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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA COLÉGIO POLITÉCNICO DA UFSM
CURSO TECNOLOGIA EM GEOPROCESSAMENTO
USO DA FERRAMENTA SIG NA FISCALIZAÇÃO
AMBIENTAL E SOCIOPATRIMONIAL EM USINAS
HIDRELÉTRICAS
RELATÓRIO DE ESTÁGIO
Leonardo Domingues
Santa Maria, RS, Brasil 2015
1
USO DA FERRAMENTA SIG NA FISCALIZAÇÃO
AMBIENTAL E SOCIOPATRIMONIAL EM USINAS
HIDRELÉTRICAS
Leonardo Domingues
Relatório de Estágio apresentado ao Curso Superior de Tecnologia em Geoprocessamento do Colégio Politécnico da UFSM, como requisito
parcial para a obtenção do grau de Tecnólogo em Geoprocessamento
Orientador: Prof. Elodio Sebem
Santa Maria, RS, Brasil
2015
2
Universidade Federal de Santa Maria Colégio Politécnico da UFSM
Curso Tecnologia em Geoprocessamento
A Comissão Examinadora, abaixo assinada, aprova o Relatório de Estágio
USO DA FERRAMENTA SIG NA FISCALIZAÇÃO AMBIENTAL E
SOCIOPATRIMONIAL EM USINAS HIDRELÉTRICAS
Elaborado por Leonardo Domingues
Como requisito parcial para a obtenção do grau de Tecnólogo em Geoprocessamento
COMISSÃO EXAMINADORA
Elodio Sebem, Dr. (Presidente/Orientador do Estágio)
Alessandro Miola, Dr. (UFSM)
Santa Maria, 03 de Julho de 2015
3
Universidade Federal De Santa Maria Colégio Politécnico Da UFSM
Curso Tecnologia em Geoprocessamento
USO DA FERRAMENTA SIG NA FISCALIZAÇÃO AMBIENTAL E
SOCIOPATRIMONIAL EM USINAS HIDRELÉTRICAS
Relatório de Estágio realizado na Lago Azul Consultoria LTDA
Elaborado por Leonardo Domingues
Como requisito parcial para a obtenção do grau de Tecnólogo em Geoprocessamento
COMISSÃO EXAMINADORA
Elodio Sebem, Dr. (Presidente/Orientador do Estágio)
Silvia Ane Dalmolin Tecg. Geoproc. (Lago Azul Consultoria)
Leonardo Domingues (Estagiário)
Santa Maria, 03 de Julho de 2015
4
RESUMO
Relatório de Estágio
Colégio Politécnico da UFSM Universidade Federal de Santa Maria
USO DA FERRAMENTA SIG NA FISCALIZAÇÃO AMBIENTAL E
SOCIOPATRIMONIAL EM USINAS HIDRELÉTRICAS
AUTOR: LEONARDO DOMINGUES
ORIENTADOR: ELODIO SEBEM Santa Maria, 03 de julho de 2015
O estágio supervisionado, com duração de 300 horas, como requisito parcial para a formação no curso Tecnólogo em Geoprocessamento do Colégio Politécnico da UFSM, foi desenvolvido na empresa Lago Azul Consultoria no município de Itá/SC e teve como objetivo utilizar ferramentas de SIG (Sistema de Informações Geográficas) como suporte nas atividades de Fiscalização Ambiental e Sociopatrimonial e no monitoramento de macrófitas aquáticas nos reservatórios de usinas hidrelétricas, além de acompanhar as atividades a campo com as equipes responsáveis. Durante o estágio foram utilizadas ferramentas de geoprocessamento e de Sistema de Informações Geográficas, e como resultado, obteve-se a geração de mapas temáticos ligados a bancos de dados que se mostrou imprescindível para o planejamento das atividade e tomada de decisões.
Palavras-chave: Sistema de Informações Geográficas. Fiscalização Ambiental. Monitoramento Ambiental.
5
ABSTRACT
Internship Report Polytechnic College of UFSM
Federal University of Santa Maria
SIG TOOLS APPLIED FOR MONITORING SOCIO-WEALTH IN
HYDROELETRIC RESERVOIS
INTERN: LEONARDO DOMINGUES MENTOR: ELODIO SEBEM Santa Maria, 03 July 2015
The supervised 300 hours internship, as a partial requirement for graduating in Geoprocessing Technologist in the Polytechnic College of UFSM, was conducted in “Lago Azul Consulting Company” in the city of ITA/SC and aimed to use GIS (Geographic Information System) tools in support of environmental and socio-wealth inspection activities and aquatic macrophytes monitoring in hydroelectric reservoirs, in addition to accompanying field research with the responsible teams. During the internship were used Geoprocessing and Geographic Information System tools, and as a result, we obtained the creation of thematic maps linked to databases that proved to be essential for the planning of activities and decision-making.
Key-words: Geographic Information System. Inspection. Environmental Monitoring.
6
LISTA DE FIGURAS Figura 1 - Mapa de localização do reservatório da Usina Hidrelétrica Itá. ......... 20
Figura 2 - Mapa de localização do reservatório da Usina Hidrelétrica Estreito. 21
Figura 3 - Croqui enviado pelos técnicos da UHEST. .......................................... 22
Figura 4 - Croqui modificado pelo estagiário. ...................................................... 23
Figura 5 - Equipamentos de proteção individual. ................................................. 24
Figura 6 - Banco de dados Usina hidrelétrica Estreito no Arcgis 10.1. .............. 25
Figura 7 - Banco de dados Usina Hidrelétrica Estreito Access. ......................... 26
Figura 8 - Conversa com lindeiro infrator sobre notificação extrajudicial. ........ 28
Figura 9 - Usina Hidrelétrica Itá – SC Trecho 1. .................................................... 29
Figura 10 - Usina Hidrelétrica Itá – SC Trecho 2. .................................................. 30
Figura 11 - Usina Hidrelétrica Itá – SC Trecho 3. .................................................. 31
Figura 12 - Roçada em APP. ................................................................................... 32
Figura 13 - Supressão vegetal em APP. ................................................................ 32
Figura 14 - Trapiche irregular. ................................................................................ 33
Figura 15 - Gado em APP. ....................................................................................... 33
Figura 16 - Fluxograma com as rotinas da FASP. ................................................ 34
Figura 17 - Ponto de monitoramento de talude. ................................................... 35
Figura 18 - Ponto de monitoramento de talude. ................................................... 36
Figura 19 – Vistoria no Logboom (cabo de contenção antes da barragem). ..... 37
Figura 20 - Manutenção de cercas pela Central de Manutenção. ....................... 38
Figura 21 - Ripões que precisam de manutenção. ............................................... 38
Figura 22 - Plantio e coroamento de mudas com a Central de Manutenção. ..... 39
Figura 23 - Amostra de Salvinia Spp no reservatório de Itá. ............................... 41
Figura 24 - Monitoramento de macrófitas aquáticas no reservatório de Itá. ..... 41
Figura 25 - Registro de Salvinia Spp. .................................................................... 42
7
SUMARIO 1 INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 8 1.1 JUSTIFICATIVA ......................................................................................................... 8
1.2 APRESENTAÇÃO DA EMPRESA .................................................................................. 8
1.3 OBJETIVOS DO ESTÁGIO ........................................................................................... 9
1.3.1 OBJETIVO GERAL .................................................................................................. 9
1.3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ....................................................................................... 9
2 REVISÃO DE LITERATURA ................................................................................. 10 2.1 BACIA DO RIO URUGUAI .......................................................................................... 10
2.2 DESENVOLVIMENTO ELÉTRICO NO BRASIL................................................................ 10
2.3 IMPACTOS DO DESENVOLVIMENTO ........................................................................... 11
2.4 BENEFÍCIOS DA CONSTRUÇÃO DA HIDRELÉTRICA ITÁ ................................................ 12
2.4.1 RELOCAÇÃO DE NÚCLEOS DE APOIO A POPULAÇÃO ................................................ 12
2.4.2 RELOCAÇÃO DA CIDADE DE ITÁ ............................................................................. 13
2.4.3 MONITORAMENTO DO REMANEJAMENTO DA POPULAÇÃO ......................................... 13
2.4.4 FOMENTO DAS ATIVIDADES AGROPECUÁRIAS ......................................................... 14
2.4.5 RECOMPOSIÇÃO E MELHORIA DOS SISTEMAS DE INFRA-ESTRUTURA ......................... 14
2.4.6 RECOMPOSIÇÃO E ADEQUAÇÃO DO SISTEMA DE SAÚDE........................................... 14
2.4.7 RECOMPOSIÇÃO E MELHORIA DOS SERVIÇOS DE EDUCAÇÃO ................................... 15
2.4.8 APOIO AOS MUNICÍPIOS ATINGIDOS ....................................................................... 15
2.4.9 FORMAÇÃO DE MÃO DE OBRA ............................................................................... 15
2.4.10 ATIVIDADES PRÁTICAS DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL ................................................. 16
2.5 UTILIZAÇÕES DO SIG COMO FERRAMENTA ............................................................... 17
3 METODOLOGIA .................................................................................................... 19 3.1 ÁREA DE ESTUDO ................................................................................................... 19
3.2 MATERIAIS E MÉTODOS........................................................................................... 21
4 APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DAS ATIVIDADES REALIZADAS DURANTE O ESTÁGIO .............................................................................................................. 25 4.1 MANUTENÇÃO DE BANCO DE DADOS ESPACIAL ......................................................... 25
4.2 FISCALIZAÇÃO AMBIENTAL E SOCIOPATRIMONIAL ..................................................... 26
4.3 CENTRAL DE MANUTENÇÃO .................................................................................... 36
4.4 MONITORAMENTO DE MACRÓFITAS AQUÁTICAS ....................................... 39 CONCLUSÃO ........................................................................................................... 43
1 INTRODUÇÃO
1.1 Justificativa
O estágio de conclusão do curso foi realizado na empresa Lago Azul
Consultoria, localizada no município de Itá, Santa Catarina, sob supervisão da
Tecnóloga em Geoprocessamento Silvia Ane Dalmolin e orientação do professor Dr.
Elodio Sebem durante o período de 16 de março a 12 de maio de 2015,
completando 300 horas.
O estágio foi, sem dúvida, a etapa mais importante durante o processo de
desenvolvimento e aprendizagem, pois nele foi possível vivenciar na prática os
conceitos obtidos durante a graduação, propiciando ampliar o conhecimento na área
de geoprocessamento.
1.2 Apresentação da Empresa
Comprometida com o desenvolvimento econômico e ambiental sustentável, a
Lago Azul Consultoria é uma empresa especializada na prestação de serviços
socioambientais, com ênfase em empreendimentos hidrelétricos.
Movida pelo espírito empreendedor, a Lago Azul foi fundada em 21 de
dezembro de 2000 e ao longo dos anos conquistou posição de destaque e
referência de qualidade em seu segmento.
A Lago Azul Consultoria conta com uma equipe técnica multidisciplinar, com
vasta experiência em sua área de atuação, oferecendo soluções econômicas, social
e ambientalmente sustentáveis conforme a LAGO AZUL CONSULTORIA (2015).
Abaixo estão as soluções oferecidas pela empresa.
Gestão e operação de viveiros florestais;
Levantamento e classificação de tipologia vegetal;
Monitoramento de encostas e taludes marginais;
9
Gerenciamento e implantação de programas socioambientais;
Projeto de comunicação e relacionamento “Bons vizinhos”;
Restauração ambiental e recuperação de áreas degradadas;
Fiscalização Ambiental e Sociopatrimonial;
Educação ambiental;
Monitoramento, manejo e controle de macrófitas aquáticas.
1.3 Objetivos do Estágio
1.3.1 Objetivo Geral
- Apresentar as atividades realizadas durante o período de estágio, onde
utilizou-se ferramentas de SIG na fiscalização e monitoramento ambiental e
sociopatrimonial e no monitoramento de macrófitas aquáticas em usinas
hidrelétricas.
1.3.2 Objetivos Específicos
- Utilizar ferramentas de SIG na fiscalização ambiental e sociopatrimonial e no
monitoramento de macrófitas aquáticas em reservatórios de usinas hidrelétricas.
- Atualização de Banco de Dados.
- Auxilio no desenvolvimento de Banco de Dados.
- Acompanhamento das atividades de campo juntamente com a equipe de
Fiscalização Ambiental e Sociopatrimonial (FASP) e Central de Manutenção (CM).
- Acompanhamento dos monitoramentos de Macrófitas Aquáticas.
2 REVISÃO DE LITERATURA
2.1 Bacia do rio Uruguai
A região da bacia do rio Uruguai tem grande importância para o país, pois
nele são desenvolvidas atividades de potencial hidrelétrico e agroindustriais.
Segundo a Agencia Nacional de Aguas (ANA), a vazão média anual da Região
Hidrográfica do Uruguai é de 4.117 m³/s, que corresponde a 2,6% da disponibilidade
hídrica do país. A vazão específica média na região é bastante alta, 23,6 L/s/km²,
com valores variando entre 19,5 e 31,5 L/s/km².
Seu curso, com 2.200km2 de extensão, é dividido em três partes: alto rio Uruguai, onde se caracteriza por um forte gradiente topográfico, o que propicia alto potencial de geração hidrelétrica; médio rio Uruguai, assumindo a condição de fronteiriço. Economia local baseada em suinocultura e agricultura de soja e milho; e médio baixo rio Uruguai, que se desenvolve pela Campanha Gaúcha, com aproveitamento de suas águas para irrigação da rizicultura (CRAVO, J. et al., 2008)
Segundo Brasil das Águas, No contexto do uso múltiplo dos recursos hídricos,
a Região Hidrográfica do Uruguai apresenta um grande potencial hidrelétrico com
uma capacidade total, considerando os lados brasileiros e argentinos, de produção
de 40,5 KW/km², uma das maiores relações de energia/km² do mundo.
2.2 Desenvolvimento elétrico no Brasil
Com base na premissa de que a economia do Brasil depende, em grande
medida, do aproveitamento adequado do potencial de geração de energia elétrica
para sustentar o seu crescimento, pode-se afirmar que o Setor Elétrico Brasileiro -
SEB tem uma responsabilidade estratégica no desenvolvimento do país (FACURI,
2004). Seguindo a ideia de que o Brasil necessitava de uma expansão de seu
potencial elétrico, por ser um país privilegiado em potencial hidrelétrico, com o
11
passar dos anos começou a explorar este recurso, que hoje é a maior fonte de
energia do país.
Inúmeras usinas hidrelétricas foram construídas neste período, sob o
comando estatal e sob a condição de monopólio. Todo o processo de implantação
dessas usinas estava sob coordenação da Eletrobrás, por meio de suas subsidiárias
(Eletronorte, Chesf, Furnas e Eletrosul). As diversas bacias hidrográficas do país
começavam a sofrer as consequências da construção de barragens e formação de
vastos reservatórios (FACURI, 2004). Durante o período dos anos 70 e 80, não
havia muita preocupação com o meio ambiente, a sociedade estava mais
preocupada com o grande desenvolvimento que isso traria para o país.
2.3 Impactos do desenvolvimento
Os impactos de uma usina hidrelétrica sobre o meio ambiente, bem como os
efeitos do uso dos recursos naturais em suas áreas de influência, têm diversas
magnitudes e abrangências. Os elementos de projeto potencialmente causadores de
impacto ambiental ocorrem nas fases de planejamento, construção, enchimento do
reservatório, desativação do canteiro de obras e operação do empreendimento.
O marco regulatório jurídico da proteção ambiental ocorreu por meio da Lei nº
6.938, de 31 de agosto de 1981, que instituiu a Política Nacional do Meio Ambiente –
PNMA e o SISNAMA – Sistema Nacional de Meio Ambiente como órgão executor.
Passou-se a exigir, em nível nacional, o licenciamento ambiental e a Avaliação de
Impactos Ambientais - AIA para atividades efetivas ou potencialmente poluidoras ou
utilizadoras dos recursos ambientais, envolvendo tanto o poder público quanto a
iniciativa privada (FACURI, 2004).
12
2.4 Benefícios da construção da hidrelétrica Itá
Durante o desenvolvimento do Plano Diretor da Usina Hidrelétrica Itá, foram
criados juntamente, os Projetos Básicos Ambientais (PBA), esses são projetos que
trazem benefícios à população que foi afetada pela construção da barragem.
Nos anos de 1987 e 1988 a Eletrosul realizou o Cadastro Socioeconômico
(CSE) das famílias residentes nas propriedades que seriam atingidas pelo futuro
lago a ser formado pelo barramento da Usina Hidrelétrica Itá (UHE Itá) no rio
Uruguai. O Projeto Básico Ambiental (PBA) previa que as famílias remanejadas
fossem monitoradas, para que se tivesse uma noção sempre atualizada quanto à
situação socioeconômica e produtiva decorrente da nova situação em que se
encontravam, segundo o CONSORCIO ITÁ (2015).
Para isso foram criados 23 programas socioambientais segundo CDA (Centro
e Divulgação Ambiental) da Usina Hidrelétrica Itá, entre estes os programas que
auxiliaram no desenvolvimento econômico da população são:
Relocação de Núcleos de Apoio a População;
Relocação da cidade de Itá;
Monitoramento do remanejamento da população;
Fomento das atividades agropecuárias;
Recomposição e melhoria dos sistemas de Infra-Estrutura;
Recomposição e adequação do Sistema de Saúde;
Recomposição e Melhoria dos serviços de Educação;
Apoio aos municípios atingidos;
Formação de mão de obra;
Atividades Práticas de Educação Ambiental.
2.4.1 Relocação de núcleos de apoio a população
A relocação de Núcleos de Apoio à População está contida num trabalho
maior de Recomposição Físico-Territorial da região atingida pelo reservatório, onde
13
recompor não foi somente refazer o existente, mas atender à nova realidade,
resguardando as polarizações, no intuito de restabelecer o equilíbrio regional e
introduzir o conceito de melhoria na qualidade de vida das populações afetadas,
com a intenção de ressarcir, na forma de indenização social, aquelas perdas
irreversíveis que fatalmente ocorreram.
A recomposição de todo o território, compreendeu a relocação das cidades,
vilas, núcleos rurais e equipamentos isolados atingidos que, para manterem suas
funções preservadas, com um conceito de melhoria na qualidade de vida das
populações, tiveram seus equipamentos indiretamente atingidos ou readequados e
rearticulados de forma a propiciar a recomposição da região afetada pelo
empreendimento conforme o CDA (2015a).
2.4.2 Relocação da cidade de Itá
Segundo o CDA (2015b). Embora a construção da hidrelétrica só tenha
iniciado em 1996, já em 1980, com as notícias da inevitável inundação de Itá, as
autoridades municipais e as lideranças locais, preocupadas com o destino da
cidade, pressionaram o Governo Federal para mudá-la o mais rápido possível. Neste
sentido, em 1981 foram iniciados os estudos para a relocação de Itá pela equipe de
arquitetos da Empresa. Esses, somados a outros profissionais da empresa e a
consultores de diversas especialidades, constituíram uma equipe multidisciplinar que
definiu as diretrizes para a relocação, após a realização de pesquisas na velha
cidade e na região, visando conhecer a realidade local e envolver a população no
processo de relocação. Nova Itá começou a ser construída em 1983 e recebeu os
primeiros moradores em 1988.
2.4.3 Monitoramento do remanejamento da população
O processo de remanejamento da população atingida exigiu um
acompanhamento e uma avaliação das ações desencadeadas a partir da
14
implantação dos projetos. Para tanto, o Programa de Monitorização veio
acompanhando o desenvolvimento de todo o processo. Com seus principais
objetivos, a avaliação das alterações no quadro de vida da população, o
acompanhamento do processo de remanejamento da população e a avaliação da
eficiência e eficácia dos programas de remanejamento conforme o CDA (2015c).
2.4.4 Fomento das atividades agropecuárias
Buscar a compensação da produção agropecuária renunciada pelo
enchimento do reservatório, isto é, produzir mais, na área que não foi inundada, por
meio da melhoria da produtividade, diversificação da produção e busca de novas
alternativas econômicas dentro do setor primário, que permitirão, como
consequência, a fixação da população rural no espaço reorganizado e sua
viabilização socioeconômica. A metodologia utilizada foi, a assistência técnica e
capacitação dos demais agricultores, a educação ambiental informal por meio de
demonstração e difusão de técnicas para conservação dos recursos naturais e a
capacitação institucional local segundo o CDA (2015d).
2.4.5 Recomposição e melhoria dos sistemas de Infra-estrutura
Conforme descrito no CDA (2015e). Recompor e promover melhorias nos
sistemas viários, de eletrificação, telefonia e abastecimento de água e esgotos na
área direta e indiretamente atingida.
2.4.6 Recomposição e adequação do sistema de saúde
Relocar e promover melhorias nos equipamentos de saúde, levando em
consideração o conjunto de equipamentos existentes na área de abrangência,
15
maximizando o nível de assistência em cada comunidade. Controlar também, de
forma sistemática, os agravos nos serviços de saúde gerados pela construção do
empreendimento na região segundo o CDA (2015f).
2.4.7 Recomposição e melhoria dos serviços de educação
Conforme descrito no CDA (2015g). Recomposição dos serviços de ensino,
em sintonia com as administrações municipais e estaduais e as suas diretrizes de
atendimento escolar, relocando as escolas atingidas que continuaram necessárias,
com melhorias das instalações físicas, sempre tendo em vista a rede regional de
ensino.
2.4.8 Apoio aos municípios atingidos
A implantação de um empreendimento do porte da UHE Itá traz impactos
bastante variados, só passíveis de minimização através de estudos e projetos
específicos. Este programa objetiva a promoção de intervenções complementares
nos municípios atingidos, buscando minimizar os impactos negativos da implantação
do empreendimento, bem como o desenvolvimento de articulações com as parcerias
institucionais que forem necessárias para a viabilização das intervenções
concebidas em parceria. A partir deste programa foram viabilizadas melhorias no
sistema viário, de saúde e de educação dos municípios conforme descrito no CDA
(2015h).
2.4.9 Formação de mão de obra
Segundo o CDA (2015i). A formação e aperfeiçoamento de mão-de-obra
objetivando suprir as possíveis demandas de trabalho do mercado regional e local,
16
incluindo-se as necessidades de qualificação profissional geradas pelas obras de
construção da UHE Itá. Outro projeto foi a qualificação da população atraída visando
proporcionar-lhe condições de integração no mercado de trabalho local e regional
durante as obras da UHE Itá e após a sua conclusão. Para isso foram ministrados
diversos cursos, dentre eles, informática, curso de secretária, telefonista, paisagismo
e jardinagem, cozinha industrial, marketing de vendas, corte e costura e hotelaria e
serviços.
2.4.10 Atividades práticas de educação ambiental
Este Projeto pretende estimular e incentivar o desenvolvimento de atividades
práticas de Educação Ambiental na Estação Ecológica Estadual Barra dos
Queimados, no Parque Municipal Teixeira Soares e demais locais da região onde
estiver presente a preocupação com o desenvolvimento de tecnologias alternativas
para o uso sustentado dos seus recursos naturais. Também tem, portanto, caráter
permanente e objetiva a conscientização da população local sobre a importância dos
processos ecológicos na manutenção do equilíbrio ambiental, através do
desenvolvimento de atividades práticas em ecologia com alunos das escolas
regionais, para o conhecimento dos elementos da flora e fauna regional mediante
observações “in loco” conforme descrito no CDA (2015j).
Segundo o Plano Diretor da Usina Hidrelétrica Itá (2015). Dentro deste
contexto, os técnicos da empresa, responsáveis pelo seu detalhamento no Projeto
Básico Ambiental (PBA), tiveram um relevante papel no sentido de tornar o mais
abrangente possível as ações compensatórias aos impactos da construção da usina.
17
2.5 Utilizações do SIG como ferramenta
Com o grande avanço da tecnologia, surgiu uma ferramenta que poderia ser
utilizada tanto na fiscalização ambiental dos órgãos quanto na organização e
planejamento das usinas hidrelétricas, a cartografia digital, a qual auxilia através da
integração dos dados espaciais de diferentes fontes e a ligação destes com um
banco de dados, através de um Sistema de Informação Geográfica (SIG).
SIGs são softwares que permitem além do armazenamento, o processamento e gerenciamento de dados espacializados e de processos e fenômenos que ocorrem no espaço. Tais dados e processos podem ser utilizados de diversas maneiras através de consultas, visualização e análises, gerando produtos como tabelas e gráficos, assim como mapas e outros produtos (Becker, 2002) Worboys (1995), O modelo é a representação abstrata e simplificada de um sistema real, com o qual se pode explicar ou testar o seu comportamento, em seu todo ou em parte. A observação e manipulação de um modelo buscam satisfazer as necessidades de conhecimento e de conceituação do mundo real. O modelo não é o objeto real, mas algo que o representa, com maior ou menor fidelidade.
Apesar de ser uma representação muitas vezes abstrata, pois na maioria das
vezes depende de uma visita a campo, a imagem de satélite pode auxiliar de
diversas formas, uma delas é na identificação de uma propriedade, utilização de
imagens temporais para o controle do desmatamento nas Área de Preservação
Permanente (APP), assoreamento do lago e pode ser utilizado também para
acompanhar a recuperação das APP, entre outras atividades.
Um diagnóstico, para a criação de um SIG, não deve apenas se embasar em estudo documental, deve ser fruto da interação direta do pesquisador com todo o ambiente do usuário, pois quanto maior este relacionamento e o conhecimento das demandas, maior o sucesso na modelagem do sistema de informação (DEPARTMENTOFLIBRAY, 1988).
Outra atividade em que o SIG auxilia no reservatório é no monitoramento de
macrófitas aquáticas. As macrófitas aquáticas são vegetais amplamente distribuídos
em diversos ecossistemas do planeta. Nos ambientes em que ocorrem apresentam
muitas vezes grande importância pois exercem papel fundamental na ciclagem de
nutrientes e na produtividade primária (BIANCHINI JR. ET AL., 2002; THOMAZ &
CUNHA, 2010). Também contribuem com uma maior diversidade de espécies de
18
animais e grande quantidade de nichos ecológicos uma vez que podem tanto servir
de abrigo quanto fonte de alimentação de uma grande variedade de organismos.
Porém o crescimento excessivo dessa espécie de planta pode causar
eutrofização no reservatório, por isso da importância de seu monitoramento. Além
disso, compreender os mecanismos que atuam nesta distribuição espacial pode
servir como ferramenta em ações de monitoramento e controle das macrófitas
aquáticas, pois a proliferação indesejada destes vegetais acarreta em prejuízos às
atividades de recreação, a navegação e geração de energia elétrica (MITCHELL ET
AL., 1980).
3 METODOLOGIA
3.1 Área de estudo
O estágio foi realizado na cidade de Itá (SC). O município conta com uma
população de 6383 habitantes, uma área de 165,838 km², situado a 507 metros de
altitude (IBGE, 2014).
O município de Itá foi totalmente planejado, já que a antiga cidade foi alagada
pelo reservatório. São atrativos do município de Itá o belíssimo paisagismo
cuidadosamente implantado, seu grande potencial para turismo ecológico e cultural.
As atividades foram realizados na Usina Hidrelétrica Itá localizada na bacia do
rio Uruguai, na divisa dos estados do Rio Grande do Sul e Santa Catarina, entre os
municípios de Aratiba e Itá, abrangendo uma área de aproximadamente 141 Km² e
perímetro total de 760 km. Esta envolve onze municípios, sendo sete em Santa
Catarina: Itá, Arabutã, Concordia, Alto Belo Vista, Ipira, Peritiba e Perituba; e quatro
no Rio Grande do Sul: Aratiba, Mariano Moro, Severiano de Almeida e Marcelino
Ramos.
A Usina Hidrelétrica Itá (figura 1) possui capacidade instalada de 1450 MW, o
que evidencia o excelente potencial hidrelétrico da bacia. As estruturas de
vertimento são compostas por dois vertedouros de superfície de ogiva baixa e
controladas por comportas, com 49 940 m³/s de capacidade total. O vertedouro
principal, conta com seis comportas, localizadas na ombreira direita da barragem,
enquanto o vertedouro auxiliar, com quatro comportas, na margem esquerda sobre
os túneis de desvio superiores.
20
Figura 1 - Mapa de localização do reservatório da Usina Hidrelétrica Itá.
Fonte: Autor.
Foi prestado também um auxilio nas atividades da Usina Hidrelétrica Estreito
– MA, onde foi realizada atualização cadastral do banco de dados de macrófitas
aquáticas do reservatório e a criação de croquis de localização.
O município de Estreito – MA conta com uma população de 35.835
habitantes, possui uma área de 2.719 km², está em uma altitude de 153 metros. O
nome Estreito é uma alusão a parte mais estreita do rio Tocantins, onde se
encontram construídas duas pontes, que unem os estados de Tocantins e
Maranhão, seu bioma é o cerrado.
A Usina Hidrelétrica Estreito (UHEST) foi iniciada em 2002, todo o trabalho foi
planejado e coordenado pelo Consorcio Estreito Energia (CESTE). Localizado no rio
Tocantins, o lago da Usina tem 555 km², e é do tipo fio d’agua, onde não existe
oscilação significativa no nível da água. A Usina (figura 2) conta com oito unidades
geradoras que, juntas, conferem uma capacidade nominal instalada de 1087 MW.
21
Figura 2 - Mapa de localização do reservatório da Usina Hidrelétrica Estreito.
Fonte: Autor.
Os mapas de localização foram produzidos durante o estágio, foi utilizado o
programa ArcGIS 10.1, onde foram utilizados os seguintes shapefiles: A bacia
hidrográfica do rio Uruguai, bacia hidrográfica do rio Tocantins, divisão dos
municípios do Brasil.
3.2 Materiais e métodos
Para subsidiar as atividades no estágio, foram fornecidos alguns shapefiles
juntamente com um banco de dados que seriam utilizados até o término do estágio.
Dentre os shapes repassados estão o, mosaico de imagens do reservatório de Itá e
mosaico de imagens do reservatório de Estreito, pontos de amostragem de
macrófitas nos reservatórios da Usina Hidrelétrica Itá (UHIT) e Usina Hidrelétrica
Estreito (UHEST).
22
Em um segundo momento foi realizado a manutenção do banco de dados do
monitoramento de macrófitas aquáticas da UHEST, utilizando o software ArcGIS, na
versão 10.1. Com atribuição do sistema de coordenadas geográficas no DATUM
SIRGAS2000.
O preenchimento do banco de dados foi realizado no software Arcgis 10.1,
onde já existia um histórico da base de dados dos pontos de monitoramento. Nos
pontos de monitoramento os técnicos da UHEST coletavam coordenados com GPS
de navegação nos locais onde eram realizadas os monitoramentos e assim geravam
um croqui ilustrativo do local (figura 3). Este era repassado para que fossem feitos
os ajustes (figura 4) e após inseridos no banco de dados.
Figura 3 - Croqui enviado pelos técnicos da UHEST.
Fonte Lago Azul Consultoria.
23
Figura 4 - Croqui modificado pelo estagiário.
Fonte: Autor.
Para a construção dos croquis foram utilizados os seguintes shapefiles: A
bacia hidrográfica do rio Tocantins, o mosaico de imagens do reservatório de
Estreito e os pontos de amostragem de macrófitas. Foi criado um shapefile com o
nome de macrófitas, onde foi realizado a vetorização das áreas de infestação, após
foi realizado uma classificação dividindo estas áreas em calha do rio, área inundada
e paliteiros.
Posteriormente foram realizadas as saídas a campo com a Fiscalização
Ambiental e Sociopatrimonial (FASP) e com a Central de Manutenção (CM) no
reservatório da Usina Hidrelétrica Itá (UHIT). Nas saídas a campo a empresa conta
com um veículo, um reboque, barco com motor, EPI’s (Equipamentos de Proteção
Individual), uma câmera fotográfica, um GPS de navegação e uma trena.
Draw by: Leonardo Domingues
Sistema de coordenadas
geográficas
Datum: SIRGAS 2000
24
Figura 5 - Equipamentos de proteção individual.
Fonte: Autor.
25
4 APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DAS ATIVIDADES
REALIZADAS DURANTE O ESTÁGIO
Nos próximos itens serão descritas as atividades que foram realizadas
durante o período de 16 de março a 12 de maio.
4.1 Manutenção de banco de dados espacial
A primeira atividade desenvolvida no estágio foi a atualização cadastral do
banco de dados do monitoramento de macrófitas aquáticas da Usina Estreito
(figuras 6 e 7).
Anteriormente ao preenchimento do banco de dados foi realizado um estudo
dos relatórios mensais da atividade de monitoramento para que houvesse maior
entendimento dos dados que estavam sendo preenchidos.
Abaixo pode-se visualizar a tabela de atributos no ArcGIS com as respectivas
informações, bem como a tabela no banco de dados.
Figura 6 - Banco de dados Usina hidrelétrica Estreito no Arcgis 10.1.
Fonte: Lago Azul Consultoria.
26
Figura 7 - Banco de dados Usina Hidrelétrica Estreito Access.
Fonte: Lago Azul Consultoria.
4.2 Fiscalização ambiental e Sociopatrimonial
A fiscalização Ambiental e Sociopatrimonial do reservatório da Usina
Hidrelétrica Itá objetiva atender à solicitação da Agencia Nacional de Energia
Elétrica – ANEEL, expressa à Tractebel Energia, por meio do Ofício n° 212, de 29 e
maio de 2001, que determina “as diversas concessionárias a execução de um Plano
de Gestão Sociopatrimonial do reservatório de usinas hidrelétricas, com a
preocupação de implantar um efetivo domínio sobre o patrimônio imobiliário
vinculado a estas hidrelétricas”. Além desse interesse especifico, a gestão do
patrimônio imobiliário inclui a formação de mecanismos para viabilizar os diversos
usos advindos da formação do reservatório.
Em agosto de 2002, a Usina Hidrelétrica Itá aderiu às instruções da ANEEL e
iniciou o trabalho de fiscalização ambiental e sociopatrimonial no entorno do
reservatório e nas áreas do empreendimento. Com base no Plano de Gestão
Ambiental e Sociopatrimonial e seu respectivo manual da UHIT, foram elaboradas
vistorias de rotina que contemplam as seguintes especificações: gestão ambiental e
monitoramento, usos do lago e de seu entorno, gestão patrimonial e atendimento a
denúncias da comunidade.
Para a realização das vistorias utilizam-se técnicas de geoprocessamento a
ferramenta de Sistemas de Informações Geográficas (SIG) no qual se agregaram
dados alfanuméricos aos dados vetoriais através de um sistema SIG online. A
utilização destas ferramentas permite identificar e relacionar os problemas e sugerir
27
ações corretivas necessárias com maior eficiência, permitindo a melhoria continua
da atividade de fiscalização.
Este sistema online possui todas as informações dos lindeiros do reservatório,
suas propriedades, irregularidades, assim como a compra e a venda de
propriedades. Esse banco de dados é ligado a uma imagem georreferenciada de
todo o reservatório, com a subdivisão de todas as propriedades. Sua interface é
semelhante a do ArcGIS, possui layers incluídos em seu sistema, mapa do
reservatório de Itá e seu entorno, incluindo as propriedades dos lindeiros, registros
de ocorrência dos antigos proprietários, cursos d’agua, APP e as áreas
remanescentes do entorno do lago.
Neste sistema o técnico consegue elaborar os registros de ocorrência
diretamente na propriedade do lindeiro, clicando em abertura de RO, escolhe-se o
local no mapa para criação e o próximo passo é o preenchimento das informações
necessárias. Algumas de suas vantagens são que o registro pode ser mantido
sempre atualizado em todas suas fases e é um sistema online e em tempo real
facilitando a transmissão de informações ao empreendedor.
O mesmo possui também ferramentas de busca e pesquisa, onde na
ferramenta buscar coordenada, disponibiliza a inserção de coordenadas em SAD ou
SIRGAS . A ferramenta de pesquisa utiliza critérios do proprietário ou do registro de
ocorrência, os resultados da pesquisa podem ser vistos no mapa ou apenas nas
descrições. Outra ferramenta que pode ser utilizada é a ferramenta de medição para
medir distancias e áreas.
Possui ainda a ferramenta de impressão, onde é escolhido o layout e a
extensão do arquivo a ser gerado. Este é um passo importante, pois a impressão
pode ser levada junto a campo para auxiliar na identificação do local.
As atividades de fiscalização podem se dar via fluvial ou terrestre a fim de
realizar vistorias de rotina ou ainda para vistoria por solicitação de demandas
(reclamações, denúncias e solicitações de vistorias a campo).
A maior parte das vistorias terrestres são para notificação de algum infrator,
verificação de alguma denúncia ou verificação do cumprimento da Notificação
Extrajudicial (Figura 8).
28
Figura 8 - Conversa com lindeiro infrator sobre notificação extrajudicial.
Fonte: Lago Azul Consultoria.
Devido a sua grande extensão o reservatório foi dividido em três trechos,
Trecho 1 (figura 9), Trecho 2 (figura 10) e Trecho 3 (figura 11).
O Trecho 1 compreende a área do canteiro de obras, áreas remanescentes,
área de preservação permanente dos municípios de Aratiba e parte do município de
Mariano Moro/RS, Itá, Concórdia e Arabutã/SC. Esse Trecho apresenta maior uso
antrópico com incidência no uso irregular das margens com pastagem, criação de
gado, supressão vegetal, jardinagem, trapiche, roçadas, queimadas, entre outros.
Nesse Trecho é intensificada a frequência da fiscalização.
29
Figura 9 - Usina Hidrelétrica Itá – SC Trecho 1.
Fonte: Autor.
O Trecho 2 compreende a área desde o final do Trecho 1, até a ponte da BR-
153. Abrange os municípios de Mariano Moro, Severiano de Almeida e parte do
município de Marcelino Ramos/RS. Na margem direita do reservatório, abrange o
município de Concórdia/SC. Região com poucas ocorrências por possuir maior
cobertura vegetal, poucos acessos e relevo acidentado. As ocupações mais
frequentes são por gado e pequenas lavouras.
30
Figura 10 - Usina Hidrelétrica Itá – SC Trecho 2.
Fonte: Autor.
O Trecho 3 compreende o Trecho a partir da BR-153, o rio Rancho Grande, o
rio do Peixe, até o final do reservatório. Nesse Trecho a ocupação é intensa nas
imediações da ponte da BR-153, pela facilidade de acesso ao reservatório, tornando
o uso turístico dessa região muito atraente, o que gera reflexos sobre o uso e
ocupação do entorno. Por ser uma região agrícola e por possuir cobertura vegetal,
observa-se incidência de ocupação da APP com gado. No restante do Trecho, há
poucas ocorrências no uso irregular das margens.
31
Figura 11 - Usina Hidrelétrica Itá – SC Trecho 3.
Fonte: Autor.
Na vistoria fluvial, é utilizado um barco com motor para o deslocamento. São
encontradas muitas áreas onde os lindeiros desrespeitam a APP, roçando (figura
12), fazendo supressão vegetal (figura 13), construindo trapiches irregulares (figura
14), ou até permitindo o pastejo do gado nestes locais (figura 15).
Os mapas de localização dos trechos foram produzidos utilizado o programa
ArcGIS 10.1, onde foram utilizados os seguintes shapefiles: A bacia hidrográfica do
rio Uruguai, a divisão dos municípios do Brasil e o shapefile de cada trecho.
32
Figura 12 - Roçada em APP.
Fonte: Lago Azul Consultoria.
Figura 13 - Supressão vegetal em APP.
Fonte: Lago Azul Consultoria.
33
Figura 14 - Trapiche irregular.
Fonte: Lago Azul Consultoria.
Figura 15 - Gado em APP.
Fonte: Lago Azul Consultoria.
34
Cada vez que é encontrada alguma irregularidade é realizado o registro
fotográfico do local, e coletado a coordenada com GPS de navegação No escritório
é verificado a localização e quando possivel identificado o lindeiro. Caso o infrator
seja identificado durante a vistoria, ele é abordado, em caráter de conscientização e
informado sobre a legislação vigente, as regras e normas do Plano Diretor do
Reservatório da UHIT e seu entorno.
Após o contato informal, caso identificado infração ambiental é encaminhado
para o setor de meio ambiente da Usina, que encaminha para os órgãos de
fiscalização ambiental de cada estado. Caso seja uma infração sociopatrimonial o
fiscalizador concede um prazo para regularização da pendência e/ou infração. O não
comprimento do prazo implica em emissão de notificação Extrajudicial.
No caso que necessite de emissão de Notificação Extrajudicial, o fiscalizador
ao proceder à inspeção e constatando irregularidades, registra as ocorrências em
formulários específicos. Os formulários ficam disponíveis para o setor de meio
ambiente da Usina.
Abaixo segue um fluxograma (figura 16) explicando a rotina da atividade de
fiscalização.
Figura 16 - Fluxograma com as rotinas da FASP.
Fonte Lago Azul Consultoria.
Sim Não
35
Durante as vistorias são realizadas também o monitoramento de taludes em
pontos definidos antes do enchimento do reservatório e alguns que foram definidos
posteriormente ao enchimento, em locais que são considerados potencialmente
instáveis (figura 17 e 18). São realizadas inspeções a cada dois meses, na
observação de inclinação de árvores e escorregamento ou deslizamento de solo.
São registrados também quaisquer deslizamento de solo visualizado durante as
inspeções de campo.
Figura 17 - Ponto de monitoramento de talude.
Fonte Lago Azul Consultoria.
36
Figura 18 - Ponto de monitoramento de talude.
Fonte Lago Azul Consultoria.
4.3 Central de Manutenção
A Central de Manutenção (CM) é um núcleo de apoio implementado para
desempenhar diversas atividades relacionadas à manutenção no reservatório e seu
entorno.
Abaixo seguem as atividades desenvolvidas pela CM:
A construção e manutenção de cercas;
Manutenção da faixa ciliar;
Monitoramento controle e auxilio na remoção de macrófitas;
Confecção, instalação e manutenção de cabos de contenção;
Monitoramento de aporte de material flutuante no Logboom
(conjunto de bóias instaladas próximo as estruturas da Usina);
(figura 19)
Monitoramento de lagoas e resgate de ictiofauna;
37
Instalação de placas informativas e recuperação das faixas
ciliares identificando áreas onde o processo de regeneração
está comprometido.
Durante as vistorias foram verificadas, cercas que teriam sido recuperadas
(figura 20), cercas cortadas e cercas que precisavam de manutenção (figura 21), em
decorrência de criação de bovinos em propriedades que fazem divisa com a APP,
também foram acompanhados o plantio de mudas para recuperação da faixa ciliar
(figura 22).
Figura 19 – Vistoria no Logboom (cabo de contenção antes da barragem).
Fonte Lago Azul Consultoria.
38
Figura 20 - Manutenção de cercas pela Central de Manutenção.
Fonte: Lago Azul Consultoria.
Figura 21 - Ripões que precisam de manutenção.
Fonte: Lago Azul Consultoria.
39
Figura 22 - Plantio e coroamento de mudas com a Central de Manutenção.
Fonte: Lago Azul Consultoria.
4.4 Monitoramento de macrófitas aquáticas
O monitoramento de macrófitas aquáticas da-se em pontos onde há um
histórico de infestação ou ainda em locais com maior concentração de matéria
orgânica. O objetivo da atividade é verificar a presença de macrófitas e caso
identificado é necessário verificar espécie, área ocupada e indicar a solução (manejo
de cabos de contenção ou retirada). Assim evita-se a propagação e
desenvolvimento indesejável nos tributários e corpo do reservatório evitando
prejudicar a operação da usina e as atividades de uso múltiplo do reservatório.
Segundo Araújo et al. (2012), em geral, macrófitas aquáticas constituem um
importante papel ecológico em ambientes lênticos, participando de processos da
sucessão ecológica, e servindo de abrigo e alimento para diversas comunidades da
fauna aquática, além de possuírem uma interação com as características
limnológicas de seu habitat, obtendo assim um potencial bioindicador para a
qualidade ambiental. No entanto, muitas vezes perturbações antrópicas, como
40
processos de urbanização, geram a explosão populacional desses indivíduos
causando assim prejuízos para o uso múltiplo das águas como a balneabilidade e a
produção de energia.
Após a contenção com os cabos, caso opta-se por esta medida, o monitor da
CM aguarda um parecer do empreendimento para verificar se o material será
removido da lamina d’água. Quando positivo, mobiliza-se toda estrutura necessária
para a remoção das macrófitas.
A operação de remoção consiste em, elaborar o plano de retirada, gerenciar
empresas contratadas, fazer o controle da produção diária, coordenar todas as
ações no porto de remoção e pátio de estocagem e confeccionar o relatório final da
operação.
A espécie de macrófitas que possui histórico de proliferação tanto em Estreito
quanto Itá, é a Salvinia sp, (figura 23), as quais caracterizam-se por ser macrófitas
de clima tropical, flutuante, com altura em torno de 3 a 4 centímetros.
Durante o período de estágio, foram realizadas algumas vistorias nos pontos
de monitoramento na UHIT (figuras 24 e 25) onde no Rio Jacutinga há um foco de
macrófita em desenvolvimento e que começou a ser monitorado com mais
frequência.
41
Figura 23 - Amostra de Salvinia Spp no reservatório de Itá.
Fonte: Lago Azul Consultoria.
Figura 24 - Monitoramento de macrófitas aquáticas no reservatório de Itá.
Fonte: Lago Azul Consultoria.
42
Figura 25 - Registro de Salvinia Spp.
Fonte: Lago Azul Consultoria.
43
CONCLUSÃO
Seguindo este contexto, pode-se observar o quanto o SIG auxilia na
fiscalização, o infrator às vezes causa um dano onde não se possuí fácil acesso e
visualização, mas utilizando a ferramenta SIG, pode-se coletar todas as informações
necessárias da propriedade e após fazer a verificação in loco deste infrator. No caso
contrário, onde se está à campo e encontra-se alguma irregularidade, mas não se
sabe quem é o lindeiro infrator, retirando um ponto GPS do local e utilizando os
recursos das geotecnologias (Google Earth, ArcGIS 10.1, SIG online e um banco de
dados) assim, identifica-se facilmente quem é o infrator, outro uso do SIG é o auxilio
na organização, planejamento e na tomada de decisão final das atividades.
Concluiu-se que, sem dúvida, o estágio é um dos maiores processos de
aprendizagem dentro da faculdade. O estágio possibilitou utilizar grande parte do
que foi adquirido durante o curso e caso surgisse uma dúvida nas atividades
desenvolvidas, logo eram sanadas pela supervisora.
Foram observados algumas dificuldades, como por exemplo a escrita de
relatórios, uma das atividades que era realizada constantemente devido às saídas a
campo. Para tentar solucionar este impasse, a supervisora colocava observações e
o relatório era refeito.
Durante a construção de um banco de dados também foram encontradas
algumas dificuldades, devido ao baixo conhecimento do software Access 2010.
Como solução foram utilizados tutoriais em vídeos e em artigos, além do auxilio da
supervisora.
No desenvolvimento de mapas temáticos, não se teve dificuldades, já que foi
um dos assuntos mais abordados durante o curso.
O estágio contribuiu muito para a formação do Tecnólogo em
Geoprocessamento, pois o mesmo teve oportunidade de conviver em um ambiente
de trabalho e de desenvolver aplicações que não tinham sido vistas durante o curso.
A convivência com outras pessoas e ideias, assim como as dificuldades
encontradas, sem duvida, podem ser consideradas de grande influencia no
crescimento da carreira profissional.
44
REFÊRENCIAS
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