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Área Temática: Atropelamento de fauna
ECOLOGIA DE ESTRADAS SOB A VISÃO DA BIOÉTICA AMBIENTAL
Renata Bicudo Molinari1, Érica Padilha2, Francielly Ferreira dos Santos3, Kathlyn do
Espírito Santo4, Lays Cherobim Parolin5, Marta Luciane Fischer6.
Renata Bicudo Molinari: renatabmolinari@hotmail.com - Pontifícia Universidade Católica
do Paraná, Curitiba, PR, CEP 80215-901, Brasil
Os benefícios que as rodovias proporcionam é incontestável seja para o transporte de pessoas
ou cargas. Porém, a expansão dessas estradas contribui diretamente para a perda de
biodiversidade e seus impactos estão relacionados à fragmentação e perda de habitat,
atropelamento de fauna, mudanças nos padrões de migração, erosão do solo e os efeitos de
borda, os quais podem vir a alterar a distribuição, comportamento e a sobrevivência de
espécies de flora e fauna. O presente trabalho teve como objetivo avaliar a questão ética da
ecologia de estradas sob o ponto de vista bioético, para tal é essencial a identificação dos
agentes e pacientes morais e os valores utilizados na determinação das escolhas que geram
vulnerabilidades. Inicialmente, a fim de se sistematizar o conteúdo divulgado em fontes
populares, foi realizado um levantamento através do navegador google.com utilizando como
termos de busca em português e inglês: “ecologia de estradas” e “atropelamento de animais”.
Os dados obtidos foram transcritos para planilhas eletrônicas considerando: dados da fonte
(tipo, autores, endereço, origem), dados da informação (tipo de informação) e participação do
público (comentários, compartilhamento e curtidas). Na pesquisa foram categorizadas 299
páginas, sendo 282 sites e 17 blog, com 66% dos endereços sendo particulares, 16% públicos,
11% oriundos da Academia e 7% do governo. Dos problemas relacionados ao tema apontados
nos meios de comunicação analisados, 56% foram relacionados aos impactos causados na
fauna em decorrência de empreendimentos lineares, seguido por seus impactos na flora (13%)
e animais de pequeno\médio\grande porte domesticados (11%). Quanto a quem se refletia a
responsabilidade desses impactos, registrou-se 40% de atribuição da mesma aos
empreendimentos lineares e 19% aos motoristas, porém também apontaram os animais e os
órgãos públicos como responsáveis, ambos com 1%. Dos endereços pesquisados, 39% não
apontaram um responsável. Diversas medidas mitigatórias e sugestões foram citadas, sendo
as principais: Passagens de fauna (13%), coleta de dados para pesquisa\estudos\aplicativos
(9%), grades de condução\cercas, conscientização\participação da população\sensibilização e
educação ambiental/sinalização\placas de trânsito (6%). Porém, medidas como não jogar lixo
na rodovia, reportar carcaças para localizar hot spots e indenizar o motorista que por ventura
atropelar o animal (1%) não foram significativamente indicadas como meios de se reduzir os
impactos dos atropelamentos. Os dados do presente estudo possibilitam iniciar a reflexão
sobre o alcance e a efetividade do tema no meio popular afim de gerar uma discussão a respeito
dos fatores citados por diferentes fontes visando identificar possíveis falhas na comunicação
do tema além de buscar soluções efetivas para os problemas identificados. Percebeu-se que
apesar da ampla abordagem sobre o assunto em sites e blogs, ainda há pouca divulgação sobre
a problemática por parte de sites governamentais, o que corrobora com a deficiência de leis
voltadas à mitigação dos impactos gerados pelas estradas sobre os ecossistemas naturais.
Além disso, constatou-se que a responsabilidade pelos impactos dos atropelamentos sobre a
fauna é atribuída, principalmente, aos empreendimentos lineares e aos motoristas, fato que
reforça o distanciamento de órgãos públicos sobre seu papel de gestor em relação a esta
problemática. Com relação à sugestão de passagens de fauna e incentivo à pesquisa sobre o
tema, sugerem que a população estudada reflete sobre a questão dos atropelamentos, buscando
se informar das principais alternativas atualmente divulgadas apesar de continuarem
delegando a outros a responsabilidade, ao invés de buscarem formas de se tornarem atores na
resolução do problema. Tal fato se comprova pela baixa representatividade de sites e blogs
que mencionaram medidas simples e que a própria população poderia adotar, como não jogar
lixo nas vias, evitando a atração dos animais pela comida, respeito às sinalizações, limites de
velocidade e baixar aplicativos, como o Sistema Urubu, que auxiliam na alimentação do banco
de dados sobre espécies atropeladas. Logo, os resultados atestam que a ecologia de estradas é
um tema que pode e deve ser abarcado pela bioética ambiental, a qual visa a intermediação do
diálogo entre os atores envolvidos em uma questão complexa, plural e global, cujo apenas os
parâmetros morais e legais vigentes não são possíveis de resolver. Embora cada vez mais
tenha-se transposto para órgãos públicos ou empreendimentos privados a gestão das rodovias,
os impactos positivos e negativos das mesmas são de interesse de toda a população, fato que
demanda um protagonismo crítico do cidadão na tomada de decisões importantes pautadas em
visões multidisciplinares, principalmente dos setores que delegam a favor dos vulneráveis.
ATROPELAMENTOS DE AVES E MAMÍFEROS SOB O PONTO DE VISTA DA
BIOÉTICA AMBIENTAL
Renata Bicudo Molinari¹; Kathlyn do Espírito Santo²; Marta Luciane Fischer³; Lays Parolin 4.
¹Mestranda da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (renatabmolinari@hotmail.com);
²Graduanda em Medicina Veterinária da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (esp.kathlyn@gmail.com);
³ PPGB (marta.fischer@pucpr.br) ;
4 (lays.parolim@pucpr.br).
Palavras chaves: ecologia de estradas, atropelamento, fauna silvestre, hotspots.
As estradas possuem extrema importância sócioeconomica e ambiental por interligarem
regiões, propiciarem o desenvolvimento de empregos e favorecem o turismo. Além destes
benefícios, faz-se necessário salientar os impactos negativos que estas vias causam à
biodiversidade tais como a fragmentação e perda de habitats de diversas espécies silvestres, o
que também propicia problemas ao meio antrópico. Por demonstrar ser um problema ético,
complexo e de relevância global, demonstra-se necessário entender a perspectiva geral da
pesquisa sobre o tema, de modo a propor uma discussão sobre os impactos e possíveis lacunas
do conhecimento. Foram analisadas, até o presente momento, 166 publicações, entre artigos,
resumos, relatórios técnicos, monografias e dissertações, destacando-se os países Brasil e
Estados Unidos da América com respectivamente 54,8% (N=91) e 16,2% (N=27) trabalhos
publicados. No Brasil, 85% (N= 22) dos estados desenvolveram estudos relacionados a
ecologia de estradas, podendo evidenciar Rio Grande do Sul com 15% (N= 25) das
publicações, Minas Gerais 13% (N= 21) e São Paulo com 4% (N= 8). Entretanto o assunto
adquiriu destaque no meio científico a partir de 2009, com enfoque principalmente em
rodovias federais 38 % (N= 63), sendo 93 % (N= 155) em regiões com pouco urbanização ou
próximo a áreas de conservação ambiental. Quanto a conduta relacionada a coleta dos dados,
71% (n= 117) mostraram-se seletivas para animais vertebrados e 85% (N= 141) realizaram
trabalhos somente com animais atropelados. Referente às classes de animais que mais sofrem
com os impactos ambientais gerados pelas estradas, se sobressaem mamíferos 42% (N= 834),
aves 34% (N=667), repteis 18%(N=363) e anfíbios 6% (N=108). (Figura 1).
(Figura 1: Classes mais atingidas pelos atropelamentos)
Dentre as questões éticas levantadas pode-se apontar a perda de biodiversidade, fragmentação
de habitat e efeito de borda como consequências primordiais dos impactos gerados pelas
rodovias, é valido ressaltar que 44 % (N= 73) das publicações descrevem a necessidade de se
desenvolver mais estudos que avaliem os impactos motivados pelas rodovias. Pode se
ressaltar, como responsabilidade das rodovias, a pressão antrópica, mencionadas em 41 % (N=
68) das publicações e a ausência de estruturas rodoviárias que reduzam os impactos das
estradas sobre o bioma envolvido, como a colisão de veículos com animais silvestres e
introdução de espécies exóticas tanto de fauna como flora. Em 23,4% (N=39) publicações
observou-se falhas nas estratégias de educação ambiental. A análise revelou, como principal
lacuna na evolução das pesquisas direcionadas a ecologia de estradas, uma deficiência
metodológica somada a um baixo esforço amostral apresentados em 44 % (N= 73) dos
estudos, sendo um sério problema ético, o qual evidencia a necessidade do desenvolvimento
de um protocolo padronizado para novas pesquisas. Para a redução dos impactos ambientais,
76%(N=126) dos trabalhos sugerem medidas mitigatórias como passagens de fauna superiores
e inferiores 60% (N=100), redutores de velocidade 12% (N=20) e 3,6% (N=6) sinalização
luminosa de indicação de passagem de animais silvestres. Portanto, conclui-se que o foco
principal da avaliação dos atropelamentos de animais silvestres ocorre em áreas de
conservação ambiental, na qual ocorre limitação dos hotspots que acabam eliminando outras
vareáveis que promovem a perda de biodiversidade e fragmentação de habitats, como as áreas
urbanas e couldspots). A questão da deficiência metodológica é de extrema importância ética
e deve ser discutida com frequência objetivando a promoção da padronização dos métodos de
pesquisa direcionados à ecologia de estradas, sendo assim adquirindo resultados mais
fidedignos e diagnósticos precisos, relacionados aos principais danos promovidos pelas
rodovias.
Bruna Carolina Linhares¹, Renata Bicudo Molinari2, Lays Cherobim Parolin3
1,2,3 – Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR)
Informação com chave para reduzir atropelamento de
animais silvestres
Bruna Carolina Linhares1; Renata Bicudo Molinari¹; Lays Parolin 3.
Bruna Carolina Linhares: Bruna_lii@yahoo.com.br - Pontifícia Universidade Católica do Paraná – Curitiba, PR, CEP 80215-901 ,Brasil
As estradas foram construídas com a finalidade de facilitar a comunicação e o transporte de recursos
entre cidades, tal como melhorar a questão socioeconômica do país. Atendendo ao seu propósito,
esta infraestrutura se tornou a principal via de transporte, gerou empregos e contribuiu positivamente
para a economia. Porém, as estradas acabam também acarretando uma série de impactos ambientais,
tanto em sua construção, manutenção, fluxo de veículos e o local onde foram instaladas como,
também, pelo impacto que gera com a colisão entre veículos automotivos com animais não-
humanos. A Ecologia de Estradas é o ramo da Ecologia que estuda estas interações entre rodovias
e o ecossistema ao seu redor, visando encontrar medidas mitigadoras que ajudem a diminuir os
impactos que elas podem causar. Um dos principais impactos são os atropelamentos de fauna
silvestre, que podem afetar todas as espécies que vivem perto das rodovias que precisam transpô-
las ou são atraídas por elas. Passagens de fauna, cercas, sinalização, radar eletrônico de velocidade
e lombadas são algumas medidas que podem ajudar a diminuir o número de atropelamentos de
animais. Entretanto, estas são ações que podem ter uma eficácia maior se unidas à sensibilização
dos motoristas uma vez que, são estes os sujeitos diretamente ligados aos acidentes. Assim, foi
aplicado um questionário para 53 alunos do programa de Educação de Jovens e Adultos (EJA) do
Colégio Oscar Joseph D' Plácido e Silva, localizado no município de Curitiba-PR, de modo analisar
a percepção sobre o tema. O questionário contava com 10 perguntas referentes às atitudes tomadas
em situações que envolvem animais nas estradas, opiniões e conceitos pessoais sobre o tema, sendo
o mesmo aplicado antes e após uma palestra de 50 minutos contendo informações sobre o assunto.
Tal dinâmica teve por finalidade informar e sensibilizar os participantes. O questionário aplicado
pós palestra foi utilizado para observar se a percepção dos respondentes foi alterada após terem
contato com as informações. Como resultado da atividade, notou-se uma nova percepção sobre a
problemática por 60% dos participantes sobre a questão, como demonstra a Figura 1, a respeito do
que os mesmos acreditam ser a principal causa dos atropelamentos de animais nas rodovias.
Figura 1. Frequência de respostas dos alunos do Colégio Oscar Joseph D' Plácido e Silva nos questionários pré e após a palestra, quanto a pergunta "Na sua opinião, qual a principal causa dos atropelamentos de animais nas rodovias?"
Durante a palestra os alunos conheceram os impactos causados pelas estradas, sendo possível
reconhecer a fauna como uma das principais vítimas das construções dessas infraestruturas. Foi
identificado que antes da palestra os participantes julgavam que os animais invadindo a pista era a
principal causa dos atropelamentos, porém, depois da mesma eles compreenderam que a falta de
informação ou imprudência dos condutores é também uma causa importante nesta equação. Na
questão ”Em sua opinião, qual a melhor medida a ser adotada para diminuir o número de animais
atropelados?” antes da palestra três participantes julgaram correta a alternativa que afirma que criar
passagens seguras para os animais é uma das melhores medidas a ser adotada, e mais de 70% dos
participantes apontavam que construir barreiras impedindo os animais de invadir a pista era a melhor
medida. Após a palestra o resultado das respostas foi o inverso, sendo que 70% dos participantes
apontaram passagens seguras como melhor medida e apenas duas pessoas permaneceram com a
alternativa de criar barreiras impedindo que animais invadam a pista. E as alternativas “Aumentar
o número de sinalizações” e “sensibilizar os motoristas sobre a questão” foram votadas
respectivamente por 19 e 21 participantes, e antes da palestra apenas por 9 e 15 dos 53 participantes
do total . Esta mudança apresentada após o contato com as informações, demonstra a importância
da inclusão desse assunto no curso de formação de condutores ou em turmas de último ano do ensino
médio, ou seja, futuros motoristas. Programas de Educação Ambiental ou folhetos informativos são
formas de mostrar aos motoristas e futuros condutores que eles possuem um papel de grande
responsabilidade nas estradas, ajudando a diminuir o número de colisões e animais atropelados nas
rodovias. Para garantir a consistência dos dados, a atividade ainda será aplicada em mais 3 escolar
de ensino médio.
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