Escultor Fernandes de Sá

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António Fernandes de Sá em Paris

António Fernandes de Sá, um escultor de Avintes.

António Fernandes de Sá viu a luz do dia em Avintes, a 7 de Novembro de 1874, no lugar do Magarão.

Frequentou a Escola de Belas-Artes do Porto. Tinha então 15 anos. As principais disciplinas eram as de desenho e arquitetura. Nessa escola, tem Desenho Histórico com Marques de Oliveira e fica em primeiro lugar num importante concurso artístico. Durante os anos do curso, o artista saía das aulas a altas horas da noite e calcorreava todo o percurso às escuras até Avintes, por caminhos bastante perigosos. Os malfeitores abundavam na época, a luz elétrica ainda não existia. Esperava-o sempre, a pé, a sua mãe, por quem ele nutria um amor filial imenso! Podemos ver o busto dela (feito por ele) que se encontra no cemitério de Avintes.

Busto da Mãe de Fernandes de Sá

(Cemitério de Avintes)

Ainda adolescente, Fernandes de Sá manifesta ao seu pai o desejo de seguir para Paris. O pai consultou a esposa e presenteou o filho com mil escudos para ele gastar em Paris, o que era muito dinheiro na época. Como é natural, Fernandes de Sá ficou alvoroçado com tal presente, já que a maior ambição de todo o artista era de completar a sua educação artística na Cidade das luzes.

“Concordo consigo, para se ser pintor é necessário ficar em Paris” escrevia Miró a Picasso em Junho de 1920.

A pedido de Marques de Oliveira e dos outros professores, Fernandes de Sá regressa a Portugal, passados três meses, a fim de concorrer a uma bolsa do Estado. Terminadas as provas, Fernandes de Sá alcança o primeiro prémio com “O Atirador do Arco”. Passa a frequentar a Academia Julien com grande entusiasmo e é admitido na Escola de Belas Artes, ao mesmo tempo que frequenta, à noite a Academia Colarossi.Paris era dominada artisticamente por dois grandes vultos: Cézane, na pintura e Rodin, na escultura.

Em 1898, nascia a primeira obra de Fernandes de Sá, “O Rapto de Ganímedes”, uma prova admirável de assimilação do espírito da arte francesa de então, ensinada pelos Mestres Falguiére e Puech, dois vanguardistas de oposição ao revolucionismo estético de Rodin. “Serviu-me de modelo para o Ganímedes um lindo rapazinho italiano. Trabalhei dias e dias com todo o ardor e toda a vontade. Por vezes, esquecia-me de comer e ia almoçar às três e quatro horas da tarde. Ah, mas valeu a pena! O Rapto de Ganímedes, para deslumbramento dos meus 23 anos, foi admitido no Salon, na Exposição Universal de Paris (1900) e na Exposição da Sociedade de Belas-Artes de Lisboa (1902).”

O Rapto de Ganímedes

Em 1890, produziu “A Vaga”, um nu feminino de encantadora elegância que é soerguido nas ondas, numa inclinação graciosa, que mereceu a honra de figurar na Exposição Universal de Paris (1900), ali mesmo ao lado do “Pensador” de Rodin.

A Vaga

É ainda desse mesmo ano a “Cabeça de Velha”, em mármore, que pertence ao Museu Nacional de Soares dos Reis. Figurou na exposição Universal de Paris (1900). O Governo Francês adquiriu esta escultura.

Cabeça de Velha

Em 1904, recebe uma encomenda do Museu de artilharia para realizar a peça “O Camões depois do naufrágio”, atualmente no Museu da Técnica e da Ciência em Coimbra.

Camões depois do Naufrágio

Faleceu a 26 de Novembro de 1959.

“Tenho a impressão que isto está no fim. Os meus vaticínios não têm falhado. De forma que, desta vez, também devem bater certo. Estou cansado da vida e por isso encaro as coisas com frieza e sem arrelias. Mais uns retoques e pronto. Não quero que participem da minha morte a ninguém. Os criados do Tio Jacinto serão suficientes para me acompanharem até à última morada, junto dos meus pais.”

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