Vaso honorífico Depois de titular Maria como vaso espiritual a Ladainha a chama de Vaso...

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Vaso honorífico

Depois de titular Maria como “vaso espiritual” a Ladainha a chama de “Vaso honorífico”. Novamente podemos rezar a invocação sem pensar demais nem buscar fundamentos para a

prece. É certo que não devemos racionalizar demais a oração. Mas é sempre bom refletir sobre o que rezamos. Como aconselha o apóstolo Paulo: “Rezai com o espírito,

mas rezai também com a inteligência”.

Já vimos que chamar Maria de “vaso” significa reconhecer nela a sua humanidade, fragilidade… é feita do mesmo barro que nós. Somos todos vasos na mão do mesmo Divino Oleiro. Mas e este adjetivo: “Honorífico”? Não seria a negação da humildade que marcou a

vida de Maria? Exatamente o contrário.

Porque ela foi serva é que se tornou rainha. Ela realizou o que seu filho iria ensinar: “os primeiros serão os últimos e os últimos serão os primeiros… quem quiser ser o maior seja o servo de todos”. Aliás, seu canto magnífico profetizou esta vitória dos pobres: “O Senhor fez

em mim maravilhas… derrubou do trono os poderosos e os humildes exaltou!” Diz ainda: “todas as gerações hão de chamar-me de bendita”.

Vivemos em um tempo no qual as pessoas facilmente vendem a sua honra. O filósofo Maquiavel ensinava aos políticos (e parece que muitos aprenderam o direitinho a lição): não

interessa o que você é, mas o que o povo pensa que você é. Por isso se gasta tanto em marketing eleitoral. É preciso maquiagem em mais maquiagem.

O candidato tem que parecer do jeito que o povo quer ver. Depois do voto vemos a realidade: mensalão, votação a favor do aborto, falta de decoro parlamentar, roubo e até crime

organizado. O que falta em nossa vida pública é o sentido da honra. Homens e mulheres de caráter preservam a sua honra.

Hoje este valor anda meio em baixa. Mas já houve tempos em que pessoas honradas ocupavam lugar de destaque na sociedade. Daí vieram os títulos e medalhas de honra ao

mérito. Alguns acabaram procurando mais o título e a medalha do que o motivo que levaria alguém a receber esta condecoração. Há pessoas que têm medalhas de papel. Não fizeram

nada para recebê-las.

Há câmaras de vereadores que distribuem títulos de cidadão honorário como forma de chamar a atenção sobre este ou aquele vereador. Uma universidade pode dar um título de doutorado “Honoris Causa”, mas a pessoa tem que de fato merecer. Não é porque falta ao

presidente um diploma de curso superior que ele automaticamente está apto a receber este título. Precisa honrar algum universo do saber.

A Igreja declara alguns santos como “doutores da Igreja”. João Paulo II declarou Santa Terezinha (1873-1897), doutora da infância espiritual. Sua pequena via é um caminho

espiritual original e inteligente, próprio para o nosso mundo moderno, que busca as grandes coisas. A santidade pode estar no quotidiano, no gesto simples, no sorriso. Hoje Santa Terezinha tem a honra dos altares para nos iluminar com seu exemplo e suas lições.

Este tipo de honra vale a pena. O apóstolo Paulo em sua segunda carta ao jovem Timóteo utiliza esta imagem do vaso. Parece que foi daí que a ladainha tomou emprestada a expressão

“Vaso honorífico”: “Numa grande casa não há somente vasos de ouro prata; há também de madeira e de barro; alguns para uso nobre, outros para uso vulgar.

“Aquele, pois, que se purificar deste erro será um vaso nobre, santificado, útil ao seu possuidor, preparado para toda boa obra” (2Tm 2,20-21). Olhando para Maria como “vaso

honorífico” lembramos que ela foi fiel e humilde. Respondeu à graça de Deus com seu esforço. Foi uma mulher de honra. Vaso honorífico, rogai por nós.

Texto – Pe. Joãozinho – Imagens Google – Música – Ave Maria J. Arcadelt – Formatação – Altair Castro

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