve, modificações da
posição da cabeça, da lordose cervical e cifose torácica.
Podemos concluir com os dados citados a cima que o Isostretching promove um
aumento da ADM e flexibilidade. Segundo Redondo (2001), descreve que o Isostretching,
técnica de ginástica postural baseada, nos conceitos das cadeias musculares, oferece
suficientes contrações e tensões musculares para limitar os movimentos compensatórios,
ocorrendo, simultaneamente, fortalecimento e alongamento muscular.
Os autores OLIVERAS; SOUZA, 2004 relatam que as posturas realizadas com a
técnica do Isostretching, fossem simétricas ou assimétricas, são estimuladas contrações
isométricas dos músculos quadríceps, abdominais e glúteos; depressão escapular; retificação
das curvaturas fisiológicas e não-fisiológicas da coluna vertebral; além de autocrescimento,
enfatizando-se o alongamento das cadeias musculares encurtadas. Já os autores Sanglard;
Pereira (2005) explicam que com o ganho de alongamento das cadeias musculares encurtadas
melhora-se a mobilização articular, tonifica-se a musculatura, desenvolve-se a tomada da
consciência postural e a capacidade respiratória, resultando, assim, em equilíbrio corpóreo.
Bonorino; Borin; Silva, (2007) trabalharam com a técnica Isostretching e o uso de bola
suíça para paciente portadora de escoliose idiopática, após o tratamento verificou-se melhora
do padrão postural, diminuição da dor e diminuição das retrações musculares. A melhora do
padrão postural também foi detectada no estudo realizado por Oliveira; Souza (2004), os
mesmos avaliaram 676 alunos, destes foram selecionados 2 meninos e 4 meninas com
provável escoliose estrutural idiopáticas,alunos cuja média de idade foi de 12,17 anos. A
técnica aplicada para escoliose foi Isostretching e manipulações osteopáticas. O resultado do
trabalho mostrou que as técnicas são eficazes, pois houve redução e estabilização no grau da
curvatura escoliótica, além de proporcionar melhora no padrão postural.
Segundo Sampaio (2005), a postura humana é dinâmica e depende da contração e do
relaxamento de uma série de músculos. Quando a criança precisa “buscar o ar” para facilitar o
trajeto não fisiológico, da boca para os pulmões. Isto poderá gerar um conjunto de
compensações, flexões e extensões de músculos que vão alterar toda relação de equilíbrio do
individuo. Os autores MIRAMAND; YVAN (2001) relatam que o tempo forte respiratório é a
expiração, suas razões para isto são; primeiramente mecânica, pois a inspiração no nível
torácico e, por repercussão, em todos os mm. Paravertebrais traduz-se por uma extensão
segmentária. Além disso, todos os músculos inspiratórios são lordosantes. A parte Fisiológica
fica em segundo lugar, pois sobre a expiração que há uma relativa eutonia dos músculos
paravertebrais.
Barbott (1988), devido à rigidez segmentar em extensão, o sistema bipodal se torna
instável. No presente estudo, verificamos esta instabilidade através do podoscopio onde as
alterações encontradas foram na descarga de peso apresentando uma média de 50% em médio
pé na (AI), evoluindo para 67% desta descarga de peso em médio pé na (AF). Em artelhos a
descarga de peso era de 67% (AI) e após tratamento 100% dos participantes passaram a
apresentar a descarga de peso nessa região na (AF).
As alterações no apoio plantar observadas pelo podoscopio encontram dificuldades ao
serem comparadas com outros trabalhos. Pois, os diferentes sistemas usados para a análise da
distribuição de pressão plantar e força de reação do solo, e os diferentes métodos para
classificação dos sujeitos nos padrões, dificultam a comparação dos resultados com outros
estudos (MANFIO, 2001).
No presente estudo foi realizado o teste manobra de Adam onde o mesmo é muito
utilizado para detectar gibosidade, pois se trata de um teste clássico, descrito em 1865
(ROCHA 2001). Neste estudo foi verificada na avaliação inicial, a presença de gibosidade
através do teste de Adam, o mesmo foi positivo em todos os participantes (100%); na AF
estava presente em apenas 33,3% dos presentes (2).
Santos (2001) relata que quando se trata de escoliose ocorre uma rotação das
vértebras, detectada pela presença de gibosidade. Ferreira et al. 2010, avaliaram o
alinhamento no plano sagital, da coluna de indivíduos com gibosidade, comparando com um
grupo sem alterações. Concluiu que a presença da gibosidade tem relação com as curvaturas
no plano sagital.
É fundamental tratarmos da escoliose no período de crescimento para que não ocorra
progresso da patologia com isto alterações e complicações que serão corrigidas apenas com
cirurgias, o que nos promove um transtorno desnecessário.
Redondo (2001) descreve que o método Isostretching, a essência de sua ação irá
ocorrer no nível da sustentação corporal através de um reforço da musculatura profunda, da
flexibilidade muscular e da mobilidade articular, do controle respiratório e da concentração
mental. O autor ainda acrescenta que esse método proporciona a manutenção e o controle do
corpo no espaço, e é suficientemente completo para flexibilizar as partes rígidas e fortalecer
as debilitadas, solicitando o máximo de comandos musculares induzindo ao cérebro a
percepção das posturas corretas, assegurando ainda o controle da respiração e participação
ativa do indivíduo. Contri; Petrucelli; Perea (2009) relatam que a postura é uma relação
dinâmica em que as partes do corpo, principalmente as do sistema músculo-esquelético,
adaptam-se em resposta a estímulos recebidos. Considera-se uma boa postura quando ocorre
equilíbrio músculo-esquelético, protegendo as estruturas de sustentação do corpo em relação a
lesões ou deformidades progressivas.
Notou-se uma tendência de estudos que avaliam a eficácia do uso de outras técnicas de
fisioterapia no tratamento de escoliose idiopática. Poucos trabalhos se detêm a estudar o uso
unicamente da técnica de Isostretching na escoliose. Em virtude das diferenças metodológicas
e dos resultados diversos na literatura consultada, são necessários novos trabalhos que
estudem a resposta da escoliose quando submetida a este protocolo de tratamento. Desta
forma, há necessidade de que estudos mais aprofundados sobre o tema sejam desenvolvidos,
para que se possa aproveitar ainda mais desta técnica de tratamento.
6. CONCLUSÃO
Com a realização deste estudo, pode-se concluir que:
- Houve melhora do alinhamento postural e da flexibilidade em todos os participantes,
verificado na avaliação fotográfica e nos testes de shober e medida do 3º dedo-solo.
- Houve melhora da amplitude de movimento, melhora do quadro álgico em todos os
participantes após a intervenção da técnica.
- O protocolo de atendimento foi elaborado e aplicado com boa aceitação por parte dos
sujeitos, visto que todos os parâmetros avaliados, apresentaram algum grau de melhora.
- Os resultados obtidos neste estudo coincidem com os relatos encontrados na literatura.
7. CONSIDERAÇÕES FINAIS
O projeto superou as expectativas em relação à reabilitação da escoliose com a técnica
Isostretching; houve melhora do padrão postural, ganho de flexibilidade, ADM, diminuição
do quadro álgico e melhora da propriocepção. Foi possível realizar o tratamento em grupo e a
interação entre os participantes, os motivou a não faltar. Foi criado um vínculo muito
importante durante o projeto, sendo que os pais em todo tempo demonstraram confiança e
satisfação com o tratamento fisioterapêutico.
Quando se trata de escoliose é importante avaliar o ângulo de cobb, o que fazia parte
dos objetivos iniciais deste estudo. Entretanto, devido ao custo para realização do Rx, os
pacientes da rede pública de saúde foram encaminhados com o diagnóstico de escoliose
apenas pelo exame clínico médico, sem comprovação radiológica. Essa prática não era do
conhecimento dos pesquisadores deste estudo. Quando os pacientes chegaram para participar
da pesquisa, sem o Rx, foi feita uma tentativa de realizá-los no Hospital Universitário da USF.
Entretanto, houve muita resistência em aceitar esses pedidos, mesmo em se tratando de um
projeto de pesquisa já em andamento e, portanto, com certa urgência. Todo esse contexto
impossibilitou a utilização dessa importante medida neste trabalho.
Conclui-se que infelizmente, a realização de pesquisa é, muitas vezs, prejudicada pela
falta de condições sócio-econômicas da população e da falta de recursos e burocracia do
sistema público de saúde.
Todos os participantes desse projeto, não podem freqüentar a CEF da USF, por estudarem
no período matutino. Portanto, foram encaminhados ao centro de fisioterapia localizado no
bairro Santa Terezinha, onde darão continuidade com a reabilitação da escoliose, com a
fisioterapeuta da prefeitura de Bragança Paulista, que participou deste estudo.
Em relação ao tema deste trabalho de pesquisa, considera-se que é necessária a
realização de mais estudos, com casuística maior, mais tempo de tratamento e comparação
com outras abordagens terapêuticas, além de ajustes no protocolo de atendimento. Isso
possibilitará a ampliação do conhecimento dos efeitos e dos mecanismos terapêuticos dessa
abordagem, promovendo a prática baseada em evidências, que a fisioterapia, como ciência,
ainda está iniciando.
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ANEXO I
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
Eu_____________________________________________,RG________________,
responsável por _________________________________ Idade:______________, Endereço:
__________________________________________________________declaro que é de livre
e espontânea vontade que concordo em participar como voluntário dessa pesquisa, de
responsabilidade do pesquisador Profª Carolina Camargo de Oliveira. Assim estou ciente que:
I. O objetivo desta pesquisa será avaliar a evolução do alinhamento postural após
aplicação da técnica Isostretching em adolescentes e escolares com escoliose
idiopática diagnosticada, não trazendo nenhum risco em participar da pesquisa.
II. Não será administrado nenhum tipo de medicamento.
III. O paciente ou responsável pelo trabalho, não terá acesso ao projeto.
IV. Os resultados obtidos serão mantidos em sigilo, não ocasionando exposição e/ou
publicação do nome do paciente.
V. O responsável pelo paciente poderá contactar o Comitê de Ética em Pesquisa da
Universidade São Francisco para apresentar recursos e reclamações em relação ao
estudo (fone 11-4034-8028); ou os responsáveis pelo estudo, com a Profª Carolina
Camargo de Oliveira (fone: 11-2454-8236 / 8132)
VI. Obtive todas as informações necessárias para poder decidir conscientemente sobre
a participação neste estudo e estar livre para interromper minha participação na
pesquisa a qualquer momento.
VII. O TCLE será impresso em duas vias, sendo uma para os pesquisadores e outra
para o voluntário.
,Bragança Paulista, ____ de _______________ de 2009.
Voluntário:
Nome e assinatura do responsável
_________________________________________________________________________
Nome e assinatura do responsável
Profª Carolina Camargo de Oliveira
ANEXO II
UNIVERSIDADE SÃO FRANCISCO
CURSO DE FISIOTERAPIA
Ficha de Avaliação
Nome Data:
Idade: DN:
Endereço:
Cidade:
Condução:
Filiação:
Telefone:
Anamnese:
1.Flexibilidade:
1.1 Goniometria do Tronco:
•Extensão
•Flexão
•Inclinação D
•Inclinação E
1.2 Schober:
1.3 Medida do 3° dedo ao chão:
2.Avaliação Postural:
•Vista anterior
•Vista posterior
•Vista lateral
3.Adams:
4.Escala analógica de dor 0 á 10 ( EVA):
Fonte: WWW.google.com.br
5.Podoscópio:
5.1. Pé cavo
5.2. Pé plano
5.3. Pé adequado
4.Descarga de peso em artelhos
•Descarga de peso parcial ( )
•Descarga de peso Total ( )
•Não apresenta descarga de peso ( ).
ANEXO III
Tabela 6. Avaliação no podoscópio
A tabela indica os tipos de pés dos sujeitos avaliados no podoscópio e suas descargas
de peso pré e pós intervenção. Sendo que dos 6 sujeitos avaliados 3 apresentaram pé cavo e 3
apresentaram pé alinhado, Todos os sujeitos na pré intervenção e pós intervenção
apresentaram descarga de peso em ante pé e em retro pé, 3 dos sujeitos na pré intervenção
apresentaram descarga de peso em médio pé e na pós intervenção 4, na pré intervenção 4 dos
sujeitos apresentaram descarga de peso total em artelhos e na pós intervenção todos os
sujeitos apresentaram descarga de peso total em artelhos.
IDENTIFICAÇÃO
DESCARGA DE PESO
TIPO DE PÉ
ANTE PÉ
PRÉ PÓS
RETRO PÉ
PRÉ PÓS
MÉDIO PÉ
PRÉ PÓS
ARTELHO TOTAL
PRÉ PÓS
1
CAVO
SIM
SIM
SIM
SIM
NÃO
NÃO
NÃO
SIM
2 ALINHADO SIM SIM SIM SIM SIM SIM SIM SIM
3 ALINHADO SIM SIM SIM SIM SIM SIM SIM SIM
4 ALINHADO SIM SIM SIM SIM SIM SIM SIM SIM
5 CAVO SIM SIM SIM SIM NÃO NÃO NÃO SIM
6 CAVO SIM SIM SIM SIM NÃO SIM SIM SIM
ANEXO IV
Fotos da avaliação postural inicial (AI) e avaliação postural final (AF).
Foto 1: AI – Vista lateral Foto 2: AF - Vista lateral
Foto 3: AI – Vista lateral Foto 4: AF – Vista lateral
Foto 5: AI – Vista lateral Foto 6: AF – Vista lateral
Foto 7: AI - Vista lateral Foto 8: AF – Vista lateral
Foto 9: AI – Vista lateral Foto 10: AF – Vista lateral
Foto 11: AI – Vista lateral Foto 12: AF – Vista lateral
ANEXO V
ANEXOVI
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