Memorial do convento o estilo de josé saramago (1)

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O ESTILO DE JOSÉ SARAMAGOMEMORIAL DO CONVENTO

TOM ORALIZANTE, QUE RESULTA DA UTILIZAÇÃO DE VÁRIOS PROCESSOS

Interação do oral e do escrito

Incorporação, no registo culto, dos registos familiar e popular, com frequentes utilizações de elementos de fala popular, como ditados, provérbios, aforismos, regionalismos, calão.

Frequentente, os provérbios são alterados de acordo com a intencionalidade do autor.

TOM ORALIZANTE, QUE RESULTA DA UTILIZAÇÃO DE VÁRIOS PROCESSOS

Exemplos

“a pobre não emprestes, a rico não devas” – adaptação de “a rico não devas, a pobre não prometas”;

“olhos que não te viram, coração que sente e sentiu” – adaptação de “olhos que não veem, coração que não sente”.

TOM ORALIZANTE, QUE RESULTA DA UTILIZAÇÃO DE VÁRIOS PROCESSOS

Transgressão das regras de pontuação Não utilização das marcas gráficas do

diálogo, como o travessão e os dois pontos indicadores do discurso direto.

Utilização da vírgula e da letra maiúscula, não antecedida de ponto final, para marcar o início da fala de uma personagem.

Não utilização do ponto de interrogação nas frases interrogativas, que não reconhecem

TOM ORALIZANTE, QUE RESULTA DA UTILIZAÇÃO DE VÁRIOS PROCESSOS

Não utilização do ponto de interrogação nas frases interrogativas, que se reconhecem pela estrutura sintática.

O efeito pretendido é provocar uma aproximação ao discurso oral, uma fusão entre o discurso do narrador e o das personagens, um apelo à cumplicidade do leitor.

TOM ORALIZANTE, QUE RESULTA DA UTILIZAÇÃO DE VÁRIOS PROCESSOS

Utilização de deíticos(espaciais, temporais e pessoais que remetem para

um tempo e um lugar onde se situa e inclui o narrador)

Exemplo: “Por baixo desta tribuna em que estamos, outra há (…) e isto se passa na presença de outros criados e pagens, este que abre o gavetão, aquele que afasta a cortina, um que levanta a luz (…) Mas vem entrando D. Nuno da Cunha” (Cap. I).

TOM ORALIZANTE, QUE RESULTA DA UTILIZAÇÃO DE VÁRIOS PROCESSOS

Utilização de expressões próprias do registo oral

Exemplo: “Agora não se vá dizer” (3 vezes repetida)

TOM ORALIZANTE, QUE RESULTA DA UTILIZAÇÃO DE VÁRIOS PROCESSOS

Extensão das frases e dos períodos, com recurso à coordenação e à

subordinação.

ABUNDÂNCIA DE FIGURAS DE RETÓRICA

Como nos textos barrocos do século XVIII: metáfora, hipérbato, enumeração, personificação, antítese e paradoxo, anáfora e construção paralelística, jogos de palavras, ironia, adjetivação, enfim, toda uma explosão de recursos expressivos, figuras de retórica usadas com intencional excesso.

UTILIZAÇÃO DO DISCURSO INDIRETO LIVRE

Frequente interpenetração do discurso indireto, direto, indireto livre e monólogo interior.

FLEXÃO VERBAL EXPRESSIVAMENTE TRABALHADA

Uso do futuro e do presente, combinados com os tempos pretéritos.

INTERTEXTUALIDADE(utilização de citações e de outros textos e

autores, nomeadamente a Bíblia e Os Lusíadas)

EXEMPLOS

“assim como o homem, bicho da terra, se faz marinheiro por necessidade, por necessidade se faz voador” (cap. VI)

INTERTEXTUALIDADE “que adamastores, que fogos de santelmo, acaso

se levantam do mar, que ao longe se vê, trombas de água que vão sugar os ares” (cap. XVI)

“Ó doce e amado esposo, e outra protestando, Ó filho a quem eu só para refrigério e doce amparo desta cansada e já velhice minha, tanto que os montes de mais perto respondiam, quase movidos a piedade”

“Ó glória de mandar, ó vã cobiça, ó rei infame ó

pátria sem justiça” (cap. XXI)

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