Evangelho Capítulo XXIV - Não por a candeia debaixo do alqueire

Capítulo XXIV “Não Pôr a Candeia Debaixo do Alqueire”

“Não se acende uma lâmpada para deixá-la sob o alqueire, e, sim, sobre um candeeiro, para que ela ilumine a todos aqueles que estão na casa” .(MATEUS, V:15)

“Não há uma só pessoa que depois de haver acendido uma lâmpada, cubra-a com uma vasilha ou coloque sob a cama. Coloca-a, sim, sobre um candeeiro, para que aqueles que entrem vejam a luz; pois não há segredo que não deva ser descoberto, nem nada escondido que não deva ser conhecido e levado a público”. (LUCAS, VIII: 16-17)

Parábolas. O que são?

“Na acepção geral do termo, parábola é uma narrativa que tem por fim transmitir verdades indispensáveis de serem compreendidas. As parábolas do Evangelho são alegorias que contêm preceitos de moral”.

(Cairbar SCHUTEL, Parábolas e Ensinos de Jesus. Casa Editora O Clarim)

Candeia sob o alqueire. Porque Jesus fala por parábolas.

Por que Jesus fala por parábolas?

“Porque a vós (discípulos) é dado conhecer os mistérios do Reino dos Céus, mas a eles não lhes é isso dado. Pois ao que tem, dar-se-lhe á e terá em abundância: mas ao que não tem, até aquilo que tem ser-lhe-á tirado”...

“Por isso lhes falo por parábolas, porque vendo, não veem e ouvindo não ouvem e nem entendem ... Porque o coração deste povo se faz pesado, e os seus ouvidos se fizeram tardos, e eles fecharam os olhos; para não suceder que vendo com os olhos e ouvindo com os ouvidos, entendam no coração e se convertam e eu os cure”. (MATEUS, XIII: 10-15)

O Livro dos Espíritos. Questão 619:

- Deus deu a todos os homens meios de conhecer Sua lei?

Todos podem conhecê-la, mas nem todos a compreendem; os que a compreendem melhor são os homens de bem e os que procuram pesquisá-la; entretanto, todos a compreenderão um dia, porque é preciso que o progresso se realize.

Fariseus X Discípulos, no que concerne à compreensão dos ensinamentos. Os primeiros se restringiam à letra que mata, os segundos, ao espírito que vivifica.

Parábola do Semeador.

As parábolas são sementes que, aos poucos, iriam frutificar, como vem frutificando.

Dificuldade das pessoas da época em compreender a pureza da mensagem de Jesus.

O Livro dos Espíritos. Questão 627:

- Uma vez que Jesus ensinou as verdadeiras leis de Deus, qual é a utilidade do ensinamento dado pelos Espíritos? Terão a nos ensinar alguma coisa a mais?

Questão 628:

- Por que a verdade nem sempre foi colocada ao alcance de todos?

É preciso que cada coisa venha a seu tempo. A verdade é como a luz: é preciso se habituar a ela pouco a pouco; de outro modo, fica-se deslumbrado.

Condição indispensável para “nos ser dado e possuirmos em abundância” é “nós termos”.

Mas “termos” o quê?

Algum princípio de entendimento espiritual, preocupação com as coisas do espírito e não com as meras formalidades do mundo e boa vontade para a Boa Nova.

Ainda Cairbar Schutel:

“Se os Evangelhos fossem um amontoado de alegorias sem significação espiritual, nenhum valor teriam”. (OBRA CITADA)

Pontos mais abstratos de sua doutrina. Há contradição na postura de Jesus?

O principal, o exemplo de CARIDADE e HUMILDADE, JESUS exemplificou.

As sociedades se assemelham às pessoas. Têm infância, juventude e maturidade.

Povo da época – crianças espirituais. “O grão semeado

fora da estação não produz”.

Os discípulos, aqueles que o seguiam mais de perto, tiveram acesso a parcela mais completa de seus ensinamentos. “Aquele que já tem ainda mais lhe será dado, e terá em abundância”.

Há sempre um momento de chamada, de grito interior, para que o homem vá buscar o conhecimento que lhe falta. A Lei do Progresso nos impele ao conhecimento.

Dar-se-á àquele que tem (O Evangelho Segundo o Espiritismo – Cap. XVIII)

“Dá-se ao que já tem e tira-se ao que não tem”.

Tem o sentido da palavra divina. Aquele que se esforça para o bem, para a caridade. Já aquele que não se esforça , não cultiva o campo de trabalho que o Pai lhe granjeou acabará por perdê-lo. Chega de comodismo.

Mesmo com os apóstolos, entretanto, JESUS não detalhou certos aspectos que eles não teriam condição de compreender. Isso ficou para o futuro, quando a CIÊNCIA já estivesse mais desenvolvida e o ESPIRITISMO oferecesse as chaves necessárias para a compreensão de certas verdades.

Ainda hoje é comum encontrarmos quem não entende a profundidade dos ensinamentos de Jesus, quem cultiva a imagem de um Deus vingativo e rancoroso.

A Providência revela a verdade de forma gradual e à medida que a Humanidade está madura para recebê-la (ex. O que é Deus?) Ela mantém a luz em reserva e não sob o alqueire.

Já a atitude humana, no decorrer dos séculos, foi sempre a de esconder os conhecimentos e restringir a verdade a um grupo de iniciados. Finalidade de dominação, colocavam a luz sob o alqueire.

A ciência, entretanto, não respeitou a trava da

religião, conforme as sociedades amadureciam e a fé foi rejeitada por contrária à observação científica (fé cega).

“Fé inabalável só o é a que pode encarar de frente a razão, em todas as épocas da Humanidade” ( O Evangelho Segundo o Espiritismo – Capítulo XIX)

JESUS deixou muito claro que não há segredo que não deva ser revelado. A seu tempo, tudo será comum, na proporção de nosso avanço, ainda que em mundos mais avançados.

JESUS falou para os milênios, não só para sua época. Por isso também as parábolas.

Necessidade do Consolador para explicar tudo o que naquele momento histórico não podia ainda ser compreendido.

“... Mas o Paráclito, o Espírito Santo que o Pai enviará em meu nome, vos ensinará tudo e vos recordará tudo o que eu vos disse” JOÃO, 14:26

O ESPIRITISMO tem um papel de lançar luz sobre uma infinidade de pontos obscuros, mas o faz de maneira prudente. Gradualmente. O futuro nos reserva novas revelações quando a Humanidade estiver preparada para entendê-las. Não são mistérios da Doutrina, reservados a um grupo de privilegiados. Os acontecimentos prepararão a difusão das ideias.

Não podemos nós cairmos nos erros do passado novamente, não podemos esconder as verdades que já possuímos, delas temos que dar testemunho e exemplificarmos as mudanças que já permitimos em nós. Não podemos agir egoisticamente, escondendo os conhecimentos espirituais que poderiam beneficiar a muitos.

Ide e Pregai

Sir Oliver Lodge, físico inglês: “O Espiritismo é uma nova revolução copérnica”.

Leon Denis: “O Espiritismo tende a reunir e a fundir, numa síntese grandiosa, todas as formas do pensamento e da ciência”.

“Jesus enviou estes doze, e lhes ordenou, dizendo: Não

ireis pelo caminho dos gentios, nem entrareis em cidade de samaritanos;

Mas ide antes às ovelhas perdidas da casa de Israel;

E, indo, pregai, dizendo: É chegado o reino dos céus.”

Mateus 10:5-7

Não ir aos gentios. Sabia Jesus que era preciso fixar seus ensinamentos entre os judeus inicialmente e sabia também que oportunamente surgiriam outros seguidores que se encarregariam dessa tarefa, como Paulo de Tarso.

Não vades ter com os gentios

KARDEC: O Espiritismo não precisa se preocupar em fazer prosélitos entre seus adversários interesseiros e obstinados. Procure os homens de boa vontade. O tempo se encarregará dos demais. A semente só germina na estação própria.

“E aconteceu que, estando ele em casa sentado à mesa, chegaram muitos publicanos e pecadores, e sentaram-se juntamente com Jesus e seus discípulos.

E os fariseus, vendo isto, disseram aos seus discípulos: Por que come o vosso Mestre com os publicanos e pecadores?

Jesus, porém, ouvindo, disse-lhes: Não necessitam de médico os sãos, mas, sim, os doentes.” Mateus 9:10-12

Os sãos não precisam de médico.

Jesus se dirige sobretudo aos pobres deserdados, que

são os mais necessitados de consolação e não aos orgulhosos que pensam tudo saber.

Jesus se aproximava mais dos publicanos e dos pecadores do que dos fariseus e orgulhosos.

Muitos dos que aparentam muitas virtudes são, na verdade, falsos e hipócritas. A vontade de melhorar é a luz que se acende na alma cansada do erro.

Jesus demonstra a obrigação de agirmos com caridade para com o nosso semelhante que passa por uma situação mais difícil que a nossa.

Críticas ao Espiritismo. Surpreende-se que a Mediunidade seja dada a “indignos” de a possuírem. As faculdades são dadas ao homem para que este, usando seu livre arbítrio, decida como usá-las.

A Mediunidade não garante acesso direto aos Espíritos superiores, mas aquele que se dispuser a praticá-la com desinteresse e no intuito do exercício da caridade dela estará fazendo bom uso.

“Portanto, qualquer que me confessar diante dos homens, eu o confessarei diante de meu Pai, que está nos céus.

Mas qualquer que me negar diante dos homens, eu o negarei também diante de meu Pai, que está nos céus.”

Mateus 10:32-33

A coragem da fé

“Porque, qualquer que de mim e das minhas palavras se envergonhar, dele se envergonhará o Filho do homem, quando vier na sua glória, e na do Pai e dos santos anjos.”

Lucas 9:26

O verdadeiro discípulo da verdade é aquele que procura viver conforme os ensinamentos de JESUS e não tem medo de dar o testemunho de sua fé diante dos homens, por meio de palavras e, sobretudo, de atitudes.

Aqueles que, por interesse, tiverem medo de se confessarem discípulos da verdade não são dignos do Reino da Verdade.

A luz que, uma vez acesa, é posta sob o alqueire é como o sal que não é usado para dar sabor. Ambos não servem para nada.

De outro modo, aquele que oferece da sua luz não deve temer perdê-la ou tê-la enfraquecida “Aquele que tem, mais lhe será dado”. “Aquele que a usa em proveito do semelhante, mais lhe será dado e terá em abundância”.

Confessar Jesus perante os homens se refere mais praticar o “amai-vos uns aos outros” do que a mera proclamação vazia.

Semeamos na Terra o que colheremos na vida espiritual: os frutos de nossa coragem ou de nossa fraqueza.

Exemplo de Bezerra de Menezes.

“Bem-aventurados sereis quando os homens vos odiarem e quando vos separarem, e vos injuriarem, e rejeitarem o vosso nome como mau, por causa do Filho do homem.

Folgai nesse dia, exultai; porque eis que é grande o vosso galardão no céu, pois assim faziam os seus pais aos profetas.”

Lucas 6:22-23

Carregar sua cruz. Quem quiser salvar a vida perdê-la á.

“E dizia a todos: Se alguém quer vir após mim, negue-se a si mesmo, e tome cada dia a sua cruz, e siga-me.

Porque, qualquer que quiser salvar a sua vida, perdê-la-á; mas qualquer que, por amor de mim, perder a sua vida, a salvará.

Porque, que aproveita ao homem granjear o mundo todo, perdendo-se ou prejudicando-se a si mesmo?”

Lucas 9:23-25

“E quem não toma a sua cruz, e não segue após mim, não é digno de mim.

Quem achar a sua vida perdê-la-á; e quem perder a sua vida, por amor de mim, achá-la-á.”

Mateus 10:38-39

“Quem ama a sua vida perdê-la-á, e quem neste mundo odeia a sua vida, guardá-la-á para a vida eterna.

Se alguém me serve, siga-me, e onde eu estiver, ali estará também o meu servo. E, se alguém me servir, meu Pai o honrará.”

João 12:25-26

“E chamando a si a multidão, com os seus discípulos, disse-lhes: Se alguém quiser vir após mim, negue-se a si mesmo, e tome a sua cruz, e siga-me.

Porque qualquer que quiser salvar a sua vida, perdê-la-á, mas, qualquer que perder a sua vida por amor de mim e do evangelho, esse a salvará.

Pois, que aproveitaria ao homem ganhar todo o mundo e perder a sua alma?”

Marcos 8:34-36

Carregar a sua cruz. Quem quiser salvar a vida perdê-la á.

Nossa cruz representa as dificuldades e obstáculos da vida presente, consequência de nossos erros do passado. São também nossa esperança de libertação. No círculo carnal é a dificuldade orgânica, o degrau social, o parente difícil. No plano espiritual é a vergonha do defeito íntimo não vencido, o débito não pago, a expiação da culpa...

Desafios evolutivos

Sede felizes quando os homens vos derem a

oportunidade de provar a intensidade de vossa fé, ao tratar-vos com má vontade. O mal que eles vos fizerem resultará em vosso proveito.

Suportar com coragem e fé as tribulações da vida. Ninguém conquista algo sem esforçar-se de alguma maneira.

Talvez, fazendo triunfar em nós as verdades do Evangelho, percamos parte dos gozos da vida presente, próprios do mundo material, mas ganharemos a vida futura.

“ ... Os fardos que nos cabem transportar, a fim de que

venhamos a merecer o convívio do Mestre, bastas vezes contêm as dores das grandes separações, as farpas do desencanto, as provações em família, os sacrifícios mudos, em que os entes amados nos pedem largos períodos de aflição, os desastres do plano físico que nos cortam a alma, o abandono daqueles mesmos que nos baseavam todas as esperanças, o cativeiro a compromissos pela sustentação da harmonia comum, as tarefas difíceis, em cuja execução, quase sempre, somos constrangidos a marchar, aguardando debalde o concurso alheio.

“Nossas Cruzes” – Emmanuel, no “Livro da Esperança”

Não nos enganemos. O próprio Cristo transportou o

madeiro que a nossa ignorância lhe atribuiu, palmilhando senda marginada de exigências, injúrias, pancadas e deserções. Ninguém abraça o roteiro do Evangelho para estirar-se em redes de fantasia. O cristão é chamado a melhorar e elevar o nível da vida e para quem efetivamente vive em Cristo, a vida é um caminho pavimentado de esperança e trabalho, alegria e consolo, mas plenamente aberto às surpresas e ensinamentos da verdade, sem qualquer ilusão...”

“Muito se pedirá àquele que muito recebeu” – O

Evangelho Segundo o Espiritismo – Cap. XVIII.

- Quem quer que conheça os preceitos do Cristo e não os pratique é certamente culpado.

- A responsabilidade dos atos está na razão das luzes que a criatura possua. Ex: Fariseus

- Perante Deus, somente se obtém méritos pelas obras no bem, e não pela simples religiosidade de culto exterior.

Os talentos que recebemos de Deus, em termos de

conhecimento e bens materiais, devem ser multiplicados em favor do próximo.

“Aos espíritas, pois, muito será pedido, porque muito hão recebido; mas, também, aos que houverem aproveitado, muito será dado.”

O Consolador. Emmanuel – Questão 238. “ ... É certo que o planeta já possui suas expressões boladas de legítimo evangelismo, raras é verdade, mas consoladoras e luminosas ... Esse apóstolos desconhecidos são aquele ‘sal da Terra’ e o seu esforço divino será respeitado pelas gerações vindouras, como os símbolos vivos da iluminação espiritual com Jesus Cristo, bem aventurados de seu Reino , no qual souberam perseverar até o fim.”

A Caridade da divulgação da Doutrina Espírita.

Caridade para quem? Para a Doutrina?

Caridade para quem a recebe. Quantas dores poderiam ser amainadas, quantos crimes poderiam ser evitados, quantos suicídios, envolvimentos com ações deletérias, poderiam ser evitados pelo conhecimento das leis espirituais, da Doutrina Espírita.

O Livro dos Espíritos. Questão 932:

“Por que, neste mundo, os maus exercem geralmente mais influência que os bons?

- Pela fraqueza dos bons. Os maus são intrigantes e audaciosos; os bons são tímidos. Estes, quando quiserem, assumirão a preponderância.”

“Se sabes, não fira o ignorante. Oferece-lhe apoio para que se liberte da sombra;

Se podes, não oprimas o fraco;

Se entesouraste a virtude, não humilhes o companheiro que o vício ensandece;

Se te sentes correto, não censures o irmão transviado em desajustes do espírito. Dá-lhe o abraço fraterno para que se renove;

“Desce Elevando”

Se ajudas, não recrimines quem te recebe o socorro;

Se ensinas, não flageles quem te recebe a lição. Benefício com açoite é mel em taça candente.

Nesse sentido, não te esqueças do Mestre, que desceu até nós, revelando-nos como sublimar a existência.

Anjo entre os anjos, fez-se pobre criança necessitada do arrimo de singelos pastores; sábio entre os sábios, transforma-se em amigo anônimo de pescadores humildes, comungando-lhes a linguagem; instrutor entre os instrutores, detém-se, bondoso, entre enfermos e aflitos, crianças e mendigos abandonados, para abraçar-lhes a luta, e, juiz dos juízes, não se revolta por sofrer no tumulto da praça o julgamento iníquo do povo, que o prefere a Barrabás para os tormentos imerecidos.

Todavia, por descer, elevando quantos não lhe podiam compreender a refulgência da altura, é que se fez o caminho de nossa ascensão espiritual, a verdade de nosso gradativo aprimoramento e a vida de nossas vidas, a erguer-nos a alma entenebrecida no erro, para a vitória da luz.”

“Religião dos Espíritos”. Chico Xavier, pelo Espírito Emmanuel

Victor Hugo:

“Nada é tão poderoso no mundo como uma ideia cuja oportunidade chegou.”

“A felicidade que inspiramos tem algo de encantador que, longe de enfraquecer, como todos os reflexos, volta para nós mais radiosa.”

O Evangelho Segundo o Espiritismo – Allan Kardec;

O Livro dos Espíritos – Allan Kardec;

O Consolador – Francisco Cândido Xavier, pelo Espírito Emmanuel;

Parábolas e Ensinos de Jesus – Cairbar Schutel;

Religião dos Espíritos – Francisco Cândido Xavier, pelo Espírito Emmanuel.

Fontes