Declaracao de paris em prol da filosofia

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ANO LETIVO 2011-2012

DECLARAÇÃO DE PARIS EM PROL DA FILOSOFIA

“Nós, participantes nas Jornadas Internacionais de Estudo «Filosofia e Democracia», organizadas pela

UNESCO, que tiveram lugar em Paris, nos dias 15 e 16 de Fevereiro de 1995, constatamos que os problemas

de que trata a filosofia são os problemas da vida e da existência dos homens considerados universalmente.

Entendemos que a reflexão filosófica pode e deve contribuir para a compreensão e a orientação das

preocupações humanas; consideramos que a actividade filosófica, que não retira nenhuma ideia à livre

discussão, que se esforça por precisar as definições exactas das noções utilizadas, verificar a validade dos

raciocínios, examinar com atenção os argumentos dos outros, permite a cada um aprender a pensar por si

mesmo; sublinhamos que o ensino filosófico favorece a abertura de espírito, a responsabilidade cívica, a

compreensão e a tolerância entre os indivíduos e entre os grupos.

Reafirmamos que a educação filosófica, formando espíritos livres e reflexivos, capazes de resistir às

diversas formas de propaganda, de fanatismo, de exclusão e de intolerância, contribui para a paz e prepara

cada um para assumir as suas responsabilidades perante as grandes interrogações contemporâneas,

designadamente no domínio da ética, julgamos que o desenvolvimento da reflexão filosófica, no ensino em

vida cultural, contribui de forma importante para a formação de cidadãos, exercendo a sua capacidade de

julgamento, elemento fundamental de toda a democracia.

Por estas razões, comprometendo-nos a fazer tudo o que estiver em nosso poder, nas nossas instituições

e nos nossos países respectivos, para realizar estes objectivos.

Declaramos:

� Uma actividade filosófica livre deve ser garantida a todos os indivíduos, em toda a parte, sob todas as

formas e em todos os lugares onde se possa exercer.

� O ensino filosófico livre deve ser preservado ou alargado onde já existe, deve ser criado onde ainda

não existe, e deve ser nomeado explicitamente «filosofia».

� O ensino filosófico deve ser assegurado por professores competentes, especialmente formados para

o efeito, e não pode ser subordinado a nenhum imperativo económico, técnico, religioso, político ou

ideológico.

� Permanecendo autónomo, o ensino filosófico deve ser, em toda a parte onde for possível,

efectivamente associado, e não simplesmente justaposto, às formações universitárias ou

profissionais, em todos os domínios.

� A difusão de livros acessíveis a um grande público, tanto pela sua linguagem como pelo seu preço de

venda, a criação de emissões de rádio e de televisão, de cassetes áudio ou vídeo, a utilização

pedagógica de todos os meios audiovisuais e informáticos, a criação de múltiplos lugares de debates

livres, e todas as iniciativas susceptíveis de fazer aceder o maior número a uma primeira

compreensão das questões e dos métodos filosóficos devem ser encorajados, para constituir uma

educação filosófica dos adultos.

� O conhecimento das reflexões filosóficas das diferentes culturas, a comparação dos seus contributos

respectivos, a análise do que as aproxima e do que as opõe devem ser perseguidos e apoiados pelas

instituições de investigação e de ensino.

� A actividade filosófica, como prática livre da reflexão, não pode considerar nenhuma verdade como

definitivamente adquirida e incita a respeitar as convicções de cada um, mas não deve em caso

algum, sob pena de se negar a ela mesma, aceitar doutrinas que neguem a liberdade de outrem,

achincalhando a dignidade humana e originando a barbárie.

� Todos os anos, em Novembro, a Unesco dedica um dia à Filosofia.”

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