Ciúme normal e patológico compreensão e manejo clínico

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Esequias Caetano Fone: 8406-8181/ 3061-7043

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“Culturas em paraísos tropicais inteiramente livres de ciúme só existem

nas mentes românticas de antropólogos otimistas e, na realidade, jamais

foram encontradas” (Buss, 2000)

De acordo com Costa (2005), estudar o tema é importante porque:

Consiste em um tema comum na terapia de casais;

Dados apontam que cerca de 20% dos homicídios estão associados ao

ciúme;

É um tema pouco pesquisado, especialmente em âmbito nacional;

É um tema controverso no que tange as definições e explicações;

“ [...] um sentimento que emerge em uma situação sinalizadora de possível

perda de um estímulo reforçador para outro indivíduo, podendo envolver

emissão de respostas coercitivas que visam evitar esta perda e a produção

de consequências reforçadoras e/ou punitivas para o comportamento dos

indivíduos envolvidos em uma manifestação de ciúme” (Menezes e Castro,

2001)

Entre as respostas coercitivas normalmente emitidas, podemos

enumerar:

Verificação;

Questionamentos;

Ameaças e agressões verbais e físicas;

Estabelecimento de regras com objetivo de impedir contato do parceiro

(a) com o (a) rival;

Punição de relatos de desejo de sair e/ou encontrar amigos (as);

Contratação de detetives;

Instalação de programas espiões no computador, celular, tablet, etc.;

Utilização de outros métodos bizarros;

No entanto, existem outras possibilidades:

Os respondentes nomeados como ciúme podem ocorrer sem que

ocorra qualquer operante público associado;

Os operantes nomeados como ciúme podem ocorrer sem que os

respondentes estejam presentes;

O indivíduo pode nomear inadequadamente suas respostas ou não

discriminar os controles;

De acordo com Bueno e Cols (2012):

No ciúme normal as respostas ocorrem em reação a evidências concretas

de interação entre parceiro/ rival e as crenças em relação a uma possível

traição são mais flexíveis;

No patológico, as respostas são mais frequentes e intensas, ocorrem

sem a presença de evidências concretas e incluem comportamentos de

investigação;

Embora possua influência filogenética, não se pode admitir que ele se

mantém por este motivo (Costa, 2005);

Conforme explica Costa (2005), o ciúme é produto tanto de

condicionamento reflexo quanto operante;

Menezes e Castro (2001) acrescentam que o ciúme pode ser aprendido

também por generalização, imitação e controle por regras;

Os Psicólogos Evolucionistas compreendem o ciúme como uma

resposta adaptativa da espécie, que evoluiu para solucionar um problema

de sobrevivência ou reprodução (Buss, 2000);

Conforme explica Buss (2000), há problemas quando o ciúme está

ausente ou é excessivo;

De acordo com o referido autor, o ciúme torna os relacionamentos mais

excitantes, permite avaliar o próprio relacionamento e faz o parceiro sentir-

se mais desejável;

Efeitos sobre o

Ciumento

Efeitos sobre o Parceiro Efeitos sobre a Relação

Desconforto Físico Agressões físicas e

verbais

Estagnação da Relação

Raiva, angústia,

ansiedade, culpa,

mágoa, rejeição,

tristeza

Embaraço Social Término da Relação

Compromete a Auto

Estima

Medo da Perseguição

Limita a Liberdade

(Buss, 2000; Costa, 2005)

Torres e Cols (1999) apresentam dados que indicam que indivíduos

expostos a determinadas condições tornam-se mais propensos a quadros

de ciúme patológico. São elas:

Ambiente pobre em Reforço social e não social;

Experiências passadas de separação ou traição;

Relacionamento dos pais;

Transtornos psiquiátricos, como dependência

alcoólica, transtorno obsessivo compulsivo, depressão

e outros transtornos de ansiedade.

Shepperd (1961), Mooney (1965), Docherty (1976),

Torres e Cols (1999) e Zacher (2004) defendem que o

TOC pode se manifestar como ciúme.

Conforme explicam Tarrier et all (1990), os pensamentos do ciúme

partilham de diversas características com as obsessões:

Intrusivos

Indesejados

Desagradáveis;

Acompanhados de atos de verificação e reasseguramento;

Ainda falando de ontogênese, o ciúme pode ser aprendido por modelagem e

modelação (Costa, 2005; Banaco, 2005; Menezes e Castro, 2001)

Bandeira (2005, citada por Costa, 2005) conduziu o único estudo

empírico de base Analítico Comportamental sobre o ciúme.

O estudo teve como objetivo identificar comportamentos ciumentos em

crianças com idades entre dois e três anos de idade, bem como os

antecedentes e consequências destes comportamentos;

Participaram quatro mães, quatro professoras da creche e quatro

crianças;

O procedimento envolveu entrevistas com as professoras e mães e

observação direta do comportamento das crianças;

Os comportamentos de cada criança foram observados em três sessões

de 30 minutos;

Observou-se que aquelas crianças que obtinham atenção na maior parte

das vezes que emitiam comportamentos ciumentos emitiam estes

comportamentos com maior frequência

De acordo com Costa (2005), os parceiros do ciumento reforçam positiva

e negativamente seu comportamento.

Na contingência de reforço positivo, estão inclusos: dizer ao parceiro que

o ama; que não precisa se preocupar pois jamais será abandonado;

apontar suas qualidades; oferecer presentes, beijos ou outras “provas de

amor”.

Sheets, Freedenball e Claypool (1997,

citados por Costa, 2005) realizaram um

estudo no qual constataram que 73% dos

participantes já haviam provocado ciúme e,

87% destes, o fizeram para aumentar a

atenção dos parceiros.

Costa (2005) explica ainda que na contingência de reforço negativo, estão

inclusos: o parceiro do ciumento deixar de sair de casa sozinho (a) ou com

outras pessoas; deletar o facebook, entre outras coisas, incluindo,

esquivar-se de punição de outros indivíduos por não apresentar o

comportamento ciumento.

Torres e Cols (idem) apontam também diferentes fatores precipitadores

para o ciúme. São eles:

Perda de Emprego;

Mudança de Comportamento ou Status do companheiro;

Doenças;

Outros eventos que sinalizem perda de competitividade por parte do

ciumento.

O dado converge com análises behavioristas (Banaco, 2005; Menezes e

Castro, 2001 e Costa 2005), que sugerem que os antecedentes em do

ciúme são situações de competição, ameaça à posse ou a fontes de

reforçadores positivos.

Conforme explica Costa (2005), a sociedade possui regras que

incentivam o ciúme;

Menezes e Castro (2001, citado por Costa,2005) citam o código penal

brasileiro, que diz: “se o agente cometer o crime impelido por motivo de

relevante valor social ou moral, ou sub domínio de violenta emoção, logo

em seguida a injusta provocação da vítima, o juiz pode reduzir a pena de

um sexto a um terço”

A abordagem do tema pode ser realizada por

diversos enfoques.

De acordo com Torres, Cerqueira e Dias (1999), ao atender uma queixa de

ciúme, é importante observar se:

As preocupações são baseadas em fatos;

Existe algum comprometimento e, se sim, até que ponto;

O indivíduo possui algum grau de crítica sobre suas preocupações;

Existe risco de violência;

Há uso de substâncias psicoativas;

Existe algum transtorno psiquiátrico primário/ comórbido;

Existe necessidade de acompanhamento psiquiátrico;

Conforme explicam Torres, Cerqueira e Dias (1999), o tratamento do ciúme

patológico deve combinar várias intervenções. Entre as possibilidades, os

autores destacam:

Promoção de autoconhecimento;

Psicoeducação;

Treino de técnicas de autocontrole;

Treino de habilidades de comunicação e empáticas;

Assertividade;

Dessensibilização sistemática;

Parada de pensamento;

Técnicas de relaxamento;

Inversão de papéis;

Inversão de regras;

Ampliação de repertório social

A escolha de qualquer uma destas estratégias, ou ainda, de qualquer outra,

deve ser precedida pela Análise Funcional.

Esequias Caetano – Psicólogo CRP 04/ 35023

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