O Que Reelege um Prefeito?

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Seminário de Marketing Político e Eleitoral do Diário de Natal

Palestra: “O Que Reelege um Prefeito?”

Expositor: Alexandre Rocha, Consultor Legislativo do Senado Federal

Natal (RN), 13.06.2004, 8:30 h

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O que reelege um prefeito?

Marcos MendesAlexandre Rocha

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Objetivos

• Checar a eficácia do processo eleitoral, em especial da reeleição como instrumento para selecionar bons gestores públicos.

• Identificar os fatores que influenciam o sucesso ou insucesso do prefeito que tenta a reeleição.

• Panorama dos incentivos que guiam a gestão municipal no Brasil.

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A literatura teórica

• Eleição é instrumento eficiente para escolha dos melhores gestores (Barro, 1973; Becker, 1985; Wittman, 1989).

• Possibilidade de reeleição reforça o mecanismo de premiação e punição (Ferejohn, 1986).

• Assimetria de informações gera moral hazard e seleção adversa (Le Borne e Lockwood, 2002).

• Quanto maior o percentual de eleitores mal informados, menor a eficiência da eleição (Baron, 1994; Grossman e Helpman, 1996).

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A literatura empírica

• Inúmeros estudos para reeleição a cargos legislativos (Hall e van Houweling, 1995; Kiewiet e Zeng, 1993) e Presidência da República (Peltzman, 1990 e 1992; Cuzán e Bundrick , 2000) nos EUA.

• No Brasil, Leoni, Perereira e Rennó (2001) estudam a reeleição no Congresso.

• Não identificamos estudos sobre reeleição para prefeituras no Brasil ou no exterior.

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Características do caso estudado

• Grande número de observações (5.561 municípios).

• Eleições simultâneas em todos os municípios do país.

• Emenda da reeleição aprovada em 1997: todos os prefeitos eleitos em 1996 sabiam, desde o início de suas gestões (1997-2000), que tinham a opção de tentar uma reeleição.

• Eleições municipais em momento distinto das estaduais e federais (dois anos de defasagem).

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As opções do prefeito ao final do 1º mandato

1. Abandonar a carreira política.2. Candidatar-se a vereador.3. Candidatar-se à reeleição.4. Não se candidatar a cargo municipal e

esperar dois anos para se candidatar a cargo estadual ou federal.

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Resultados possíveis

1. Não se candidatar à reeleição.2. Candidatar-se e perder.3. Candidatar-se e ser reeleito.

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Modelo 1

Equação de reeleição:

contráriocasoeREELseREEL

zREEL

ii

iii

0,01

'*

*

>=

+= ηα (1)

Equação de candidatura:

contráriocasoeCANDseCAND

xCAND

ii

iii

001

'*

*

>=

+= εβ (2)

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Modelo 2

Equação de votação:

iii zFORÇA υα += ' (3)

Equação de candidatura:

contráriocasoeCANDseCAND

xCAND

ii

iii

001

'*

*

>=

+= εβ (2)

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Tipos de variáveis utilizadas na análise

• Indicadores de performance gerencial do prefeito durante o primeiro mandato.

• Condições políticas.• Características locais.

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Performance

• CRIME.• TCU.• PRÊMIO.• POLÍTICAS PÚBLICAS.• GESTÃO FISCAL.

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Condições políticas

• Força política na eleição de 1996 (Controle).• Pertence ao partido, à coligação ou é adversário

direto do governador do estado.• Pertence ao partido ou à coligação do Presidente

da República.• Tem como adversário um candidato do partido do

Presidente.• Tem como adversário um senador ou deputado.

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Características locais

• Caracterização sócio-econômica do município: grau de urbanização, crescimento da população entre 1991 e 2000, tamanho da população, densidade populacional, capital, metropolitano, região geográfica (Controle).

• Percentual de candidaturas e reeleições na microrregião (Controle).

• Indicadores de desenvolvimento humano, analfabetismo, renda e escolaridade (Controle).

• Novo ou dividido.

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Limitações dos dados e do modelo

• Gastos de campanha.• Idade.• Grau de instrução.• Cross-section (só há uma reeleição

possível).

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Matriz de candidatura e reeleição(*)

Não Reeleito Reeleito Total

Não Candidato 31,4% _ 31,4%

Candidato 28,2% 40,4% 68,6%

Total 59,6% 40,4% 100,0%

(*) Exclui prefeitos com mais de 70 anos nos casos em que a informação sobre idade está disponível.

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Estimação sem variáveis fiscais ou de políticas públicas

SignificativosCRIME ( - , C)PRÊMIO (+ , R, C)NOVO (+, R, C)PART. PRES. (+, R)ADV. PRES. (-, R)

Não SignificativosTCU

DIVIDIDOPART. GOV.ADV. GOV.

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CAND REEL Probabilidade Média 70.4 39.5 NOVO +15.6

(0.000) +20.4

(0.000)PARTPRES +3.3

(0.025)CRIME -10.9

(0.001)

PREMIO +10.4 (0.002)

+28.8 (0.000)

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Estimação por regiões geográficas

Norte – NordesteCRIME não signif.TCU signif. (+, C)

Sul – SudestePART. PRES. não signif.

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Estimação com variáveis financeiras

Não SignificativosResultado FiscalReceita Tributária

SignificativosDespesas Correntes (R, C)Transferências Correntes (R, C)

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P ro b a b il id a d e d e R e e le iç ã o e m F u n ç ã o d a V a r ia ç ã o d a D e s p e s a

C o r re n te

2 0 %

2 5 %

3 0 %

3 5 %

4 0 %

4 5 %

5 0 %

5 5 %

6 0 %

6 5 %

-33% 9% 15%

19%

23%

26%

30%

35%

41%

49%

69%

V a r ia ç ã o d a D e s p . C o r re n te

Pro

b. d

e R

eele

ição

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Estimações com variáveis de políticas públicas

Não SignificativosSAÚDE BÁSICADOENÇAS INFECTO-CONTAGIOSAS

SignificativosPRÉ-NATAL (- , C)FORMAÇÃO PROF. 5ª A 8ª séries (+, C)Nº DOCENTES de 1ªa 4ª séries (+,C)

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Principais conclusões

• O monitoramento da performance do prefeito pelo eleitor e pelas instituições é parcial e baseado em fatos de grande divulgação (CRIME, PREMIO, TCU, POL. PUBL.).

• O modelo de federalismo fiscal do país induz os prefeitos a expandir gastos (DCOR, TCOR, PARTPRES, ADVPRES, NOVO).

• Processo eleitoral no N-NE é menos eficiente que no S-SE (CRIME).

• Não é corroborada hipótese de força política dos governadores (PARTGOV).

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Algumas questões

• Contraste entre grandes e pequenas cidades.• Eficácia do controle externo.• Impacto da Lei de Responsabilidade Fiscal

(Lei Complementar nº 101, de 2000).

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1ª questão

• Do total de 5.361 municípios analisados, apenas 220 possuem mais de 100.000 habitantes, conforme o censo demográfico de 2000.

• Modelos demandam muitas observações para que as estimações sejam consistentes.

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2ª Questão

• Art. 1º, I, g, da Lei Complementar nº 64, de 1990: são inelegíveis para qualquer cargo os que tiverem suas contas relativas ao exercício de cargos ou funções públicas rejeitadas por irregularidade insanável e por decisão irrecorrível do órgão competente, salvo se a questão houver sido ou estiver sendo submetida à apreciação do Poder Judiciário, para as eleições que se realizarem nos cinco anos seguintes, contados a partir da data da decisão.

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3ª questão

TCsart. 25, IV, bsaúde

TCsart. 25, IV, beducação

TCsart. 21, IIpessoal inativo

TCsart. 20pessoal por Poder

TCsart. 19pessoal

TCsart. 4º, IIIdespesa de caráter continuado

VerificadorFundamentoLimite

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3ª questão (continuação)

TCsart. 72serviços de terceiros

TCsart. 59,IIrestos a pagar

Fazendaart. 40garantias

Fazendaart. 32operações de crédito

Fazendaart. 30, IIdívida mobiliária

Fazendaart. 25, IV, cdívidas consolidadas

VerificadorFundamentoLimite

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Página da Conleg na Internet

• http://www2.senado.gov.br/conleg/institucional.htm

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