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DIREITOS HUMANOS

Prof. Dr. Urbano Félix Pugliese

Tribunais Internacionais

Pergunta para a próxima aula:

Quais as maiores vulnerabilidades humanas? Como o Estado deve atuar para fortalecer as pessoas mais vulneradas? Qual a importância de fortalecê-las?

Histórico a respeito do assunto: O breve século XX já se inicia com uma

guerra mundial (1914-1918); Em 1920 o Secretário da Liga das Nações

propõe a criação do Tribunal Penal Internacional mas a proposta foi rejeitada; e

Surgimento pela primeira fez de uma proposta de superação da soberania de cada Estado para existir um tribunal jurídico para crimes específicos.

Histórico a respeito do assunto:

Em 1945, os aliados propõem julgar os criminosos de guerra (derrotados);

Criam-se dois tribunais:1) Tribunal de Nuremberg (1945), em

âmbito europeu; e 2) Tribunal de Tóquio (1946), em

âmbito asiático; e Tribunais temporários, criados após os

fatos e para julgamento específicos.

Principais críticas aos tribunais de Nuremberg e Tóquio: 1) Tribunais temporários; 2) Tribunais Ad hoc (para isto); 3) Tribunais criados após os fatos (tribunais de

exceção); 4) A composição dos tribunais foi determinada

pelos vencedores Elogio: 1) Pela primeira vez se pensa em uma

responsabilidade internacional do indivíduo (e não somente do Estado).

Tribunal de Nuremberg: Cidade muito importante para os nazistas (o tribunal

foi ali implantado como um símbolo da derrota); e Julgou crimes de guerra, contra a humanidade e

contra a paz.

Tribunal de Nuremberg: Durou entre 20/11/1945 a 01/10/1946; Foi um Tribunal Militar Intl; Julgou os crimes perpetrados na Segunda

Guerra mundial; O procedimento do julgamento foi acordado

entre as potências vencedoras: Estados Unidos, França, Grã Bretanha e URSS;

O estatuto do tribunal foi assinado em Londres no mês de agosto de 1945; e

Houve oportunidade de defesa dos acusados.

Sentenças do Tribunal de Nuremberg:

Goering (morte), Hess (prisão perpétua), Ribbentrop (morte), Keitel (morte), Kaltenbruner (morte), Rosemberg (morte), Frank (morte), Frick (morte), Streicher (morte), Funk (prisão perpétua), Schirach (20 anos de prisão), Schacht (absolvição), Donitz (10 anos de prisão), Raeder (prisão perpétua), Sanckel (morte), Jodl (morte), Borman (morte), Papen (absolvição), Seyss-Ingurart (morte), Speer (20 anos de prisão), Neurath (15 anos de prisão) e Fritzche (absolvição).

Tribunal de Tóquio: Também chamado de Tribunal intl do

extremo oriente para crimes de guerra; Criado em 19/01/1946, funcionou de

29/04/1946 até 12/11/1948; e Equivalente ao Tribunal de Nuremberg.

Pós segunda Guerra mundial: 1948: A pessoa humana sujeito, finalmente

torna-se sujeito de direitos em âmbito internacional;

Entre 1948 e 1951 houve ampla discussão a respeito dos tribunais internacionais;

Pretendia-se criar um tribunal penal permanente;

Houve comissão específica na ONU para tal intento; e

No entanto, o período e marcado pelo acirramento da Guerra Fria (congela o debate).

Pós Guerra fria: Após 1991 com a queda do muro de Berlim e

o colapso da antiga União Soviética há o retorno das discussões na ONU;

Há a criação de mais dois tribunais ad hoc’s: 1) Tribunal para a antiga Iugoslávia (1993); e 2) Tribunal para Ruanda (1994); Foram criados pelo Conselho de Segurança da

ONU; e Tiveram as mesmas criticas dos Tribunais de

Nuremberg e Tóquio.

Tribunal para a antiga Iugoslávia: Genocídio, crimes de guerra e crimes contra a

humanidade; Slobodan Milosevic é julgado em 2001 por

crimes contra a humanidade.

Tribunal para a antiga Iugoslávia: Estabelecido em maio de 1993 e ainda não terminou

até os dias atuais; Situado em Haia, nos Países-Baixos; Conflito na região dos Balcãs na década de 90 do

século passado; A antiga Iugoslávia se dividiu em diversos países; Milhares de civis mortos, torturados e abusados

sexualmente; e Crimes cometidos por sérvios e sérvios bósnios, o

Tribunal investigou e fez acusações contra pessoas de todas as etnias.

Tribunal para Ruanda:1994, por iniciativa do Conselho de Segurança da

ONU, foi criado o Tribunal de Ruanda (Resolução n. 955 do Conselho de Segurança de 8/11/1994), sede na Cidade de Arusha (Tanzânia), com competência para julgar os crimes de genocídio e violações ao Direito Intl Humanitário, realizados a partir de 1990 naquele país.

Tribunal para Ruanda: Ainda funciona até os dias atuais; Litigio de Hutus vs Tutsis; Fomento pela Alemanha e Bélgica (países

invasores); 800 mil mortos em 100 dias; Mais de 10 mil mortos por dia; Total de mais de 1 milhão de mortos;250 mil mulheres estupradas, escravizadas

sexualmente e mutiladas; e A ONU e a comunidade Intl nada fizeram para

impedir o massacre (fracasso estratosférico).

Críticas à criação dos novos tribunais penais internacionais:

O Conselho de Segurança não é um órgão Jurisdicional (critica moral);

Não há, na Carta da ONU, determinação para que o Conselho de Segurança crie Tribunais Penais Internacionais; (crítica jurídica); e

Pontos positivos: contribuíram para responsabilizar os seres humanos em âmbito internacional.

Criação do Tribunal Penal Internacional (TPI):

1994 e 1998 houve uma Comissão da ONU para estudar a criação do TPI;

Em 1998, houve o Tratado de Roma criando o TPI (Estatuto do TPI ou Estatuto de Roma);

Começou a vigorar em 2002 quando o Brasil aderiu ao TPI e o incorporou; e

Finalmente, não haveria mais tribunais deslegitimados para atuar e punir quem cometesse crimes importantes.

Criação do Tribunal Penal Internacional (TPI):

Primeira corte Intl permanente para fazer cessar os crimes mais graves contra seres humanos;

Não julga mais um período específico, como os antigos tribunais ad hoc;

Não é militar, mas civil;

Tribunal Penal Internacional (TPI): Localizado em Haia, nos Países-Baixos

(região da Holanda); Tribunal independente, não partícipe da ONU (coopera); e

Financiado pelos países, organismos, particulares, governos, organizações intl, particulares, empresas e outras entidades.

Tribunal Penal Internacional (TPI): O nome do país é: Países-baixos;

O nome da região é Holanda; e

Historicamente é uma localidade poderosa e por isso ficou conhecida mundialmente.

Países partícipes do TPI: Verdes: Signatários que ratificaram o estatuto de

Roma; Amarelos: Signatários que não ratificaram o estatuto

de Roma; e Vermelhos: Nem assinaram o estatuto de Roma.

Preâmbulo do Estatuto de Roma: Visa DH universais; Sabe da delicadeza das relações humanas/das culturas humanas; Histórico de sofrimento de milhões de seres humanos; Há uma ameaça constante à paz, à segurança e ao bem-estar da humanidade; e Crimes graves não devem ficar impunes (âmbito nacional e intl).

Peculiaridades: O Tribunal não possui jurisdição universal.

Ele só pode exercer sua jurisdição se: O acusado é um nacional de um Estado Parte

ou de qualquer Estado que aceite a jurisdição do Tribunal; e

O crime tiver ocorrido no território de um Estado Parte ou de qualquer Estado que aceite a jurisdição do Tribunal. [...]

Peculiaridades: O Conselho de Segurança das Nações Unidas

tenha apresentado a situação ao Procurador, não importando a nacionalidade do acusado ou o local do crime;

O crime tiver ocorrido após 01/07/2002; Caso o país tenha aderido ao Tribunal após

01/07/2002, o crime tiver ocorrido depois de sua adesão, exceto no caso de um país que já tivesse aceito a jurisdição do Tribunal antes da sua entrada em vigor.

Características e crimes do TPI: Julga pessoas e não Estados; Os crimes são extremamente graves e

precisam ser combatidos para que haja efetividade na proteção dos DH;

Funciona quando internamente as pessoas não são punidas (princípio da complementaridade/subsidiariedade);

Instituições internas falidas, falta de condições concretas de punição, falta de vontade política e julgamento manipulado.

Crimes do TPI:

Quatro crimes: 1) Genocídio; 2) Crimes contra a humanidade; 3) Crimes de guerra; e 4) Crimes de agressão.

Genocídio: Art. 6º. Para os efeitos do presente Estatuto,

entende-se por "genocídio", qualquer um dos atos que a seguir se enumeram, praticado com intenção de destruir, no todo ou em parte, um grupo nacional, étnico, racial ou religioso, enquanto tal: a) Homicídio de membros do grupo; b) Ofensas graves à integridade física ou mental de membros do grupo; c) Sujeição intencional do grupo a condições de vida com vista a provocar a sua destruição física, total ou parcial; d) Imposição de medidas destinadas a impedir nascimentos no seio do grupo; e) Transferência, à força, de crianças do grupo para outro grupo.

Genocídio (Lei n. 2.889/56):Art. 1º Quem, com a intenção de destruir, no todo ou em parte, grupo nacional, étnico, racial ou religioso, como tal: a) matar membros do grupo; b) causar lesão grave à integridade física ou mental de membros do grupo; c) submeter intencionalmente o grupo a condições de existência capazes de ocasionar-lhe a destruição física total ou parcial; d) adotar medidas destinadas a impedir os nascimentos no seio do grupo; e) efetuar a transferência forçada de crianças do grupo para outro grupo.

Crimes contra a humanidade: Art. 7º: . Para os efeitos do presente Estatuto, entende-se por "crime contra a humanidade", qualquer um dos atos seguintes, quando cometido no quadro de um ataque, generalizado ou sistemático, contra qualquer população civil, havendo conhecimento desse ataque: a) Homicídio; b) Extermínio; c) Escravidão; d) Deportação ou transferência forçada de uma população; e) Prisão ou outra forma de privação da liberdade física grave, em violação das normas fundamentais de direito internacional;

Crimes contra a humanidade:f) Tortura; g) Agressão sexual, escravatura sexual, prostituição forçada, gravidez forçada, esterilização forçada ou qualquer outra forma de violência no campo sexual de gravidade comparável; h) Perseguição de um grupo ou coletividade que possa ser identificado, por motivos políticos, raciais, nacionais, étnicos, culturais, religiosos ou de gênero, tal como definido no parágrafo 3o, ou em função de outros critérios universalmente reconhecidos como inaceitáveis no direito internacional, relacionados com qualquer ato referido neste parágrafo ou com qualquer crime da competência do Tribunal;

Crimes contra a humanidade:i) Desaparecimento forçado de pessoas; j) Crime de apartheid; k) Outros atos desumanos de caráter semelhante, que causem intencionalmente grande sofrimento, ou afetem gravemente a integridade física ou a saúde física ou mental.

Crimes de guerra: Art. 8º: As violações graves às Convenções de

Genebra, de 12 de Agosto de 1949, a saber, qualquer um dos seguintes atos, dirigidos contra pessoas ou bens protegidos nos termos da Convenção de Genebra que for pertinente: [..] e

Elenca uma infinidade de delitos, entre os quais: Homicídio doloso; Tortura ou outros tratamentos desumanos, incluindo as experiências biológicas; O ato de causar intencionalmente grande sofrimento ou ofensas graves à integridade física ou à saúde.

Crimes de agressão: Não há tipificação no Estatuto de Roma; e Ataque à soberania de um Estado por outro

Estado (não havendo guerra).

Composição dos órgãos do TPI:

Composto por quatro órgãos: 1) A Presidência; 2) As divisões judiciais; 3) O escritório do promotor; e 4) O secretariado.

Presidência do TPI:

A Presidência é responsável pela administração geral do Tribunal, com exceção do escritório do procurador;

Composta por três juízes do Tribunal, eleitos para o cargo pelos seus colegas juízes, para um mandato de três anos.

Os juízes têm mandato de 9 (nove) anos e não representam o Estado (mas, a si mesmos).

Divisões judiciais do TPI: As divisões judiciais consistem em dezoito juízes

distribuídos na Divisão de Pré-Julgamento, na Divisão de Julgamentos e na Divisão de Apelações;

Os juízes de cada divisão permanecem em seus gabinetes que são responsáveis pela condução dos procedimentos do Tribunal em diferentes estágios; e

A distribuição dos juízes em suas divisões é feita com base na natureza das funções de cada divisão e nas qualificações e experiências dos juízes.

Escritório do procurador: O escritório do procurador é responsável

pelo recebimento de referências ou outras informações substanciais a respeito de crimes dentro da jurisdição do Tribunal, por sua avaliação e pela investigação e prosseguimento do caso perante o Tribunal;

O Procurador também é eleito pelos Estados Partes para um mandato de 9 (nove) anos; e

Auxiliado por dois Vice-Procuradores.

Secretariado: O Secretariado é responsável por todos os

aspectos não-jurídicos da administração do Tribunal;

Chefiado pelo Secretário que o principal oficial administrativo do Tribunal; e

Exerce suas funções sob a autoridade do Presidente do Tribunal.

Penas: Art. 77 Sem prejuízo do disposto no artigo

110, o Tribunal pode impor à pessoa condenada por um dos crimes previstos no artigo 5o do presente Estatuto uma das seguintes penas: a) Pena de prisão por um número determinado de anos, até ao limite máximo de 30 anos; ou b) Pena de prisão perpétua, se o elevado grau de ilicitude do fato e as condições pessoais do condenado o justificarem, [...]

Penas: Art. 77: 2. Além da pena de prisão, o

Tribunal poderá aplicar: a) Uma multa, de acordo com os critérios previstos no Regulamento Processual; b) A perda de produtos, bens e haveres provenientes, direta ou indiretamente, do crime, sem prejuízo dos direitos de terceiros que tenham agido de boa fé.

Conflitos entre o TPI e a CF/88: Atenção: A sentença do TPI não passa por

homologação nem exequatur do STJ (não vem de outro país mas de um Tribunal Intl);

Proibição de extradição de brasileiro nato; Pena perpétua é proibida no Brasil; Crimes imprescritíveis não são idênticos aos

brasileiros; e Em todos os caso, há aceitação da jurisdição

do TPI.

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