A formiguinha e a neve

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Autor: JOÃO DE BARRO - BRAGUINHA

Para ouvir esta história, feche os olhinhos um minutinho e imagine uma cidade bem bonita. Uma cidade onde bicho fala e homem entende.

Nessa cidade, havia uma formiguinha que trabalhava sem parar. Ficava o dia inteiro procurando alimento para que quando o inverno chegasse ele não lhe faltasse. Nos dias difíceis de trabalho, a formiguinha se alegrava com o canto da cigarra.

- Como é bom ouvir dona Cigarra cantando!

Um dia, sabendo que o inverno estava quase chegando, ela correu para buscar uma última folhinha que havia deixado perto de uma árvore.

No caminho, de repente, caiu um floco de neve bem em cima do seu pezinho. E a pobrezinha ficou presa!

Desesperada, sem saber como soltar o seu pezinho, ficou com medo de morrer de fome ou de frio e começou a gritar:

- Socorro! Quem vai me libertar deste floquinho de neve?

Foi quando viu o Sol no alto do céu e pediu:

- Ó Sol, tu que és tão forte, derreta a neve e desprenda o meu pezinho?

E o Sol, indiferente nas alturas, respondeu:- Mais forte que eu é o muro que me tampa.

Então a pobre formiguinha disse:- Muro, tu que és tão forte, que tampa o Sol, que derrete a

neve, desprenda o meu pezinho? E o muro que nada vê e muito pouco fala rapidamente, respondeu:

- Mais forte que eu, é o rato que me rói.

Voltando então para o rato que passava apressado, a formiguinha , já quase sem fôlego, perguntou:

- Ó Rato, tu que és tão forte, que rói o muro, que tampa o Sol, que derrete a neve, desprenda o meu pezinho? Mas o rato que também já ia fugindo do frio gritou de longe:

- Mais forte que eu é o gato que me come. Cansada, a formiga perguntou ao gato:

- Ó gato, tu que és tão forte, que come o rato, que rói o muro, que tampa o Sol, que derrete a neve, desprenda o meu pezinho?

O gato sempre preguiçoso disse bocejando: - Mais forte que eu é o cão, que me persegue. Aflita e chorosa a pobre formiguinha pediu ao cão:

- Ó cão, tu que és tão forte, que persegue o gato, que come o rato, que rói o muro, que tampa o Sol, que derrete a neve, desprenda o meu pezinho?

O cão que ia correndo atrás de uma raposa respondeu sem parar: - Mais forte que eu, é o homem, que me bate.

Pobre formiga! Já quase sem força, sentindo o coração gelado de frio, implorou ao homem:

-Ó homem tu que és tão forte, que bate no cão, que persegue o gato, que come o rato, que rói o muro, que tampa o Sol, que derrete a neve, desprenda o meu pezinho?

- E o homem sempre preocupado com seu

trabalho, olhou para a formiga e respondeu:

- Mais forte que eu é a morte que me mata.

Trêmula de medo, olhando para a morte que se aproximava, a pobre formiguinha, suplicou:

- Ó morte, tu que és tão forte, que matas o homem, que bate no cão, que persegue o gato, que come o rato, que rói o muro, que tapa o sol, que derrete a neve, desprende meu pezinho! 

E a morte impassível respondeu: - Mais forte do que eu, é Deus que me governa. Quase morrendo então a formiguinha rezou baixinho:

- Meu Deus, tu que és tão forte, que governas a morte,

que mata o homem, que bate no cão, que persegue o gato, que

come o rato, que rói o muro, que tapa o sol, que derrete a neve,

desprende meu pezinho? 

E Deus então, que ouve todas as preces sorriu, estendeu a mão por cima das montanhas

e pediu que chegasse a Primavera que veio com seu carro dourado e com veludo triunfal, enchendo de flores os campos e de luz os caminhos...

... e vendo que a formiga estava quase morrendo, gelada de

frio, a Primavera tomou a carinhosamente entre as mãos e

levou-a para o seu reino encantado.

Onde não há inverno, o sol brilha sempre e os campos estão sempre coberto de flores.

E esta história crianças entrou no ouvido e ficou guardada no meu coração...

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