O outono da Idade Média

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No decorrer de sua

história, a humanidade

atravessou diversos

períodos de crise. Na

Europa, o período que vai

de 1300 a 1450 pode ser

caracterizado como uma

época de crise

generalizada.

O alastramento de uma epidemia de

peste levou a um acentuado declínio

demográfico. A peste e as guerras

criaram um clima de insegurança geral e

levaram os camponeses a abandonar o

campo. Diversas regiões foram assoladas

por surtos de fome e a consequência

disso foram mais mortes.

Para uma parte da população, essas

calamidades foram interpretadas como

um castigo divino. O clima reinante era

de pessimismo e melancolia: a arte e a

cultura do período testemunharam a

obsessão das pessoas pela morte, a

sensação de viver num mundo

envelhecido e prestes a desaparecer.

A crise generalizada

levou ao rompimento do

tênue equilíbrio que

sustentava a sociedade

feudal. As revoltas no

campo e nas cidades

contestavam os

privilégios tradicionais da

aristocracia rural.

A crise que marcou esse período, no

entanto, permitiu uma renovação da

sociedade. Ela abriu caminho para a

expansão comercial e o

desenvolvimento das cidades,

retomando um movimento que já

havia se iniciado no século XII.

As mudanças climáticas que começaram a

assolar a Europa por volta de 1315

caracterizavam-se por período consecutivos de

chuvas torrenciais e frio intenso. As alterações

de temperatura prejudicaram o equilíbrio da

produção agrícola medieval: ficaram

comprometidas as vinhas, a produção de sal e,

principalmente, a produção de cereais como o

trigo e cevada, que constituíam a base da

alimentação da população medieval.

No século XIV, uma epidemia

de peste atingiu várias áreas

da Europa Ocidental. Com a

fome, a peste contribuiu para

uma grande mortandade e

para abalar as estruturas

sociais, políticas e

econômicas do continente.

A peste negra tinha alto poder

de transmissão e de

letalidade, levando à morte

em poucos dias.

“A grande mortandade teve início em Avignon, na

França, em janeiro de 1348. A epidemia se

apresentou de duas maneiras. Nos primeiros dois

meses manifestava-se com febre e expectoração

sanguinolenta e os doentes morriam em 3 dias;

decorrido esse tempo manifestou-se com febre

contínua e inchação nas axilas e nas virilhas e os

doentes morriam em 5 dias. Era tão contagiosa que

se propagava rapidamente de uma pessoa a outra;

o pai não ia ver seu filho nem o filho a seu pai; a

caridade desaparecera por completo” – Guy de

A peste negra afetou principalmente os

animais. A doença se espalhou entre eles pelo

contato direto ou conduzida pelas pulgas.

Quando uma população muito grande ratos

morria por causa da peste, as pulgas que se

alojavam neles procuravam outroshospedeiros, que

poderia ser

humanos. Assim a

doença passava de

animais para

humanos.

Calcula-se que cerca de

20 milhões de pessoas ou

aproximadamente um

terço da Europa tenha

sido vitimada pela peste. A

doença atingia campo e

cidade, pobres e ricos,

homens e mulheres,

adultos e crianças. Eram

tantos mortos que não

havia espaço suficiente

para sepultar todos.

Médicos e religiosos

ofereciam-se para cuidar dos

enfermos e para tal usavam

roupas e máscaras especiais.

O mais comum era acreditar

que a doença era uma forma

de castigo divino, que se

abatera sobre os homens

como punição de seus

pecados e vícios.