A Lei da Palmada

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“Eu tenho o direito à proteção!”

O Governo Brasileiro entendeu esta mensageminternacional e procurou atendê-la:

“Eu tenho o direito à proteção!”

Fome(proibida!)

Abandono(proibido!)

Trabalho Infantil(proibido!)

Pedofilia(proibida!)

Palmatória(proibida!)

Palmada(proibida!?...)

(!)Em nosso país as leis são feitas

pelas esferas do poder político, não jurídico;por isto, por certo, “todo cidadão tem o direito

de opinar na discussão de uma lei.” (sic)

Isto tem uma forte conotação democráticacom justo ou justificável apelo popular,

embora a necessidade contínuado estabelecimento de leis

deponha contra o povoou, senão, contra

seus políticos.

As leis são sempre bastante sérias,mesmo que tenham conotações pitorescas

como esta que rapidamente se tornou popularatendendo pelo nome de: A Lei da Palmada.

A proposta dela é inibir ou, de fato, eliminaras palmadas que os pais dão nos seus filhos.

E de início, aqui, o que nos cabe é perguntar:por que o governo ou os nossos governantesdas esferas políticas se acham no direito de

legislar sobre assunto da esfera familiar?

Acho que posso responderseguindo por esta linha de rima popular,

natural, com fundo ou fundamento cultural,pois se nossos políticos se acham os legítimosrepresentantes do nosso país, basta que eles

troquem o pingo do “i” para que entãose comportem como pais

...

E deve ser mesmo por istoque eles se acham no pleno direito

de se intrometerem no assunto.

Interessante.O nosso atual governo federal

parece disposto a mudar aquela máximaque registramos na crônica Como inculcarnas pessoas boas idéias, onde se alega

que “as pessoas, como os fuzis,são carregadas por detrás”,

ou então que boas idéiasdevem ser plantadas

a golpes debambu

...

De qualquer modo etendo em mente que, até ontem,

as crianças não eram sequer consideradascomo “sujeitos”..., de início estas novas leisdemonstram inegável sensibilidade humana,quando procuram proteger nossas crianças,

enquanto estabelecem meios legais paraque elas obtenham direitos reais.

O meu filho de nove anos já sustenta com orgulho,para quem quiser ver, sua carteira de identidade.

Mesmo sendo ele ainda bastante novoconseguiu perceber o valor primário disto:

Eu já sou um sujeito!, vê?!

Eu vejo, filho, então trate de ser responsável.

...?!

Esta é a grande questão: ser responsável,pois é o que nos torna pessoas adultas,

e não a carteira de identidade.

Mesmo assim,perante as leis, nossas crianças

são irresponsáveis, pelas suas naturezas;não podem ser responsabilizadas pelos seus atosque, então, indiretamente são imputados aos pais.

Estes sabem disso e por isso se estressam,pois também sabem que o Estado, apesar de

intrometido, é impessoal, e não permitiráque qualquer culpa lhe seja imputada,

pelos efeitos ou pelos defeitosde suas leis.

E afinal se o Estado não pode ser responsabilizadopelos seus próprios atos, já não seria o bastantepedir o empenho dos pais para darem ao país

jovens cidadãos responsáveis?

Estes assuntos,relacionados aos métodos,

só dizem respeito a nós -- ao povo.

Junto aos nossos mestres em educação,devemos permanecer em contínuo estudo,

partilhando as nossas experiências...

Nunca levantei a mão contra o meu filhoe posso ainda dizer que ele vai indo

em frente, mais ou menos bem...

Mesmo assim e honestamenteconfesso que nem pai direito eu sou.

Vivo escrevendo e mal vejo o menino.

(Preocupo-me com o nosso mundo,ultimamente, pois é o que na realidade

eu -- como homem -- devo deixarao meu filho, como herança.)

Nunca levantei a mão contra o meu filhoe posso ainda dizer que ele vai indo

em frente, mais ou menos bem...

Mesmo assim e honestamenteconfesso que nem pai direito eu sou.

Vivo escrevendo e mal vejo o menino.

Então é com a mãe que ele se entesta,no dia-a-dia, às vezes pela indisciplina,quando eu sou chamado para intervir(não para interferir ou me intrometerno sentido arcaico de “governar”).

E não chego lá estabelecendo leis.Não, nada disso. Chego calado e me sento,

esperando que o menino se aproxime, aos poucos,saindo do canto onde voluntariamente se retraiuapós ouvir a mãe chamar por mim..., clamando

por esta minha -- supostamente -- naturale forte autoridade de homem e pai.

Sempre uso este tempo de silêncio e esperapara que as cabeças de ambos - do menino e da mãe -

voltem aos seus eixos e se acalmem, para que possamosentão conversar..., pensar, antes, para então conversar.

Com raiva ou com medo o pensamento não é possível,e assim conversar seria inútil... ou igualmente impossível.

(!)Esta situação modificou um pouco

a que fora usada pelos meus pais, quando eu era menino,naquele jogo em que meu pai representava o castigo

enquanto minha mãe cuidava da reconciliação:o reparo pela tomada da consciência,

e, pelo consolo, a retomadada confiança.

E, nos dias de hoje, para mimnão era uma questão de certo ou errado

aquela minha atitude moderada e as atitudesda mãe -- que às vezes fazia suas palmadas

correrem soltas... Talvez na posição delaeu faria o mesmo... Não sei,

e espero nunca saber.

O que me parecia certo era que a criança às vezes precisava receber um impacto, ser sacudida,

para depois então “cair na real”, neste sentido de“aprendizado”, enfim capaz de raciocinar

tendo “dois parâmetros”: o da forçae o do entendimento.

Uma única vez eu perguntei para o meu menino:O que você prefere? Medir força comigo

ou sentar para conversar?

“Conversar, pai”, ele me disseolhando-me com seus olhinhos suplicantes,

dos quais no fundo eu ouvia a ironiame dizer: “eu não sou bobo”.

(Amo o meu filho tão profundamenteque se tudo dependesse de amor

ele seria perfeito..., um santo?,um grande filósofo?...)

Uma única vez eu perguntei para o meu menino:O que você prefere? Medir força comigo

ou sentar para conversar?

“Conversar, pai”, ele me disseolhando-me com seus olhinhos suplicantes,

dos quais no fundo eu ouvia a ironiame dizer: “eu não sou bobo”.

Sempre tive esta íntima convicção:o respeito vem da admiração.

Se o meu filho não me admirarele não me respeitará...

(Por isso os educadores semprelevaram em conta a questão

dos nossos “exemplos”.Ou não é bem assim,

no meu caso...?)

Sempre tive esta íntima convicção:o respeito vem da admiração.

Se o meu filho não me admirarele não me respeitará...

O interessante é quemeu menino parece admirar em mimo meu poder de acalmá-lo, junto ao

respeito que demonstro por ele.

E aqui em retrato ele está.Reparem na gola de sua camisa.

Ele só fala que quer ser “peão de rodeio”.Não fala que quer ser “escritor” ou,

muito menos, um filósofo...

Ele é muito ligado às tradiçõesda nossa terra e não às precárias

aptidões de seu pobre pai.

Mas eu tenho insistido e,num dia desses, a respeito do assunto

tratado aqui e de suas brigas com a mãe,filosoficamente eu argumentei:

Se você pensa que, deixando de escovar seus dentesserão os dentes de sua mãe que irão sofrer pelo

seu desmazelo, está pensando como aquelecara que toma veneno na esperança

de envenenar outra pessoa...

?!...Ficou me olhando.

Não entendeu, a princípio,mas depois me pareceu que sim,

pois começou a se comportar com mais atenção.

E agora, enfim, leitor ou leitora,após mais esta tentativa de mostraro valor da filosofia em nossas vidas, vou partilhar com você meu segredo:

este que se ocultava por detrás,no fundo das palavras.

Quando quiser inculcar alguma idéiana cabeça de uma pessoa mais nova oumais velha, não a estabeleça como lei,

pois, de início, você deve apenas“semear” sua idéia, ou plantá-la.

E, tal qual uma semente,deixe que a sua idéia germine por ela mesma.

Iguais a sementes,boas idéias se enraízam naturalmente,enquanto fazem com que as pessoas

pensem a respeito delas...,

...quando

passam a pensar,então, por elas

...,

...como se fossemidéias próprias

.

...como se fossemidéias próprias

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...como se fossemidéias próprias

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...como se fossemidéias próprias

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